terça-feira, junho 04, 2019

EID MUBARAKA IN SHA ALLAH

Findou o jejum de Ramadão, uma vez mais nas nossas vidas, deixando-nos aqueles presentes subtis que são as sementes que irão brotar e crescer, in cha Allah, para muitos de nós. A privação da nossa comida e bebida, durante o dia, recordou-nos que a nossa vida neste mundo não é senão um jejum ainda maior, que somos seres dependentes, criados com um nascimento, uma morte e uma ressurreição.


Relembro que o jejum de Ramadão é uma i'bada, uma profunda forma de adoração, de oração interior que fazemos com todo o nosso ser, com os nossos corpos evidentes e com as nossas almas inconclusivas, sustentadas em todos os momentos pelo Alento do Rahman, o nosso Senhor, o Senhor dos Universos.

O jejum tem-nos ajudado a recuperar o nosso sentir do mundo. Estimulou as nossas percepções e refinou os nossos pensamentos. Serviu-nos para podermos avaliar as nossas vidas num sentido mais ajustado, a fim de se poder recuperar o prazer e a satisfação do espírito.

Findou o Ramadão e, agora, entramos no mês de Xaual.

Entretanto, o mês de jejum deixou-nos com as seguintes recordações:

1. O Ramadão deixou-nos e nós deixámo-lo:

2. Deixou-nos com todas as bênçãos de Allah;

3. O Ramadão deixou-nos com a Misericórdia de Allah;

4. Deixou-nos com o perdão de Allah;

5. O mês de Jejum deixou-nos com a orientação de Allah;

6. Deixou-nos com a “taqwa” (autodomínio);

7. O Ramadão deixou connosco um sentido de orgulho e de dignidade;

8. O Ramadão deixou-nos com um sentimento de obediência para com Allah, um sentimento de total compromisso, e um sentimento de lealdade e de fidelidade para com Allah.

9. Deus prescreveu o Ramadão como mês de jejum com o propósito de nos ensinar a ser:

a) - Unidos e disciplinados;

b) - Decentes e organizados;

c) - Generosos e preocupados com o próximo;

d) - Amáveis, Simpáticos e tolerantes;

e) - E, sobretudo, ser respeitosos para com Allah.

Peço a Deus, sinceramente, que nos faça mais conscientes d’Ele, que nos agracie com a sua Recordação, que nos preencha de sentido as nossas vidas, que aumente a nossa alegria e que nos torne humildes, solidários, e que remova as nossas aflições, as preocupações das nossas famílias, da nossa sociedade, do nosso país e de todas as nações deste conturbado mundo transitório.


Feliz Eid de Ramadão.

quinta-feira, abril 04, 2019

A MENTE (PARTE 2 DE 2)

Uma discussão sobre as qualidades básicas de uma mente saudável e o que capacitará uma pessoa a fazer como descrito no Alcorão. A Parte 2 discute os seis pontos remanescentes. A mente habilita a pessoa a fazer escolhas inteligentes sobre o que é bom e prejudicial e deve ser rejeitado. 


"Que é a vida terrena senão jogo e diversão frívola? A morada na outra vida é preferível para os tementes. Não o compreendeis?" (6:32). "Enviamos-vos o Livro, que encerra uma Mensagem para vós; não raciocinais?" (Alcorão 21:10)

6. Pessoas de intelecto são capazes de abrir mão de benefícios imediatos e de curta duração em favor de alegria mais valiosa e eterna. 

"Tudo quanto vos tem sido concedido não é mais do que um gozo da vida terrena com os seus encantos; por outra, o que está junto a Deus é preferível e mais persistente. Não raciocinais?" (28:60). Em outros versículos não há menção direta de sentido, mas pode ser inferido que pessoas sensíveis serão capazes de escolher esperar pelo que está mais distante, mas tem mais significado. Por Exemplo, "Ó crentes! Que sucedeu quando vos foi dito para partirdes para o combate pela causa de Deus, e vós ficastes apegados a terra? Acaso, preferíeis a vida terrena à outra? Que ínfimos são os gozos deste mundo, comparados com os do outro!" (Alcorão 9:38)

7. Pessoas de intelecto são capazes de aprender lições valiosas a partir dos eventos da vida. 

Na surata de al-Ankabut (capítulo 29) versículo 35 nos conta que os vestígios da cidade do povo de Lot permaneceram para lembrar as pessoas e ensiná-las que rejeitar os ensinamentos de Deus e cometer atrocidades sempre terá consequências lamentáveis. "E, daquilo, deixamos um sinal para os sensatos." Isso também é mencionado no versículo 40 da surata al-Furqan (capítulo 25): "(Os incrédulos) têm passado, frequentemente, pela cidade, sobre a qual foi desencadeada a chuva nefasta. Não tem visto, acaso? Sim; porém, não temem a ressurreição."

8. A mente nos habilita a aprender a partir das lições da história. 

"Antes de ti, não enviamos senão homens que habitavam as cidades, aos quais revelamos a verdade. Acaso, não percorreram a terra para observar qual foi o destino dos seus antecessores? A morada da outra vida é preferível, para os tementes. Não raciocinais?" (Alcorão 12:109).

9. A mente nos habilita a compreender e apreciar os sinais do Criador, enquanto aqui na terra. 

"Na criação dos céus e da terra; na alteração do dia e da noite; nos navios que singram o mar para o benefício do homem; na água que Deus envia do céu, com a qual vivifica a terra, depois de haver sido árida e onde disseminou toda a espécie animal; na mudança dos ventos; nas nuvens submetidas entre os céus e a terra, (nisso tudo) há sinais para os sensatos." (2:164). "E submeteu, para vós, a noite e o dia; o sol, a lua e as estrelas estão submetidos às Suas ordens. Nisto há sinais para os sensatos." (Alcorão 16:12).

10. Pessoas sensíveis saberão tratar outras com respeito, particularmente ao lidar com os profetas.

A surata al-Hujurat (capítulo 49) se refere às pessoas que assediam o profeta, que Deus o exalte: "Em verdade, a maioria daqueles que gritam (o teu nome), do lado de fora dos (teus) aposentos, é insensata."

As qualidades da mente discutidas são bastante indisputáveis e é aceito pela maioria que uma pessoa sem essas qualidades serão vistas como irracionais ou desprovidas em várias maneiras. Assim o Alcorão nos lembra de que certos comportamentos são inconsistentes com uma mente inteligente e sã.

Devemos nos lembrar de também que existem muitos versículos do Alcorão que não mencionam a mente especificamente, mas indicam que pessoas razoáveis e atenciosas serão capazes de seguir o caminho de Deus - fazendo bom uso da dádiva concedida por Deus: a mente.

🤲 No Quran foi mencionada a palavra sabr(paciência) mais de 90 vezes, nenhuma outra virtude foi tão mencionada quanto ela. E sempre vem em forma imperativa dizendo: “Tenha paciência”. A paciência foi mais mencionada no Quran que a sinceridade ou que a fidelidade. Viram o valor da paciência?

🤲 Allah disse:

Amparai-vos na paciência e na oração.”(Sura al Bacara aya 45)

🤲 Vocês querem estar abaixo da proteção de Allah? Tenham paciência. Tenham medo de cometer pecado? quer se aproximar de Allah? Então tenha paciência, tendo paciência e obedecendo a Allah conseguirá, porque Allah está com os pacientes.

🤲 Allah disse também:

“Certamente que vos poremos à prova mediante o temor, a fome, a perda dos bens, das vidas e dos frutos. Mas tu (ó Mensageiro), anuncia (a bem-aventurança) aos perseverantes” Al Bacara 155.

Allah SW revelou essa Surata da Era.Segundo os sábios apenas o seguimento dessa surata , seguida adequadamente poderia nos levar ao paraíso. Eis o seu significado em português:´

A Era

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.

1.Pela era

2.Que o homem está na perdição,

3.Salvo os fiéis, que praticam o bem, aconselham-se na verdade e recomendam-se, uns aos outros, a paciência e a perseverança!


A paz esteja convosco.

A MENTE (PARTE 1 DE 2)

Uma discussão sobre as qualidades básicas de uma mente saudável e o que capacitará uma pessoa a fazer como descrito no Alcorão.  A Parte 1(Um) discute o primeiro de quatro pontos. Mente e razão são uma parte essencial do pensamento e legislação islâmicos. Um não pode existir sem o outro. A que exatamente nos referimos quando falamos sobre a mente? Existem dois tipos identificados de raciocínio pela mente.

O primeiro é raciocínio intuitivo que inclui: a capacidade de compreender, chegar a conclusões racionais, formas de discurso e comportamento sensível. O segundo tipo de raciocínio é adquirido de nosso ambiente, como as coisas que nos foram ensinadas ou com as quais ficamos familiarizados.

Discutiremos o raciocínio intuitivo porque é o que Deus concedeu a todos e o que nos torna responsáveis por nosso comportamento. Quem não possui uma mente ou perdeu o controle da mente não pode ser plenamente responsável pelo que faz.

Frequentemente uma pessoa com uma mente boa escolhe não usá-la ou a refreia de pensar logicamente, quando se trata de assuntos de religião e fé. Terminará sendo descrente e responsabilizada por sua ignorância na religião.

"Em verdade, não é dado a ser nenhum crer sem a anuência de Deus. Ele destina a abominação àqueles que não raciocinam." (Alcorão 10:100)

Não é de admirar que a punição daqueles que não creem seja equivalente a dos que não compreendem. 

"A quem Deus quer iluminar, dilata-lhe o peito para o Islã; a quem quer desviar (por tal merecer), oprime-lhe o peito, como aquele que se eleva na atmosfera. Assim, Deus cobre de abominação aqueles que se negam a crer."(Alcorão 6: 125)

Esses dois versículos destacam que não é possível purificar o coração a menos que coloque sua mente para trabalhar, permitindo que fé e segurança entrem em seu coração.

O Alcorão se refere à mente de maneiras diferentes, dependendo da natureza da tarefa com a qual se lida:

1. A mente é capaz de compreender e processar a fala.

"Aspirais, acaso, a que os judeus creiam em vós, sendo que alguns deles escutavam as palavras de Deus e, depois de as terem compreendido, alteravam-nas conscientemente?" (Alcorão 2:75).

"Revelamo-lo como um Alcorão árabe, para que raciocineis." (Alcorão 12:2)

A razão de o Alcorão ter sido revelado em árabe foi que as mentes das pessoas para as quais ele foi enviado seriam capazes de compreendê-lo e apreciar seus significados.

2. A mente é capaz de projetar pensamentos coerentes e não conflitantes. 

"Ó povo do Livro (cristãos e judeus)! Por que discutis acerca de Abraão, se a Tora e o Evangelho não foram revelados senão depois dele? Não raciocinais?" (Alcorão 3:65).

Aqueles que alegam que Abraão era judeu ou cristão estão se contradizendo, uma vez que tanto o Judaísmo quanto o Cristianismo vieram muito tempo depois de Abraão. A surata de al-Anaam (capítulo 6), versículo 91, também se refere aos judeus se contradizendo: 

"Não aquilatam o Poder de Deus como devem, quando dizem: Deus nada revelou a homem algum! Dize: Quem, então, revelou o Livro, apresentado por Moisés - luz e orientação para os humanos - que copiais em pergaminhos, do qual mostrai algo e ocultais muito, e mediante o qual fostes instruídos de tudo quanto ignoráveis, vós e vossos antepassados? Dize-lhes, em seguida: Deus! E deixa-os, então, entregues às suas cismas."

O verso destaca que os judeus não podem alegar que acreditam na profecia de Moisés e no Torá e então dizerem que Deus não revelou coisa alguma aos humanos, porque são pensamentos contraditórios.

3. A mente é capaz de compreender prova e evidência de verdade. 

"Apresenta-vos, ainda, um exemplo tomado de vós mesmos. Porventura, faríeis daqueles que as vossas mãos direitas possuem parceiros naquilo de que vos temos agraciado e lhe concederíeis partes iguais às vossas? Temei-os acaso, do mesmo modo que temeis uns aos outros? Assim elucidamos os Nossos versículos aos sensatos." (Alcorão 6:28) "Dize: Se Deus quisesse, não vo-lo teria eu recitado, nem Ele vo-lo teria dado a conhecer, porque antes de sua revelação passei a vida entre vós. Não raciocinais ainda?" (Alcorão 10:16)

4. As ações devem corresponder às palavras. 

"Ordenais, acaso, às pessoas a prática do bem e esqueceis, vós mesmos, de fazê-lo, apesar de lerdes o Livro? Não raciocinais?" (Alcorão 2:44).

Esse versículo está repreendendo as pessoas, não por encorajar outros a aderir ao caminho de Deus, porque isso é sempre uma virtude. O versículo, entretanto, está apontando para a contradição das pessoas que dão bons conselhos, mas elas mesmas não os adotam. Em qualquer caso, o comportamento da pessoa que dá bom conselho não reduz o valor do conselho, como um fumante ou alcoólatra que avisa seus filhos dos males daqueles comportamentos. É muito melhor que encorajá-los a adotar esses hábitos prejudiciais e melhor que não dar a eles qualquer conselho útil. Ainda assim, não faz sentido reconhecer o valor de se comportar de certa maneira e encorajar outros a fazê-lo, enquanto age de maneira oposta. Por essa razão, o bom profeta na surata de Hud (capítulo 11), versículo 88 disse: 

"Respondeu: Ó povo meu, não vedes que possuo a evidência do meu Senhor e Ele me agraciou generosamente...? Não pretendo contrariar-vos, a não ser no que Ele vos vedou; só desejo a vossa melhoria, de acordo com a minha capacidade; e meu êxito só depende de Deus, a Quem me encomendo e a Quem retornarei, contrito."
(Continua na Parte 2)
A paz esteja convosco.

quarta-feira, março 27, 2019

DEZ MANDAMENTOS NO ALCORÃO (PARTE 3 DE 3)

MANDAMENTOS VI-X  Orientação moral para o mundo de hoje lidando com órfãos, justiça, equidade, cumprimento da Aliança de Deus e o andar no caminho de Deus. Sexto mandamento: Não disponhais do patrimônio do órfão senão da melhor forma possível, até que chegue à puberdade.

A sabedoria divina ditou que a religião do Islã fosse transmitida à humanidade pelas mãos de um órfão, alguém que Deus elevou para levar Sua mensagem final para a humanidade. Muito naturalmente, os órfãos são mais que meras sombras no Islã.

A Lei islâmica define como órfão uma criança que é privada dos benefícios da parentalidade pela morte do pai. 

De forma muito parecida com a sociedade árabe antes do Islã, os órfãos não têm muito valor nos EUA de hoje. 

Hoje se estima que existam mais de 132 milhões de órfãos no mundo. Mais de 25 milhões de crianças americanas (mais que uma em cada três) são educadas em uma família sem um pai.[1] Mais de 50% dos jovens em abrigos e nas ruas relataram que seus pais lhes disseram para partir ou sabiam que estavam partindo, mas não se importaram. Um total de 2,8 milhões de crianças vivem nas ruas, um terço das quais são atraídas para a prostituição dentro de 48 horas depois de terem deixado suas casas. 1 em cada 8 jovens abaixo dos 18 anos sairá de casa e se tornará um morador de rua precisando de serviços. Em 2007, 513.000 crianças órfãs viviam fora de suas casas em lares de acolhimento ou substitutos. O Ato de reautorizarão de proteção de vítimas do tráfico de 2005 citou a descoberta do Congresso de que 100.000 a 300.000 crianças nos Estados Unidos estão em risco de exploração sexual a qualquer tempo.[2] Um estudo da Universidade da Pensilvânia estima que quase 300.000 crianças nos Estados Unidos estejam em risco de serem sexualmente exploradas para usos comerciais.

Nos EUA a palavra "órfão" raramente é usada. De acordo com o Dr. Francine Cournos, autor de City of One: A Memoir, "os órfãos de hoje nos Estados Unidos são crianças em lares de acolhimento." O termo crianças em acolhimento familiar é frequentemente usado para as crianças em lares de acolhimento, moradias coletivas e instituições.

Vinte e dois versículos da escritura muçulmana enfatizam o cuidado com os órfãos. O Islã protegeu os órfãos de serem negligenciados e legislou direitos para eles. Um desses direitos, formulado como um mandamento, é o dispêndio de dinheiro para o benefício deles. Hoje, nos EUA, isso significaria, por exemplo, que os pais adotivos deveriam gastar os US$ 420/mês (que é a média nacional) que recebem por criança para o bem-estar da criança da melhor maneira possível.

Sétimo mandamento: Disponde da medida e do peso com equidade

O mandamento tem a ver com equidade e justiça em todos os assuntos, financeiros ou não. O tratamento justo aos seres humanos é mandamento de Deus. A grande pergunta é como você pode se apegar a um princípio de tratamento justo, especialmente nos negócios, quando parece tão vantajoso não fazê-lo. Por que você deve ser justo em um mundo injusto? A resposta simples: é mandamento de Deus. Deus quer que sejamos éticos e joguemos limpo. Você deve primeiro aceitar o mandamento básico e princípio moral de práticas justas e honestas. As desigualdades econômicas e raciais generalizadas, as práticas injustas de empréstimo e a falta de moradia a preço acessível faz com que se pergunte: qual justiça e justiça de quem? A resposta é justiça de acordo com as regras de Deus. A única maneira de resolvê-las é cumprir o mandamento de Deus e dar aos outros o que lhes é devido.

Oitavo mandamento: Quando sentenciardes, sede justos, ainda que se trate de um parente carnal
O mandamento não é limitado à justiça no discurso, inclui comportamento. Deus requer que tratemos aos outros de maneira justa, incluindo os parentes. Se um relativo ou amigo cometer um erro, devemos dizer que ele está em erro? Sim, sabendo muito bem que não é uma licença para ser rude e insultar, mas uma questão de justiça. De maneira semelhante, o favoritismo, o clientelismo e o nepotismo são antiéticos. O Islã comanda seus seguidores a serem éticos e justos em face de emoções conflitantes como amor e ódio pelo outro. É exigido que um muçulmano fale a verdade e seja honesto sem ser influenciado por parentes.

Nono mandamento: Cumpra a Aliança com Deus
Em geral, cumprir as alianças e manter as promessas é uma das bases do Islã. Assegura a confiança, mantém a justiça e traz igualdade na sociedade. 

Especificamente, é exigido que um muçulmano mantenha sua aliança com Deus. O princípio básico do Islã é que Deus comanda e proíbe, portanto, Deus deve ser obedecido. A "Aliança com Deus" é a promessa feita a Deus que reconhece esse princípio básico. Como consequência, Deus recompensa e pune.

Um muçulmano deve cumprir seus compromissos e manter suas promessas. É uma indicação de lealdade à sua palavra e a Deus. A negligência nessa questão indica hipocrisia. Deus conclui com uma ênfase:

"Eis aqui o que Ele vos prescreve, para que mediteis."

Então, se você ainda não fez uma promessa a Deus de obedecê-Lo, agora é a hora de fazê-lo!

Décimo mandamento: Esta é a Minha senda reta. Segui-a e não sigais as demais, para que estas não vos desviem da Minha senda. Eis o que Ele vos prescreve, para que O temais.

O último mandamento é o mais abrangente, combinando a religião inteira. Deus basicamente nos diz que este é Minha "Senda Reta" e você deve segui-la. A "Senda Reta" de Deus é Sua religião que Ele nos enviou por meio de Seus profetas, completando-a com Sua mensagem final por meio do profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele. Todo ser humano deve seguir essa mensagem final do Islã e deixar todas as outras "sendas". Todas as outras sendas, sem exceção, afastam a pessoa de Deus e isso se equipara a destruição. As outras "sendas" são religiões antigas que foram corrompidas ou canceladas e também ideologias e filosofias ilusórias. Aderir firmemente à "Senda Reta" de Deus é proteção contra erros ou desvios. 

Assim concluímos os dez mandamentos de Deus que são relevantes e aplicáveis aos nossos tempos e fornecem a melhor estrutura para desenvolver o lado espiritual dos seres humanos.

DEZ MANDAMENTOS NO ALCORÃO (PARTE 2 DE 3):

MANDAMENTOS I-V Os primeiros cinco mandamentos são parte do regulamento de Deus nos guiando no mundo de hoje. Primeiro mandamento: Não atribuais parceiros a Deus (Shirk)

O primeiro mandamento é o mais importante e o mais fácil. É voltado para toda a raça humana, o mais severo em punição e ainda assim é um mandamento do qual as pessoas têm se desviado muito. Ignorar a primeira proibição é o que leva a todos os outros males. Arruína toda adoração e obras que dependem dele. A idolatria, conhecida como Shirk em árabe, é mais do que servir a ídolos. É acreditar em um deus ao lado do Único e Verdadeiro Deus que sozinho merece adoração e serviço. Proibir a idolatria é afirmar seu oposto: a crença adequada em e adoração de Deus. A crença adequada em Deus é o alicerce da fé islâmica e todos os outros mandamentos e proibições se apoiam nela.

Segundo mandamento: Seja bom e obediente com os pais
Devido à relação geralmente tensa entre as gerações, esse mandamento é particularmente relevante em nossos dias. A maioria das crianças de hoje estão zangadas. Estão muito zangadas com seus pais e sua infância. Talvez tenham sido magoadas quando estavam vulneráveis. Pais são imperfeitos. Muitas pessoas pensam que seus pais não merecem nenhum respeito, mas Deus nos ordena que sejamos gentis com eles. Não devemos falar de forma ríspida com eles ou maltratá-los. Ao invés disso, devem ser cuidados e tratados com boas maneiras.

Os pais são tão importantes que vêm logo depois do dever com Deus!

Ao mesmo tempo, devemos honrar, mas não adorar os pais. Deus vem antes dos pais. Devemos agradecer a Deus, o Criador, pelas dádivas incomparáveis a todos nós. Depois de Deus, devemos nossa existência aos nossos pais que nos trouxeram para essa vida. Não devem apenas ser tratados de maneira justa, mas também com gentileza e gratidão. Devem ser tratados de maneira gentil na maneira como falamos com eles, agimos em relação a eles e ao apoiá-los financeiramente, se necessário.

Terceiro mandamento: Não mateis vossas crianças por medo da pobreza
Os antigos árabes matavam seus filhos por medo da pobreza. Mas quem mataria seus próprios filhos que são suscetíveis e vulneráveis em uma época de civilização? Anualmente em torno de 750.000 crianças são consideradas desaparecidas nos Estados Unidos, aproximadamente 2.000 todos os dias.[1] Por volta de 100 crianças são sequestradas e assinadas nos EUA todos os anos.[2] Em torno de 100-200 crianças são mortas na Grã-Bretanha por ano.[3] Os assassinos são na maioria os pais. De acordo com a Sociedade para a prevenção do infanticídio, "hoje o infanticídio ainda é muito comum em áreas de extrema pobreza." [4]

Quarto mandamento: Não se aproxime de pecados "vergonhosos" cometidos abertamente ou em segredo
Esse mandamento lida com a conduta sexual para proteger a estrutura familiar. 

Quais são os pecados "vergonhosos"? O Islã ensina que são o adultério, fornicação, incesto e homossexualidade. A violação da unidade familiar é um crime contra Deus e a humanidade. Infelizmente esses pecados têm se tornado tão lugar comum que alterou a percepção da sociedade em relação a eles.

Em tempos modernos a sociedade desenvolveu expressões novas que suavizam o pecado do adultério. Muitas são grosseiras demais para repetir, mas as que não estão incluídas são: estar de caso, dormir com alguém e aventura. Essas frases criam uma noção de que o adultério está livre de culpa e não prejudica ninguém. Algumas pessoas até sugerem que é apenas uma atividade recreativa como jogar bola ou ir ao cinema! Além disso, alguns afirmam que existe um aspecto benéfico! A verdade é que esses atos provocam um extremo desagrado em Deus. Esses pecados abalam a sociedade humana e as leis que regulam o comportamento sexual são parte de toda comunidade civilizada viável.

O quão prevalente é o adultério? "Mais de um terço dos homens e um quarto das mulheres admitem ter tido pelo menos uma experiência sexual extraconjugal." [5]

Um artigo em uma edição de 1997 da revista Newsweek destacou que várias pesquisas sugerem que 30 por cento dos ministros protestantes tiveram relações sexuais com mulheres que não eram suas esposas.[6]

O Alcorão estabelece várias etapas para refrear a decadência moral propagada por pecados "vergonhosos":

1. Instituição do casamento.

2. Ênfase na vestimenta para as mulheres.

3. Evitar tentações baixando o olhar (para ambos, homens e mulheres).

4. Proibição de entrar nas casas das pessoas sem convite.

Quinto mandamento: Não mate a quem Deus proibiu matar
O Islã vê o corpo humano como uma estrutura construída por Deus que ninguém tem o direito de destruir. A vida humana é respeitada e protegida porque o corpo de uma pessoa pertence a Deus. Allah, o Exaltado, diz:

"Por isso, prescrevemos aos israelitas que quem matar uma pessoa, sem que esta tenha cometido homicídio ou semeado a corrupção na terra, será considerado como se tivesse assassinado toda a humanidade." (5:32)

A lei islâmica protege as vidas de:

1. um muçulmano

2. um não-muçulmano cidadão de um país muçulmano

3. não-muçulmanos que têm tratados de paz com países muçulmanos

4. qualquer não-muçulmano que tenha residência temporária em um país muçulmano.

Ao mesmo tempo, tirar a vida nem sempre é um mal. Derramar sangue humano é estritamente proibido, a menos que seja legislado por Deus, como a morte de um assassino (pena capital), etc.

domingo, março 24, 2019

Homossexualidade



7:28

“Quando estes cometem uma obscenidade, dizem: Cometemo-la porque encontramos nossos pais fazendo isto; e foi Deus Quem no-la ordenou. Dize: Deus jamais ordena obscenidade. Ousais dizer de Deus o que ignorais?”

7:80-81

“E (enviamos) Lot, que disse ao seu povo: Cometeis abominação como ninguém no mundo jamais cometeu antes de vós,”

“Acercando-vos licenciosamente dos homens, em vez das mulheres. Realmente, sois um povo transgressor.”

11:77-81

“Mas, quando Nossos mensageiros se apresentaram a Lot, este ficou aflito por eles, sentindo-se impotente para defendê-los, e disse: Este é um dia sinistro!”

“E seu povo, que desde antanho havia cometido obscenidades, acudiu precipitadamente a ele; (Lot) disse: Ó povo meu;eis aqui minhas filhas; elas vos são mais puras. Temei, pois, a Deus e não me avilteis perante os meus hóspedes. Não haverá entre vós um homem sensato?”

“Responderam: Tu bem sabes que não temos necessidade de tuas filhas também sabes o que queremos.”

“Disse: Quem me dera ter forças para resistir a vós ou encontrar um forte auxílio (contra vós)!”

“Disseram-lhe (os anjos): Ó Lot, somos os mensageiros do teu Senhor; eles jamais poderão atingir-te. Sai, pois, com a tua família, no decorrer da noite, e que nenhum de vós olhe para trás. À tua mulher, porém, acontecerá o mesmo que a eles. Tal sentença se executará ao amanhecer. Acaso, não está próximo o amanhecer?”

11:82-83

“E quando se cumpriu o Nosso desígnio, reviramos a cidade nefasta e desencadeamos sobre ela uma ininterrupta chuva de pedras de argila endurecida,”

“Estigmatizadas por teu Senhor; e isso não está distante dos iníquos.”

26:160-161

“O povo de Lot rejeitou os mensageiros.”

“Quando o seu irmão, Lot, lhes disse: Não temeis (a Deus)?”
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26:165-166

“Dentre as criaturas, achais de vos acercar dos varões,”

“Deixando de lado o que vosso Senhor criou para vós, para serem vossas esposas? Em verdade, sois um povo depravado!”

54:37

“E intentaram desonrar os seus hóspedes; então, cegamos-lhes os olhos, dizendo: Sofrei, pois, o Meu castigo e a Minha admoestação!”

O ISLAM PERMITE O ESTUPRO?

Devido aos recentes eventos na Alemanha, e também em relação aos vários casos de injustiça e corrupção nos quais homens em certos países muçulmanos violaram de maneira impune ou pior, em certos casos as vítimas foram acusadas da própria violação que tiverem que sofrer, me parece importante que analisemos este assunto ás luzes da própria lei islâmica segundo a ortodoxia sunita das quatro escolas e os atos de Profeta Muhammad ﷺ a respeito.

A tragedia é que em nossa época de ultra-midiatização não vem a par a analise critica da informação:

Qualquer caso horrível que se passe no ”Oriente Muçulmano” (54 países muçulmanos em 3 continentes, mais de 1,5 bilhão de indivíduos) é tomado com uma regra geral, algo que constitui uma exceção e não a norma, e é tão chocante para o ”Oriente” como para o ”Ocidente”.

Como se pudêssemos inferir um juízo sobre o comportamento do uruguaio ou de um mexicano por que há nestes países estupradores e assassinos como em qualquer outro país, e que neste países como na maioria dos países, existem machistas que vão culpar a mulher quando é vitima de estupro e também existem casos de corrupção que fazem com que um criminoso rico dotado de conexões com o poder possa ser declarado livre pela ”justiça”.

Para determinar o status legal de um ato no Islam, nós não nos baseamos nos costumes de tal ou tal povo, nem no sistema politico de tal ou tal país, mas sim nas fontes primárias da lei islâmica: o Alcorão (a Palavra de Deus) e a Sunnah (o que foi feito, dito e aprovado pelo Profeta).

E logo vem diferentes ferramentas jurídicas e fontes de lei secundárias como a analogia (qiyas), o consenso dos sábios (ijma), o esforço de interpretação em ausência de um texto definitivo (ijtihad) etc.. Os que tem autoridade para determinar o juízo legal sobre um assunto são os sábios da jurisprudência islâmica, não porque são sacerdotes, mas porque estudaram as fontes primarias e dominam as ferramentas jurídicas.

Neste caso especifico, não se tem que ir muito longe nas investigações já que as 4 escolas jurídicas da ortodoxia sunita consideram que o estupro é um dos piores pecados no Islam e que faze-lo é equivalente a ”fazer guerra ao Estado/País” (irab) e o castigo por este ato não é nada menos que a morte para o estuprador, e há um consenso absoluto dos sabios islâmicos sobre este assunto. Só é suficiente o testemunho da vítima para que um estuprador seja reconhecido como taal, se este testemunho está respaldado por provas circunstanciais.

O único debate que existe acerca deste tema é entre a escola hanafi e maliki, sobre se a vítima deve receber uma compensação financeira ou não.

O juízo legal sobre o estupro se baseia sobre a prática direta do Profeta Muhammad ﷺ em Medina e seus Companheiros:

”Uma mulher, durante a época do Profeta ﷺ, saiu (para a mesquita) para a oração, e um homem a atacou e a estuprou. A mulher gritou e o homem se foi, e logo outro homem se aproximou e ela lhe disse: ”Este (homem) me fez tal e tal coisa”. Depois veio um grupo dos Companheiro do Profeta dentre os imigrantes (al-Muhajirun), e ela lhes disse: ”Esse homem me fez tal e tal coisa”. Os companheiros se foram e apanharam o homem pensando que ele que havia estuprado esta mulher e lhe trouxeram até ela. E ela disse: ”Sim, é ele.” Então o trouxeram para o Mensageiro de Deus ﷺ. Quando o profeta ﷺ estava para pronunciar a sentença, o homem que (realmente) havia atacado a mulher se levantou e disse: ”Oh mensageiro de Allah, sou o homem que fez isso a ela”. E ele (o Profeta) disse a mulher: Podes ir, Allah não tem nada contra ti. E sobre o homem que havia estuprado, disse: ”Matem-o (por apedrejamento).”

Também se agrega um exemplo durante o Segundo Califado, o Califado de Omar ibn al-Khattab, o grande companheiro do Profeta ﷺ:

”Um escravo teve relação com uma escrava sem seu consentimento. Omar Ibn al-Khattab o açoitou e o expulsou (da sociedade) e não açoitou a escrava por que o escravo a havia forçado.”

Para confirmar isto, é importante agregar a oposição explicita do Imam Malik (nascido no ano 93 da hégira), fundador da escola maliki:

O que está decidido na nossa comunidade sobre um homem que viola uma mulher, virgem ou não virgem, é que deve pagar a vitima uma ”compensação” e logo o castigo corporal (hadd) deve ser aplicado sobre ele, e não há castigo para a mulher estuprada.”

Oque se utiliza em geral para atacar o Islam é a falsa ideia de que o Alcorão permite o estupro dos escravos por seus amos e então, por extensão, aceita o estupro.

Utilizam um versículo corânico que fala da legitimidade religiosa das relações sexuais com esposas e escravas, implicando que o Alcorão diz que é possível ter relações sexuais fora do casamento. Isto é dado a concepção totalmente diferente do que é uma escrava na cultura ocidental e nas demais culturas do mundo. Está especificado no Islam que o escravo deve ter a mesma roupa (em caridade), comer da mesma comida e dormir em uma cama (da mesma qualidade) que seu amo. Uma pessoa não ”nasce escrava” no Islam e não existe nenhum conceito que faz com que alguém seja escravo porque tem tal cor de pele.

Cada pessoa nasce livre como o dito pelo segundo Califa e Companheiro do Profetaﷺ Omar Ibn al-Khattab:

”Como irão fazer deles escravos quando suas mães lhes trouxeram a esta vida livres?”

Até existiu uma dinastia muçulmana de escravos: o Sultanato Mameluco.

Isto contrasta bastante com a concepção da escravidão que era vigente no mundo colonial ocidental na qual o escravo tinha o status jurídico de mobília (ver: “Le code noir”, manual jurídico francês sobre a escravidão de 1685).

É importante focar que o Islam não autoriza a escravidão, porém a regulou. Tal como o Islam não autoriza a pobreza porém há muitas leis e regras de como tratar e ajudar os pobres. Não existe um texto, nem na Sunnah nem no Alcorão que legitime o ato de tomar um homem livre e lhe fazer escravo. Era algo comum a época da Revelação e era o caso em todo o mundo da época. Está agora proibido por consenso dos teólogos muçulmanos.

Para voltar ao tema, e clarificar definitivamente este assunto, o Imam Shafi’i, fundador da escola shafi’i disse:

Se uma pessoa estupra (força) uma escrava, ela deve ser libertada e ele será castigado pelo castigo do estupro.”

Então, o versículo não legitima o estupro de escravos, mas fala da legitimidade das relações sexuais com as esposas, que sejam livres ou escravas.

Allahu Alam,
E Deus sabe mais. - Dante Ibrahim Matta, 2016
Fonte com comentários e bibliografias utilizadas pelo autor em: http://www.sunnismo.com/preguntas/la-violacion-a-la-luz-de-la-ley-islamica-y-de-la-tradicion-profetica

sexta-feira, março 22, 2019

O que é que o Califa UMAR IBN AL-KHATTAB fez depois de conquistar Jerusalém?

História da cidade antiga - 06 Dezembros 2017 — Por: Firas Al Khateeb - Versão Portuguesa de: M. Yiossuf Adamgy 

Prezados Irmãos, 

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum",(que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. 

Jerusalém é uma cidade sagrada para as três maiores religiões monoteísta – Judaísmo, Cristianismo e Islão. Por causa da sua história que abrange milhares de anos, ela é conhecida por muitos nomes: Jerusalém, al-Quds, Yerushaláyim, Aelia e muito mais, todos refletindo a sua herança diversificada. É uma cidade à qual muitos Profetas muçulmanos chamaram de lar, desde Sulayman (Salomão) e Daud (David) a Issa (Jesus), que Allah esteja satisfeito com eles. 

Durante a vida do Profeta Muhammad صلى الله عليه وسلم ,este fez uma viagem milagrosa, numa noite, de Meca a Jerusalém e depois, de Jerusalém ao Céu - a Isra' e Mi'raj. Durante a sua vida, no entanto, Jerusalém nunca esteve sob o controle político muçulmano. Isso mudaria durante o califado de Umar ibn al-Khattab (r.a.), o segundo califa do Islão. 

Na Síria 

Durante a vida do Profeta Muhammad صلى الله عليه وسلم ,o Império Bizantino deixou claro o seu desejo de eliminar a nova religião muçulmana, que crescia nas suas fronteiras ao sul. Assim, a Expedição de Tabuk começou em Outubro de 630, com Muhammad صلى الله عليه وسلم liderando um exército de 30.000 pessoas até afronteira com o Império Bizantino. Esta expedição marcou o início das guerras bizantinas que continuariam por décadas. 

Durante o governo do califa Abu Bakr (r.a.), de 632 a 634, nenhuma ofensiva maior foi levada para a terra bizantina. Foi durante o califado de Umar ibn alKhattab que os muçulmanos começaram a expandir -se seriamente para o norte, para o reino bizantino. O califa Umar enviou alguns dos mais competentes generais muçulmanos, incluindo Khalid ibn al-Walid e Amr ibn al-'As para combater os bizantinos. A batalha decisiva de Yarmuk, em 636, foi um enorme golpe para o poder bizantino na região, levando à queda de inúmeras cidades em toda a Síria, nomeadamente Damasco. 

Em muitos casos, os exércitos muçulmanos foram recebidos pela população local - tanto judeus como cristãos. A maioria dos cristãos da região era monofisista, que tinham uma visão mais monoteísta de Deus, que era semelhante ao que os novos muçulmanos estavam a pregar. Eles receberam bem o domínio muçulmano sobre a área, em vez dos bizantinos, com os quais eles tinham muitas diferenças teológicas. 

Conquista de Jerusalém 

Por volta de 637, os exércitos muçulmanos começaram a aparecer nas vizinhanças de Jerusalém. No comando de Jerusalém estava o patriarca Sophronius, um representante do governo bizantino, bem como um líder na Igreja Cristã. Não obstante numerosos exércitos muçulmanos, sob o comando de Khalid ibn al-Walid e Amr ibn al-'As (r.a.), começassem a cercar a cidade, Sophronius recusou-se a entregar a cidade, a menos que o Califa Umar viesse, para se render perante ele. 

Tendo ouvido falar de tal condição, Umar ibn al-Khattab (r.a.) deixou Medina, viajando sozinho com um jumento e um servo. Quando chegou a Jerusalém, foi saudado por Sophronius, que sem dúvida deve ter ficado surpreso com o fato de que o Califa dos Muçulmanos, uma das pessoas mais poderosas do mundo naquele momento, estava vestido com não mais do que simples vestes e era indistinguível do seu servo. 

Umar fez uma visita pela cidade, incluindo a Igreja do Santo Sepulcro. Quando chegou a hora da oração (islâmica), Sophronius convidou Umar para orar dentro da Igreja, mas Umar recusou. 

Ele insistiu que, se orasse ali, mais tarde os muçulmanos o usariam como uma desculpa para convertê-lo numa Mesquita - privando assim a cristandade de um de seus locais mais sagrados. Em vez disso, Umar (r.a.) orou fora da Igreja, onde uma Mesquita (chamada Masjid Umar - a Mesquita de Umar) foi, posteriormente, construída. 

O Tratado de Umar (r.a.) Como fizeram com todas as outras cidades que conquistaram, os muçulmanos tiveram que elaborar um tratado, detalhando os direitos e privilégios em relação ao povo conquistado e aos muçulmanos em Jerusalém. Este tratado foi assinado por Umar e pelo patriarca Sophronius, juntamente com alguns dos generais dos exércitos muçulmanos. O texto do tratado dizia: Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso. Esta é a garantia de segurança que o servo de Deus, Umar, o comandante dos fiéis, deu ao povo de Jerusalém. Ele deu-lhes uma garantia de segurança para si mesmos, pela sua propriedade, suas Igrejas, suas cruzes, os doentes e saudáveis da cidade e por todos os rituais que pertencem à sua religião. As suas Igrejas não serão habitadas por muçulmanos e não serão destruídas. Nem eles, nem a terra em que se encontram, nem a cruz e nem a sua propriedade serão danificados. Eles não serão convertidos à força. Nenhum judeu viverá com eles em Jerusalém. 

O povo de Jerusalém deve pagar os impostos como o povo de outras cidades e deve expulsar os bizantinos e os ladrões. Aqueles do povo de Jerusalém que queiram sair com os bizantinos, tomar os seus bens e abandonar as suas igrejas e cruzes, estarão a salvo até chegarem ao seu local de refúgio. Os aldeões podem permanecer na cidade se quiserem, mas devem pagar impostos como os cidadãos. Aqueles que desejam podem ir com os bizantinos e aqueles que desejam podem voltar para as suas famílias. Nada lhes deve ser tirado antes que a sua colheita seja feita. 

Se eles pagam os seus impostos de acordo com as suas obrigações, então as condições estabelecidas nesta carta estão sob o pacto de Deus, são da responsabilidade de Seu Profeta, dos califas e dos fiéis. — Citado nas Grandes Conquistas Árabes, de Tarikh Tabari. 

Na época, esse foi de longe um dos tratados mais progressistas da história. Em comparação, apenas 23 anos antes, quando Jerusalém foi conquistada dos bizantinos pelos persas, foi ordenado um massacre geral. Outro massacre se seguiu quando Jerusalém foi conquistada dos muçulmanos pelos cruzados, em 1099. 

O Tratado de Umar permitiu aos cristãos de Jerusalém a liberdade religiosa, como é ditado no Alcorão e nos ditos do Profeta Muhammad صلى الله عليه وسلم .Esta foi uma das primeiras e mais significativas garantias de liberdade religiosa na história. Quanto à cláusula no tratado sobre a proibição de judeus em Jerusalém, a sua autenticidade é discutível, pois um dos guias do Califa Umar (r.a.) em Jerusalém era um judeu chamado Kaab al-Ahbar. Umar permitiu ainda que os judeus adorassem no Monte do Templo e no Muro das Lamentações, enquanto os bizantinos os proibiam de tais atividades. Assim, a autenticidade da cláusula relativa aos judeus está em questão. 

O que não está em questão, no entanto, foi à importância de tal tratado de rendição progressista e equitativa, que protegia os direitos das minorias. O tratado tornou-se o padrão para as relações entre muçulmanos e cristãos em todo o antigo Império Bizantino, com os direitos das pessoas conquistadas serem protegidos em todas as situações, e as conversões forçadas nunca serem um acto sancionado. 

Revitalização da cidade 

Umar (r.a.) começou de imediato, a transformar a cidade num importante marco muçulmano. Limpou a área do Monte do Templo, de onde o Profeta Muhammad صلى الله عليه وسلم ascendeu ao Céu. Os Cristãos tinham usado a área como um depósito de lixo para ofender os judeus, e Umar e o seu exército (juntamente com alguns judeus) limparam-no, pessoalmente, e construíram aí uma Mesquita – Masjid al-Aqsa. 

Masjid al-Aqsa foi originalmente construído por Umar ibn al-Khattab em 637 Durante todo o restante do califado de Umar e no reinado do Império Omíada sobre a cidade, Jerusalém tornou-se um importante centro de peregrinação e comércio religioso. O Domo da Rocha foi adicionado para complementar a Masjid al-Aqsa em 691. Numerosas outras mesquitas e instituições públicas foram, em breve, estabelecidas por toda a cidade. 

A conquista muçulmana de Jerusalém sob o califado de Umar em 637 foi, claramente, um momento importante na história da cidade. Nos próximos 462 anos, seria governado pelos muçulmanos, com liberdade religiosa para as minorias protegidas de acordo com o Tratado de Umar. 

Mesmo hoje, com a continuação da luta pelo futuro estatuto da cidade, muitos muçulmanos, cristãos e judeus insistem, que o Tratado mantém a legitimidade legal e ajuda-os a resolver os problemas atuais de Jerusalém. 

Obrigado. Wassalam (Paz). 

M. Yiossuf Adamgy - Diretor da Revista Islâmica Portuguesa.

segunda-feira, março 18, 2019

ESSA VIDA TERRENA VERSUS O MELHOR RETORNO (UMA EXPLICAÇÃO DO ALCORÃO 3:14 – 18) (PARTE 2 DE 2)

Uma discussão referente aos versículos 15-18. Isso inclui uma descrição das qualidades dos que alcançarão a bênção eterna, com ênfase na importância de adorar somente a Deus. No versículo 15 Deus nos lembra do valor dessa vida, comparado com o Paraíso. Essa vida pode ter muitas coisas maravilhosas, mas o que espera por aqueles que são piedosos e se lembram Dele, não se parece com nada que se pode imaginar.

3:15 "Dize (ó Profeta): Poderia anunciar-vos algo melhor do que isto? Para os que temem a Deus haverá, ao lado do seu Senhor, jardins, abaixo dos quais correm rios, onde morarão eternamente, junto a companheiros puros, e obterão a complacência de Deus." 

A recompensa suprema para aqueles que obedecem a Deus e se lembram Dele com frequência será jardins eternos sob os quais correm rios. Haverá rios de leite e de mel, rios de água tão puros e prazerosos como nada que uma pessoa possa imaginar. Não só isso. Durarão para sempre. A alegria não terminará. O profeta Muhammad acrescenta à descrição de Deus quando diz: "Há saúde eterna e nunca ficarão doentes. Há vida eterna e nunca morrerão. Há juventude eterna e nunca envelhecerão. E há bênção eterna e nunca precisarão de nada."[1] 

Nesse ponto compreendemos que embora Deus tenha nos provido com a morada mais bela e admirável aqui na terra, ela está longe de ser perfeita. Somos queimados pelos raios do sol, apesar de ele nos aquecer e nutrir, insetos podem arruinar nossa diversão em ambientes naturais, às vezes com picadas letais ou espalhando doenças, desastres naturais transformam paisagens deslumbrantes em ruínas e decadência e, claro, a humanidade em si é responsável pela destruição de nosso habitat mais belo. Isso não acontecerá no Paraíso. Nossa serenidade é eterna e a beleza permanece bela. Além disso, somos providos com cônjuges purificados. Somos companheiros uns dos outros, não há morte e nem condições terrenas, como menstruação ou defecação. 

Assim, nos perguntamos: quem merece essa vida eterna abençoada? Deus responde aos nossos pensamentos. 

3:16 Em verdade, quanto àqueles que dizem: "Ó Senhor nosso, cremos! Perdoa os nossos pecados e preserva-nos do tormento infernal." 

Aqueles que acreditam no Deus Único e se submetem a Ele são os que merecem essa vida eterna abençoada, os crentes. Desejam muito ser parte dessa vida eterna maravilhosa e inspiradora e Deus descreve suas ações em muitos detalhes, para que não haja espaço para dúvidas. Se uma pessoa deseja viver para sempre no Paraíso, então essa pessoa deve se empenhar para agradar a Deus. O versículo 17 descreve um pouco mais que tipo de pessoas serão salvas da punição do Inferno. 

3:17 São perseverantes, verazes, consagrados (a Deus), caritativos, e nas horas de vigília imploram o perdão a Deus. 

Esses são os crentes que são pacientes. Ibnul Qayyim explicou[2] que ter paciência significava ter a habilidade de determos o desespero, refrearmos a reclamação e nos controlarmos em tempos de tristeza e preocupação. O genro do profeta Muhammad, Ali ibn Abu Talib, definiu paciência como "buscar a ajuda de Deus".[3] 

Os outros atributos deles incluem serem crentes e obedientes, seguir as leis e mandamentos de Deus com sinceridade e da melhor forma que puderem. Eles se lembram de Deus e são agradecidos. "Recordai-vos de Mim, que Eu Me recordarei de vós. Agradecei-Me e não Me sejais ingratos!" (Alcorão 2:152). Gastam de sua riqueza com os membros da família, vizinhos e estranhos. São gentis, ajudam os destituídos e confortam os necessitados. E entre os que merecem a vida eterna estão os que oram na última parte da noite. 

O profeta Muhammad tentou instilar em nós, seus seguidores, os benefícios e o desejo de orar na última parte da noite. Disse: "O Senhor desce todas as noites para o mais baixo dos céus, quando um terço da noite permanece e diz: "Quem chamará por Mim, para que Eu possa atender? Quem Me pedirá, para que Eu possa dar? Quem buscará o Meu perdão, para que Eu possa perdoar?"[4] 

Se ler esse capítulo do Alcorão desde o início, notará que Deus o começa nos lembrando de que não existe deus exceto Ele. Ele diz: "La ilaha illa Huwa (Deus! Não há mais divindade além d’Ele!) Al-Hayyul-Qayyum (O Vivente, Sustentador de tudo que existe)" (Alcorão 3:2). E agora apenas uns poucos versículos depois, Ele nos lembra novamente. 

3:18 Deus dá testemunho de que não há mais divindade além d’Ele; os anjos e os sábios O confirmam Justiceiro; Não há mais divindades além d’Ele, o Poderoso, o Prudentíssimo. 

Não existe divindade merecedora de adoração exceto Ele. Não existe autoridade merecedora de obediência exceto Ele. Aqui no versículo 18 o próprio Deus testemunha que não existe deus exceto Ele." Assim como não há nada maior que Deus, não há afirmação mais verdadeira que essa. Ninguém mais tem o direito de ser adorado exceto Ele. É o ponto central, a essência do Islã. Existe Um Deus e somente Ele merece adoração. Nos primórdios do Islã e, claro, no século 21, existem muitas pessoas que creem em Deus, o Criador, mas estabelecem parceiros ou rivais ao lado Dele. 

"E ninguém é comparável a Ele!" (Alcorão 112:4) 

" Atribuíram-Lhe parceiros que nada podem criar, uma vez que eles mesmo são criados. Nem tampouco poderão socorrê-los, nem poderão socorrer a si mesmos." (Alcorão 7:191-192) 

"Ele é o Primeiro e o Último; o Visível e o Invisível, e é Onisciente." (Alcorão 57:3) 

Esse é um assunto importante para conhecer e compreender. Os anjos também testemunham essa verdade e também os sábios. Os sábios sabem com certeza que Deus é Único. Nesse versículo Deus mencionou os sábios ao lado Dele e dos anjos e, assim, somos capazes de compreender que buscar conhecimento e ensinar a verdade é muito importante. 

Em seguida Deus nos lembra que Ele mantém Sua criação com justiça. "Nós enviamos Nossos Mensageiros com claros sinais e fizemos descer com eles o Livro e a Balança de modo a estabelecer justiça entre os homens..." (Alcorão 57:25) Deus é justo e equitativo e a palavra árabe usada no versículo 18 é qist. É traduzida geralmente como justiça, mas abrange não só a justiça, mas também equidade e equilíbrio. Você não se pergunta por que estamos na distância certa do sol? Um pouco mais próximos queimaríamos e um pouco mais afastados congelaríamos. Deus mantém Sua criação com justiça, com equilíbrio. Imaginem a precisão e cronologia que permite ao mundo e tudo que está nele funcionar. Sistemas complexos trabalham perfeitamente. Deus conclui repetindo a frase: "Ninguém mais tem o direito de ser adorado exceto Ele."

ESSA VIDA TERRENA VERSUS O MELHOR RETORNO (UMA EXPLICAÇÃO DO ALCORÃO 3:14 – 18) (PARTE 1 DE 2)

Uma introdução a cinco versículos inspiradores do Alcorão e uma discussão mais profunda do versículo 3:14. 

O Alcorão é o livro que os muçulmanos creem ser as palavras diretas e literais de Deus e é o maior presente de Deus para a humanidade. Não é como nenhum outro; não é um livro de história, de contos ou um manual científico, embora contenha todos esses gêneros. O Alcorão e sua habilidade surpreendente de falar ao coração de qualquer ser humano é um fenômeno belo. Parece compreender os pensamentos mais profundos de uma pessoa e podem responder perguntas formuladas pela metade pelo leitor. No segundo versículo do segundo capítulo do Alcorão, Deus descreve o Alcorão chamando-o de um livro no qual não há dúvida, há orientação para os virtuosos, piedosos e tementes a Deus (Alcorão 2:2). Uma pessoa pergunta ou até pensa a pergunta e o Alcorão oferece orientação. Venha comigo em uma viagem de descoberta, ele parece dizer. Acena ao leitor a examinar profundamente o coração da humanidade e ver o mundo através dos olhos de Deus. 

Nesse artigo examinaremos e discutiremos cinco versículos do terceiro capítulo do Alcorão. Esse capítulo é chamado "A família de Imran" (Aali Imran). O Alcorão nos conta que Imran é o pai de Maria, a mãe de Jesus. A família toda inclui o profeta Zacarias e o homem que os cristãos conhecem como João Batista, tido em alta consideração. Esse capítulo fala particularmente aos cristãos e os exorta a adorar o Deus Único. Entretanto, nesse capítulo estão contidos alguns belos pedaços de prosa que descrevem a natureza da humanidade. E quem é melhor para nos descrever e nos dar uma visão de nossa natureza complicada que nosso Criador - Deus? 

Os versículos a seguir começam pela descrição de nosso desejo de estarmos cercados pela beleza e nossa inclinação natural a coletar coisas terrenas, nos apegarmos e ficarmos satisfeitos com elas. Eles então nos lembram que a vida eterna no Paraíso vale mais que esse mundo e tudo que ele contém, e nos mostram como podemos alcançar esse objetivo supremo. 

Aos homens foi abrilhantado o amor à concupiscência relacionada às mulheres, aos filhos, ao entesouramento do ouro e da prata, aos cavalos de raça, ao gado e às sementeiras. Tal é o gozo da vida terrena; porém, a bem-aventurança está ao lado de Deus. 

Dize (ó Profeta): Poderia anunciar-vos algo melhor do que isto? Para os que temem a Deus haverá, ao lado do seu Senhor, jardins, abaixo dos quais correm rios, onde morarão eternamente, junto a companheiros puros, e obterão a complacência de Deus. Porque Deus é observador dos Seus servos. 

Que dizem: ó Senhor nosso, cremos! Perdoa os nossos pecados e preserva-nos do tormento infernal. 

São perseverantes, verazes, consagrados (a Deus), caritativos, e nas horas de vigília imploram o perdão a Deus. 

Deus dá testemunho de que não há mais divindade além d’Ele; os anjos e os sábios O confirmam Justiceiro; Não há mais divindades além d’Ele, o Poderoso, o Prudentíssimo. (Alcorão 3:14 – 18) 

A primeira frase nos conta que Deus encheu a terra com beleza e deliberadamente embelezou as coisas que desejamos, as que naturalmente cobiçamos. Essa vida é um deleite. Existem muitas tradições da vida do profeta Muhammad que testemunham isso. 

A vida é um deleite e o melhor deleite é uma esposa virtuosa.[1] 

Em verdade o mundo é verde e úmido e Allah os fez em gerações sucessivas para observar como agirão. Então, cuidado com o mundo...[2] 

As mulheres e o perfume me são caros, mas a oração é a doçura dos meus olhos.[3] 

Não entrará no Paraíso quem tiver um átomo de arrogância em seu coração." O profeta Muhammad disse: "Não entrará no Paraíso quem tiver um átomo de orgulho em seu coração." Um homem disse: "E se o homem gostar de boas roupas e sapatos"? Ele disse: "Deus é belo e ama a beleza. Orgulho significa negar a verdade e olhar para as pessoas com desdém." [4] 

3:14 Aos homens foi abrilhantado o amor à concupiscência relacionada às mulheres, aos filhos, ao entesouramento do ouro e da prata, aos cavalos de raça, ao gado e às sementeiras. Tal é o gozo da vida terrena; porém, a bem-aventurança está ao lado de Deus. 

Aqui Deus nos lembra que é perfeitamente natural desejar as coisas boas que Deus nos proveu. Não só é natural, mas aceitável encontrar alegria nos deleites dessa vida, desde que se lembre que as alegrias desse mundo se desvanecem e seus deleites são perecíveis. A vida na terra pode ser cheia com beleza, nosso ambiente pode ser magnificente, o clima pode nos dar uma sensação de deslumbramento e as coisas que amamos podem nos fazer felizes. Entretanto, 

Isso é enfatizado no Alcorão 57:20. Sabei que a vida terrena é tão-somente jogo e diversão, veleidades, mútua vanglória e rivalidade, com respeito à multiplicação de bens e filhos; é como a chuva, que compraz aos cultivadores, por vivificar a plantação; logo, completa-se o seu crescimento e a verás amarelada e transformada em feno. 

Desejamos um cônjuge do sexo oposto e uma família, mas devemos lembrar que o amor e o desejo de agradar nossa família pode às vezes nos levar a cometer pecados. A busca por riqueza é uma coisa perfeitamente natural e admirável, especialmente se queremos gastar essa riqueza sendo gentis com a família, amigos ou vizinhos e fazendo vários atos de retidão e obediência. Entretanto, se a busca de riqueza resulta em arrogância e comportamento dominador em relação aos menos ricos, não é mais admirável e sim uma causa de pecado. É interessante notar que Deus não menciona que os seres humanos desejam apenas ouro e prata, mas que desejamos pilhas ou acúmulo de riqueza, indicando nosso desejo de acumular cada vez mais riqueza. Esse é um desejo profundo em nós e devemos tomar cuidado para controlá-lo, ao invés de deixá-lo nos controlar. 

Não deixe seu amor inato pelas coisas belas distanciá-lo de Deus. Há um lugar para as coisas boas nesse mundo. Elas foram criadas para que as desfrutemos, mas devem continuar em seus lugares e não devem ser colocadas acima da obediência a Deus. O profeta Muhammad também nos lembrou disso quando comparou a vida desse mundo a um lugar no Paraíso. Disse: "Um lugar no Paraíso do tamanho do espaço entre um arco e sua corda é melhor que toda a terra na qual o sol nasce e se põe."[5] 

Continuaremos nossa discussão, começando com o versículo 3:15 na parte 2

O POLITEÍSMO É UMA OPRESSÃO PODEROSA” (PARTE 2 DE 2)

Não há pecado pior que associar parceiros a Deus. Parte 2: Lista das várias desvantagens do politeísmo. A opressão que é o politeísmo

Os efeitos negativos do politeísmo no estado mental e emocional de uma pessoa são numerosos. Alguns deles foram mencionados no livro de Deus. Mencionaremos brevemente alguns, por meio de exemplos: 

1. Falta de segurança, contentamento e paz interior. Deus diz, nos transmitindo as palavras que Abraão (que a paz esteja sobre ele) falou a seu povo: "E como hei de temer o que idolatrais, uma vez que vós não temeis atribuir parceiros a Deus, sem que Ele vos tenha concedido autoridade para isso? Qual dos dois partidos é mais digno de confiança? Dizei-o, se o sabeis. Os crentes que não obscurecerem a sua fé com injustiças obterão a segurança e serão iluminados." (Alcorão 6:81-82) 

A opressão mencionada nesse versículo se refere ao politeísmo. 

2. Declínio moral e intelectual. Isso deriva de pessoas adorando outras como elas próprias, que não possuem a habilidade de ajudá-las ou prejudicá-las. Ainda pior, adoram objetos inanimados que não ouvem e nem veem. 

Deus diz: "Tomaram por senhores seus rabinos e seus monges em vez de Deus, assim como fizeram com o Messias, filho de Maria, quando não lhes foi ordenado adorar senão a um só Deus. Não há mais divindade além d’Ele! Glorificado seja pelos parceiros que Lhe atribuem!" (Alcorão 9:31) 

Deus diz: "Ó meu pai, por que adoras quem não ouve, nem vê, ou que em nada pode valer-te?" (Alcorão 19:42) 

Ele diz: "Quando os invocardes, não ouvirão a vossa súplica e, mesmo se a ouvirem, não vos atenderão. E no Dia da Ressurreição renegarão a vossa idolatria; e ninguém te informará (ó humano) como o Onisciente." (Alcorão 35:14) 

Ele diz: "Rogai, pois, embora o rogo dos incrédulos seja improfícuo!" (Alcorão 40:50) 

3. A busca por incertezas e mentiras. Deus diz: "Não é certo que é de Deus aquilo que está nos céus e na terra? Que pretendem, pois, aqueles que adoram os ídolos em vez de Deus .? Não seguem mais do que a dúvida e não fazem mais do que inventar mentiras!" (Alcorão 10:66) 

4. Inconsistência no comportamento, pensamento e adoração. Deus diz: "E sua maioria não crê em Deus, sem atribuir-Lhe parceiros." (Alcorão 12:106) 

5. Confusão e a incapacidade de distinguir entre o que é benéfico e o que é prejudicial. Deus diz: "Dize: "Ou tomais, além Dele, protetores que não trazem, para si mesmos, benefício nem prejuízo?" Dize: "Poderão equiparar-se as trevas e a luz? Atribuem, acaso, a Deus parceiros, que criaram algo como a Sua criação, de tal modo que a criação lhes pareça similar? Dize: Deus é o Criador de todas as coisas, porque Ele é o Único, o Irresistibilíssimo." (Alcorão 13:16) 

6. Oportunismo desmedido e uma tendência a tirar vantagem dos outros. Essa é a atitude que pessoas que adoram divindades além de Deus exibem em sua relação com Deus. Deus diz: "Logo, quando Ele vos livra da adversidade, eis que alguns de vós atribuem parceiros ao seu Senhor." (Alcorão 16:54) 

Ele diz: "Quando embarcam nos navios, invocam Deus sinceramente; porém, quando, a salvo, chegam à terra, eis que (Lhe) atribuem parceiros." (Alcorão 29:65) 

Ele também diz: "Quando a adversidade açoita os humanos, suplicam contritos ao seu Senhor; mas, quando os agracia com a Sua misericórdia, eis que alguns deles atribuem parceiros ao seu Senhor." (Alcorão 30:33) 

Adoram a Deus sinceramente quando enfrentam dificuldades e depois que Deus lhes dá alívio, voltam a adorar outras divindades além de Deus. 

7. Idolatria e outras formas de politeísmo dão a Satanás um meio de ter poder sobre o politeísta. Consequentemente, muitos dos comportamentos e atitudes do politeísta são derivados de sussurros e sugestões de Satanás. Deus diz: "Quando leres o Alcorão, ampara-te em Deus contra Satanás, o maldito. Porque ele não tem nenhuma autoridade sobre os crentes, que confiam em seu Senhor. Sua autoridade só alcança aqueles que a ele se submetem e aqueles que, por ele, são idólatras." (Alcorão 16:98-100) 

Deus diz: "Pela mesma razão, temos apontado a cada profeta adversários sedutores, tanto entre os humanos como entre os gênios, que influenciam uns aos outros com a eloquência de suas palavras." (Alcorão 6:112) 

8. Visão de mundo estreita e materialista. Quanto mais bênçãos o politeísta experimenta, mais imprudente e arrogante se torna, e mais negligente de seu Senhor. Cada vez mais se aprofunda na adoração de suas outras divindades. Deus descreve esse tipo de pessoa no Alcorão dizendo: "E abundante era a sua produção. Ele disse ao seu vizinho: Sou mais rico do que tu e tenho mais poderio. Entrou em seu parreiral num estado (mental) injusto para com a sua alma. Disse: Não creio que (este parreiral) jamais pereça, Como tampouco creio que a Hora chegue! Porém, se retornar ao meu Senhor, serei recompensado com outra dádiva melhor do que esta." (Alcorão 18:34-36) 

Essas pessoas são gananciosas pela vida terrena. Deus diz: "Tu os acharás mais ávidos de viver do que ninguém, muito mais do que os idólatras, pois cada um deles desejaria viver mil anos; porém, ainda que vivessem tanto, isso não os livraria do castigo, porque Deus bem vê tudo quanto fazem." (Alcorão 2:96) 

9. Indecisão, perplexidade e incoerência de pensamento. Um politeísta constata que sua vida está sempre acometida de incertezas, por conta dos números focos de adoração que tem. Deus diz: "Deus propõe um exemplo: um servo que pertence a muitos sócios, disputando entre si, e um homem que pertence a um só homem. Poderão ser equiparados? Louvado seja Deus! Porém, a maioria dos homens ignora." (Alcorão 39:29) 

10. Depressão, frustração e desespero da misericórdia de Deus. Muitos idólatras cometem suicídio. Deus diz: "A quem Deus quer iluminar, dilata-lhe o peito para o Islam; a quem quer desviar (por tal merecer), oprime-lhe o peito, como aquele que se eleva na atmosfera. Assim, Deus cobre de abominação aqueles que se negam a crer." (Alcorão 6:125) 

Deus diz: "E quem desespera a misericórdia do seu Senhor, senão os desviados?" (Alcorão 15:56) 

Esses são apenas alguns dos efeitos perniciosos do politeísmo sobre as pessoas que se engajam nele. Existem muitos mais. Piores que tudo isso, entretanto, são as consequências que a idolatria tem sobre a pessoa na Outra Vida. Uma pessoa que morre no politeísmo jamais será perdoada. Será consignada ao Inferno eternamente. 

Todo benefício e vantagem que uma pessoa constata ao adorar somente Deus é equiparado com uma porção igual de dano e sofrimento para o politeísta.

O POLITEÍSMO É UMA OPRESSÃO PODEROSA” (PARTE 1 DE 2)

Não há pecado pior que associar parceiros a Deus. Parte 1: Várias formas de politeísmo. "Vê! Recorda-te de quando Luqman disse ao seu filho, exortando-o: "Ó filho meu, não atribuas parceiros a Deus, porque a idolatria é grave iniquidade." (Alcorão 31:13)

Politeísmo e idolatria 

Nesse versículo, o sábio Luqman conclama seu filho a evitar a associação de parceiros na adoração com Deus, denunciando-a como uma forma poderosa de opressão. 

O politeísmo assume várias formas. São tão numerosas quanto as maneiras possíveis de adoração. Assim como as formas de praticar o politeísmo são muitas, os objetos de adoração politeísta também são muito variados. 

Os mais óbvios são ídolos e fetiches. Ídolos são estátuas moldadas na forma de um ser humano ou outra criatura e adoradas ao lado de Deus. Os fetiches são o que quer que seja adorado além de Deus, qualquer que seja a forma que assuma. 

O Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, afirmou: "Ó meu Senhor, não deixe meu túmulo ser adorado como um fetiche." [1] 

O termo fetiche (wathan em árabe) tem um significado mais geral que o termo ídolo (sanam). 

São adorados de muitas formas. A prostração para eles é uma forma de adoração, oferta de sacrifícios outra e invocar uma promessa em nome deles uma outra. 

A adoração também assume a forma de devoções do coração. Manter sentimentos de amor, confiança, temor e esperança por um desses ídolos ou fetiches, que são devidos somente a Deus, ou voltar-se para eles em arrependimento é puro politeísmo. É idolatria focar tais sentimentos e devoções em qualquer um ou qualquer coisa, além de Deus. 

Deus nos diz sobre aqueles que dão seu amor e devoção em adoração a outro além de Deus. Ele diz: "Entre os humanos há aqueles que adotam, em vez de Deus, rivais (a Ele) aos quais professam igual amor que a Ele; mas os crentes só amam fervorosamente a Deus." (Alcorão 2:65) 

Com relação ao temor e respeito, Deus diz: "Eis que Satanás induz os seus sequazes. Não os temais; temei a Mim, se sois crentes." (Alcorão 3:175) 

Com relação à confiança na adoração, Deus diz: "Encomendai-vos a Deus, se sois crentes." (Alcorão 5:23) 

Quanto a se voltar em arrependimento, Deus diz: "Voltai-vos contritos a Ele, temei-O, observai a oração e não vos conteis entre os que (Lhe) atribuem parceiros." (Alcorão 30:31) 

Em resumo, tudo que é considerado uma forma de adoração a Deus não pode ser oferecida a outro além de Deus. É idolatria e politeísmo. Deus diz: "Quem atribuir parceiros a Deus desviar-se-á profundamente." (Alcorão 4:116) 

A idolatria não está confinada à adoração de estátuas físicas e fetiches. Existem ídolos imateriais aos quais as pessoas sucumbem em adoração, como caprichos e desejos vãos que vão contra a religião de Deus e Sua lei. Quem segue esses desejos vãos ao invés de a religião de Deus, adotou um tipo de ídolo como deus na adoração, ao lado de Deus. 

Deus diz: "Não tens reparado, naquele que idolatrou a sua concupiscência! Deus extraviou-o com conhecimento, sigilando os seus ouvidos e o seu coração, e cobriu a sua visão. Quem o iluminará, depois de Deus (tê-lo desencaminhado)? Não meditais, pois?" (Alcorão 45:23) 

Seguir os caprichos significa a adoção de princípios, ideologias e filosofias desviantes. Os predecessores virtuosos costumavam se referir às pessoas que seguiam suas ideias e caprichos heréticos como "as pessoas de desejos vãos e inovações". 

Portanto, devemos perceber que a adoração de ídolos não está confinada a um tipo especial de comportamento ou uma forma particular. As maneiras de se engajar na adoração de ídolos são tão numerosas quanto todas as maneiras que uma pessoa pode concebidamente se engajar em adoração. 

No início a humanidade estava unida no monoteísmo puro. Deus diz: "No princípio os povos constituíam uma só nação. Então, Deus enviou os profetas como alvissareiros e admoestadores e enviou, por eles, o Livro, com a verdade, para dirimir as divergências a seu respeito." (Alcorão 2:213) 

A humanidade não sabia nada de idolatria, exceto depois que dez eras tinham se passado desde a época de Adão até o tempo de Noé (que a paz esteja sobre ambos). Essa foi a época em que a idolatria e a adoração de outros além de Deus ocorreu pela primeira vez. Foi por isso que Deus enviou Noé, para chamar as pessoas para retornarem à adoração de Deus e abandonarem a adoração de ídolos. 

Quando Noé veio para seu povo com essa mensagem, a rejeitaram. Deus nos diz: "E disseram (uns com os outros): Não abandoneis os vossos deuses, nem tampouco abandoneis Wadda, nem Sua’a, nem Yaguça, nem Ya’uca, nem Nassara." (Alcorão 71:23) 

Ibn Abbas nos conta que esses nomes pertenciam a pessoas virtuosas que tinham pertencido à nação de Noé anteriormente. Quando essas pessoas virtuosas morreram, Satanás inspirou o povo a erguer estátuas nos lugares nos quais elas costumavam se sentar e a conferir a essas estátuas os nomes daquelas pessoas. Eles o fizeram. Naquela época, entretanto, as estátuas não eram adoradas. 

Mas depois que aquela geração passou e o conhecimento foi perdido, aquelas estátuas foram tomadas como objetos de adoração. 

Depois disso, os ídolos do povo de Noé se tornaram ídolos das tribos árabes.[2] 

Essa situação continuou até que Deus enviou Seu profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, que os demoliu. 

Todas as nações tiveram um profeta para chamá-las para a adoração de Deus somente e para deixarem todos os ídolos e fetiches que estavam adorando. Deus diz: "E não houve povo algum que não tivesse tido um admoestador." (Alcorão 35:24).