Uma ferida que não cicatriza - 14/07/2014 - Autor: Yasmin Matuk - Fuente: Blog Yasmin Matuk / Webislam - Trad. Portuguesa de: Yiossuf Adamgy
Buscando eliminar uma parte da população bósnia muçulmana, as forças servo-bósnias cometeram genocídio. Seleccionaram para a sua extinção quarenta mil bósnios muçulmanos que viviam em Srebrenica, um grupo particularmente emblemático entre os bósnios muçulmanos em geral. Despojaram todos os varões prisioneiros, tanto militares como civis, jovens ou maiores, das suas pertenças e identificações; e deliberada e metodicamente eliminaram-nos, unicamente em razão de sua identidade.” — Theodor Meron, presidente do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia.
19 Anos depois do massacre de Srebrenica e a Bósnia continua enterrando cadáveres e, ainda que países como a Holanda ofereçam a soma de 80.000 euros a alguns familiares de vítimas, nenhum tipo de recompensa econômica pode apagar a desonra e detrimento que sofreram os inocentes assassinados.
Srebrenica, uma ferida que não cicatriza:
Para quem não o conheça, ou pouco recorde, o geno-cídio de Srebrenica foi o assassinato de mais de 8.000 pessoas de etnia bósnia muçulmana na região de Srebrenica, em Julho de 1995, durante a Guerra da Bósnia por parte de sérvios de afiliação católica. Este assassinato massivo, levado a cabo por unidades do Exército da República Srpska, o VRS, sob o comando do general Ratko Mladic - assim como por um grupo paramilitar sérvio conhecido como “Os Escorpiões” – produziu-se numa zona previamente declarada como “segura” pela ONU, já que nesse momento se encon-trava sob a suposta protecção de 400 capacetes azuis holandeses.
O que sucedeu em Srebrenica não foi um único grande massacre de muçulmanos, perpetrado por sérvios, mas uma série de ataques e contra-ataques muito sangrentos ao longo de um período de três anos, que chegou ao seu ponto alto em 1995…
Ainda que se buscasse supostamente a “eliminação” dos varões bósnios muçulmanos, o massacre incluiu o assassinato de crianças, adolescentes, mulheres e anciãos, com o objetivo de conseguir a LIMPEZA ÉTNICA da cidade. Como atualmente sucede na Palestina: qual será o tribunal internacional que con-denará os crimes de lesar a humanidade cometidos por Israel?
A NATO
Uma das grandes mentiras que escutamos durante as guerras da Jugoslávia foi que a NATO tinha que intervir porque havia perigo de que o conflito se estendesse. Mas nenhum grupo dentro da ex-Jugoslávia tinha ambições fora da Jugoslávia. Eram as nações de fora quem tinham ambições dentro da Jugoslávia.
Com o final da Guerra Fria, o papel da NATO como aliança defensiva conclui-se. Havia quem dissesse que a NATO deveria dissolver-se agora que já não existia a União Soviética. Mas havia também quem dissesse -muitos deles burocratas que beneficiavam da existência de uma organização tão imensa - que a NATO deveria utilizar-se agora como arma para “forjar” a democracia por todo o planeta, ou seja, que deveria utilizar-se para promover a economia global, o mercado internacional com as suas consequências escravistas e alienantes; a abertura a um mundo livre que fomente o consumismo desavergonhado.
Todos eles slogans que disfarçam o verdadeiro detrimento que causa a NATO de cada vez que pisa solo alheio. Exemplos mais próximos na nossa memória são Iraque, Somália, Afeganistão, Sudão, Paquistão, Iémen, Líbia… Países com legítima soberania nacional atacados, destroçados, usurpados e usufrutuados.
Valeria a pena perguntar-se, como exercício de sensatez, se isto é exportar a liberdade…
“Recordamos, porque estamos vivos, e conhecemos a nossa história. Buscamos justiça: somos um povo pa-ciente.” — Yasmin Matuk
Obrigado, boas leituras. Wassalam. M. Yiossuf Adamgy - 14/07/2014.
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