quinta-feira, abril 02, 2015

O Islão e a Tolerância Religiosa Coord. por: M. Yiossuf Adamgy

Prezados Irmãos, 

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Mal-entendidos comuns acerca do Islão

Gostaria de começar falando sobre algumas ideias erróneas que obscureceram o caminho do entendimen-to, de muitos cristãos e ocidentais, sobre o Islão. Muitos creem que o Islão se estendeu por meio da espada e que o Islão é sinónimo de opressão, coerção e ausência dos direitos e liberdades básicas. Ainda mais, muitos países ocidentais fazem valer como sinónimos de Islão a intolerância e o extremismo e, inclusivamente, muitos in-telectuais de países não muçulmanos, os seus políticos, os jornalistas e autoridades religiosas, insistiram em seguir agarrados a esta visão negativa e errónea.

Este estereótipo deve desaparecer e deve-se mostrar aos ocidentais, de forma clara e sincera, o que é o Islão.

O Islão exige examinar qualquer assunto com atenção antes de chegar a uma conclusão. Deus disse, textual-mente, no Alcorão:

«Ó crentes! Se alguém, que não é digno de con-fiança, chega com uma notícia, assegurem-se antes; não vá a ser que, por ignorância, causem dano a alguém e tenham logo que se arrepender do que fizeram». (49:6).

O Islão e o Espírito da Tolerância Religiosa

Assim como o monoteísmo é a base do Islão, a tole-rância é uma das suas características mais importantes. O Islão significa, literalmente, submissão a Deus e paz. A tolerância religiosa foi sempre uma lei necessária para a vida, uma lei que não se pode recusar sem ameaçar a existência da humanidade; permitam-me oferecer-vos só uns quantos exemplos do espírito de tolerância que resi-de no coração do Islão.

Primeiro: O Islão estabelece de forma clara, que toda a humanidade não é senão uma grande família e que a sua origem é uma, já que todos os seres humanos foram criados de uma só alma. Deus disse no Sagrado Alcorão:

«Ó humanos! Temei a vosso Senhor, que vos criou de um só ser, do qual criou a sua companheira e, de ambos, fez descender inumeráveis homens e mu-lheres. Temei a Deus, em nome do Qual exigis os vossos direitos mútuos e reverenciai os laços de parentesco, porque Deus é vosso Observador». (4:1).

Na medida em que todo o mundo faz parte da família de Deus, o Islão insiste em que deve haver igualdade e respeito absoluto entre todos os seres humanos. A raça, a cor, a etnia ou os privilégios terrenos não podem ser a medida de valor no Islão, esta medida é só a rectidão. No Sagrado Alcorão, Deus dirige-se à humanidade com estas palavras:

«Ó humanos! Na verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus é Conhecedor e está bem inteirado». (49:13).

A variedade de seres humanos e a diversidade é vista no Islão como parte das bênçãos e a generosidade de Deus. O que todos devemos fazer é ir mais além da mera coexistência buscando, de forma activa, o entendi-mento mútuo e a cooperação. O Profeta Muhammad ﷺ ensinou-nos que toda a humanidade deve ser consi-derada como parte da família de Deus e que quem mais ama Deus é quem é mais beneficente para os membros da sua família.

Segundo: O Alcorão insiste neste conceito de justiça que não está limitado pela raça, cor ou nacionalidade. Deus disse:

«Deus manda restituir a seu dono o que vos está confiado; quando julgardes os vossos semelhantes, fazei-o com equidade. Quão excelente é isso a que Deus vos exorta! Ele é Omniouvinte, Omnividente». (4:58).

Deus vai mais além quando disse:

«Ó crentes! Sede perseverantes na causa de Deus e prestai testemunho a bem da justiça; que o ódio aos demais não vos impulsione a serdes injustos para com eles. Sede justos, pois isso está mais próximo da piedade, e temei a Deus, porque Ele está bem inteirado de tudo quanto fazeis». (5:8).

Terceiro: O Islão é universal por natureza e abarca todas as mensagens divinas e religiões anteriores. Assim, tal como Deus é Uno, também o é a mensagem de fé essencial que Ele enviou a todos os Seus profetas e mensageiros. O Sagrado Alcorão disse:

«Prescreveu-vos a mesma religião que havia insti-tuído para Noé, a qual te revelamos, a qual havíamos recomendado a Abraão, a Moisés e a Jesus, (dizen-do-lhes): Observai a religião e não discrepeis acerca disso». (42:13).

No Islão, a unicidade de Deus implica a unidade entre a verdadeira crença e a religião. A mensagem básica que se confiou a todos os profetas é intemporal e universal: chamar a humanidade à adoração de Deus unicamente. Deus disse claramente no Alcorão que os adeptos da fé, aqueles que se submetem a Deus e à Sua verdade, verão claramente a unidade dos mensa-geiros de Deus, das suas respectivas revelações e as aceitarão todas:

«O Mensageiro (Muhammad) crê no que foi reve-lado por seu Senhor, assim como os crentes; todos creem em Deus, nos Seus Anjos, nos Seus Livros e nos Seus Mensageiros. (E dizem:) "Não fazemos dis-tinção alguma entre os Seus Mensageiros". E dizem: "Ouvimos e obedecemos; queremos o Teu perdão, ó Senhor nosso! E para Ti será o nosso retorno». (2:285). 

A tolerância religiosa é uma parte constituinte do próprio Alcorão: no coração do Alcorão estão todos os ensinamentos essenciais da Torah de Moisés e do Evangelho de Jesus (incluídos alguns milagres seus que não aparecem nos evangelhos). Deus disse no Sagrado Alcorão:

«Na verdade, revelamos-te o Livro corroborante e preservador dos anteriores. Julga-os, pois, conforme o que Deus revelou e não sigas os seus caprichos, desviando-te da verdade que te chegou. A cada um de vós temos ditado uma lei e uma norma; e se Deus quisesse, teria feito de vós uma só nação; porém, fez-vos como sois, para testar-vos quanto àquilo que vos concedeu. Emulai-vos, pois, na benevolência, porque todos vós retornareis a Deus, o Qual vos inteirará das vossas divergências». (5:48).

O Alcorão contém os conselhos e as histórias das vidas de muitos profetas bíblicos, que Deus descreve assim:

«Nas suas histórias há um exemplo para os sen-satos. É inconcebível que seja uma narrativa forjada, pois é a corroboração das anteriores, a elucidação de todas as coisas, a orientação e misericórdia para os que creem». (12:111)

Quarto: O Islão afirma que existe um laço especial entre os muçulmanos, os judeus e os cristãos. Os judeus e os cristãos são mencionados como "Adeptos do Livro" Alcorão, fazendo referência à gente da Torah e do Evan-gelho. Os judeus, os cristãos e os muçulmanos são vis-tos como familiares, cujas crenças estão baseadas nas escrituras reveladas e que compartilham a tradição profética. Em particular, o Alcorão faz ênfase na proxi-midade entre os seguidores do Cristianismo e do Islão:

«Constatarás que aqueles que estão mais próxi-mos do afecto dos fiéis são os que dizem: Somos cristãos». (5:82)

No Alcorão Deus ordena aos muçulmanos (e de facto a todos os crentes sinceros) crer em Jesus, Moisés e todos os profetas bíblicos enviados:

«Dizei: “Cremos em Deus, no que nos tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacó e às tribos; no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos profetas por seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles, e nos submetemos a Ele”». (2:136).

A tolerância do Islão não se limita aos "Adeptos do Livro", mas estende-se a todos os crentes sinceros e amantes da verdade. Deus afirma no Sagrado Alcorão:

«Os fiéis, os judeus, os cristãos e os sabeus, enfim todos os que creem em Deus, no Dia do Juízo Final, e praticam o bem, receberão a sua recompensa do seu Senhor e não serão presas do temor, nem se atribularão». (2:62).

Os crentes sinceros de todas as religiões, de facto, formam a comunidade dos justos, e Deus estende a Sua graça, sobre eles, com justiça:

«Quanto aos muçulmanos e às muçulmanas, aos fiéis e às fiéis, aos obedientes e às obedientes, aos verazes e às verazes, aos perseverantes e às per-severantes, aos humildes e às humildes, aos cari-tativos e às caritativas, aos jejuadores e às jejua-doras, aos recatados e às recatadas, aos que se recordam muito de Deus e às que se recordam d’Ele, saibam que Deus lhes tem destinado a indulgência e uma magnífica recompensa». (33:35).

Quinto: O Islão afirma, inequivocamente, o direito de cada individuo à liberdade de pensamento e religião. Se alguém tiver o tempo necessário para ler o Alcorão e estudar a vida do Profeta Muhammad, a paz esteja com ele, e à dos seus companheiros, descobrirá que eles construíram uma sociedade baseada no amor, misericór-dia, justiça e irmandade. Também encontrará que a sua aceitação do Islão foi resultado do uso da sua razão e convicção, e não da violência, compulsão ou opres-são. O Sagrado Alcorão ordena:

«Não há compulsão na religião: o caminho verda-deiro já está distinto do errado; aquele que rejeita o mal e crê em Deus terá lançado mão de um susten-táculo firme, inquebrantável». (2:256).

O Islão insiste que as pessoas, não só as muçul-manas, devem desfrutar da liberdade de religião e ado-ração; considera os lugares de adoração sagrados, sejam estes judeus, cristãos ou muçulmanos, e pede aos muçulmanos que defendam esta liberdade de culto para todos. O Islão busca o estabelecimento de uma sociedade livre e universal na qual todos possam viver desfrutando da liberdade religiosa, a salvo e em igual-dade. Deus disse no Alcorão:

«E se Deus não tivesse refreado os instintos ma-lignos de uns em relação aos outros, teriam sido destruídos mosteiros, igrejas, sinagogas e mesqui-tas, onde o nome de Deus é frequentemente celebra-do. Na verdade, Deus secundará quem O secundar, em Sua causa». (22:40).

Sexto: Outro ponto importante dentro da tolerância religiosa do Islão é a ideia de que, onde existam diferenças de credo, os seus seguidores devem relacionar-se uns com os outros sobre a base do respeito mútuo e da amabilidade. O Islão convida os muçulmanos a conduzir este diálogo, e também os debates, sobre assuntos religiosos, com um espírito de amabilidade, sensibilidade e boas intenções e nunca com hostilidade ou violência. Deus disse no Sagrado Alcorão:

«E não discutas com os adeptos do Livro, senão da melhor maneira». (29:46).

O reconhecimento de que Deus é o Senhor de tudo, o Único Juiz e o Conhecedor de tudo, é a razão pela qual os muçulmanos levam as suas discussões com amabi-lidade:

«Convoca à senda do Teu Senhor com sabedoria e uma bela exortação». (16:125).

Inclusivamente quando se enfrentam pessoas que são hostis à sua fé e a eles mesmos, os muçulmanos devem tomar o caminho da bondade, paz e unidade e res-ponder com paciência e amabilidade. Deus dirige-se aos crentes da seguinte maneira:

«Jamais poderão equiparar-se a bondade e a maldade! Retribui (ó Mohammad) o mal da melhor forma possível, e eis que aquele que nutria inimizade por ti converter-se-á em íntimo amigo!» (41:34).

A tolerância do Islão na prática: alguns exemplos históricos

Inclusivamente um olhar superficial sobre a história antiga do Islão descobrirá exemplos marcantes da tolerância islâmica. Vou apresentar aqui só uns poucos, como exemplos úteis de harmonia inter-religiosa. Durante a sua vida como homem de religião e chefe de estado, o Profeta Muhammad, a paz esteja com ele, mostrou uma grande sensibilidade e respeito no seu trato com os "Adeptos do Livro", ou seja, com os judeus e os cristãos. Seguindo o espírito da revelação do Sagrado Alcorão que lhe havia sido confiado, o Profeta Muhammad, paz esteja com ele, proibiu os muçulmanos de maltratar os não muçulmanos, dizendo: "quem maltrate um cristão ou um judeu será meu inimigo no Dia do Juízo".

O que primeiro fez o Profeta Muhammad, paz esteja com ele, depois de entrar em Medina, onde havia sido convidado como seu líder, foi fazer um pacto entre os muçulmanos e os "Adeptos do Livro" dessa cidade. Nes-se tratado acordou-se que os muçulmanos lhes garan-tiriam a liberdade de crença e os mesmos direitos e deveres que aos muçulmanos. Quando uma delegação de cristãos de Abissínia chegou a Medina, o Profeta, a paz esteja com ele, levou-os à mesquita e encarregou- -se pessoalmente deles. Logo depois de lhes servir a comida disse-lhes que tinham sido tão amáveis e gene-rosos com os seus companheiros, que tinham emigrado anteriormente para Abissínia, que não podia fazer me-nos que honrá-los ele mesmo.

Assim como, quando chegou a Medina a delegação cristã de Najran, no sudoeste da Arábia, o Profeta recebeu-os na mesquita e convidou-os a fazer as suas orações na mesquita. Os muçulmanos, junto ao Profeta, rezaram numa parte da mesquita e os cristãos na outra; durante a sua visita, o Profeta debateu muitas ideias com eles, de forma educada e amável.

Os sucessores do Profeta continuaram aplicando esta política Alcorânica de tolerância religiosa. Quando Umar ibn Al-Khatab, o segundo califa, libertou Jerusalém da ocupação Romano-bizantina, aceitou as condições que lhe pediam os habitantes cristãos; inclusivamente, du-rante a sua estadia nessa cidade, uma vez, em que Umar estava dentro da igreja mais importante de Jeru-salém, chegou o tempo da oração da tarde, os cristãos ofereceram-lhe fazer as orações na igreja; mas ele recusou, por receio de que os muçulmanos de gerações futuras confiscassem a igreja para fazer uma mesquita.

Quando uma mulher copta, uma seita cristã do Egipto, veio a Umar queixando-se de que o governador muçul-mano Amr ibn al-As tinha tomado a sua casa para acrescentar o seu terreno a uma mesquita que se estava a construir ao lado, Umar indagou ao governador sobre a questão e Amr disse-lhe que o número de muçul-manos tinha crescido tanto que necessitavam de ampliar a mesquita. Amr explicou-lhe que tinha oferecido à mulher uma grande quantidade de dinheiro, mas que ela o tinha recusado e, por isso, tinha deixado o respectivo dinheiro num fundo, para que ela o tomasse quando quisesse. E actuou dessa forma, pois as leis modernas permitam este tipo de procedimento. Umar não aceitou essa justificação por ir contra os princípios islâmi-cos e ordenou aos muçulmanos que detivessem a expansão e reconstruissem a casa da mulher cristã, tal como era antes.

A Jizya, o imposto que os não muçulmanos deviam pagar nos territórios muçulmanos em troca de proteção militar e de outros benefícios que lhes oferecia o estado, foi outro tema que causou mal-entendidos. Quando os muçulmanos se deram conta que tinham sido ven-cidos na cidade de Homs e que não podiam garantir por mais tempo a proteção aos cristãos, devolveram-lhes a Jizya. Os muçulmanos, de facto, “pagam um imposto” chamado Zakat, destinado aos mais necessitados, que é muitas vezes maior que a Jizya.

Um dia Umar ibn al-Khatab viu um homem pedindo esmola na rua e tendo perguntado quem era esse homem, disseram-lhe que era um judeu. Umar tomou-o na sua mão e levou-o a sua casa, alimentou-o e deu-lhe dinheiro e mandou-o ao Tesouro dos muçulmanos, di-zendo: “deem a este homem do dinheiro dos necessita-dos muçulmanos. Por acaso está permitido tomar o seu dinheiro (de Jizya) quando ele era jovem e negá-lo ago-ra, na sua necessidade? Isso não é possível no Islão”.

O filho do governador do Egipto correu numa corrida de cavalos com um cristão copta e o cristão ganhou. Enfadado, o filho do governador golpeou-o com o seu chicote. O homem levou o seu caso a Umar no período de Hajj (a peregrinação anual dos muçulmanos a Meca) e, em frente de todos os muçulmanos, Umar ibn al-Khatab deu um chicote ao cristão copta, dizendo-lhe: "golpeia o homem que te golpeou". Depois, Umar dirigiu--se a Amr, o governador do Egipto, dizendo-lhe: "Como se pode fazer escravo a alguém que nasceu livre?".

Os cargos nos estados islâmicos davam-se aos me-lhor qualificados, independentemente das suas cren-ças ou origens. Por exemplo, ibn Athal, o médico cristão, foi médico privado de Mu’awiya, o fundador do estado Omíada. Outro califa Omíada, Abdul Malik ibn Marwan, pôs dois cristãos, Atanásio e Isaac, nas posições mais altas de Egipto. Adud al-Dawla, o califa Abássida, fez de Nasr ibn Harun, um cristão, o seu primeiro-ministro e deu-lhe autoridade sobre o Ira-que e o sul da Pérsia.

O Islão garante aos não muçulmanos os seus direitos, junto aos dos muçulmanos, entre eles o direito à vida, à liberdade e à propriedade. O Profeta Muhammad, a paz esteja com ele, disse: "Quem maltrata um não muçul-mano ou lhe impõe cargas superiores às que pode suportar, encontrar-me-á como seu inimigo". O Islão permite aos não muçulmanos viver em terras muçul-manas com respeito e honra, longe de impor segrega-ção, permite-lhes participar completamente na socieda-de islâmica e participar nas actividades dos muçulma-nos, de acordo com o que estabelece Deus no Alcorão:

«Hoje, estão-vos permitidas todas as coisas sa-dias, assim como vos é lícito o alimento dos que receberam o Livro, da mesma forma que o vosso é lícito para eles. Está-vos permitido casardes com as castas, dentre as fiéis, e com as castas, dentre aquelas que receberam o Livro antes de vós». (5:5)

Esperanças no Futuro

Os dias em que a humanidade podia simplesmente aceitar a ignorância e a imitação cega foram-se para sempre. É o tempo do conhecimento, da luz e da verdade. Um tempo em que a humanidade só aceita as coisas de acordo com a razão, a lógica e a evidência científica. A humanidade chegou a um alto nível de progresso científico e luxos materiais, longe do ima-ginável pelas gentes de tempos passados. No entanto, a humanidade está ameaçada pela destruição de duas perspectivas: a espiritual e a física. Em último termo, os problemas da civilização moderna se devem à sua indiferença frente a Deus e frente à orientação espiritual que Ele oferece a todos. Deus enviou os Seus mensa-geiros e profetas através dos tempos como um presente da Sua parte, para guiar a humanidade à felicidade e ao êxito. No Alcorão, Deus disse ao Profeta Muhammad:

«E não te enviámos senão como misericórdia para toda a humanidade». (21:107).

As mensagens de Deus, através dos séculos, aconselharam a gente a viver como uma família, em amor e tolerância. Esta é a única forma de vida através da qual a humanidade se pode assegurar e desfrutar das graças de Deus e, ao mesmo tempo, dos frutos do progresso moderno. Se a humanidade tivesse levado no seu coração a essência das revelações divinas, não teria sofrido o inferno das duas últimas Guerras Mundiais e não estaria à beira do desastre nuclear ou da destruição do meio ambiente.

Os homens e as mulheres de fé devem despertar, abrir os seus olhos, e começar a olhar uns aos outros através de lentes que aproximem as coisas e não das que as afastem. A paz verdadeira só se pode conseguir se estivermos unidos sob o estandarte de Deus e dos Seus mensageiros, e nos unirmos em irmandade e co-operação, para construir uma fé racional para a gente do presente e das gerações futuras. Se pudéssemos en-contrar a coragem suficiente para o fazer, os seres hu-manos poderiam viver num paraíso terreno enquanto esperam pelo Paraíso Eterno.

É o momento para que as nossas nações do mundo cooperem com amor e generosidade e se unam na adoração do Único Criador do Universo, o Mais Com-passivo, o Mais Misericordioso. Ao fazê-lo, reviveremos e realizaremos os ensinamentos dos profetas, de uma forma consistente com as realidades da civilização mo-derna, cooperando nas coisas em que estamos de acordo e debatendo de maneira fraternal nas que dife-rimos.

Que Deus nos guie até ao bem, para buscar a verdade, sem prejuízos nem ambições terrenas, com o espírito do amor, da tolerância e da irmandade. 

Todos os louvores e graças são para Deus, o Senhor do Universo. Que a Paz esteja convosco.

Quem não pretender continuar a receber estas reflexões, por favor dê essa indicação e retirarei o respectivo endereço desta lista.

Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 02/04/2015

OS ANJOS – 4ª. PARTE

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

Israfil (Aleihi Salam) – Rafael (Que a Paz de Deus esteja com ele), é o anjo  responsável pelos toques da trompeta no dia do Juízo Final”. Ao Primeiro Som, todos os seres vivos serão destruídos. Ao soprar a trompeta pela segunda vez, todas as almas ressuscitarão com a permissão de Deus, para prestarem contas do que fizeram neste mundo passageiro. Abd al Rahman b. Auf referiu: “Eu perguntei a Aisha, a mãe dos crentes para me informar quais as palavras que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) iniciava as orações, quando ele se levantava durante a noite (qiyam al-layl). Ela respondeu: Quando ele se levanta à noite, ele inicia as orações com estas palavras: “Ó Allah, Senhor de Gabriel, e Miguel e de Israfil, Criador dos céus e da terra, que conheces o invisível e o que é visto. Tu decidistes entre os Teus servos, as suas diferenças. Guia-me com a Tua permissão nas visões divergentes (que as pessoas têm) sobre a verdade, pois Tu é que guias a quem Tu queres para o caminho recto. Muslim 4:1694.

Outros anjos circulam pelo mundo à procura dos crentes que estão na recordação de Deus (Zikr). Abu Huraira (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: Deus designou um grupo de anjos que percorrem as ruas em busca do agrupamento das pessoas que se encontram na recordação de Deus. E quando encontram esse agrupamento, chamam pelos outros anjos, para virem ver o que estavam procurando. Então os anjos os cobrem com as suas asas até ao céu …”. Bhukari e Muslim.

A intervenção dos anjos nas nossas vidas, começa no início da nossa gestação, quando na barriga das nossas mães, os nossos órgãos e o nosso corpo começam a ganhar forma. O destino é então traçado para toda a nossa vida. A ciência médica actual confirma as fases da gestação e formação do ser humano, transmitidas há mais de 1.400 anos através do seguinte hadice: Abdullah (b. Massud) (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam), cuja sinceridade e veracidade é um facto, disse: “De facto, é desta maneira a Sua criação. Os elementos de cada um de vós são reunidos no ventre da vossa mãe durante quarenta dias, na forma de sangue, depois torna-se um coágulo de sangue no outro período de quarenta dias. Então torna-se um pedaço de carne e quarenta dias mais tarde, Deus envia o Seu anjo e com ele com ordens acerca de quatro assuntos: (1) escrever o seu sustento; (2) a sua morte; (3) suas acções; (4) sua fortuna e a sua pobreza. Por Ele, além do qual não existe outro deus, se um de vós age como as pessoas que merecem o paraíso até que a distância entre vós e o paraíso for (só) de um palmo, quando de repente ele é antecipado pelo destino e começa a praticar actos dos residentes do inferno e assim entra no inferno. E outro que que actua de acordo com os residentes do inferno, até que a distância entre ele e o inferno for (só) de um palmo e ser antecipado pelo que estiver destinado, em seguida ele começa a praticar acções das pessoas do paraíso e entra no paraíso. Muslim. 33.6390. Este hadice foi também compilado por Bhukari.

As nossas mães protegem-nos quando somos pequenos e até já crescidos. Com bravura, os animais (fêmeas) protegem os seus filhotes dos ataques dos predadores. Também as nossas mães cuidam de nós e nos protegem em todas as fases do nosso crescimento. Muitas vezes, as nossas mães não revelam as nossas falhas, o que nos salva de levarmos uma reprimenda dos nossos pais. Os Anjos também são protectores dos crentes. “Diz-lhes: Ele é o Soberano Absoluto dos Seus servos e vos envia anjos da guarda para que, se a morte chegar a algum de vós, os Nossos mensageiros o recolham, sem negligenciarem o seu dever”. Cur’ane 6:61.

Dois anjos permanecem com o ser humano. Um deles anota as boas acções e outro, as más acções. “Criamos o homem e sabemos o que a sua alma lhe confidencia, porque estamos mais perto dele do que a (sua) veia jugular. Eis que dois (anjos da guarda), são apontados para anotarem (suas obras), um sentado à sua direita e o outro à esquerda”. Cur’ane 50:16 e 17.

“ALLAHU NURO SAAMÁ WÁTI WAL ARDH. “ALLAH É A LUZ DOS CÉUS E DA TERRA”. “Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 36:17. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

02/04/2015

segunda-feira, março 30, 2015

A L M A D I N A AS REGRAS ALIMENTARES NO ISSLAM - Por: Sheikh Aminuddin Mohamad

O Isslam não se restringe apenas a um conjunto de rituais, pois vai muito para além disso. É um código de vida completo, que exige dos seus seguidores uma vida inteira passada em conformidade com as ordens do Criador, bem como com as orientações deixadas pelo Seu Mensageiro. Isto não se limita aos assuntos espirituais, estendendo-se também à vertente material da vida como por exemplo, em matérias relacionadas à nutrição e saúde. O Isslam transmite-nos orientações sobre o que se deve comer e vestir, bem como sobre o que se deve evitar. No capítulo dos alimentos o Al-Qur’án diz no Cap. 16, Vers. 114 – 115:

“Comei portanto, dos alimentos Halaal (lícitos) e bons que Deus vos deu, e agradecei o favor de Deus se é só a Ele que adorais.

Ele apenas proibiu-vos (de consumir) a carne do animal que morre de causas naturais, o sangue, a carne de porco, e o que é degolado em nome do quer que seja para além de Deus. Mas caso alguém se veja forçado (a comer dessa carne) pela necessidade, não o desejando, nem atravessando o limite (da necessidade absoluta, só para se manter vivo), então, Deus é Perdoador, Misericordioso”.

Deduzimos destes versículos, que podemos comer tudo o que é Halaal e bom, e que comidas sujas são Haraam (proibidas), mas que no momento de necessidade, para salvar a vida, se pode comer algo que seja Haraam.

Antes de mais temos que entender que só Deus tem a autoridade de declarar algo Halaal ou Haraam, pois nem mesmo os profetas têm essa autoridade.

Por isso Deus diz no Cap. 2, Vers. 168 do Al-Qur’án: 
“Ó Homens! Comei do que há na Terra, que seja lícito, bom e saudável, e não sigais os passos de Satanás. Certamente ele é para vós, um inimigo declarado”. 

Deus criou muita coisa na Terra, que pode servir de alimento para nós. Por exemplo, criou variedades de vegetais, de frutas e de cereais. Criou o leite, o marisco e o mel. Criou também vários animais de onde vamos buscar as carnes, tanto de quadrúpedes como de aves, de animais bravios, etc. A carne destes animais que Deus colocou à disposição do Ser Humano pode ser consumida (excepto a dos animais declarados Haraam), desde que sejam degolados em nome de Deus, derramando todo o sangue conforme as regras de Sharia.

Portanto, estes dois aspectos são a fórmula para tornar a carne Halaal.

É igualmente permitida a carne de caça, assim como consta no Al-Qur’án, Cap. 5, Vers. 4:

“Perguntam-te (ó Muhammad), o que é lícito para eles; Responde: ‘são lícitas para vós todas as boas coisas, e (é igualmente lícita) a caça trazida para vós por aqueles animais de caça (cães, aves) que vós treinastes e ensinastes daquilo que Deus vos ensinou’. Portanto, comei do que caçam para vós, e mencionai o nome de Deus sobre isso (isto é, ao soltar os animais de caça adestrados)”.

Portanto, todos aqueles que se sentem muçulmanos, antes de comerem carne devem procurar saber se tal carne é de algum animal ou ave Halaal, e se se aplicou sobre esse animal abatido a fórmula prescrita pelo Sharia.

Quanto à comida dos Adeptos do Livro (judeus e cristãos), consta o seguinte, no Cap. 5, Vers. 5 do Al-Qur’án:“Hoje são lícitas para vós, todas as boas coisas; E o alimento daqueles a quem foi dado o Livro, também é lícito para vós, e vosso alimento é lícito para eles”.

A comida deles é lícita para nós, nas mesmas condições impostas a nós, porque segundo a Bíblia, foram aplicadas as mesmas regras de Halaal e Haraam que constam no Al-Qur’án. Portanto, também para eles (cristãos e judeus) foi vedado o consumo de animal que tenha morrido de morte natural.

Consta na Bíblia, Levítico, 11; 39:“E, se morrer algum dos animais que vos servem de mantimento, quem tocar no seu cadáver será imundo até á tarde; Quem comer do seu cadáver lavará as suas vestes e será imundo até à tarde; E quem levar o seu corpo morto lavará as suas vestes e será imundo até à tarde”.

Consta também na Bíblia, Deuteronómio, 14; 21: “Não comereis nenhum animal morto”.

E sobre o porco, consta na Bíblia, Levítico, 11; 7 – 8: “Também o porco, porque tem unhas fendidas……; Este vos será imundo; da sua carne não comereis, nem tocareis no seu cadáver. Estes vos serão imundos”.

Ainda no Deutoronómio, 14; 8: “Nem o porco, porque tem unhas fendidas, mas não remoi; imundo vos será, não comereis da carne destes e não tocareis no seu cadáver”

Mas os alimentos deles (judeus cristãos) só são Halaal para nós, se na comida confeccionada não tiver sido introduzido qualquer carne ou condimento Haraam como por exemplo, bebidas alcoólicas ou algum derivado de porco, pois tudo isso Deus declarou Haraam para eles também.

Portanto, se alguém de entre eles transgredir essas leis e não respeitar a proibição, e comer do Haraam, então tal comida não é lícita para nós.

Infelizmente hoje em dia, muitos não respeitam as regras impostas pela Bíblia, e consomem carne de porco, não abatem os outros animais lícitos em nome de Deus, e na preparação de alimentos usam o álcool, pois muitos deles até confessam serem ateus, portanto, não praticantes de nenhuma religião, pelo que não é lícito aos muçulmanos consumirem desses alimentos.

E se alguém estiver de viagem, deve optar por outras alternativas: mariscos, vegetais, etc.

A proibição tanto na Bíblia como no Al-Qurán, de consumo de porco e de qualquer animal morto de morte natural, tem por objectivo a defesa da nossa saúde, pois a carne desses animais pode ser prejudicial à nossa saúde, provocando assim graves doenças.

Ainda sobre os animais ilícitos, consta no Al-Qur’án, Cap. 5, Vers. 3: “É-vos proibido o animal morto, o sangue, a carne de porco, e os animais degolados sob invocação de outro nome que não o de Deus, o estrangulado, o morto por pancadas, ou por queda, ou por chifrada, (os restos) dos animais consumidos por feras (excepto o que degolastes de forma ritual, enquanto vivos), e o que foi sacrificado para os ídolos (nos altares); E (é proibido) fazer consultas à sorte através de setas (de adivinhação). Tudo isso é pecado”.

Portanto, a nossa religião está facilitada e não impõe dificuldades às pessoas, pelo que em caso de necessidade extrema, em que a pessoa não encontra alimentos Halaal correndo o risco de morrer, então aí a regra é a de excepção, pois a vida é só uma e é valiosa, sendo que a sua preservação constitui uma obrigação. Nesse caso, a pessoa poderá comer qualquer coisa que encontrar para salvar a sua vida. Sobre isto, o Al-Qur’án diz no Cap. 5, Vers. 3: “Mas quem na fome extrema for forçado (a comer do ilícito) sem se inclinar (intencionalmente) para o pecado (nem exceder o que é necessário) então (sabei que) certamente Deus é Perdoador, Misericordioso”.

Se alguém adoecer e o médico prescrever-lhe algum medicamento que contenha álcool ou qualquer outra substância ilícita, então, tratando-se de uma situação de necessidade, ele deve tomar esse medicamento e não pôr em perigo a sua vida, nem deixar que a sua saúde se deteriore.

Este é um ponto importante que os nutricionistas devem saber.

Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuh