domingo, agosto 03, 2014

Casamento, Poligamia e Divórcio no Islão

Intróito
No Islão, não é o indivíduo, mas a família que constitui o tema essencial do Direito e a principal célula em que assenta toda a estrutura da sociedade.

No capítulo do estatuto pessoal islâmico, o Direito de Família desempenha um papel fundamental e dentro dele há TRÊS instituições que cabe destacar, pela sua peculiaridade, e que são: o Casamento, a Poligamia e o Divórcio.

No Islão, o Casamento é um dever e uma tradição religiosa e o celibato uma anomalia deplorável.

O Profeta Muhammad [conhecido, vulgarmente, em Portugal por Maomé], (paz e bênçãos de Deus estejam com ele), disse: Aquele que casa cumpre metade da sua religião e falta-lhe completar outra metade para uma vida cheia de virtude, em firme respeito de Deus. (Hadith) 

No Islão, existe o Divórcio como último recurso quando todos os esforços conciliatórios falharem. A este propósito, o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) avisou com veemência: De todas as coisas lícitas, o divórcio é a mais detestável aos olhos de Deus, (Hadith) porque o Islão encara o casamento como uma instituição sagrada.

2. Definição de Poligamia

A poligamia designa um sistema de casamento de acordo com o qual um indivíduo tem mais do que uma esposa. A poligamia pode ser de dois tipos. Um destes é a poligamia, em que o homem casa com mais do que uma mulher; o outro é a poliandria, de acordo com a qual uma mulher casa com mais do que um homem. No Islão, a poligamia limitada é permitida, enquanto a poliandria é totalmente proibida.

Indo agora ao cerne da questão, por que razão é permitido que um homem case com mais do que uma mulher?

3. O Alcorão é a única escritura religiosa que afirma “... casa apenas com uma (mulher)”

O Alcorão é o único Livro religioso à face da terra que contém a frase “…casai apenas com uma só”. Não existe mais nenhum Livro religioso que instrua os homens a casarem com uma única mulher. Em nenhuma das outras escrituras religiosas, seja na Veda, no Ramayan, no Mahabharat, na Geeta, no Talmud ou na Bíblia, é imposta qualquer restrição ao número de esposas. De acordo com estas escrituras, o homem pode casar-se com quantas desejar. Só mais tarde os sacerdotes hindus, assim como os padres católicos, limitaram o número de esposas.

De acordo com as suas escrituras, muitas personalidades religiosas hindus tiveram várias esposas. O Rei Dashrat, pai de Rama, teve mais de uma esposa. Krishna teve várias esposas.

Antigamente, era permitido aos cristãos terem tantas esposas quantas desejassem, uma vez que a Bíblia não limitava o número de esposas. Só há alguns séculos é que a Igreja restringiu o número de esposas.

A poligamia é permitida no Judaísmo. Segundo a lei Talmúdica, Abraão teve mais do que uma esposa, enquanto Salomão teve …setecentas esposas de sangue real e trezentas concubinas… (1º Reis 11:3). A prática da poligamia manteve-se até que o Rabi Gershom ben Yehudah (950 E.C. a 1030 E.C) publicou um édito contra essa prática. As comunidades sefarditas judaicas que vivem nos países muçulmanos continuaram a praticá-la até 1950, quando uma Lei do Rabino Chefe de Israel estendeu a proibição ao casamento com mais do que uma mulher.

4. Os hindus são mais polígamos do que os muçulmanos

O relatório do “Comité para o Estatuto da Mulher no Islão”, publicado em 1975, referia nas páginas 66 e 67 que a percentagem dos casamentos polígamos entre os anos 1951 e 1961 foi de 5,06% entre os Hindus e de apenas 4,31% entre os Muçulmanos. De acordo com a Lei Indiana, apenas os homens muçulmanos estão autorizados a ter mais do que uma esposa. Apesar de ser ilegal, é mais frequente entre os hindus ter várias esposas do que entre os muçulmanos. No passado, nem aos homens hindus eram impostas restrições relativamente ao número de esposas permitido. Só em 1954, quando foi publicada a Lei do Casamento Hindu, é que se tornou ilegal que um hindu tivesse mais do que uma esposa. Actualmente, é a Lei Indiana que proíbe um homem hindu de ter mais do que uma esposa, e não as Escrituras Hindus.

Passemos então à análise das razões pelas quais o Islão permite ao homem ter mais do que uma esposa.

5. O Alcorão permite a poligamia limitada

Tal como atrás foi referido, o Alcorão é o único Livro religioso à face da terra que afirma “... casai apenas com uma só”. O contexto desta frase é o versículo que se segue, que pertence à Surah Nissa, do Glorioso Alcorão:

E se receais que não podereis tratar com justiça os órfãos casai com as mulheres que vos parecerem boas para vós — duas, três ou quatro. E se receais que não podereis proceder com equidade com todas casai, então, com uma somente. (Alcorão 4:3).

Antes de o Alcorão ter sido revelado, não existia limite máximo restritivo para a poligamia, e muitos homens tinham dezenas de esposas, alguns até centenas. O Islão impôs o limite máximo de quatro esposas. O Islão autoriza o homem a casar-se com duas, três ou quatro mulheres, desde que ele as trate de forma justa. No mesmo capítulo, isto é, na Surah Nissa, versículo 129, afirma-se: Não podereis, jamais, ser equitativos com vossas esposas, ainda que nisso vos empenheis...(Alcorão 4:129).

Assim sendo, a poligamia não é a regra, mas a excepção. Muitos consideram, erroneamente, que é obrigatório para o homem muçulmano ter mais do que uma esposa.

Na generalidade, o Islão delimita cinco categorias de “coisas a fazer” e “coisas a evitar”:

1. “Fard”, isto é, obrigatório ou compulsivo;

2. “Mustahab”, isto é, aquilo que é recomendado ou incentivado;

3. “Mubah”, isto é, aquilo que é permitido ou admitido;

4. “Makruh”, isto é, aquilo que não é recomendado ou é desaconselhável;

5. “Haraam”, isto é, aquilo que é proibido ou condenável.

A poligamia enquadra-se na categoria média, que identifica aquilo que é permitido. Não se pode afirmar que um muçulmano que tem duas, três ou quatro esposas é melhor que um muçulmano que tem apenas uma esposa.

6. A esperança média de vida das mulheres é superior à dos homens

Na natureza, homens e mulheres nascem, aproximadamente, na mesma proporção. Uma criança do sexo feminino tem mais defesas do que uma do sexo masculino. Uma menina tem mais formas de combater os germes e doenças do que um menino. Por esta razão, durante a própria infância, registam-se mais mortes entre as crianças do sexo masculino do que entre as crianças do sexo feminino. Durante as guerras, existem mais baixas de homens do que de mulheres. Morrem mais homens devido a acidentes e doenças do que mulheres. A esperança média de vida das mulheres é superior à dos homens, e em qualquer altura constatamos a existência de mais viúvas do que viúvos, por esse mundo fora.

7. A Índia tem uma população masculina superior à feminina, devido ao infanticídio feminino.

A Índia, assim como os seus países vizinhos, é um dos poucos países em que a população feminina é inferior à masculina. A razão para esta realidade prende-se com a elevada taxa de infanticídio existente na Índia e com o facto de mais de um milhão de fetos femininos serem abortados todos os anos nesse país, depois de serem identificados como sendo do sexo feminino. Se esta prática vil for erradicada, também a Índia terá mais mulheres do que homens.

8. A população feminina mundial é superior à masculina

Nos E.U.A., a população feminina ultrapassa a masculina em 7.8 milhões. Em Nova Iorque, existe um milhão de mulheres a mais, quando comparadas com os homens, sendo que da população masculina de Nova Iorque um terço são homossexuais, isto é, sodomitas. Nos E.U.A. enquanto um todo, existem mais de vinte e cinco milhões de homossexuais. Tal significa que esses indivíduos não têm intenções de casar com mulheres. A Grã-Bretanha tem mais quatro milhões de mulheres do que homens. A Alemanha tem mais cinco milhões de mulheres do que homens e a Rússia tem mais 9 milhões. Só Deus sabe quantos mais milhões de mulheres existem, em comparação com o número de homens.

9. Limitar todo o homem a ter uma única mulher não seria prático

Mesmo que cada homem casasse apenas com uma mulher, continuariam a existir mais de trinta milhões de mulheres nos E.U.A. que não conseguiriam arranjar um marido (tendo em conta que nos Estados Unidos existem vinte e cinco milhões de homossexuais), na Grã-Bretanha existiriam quatro milhões, cinco milhões da Alemanha e, na Rússia, existiriam nove milhões de mulheres que não seriam capazes de encontrar um marido.

Imaginemos que a minha irmã era uma dessas mulheres solteiras dos E.U.A., ou que era a sua irmã uma das mulheres solteiras dos E.U.A.

As duas únicas opções que lhe restariam era que casasse com um homem que já tinha uma esposa ou então tornar-se propriedade pública. Não existiriam outras opções. Todas aquelas que forem decentes escolherão a primeira.

Na sociedade ocidental é comum os homens terem amantes e/ou casos extramatrimoniais, sendo que, em qualquer uma das situações, a mulher leva uma vida desvirtuosa e desprotegida. No entanto, essa mesma sociedade não é capaz de aceitar que um homem tenha mais do que uma mulher (licitamente), dessa forma permitindo que as mulheres tenham uma posição digna e honrada na sociedade, levando uma vida protegida.

Assim sendo, as duas únicas opções possíveis para uma mulher que não encontrou um marido são: casar com um homem já casado ou tornar-se propriedade pública. O Islão prefere atribuir às mulheres uma posição honrada, permitindo a primeira opção e proibindo a segunda.

Existem várias outras razões pelas quais o Islão permite a poligamia limitada, mas a principal é a protecção da decência das mulheres.

10. A análise histórica de poligamia e seus resultados

O que conclui de tudo isto a análise histórica? Que Muhammad – que a paz e a bênção de Deus estejam com ele – defendia a monogamia e aconselhava o seu cumprimento. É esta a base do exemplo da sua vida conjugal com Khadijah (r.a.), assim como dos mandamentos do Alcorão:

«E se receais que não podereis tratar com justiça os órfãos casai com as mulheres que vos parecerem boas para vós — duas, três ou quatro. E se receais que não podereis proceder com equidade com todas casai, então, com uma somente». (Alcorão 4:3).

Este versículo foi revelado lá para o fim do oitavo ano da Hégira, depois do Profeta ter desposado todas as suas mulheres.

O objectivo deste versículo era o de limitar a quatro o número de mulheres que um Muçulmano podia desposar enquanto que, antes de sua revelação, esse número era ilimitado. Este facto histórico derruba a afirmação de que o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) permitiu a si próprio o que proibia ao seu povo. Além do mais, este versículo foi revelado a fim de enfatizar a prevalência da monogamia sobre a poligamia. O Alcorão ordenava o limitar a uma esposa por receio de injustiças, bem como pela convicção de que a justiça a ser feita a mais de uma mulher está para além da capacidade dos homens. Contudo, a revelação admitia que, perante as circunstâncias de excepção de um povo, pudesse existir a necessidade de desposar mais de uma mulher; não obstante, limitava a poligamia a quatro mulheres e condicionava a sua prática à capacidade de justiça e justeza do marido. Muhammad – que a paz e a bênção de Deus estejam com ele – solicitou aos Muçulmanos que aplicassem estes valores, exemplificando-os na sua própria existência, e numa época em que os Muçulmanos batalhavam e pereciam como mártires. Mas poderia alguém em justiça decidir terminantemente que a monogamia era um mandamento absoluto a ser aplicado incondicionalmente e em todas as circunstâncias? Qual seria o efeito de semelhante lei quando guerras e epidemias matavam milhares, senão milhões, em pouquíssimo tempo? Seria então a monogamia preferencial à poligamia perante tais circunstâncias de excepção? Podem os Europeus da época seguinte à Primeira Guerra Mundial afirmar categoricamente que esta é a lei dos seus cidadãos, embora possam afirmar ser a dos livros? Não terão sido os distúrbios socioeconómicos ocorridos na Europa do pós-guerra, e testemunhados pelo mundo inteiro, o resultado deste desequilíbrio entre os dois sexos e da sua incapacidade de manter a harmonia e a prosperidade das suas relações conjugais, e da consequente insistência em procurar essa mesma harmonia fora dos laços conjugais?

Não é minha intenção decidir aqui a questão. Deixo, todavia, no ar o assunto, para que o leitor nele pondere. Contudo, é meu desejo repetir que a felicidade da família e da comunidade podem melhor ser atingidas por intermédio da limitação imposta pela monogamia. É isto verdade, mas somente se a vida comunitária for normal.

Mahomed Yiossuf Mahomed Adamgy - Alfurqan -Lisboa, Março de 2011

sexta-feira, julho 25, 2014

JUMU’AT-UL-WIDA’ (A Última Sexta-Feira do Mês do Ramadan) Por: Yiossuf Adamgy

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum:

Estamos, hoje, a celebrar JUMU’AT-UL-WIDA’, ou seja a última Sexta-Feira do mês de Ramadan, o mês mais sagrado de todos os meses Islâmicos, o mês em que toda a Ummah Muçulmana se esforçou por adquirir o máximo de recompensas e bênçãos que Allah S. T. pôs, de forma livre, fácil e benevo-lentemente, à disposição de todo o ser humano submisso à Vontade de Allah.

Hoje, nas Mesquita de todo o Mundo, falar-se-á, portanto, da última Sexta-Feira do Ramadan, da despedida do mês do Ramadan, da completação da Recitação do Sagrado Alcorão e, sobretudo de TAQWA (autodisciplina) que obtivemos através da IBADAT (adoração) que fizemos ao longo do mês de Ramadan.

A palavra TAQWA e os verbos e nomes ligados a essa raiz podem significar, conforme o texto, o seguinte: o temor a Allah; proteger a língua, a mão e o coração do mal; daí a tradução da palavra taqwa como rectidão, piedade, a boa conduta, bom comportamento.

Estamos a dois ou três dias do fim do Ramadan. O mês que revigorou a nossa energia espiritual, deu-nos TAQWA e lições que devemos adoptar nos próximos ONZE meses da nossa vida, até que, ao 12º. Mês, in cha Allah (se Deus quiser), voltarmos a encontrar o Ramadan para, de novo, renovarmos as nossas energias espirituais, de modo a praticarmos boas acções e recordarmos Allah constantemente.

Que Allah abençoe ao Seu servo e Mensageiro Muhammad (s.a.w.) e a sua família; e seus nobres Companheiros; e a todos quantos os seguem com sinceridade até ao Último Dia. 

Wa salla Allahu ala Saydina Muhammad wa ‘ala alihi wa sahbihi wa sallam. Amín.■
Que o nosso próximo Ramadan seja de muita paz e de muitas conquistas inshallah.

ID FITR MUBARAKA INSHALLAH



quarta-feira, julho 23, 2014

Uma Pausa para a Paz - Uma pausa interminável pela paz!

A Paz é geralmente definida como um estado de calma ou tranquilidade, uma ausência de perturbações. Derivada do latim Pacem = Absentia Belli, pode referir-se-à ausência de violência ou guerra. Neste sentido, a paz entre nações e dentro delas, é o objectivo assumido de muitas organizações, designadamente a ONU...

No plano pessoal, paz designa um estado de espírito isento de ira, desconfiança e de um modo geral todos os sentimentos negativos. Assim, ela é desejada por cada pessoa para si próprio e, eventualmente, para os outros, ao ponto de se ter tornado, sobretudo no Islão, uma contínua saudação, (que a paz esteja contigo) e um objectivo de vida. 

Sempre nos moverá a esperança de um mundo novo, melhor, mais humano, mais fraterno. As guerras deve-riam terminar, deveria melhorar-se a organização da sociedade, da economia, da política; algo anda mal, quando temos que usar as armas e matar, para solucionar os nossos conflitos.

As sombras da morte mancham-nos a todos, venham de onde vierem, como dizia o poeta John Donne: ─ “Nenhuma pessoa é uma ilha; a morte de qualquer uma me afecta, porque me encontro unido a toda a humanidade; por isso, nunca perguntes por quem dobram os sinos; dobram por ti”. Cada caído inocente, nessa guerra inútil, da chamada faixa de Gaza ou do país de Israel ou nas ruas de qualquer cidade do mundo, é uma bofetada na Paz, na humanidade.

E Albert Einstein dizia in 'Como Vejo o Mundo', “o mundo não está ameaçado pelas más pessoas, mas sim por aqueles que permitem a maldade. (...) Desarmamento e segurança só se podem alcançar se ambos forem considerados interdependentes. A segurança só estará garantida quando, todas as nações, se comprometerem a cumprir as decisões internacionais”. 

Encontramo-nos, portanto, numa encruzilhada. De nós depende seguirmos o caminho da paz ou continuarmos trilhando o da força bruta, indigno da nossa civilização. Dum lado esperam-nos a liberdade dos indivíduos e a segurança das comunidades, de outro lado ameaçam-nos a servidão para os indivíduos e o aniquilamento da nossa civilização. O nosso destino será tal qual nós o merecermos. O aperfeiçoamento moral e estético é um objectivo a que a arte, mais do que a ciência, deve dedicar os seus esforços. É certo que a compreensão do próximo é de grande importância. Essa compreensão, porém, só pode ser fecunda quando acompanhada do sentimento de que é preciso saber compartilhar a alegria e a dor. Cultivar estes importan-tes motores de acção é o que compete à religião, depois de libertada da superstição. Nesse sentido, a religião toma um papel importante na educação, papel este que só em casos raros e pouco sistematicamente se tem tomado em consideração. 

O terrível problema magno da situação política mundial é devido em grande parte àquela falta da nossa civilização. Sem «cultura ética», não há salvação para os homens. 

O Papa Francisco viajou a Jerusalém, ao lugar onde agora caiem mísseis e mortos, procurando o caminho da Paz e da Unidade. Esta porção da terra é quem sabe o sítio que mais desejou estes dois dons, na qual mais sementes, que continham estes ansiados presentes, se polvilharam, na qual mais gritos os pediram…, e, quem sabe, também é o espaço de mais violência e destruição da História.

Agora que os noticiários se enchem das imagens das bombas, dos mortos sem sentido nessa terra bendita, onde viveram e caminharam grandes Profetas da paz — Abraão, Jesus, Muhammad — continuo a gostar mais da imagem desse homem chamado Francisco caminhando até ao muro das lamentações, para abraçar-se a um imame muçulmano e a um rabino judeu. Essa foto comove a alma de paz, de esperança. Apesar das sombras, o passo deste homem de Deus, certifica que a Paz e a Unidade são possíveis, para além das religiões. Benditos sejam os anúncios de paz, a Paz…!

Não me iludo. Sei que os homens da guerra não param. Move-os a cobiça, a ambição, a vingança, o rancor…, feridas profundas submersas na alma, muito difíceis de arrancar, e, das quais todos temos algo. As guerras não cessam, nunca cessaram, ao longo da história. As sombras da morte e as crueldades cumprem alguma missão que acabamos por não entender nesta evolução da sociedade até ao mundo melhor, até “os céus novos e a terra nova”.

Mas também sei, sou consciente, de que os homens da paz, continuam semeando as sementes do perdão, do consolo, da misericórdia… As bombas fazem mais ruído, deixam rasto de morte, de sangue… As rosas, as árvores, as montanhas, os rios, a luz do sol…, símbolos da paz e da esperança, por outro lado, continuam firmes, fiéis à sua missão; não fazem tanto ruído, são mais subtis, mas também são mais pacientes, mais estáveis, as suas raízes são muito mais profundas, o seu odor mais suave e doce.

Se a guerra avança, nada nem ninguém impedirão que continuemos unidos às pessoas de boa vontade, gritando do silêncio da oração, desde o nascer do sol até ao ocaso, PAUSA para Paz! Uma pausa interminável a favor da Paz!■

— «A paz é fruto da justiça» - Profeta Isaías, 32:7.

— «Não existe um caminho para a paz. A paz é o caminho». - Mahatma Gandhi.

— «Aquilo que se obtém com violência só se pode conservar pela violência». - Mahatma Gandhi.

— «A paz não pode ser mantida à força. Somente pode ser atingida pelo entendi-mento». - Albert Einstein.

Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 22/07/2014.

quinta-feira, julho 17, 2014

A L M A D I N A RAMADHAAN - UM MÊS DE MISERICÓRDIA E BENÇÃOS

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 14.07.2014

 Mais uma vez chega-nos o sagrado mês de Ramadhaan, um mês de misericórdia e bênçãos.

O mês de Ramadhaan significa tudo aquilo que o Isslam defende: cuidar, partilhar, economizar, e moderar em todos os assuntos.

Ramadhaan é o nono mês do calendário isslâmico, que se orienta pelo calendário lunar, isto é, cada mês tem início com a visualização da Lua Nova e termina com a visualização da Lua Nova do mês seguinte. O ciclo lunar tem a duração de 29 a 30 dias. No mês de jejum - mês de Ramadhaan – caso não se consiga visualizar a Lua no vigésimo nono dia devido à nebulosidade, deve-se estender o jejum ao trigésimo dia.

Para mais de um bilião e meio de muçulmanos pelo Mundo fora, Ramadhaan é um mês muito especial, caracterizado por orações extras e actos de generosidade. Um dos aspectos importantes do Ramadhaan é que este mês prepara-nos para uma vida de sacrifício e contenção, e os seus efeitos não se circunscrevem apenas à perda de peso, pois dos ensinamentos do Profeta Muhammad (S.A.W.) sabemos que o controlo na dieta é a melhor cura para muitas doenças, facto confirmado por recentes pesquisas científicas.

A ideia por detrás desta abstenção não é apenas o crente passar fome e sede, mas também incutir no crente o “takwa” (temor a Deus). Aliás, o “takwa” constitui a essência de todos os actos isslâmicos de adoração.

O jejum tem muitos benefícios, pois quando ao jejuar passamos fome e sede, recordamo-nos do sofrimento por que os pobres passam todos os dias do ano.

É também uma oportunidade para a prática do auto-controlo e purificação da nossa alma. Isto contribui para que os muçulmanos sintam a paz que emana da devoção espiritual e sejam solidários para com os outros crentes.

Tal como as orações diárias obrigatórias, o jejum impede-nos de praticar tudo o que seja mau e pecaminoso, e fortifica a noção da presença constante de Deus na nossa vida. Por isso o jejuador, mesmo sentindo fome e sede, resiste à tentação de comer e beber, ainda que esteja sozinho. Essa auto-restrição é uma das lições pertinentes do sagrado mês de Ramadhaan, tanto para os jovens como para os idosos.

Se este sentimento existisse em toda a gente e durante todo o ano, certamente que não haveria maldade nem criminalidade no Mundo, pois geralmente os malfeitores só respeitam as Lei quando estão perante agentes da polícia. Mas é necessário criar de forma constante, a noção da presença de Deus, pois se o malfeitor tiver a noção de que Deus está vendo os seus actos pecaminosos, dificilmente se atreverá a transgredir. E esse sentimento se faz mais presente no jejum.

A generosidade e a gratidão são também os aspectos importantes deste mês. Embora no Isslam a prática constante de caridade e boas acções seja importante, no mês de Ramadhaan assume um significado especial, pois todos os muçulmanos sentem a obrigação de irem até ao pobre e ao necessitado para alimentá-los e solidarizar-se com eles.

Além disso, através de todas as práticas associadas ao Ramadhaan, recorda-se aos muçulmanos a sua identidade comum, e de que todos eles são iguais perante Deus.

Outro aspecto importante deste mês de bondade é o espírito de partilha e cuidado que são manifestos na preparação de refeições de abertura do jejum em todas as mesquitas no Mundo todo, e a distribuição de cabazes (kits) de Ramadhaan aos pobres.

Na generalidade, todos os actos de adoração instituídos pelo Isslam, tais como o jejum, as orações diárias, a caridade e a peregrinação, são para disciplinar as nossas almas, purificar os nossos corações e elevar o Ser Humano para os valores mais altos e nobres. E nisso o Ramadhaan continua a ser uma grande escola.

Todos nós devemos aproveitar este grande mês na prática de boas acções, na adoração, e evitar todas as futilidades, os pecados e tudo o que nos impede a prática do bem.

Devemos alimentar os pobres jejuadores, ocuparmo-nos na recordação e gratidão a Deus, no arrependimento dos nossos pecados, na recitação do Al-Qur’án, e tentarmos fazer o máximo de “khatams” (recitação integral do Al-Qur’án) neste mês sagrado, e dentro do possível, melhor que seja com o máximo de meditação, sempre com a intenção de pôr tudo isso em prática.

Por fim, gostaria de desejar a todos os muçulmanos, em especial os de Moçambique, a continuação de um Feliz Ramadhaan, e que o seu jejum seja aceite. 

Que o Ramadhaan sirva para transformar as nossas vidas para melhor. Oremos para que haja prosperidade e bem-estar do nosso País, e também dos muçulmanos de todo o Mundo. 

Até quando?”

Até quando continuaremos a crer no conto do agressor agredido, que pratica o terrorismo porque tem direito a defender-se do terrorismo? Um país bombardeia dois países. A impunidade poderia resultar assombrosa se não fosse costume. Alguns tímidos protestos dizem que houve erros. Até quando os horrores se continuarão a chamar erros? 14/07/2014 - Autor: Eduardo Galeano - Fonte: Ecoportal  - In http://www.ecoportal.net/Temas_Especiales/Derechos_Humanos/Hasta_cuando - Trad. Portuguesa de: Yiossuf Adamgy 

 Esta carniceira de civis desatou-se a partir do se-questro de um soldado. Até quando o sequestro de um soldado israelita poderá justificar o sequestro da sobera-nia Palestina? Até quando o sequestro de dois soldados israelitas poderá justificar o sequestro do Líbano inteiro?

A caça aos judeus foi, durante séculos, o desporto preferido dos europeus. Em Auschwitz desembocou um antigo rio de espantos, que havia atravessado toda a Europa. Até quando continuarão os palestinos e outros árabes a pagar crimes que não cometeram?

Hezbollah não existia quando Israel arrasou o Líbano nas suas invasões anteriores. Até quando continuare-mos a crer no conto do agressor agredido, que pra-tica o terrorismo porque tem direito a defender-se do terrorismo?

Iraque, Afeganistão, Palestina, Líbano… Até quando se poderá continuar a exterminar países impune-mente?

As torturas de Abu Ghraib, que despertaram certo mal-estar universal, não têm nada de novo para nós, os latino-americanos. Os nossos militares aprenderam essas técnicas de interrogatório na Escola das Améri-cas, que agora perdeu o nome mas não as manhas. Até quando continuaremos aceitando que a tortura se vá legitimando, como fez a Tribunal Supremo de Israel, em nome da legítima defesa da pátria?

Israel não fez caso de quarenta e seis recomen-dações da Assembleia Geral e de outros organismos das Nações Unidas. Até quando o governo israelita continuará exercendo o privilégio de ser surdo?

As Nações Unidas recomendam mas não decidem. Quando decidem, a Casa Branca impede que deci-dam, porque tem direito de veto. A Casa Branca vetou, no Conselho de Segurança, quarenta resolu-ções que condenavam Israel. Até quando as Nações Unidas continuarão actuando como se fossem outro nome dos EE.UU.?

Desde que os palestinos foram desalojados de suas casas e despojados de suas terras, muito sangue correu. Até quando continuará correndo o sangue para que a força justifique o que o direito nega?

A história repete-se, dia após dia, ano após ano, e um israelita morre por cada dez árabes que morrem. Até quando continuará valendo dez vezes mais a vida de cada israelita?

Em proporção à população, os cinquenta mil civis, na sua maioria mulheres e crianças, mortos no Iraque, equivalem a oitocentos mil estado-unidenses. Até quando continuaremos aceitando, como se fosse costume, a matança de iraquianos, numa guerra cega que esqueceu os seus pretextos? Até quando continuará sendo normal que os vivos e os mortos sejam de primeira, segunda, terceira ou quarta categoria?

O Irão está desenvolvendo a energia nuclear. Até quando continuaremos crendo que isso basta para provar que um país é um perigo para a humanidade? À chamada comunidade internacional não angustia para nada o facto de que Israel tenha duzentas e cinquenta bombas atómicas, ainda que seja um país que vive à beira de um ataque de nervos. Quem maneja o peri-gosímetro universal? Terá sido o Irão o país que lan-çou as bombas atómicas em Hiroxima e Nagasaki?

Na era da globalização, o direito de pressão pode mais que o direito de expressão. Para justificar a ilegal ocu-pação de terras palestinas, a guerra chama-se paz. Os israelitas são patriotas e os palestinos são terroris-tas, e os terroristas semeiam o alarme universal.

Até quando os meios de comunicação continuarão sendo “medos” de comunicação?

Esta matança de agora, que não é a primeira nem será, temo, a última, ocorre em silêncio? Está mudo o mundo? Até quando continuarão soando como um sino tardio as vozes da indignação?

Estes bombardeamentos matam crianças: mais de um terço das vítimas, não menos da metade. Os que se atrevem a denunciá-lo são acusados de anti-semitis-mo. Até quando continuarão sendo anti-semitas os críticos dos crimes de terrorismo de estado? Até quando aceitaremos essa extorsão? São anti-semitas os judeus horrorizados pelo que se faz em seu nome? São anti-semitas os árabes, tão semitas como os judeus? Por acaso não há vozes árabes que defendem a pátria palestina e repudiam o manicómio fundamentalista?

Os terroristas parecem-se entre si: os terroristas de estado, respeitáveis homens de governo, e os terroristas privados, que são loucos soltos ou loucos organizados desde os tempos da guerra fria contra o totalitarismo comunista. E todos actuam em nome de Deus, assim se chame Deus ou Allah ou Jeová. Até quando continuaremos ignorando que todos os terrorismos desprezam a vida humana e que todos se alimentam mutuamente? Não é evidente que nesta guerra entre Israel e Hezbollah são civis, libaneses, palestinos, israelitas, que são mortos? Não é evidente que as guerras do Afeganistão e do Iraque e as invasões de Gaza e do Líbano são incubadoras de ódio, que fabricam fanáticos em série?

Somos a única espécie animal especializada no extermínio mútuo. Destinamos dois mil e quinhentos mi-lhões de dólares, por dia, aos gastos militares. A mi-séria e a guerra são filhas do mesmo pai: como alguns deuses cruéis, comem os vivos e os mortos. Até quando continuaremos aceitando que este mundo ena-morado pela morte é o nosso único mundo possível?…

segunda-feira, julho 14, 2014

A 19 Anos do Massacre de Srebrenica

Uma ferida que não cicatriza - 14/07/2014 - Autor: Yasmin Matuk - Fuente: Blog Yasmin Matuk / Webislam - Trad. Portuguesa de: Yiossuf Adamgy 

Buscando eliminar uma parte da população bósnia muçulmana, as forças servo-bósnias cometeram genocídio. Seleccionaram para a sua extinção quarenta mil bósnios muçulmanos que viviam em Srebrenica, um grupo particularmente emblemático entre os bósnios muçulmanos em geral. Despojaram todos os varões prisioneiros, tanto militares como civis, jovens ou maiores, das suas pertenças e identificações; e deliberada e metodicamente eliminaram-nos, unicamente em razão de sua identidade.” — Theodor Meron, presidente do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia. 

19 Anos depois do massacre de Srebrenica e a Bósnia continua enterrando cadáveres e, ainda que países como a Holanda ofereçam a soma de 80.000 euros a alguns familiares de vítimas, nenhum tipo de recompensa econômica pode apagar a desonra e detrimento que sofreram os inocentes assassinados. 

Srebrenica, uma ferida que não cicatriza: 

Para quem não o conheça, ou pouco recorde, o geno-cídio de Srebrenica foi o assassinato de mais de 8.000 pessoas de etnia bósnia muçulmana na região de Srebrenica, em Julho de 1995, durante a Guerra da Bósnia por parte de sérvios de afiliação católica. Este assassinato massivo, levado a cabo por unidades do Exército da República Srpska, o VRS, sob o comando do general Ratko Mladic - assim como por um grupo paramilitar sérvio conhecido como “Os Escorpiões” – produziu-se numa zona previamente declarada como “segura” pela ONU, já que nesse momento se encon-trava sob a suposta protecção de 400 capacetes azuis holandeses. 

O que sucedeu em Srebrenica não foi um único grande massacre de muçulmanos, perpetrado por sérvios, mas uma série de ataques e contra-ataques muito sangrentos ao longo de um período de três anos, que chegou ao seu ponto alto em 1995… 

Ainda que se buscasse supostamente a “eliminação” dos varões bósnios muçulmanos, o massacre incluiu o assassinato de crianças, adolescentes, mulheres e anciãos, com o objetivo de conseguir a LIMPEZA ÉTNICA da cidade. Como atualmente sucede na Palestina: qual será o tribunal internacional que con-denará os crimes de lesar a humanidade cometidos por Israel? 

A NATO

Uma das grandes mentiras que escutamos durante as guerras da Jugoslávia foi que a NATO tinha que intervir porque havia perigo de que o conflito se estendesse. Mas nenhum grupo dentro da ex-Jugoslávia tinha ambições fora da Jugoslávia. Eram as nações de fora quem tinham ambições dentro da Jugoslávia. 

Com o final da Guerra Fria, o papel da NATO como aliança defensiva conclui-se. Havia quem dissesse que a NATO deveria dissolver-se agora que já não existia a União Soviética. Mas havia também quem dissesse -muitos deles burocratas que beneficiavam da existência de uma organização tão imensa - que a NATO deveria utilizar-se agora como arma para “forjar” a democracia por todo o planeta, ou seja, que deveria utilizar-se para promover a economia global, o mercado internacional com as suas consequências escravistas e alienantes; a abertura a um mundo livre que fomente o consumismo desavergonhado. 

Todos eles slogans que disfarçam o verdadeiro detrimento que causa a NATO de cada vez que pisa solo alheio. Exemplos mais próximos na nossa memória são Iraque, Somália, Afeganistão, Sudão, Paquistão, Iémen, Líbia… Países com legítima soberania nacional atacados, destroçados, usurpados e usufrutuados. 

Valeria a pena perguntar-se, como exercício de sensatez, se isto é exportar a liberdade… 

“Recordamos, porque estamos vivos, e conhecemos a nossa história. Buscamos justiça: somos um povo pa-ciente.” — Yasmin Matuk 

Obrigado, boas leituras. Wassalam. M. Yiossuf Adamgy - 14/07/2014.

Palestina Resiste em Gaza, Outra Vez

Palestina é bandeira dos oprimidos do mundo - 11/07/2014 - Autor: Kamel Gomez - Fonte: Webislam – Trad. Portuguesa de: Yiossuf Adamgy
"...O exército colonial mostra-se feroz: quadrilhas, 'ratoeiras', concentrações, expedições punitivas; assassinam-se mulheres e crianças. Ele sabe-o: esse homem novo começa a sua vida de homem pelo final; sabe-se potencialmente morto. Mataram-no: não só aceita o risco mas tem a certeza; esse morto em potência perdeu a sua mulher, os seus filhos, viu tanta agonia que prefere vencer a sobreviver; outros gozarão da vitória, ele não: está demasiado cansado. Mas essa fatiga do coração é a fonte de um incrível valor. Encontramos a nossa humanidade mais para cá da morte e do desespero, ele encontra-a mais além dos suplícios e da morte. Nós semeamos o vento, ele é a tempestade. Filho da violência, nela encontra a cada instante a sua humanidade: éramos homens às suas custas, ele faz-se homem às nossas custas. Outro homem: de melhor qualidade." — Jean-Paul Sartre, no Prefácio a "Os Condenados da Terra".

A situação no Médio Oriente é catastrófica. A região hoje, desde o Afeganistão até ao Egipto, está submersa em várias batalhas que aos leigos parecem diferentes, Palestina é bandeira dos oprimidos do mundo mas quanto mais se aproxima a lupa analítica, mais se assemelham. 

Israel utiliza a cobertura do mundial de futebol para aniquilar Hamas. Aproveita o acordo tácito com os mercenários que vêm de todo o mundo, acompanhados de dinheiro saudita e armas estado-unidenses. 

Havia que romper o acordo de unidade Fatah-Hamas. Então, castigar os bárbaros palestinos com o melhor da civilização ocidental: armamento de última geração, a não ser que as pedras e os foguetes caseiros molestem os bons colonos que a imprensa internacional pinta. De fundamentalistas, eles, os bons judeus, não têm nada: essa palavra é para os sujos muçulmanos. Para além disso, o Hamas atreve-se a retomar as suas relações com o Irão. Com mais razão, já não chega matá-los com os seus aviões; melhor: pegam-lhes fogo antes de morrer. 

A quem importam os palestinos? Se em plena matança Israel recebe cartas mimosas da dinastia As-Saud. Os sauditas já querem viajar de Riad a Jerusalém sem escala. Francisco, o Papa, todavia não se pronunciou. O papel que Israel pretende dar à EE.UU. nas negociações, agora Netanyahu, o mentiroso dá-o ao Sumo Pontífice: envergonha o Vaticano, ri-se das orações de Bergoglio. Eis que o sionismo entende por uma forma de paz: quando matarmos todos os palestinos, crianças, mulheres, anciãos, vamos viver em Paz. Pobre Francisco, papel internacional para ele, presente de Teodoro Herzl. 

Total, a indiferença de muitos, a traição de outros, as dificuldades dos amigos da Palestina, permitem a Israel cometer o seu plano racional de exterminar os árabes palestinos. Pensaram os sionistas, a terceira em Gaza, é a vencida. 

Por isso peço-lhe, querido leitor, que acompanha e sofre, que volte à citação do começo com esperança, que a releia, que a medite, assim entenderemos juntos que, apesar da dureza criminal do sionismo, a Palestina é bandeira dos oprimidos do mundo, que é a causa que triunfa graças a esses homens, hoje palestinos, que são a melhor qualidade da humanidade.■ 

Obrigado, boas leituras. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 10/07/2014. _________________________________________

quarta-feira, julho 09, 2014

ZAKAT: O terceiro Pilar do Islão

Uma reflexão sobre as dimensões espirituais do terceiro pilar do Islão, a contribuição obrigatória ou Zakat.
Prezado Irmão e Irmã, 
Assalamu Alaikum: 

Zakat não só se recomenda no Islão, é uma obrigação de cada muçulmano economicamente estável. Dar àqueles que o merecem faz parte do carácter do muçulmano e é um dos cinco pilares da prática islâmica. Zakat pode traduzir-se como “contribuição obrigatória”; responder às necessidades daqueles membros da sociedade que o necessitam é uma obrigação para aqueles que foram benditos por Deus (ár. Allah), com riquezas. Algumas pessoas desprovidas de sentimentos de amor, só sabem acumular riqueza e multi-plicá-la com a usura e juros bancários. Os ensinamentos do Islão são a antítese desta atitude. O Islão alenta a uma repartição da riqueza, ajudando a que as pessoas se valham por si mesmas e se convertam em membros produtivos da sociedade. 

Em árabe é conhecido como Zakat, que significa literalmente “purificação”, porque o Zakat purifica o coração da cobiça. O amor pela fortuna é natural no ser humano, mas a crença em Deus leva a compartilhar com o próximo. Zakat deve ser paga em diferentes categorias de propriedade – ouro, prata, dinheiro, gado, produção agro-pecuária e matéria-prima – e paga-se cada ano na altura do balanço anual. Deve-se entregar 2,5 % anual dos lucros e dos ativos individuais. 

Como a Oração (Salat) é uma responsabilidade indi-vidual e comunitária, Zakat expressa a adoração do muçulmano e o agradecimento a Allah, ajudando aos mais necessitados. No Islão, o verdadeiro dono das coisas não é o ser humano, mas Deus. A aquisição da riqueza para seu exclusivo benefício ou viver somente para incrementar a riqueza é uma maldição. A mera aquisição de riqueza não conta aos olhos de Deus. Não dá ao ser humano nenhum mérito nesta vida nem no mais além. O Islão ensina que as pessoas devem adquirir riquezas com a intenção de gastá-las nas suas próprias necessidades e nas do próximo. 

Disse o Profeta Muhammad – a paz esteja com ele- : “O ser humano diz: ‘Minha fortuna! Minha fortuna!’ Mas por acaso tens outra fortuna excepto a que gastas em caridade, e dessa maneira se eterniza, o que vestes e se desgasta, e o que comes?” 

O conceito de riqueza no Islão considera-se como um presente de Deus. É Deus quem provê a pessoa, Quem destinou uma porção dele para o pobre, pelo que o pobre tem direito sobre a fortuna dos mais abastados. Zakat recorda o muçulmano que tudo o que possui pertence a Deus. As pessoas recebem a riqueza como uma confiança de Deus, Zakat libera a pessoa do amor e ganância pelo dinheiro. Zakat não é algo que Deus necessita. Ele está por cima de qualquer tipo de ne-cessidade ou dependência. Deus, na Sua infinita mise-ricórdia, promete recompensas por ajudar aos necessitados com a condição de que Zakat se pague em nome de Deus, sinceramente de coração, sem esperar retribuição alguma dos beneficiários, nem esperar que seu nome apareça numa lista de filan-tropos. Os sentimentos de quem recebe Zakat não devem ser feridos, fazendo-o sentir inferior ou re-cordar-lhe o que recebeu. 

Quando uma instituição levanta Zakat dos muçulma-nos, o dinheiro recolhido como Zakat só pode ser utilizado para coisas específicas decretadas por Deus. A legislação islâmica estipula que a caridade se utiliza para alimentar os pobres, os órfãos e as viúvas, para libertar escravos ou prisioneiros, para os devedores, para a causa de Allah e para o viajante, como se menciona no Alcorão (9:60). Zakat, que se estabeleceu há 14 séculos, funciona como a segurança social na sociedade muçulmana. 

Nem as escrituras judias nem as cristãs apreciam a libertação dos escravos como um acto de adoração. De facto, o Islão é a única religião do mundo que requer que os crentes ajudem os escravos a ganhar a sua liberdade e que eleva os que emancipem os escravos reconhecendo o seu ato como um ato de adoração. 

Durante os califados, a recolha e a entrega de Zakat era uma função do estado. No mundo muçulmano contemporâneo, deixou-se para os indivíduos e institui-ções, excepto em alguns países nos quais o estado tem esse papel até certo ponto. A maioria dos muçulmanos no ocidente compartilha a Zakat com as instituições de beneficência islâmicas, as mesquitas, ou entregando-as directamente aos pobres. O dinheiro não se recolhe durante os serviços religiosos, mas algumas mesqui-tas têm uma caixa para os que desejem contribuir com a Zakat. De modo diferente ao Zakat, outros tipos de contribuições, feitas em segredo, são superiores, por-que a intenção é que somente Deus o saiba. 

Para além da Zakat, o Alcorão e a tradição do Profeta Muhammad (p.e.c.e.), também acentuam a Sadaqah ou contribuição voluntária para os mais necessitados. O Alcorão enfatiza a importância de alimentar os pobres, a vestimenta para os que carecem dela, a ajuda aos devedores; quanto mais uma pessoa ajuda, mais Deus ajuda essa pessoa. Quem cuida das necessidades das pessoas, Deus cuida das suas necessidades. 

«... E a esses que acumulam ouro e prata, e não os empregam na causa de Allah, anuncia-lhes (ó Mu-hammad) um fim de sofrimentos (doloroso casti-go)... No dia em que tudo for fundido no fogo infernal serão marcadas com isso as suas frontes, os seus flancos e as suas costas, e ser-lhes-á dito: aqui está o que entesourastes para vós mesmos! Provai agora do que costumáveis entesourar» - (Sura Al-Tawbah, 9:34-35) 

- Que Allah nos guie ao que está certo.■ 

segunda-feira, julho 07, 2014

O Mérito do jejum, a Oração e a Hospitalidade no Ramadão

Prezado Irmão e Irmã,

Assalamu Alaikum & Jumma Mubarak:

A maior recompensa, o grau mais elevado neste nosso mundo inferior, é a fé à qual devemos a ajuda e o favor da bondade de Allah (Deus). A nós, foi-nos dada a honra de termos sido feitos Seus servos e a Sua Comunidade bem-amada, e de termos recebido um lugar no Alcorão.

Temos agora mais uma bênção: Uma vez a cada ano, chega o mês do Ramadão, no qual "o começo é a misericórdia, o meio é o perdão, e o final é a salvação do Fogo".

Sempre que o Ramadão chegar, na nossa vida, deve-mos apreciá-lo! Ele passa muito rapidamente. A própria vida passa num ápice, assim como acontece com o tempo da oração. Não devemos dizer: "O Ramadão voltará outra vez", porque um Ramadão que tenha passado não voltará novamente. O próximo Ramadão, se voltar, será um Ramadão diferente. É possível que o Ramadão continue a chegar até à Ressurreição, mas este Ramadão pode ser, para alguns de nós, o último. 

Não se deve dizer: "eu perdi esta oração, mas outra virá". Quem sabe se esta oração não é a tua última.

Não se deve dizer: “Quando me aposentar e começar a ganhar a minha pensão, então me dedicarei à adora-ção!" Quem sabe se não farás a tua última viagem antes de chegar a receber a tua pensão… Vestir-te-ão uma mortalha, de modo a preparar-te para a acção imediata. Lamenta-te, copiosamente, pelos teus pecados. Mantém a vigilância pelo teu Senhor, recitando o Alcorão. Rindo, homenageia a Sua presença. Reflecte na tua própria natureza transitória, recordando que Ele é eterno… Reflecte nas tuas próprias debilidades, recordando-te que Ele é o Todo-Poderoso…

Que coisa bela encontrar o Senhor! Como poderei fazer chegar-te o Seu sabor? Pode falar-se aos cegos sobre a cor, aos surdos sobre a música, aos impotentes sobre o deleite da relação sexual, mas é possível realmente fazer com que eles compreendam essas experiências? Se o cego não pode ver, como pode ele descobrir a cor através das palavras? Como se pode mostrar a um olho que não vê as flores multicolores, as árvores, o sol, o céu, a dança dos peixes nos riachos? Ao que não tem o sentido do olfacto, como lhe pode-remos descrever o cheiro da rosa, a fragrância do jacinto, ou o perfume do junquilho? Como poderemos contar ao surdo acerca do chilrear dos pássaros, do murmúrio do fluir das águas, ou das cadências do Nobre Alcorão e as da chamada à Oração?

Se passares algum tempo a sós com o Senhor, um dia levantar-se-á o véu dos teus olhos e verás as cores. Adquirirás o sentido do olfacto e detectarás a fragrância das rosas, dos jacintos, dos junquilhos e dos narcisos. A tua surdez irá desaparecer e ouvirás a constante lem-brança de Allah. Os ouvidos do teu coração abrir-se-ão e deleitar-te-ás com a recitação do Alcorão. Sob os can-tos dos rouxinóis e do murmúrio das águas, ouvirás o som da afirmação da Unidade Divina. São estas as dádivas que serás capaz de obter neste mundo e que um dia terminarão. Quanto às dádivas que obterás no Além, in cha Allah, não têm fim, são eternas…

Quando o Ramadão chega, não consegues ouvir aquela Voz chamando todas as noites: "Ninguém Nos quer, ninguém Nos ama? Nós os amaríamos tam-bém!". Este apelo faz-se em todos os entardeceres e em todas as noites. Esta é outra dádiva divina carac-terística do nobre mês do Ramadão. Observa a conver-sa de que desfrutou o Profeta Moisés (a.s.). Moisés, o Kalimullah, aquele que falava com Allah, quando costumava ir ao Monte Sinai (tu tens o teu próprio “Monte Sinai” no momento de romper o jejum, quando podes suster mil e uma conversas). Quando Moisés dizia: "Ó meu Senhor, Tu falas comigo, Tu diriges-Te a mim. Não me mostrarás a beleza do Teu semblan-te? Deixa-me ver a Tua beleza!" Recebeu a resposta do Senhor: Lan taraani: "Não poderás ver-Me". [Alco-rão, 7:143].

"Moisés! Como poderás ver a Minha beleza, quando há setenta mil cortinas entre nós? Serias incapaz de Me ver. Mas na altura da Ressurreição dar-te-ei um mês, como um presente à Comunidade do meu bem-amado Muhammad. Esse mês chamar-se-á Ramadan. E a Comunidade de Muhammad deverá jejuar durante todo esse mês, e Eu Me manifestarei de forma tal na altura de romper o jejum, que não haverá absolutamente nenhum véu entre mim e a Comunidade de Muhammad, enquanto agora, entre Mim e tu, há setenta mil véus".

Numa Tradição Sagrada, o Altíssimo disse: "O jejum é para Mim, e Eu sou quem o recompensa".

A recompensa do jejum é a visão da Beleza Divina. O emblema do Ramadão é o perdão. O jejum deverá fazer-se com sinceridade e com afecto ardente. O nosso abençoado Mestre Muhammad (p.e.c.e.) disse: "Se a minha Comunidade soubesse que êxito e salvação residem no Ramadão, rogariam a Allah que lhes deixasse viver para sempre nesse mês!".

Os três tipos de jejum

Há três tipos de jejum. Que tipo de jejum praticas tu? Uma forma de jejuar é abster-se de comida, bebida e relações sexuais entre o alvorecer e o pôr-do-sol. É difí-cil imaginar que alguém se considere um adorador de Allah e não obstante não mantenha sequer esta classe de jejum; alguém assim não é pessoa digna de com-paixão.

Um segundo tipo de jejum é aquele que se pode observar por aqueles que não apenas se abstêm dessas coisas desde ao amanhecer até anoitecer, mas que também evitam - de noite assim como de dia - olhar as coisas ilegais, escutar algo negativo, proferir palavras duras, abusivas, maldições ou mentiras, ir onde Allah não permite, e sentir alguma malícia ou inveja nos seus corações. Este tipo de jejum rompe-se não só por co-mer, beber ou ter relações sexuais (durante o dia), mas também por qualquer transgressão respeitante a qual-quer um dos temas enumerados. Este jejum é rompido inclusivamente por um olhar ilegal …. 

Há ainda um terceiro tipo de jejum que também o observam os sete membros do corpo. Mas este jejum é quebrado se qualquer outro, que não Allah, entre no coração daqueles que o mantêm. Àqueles que mantêm este jejum, chamam-se de a “Elite da Elite". O valor destes exaltados seres só é conhecido por Allah Mesmo. 

Esta é a classe de seres que querem a Allah e não lhes importa nada o Paraíso. Enquanto àqueles que deixam de lado uma centena de vezes o cumprimento dos deveres básicos do Islão, a Oração, a Peregrinação, o Jejum e o pagamento da Esmola devida, e que raras vezes se inclinam em adoração entre a Congregação de uma Sexta-Feira e a seguinte, ou entre a de um Dia de Festa (Dia de Eid) e a do seguinte, não têm qualquer direito de se considerarem amantes de Allah.

Observa a recompensa daqueles que jejuam! Quando chegar o dia da Ressurreição, Allah admitirá, secreta-mente, no seu Paraíso, um grupo de crentes jejuadores. Quando estiverem parados em frente ao Paraíso, Khazir far-lhes-á estas questões: “Não se apresentaram no sítio da Ressurreição? Não estiveram no Juízo Final? Não viram a violência e o horror do Poente?" Quando respon-derem: "Não, Allah absteve-se graciosamente de nos mostrar essas coisas"; ele continuará, perguntando: "Como, por que meios obtiveram esse nível?" E eles responderão: "No mundo inferior utilizámos nosso tempo para adorar Allah em segredo, agora, secretamente também, Ele trouxe-nos para o Seu Paraíso".

Todos os actos de adoração podem ser realizados em segredo. Quando qualquer acto de adoração que deve-ria ser realizado secretamente é trazido à luz, é tingido com ostentação, que é hipocrisia. No entanto, no jejum, não há espaço para a ostentação hipócrita. O jejum, pela sua natureza, é uma forma de adoração entre Allah e o Seu servo. O jejum é um escudo contra o fogo do Inferno. O fogo não pode tocar quem observa o jejum. 

Numa de suas nobres tradições, o nosso Mestre Muhammad (p.e.c.e.), a Glória do Universo, disse: "À minha Comunidade foram dadas cinco grandes graças divi-nas, que não foram dadas a qualquer outra Comunida-de, que não foram obtidas por nenhuma outra Comuni-dade. A primeira graça destas cinco é esta: na véspera do primeiro dia do Ramadão, o Mais Misericordioso de todos os misericordiosos, observa com compaixão aqueles que, da minha Comunidade, estão jejuando. E jamais torna a expor ao tormento aqueles que assim caíram nesse misericordioso olhar. A segunda graça concedida é esta: Ele ordena aos nobres anjos que orem, pedindo o perdão em nome da Comunidade de Muhammad. A terceira graça concedida é que o cheiro da boca de um crente que jejua é mais caro a Allah que o aroma de musk. A quarta graça é a seguinte: No Paraíso é dada a ordem: 'Embeleza-te e adorna-te para a Comunidade de Muhammad'. Porque Allah disse: 'Dá aos Meus servos que em Mim crêem, as boas novas de que são Meus amigos'. A quinta graça divina é que Ele perdoa e absolve toda a Comunidade de Muhammad que mantém o jejum".

Queira Allah conceder a Sua Misericórdia sobre os nossos corações e facilitar-nos o jejum. Ámen.■

Obrigado, boas leituras. Wassalam.
M. Yiossuf Adamgy - 04/07/2014.

sexta-feira, julho 04, 2014

O Mérito do jejum, a Oração e a Hospitalidade no Ramadão

Prezado Irmão e Irmã,
Assalamu Alaikum & Jumma Mubarak:
A maior recompensa, o grau mais elevado neste nosso mundo inferior, é a fé à qual devemos a ajuda e o favor da bondade de Allah (Deus). A nós, foi-nos dada a honra de termos sido feitos Seus servos e a Sua Comunidade bem-amada, e de termos recebido um lugar no Alcorão.

Temos agora mais uma bênção: Uma vez a cada ano, chega o mês do Ramadão, no qual "o começo é a misericórdia, o meio é o perdão, e o final é a salvação do Fogo".

Sempre que o Ramadão chegar, na nossa vida, deve-mos apreciá-lo! Ele passa muito rapidamente. A própria vida passa num ápice, assim como acontece com o tempo da oração. Não devemos dizer: "O Ramadão voltará outra vez", porque um Ramadão que tenha passado não voltará novamente. O próximo Ramadão, se voltar, será um Ramadão diferente. É possível que o Ramadão continue a chegar até à Ressurreição, mas este Ramadão pode ser, para alguns de nós, o último. 

Não se deve dizer: "eu perdi esta oração, mas outra virá". Quem sabe se esta oração não é a tua última.

Não se deve dizer: “Quando me aposentar e começar a ganhar a minha pensão, então me dedicarei à adora-ção!" Quem sabe se não farás a tua última viagem antes de chegar a receber a tua pensão… Vestir-te-ão uma mortalha, de modo a preparar-te para a acção imediata. Lamenta-te, copiosamente, pelos teus pecados. Mantém a vigilância pelo teu Senhor, recitando o Alcorão. Rindo, homenageia a Sua presença. Reflecte na tua própria natureza transitória, recordando que Ele é eterno… Reflecte nas tuas próprias debilidades, recordando-te que Ele é o Todo-Poderoso…

Que coisa bela encontrar o Senhor! Como poderei fazer chegar-te o Seu sabor? Pode falar-se aos cegos sobre a cor, aos surdos sobre a música, aos impotentes sobre o deleite da relação sexual, mas é possível realmente fazer com que eles compreendam essas experiências? Se o cego não pode ver, como pode ele descobrir a cor através das palavras? Como se pode mostrar a um olho que não vê as flores multicolores, as árvores, o sol, o céu, a dança dos peixes nos riachos? Ao que não tem o sentido do olfacto, como lhe pode-remos descrever o cheiro da rosa, a fragrância do jacinto, ou o perfume do junquilho? Como poderemos contar ao surdo acerca do chilrear dos pássaros, do murmúrio do fluir das águas, ou das cadências do Nobre Alcorão e as da chamada à Oração?

Se passares algum tempo a sós com o Senhor, um dia levantar-se-á o véu dos teus olhos e verás as cores. Adquirirás o sentido do olfacto e detectarás a fragrância das rosas, dos jacintos, dos junquilhos e dos narcisos. A tua surdez irá desaparecer e ouvirás a constante lem-brança de Allah. Os ouvidos do teu coração abrir-se-ão e deleitar-te-ás com a recitação do Alcorão. Sob os can-tos dos rouxinóis e do murmúrio das águas, ouvirás o som da afirmação da Unidade Divina. São estas as dádivas que serás capaz de obter neste mundo e que um dia terminarão. Quanto às dádivas que obterás no Além, in cha Allah, não têm fim, são eternas…

Quando o Ramadão chega, não consegues ouvir aquela Voz chamando todas as noites: "Ninguém Nos quer, ninguém Nos ama? Nós os amaríamos também!". Este apelo faz-se em todos os entardeceres e em todas as noites. Esta é outra dádiva divina característica do nobre mês do Ramadão. Observa a conver-sa de que desfrutou o Profeta Moisés (a.s.). Moisés, o Kalimullah, aquele que falava com Allah, quando costumava ir ao Monte Sinai (tu tens o teu próprio “Monte Sinai” no momento de romper o jejum, quando podes suster mil e uma conversas). Quando Moisés dizia: "Ó meu Senhor, Tu falas comigo, Tu diriges-Te a mim. Não me mostrarás a beleza do Teu semblan-te? Deixa-me ver a Tua beleza!" Recebeu a resposta do Senhor: Lan taraani: "Não poderás ver-Me". [Alco-rão, 7:143].

"Moisés! Como poderás ver a Minha beleza, quando há setenta mil cortinas entre nós? Serias incapaz de Me ver. Mas na altura da Ressurreição dar-te-ei um mês, como um presente à Comunidade do meu bem-amado Muhammad. Esse mês chamar-se-á Ramadan. E a Comunidade de Muhammad deverá jejuar durante todo esse mês, e Eu Me manifestarei de forma tal na altura de romper o jejum, que não haverá absolutamente nenhum véu entre mim e a Comunidade de Muhammad, enquanto agora, entre Mim e tu, há setenta mil véus".

Numa Tradição Sagrada, o Altíssimo disse: "O jejum é para Mim, e Eu sou quem o recompensa".

A recompensa do jejum é a visão da Beleza Divina. O emblema do Ramadão é o perdão. O jejum deverá fazer-se com sinceridade e com afecto ardente. O nosso abençoado Mestre Muhammad (p.e.c.e.) disse: "Se a minha Comunidade soubesse que êxito e salvação residem no Ramadão, rogariam a Allah que lhes deixasse viver para sempre nesse mês!".

Os três tipos de jejum

Há três tipos de jejum. Que tipo de jejum praticas tu?

Uma forma de jejuar é abster-se de comida, bebida e relações sexuais entre o alvorecer e o pôr-do-sol. É difícil imaginar que alguém se considere um adorador de Allah e não obstante não mantenha sequer esta classe de jejum; alguém assim não é pessoa digna de compaixão.

Um segundo tipo de jejum é aquele que se pode observar por aqueles que não apenas se abstêm dessas coisas desde ao amanhecer até anoitecer, mas que também evitam - de noite assim como de dia - olhar as coisas ilegais, escutar algo negativo, proferir palavras duras, abusivas, maldições ou mentiras, ir onde Allah não permite, e sentir alguma malícia ou inveja nos seus corações. Este tipo de jejum rompe-se não só por co-mer, beber ou ter relações sexuais (durante o dia), mas também por qualquer transgressão respeitante a qual-quer um dos temas enumerados. Este jejum é rompido inclusivamente por um olhar ilegal …. 

Há ainda um terceiro tipo de jejum que também o observam os sete membros do corpo. Mas este jejum é quebrado se qualquer outro, que não Allah, entre no coração daqueles que o mantêm. Àqueles que mantêm este jejum, chamam-se de a “Elite da Elite". O valor destes exaltados seres só é conhecido por Allah Mesmo. 

Esta é a classe de seres que querem a Allah e não lhes importa nada o Paraíso. Enquanto àqueles que deixam de lado uma centena de vezes o cumprimento dos deveres básicos do Islão, a Oração, a Peregrinação, o Jejum e o pagamento da Esmola devida, e que raras vezes se inclinam em adoração entre a Congregação de uma Sexta-Feira e a seguinte, ou entre a de um Dia de Festa (Dia de Eid) e a do seguinte, não têm qualquer direito de se considerarem amantes de Allah.

Observa a recompensa daqueles que jejuam! Quando chegar o dia da Ressurreição, Allah admitirá, secreta-mente, no seu Paraíso, um grupo de crentes jejuadores. Quando estiverem parados em frente ao Paraíso, Khazir far-lhes-á estas questões: “Não se apresentaram no sítio da Ressurreição? Não estiveram no Juízo Final? Não viram a violência e o horror do Poente?" Quando respon-derem: "Não, Allah absteve-se graciosamente de nos mostrar essas coisas"; ele continuará, perguntando: "Como, por que meios obtiveram esse nível?" E eles responderão: "No mundo inferior utilizámos nosso tempo para adorar Allah em segredo, agora, secretamente também, Ele trouxe-nos para o Seu Paraíso".

Todos os atos de adoração podem ser realizados em segredo. Quando qualquer acto de adoração que deve-ria ser realizado secretamente é trazido à luz, é tingido com ostentação, que é hipocrisia. No entanto, no jejum, não há espaço para a ostentação hipócrita. O jejum, pela sua natureza, é uma forma de adoração entre Allah e o Seu servo. O jejum é um escudo contra o fogo do Inferno. O fogo não pode tocar quem observa o jejum. 

Numa de suas nobres tradições, o nosso Mestre Muhammad (p.e.c.e.), a Glória do Universo, disse: "À minha Comunidade foram dadas cinco grandes graças divinas, que não foram dadas a qualquer outra Comunidade, que não foram obtidas por nenhuma outra Comunidade. A primeira graça destas cinco é esta: na véspera do primeiro dia do Ramadão, o Mais Misericordioso de todos os misericordiosos, observa com compaixão aqueles que, da minha Comunidade, estão jejuando. E jamais torna a expor ao tormento aqueles que assim caíram nesse misericordioso olhar. A segunda graça concedida é esta: Ele ordena aos nobres anjos que orem, pedindo o perdão em nome da Comunidade de Muhammad. A terceira graça concedida é que o cheiro da boca de um crente que jejua é mais caro a Allah que o aroma de musk. A quarta graça é a seguinte: No Paraíso é dada a ordem: 'Embeleza-te e adorna-te para a Comunidade de Muhammad'. Porque Allah disse: 'Dá aos Meus servos que em Mim creem, as boas novas de que são Meus amigos'

A quinta graça divina é que Ele perdoa e absolve toda a Comunidade de Muhammad que mantém o jejum".

Queira Allah conceder a Sua Misericórdia sobre os nossos corações e facilitar-nos o jejum. Ámen.■

Obrigado, boas leituras. Wassalam.
M. Yiossuf Adamgy - 04/07/2014.

quinta-feira, julho 03, 2014

A L M A D I N A A IMPORTÂNCIA DO ZAKAAT

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 30.06.2014

A riqueza não é apenas uma importante necessidade do Ser Humano, mas nos dias que correm tornou-se em algo inseparável à sua vida aliás, hoje em dia a honra e o prestígio do Ser Humano são medidos em função da riqueza que cada um possui.

Se o objectivo de ganhar riqueza for somente para a satisfação das necessidades do dia-a-dia do indivíduo, é algo aceitável e louvável, mas se tiver por intenção sustentar o orgulho e a ostentação, ou explorar os pobres e os fracos, então essa riqueza pode ser um motivo para o mal e estragos na terra. As divergências, as más relações entre pessoas, amigos e famílias também são geralmente causadas pela ganância excessiva.

Não é aceitável no Isslam que a aquisição da riqueza seja o objectivo e meta da vida, mas também não a considera indesejável ou ilícita, pois incentiva que sejamos gratos pela riqueza que Deus nos dá, e ensina-nos a lutar para nos salvarmos, e lutar contra a pobreza. 

O Profeta Muhammad (S.A.W.) nas suas orações dizia: “Ó meu Deus! Peço refúgio em Ti contra a pobreza e a descrença”.

E no Al-Qur’án, Cap. 93, Vers. 8, quando Deus fala acerca do Profeta, diz:
E Ele te encontrou pobre e te enriqueceu”.

O Isslam não aprova que os seus seguidores sejam gananciosos, nutram um amor excessivo pela acumulação de riquezas, e vivam só para isso. Por isso, da mesma maneira que Deus instituiu o jejum para os povos anteriores, instituiu igualmente o Zakaat (taxa obrigatória) para eles.

O Salaat (oração ritual obrigatória, cinco vezes ao dia) aproxima o servo do seu Criador e cria nele a noção de submissão e humildade.

O Jejum cria piedade na pessoa e o Zakaat reduz no seu coração o amor à riqueza, e ensina que ninguém é dono exclusivo de toda a riqueza que possui, pois outros também têm direito a uma certa porção nessa riqueza, pelo que se deve cumprir com esse direito pagando anualmente o Zakaat que é o terceiro pilar do Isslam. E quem rejeitar esta imposição incorre na descrença issto é, deixa de ser muçulmano. Foi por isso que no tempo do Profeta Muhammad (S.A.W.) e também no tempo dos khalifas que se lhe seguiram, havia uma grande preocupação na organização para a colecta e posterior distribuição do Zakaat.

A instituição do Zakaat é caracterizada pelo princípio de solidariedade social. Zakaat na realidade significa tirar anualmente da sua riqueza uma quantia fixa, e aplicá-la em locais definidos pelo Isslam.

Porém, não é de observância obrigatória a todos. É-o sim, a todos os muçulmanos que detenham uma quantia fixada pelo Isslam.

O Zakaat tem muitos benefícios, de entre eles:

- Reduz a ganância e o amor excessivo à riqueza

- Adverte aos ricos, que decorrido um período específico, uma quadragésima parte 

da sua riqueza deixa de lhe pertencer.

- Cria solidariedade e simpatia nos corações dos ricos relativamente aos pobres e 

necessitados.

- Cria e desenvolve amor e solidariedade na sociedade, eliminando a preocupação

dos pobres e necessitados.

O Profeta Muhammad (S.A.W.) diz que: “A quem Deus deu riqueza, mas ele não paga o Zakaat, essa sua riqueza será transformada em cobra venenosa que lhe irá morder no Outro Mundo, e lhe dirá: “Eu sou a tua riqueza, o teu tesouro”.

O Isslam não só instituiu o Zakaat, mas de forma clara também determinou no Al-Qur’án, que são oito as categorias de pessoas elegíveis ao seu recebimento.

Infelizmente hoje em dia, muita gente não se preocupa em aplicar o seu Zakaat de forma correcta nessas oito categorias de pessoas, e nem se preocupa em organizar um sistema de colecta e distribuição pelos pobres e necessitados.

Há milhões de meticais em Zakaat, que os muçulmanos ricos pagam anualmente em Moçambique, mas por não haver um sistema devidamente organizado, os seus benefícios não são notórios na sociedade. Por isso muitos muçulmanos no País continuam a viver na miséria. 

Devemos ajudar os merecedores de Zakaat, de tal forma que eles se tornem auto-suficientes e engrossem a lista dos pagantes de Zakaat, reduzindo assim, a lista dos beneficiários.

Para tal, devemo-nos preocupar com os deficientes e os necessitados na sociedade, e proporcionar-lhes tecto em centros e acolhimento.

Nos dias que correm há gente sofrendo de doenças graves, e porque o tratamento médico é bastante caro, deve-se pensar em ajudá-los a partir do fundo de Zakaat. Deve-se ajudar os pobres na protecção e preservação da sua fé e dignidade, em particular fora das cidades, nas províncias.

Sendo o Ramadhaan o mês em que os muçulmanos geralmente costumam pagar o seu Zakaat, achei oportuno explicar estes princípios importantes relacionados ao Zakaat.

A todos os muçulmanos do Mundo em geral, e aos de Moçambique em particular, desejo um Ramadhaan proveitoso, com muita saúde.

Lembrar aos meus irmãos muçulmanos, que o Ramadhaan só terá significado se a sua mensagem de reforma for sentida no comportamento do indivíduo e na sociedade.

terça-feira, junho 24, 2014

COLETÂNEA SOBRE O JEJUM DO RAMADAN - O TERCEIRO PILAR

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso).

Meus queridos irmãos e caros leitores. Aqui segue uma coletânea dos escritos que o irmão Abdul Mangá tem escrito ao logo dos anos, sobre o Mês Sagrado do Ramadan e de como alcançar o máximo de barakas durante esse hóspede tão esperado no ano. Desejo que todo aproveitem muito bem esse, que é um período único na vida do crente muçulmano. Se alguém preferir pode imprimir e fazer um opúsculo para orientação e aumentar seu conhecimento, inclusive transmitir aos irmãos, principalmente os mais novos na religião, ou que tenha alguma dúvida quanto ao assunto. Os artigos estão escritos originalmente em Português de Portugal, eu não fiz nenhuma correção para não tirar a originalidade. Mas, acredito que está compreensível a todos nós brasileiros..

ÍNDICE  DOS ARTIGOS: 

00) O MÊS DE SHA’BAAN, ANUNCIANDO A CHEGADA DO MÊS DE RAMADAN 
01) JEJUM, UM ALIMENTO PARA A ALMA 
02) O JEJUM DO MÊS DE RAMADAN 
03) CRÓNICAS DE RAMADAN 
04) A INTENÇÃO E COMO FAZER O JEJUM 
05) O QUE FAZER NO MÊS DE RAMADAN? 
06) O TARAWI – A ORAÇÃO NOCTURNA 
07) LAILATUL KADR (A NOITE DO PODER) 
08) I’TIKAF (Retiro no Masjid) 
09) O FINAL DO MÊS DE RAMADAN 
- FITRA 
- O EIDUL FITR – A FESTA COMEMORATIVA DO FINAL DO MÊS DE RAMADAN 
10) O JEJUM DO MÊS DE SHAWWAL 
11) O JEJUM DOS NOSSOS ANTEPASSADOS 
12) TERMINA TUDO DEPOIS DO RAMADAN? 
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00 - O MÊS DE SHA’BAAN, ANUNCIANDO A CHEGADA
DO MÊS SAGRADO DE RAMADAN
De acordo com o referido por Aicha (Radiyalahu an-ha), no Bukhari e Muslim, o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) jejuava mais no mês de Sha’baan, em relação aos restantes meses (mas só jejuava o mês inteiro noRamadan). Usaamah Ibn Zayid (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Este é o mês entre Rajab e Ramadan, que as pessoas não prestam atenção e é um mês em que as boas açõesascendem ao Senhor dos Mundos; eu gosto porque as minhas ações ascendem quando estou jejuando”. (Al Nassa’i.).
Seguindo a tradição do Profeta de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam), devemos aproveitar o mês de Sha’baan, para também fazermos o maior número de jejuns facultativos que pudermos. Assim vamos treinando para o mês de Ramadan. O número de jejuns, dependerá do entusiasmo de cada um. Por outro lado, se tivermos alguns jejuns obrigatórios que por qualquer motivo não tivemos a oportunidade de cumprir durante o Ramadan passado, este será o derradeiro mês para o fazermos.
Não é aconselhável jejuar os dois últimos dias do mês de Sha’baan. Assim, faz-se a distinção entre os jejuns facultativos e os obrigatórios do mês de Ramadan, separando-se as acções naafil (facultativas) das fard (obrigatórias).
O melhor dos jejuns facultativos (os efectuados fora do mês de Ramadan), são os observados de forma que só o jejuador e o Criador saibam. 
Deus refere no Cur’ane: “Ó crentes! Foi-vos prescrito jejum o tal como foi prescrito aos que vieram antes de vós, para serdes piedosos. Jejuai um determinado número de dias. E quem de entre vós estiver doente ou em viagem, que jejue o mesmo número em outros dias”. Cap, 2 Vrs. 183. Num Hadice Kudssi, Deus refere: “Todos os actos do filho de Adamo (Aleihi Salam), são para eles, excepto o jejum que é exclusivamente para Mim e Eu é que o recompensarei.”
Alguém está a bater a nossa porta. É uma visita já esperada! Estamos prontos para receber este importante hóspede? É o Ramadan! É o mês de sacrifício, de devoção e de generosidade. Os servos de Deus, deixam de comer, lembrando milhões de seres humanos que passam fome extrema, por não terem, pelo menos, uma refeição diária. É também um mês de misericórdia e do perdão. É uma oportunidade anual que o servo de Deus não deve deixar de aproveitar, porque não tem a certeza de que no próximo Ramadan, terá saúde suficiente ou se estará vivo. O muçulmano nesse mês, cumpre com um dos 5 pilares do Isslam. O crente, pecador por natureza, entrega-se mais no acolhimento e na adoração a Deus. Vai sentir fome (?), mas mesmo assim, amplia as suas atividades religiosas e torna-se mais generoso para com o seu semelhante.
Verificam-se alguns aspectos curiosos nesse mês: O crente torna-se ainda mais devoto. O grande pecador, reconcilia-se com Deus; o consumidor de bebidas alcoólicas vai passar o mês em abstinência e a partir daí, promete deixar definitivamente de beber. Outros prometem começar a cumprir com as 5 orações diárias obrigatórias. Outros fazem um balanço do ano e muitas vezes duma vida inteira passada ao lado das obrigações religiosas. Depois de cumprido o mês de Ramadan, uns conseguem levar avante as promessas.
Outros, infelizmente, continuarão a singrar o mesmo caminho. Para estes, poderá haver uma outra oportunidade para o ano, mas quem sabe?
Muitos doentes, movidos pela fé, sabendo que poderão riscos, fazem o jejum.
É importante que cada um analise a sua situação clínica, aconselhando-se com os médicos. Para o nosso Criador, é melhor um corpo com saúde e uma mente sã.“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.Abdul Rehman Mangá.
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01- JEJUM, UM ALIMENTO PARA A ALMA

“Ó vós que credes! É-vos prescrito o jejum, como foi prescrito aos vossos antepassados, para que possais temer a Deus”. Cur’ane 2:183.
Todos os louvores são para Allah, o Único, o Criador de tudo o que existe. Que a Paz de Deus esteja com todos os Profetas, que se sacrificaram para nos deixarem a mensagem de Deus, o Misericordioso e Perdoador. As Bênçãos e a Paz de Deus estejam, com o Profeta Muhammad, sua família e seus companheiros. A Paz e Misericórdia de Deus estejam com todos os crentes.
Para desempenharmos as diversas tarefas para a nossa subsistência, o nosso corpo necessita de ser convenientemente alimentado. Só assim conseguiremos ter a energia suficiente, para as tarefas (árduas) diárias. Outro sinal da fraqueza do ser humano é o sono. Para retemperar a energia intelectual e descansar o corpo, o homem necessita de dormir certas horas por dia. E Deus está isento destas necessidades.
Para qualquer acto de adoração, o ser humano necessita de ter um corpo saudável e uma mente sã. Para o jejum prescrito para o mês de Ramadan, se o crente não se encontrar em condições, não o deve fazer. “Allah não sobrecarrega a nenhuma alma, para além das suas possibilidades….” Cur’ane 2:276. As doenças crónicas, a idade precoce ou muito avançada e o estado de gravidez são alguns dos exemplos que nos libertam desta obrigação. Em certos casos, depois de recuperar a saúde, deveremos “pagar” os dias perdidos. “Deus vos deseja a comodidade e não a dificuldade”. Cur’ane 2:185. Durante o mês de Ramadan, somos exortados, por exemplo, a acordar antes da aurora, para comermos, a fim de sentirmos forças, para suportar o dia. Somos também alertados para não continuarmos com o jejum, para além hora prescrita.
Entre os mais afortunados nos bens materiais e também entre os menos afortunados, há os que foram abençoados por Allah Subhana Wataala, com uma forte fé em Deus, nas Suas Escrituras e nos Seus Profetas. Além de fazerem o jejum obrigatório do mês de Ramadan, fazem também jejuns facultativos ao longo do ano. Porém, outros gostariam de fazer mais, mas o corpo os atraiçoa. Não têm possibilidades financeiras para se alimentarem convenientemente, a fim de suportarem muitos dias de jejum, mesmo que alternados, como é recomendável. Sobre este tipo de crentes, recordemos uma passagem ocorrida com Anas Bin Malik (Radiyalahu an-hu):
Uma vez foi servida uma comida especial. Quando Anas começou a comer, manteve um pedaço na boca durante algum tempo e depois olhou para as outras pessoas e começou a chorar. Depois justificou-se, dizendo: “Por Allah, acompanhei pessoas que se tivessem oportunidade de terem esta comida, teriam jejuado mais frequentemente.
Um deles encontraria somente leite misturado com água (como comida), que beberia e começaria a jejuar”. – Al-Mu’afa Bin Imran – Kitab Al-Zuhd, nº. 125.
Tal como o corpo, a alma também necessita de “alimentos”. Durante o ano inteiro, o crente preocupou-se mais com a vida familiar, com o sustento e com o lazer. Muitas vezes esqueceu-se de que Deus é o melhor Sustentador. Não cuidou convenientemente da alma. Deus, com a sua infinita Misericórdia, deu ao muçulmano, o mês de Ramadan, para lhe possibilitar corrigir a situação anterior e melhorar o futuro. O mês de Ramadan, exerce no crente, um fascínio, uma atração, difícil de explicar. É neste mês, que o crente, para além do jejum, encontra tempo e vontade para se dedicar ainda mais às orações facultativas e ajudar os mais necessitados. É um verdadeiro milagre. O que consome bebidas alcoólicas, deixa o vício de lado.
Aquele que pouco reza a Deus, aproveita este mês para intensificar as orações e as preces.
Ao longo do mês do Ramadan, os crentes “invadem” as Mesquitas. À noite, depois da última oração obrigatória, acompanham a oração do Tarawi, ouvindo e seguindo a recitação do Cur’ane. Regressam à casa cansados, mas com a fé mais fortalecida e a alma alimentada. Prontos para acordarem na madrugada do dia seguinte, para mais um dia de jejum, de privação voluntária de alimentos. Passarão mais um dia, recordando a Deus, baixarão os seus olhares, ”taparão” os ouvidos, evitando as conversas fúteis e maliciosas.
Alhamdullilah!, com a graça de Allah, nosso Criador, os muçulmanos recebem anualmente um hóspede importante – o Ramadan. Saibamos aproveitar a presença dele para recordar o que aprendemos quando frequentávamos as Madressas. Na embalagem, aprender o que não sabemos. Intensifiquemos o nosso Zikr, mantendo a nossa língua ocupada na recordação de Deus. Para além das orações obrigatórias, aproveitemos para fazer as facultativas. Comecemos a fazer o Salat Tahiatul Uzú(cumprimentado o Uzú), depois de cada ablução ou banho. Ganhemos esse hábito, para o realizar ao longo da nossa vida.
Vamos pedir perdão, pelas nossas falhas cometidas, efectuando o Salat Taubah.
Auxiliem os necessitados com bens materiais, ou mesmo com boas palavras. Façam muitas preces para vós mesmos, para os vossos familiares e amigos. Recomendem aos vossos familiares, em especial os mais novos, para pedirem perdão para os vivos e os falecidos. Se é pai, mãe, filho, irmão, familiar ou simplesmente amigo de alguém
que já nos deixou, alimente a alma dele, pedindo Àquele que é o mais Misericordioso de todos os misericordiosos. Seguramente que amanhã, seremos nós os necessitados.
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02 - O JEJUM DO MÊS DE RAMADAN

A nossa fé não é comparável à fé dos anjos (estacionária), à dos Profetas (estava sempre a aumentar) e à dos Sahabas (era muito forte). A nossa fé, parece mais um gráfico de cotação duma bolsa de valores (tem mais descidas do que subidas). Ao longo do ano, o crente tem uma vida agitada, procura insistentemente a sua provisão, distrai-se com a beleza deste mundo e não encontra tempo suficiente para se lembrar de Deus. “E quando os Meus servos perguntarem por Mim… certamente que estou próximo (deles): Oiço o rogo suplicante quando chamam por Mim. Eles que Me obedeçam e tenham fé em Mim, para que possam ser levados pelo caminho recto”. Cur’ane 2:186. Allah, Subhana Wataala, com a sua infinita Misericórdia, instituiu o Jejum no mês de Ramadan, um dos 5 pilares do Islão, para que nesse mês, o Seu servo possa inverter a situação, isto é, possa dedicar mais tempo na recordação Dele. “Ó vós que credes! É-vos prescrito o jejum, como foi prescrito aos vossos antepassados, para que possais temer a Deus”. Cur’ane
2:183.
Para os muçulmanos, o mês de Ramadan exerce uma atracção muito especial. Os que são regulares no cumprimento da religião, intensificam durante o mês sagrado, a recordação de Deus, observando as orações facultativas. Fomentam a solidariedade entre os crentes, distribuindo e incentivando a caridade obrigatória (Zakat) e a facultativa (Sadaka). “Se me forem gratos, dar-vos-ei mais”. Cur’ane 14:7. Os crentes, que ao longo do ano não foram regulares no cumprimento das suas obrigações religiosas, quando chega o mês de Ramadan, fazem o jejum e abstêm-se de práticas ilícitas. Procuram o perdão do Senhor e a partir daí, mudam o seu modo de vida, passando a ser mais devotos. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) referiu que
todos são pecadores, mas entre eles, o melhor é aquele que se arrepende do seu pecado e pede perdão.
Após o término do Ramadan, depois de jejuarem o mês inteiro, infelizmente, outros voltarão a “percorrer o caminho das trevas”, esperando pelo próximo Ramadan, para novamente fazerem a intenção para alterarem o rumo da vida. Mas não se lembram, de que podem ser apanhados por aquilo que é o mais certo na vida – a morte. Alguns, ainda “embriagados” pelos prazeres do mundo, deixam passar o mês de Ramadan, não tirando dele, qualquer proveito. Hazrat Abu Huraira (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: ”Aquele que não jejua no mês de ramadan, sem nenhuma razão válida (aceitável pela lei islâmica), nunca será capaz de recuperar aquele dia, mesmo que jejue o resto da vida”. Bukhari.
O Ramadan é o nono mês do calendário (lunar) Islâmico. É um mês de reflexão, de sacrifício, de auto controle, de incremento na adoração a Deus e de redução das actividades mundanas. Ao jejuarmos, lembramos os milhões de seres humanos que vivem abaixo do limiar da pobreza, sem as condições básicas de subsistência, impensável nesta época em que as altas tecnologias proliferam por todo o lado.
É o mês em que nos preocupamos com os necessitados, providenciando-lhes alimentos e outros bens essenciais. Os anjos invocam as bênçãos sobre aqueles que dão de comer e de beber ao jejuador na altura do iftar. Quem der de beber ao jejuador, Deus lhe dará de beber da Sua fonte e nunca mais terá sede, até entrar no Paraíso. Deus multiplica em muito as acções praticadas neste mês. Uma acção meritória, procurando a satisfação de Deus, é recompensada como uma acção obrigatória. A acção obrigatória é recompensada por 70 vezes mais, em relação aos restantes meses. Durante este mês, diariamente, Deus liberta do inferno, um grande número de almas. É o mês em que devemos incrementar as nossas preces.
Foi no mês de Ramadan em que o Cur’ane foi revelado ao Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) através de Jibrail (Aleihi Salam) - Anjo Gabriel, que a Paz de Deus esteja com ele. “O Ramadan é o mês em que foi enviada a revelação do Cur’ane, como Guia para a humanidade, com provas claras de orientação e de critério (entre o bem e o mal…..)”. Cur’ane 2:185. É a altura do ano em o Livro Sagrado é mais recitado pelos crentes espalhados pelo mundo. Os muçulmanos o recitam individualmente, ou o ouvem através dos Hafez Cur’ane (que têm o Cur’ane decorado), durante as orações em congregação de Tarawi (Orações nocturnas).
Quatro acções são recomendadas para este mês: 1- Recitar o kalimah tayyibah (declaração da fé) “LA ILAHA ILLA LLAH MUHAMMAD RASSULULAH- "NÃO HÁ OUTRA DIVINDADE, SENÃO DEUS, A (ÚNICA) DIVINDADE, E QUE MUH AMMAD É O SEU (ÚLTIMO) MENSAGEIRO; 2- pedir perdão pelas falhas e pelos pecados cometidos, recitando por exemplo: “ASSTAGHFIRULLAH” (Ó Allah, perdoa-me), 3 – pedir o paraíso e; 4- pedir a Deus que nos salve do fogo do inferno, ex: “ALLAHUMA AJIRNA MINA NNARI” (Ó Allah, salve-nos do fogo (do inferno). Outra prece que deverá ser recitada com muita frequência: “RABBANÁ ÁTINA FI DDUNIA HASSANATAM WUAFIL ÁHIRATI HASSANATAM WUAQUINA ÃZÁBAL NNARI”2:201 (Nosso Senhor, conceda-nos o bem neste mundo e na vida futura e salve-nos dos castigos do fogo do inferno).
O jejum não se limita à abstenção do comer, do beber e das “relações” com as nossas esposas, desde o nascer até ao pôr-do-sol. Todos os órgãos do corpo também devem jejuar.

1 – a língua, evitando conversas inapropriadas, a mentira, a difamação; 
2 – a vista, evitando olhar o que nos desvia da recordação de Deus; 
3 – a audição,
ouvindo conversas maldosas e as intrigas; 
4 – as mãos e os pés e os outros órgãos do corpo, que nos possam conduzir ao pecado. Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Muitos dos que jejuam, não obtêm dos seus jejuns, excepto a fome. Muitos praticam as orações à noite, mas nada obtém, excepto o desconforto de permanecerem acordados”. O crente deverá fazer todos os possíveis para manter, ao longo da sua vida, os órgãos do seu corpo em “permanente jejum”.
Aproveitemos o mês de Ramadan para: 
1)- incrementarmos as nossas ações meritórias perante Deus; 
2)- começarmos a praticar acções próprias dos residentes do
paraíso; 
3)- deixarmos definitivamente os vícios que são um atentado à nossa própria saúde e causadores de distúrbios familiares. Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wasalam) disse: “ A pessoa que jejuar durante o mês de Ramadan, com fé e esperança de alcançar o beneplácito de Deus, ser-lhe-ão perdoadas as faltas”. Bukhari e Muslim.
Quem recitar, o seguinte, 3 vezes depois das orações de Fajr e Assr, todos os seus pecados, mesmo do tamanho do mar, serão perdoados: “Asstahgfirullaha lazí lá illaha ilah wual há-iul kaiumo wua atubu ileihi”. “Peço perdão a Allah, nenhum ser é digno de adoração, excepto Ele; e Ele é Vivo, o Eterno; e eu volto-me para Ele. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41
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03 - CRÔNICAS DE RAMADAN

(dedicado, em especial, aos meus familiares mais novos e a todos os crentes). Todos os louvores são para Allah Subhana Wataala, que instituiu para os muçulmanos o cumprimento do Jejum neste mês sagrado de Ramadan. Pedimos a Allah para que derrame as bênçãos para o nosso Profeta Muhammad (Sallalahu Aleihi Wassalam), um exemplo para a conduta da humanidade.
Quando eu era pequeno, muito pequeno, achava engraçado ver os adultos acordarem de madrugada para fazerem o sheri (Suhur). “Anas Ibn Malik (Radiyalahu-an-hu), referiu que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: Lançai mão do Sheri (ou seja do Suhur), porque há bênção nesse acto”. – Bukhari e Muslim. 
Acordava com o cheiro aromático do arroz do Limpopo (qual cheiro do basmati!). Aproveitava comer umas colheradas de arroz e das iguarias que restavam do iftar anterior. Para mim era uma alegria. O meu pai dizia-me que quem acorda à noite para comer, deve fazer o jejum. A meio da manhã, a minha mãe, servia-me o almoço e dizia que era o iftar dos mais pequenos. Algumas vezes, a minha mãe fazia-me companhia, partilhando a refeição do almoço, num aposento fechado, para que nenhum vizinho visse ela a comer, àquela hora. Depois de acabar o mês de Ramadan, ela jejuava mais dias do que o meu pai. Só mais tarde é que percebi os motivos: “A mulher não jejua nos dias de menstruação. Mas deverá recuperar esses mesmos dias”.
Havia duas Mesquitas principais na cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo: a da baixa e a do Anuaril Isslam no Xipamanine. Nos dias de hoje, segundo me consta, ao virar a cada esquina, “tropeçamos” numa mesquita, Masha Allah. Passei toda a minha
juventude na Mafalala, nos subúrbios da cidade. Mais crescido, ia com o meu pai ao Anuaril Isslam, para fazer o Tarawi. Íamos a pé, na escuridão da noite, percorrendo vários quilómetros, entre os labirintos das palhotas e das casas de madeira e zinco.
Muitas vezes cruzávamos com os trabalhadores nocturnos que eram encarregados de recolher os detritos humanos. Pertenciam a uma etnia própria de Moçambique, que só se dedicava a este tipo de serviço e à recolha de lixo em geral. Com “respeito” e com algum receio, deixávamos eles passarem, sem pronunciarmos qualquer palavra.
Aconteceu uma vez que uma pessoa do bairro, ao cruzar-se com eles, disse que cheirava mal e eles não se fizeram de rogados: deitaram para cima dele, o conteúdo do balde! “Ó fiéis, que nenhum povo zombe do outro; é possível que (os escarnecidos) sejam melhores do que eles (os escarnecedores)...”-Surat Hujjurat
49.11.
Há 50 anos atrás, infelizmente, existia pouca literatura islâmica traduzida. Era portanto muito habitual, quem estava interessado em obter esclarecimentos religiosos, assistir às diversas intervenções feitas pelos maulanas. Aos fins-de-semana nos meses de Ramadan gostava de ir assistir às conversas informais efectuadas pelo falecido Maulana Cassimo (Que Allah Subhana Wataala o recompense com o Janat, pelo
trabalho desenvolvido). Ficávamos debaixo duma árvore frondosa em frente à entrada da Mesquita, para ouvir atentamente as diversas passagens religiosas. Uma que nunca mais me esqueço e relacionada com a nossa higiene pessoal foi mais ou menos assim referida: “Um homem com vontade de urinar, aproximou-se a uma árvore. Encostou o braço direito na árvore e começou a aliviar-se da urina, esquecendo que a mesma estava a atingir uma parede dura e a fazer ricochete.
Resultado, o homem ficou com as calças cheias de pingos de urina. Abanou o reservatório e depois fechou as calças. Esse homem estaria limpo? Estaria em condições para efectuar as suas orações? Nem istinja fez! (operação de limpar o resto da urina). Bem, isto falado em língua local, teve um impacto e todos nós começamos a rir. Mas ficou a lição! “Consta num hadice de que o Profeta Muhammad (Sallalahu Aleihi Wassalam) estava a passar com os seus companheiros perto de duas sepulturas e foi-lhe revelado que os ocupantes dessas duas campas estavam a ser castigados, um porque andava sempre a intrigar e a caluniar e o outro porque não se cuidava da urina. -Relato de Musslim”; “O Profeta Muhammad,
Sallalahu Aleihi Wassalam referiu: A oração sem a pureza não é aceite, nem a caridade dada da riqueza suja i.é, adquirida ilicitamente. - Relato de Muslim.”; EAllah Subhana Wataala diz no Cu’ane: “Ó tu que estás coberto com um manto! Levanta-te e adverte. Enaltece o teu Senhor. Purifica as tuas vestes e abandona a abominação. - Cap.74- Vers.1 a 4.”
Antes do Iftar, enviávamos pratos especiais de comida para a família e para os vizinhos. Eles retribuíam devolvendo os pratos com outras iguarias. Era uma familiaridade e uma amizade muito especial, o que já não acontece nos dias de hoje.
As pessoas eram mais solidárias, e as palavras de apoio fluíam nos momentos de tristeza. Infelizmente, nos tempos actuais, tudo mudou. 
Na altura, eram poucas as pessoas que tinham telefone em casa. Mesmo assim, com muito sacrifício, tentávamos começar os jejuns e festejar os Ides simultaneamente no mesmo dia, em todo o país. As pessoas quebravam o jejum por saberem no próprio dia de que se estava a comemorar o Ide. Hoje, há famílias que ficam divididas,comemorando os Ides em dias diferentes. Mais um motivo para a separação entre
famílias.
Façam o favor de manterem e fortalecerem os vossos laços familiares e de aproveitarem os dias de Ramadan para obterem benefícios espirituais. O Ramadan vai e volta. Mas nós não sabemos se voltaremos a fazer parte do ciclo.Abdul Rehman Mangá.
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04 – A INTENÇÃO E COMO FAZER O JEJUM

Qualquer acção do crente, deve ser precedida duma intenção (niyyah). Ao iniciar o jejum diário, deve proclamar intimamente, a intenção de que vai fazer o jejum (obrigatório) do Ramadan. Também pode proclamar a niyyah verbalmente. Pode ser na sua própria língua, ou em Árabe, utilizando, por exemplo a seguinte intenção:
NAWAITU SAUMA GHADIN AN ADAI FARDI RAMADHANA LI HAZINIS SANAH LIL LA HI TAÃLÁ”.
A pequena refeição da madrugada, o Sheri / Suhur, que é tomada antes de se iniciar o jejum, é cheia de bênçãos por parte do nosso Criador. Anas Bin Malik (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Lançai mão da consoada (do suhur), porque há bênçãos nesse acto”. Bukhari e Muslim. Assim, permite-nos passar o dia de jejum mais confortáveis, com mais forças para suportarmos o trabalho diário. Um corpo forte é melhor do que um corpo fraco. 
Acordar naquela hora, implica um certo sacrifício, depois de um dia de jejum e das orações nocturnas. No entanto, com este sacrifício, teremos muitos benefícios, conforme disse o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): “Na verdade, Allah e Seus anjos, enviam bênçãos para aqueles que comem no Sheri/Suhur”. Relato de Hazrat Ibn Umar (Radiyalahu an-hu). Se não tivermos apetite para uma refeição ligeira, pelo menos, devemos beber água. A diferença entre o nosso jejum e o jejum dos Povos do Livro (Ahli Kitab), é entre outros aspectos, devido ao Sheri / Suhur, que eles não o fazem. É altura ideal para acordar, fazer as orações facultativas (Tahajjud), fazer duá, comer e fazer a primeira oração da manhã (Fajr).
Sendo o Ramadan, o mês de jejum, deveríamos ser mais contidos na alimentação.
Infelizmente, para alguns, é o mês de gastos excessivos, consumindo no iftar comidas especiais e dispendiosas. Comer muito no Iftar, provoca o desconforto e encontramos a nossa própria justificação para não fazer as orações nocturnas, nomeadamente o Tarawi e de praticar outro tipo de adoração. O Islão recomenda deixar vazio, um terço do nosso estômago. Todos os excessos, são contrários não só aos princípios deste mês sagrado, como também na vida de um crente. Em alguns países, chega-se ao cúmulo de, neste mês sagrado, haver um aumento no consumo de alimentos (nomeadamente o açúcar), de electricidade e de medicamentos (devido ao consumo excessivo de alimentos).
Anas Bin Malik (Radiyalahu an-hu) referiu que uma vez foi servida uma comida especial. Quando Anas começou a comer, manteve um pedaço na boca durante algum tempo e depois olhou para as outras pessoas e começou a chorar. Depois justificou-se, dizendo: “Por Allah, acompanhei pessoas que se tivessem oportunidade de terem esta comida, teriam feito jejuns (facultativos), com mais frequência. Um deles encontraria somente leite misturado com água (como comida), que beberia e começaria a jejuar”. – Al-Mu’afa Bin Imran – Kitab Al-Zuhd, nº. 125.
Quando chegar a hora do iftar (final do jejum diário), sem demoras, devemos preocupar-nos em quebrar o jejum, de preferência com água e tâmaras. “Assim disse Deus, Todo-Poderoso, Senhor da Glória: “Dentre os meus servos, prefiro aquele que se apressa em quebrar o jejum”. Dito do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), Bukhari e Muslim. Nos minutos que antecedem à hora do iftar, devemos fazer duá (prece), pedindo a Deus tudo o que é bom para nós, para os nossos familiares e para a Umah em geral (não se esqueçam dos falecidos). O duá para quebrar o jejum, pode ser feito na nossa própria língua, ou por exemplo: “ALAHUMMA LACA SAMTÚ WABICA ÁMANTÚ WA ÃLÁ RIZQUIKA AFTARTÚ” (Ó Allah, eu jejuei para Ti, em Ti eu acreditei (e acredito), em Ti eu depositei a minha confiança e com a Tua provisão, eu quebro o meu jeum).
Hazrat Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Há três tipos de pessoas cujas preces (duás) são aceites: 
1)- o jejuador, na altura do iftar; 
2)- o rei justiceiro; e 
3)- o oprimido”. Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Quando alguém comeu ou bebeu, esquecendo-se que está de jejum, deve continuar o jejum até ao fim, porque (comendo ou bebendo por engano), significa que Deus lhe deu de comer e de beber.” Bukhari e Muslim. No entanto se alguém, sabendo que está de jejum, mas por engano da hora do iftar, comeu ou bebeu, antes da hora regulamentar, deverá repetir o jejum, depois de terminado o mês de Ramadan.
O Suhur / Sehri, deve ser atrasado, de preferência, até ao limite da hora, no momento em que se inicia a primeira oração da manhã (Al Fajr). “…. comei e bebei até à alvorada, quando o fio branco se distinga para vós do fio preto, então completai o vosso jejum até ao anoitecer….” Cur’ane 2:187. O Iftar (o quebrar o jejum), deve ser efectuado imediatamente na hora prescrita, quando se inicia a oração do entardecer (Magribe). Seguindo estas recomendações, o crente cumprirá o dia de jejum ainda mais confortável.
Aproveite este mês sagrado para aumentar a “Sadaka” (a caridade facultativa), oferendo géneros alimentícios aos necessitados, de modo a terem um iftar condigno.Compartilhe também o iftar com amigos, familiares e outros crentes e ganhe a satisfação de Deus. “Anas (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) visitou Saad Ibn Ubada (Radiyalahu an-hu). Este lhe ofereceu pão e azeite de oliva. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) comeu e disse: “aqueles que jejuam, quebraram o jejum contigo, os virtuosos comeram do teu alimento e os anjos  suplicaram por ti”. Abu Daoud).
Nota: São conhecidos os benefícios do azeite de oliva. Em Itália, uma das entradas nas refeições, é constituída por pão com azeite de oliva. É uma tradição Italiana. Mas há mais de 1.400 anos que foi um dos alimentos do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) e dos seus Companheiros (Radiyalahu an-huma).
Rabaná af rig ãleiná sab ran wa tawafaná muslimun: “Senhor Nosso, concedenos a paciência e faze com que morramos submissos a Ti!”. Cur’ane 7:126
“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41
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05 - O QUE FAZER NO MÊS DE RAMADAN?

No mês de Ramadan, o tempo deve ser criteriosamente distribuído, em especial para quem trabalha. É um mês de sacrifícios. Na hora que seria dedicada ao almoço, antes do iftar e aos fins de semanas, podemos dedicar algum do nosso precioso tempo, procurando aliar o jejum com outras actividades meritórias. Durante o ano, o nosso iman, os nossos conhecimentos religiosos enfraquecem e esta é a oportunidade para relembrarmos e aumentarmos o nosso ilm religioso. Aprender mais acerca da nossa religião, dos seus fundamentos e das práticas. A oração não ficará completa sem aprofundar o ilm. 
É o mês do conhecimento. Se tem dúvidas daquilo que nos é “bombardeado” pela imprensa escrita e falada, aproveite para procurar saber, que afinal, nada daquilo de que nos acusam é verdadeiro e os que falam mal do Islão estão mal informados, equivocados ou mesmo com más intenções. Só conseguiremos argumentar, se conhecermos a nossa própria religião. Também, nunca é demais conhecermos os princípios das outras religiões. Com conhecimento se combate a ignorância e a provocação. E o Islão precisa de todos, para que juntos, possamos erguer bem alto as nossas convicções.
Entre este Ramadan e o anterior, o que fiz para o bem da minha alma? Alimentei a alma, ou só me preocupei com o aspecto e a saúde do meu corpo? O que posso corrigir daqui para a frente? Será que posso melhorar ainda mais a minha relação com Deus? O que fazer mais em benefício dos que estão ao meu cargo? É um mês de reflexão. Uma altura que nos facilita mudar o rumo da nossa vida. Aproveitemos a oportunidade.
É também o mês da oração. Os crentes incrementam as orações facultativas, porque sabem que neste mês, uma acção obrigatória é recompensada 70 vezes mais em relação aos restantes meses. Uma acção não obrigatória é como se duma acção obrigatória se tratasse. Assim, aproveitemos este mês para efectuar orações facultativas, por exemplo, após cada uma das nossas abluções (udhú), o Tahhiatul Udhú, 2 ciclos de oração, “cumprimentando o Udhú”. E quando entramos na Mesquita, antes de nos sentarmos, fazer duas rakates de Tahhiatul Masjid “cumprimentando a Mesquita”. Habituados, ganhamos embalagem para assim procedermos ao longo da nossa vida.
Se tem familiares residentes no país ou no estrangeiro e com quem não contacta há muito tempo, aproveite esta oportunidade do mês da reconciliação, para fortalecer os laços familiares. Visite-os ou fale com eles ao telefone. Aproveite também para fazer as pazes com aqueles que nos ofenderam. “Perdoa-os generosamente”. Cur’ane15:85. Seja o primeiro a pedir desculpas. Não espere que a outra parte lhe peça desculpas. Uma das dificuldades do ser humano é pronunciar a palavra “desculpa-me”. Orgulho? É mais fácil pedir perdão a Deus? Rompa com esse preconceito. Ajude também a reconciliação de dois irmãos que não se falam há muito. “Sabei que os crentes são irmãos; reconciliai, pois, entre vossos irmãos”. Cur’ane 49:10
Este é o mês das preces, para pedir a Deus para os outros, para os nossos pais, filhos, maridos/mulheres, familiares. Para os amigos e conhecidos que aparentemente se encontram bem e os que atravessam dificuldades de vária ordem. Para aqueles que estão doentes, uma visita, um telefonema, um pequeno presente. Para aqueles que deste mundo já partiram, e que não têm possibilidades de pedir perdão e de amealhar recompensas, faça-o por eles. Peça a Deus, mas peça muito por eles. “…Ó Senhor nosso, perdoa-nos, assim como também aos nossos irmãos que nos precederam na fé”. Cur’ane 59.10. Faça caridade em memória deles. Recite Surat Yacin e faça duá (prece). Lembre-se frequentemente deles nas suas preces.
Se tiver possibilidades financeiras, mande publicar livros religiosos em sua memória. Auxilie escolas onde estudam crianças pobres. Visite os cemitérios, as sepulturas e lembre-se de que um dia, também será um dos residentes. Buraida (Radiyalahu anhu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) ensinava as pessoas que iam visitar os cemitérios a recitarem a seguinte prece: “Que a Paz de Deus esteja convosco, moradores deste lugar, crentes e muçulmanos. Se Deus quiser, breve estaremos convosco. Imploro a Deus o perdão para nós e também para vós”. Muslim.
Conhece algum muçulmano recentemente convertido (revertido) ao Islam? É o mêsda ajuda. Ajude-o, acompanhe-o no iftar. Converse com ele, ajude-o a integrar-se nesta Umah. Ajude também os irmãos muçulmanos que estão nas trevas e que têm vergonha de solicitar ajuda. Ajude-os, mas seja discreto. “Convoca (os humanos) ao caminho do teu Senhor, com sabedoria e bela exortação”. Cur’ane 16:125. Sim, preocupe-se também consigo. Mas dê prioridade aos outros e também aos que já partiram deste mundo. Descubra você mesmo o que pode fazer pelos outros. Pode ter a certeza de que Deus tomará conta de si. Muitas vezes, mais valioso do que a ajuda financeira, é importante a amabilidade, o tempo, a disponibilidade e um simples sorriso. Já pensou que pequenos gestos podem fazer a diferença? Não seja forreta. 
“Não descures praticar qualquer acto de benevolência, nem que seja o de receberes um irmão com semblante alegre”. Dito do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam). Muslim.
Se conhece alguém que tem algum vício, aproveite este mês da purificação do corpo e da alma, para lhe incentivar a acabar definitivamente com o maléfico do vício. Assim, ele aproveitará para limpar o corpo daquilo que lhe faz mal e que se intromete na sua vida espiritual.
É o mês do auto controle. Treine os seus membros do corpo para se controlarem na altura de agirem. “… que controlam a sua cólera e são indulgentes para as pessoas – e Deus ama os benfeitores”. Cur’ane 3:134. Arrefeça a fúria, a cólera.
Controle a vista e a língua – uma palavra mal proferida, pode provocar um grave incidente. Limpe a alma, limpe os seus pensamentos, limpe os seus sentimentos,torne-os mais puros, mais humildes. “Do teu ouvido, da tua vista e do teu coração, de tudo isto serás responsável”. Cur’ane 17:36.
Este é o mês da fraternidade e da caridade. Ajude aos mais necessitados. Na sua localidade, há sempre alguém que espera por uma mão direita generosa. Abra o seu coração e os “cordões da sua bolsa”. É o mês em que os muçulmanos devem ter o suficiente para o iftar e para o suhur. Mesmo que não tenha possibilidades financeiras para isso, participe na angariação de fundos e de gêneros alimentícios para distribuição a quem mais precisa. “Aqueles que (em caridade) gastam das suas riquezas, de dia e de noite, em segredo e em público, terão a sua recompensa junto do seu Senhor; e não sofrerão de temor, nem de preocupações”. Cur’ane 2:274.
Neste mês sagrado, leia com atenção os emails que contêm temas religiosos. Mas saiba filtrá-los. Reencaminhe-os depois para os seus contactos. Evite ou abstenha-se de enviar ou reencaminhar os emails que nos distraem para o essencial e que nos ocupam inutilmente o nosso precioso tempo.
Neste mês de Ramadan façamos algo, que nos possa beneficiar. Não o deixemos passar sem obter as recompensas. Será que o encontraremos no ano seguinte? Certa vez, Jibrail (Aleihi Salam) fez 3 preces e para cada uma delas, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) respondeu com “Amin”: Numa das preces, pediu o seguinte: “Seja afligida com mágoa aquela pessoa que encontrou o mês de Ramadan, um mês cheio de bênçãos e deixou-o passar sem ganhar o seu perdão”. Relato de Kaab Ibn Ujra (Radiyalahu an-hu).
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06 - O TARAWI – A ORAÇÃO NOCTURNA

"Na verdade Eu Sou Allah. Não há Deus além de Mim. Serve-Me pois e estabelece a oração para Minha recordação". Cur'ane 20:14 
Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) costumava exortar os seus companheiros (Radiyalahu an-huma) para efetuarem orações facultativas à noite, durante o mês de Ramadan, sem contudo ordenar-lhes para rezarem como acção obrigatória e disse: “Aquele que observa a oração nocturna nas noites de Ramadan, com fé e com a esperança e a procura da recompensa (de Deus), todos os seus pecados serão perdoados”. Era esta a prática até o Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) morrer, e assim continuou durante o Califado de Abu Bakr e parte inicial do Califado de Umar. Muslim4:1663
No tempo do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), durante 3 noites, foi efetuada em congregação a oração do Tarawi. Na quarta noite, a mesquita estava cheia, mas o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), não apareceu para dirigir o Tarawi. Na manhã seguinte informou-os de que não apareceu para não tornar compulsória a referida oração. A partir daí as pessoas observaram a oração individualmente ou em pequenos grupos, quando as condições assim o permitiam.
Ainda não foi no tempo do Califa Abu Bakr (Radiyalahu an-hu), que foi instituída a oração de Tarawi em congregação. Tinha havido alguma instabilidade no país, pelo que seria difícil reunir todos para a realização do Tarawi. No Califado de Umar (Radiyalahu an-hu), com a paz e a ordem no país, foi decidido criar condições para que o Tarawi fosse feito em congregação. Porque o Califa Umar (Radiyalahu an-hu), não era um legislador de Deus e o tempo da revelação já tinha terminado, o Tarawi não se tornou um acto obrigatório, como se tornaria se fosse feito continuadamente no tempo do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam). 
O Tarawi é outra acção meritória a ser efectuada durante o mês de Ramadan. É uma oração especial nocturna, em congregação, efectuada imediatamente após a oração de Ishá, antes do witr. Na maioria dos países, incluindo na Cidade Santa de Maka, consiste em 20 rakates, orientados por Hafez Cur’ane (que têm o Livro Sagrado decorado). Ao longo do mês de Ramadan, de dois em dois rakates (ciclos de oração), recitam o Cur’ane. Noutros países, o tarawi diário é feito com 8 rakates.
O Tarawi é “Sunnah Mu’akkaddah” (Sunah insistido), pelo que todo o crente o deve fazer. É alal – kifayah, isto é da responsabilidade de todos os residentes da localidade.
Devem ser criadas condições para que em todas as Mesquitas da localidade, se efectue a oração em congregação. Abu Darda (Radiyalahu an-hu) referiu que ouviu o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) dizer: “Se ocorrer encontrarem-se (inclusive) três pessoas numa localidade, num deserto ou numa selva, e não rezarem em congregação, Satanás seguramente os dominará. Por isso recorrei às orações em congregação, porque o lobo devora a ovelha solitária”. Abu Daoud. Caso o Tarawi não se efectue, cada um dos residentes será responsabilizado pelo facto. Se na localidade se realizar a oração em congregação e outros a efectuarem nas suas casas, estes verão as suas recompensas diminuídas.
Se por qualquer motivo chegarmos atrasados na Mesquita e se encontrar a decorrer o  Tarawi e ainda não termos efectuado a oração de Ishá, antes de nos juntarmos à congregação, devemos primeiro e individualmente, efectuar a oração de Ishá. Depois juntamo-nos ao Jamah e no final, também individualmente, devemos completar os rakates de tarawi em falta.

Rabaná af rig ãleiná sab ran wa tawafaná muslimun: “Senhor Nosso, concede-nos a paciência e faze com que morramos submissos a Ti!”. Cur’ane 7:126 
Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhornosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aoscrentes”. Cur’ane 14:41
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07 - LAILATUL KADR (A NOITE DO PODER)

Durante o mês de Ramadan, os muçulmanos incrementam as suas atividades religiosas e a solidariedade humana. Sabem que neste mês, Deus multiplica em muito, todas as boas acções praticadas. Apesar disso, o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), sentia-se oprimido e angustiado quando ponderava as longas vidas das pessoas do passado, comparando-as com a vida dos seus seguidores. É uma vida curta, provavelmente não suficiente para “amealhar” os benefícios necessários com vista à satisfação de Deus e a obtenção do paraíso. Por outro lado, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) mencionou nomes de 4 antepassados piedosos, que passaram, cada um deles, oitenta anos a adorar e a servir a Deus, sem transgredirem nenhuma ordem Dele. Eram eles os Profetas Ayub, Zacariya, Izkil e Yusha (Aleihi Salam - Que a Paz de Deus esteja com eles). Os companheiros do Profeta (Radiyalahu an-huma), ficaram espantados e preocupados ao ouvirem esta narrativa e perguntaram como poderiam ultrapassá-los. Devido a esta preocupação, Deus mandou o Anjo Jibrail (Aleihi Salam) – Gabriel, que a Paz de Deus esteja com ele, revelar o Surat Kadr, na qual, foram informadas as grandes bênçãos desta noite. 
EM NOME DE DEUS, O BENEFICENTE E O MISERICORDIOSO: - NA VERDADENÓS REVELAMOS ESTA (MENSAGEM) NA NOITE DO PODER. O QUE É QUE TE FARÁ CONHECER O QUE É A NOITE DO PODER? A NOITE DO PODER ÉMELHOR DO QUE UM MILHAR DE MESES (83 anos e 4 meses). OS ANJOS E O ESPÍRITO DESCEM, ENTÃO, COM A PERMISSÃO DO SEU SENHOR, COM TODOS OS DECRETOS. ESSA NOITE É DE PAZ ATÉ AO ROMPER DA AURORA.” – Cur’ane – Surat 97.
Hazrat Anas (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam)disse: “No Lailatur Kadre, Jibrail (Alaihi Salam), vem com um grupo de anjos e rezam para a misericórdia a favor daqueles que se encontram ocupados no ibadat (adoração).
Apesar de muitos ulamás serem de opinião de que a noite de Lailatul Kadr, ocorre na 27ª noite, ela deve ser procurada nas noites impares – 21, 23, 25, 27 e 29 do mês deRamadan. 
Hazrat Anas (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Na verdade, chegou um mês perante vós, no qual existe uma noite melhor do que mil meses. Aquele que perder uma noite destas, na verdade, ficou privado de todos os bens, e ninguém ficará privado, excepto aquele que é infortunado”.
Hazrat Aisha (Radiyalahu an-há) relatou: “Eu disse; Ó Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam), se me encontrar na Lailatul Kadr (Noite do Poder), que prece devo efectuar? O Profeta respondeu: “Diz Allahumma Innaka Afuwun Tuhibbul Afwa Fa’fu anni – Ó Allah, na verdade, És perdoador, gostas de perdoar, por isso perdoa-me.” Abu Huraiara (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “A todo aquele que se levantar da cama para oferecer a oração voluntária (nafl), na Noite Bendita, guiado por um profundo sentimento de fé, com esperança na recompensa de Deus, ser-lhe-ão perdoadas as faltas anteriores”. Bukhari e Muslim.
Nessa noite, o crente deverá ocupar-se com preces, recitação do Cur’ane, zikr e orações facultativas.
Rabaná af rig ãleiná sab ran wa tawafaná muslimun: “Senhor Nosso, concedenos a paciência e faze com que morramos submissos a Ti!”. Cur’ane 7:126 
Rabaná af rig ãleiná sab ran wa tawafaná muslimun: “Senhor Nosso, concedenos a paciência e faze com que morramos submissos a Ti!”. Cur’ane 7:126.
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08 - I’TIKAF (Retiro no Masjid)

A permanência na Mesquita deve ser sempre com a intenção de i’tikaf, por períodos curtos ou por dias completos. É sempre vantajoso fazermos a intenção do i’ticaf ao entrarmos na Mesquita, enquanto lá permanecemos, para as orações, recitação do Cur’ane e Zikre. Assim, vamos obtendo benefícios espirituais duplos, do i’tikaf e das outras práticas. A pessoa que permanece na Mesquita com a intenção de i’tikaf, é igual à pessoa que se dirigiu a um sítio e não sai de lá enquanto não obter o pretendido. A recompensa do i’tikaf é enorme, pois o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) sempre o praticou. Estamos habituados a associar o i’ticaf à permanência dos crentes nas Mesquitas, durante os últimos 10 dias do mês de Ramadan. No entanto, o i’ticaf pode ser praticado em qualquer altura do ano, por períodos longos ou curtos.
Era prática do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), efectuar o i’tikaf nos últimos dias do mês de Ramadan. Ele referiu, segundo Hazrat Ibn Abbás (Radiyalahu an-hu): “A pessoa que efectua o i’ticaf, permanece livre dos pecados e na verdade, é recompensada igualmente como aquele piedoso que praticou boas acções (apesar de não as ter praticado), simplesmente por ter permanecido no Masjid (Mesquita). As recompensas são imensas, porque no i’tikaf (dentro da mesquita), afastamos do nosso íntimo, as preocupações diárias e dedicamo-nos com alma e coração à recordação de  Deus.
Aisha (Radiyalahu an-há), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) costumava fazer o retiro na Mesquita, para o i’tikaf, durante os últimos dez dias do mês de ramadan e dizia: “buscai a Noite Bendita (Lailatul Kadre) entre as últimas dez noites do mês de Ramadan”. Bukhari.
“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41
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09 - O FINAL DO MÊS DE RAMADAN

a)- FITRA
O Sadacatul Fitre (contribuição destinada aos carenciados para passarem com alguma dignidade o Idul-Fitre - festa do final do Ramadan), é obrigatório para os muçulmanos financeiramente capazes. O responsável pelo agregado familiar, deve pagar pelos seus dependentes (filhos, esposa e outros a seu cargo). O valor deve ser entregue antes da oração de Idul Fitr, de modo a facilitar que os necessitados possam também preparar-se para os festejos do Ide. Se a contribuição for entregue depois, deixa de
constituir o Sadacatul Fitre E passa a ser um simples sadacah.
Lembre-se que as acções praticadas durante o mês de Ramadan estão penduradas entre o céu e a terra e só serão elevadas depois do cumprimento desta obrigação. O Sadacatul Fitre é também um meio purificador dos nossos jejuns.
Para além de cumprir com aquela obrigação, dentro das possibilidades, contribua generosamente para que uma ou mais famílias possam ter na mesa do almoço, um pouco daquilo que vai ter na sua casa.
b) - O EIDUL FITR – A FESTA COMEMORATIVA DO FINAL DO MÊS DE RAMADAN Hambani, Hambani iyá Ramadan (Língua local Moçambicana) (Adeus, Adeus, ó Ramadan). Tu virás outra vez para o ano, mas nós não sabemos se te vamos encontrar!
Após um mês inteiro de sacrifício, a jejuar e a incrementar as orações, Deus, o Altíssimo, concedeu-nos o Idul Fitr, (festa religiosa em comemoração do final do mês de Ramadan). É um dia de alegria, comemorado pelos muçulmanos, começando por dirigirem-se à Mesquita para a oração. Nesse dia, Deus pergunta aos anjos: “Qual deve ser a recompensa daqueles servidores que cumpriram o serviço deles devidamente?” Os anjos respondem: “Ó nosso Senhor e Mestre! na verdade eles devem receber toda a recompensa por completo. Aí Allah diz. “Eu testemunho-vos, ó anjos, por eles terem jejuado para Mim durante o mês de Ramadan e por terem ficado em pé nas orações nas noites, Eu lhes garanti como recompensa a Minha satisfação e lhes garanti o perdão”.
ALLÁHU AKBAR - ALLÁHU AKBAR. LÁILAHA IL – LALLÁHU. WALLÁHU AKBAR. ALLÁHU AKBAR. WALIL – LÁHIL – HAMD. Allah é o Maior. Allah é o Maior. Nã o há outra divindade excepto Allah e Allah é o Maior, Allah é o Maior e todos os louvores pertencem só a Allah. Segundo Anas Bin Malik (Radiyalahu an-hu), no dia de Idul Fitr, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), não saía de casa sem comer algumas tâmaras. Anas acrescentou, que as tâmaras consumidas eram de número impar.- Bukhari. Nas orações de Idul-Fitr e de Idul-Adhá, não há azan nem ikhamah (chamamento para a oração). Não há também qualquer oração facultativa entre as orações de Fajr e dos Ides. Primeiro realiza-se a oração e depois o Khutbá (ao contrario da oração de Juma).
Não é permitido jejuar nos dias de Ide – Bukhari. Segundo o referido no Bukahri, o crente que pretenda dirigir-se para efetuar a oração de Ide, deve ir por um caminho e regressar noutro. Outra recomendação do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), é o de vestir a melhor roupa e de utilizar o melhor perfume.
Nesse dia festivo, os crentes cumprimentam-se, pedindo a Deus que aceite todos os actos de adoração praticados durante o mês de Ramadan. Utilizando uma recomendação feita há mais de 1.400 anos, distribuam prendas entre vocês. De pais para filhos de filhos para pais, entre vizinhos e amigos, vamos comemorar este Ide que se aproxima, aumentando a nossa amizade e harmonia. É isso também o que o Islam nos ensina – a paz e a irmandade entre as pessoas. As prendas devem ser úteis e não necessariamente dispendiosas. Também é uma prenda o cumprimento, um abraço efusivo entre amigos, um sorriso, um telefonema para os familiares e amigos que se encontram distantes. Segundo o nosso Profeta Muhammad (Salalahu Alei Wassalamo), dar prendas, aumenta e fomenta a amizade entre os muçulmanos.
Segundo Aisha (Radiyalahu an-há), o Profeta (Salalahu Aleihu Wassalam) aceitava prendas e em retribuição, também dava prendas. - Bukhari. 
Rabaná af rig ãleiná sab ran wa tawafaná muslimun: “Senhor Nosso, concede-nos a paciência e faze com que morramos submissos a Ti!”. Cur’ane 7:126
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10 – O JEJUM DO MÊS DE SHAWWAL

De acordo com o relato de Abu Ayyub al-Ansari (Radiyalahu an-hu), o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) referiu: “Todo aquele que jejuou durante o mês de Ramadan e de seguida observou 6 dias de jejum de Shawwal, é como tivesse jejuado todos os dias. – Livro 6 – Hadice 2614.
Não é obrigatório, mas é recomendável fazer os 6 dias de jejum. Dependerá da disponibilidade, saúde e entusiasmo de cada um. De preferência, os 6 dias devem ser seguidos. No caso de impossibilidade, podem ser observados alternados ou não, mas durante o mês de Shawwal.  “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41
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11 - O JEJUM DOS NOSSOS ANTEPASSADOS

Depois da oração, a segunda obrigação dos muçulmanos é o de observarem o jejum, durante o mês de Ramadan. As diversas referências encontradas nos Livros, levam-nos a concluir, que a instituição do jejum não é uma novidade e que era uma prática regular dos nossos antepassados, muito antes da era Islâmica. Contudo, os métodos utilizados, eram diferentes daqueles que nos foram instituídos. O nosso Criador, no versículo 2:183 do Cur’ane, refere. “… É-vos prescrito o jejum, como foi prescrito aos vossos antepassados”.
Os Árabes da época pré Islâmica observavam o jejum no dia 10 de Muharram, Deus esteja com ele, e o seu povo, da perseguição do faraó. Na altura, Deus abriu uma passagem no mar, que lhes permitiu atravessar em segurança. Para além dos Árabes, outros antepassados também observavam o jejum, como forma de penitência, preparação de ritos e cerimónias, conforme podemos confirmar através dos Livros Antigos.
No êxodo 34:28, encontramos a indicação de que Mussa (Aleihi Salam), Moisés, que a Paz de Deus esteja com ele, permaneceu junto do Senhor durante 40 dias, sem comer e sem beber e escreveu nas tábuas as palavras do pacto, os Dez Mandamentos. Em Mateus 17, refere que Um homem aproximou-se de Issa (Aleihi  Salam), Jesus qua a Paz de Deus esteja com ele e pediu compaixão pelo filho que sofria muito de epilépsia. Antes o apresentou aos seus discípulos que nada puderam fazer. Jesus repreendeu o demónio, o qual saíu do menino e ficou curado. Os discípulos perguntaram a Jesus, os motivos porque eles não o conseguiram expulsar. 
Respondeu: “Por causa da vossa pouca fé, pois se tiverem fé do tamanho duma mostarda direis a este monte, passa para ali e ele há de passar e nada vos será impossível. Mas isto só se consegue à força da oração e do jejum”. Outra referencia à cerca de Issa (Aleihi Salam), Jesus que a Paz de Deus esteja com ele: No deserto foi tentado pelo diabo, jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e por fim teve fome. Depois de rejeitar as tentações terrenas do diabo, disse: “está escrito, nem só do pão viverá o homem, mas (também) de toda a palavra que sai da boca de Deus”.
Depois vieram os anjos e o serviram. 
No tempo dos nossos antepassados, a pobreza era imensa e a falta de alimentos, provocava uma fome extrema, originando doenças e danos físicos. Mas mesmo assim, tinham um elevado sentido de fé e de esperança em Deus. O mesmo se passou no tempo do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), em que havia momentos que as pessoas não tinham nada para comer, incluindo na casa do Profeta, onde muitas vezes o “fogão” não era aceso, durante dias. Amarravam pedras junto ao estômago, para aliviarem as dores provocadas pela fome. No entanto, depois de instituído o jejum do mês de Ramadan, todos observavam o jejum com muito entusiasmo, às vezes desmedido em relação à situação física de cada um, o que levava o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) a intervir, para acalmar o entusiasmo e os ânimos.
O Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) observava jejuns voluntários (nafl) em dias seguidos e as pessoas pensavam que ele assim continuaria jejuando para sempre. Depois deixava de jejuar, durante dias e então pensaram que ele não iria jejuar mais. Durante o mês de Shabaan, jejuava quase todo o mês e pensavam que ele iria jejuar todo o mês. Somente no  mês de Ramadan é que jejuava o mês inteiro.
Em qualquer mês do ano, tinha por hábito jejuar às segundas e às quintas-feiras.
Também recomendava as pessoas jejuarem 3 dias por mês.
Referiu que quem jejuar 6 dias de Shawal, é como tivesse jejuado todo o ano.
Jejuava e recomendou para assim fazerem nos dias de grande significado religioso, como por exemplo no dia de Arafa e no décimo dia de Muharram (Ashura). O Profeta (Salalahu Aleihi Wasslam) proibiu os seus Sahabas (Radiyalahu an-huma) de jejuarem continuadamente todo o ano. Recomendou que quem pretendesse fazer jejuns facultativos, o poderia fazer, mas descansando depois vários dias.
Para os que insistiam competir com ele, nos jejuns seguidos, recomendava prudência e referia o Jejum do Profeta Daúde (Aleihi Salam), David, que a Paz de Deus esteja com ele, que jejuava um dia e descansava outro, sendo este o melhor jejum. Durante o Mês de Ramadan, o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) tinha por hábito fazer jejuns ininterruptos (saum wisal) e proibiu os sahabas de o fazerem. Quando foi interrogado porque podia ele fazer e eles não, respondeu: “Eu não sou como vocês, o meu Senhor me provisiona de beber durante a noite em que eu fico nesse estado”. Infelizmente nos nossos tempos, o flagelo da fome é uma constante em muitos países, mas nada se compara com o sofrimento dos nossos antepassados. Então, sendo o  mesmo Cur’ane, o mesmo Profeta, a mesma orientação que encontramos nos hadices, então porque motivos a nossa fé e a esperança em Deus se encontram no nível abaixo do desejado? O nosso bem-estar e as nossas condições materiais, serão o entrave? Nada disto justifica a situação, porque também na altura, no meio de tanta pobreza, existiam pessoas ricas, mas que o comércio não lhes distraía no cumprimento das obrigações religiosas. As suas condições materiais lhes permitiam fazer tudo o que os pobres cumpriam, mais ainda, distribuindo a caridade e libertando  escravos. “Homens, a quem nem o negócio, nem o comércio distrai da recordação de Deus, nem da observância da oração, nem do pagamento do zakat…… E Deus dá provisão a quem quer, sem medida”. Cur’ane 24:37 e 38.
Rabaná af rig ãleiná sab ran wa tawafaná muslimun: “Senhor Nosso, concede-nos a paciência e faze com que morramos submissos a Ti!”. Cur’ane 7:126 
Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41
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12 – Termina Tudo Depois do ramadan? 

Adeus Ramadan! Ou esperamos encontrá-lo no próximo ano? Só Allah Subhana Wataala é que conhece o futuro de cada um de nós. É importante um pequeno balanço individual, para refletirmos: 
a)- o que intencionámos fazer, 
b)- o que foi
feito e 
c)- o que ficou por fazer.
Em relação aos restantes meses do ano, o mês de Ramadan é uma altura muito especial, que nos motiva e incentiva para dedicarmos mais tempo, a fim de cuidarmos e alimentarmos a nossa alma. O Ramadan alerta-nos para o nosso relacionamento com o Criador e abana as nossas consciências. É um verdadeiro milagre que acontece a cada um de nós. Fazemos sempre algo mais, em relação aos restantes meses. É sempre muito, mesmo para aqueles que durante o ano se esquecem das suas obrigações religiosas ou para aqueles que o são regulares. Se procuras o teu Criador, O encontrarás misericordioso. Se O esqueceres, Ele espera que te recordes Dele. “E quando te esqueceres, lembra-te do Teu Senhor….” Cur’ane 8:24. Uns e outros acrescentam sempre algo de virtuoso neste mês. Mas depois de finalizado o mês e após a festa do Idul Fitr, muitos de nós voltamos à situação anterior, não damos continuidade às virtudes praticadas e esperamos pelo próximo Ramadan. Outros, por cada ano que passa, aprendem mais, que depois utilizam nos momentos de ibadat (adoração) ao longo do ano. O ontem passou e quem o aproveitou, alimentou mais a alma. O presente é hoje, que devemos aproveitar, porque não sabemos, se amanhã teremos capacidade, saúde ou vida para melhorarmos a situação em que nos encontramos. A alma, tal como o corpo, necessita de ser alimentada, continuamente.
“Pela gloriosa luz da manhã e pela noite quando serena, O teu Senhor não te abandonou, nem te odiou” Cur’ane 93:1,2,3.
Existem pequenas coisas que podem aumentar as nossas provisões para o futuro, por exemplo: 
1)- Depois das abluções, efectuar dois ciclos de oração, Tahiátul Uzú, cumprimentando o Uzú. 
2)- Ao entrar na Mesquita, não nos sentarmos sem fazer dois ciclos de oração, Tahiátul Masjid, cumprimentando a Mesquita. 
3)- Louvar a
Deus depois de cada oração obrigatória, recitando 33 x Subhána Allah, 33 x Allhamdulliláh e 34 x Allahu Akbar. 
4)- Recitar Surat Yassin de manhã e aproveitar para fazer duá para os falecidos. 
5)- À noite, recitar Surat Mulk (Tabaraka Lasi).
6)- “Bismilahir Rahmani Rahim”, é a chave para tudo e deve ser uma constante
na nossa vida. 
7)- Reforce a sua convicção de fé no Deus Único, recite “La Ilaha
Ilallah”. 
8)- Peça a Deus bênçãos para o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam),
enviando muitos Duruds, utilizando, por exemplo esta forma mais simples, “Allahuma Sali alã Muhammad”. 
9)- Tenha por hábito cumprimentar o seu irmão /irmã de fé com “Assalamo Aleikum”.

1)- Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse para Bilal (Radiyalahu an-hu): “Ó Bilal, diz-me qual das tuas acções foi maisauspiciosa, depois de teres abraçado o Islam, porque escutei o ruído dos teus  passos adiante de mim no Paraíso!”. Bilal (Radiyalahu an-hu) respondeu: “Não pratiquei nenhuma acção mais meritória do que o de me purificar (lavar-me, banhar-se ou realizar abluções) durante o dia ou a noite e, em toda a ocasião, ter oferecido tantas orações quantas Deus me tem destinado (orações de Tahiátul Uzú)”. Bukhari e Muslim.
2)- Abu Catada, referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse:”Quandoalguém entra numa mesquita, não se deve sentar sem antes praticar duas rakats (dois ciclos de oração de Tahiátul Masjid)”. Bukhari e Muslim.
3)- Ka’b Ibn Ujrah (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “A pessoa nunca se desiludirá se depois de cada oração obrigatória, recitar as seguintes palavras: 33 x Subhána Alláh, 33 x Alhamdulilláh e 34 x Alláhu Akbar”. Refere o Cur’ane: “A sua prece será: “Glória para TI, ó Allah”! E a sua saudação será: “Paz”! E concluirão as suas orações dizendo: “Louvado seja Deus, senhor dos mundos”. 10.10.
4)- Tudo tem o seu coração e o coração do Cur’ane é o Surat Yassin. Ata Bin Raibah (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Quem recitar o Surat Yassin no início da manhã, todas as suas necessidades do dia serão preenchidas.”
5)- Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) disse que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Há um capítulo no Cur’ane com 30 versículos, que intercederá a favor da pessoa, até esta ser perdoada. É o Surat Tabarakal Lasi.” Também referiu o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) de que o referido Surat é um grande protector contra os castigos da sepultura. Tirmizi.
6)- É imperfeito e defeituoso; é desprovido de qualquer barakah e de graça divina; não há bênção no trabalho; quando não há bênção, a pessoa não terá sucesso no seu projecto: Assim, BISMILLAHIR RAHMANIR RAHEEM (Em nome de Deus, o Beneficente, o Misericordioso), deve ser recitado antes de se iniciar qualquer tarefa.
Hazrat Ali (Radiyalahu an-hu), referiu que BISMILLAHIR RAHMANIR RAHEEM é um duá efectivo (prece) para facilitar qualquer dificuldade que esperamos encontrar numa tarefa e remove qualquer mágoa, aflição e trás felicidade para o coração.
7)- Ditos do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): de Abu Darda (Radiyalahu an-hu) “A pessoa que recitar “Lá Iláha Ilalláh” cem vezes diariamente, será ressuscitada no dia do Julgamento com a sua face brilhando como a lua cheia e ninguém a ultrapassará nesta categoria, excepto aquele que recitar o Kalimah mais vezes
do que ele”. De Anass (radiyalahu an-hu): “Allah, Todo o Poderoso, decretará no dia do Julgamento: “Tirem do inferno a pessoa que professou “Lá Iláha Ilalláh” e tirem aquele que tinha fé do seu coração do tamanho de um grão. Tirem todos estes que recitaram “Lá Iláha Ilallá” ou Me recordaram em qualquer altura, ou Me temeram.”
8)- “Na realidade, Allah e Seus anjos derramam bênçãos sobre o Profeta. Ó vós que credes, pedi bênçãos para ele e saudai-o com respeitosa saudação”. Cur’ane 33:56. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “No Dia do Julgamento Final, a pessoa que estará mais próxima de mim, será aquela que enviou mais Durud
para mim.” Tirmizi. É referido no Bukhari, 55:588, que as pessoas perguntaram ao Profeta (Salalahu Aleihi
Wassalam), qual a melhor maneira de pedir bênçãos para ele. Ele referiu o Durud- Ebrahim, que nós recitamos nas nossas orações, na posição de sentado. 
9)– Imran Ibn Al Hushain (Radiyalahu an-hu) contou que um dia apareceu um homem onde se encontrava o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam e nos saudou, dizendo “Assalamo Aleikum – Que a Paz de Deus esteja convosco). O Mensageirode Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) retribuiu a saudação e depois disse “Dez”. Aquele homem se sentou e logo apareceu outro e fez a saudação “Assalamo Aleikum Warahmatulah – Que a Paz e a Misericórdia de Deus estejam convosco”. O Profeta lhe retribuiu a saudação e lhe disse “Vinte”. Depois chegou outro e os saudou dizendo “Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu – Que a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus estejam convosco”. Satisfeito devolveu-lhe a saudação e disse “Trinta”. (Abu Daud e Thirmizi). Nota: 10, 20 e 30 (recompensas de Deus). “Quando fordes saudados, retribuí com uma saudação melhor, ou pelo menos igual, porque Deus leva em conta todas as coisas”. Cur’ane 4:86.
Quando o Ramadan termina, o crente suplica a Deus, com sinceridade, para que possa viver, pelo menos, mais um ano, a fim de beneficiar das bênçãos do próximo Ramadan. Ele sabe que é nesse mês que consegue incrementar as suas acções meritórias, em relação aos restantes meses do ano. Assim, rogamos a Deus para que aceite o nosso pedido, a fim de termos a Sua misericórdia. Se entretanto morrermos e não alcançarmos o objectivo pretendido, pedimos a Deus para ter piedade da nossa alma. “Rabanná Wa Takabaal Duãi”. 14:40 – “Ó Nosso Senhor, aceitai a nossa  prece”.
“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41
"Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.
Não guardem a felicidade só para vós. Façam também os outros felizes. Distribuam sorrisos!
Abdul Rehman Mangá
abdul.manga@gmail.com
Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuh! Compilado por Hajj Hamzah Abdullah - o menor dos servos de Allah SW.