sexta-feira, novembro 11, 2011

Visita (Ziyárat) à Cidade de Maka - Cidade Sagrada do Islam

"A primeira Casa (Sagrada) fundada para as pessoas (adorarem a Deus), é a que está em Bakkah (Maka). É abençoada e serve de guia para os povos do mundo.

"Nela há sinais claros, entre os quais, o lugar de Ibrahim (Abraão) e quem nela entra, estará seguro." Cur'ane 3:96 e 97.

As visitas (ziyárats) aos locais históricos de Maka, não fazem parte dos rituais do Umra e do Haj (as chamadas pequena e grande peregrinações). No entanto, as mesmas ajudam-nos a perceber a história do Islão, do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) e dos seus companheiros (Radiyalahu an-huma). 

Para além de aumentarmos os nossos conhecimentos acerca do Islão, também obtemos recompensas espirituais.

- Local do Nascimento do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam). Fica mesmo perto de Safa. A casa foi transformada numa biblioteca e não se encontra na sua forma original.

- Casa de Khadija (Radiyalahu an-ha), a primeira esposa do Profeta. Onde também nasceram todos os filhos do casal. O Profeta viveu nesta casa, antes de se retirar para Madina, por causa dos maus tratos que lhe eram infligidos por parte de alguns idólatras residentes de Maka, (Foi nessa altura que se iniciou a contagem do calendário Islâmico -Hijra).

- Jabal Abu Cubaiss, montanha situada perto da colina de Safa em frente à Casa Sagrada, onde se deu o milagre da fenda da lua (Chakkul-Camar", cujo facto se encontra mencionado no Cur'ane.

- Jabalun - Nur , Montanha da Luz, a cerca de 5 Kms de Maka. Ainda jovem, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) costumava retirar-se para esta montanha para meditar em solidão, recordando Deus. Foi aqui que recebeu a primeira revelação do Cur’ane, através do Anjo Jibrail (Gabriel). “Recite, em nome do teu Senhor…...Cur'ane (capítulo 96).

- Jabaluth – Thaur, montanha que fica a cerca de 11 kms de Maka, onde o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) e Abubakar Siddik (Radiyalahu an-hu) se refugiaram dos perseguidores, quando se dirigiam para Madina (Hirja). Quando os dois se encontravam escondidos numa caverna, uma aranha teceu uma teia, que cobriu a entrada, iludindo assim os perseguidores.

- Jannatul- Malá ou Muallá, o mais antigo cemitério de Maka, onde se encontram sepultados diversas personalidades, nomeadamente, Abdul Mutallib e Abu Talib, respectivamente avô e tio do Profeta. Também encontram-se lá as sepulturas dos filhos do Profeta e de outros seus companheiros.

- Os Massjids Jin, Ráyah, Chajarah, Khaif e Kaussar ( neste ultimo, onde foi revelado o Suratul-Kaussar).

A Mesquita Aicha, fica relativamente perto de Maka, serve os residentes de Maka e os peregrinos que se encontram já em Maka, que pretendam fazer o Umra, para onde se dirigem já com o Ehram vestido ou vestem-no neste Masjid. Proclamam a intenção e regressam a Maka, já prontos para cumprirem com os rituais. Assim, o peregrino pode fazer tantos Umras quanto os desejar, mas para isso, para cada um deles, deverá deslocar-se a essa Mesquita para iniciar a pequena peregrinação.

Os locais abaixo referidos, são pontos de passagem obrigatórios do Haj. No entanto, quem for fazer só o Umra, não irá passar pelos mesmos, pelo que se recomenda uma visita guiada;

- Mina: - Encontra-se a cerca de 5 Kms. de Maka. No local, são montadas milhares de tendas para albergar os peregrinos que durante os dias de Haj, aqui permanecem a maior parte do tempo, fazendo zikr (recordando a Deus), orações obrigatórias e facultativas e diversas preces.

Foi neste lugar que o Profeta Abraão (Que a Paz de Deus esteja com ele) trouxe o seu filho para o sacrificar, cumprindo com as ordens de Deus. Recordando este importante acontecimento, os peregrinos que se encontram no local, solicitam aos seus representantes, para se deslocarem aos matadouros a fim de efectuarem os sacrifícios em nome deles.

Também, em toda a parte do mundo, os muçulmanos fazem os seus sacrifícios e cuja carne é dividida em 3 partes iguais e distribuída, para os vizinhos e amigos, para os pobres e para o próprio consumo.

- Arafat: É o local mais importante para o Haj. “O Haj é Arafah, O Haj é Arafaf”, referiu o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam). Neste local, existe a Mesquita Namira, para onde os peregrinos se dirigem para as orações. No entanto, a maioria deles permanecem nas tendas, já que não é possível albergar dentro da Mesquita, os milhões de crentes. Em Arafat encontra-se o monte Jabalur - Rahman – a montanha da misericórdia, onde o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) dirigiu a sua última mensagem.

- Muzdalifa: É neste lugar que os peregrinos passam a noite no segundo dia de Haj e o melhor local para apanhar as pedrinhas necessárias para apedrejar os cheitanes.

Entre Mina e Muzdalifa, existe um lugar denominado de Muhassir, no vale do mesmo nome, onde ocorreu o incidente conhecido por “ano dos elefantesou “senhores dos elefantes”. No referido acontecimento, no ano de 570 D.C., os invasores que pretendiam destruir a Caaba, foram derrotados por pedrinhas lançadas por um bando de pássaros.

- Os Jamarates, Em Miná, o visitante encontrará 3 locais onde se encontram instalados 3 pilares, simbolizando os cheitanes (diabos – o pequeno, o médio e o grande), esses que nos perseguem a cada momento da vida. Foi nesse local que o Profeta Abraão foi tentado pelo cheitane, quando levava o seu filho Esmael para o sacrificar e por três vezes o Profeta atirou pedrinhas no diabo que se afundou nas areias. Os peregrinos ao atirarem as pedrinhas para os “pilares”, simbolizam o repúdio pelas tentações e pelos pecados cometidos. Depois de apedrejarem os dois cheitanes pequeno e médio, voltam-se de costas para os pilares e fazem preces, pedindo a Deus perdão pelos pecados cometidos e um novo caminho a trilhar. Depois de “derrubarem” o cheitane grande, pura e simplesmente ignoram-no e viram as costas e caminham para uma nova vida.

Para aprofundarem ou recordarem os vossos conhecimentos acerca dos temas relativos ao Haj e do Umra, recomendo a leitura do livro “Umra, Haj e Ziárat” do Maulana Aminuddin Mohamad. É um manual que aborda os ensinamentos, que direta ou indiretamente estão ligados ao Umra e ao Haj, cuja leitura nos faz recordar / aumentar o nosso Ilm religioso.

Um bom dia de Juma,

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

11/11/2011 - Maputo - Moçambique

quarta-feira, novembro 09, 2011

SAHABA 48 - Khabbab b. al Arat

Dr. Abdulrahman Ráafat Bacha
Tradução: Prof. Samir El Hayek

“Que Allah tenha misericórdia de Khabbab; ele abraçou o Islam com todo o seu coração, realizou a Égira espontaneamente, e viveu a vida como um mujahid.” (Áli b. Abi Tálib)

A Umm Anmar, procedente do clã dos Khuzá, vagava pelo mercado de escravos de Makka, pois desejava comprar um rapaz que a iria servir e lhe trazer um pouco de lucro, com o seu trabalho. Cuidadosamente ela escrutava os rostos dos escravos que estavam à venda, e, por fim, decidiu-se por um rapaz que ainda não tinha chegado à puberdade. Parecia ser a melhor escolha, pois ele estava estourando de boa saúde, e parecia ser inteligente. Pagando por ele, ela o levou para sua casa. Enquanto estavam caminhando, ela perguntou:

“Qual o teu nome, filho?” “Khabbab.”

“Qual o nome do teu pai?” “Al Arat.”

“De onde és?” “De Najd.”

“Então és árabe!” ela exclamou.

“Sim, eu procedo dos Banu Tamim”, ele respondeu.

“E como vieste cair nas mãos dos mercadores de escravos?” ela perguntou.

“Nossas terras tribais foram invadidas por uma tribo beduína; eles pegaram os nossos animais domésticos, raptaram as mulheres, e vanderam as crianças como escravas. Eu era uma das crianças, e fui vendido e revendido, até que acabei na tua posse, aqui em Makka.

A Umm Anmar mandou o seu novo escravo para a oficina de um ferreiro, em Makka, para que ele pudesse aprender o ofício dele, que era o de fazer espadas. Bem logo ele se tornou tão perito em fazer espadas, que se igualava ao seu professor. Após ele se tornar um pouco mais velho e forte, a Umm Anmar comprou uma oficina e todas as ferramentas necessárias pera o novo ofício do Khabbab, e o pôs a trabalhar na frágua. Ele teve sucesso, e a Umm Anmar começou a colher os frutos financeiros da confecção de espadas do rapaz. Ele se tornou famoso em Makka, sendo que as pessoas apinhavam a sua oficina, não apenas por causa da suas espadas lindamente feitas, mas porque ele era confiável, e honesto nos tratos comerciais.

Embora o Khabbab fosse ainda um tanto jovem, possuía a inteligência e maturidade de um homem na sua planitude, e a sabedoria de um encanecido. Quando o seu período de trabalho terminava, sentava-se, só, e refletia sobre a sociedade em que vivia. Era uma sociedade de al jahiliya, embebida em decadência e corrupção. Ficava consternado com a cega ignorância daquele desnortedo povo, e não podia esquecer-se de que a sua escravização tinha sido o resultado da anarquia que dominava a Arábia daquele tempo. Dizia consigo memsmo:

“Esta longa noite deverá ter fim!” e esperava que fosse viver bastante para testemunhar o nascimento de uma nova era.

Na realidade, o Khabbab não teve que esperar muito tempo, pois logo ouviu a notícia de que um raio de esperança aparecera no horizonte. Tratava-se da notícia de que um jovem do clã dos Banu Háchim, chamado Mohammad b. Abdullah (S), estava a conclamar o povo para algo novo. Khabbab o procurou, na primeira oportunidade, e ouviu o que ele estava pregando. Ele ficou pasmádo pela beleza e verdade da Divina mensagem, e estendeu a mão para o Profeta (S), em declaração do testemunho de fé, dizendo:

“Presto testemunho de que não há outra divindade além de Allah, e que Mohammad (S) é o Seu servo e Mensageiro.”

Ele foi o sexto indivíduo a aceitar o Islam, e foi dito dele, mais tarde, que, por um período de tempo, ele constituía um sexto da comunidade do Islam.

Khabbab não fez segredo quanto à sua conversão ao Islam, e a Umm Anmar foi a primeira pessoa a saber daquilo. Ela se encheu de fúria, e mandou chamar o seu irmão, o Siba b. Abd al Uzza. Seguido por uns membros do clã dos Khuza’a, foram para a oficina, onde encontraram o Khabbab absorto em seu trabalho. Siba o confrontou, dizendo:

“Ouvimos uma coisa inacreditável sobre ti!”

“Que foi?” perguntou o Khabbab.
“Todos estão a dizer que te tornaste herético, e que passaste a acreditar naquele rapaz(Rapaz – desrespeito ao Profeta (S) que, naquela altura, tinha 40 anos) dos Banu Háchim!”

“Eu não me tornei herético, mas passei a crer no Allah Único, sem ninguém a se associar a Ele. Pus de lado a crença nos vossos ídolos, e prestei testemunho de que Mohammad (S) é o servo e Mensageiro de Allah.”
Logo que o Khabbab acabou de dizer aquilo, o Siba e sua turma pegaram o jovem, bateram nele, chutaram-no, e arremesaram as ferramentas contra ele, até que ele perdeu a consciência, e ficou estendido no chão a sangrar.

Logo todos da cidade de Makka ouviram dizer da conversão do Khabbab. Como um relâmpago, a notícia de como um mero escravo havia desafiado sua própria ama se espalhou; era a primeira vez que alguém se havia adiantado, declarando, intrépida e abertamente, que tinha aceitado a religião pregada por Mohammad (S).

Até os chefes do Coraix ficaram abalados pela notícia sobre Khabbab. Estava além das mais desenfreadas imaginações deles o fato de que um ferreiro, que era apenas um escravo pertencente à Umm Anmar, sem parentes para o protegerem, nem tribo para lhe dar abrigo, pudesse ser tão arrojado ao ponto de desafiar a autoridade dela, e tratar com desprezo os ídolos e o culto dos ancestrais dela. Eles estavam certos de que um evento tal podia ter conseqüências abrangentes. E eles não estavam errados, porque a coragem de Khabbab fez com que um grande número dos seus companheiros anunciasse sua crença na mensagem da verdade.

Os líderes do Coraix se reuniram na Caaba, liderados por Abu Sufyan b. Háris, Al Walid b. al Mughira, e Abu Jahl b. Hicham. Discutiram a questão sobre Mohammad (S), e concordaram com que ela se estava tornando séria, num curto espaço de tempo, e não havia um fim visível. Concordaram em lidar com o problema, e pôr um fim ao Islam, antes que este se disseminasse pela sociedade, e por fazerem com que cada tribo fosse responsável pelos seus membros que se convertessem. Essa tribo deveria perseguir os convertidos, até que estes ou abjurassem suas crenças, ou morressem. Certamente, o mister de perseguir o Khabbab foi para o lado do Abd al Uzza e do seu bando de desordeiros. O método de o torturarem era esperarem até ao meio-dia, quando o calor do sol era tão intenso, que podia atear fogo à relva. Então eles levavam o Khabbab para uma clareira, despiam-no, e o vestiam com uma armadura. Deixavam-no ao calor, até que estivesse quase a morrer de sede, e então o interrogavam:

“Que dizes acerca de Mohammad (S), agora?”

“Digo que ele é o servo de Allah e o Seu Mensageiro, e que nos trouxe a religião da diretriz e da verdade, para nos tirar das trevas e nos levar para a luz.”

Batiam nele de modo brutal, antes de lhe perguntarem:

“E que tens a dizer sobre Al Lat e Al Uzza(Al Lat e Al Uzza – dois dos ídolos de Makka. Al Lat era uma pedra assentada no velho túmulo de um homem chamado Al Lat; e Al Uzza era uma árvore dedicada ao planeta Vênus.)?”

“São dois ídolos surdos e mudos, incapazes de causar mal e fazer o bem”, era a sua resposta. Então eles pegavam pedras de enxofre que haviam sido aquecidas numa fogueira, e as pertavam contra as costas dele, até que suas costas e seus ombros ficassem em carne viva.

A Umm Ammar não ficava atrás do seu irmão, quanto à crueldade contra o Khabbab. Um dia, ela viu o Mensageiro de Deus (S) passando pela oficina dela, e o viu parar e conversar com o rapaz. Com aquilo, sua fúria não teve limites, e fez do ato de pegar uma barra de metal ao rubro e o marcar na cabeça, sua prática diária. Conforme a carne dele se dilacerava e ele caía ao chão, desmaiando, ele orava em voz alta para que Allah Se vingasse dela e do Siba.

Quando o Profeta (S) anunciou aos seus companheiros a decisão de permitir que emigrassem para Madina, o Khabbab começou a se preparar para juntar-se aos crédulos, naquela hégira. Antes de deixar Makka, entretanto, ele soube que Allah havia respondido as suas orações, e repagado a Umm Anmar por sua crueldade. Ela começou a sentir dores de cabeça, de cujas agudezas jamais se ouvira falar. Eram tão agudas, que os berros dela, por causa da dor, pareciam os uivos de um cão. O filho dela começou a levá-la de um médico a outro, na busca da cura, e foi-lhe dito que a única cura para ela seria a cauterização da sua cabeça, e que a dor do rubro metal queimente iria fazer com que esquecesse as dores de cabeça.

Quando o Khabbab estava finalmente a salvo, em Madina, foi capaz de desfrutar do descanso que lhe havia sido negado por tanto tempo. Foi capaz de desfrutar da companhia do Profeta (S), sem passar por qualquer contrariedade que pudesse dilapidar a sua felicidade. Sob o estandarte do Profeta (S), o Khabbab lutou na batalha de Badr. Na batalha de Uhud, Allah permitiu que ele testemunhasse a morte do seu atormentador, o Siba, a lutar contra o Hamza b. Abdul Muttalib, o “leão de Allah”. Ele viveu o bastante para testemunhar as lideranças dos quatro califas(Califas de conduta reta (al khulafa al rashidun) – os que foram os líderes da comunidade muçulmana após à morte do Profeta (S): Abu Bakr, Ômar b. al Khattab, Otman b. Affan, e Áli b. Abi Tálib) de contdutas retas, que, de acordo com ele, mereciam toda a honra e todo o respeito.
Um dia, o Khabbab entrou na assembléia de Ômar b. al Khattab, que era califa na ocasião, e que teve óbvia pressa em fazer com que se sentasse no melhor lugar, dizendo:

“Somente o Bilal seria merecedor desse lugar.” Ômar quis saber dele qual havia sido a pior parte da perseguição nas mãos dos pagãos. Por timidez, o Khabbab não quis em princípio responder. Quando o Ômar se tornou insistente, Khabbab tirou o manto das costas e mostrou para o Ômar o quão desfigurado estava. Ômar recuou espantado, e perguntou:

“Como isso aconteceu a ti?”

Khabbab respondeu:

“Os pagãos faziam uma fogueira e esperavam até que as madeiras se queimassem todas e só restassem as brasas; depois me despiam e me arrastavam para lá e para cá sobre o braseiro, até que minha carne se destacasse dos meus ossos, e o fogo fosse apagado pelo líquido que saía dos meus ferimentos.”

No último período da sua vida, o Khabbab se tornou rico, após ter passado uma vida inteira de pobreza. Veio a possuir ouro e prata, em quantidades que ele jamais sonhara ter. De como ele dispunha do seu dinheiro, era algo que ninguém jamais imaginara. Ele guardava suas moedas e numismas num local da sua casa que era conhecido dos pobres e indigentes. Ele não tinha o dinheiro guardado ou trancafiado, sendo que as pessoas iam a sua casa e se serviam do que precisassem. Ele nem mesmo esperava que elas pedissem permissão. A despeito de toda aquela liberalidade, o Khabbab ainda temia que a sua riqueza o afastasse da recompensa da Vida Futura, e que fosse motivo para ele ser punido.

Alguns dos seus companheiros foram ao seu quarto, quando ele estava no seu leito de morte, e ele lhes disse:

“Há oito mil dirhams ali (e ele apontou); eles não estão escondidos, e sabei que eu nunca decepcionei ninguém que me pedisse dinheiro”, e então começou a chorar.

“Que é que te faz chorar, ó Khabbab?” perguntaram-lhe.

“Estou chorando porque meus companheiros que já morreram seguiram seus caminhos sem receberem qualquer recompensa nesta vida terrena. Eu adquiri esta riqueza e tenho vivido dela, e temo que esta seja a minha recompensa, que estive a receber pelos meus feitos, sem nada para mim, na Vida Futura!”

Quando o Khabbab passou desta vida para a Futura, o califa Áli b. Abi Tálib se postou no túmulo do Companheiro, e disse:

“Que Allah tenha misericórdia de Khabbab; ele abraçou o Islam com todo o seu coração, realizou a hégira espontaneamente, e viveu sua vida como um mujahid. Allah nunca irá reduzir a recompensa a alguém que praticou tantos feitos de retidão!”
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"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)


يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!

Mohamad ziad -محمد زياد

segunda-feira, novembro 07, 2011

O SACRIFÍCIO – CURBANI

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus). Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus o Beneficente e Misericordioso)

“Faça Salah (oração) para o teu Senhor e faça Curbani (Sacrifício)”. Cur’ane - Cap. 108 Vers.2

O Sacrifício – Curbani, é um dos rituais do Haj. Ibrahim (Aleihi Salam) – Abraão (Que a Paz de Deus esteja com ele) já muito velho, apesar de ser um grande Profeta, continuava a ser um ser humano e desejava ter um filho para dar continuidade à sua obra. Através de Hajra, a mulher africana e depois de muitos pedidos ao seu Senhor, Ele concedeu-lhe um filho chamado Issmail  (Esmael) (que a Paz de Deus esteja com ele) - (nome que significa Deus Escutou). Allah, nosso Senhor e Criador, quis testar Ibrahim (Aleihi Salam). Ele era muito idoso e o filho ainda muito pequeno. Recebeu ordens para deixar o filho com a mãe no deserto. Ele cumpriu  com as ordens do seu Senhor, conforme foi relatado na mensagem referente à Agua de Zam- Zam. Depois do filho crescer, Deus quis novamente testa-lo. Através de um sonho, Deus ordenou-lhe para sacrificar o seu próprio filho. Ibrahim (Aleihi Salam), servo de Deus, logo se prontificou para cumprir com a ordem.

Allah diz no Cur’ane: “E saibam que as vossas riquezas e os vossos filhos são um teste.” Cur’ane 64, Vers.115. 

E Ibrahim (Aleihi Salam), resolveu partilhar a ordem recebida com o seu filho Issmail (Aleihi Salam), que já demonstrava dedicação às ordens divinas, pelo que não hesitou em afirmar “Se Allah quiser, encontrar-me-ás de entre os pacientes.” Cur’ane 37 Vers.102. 

Deste modo, Ibrahim levou o seu filho para o sacrificar. Durante o percurso apareceu o chaitane (diabo) que lhe persuadiu de não cumprir com a ordem de Deus, lembrando-lhe que só depois de muito velho é que conseguiu ter um filho. Ibrahim (Aleihi Salam), atirou para o cheitane, 7 pedrinhas, que se afundou na terra. Esta tentativa do cheitane, para desviar a tenção do Profeta Ibrahim (Aleihi Salam), aconteceu por três vezes e por três vezes Ibrahim (Que a Paz de Deus esteja com ele), o repeliu.

Depois em Miná, a poucos quilómetros de Makka, quando se preparava para sacrificar o seu filho, Deus enviou um carneiro que foi sacrificado. Por isso, para manter viva a tradição de Ibrahim (Aleihi Salam), foi instituído que todo o muçulmano, após a oração do Idul Adhá (festa religiosa em comemoração do final da peregrinação a Makka), deve sacrificar um carneiro, uma vaca, um camelo, etc..Uma galinha não serve para o curbani. Um carneiro dá para uma pessoa e uma vaca para 7 pessoas. Jabir b. Abdullah (Radiyalahu an-hu) referiu: “No ano de Hudaibiya (6 da Hegira), nós, na companhia do Mensageiro de Deus, sacrificamos camelos para 7 pessoas e vaca para 7 pessoas”. Muslim. É recomendável que a carne seja distribuída em 3 partes iguais. Uma para seu consumo próprio, uma parte para os pobres e outra parte para os amigos e vizinhos, de modo que todos possam passar o dia de festa, convivendo em harmonia.

As palavras Hadiy e Curbani, referem-se a sacrifícios, mas efectuados em ocasiões e locais diferentes. O Hadiy é feito exclusivamente por aqueles que se encontram em peregrinação (Haj) em Miná. O Curbai (Udhiyah) é obrigação para todos os restantes muçulmanos, espalhados pelo mundo. Os pobres, estão dispensados desta obrigação.

O Hadiy é obrigatório para o Cárin e para o Mutamatti e faz parte de um dos rituais do Haj. O Haji Mufrid está dispensado. Existem outros rituais, nomeadamente; a) – Fazer Tawáf – circundar a Casa de Deus; b)- percorrer os montes Safa e Marwa, lembrando o que a mulher de Ibrahim sofreu para salvar o filho Issmail dos tormentos da sede; c)- atirar as pedrinhas (Ramyi) nos três locais onde Ibrahim foi tentado.

O Curbani é obrigatório para todo o muçulmano, adulto, financeiramente capaz. O Curbani pode ser efetuado nos dias 10, 11 e 12 de Dhul Hijja. Mas é recomendável que seja efetuado no dia 10, dia de Ide, mas só depois da oração do Idul Adhá. Jundub Bin Sufyan Al Bajali referiu: “no tempo do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), oferecemos alguns animais como sacrifício. Depois de terminada a oração de Idul Adhá, verificou-se que alguns companheiros abateram os animais antes da oração, pelo que o Profeta disse: “Quem sacrificou os animais antes da oração, deverá fazer novos sacrifícios e quem ainda não o fez, o deverá fazer, invocando o nome de Deus”. – Bukari. Livro 67-hadice 408. O período para o sacrifício dos animais, termina no 12ª. dia do referido mês, ao pôr do sol. Acerca deste dia de Idul-Adha, dia de festa, o Cur’ane refere a permissão de consumirmos a carne dos animais, os quais foram sacrificados com a invocação do nome de Deus: “…Comei, pois, dele e alimentai o indigente e o pobre”. 22.28 O Curbani que é feito no dia de Idul Adhá, não tem nada a ver com os sacrifícios que alguns povos ainda fazem, invocando espíritos ou ídolos.

“Deus vos proibiu carne de animais mortos (que morreram por si), o sangue, a carne de porco e o que foi imolado sob a invocação de qualquer outro nome, que não seja o de Deus…” 2.173. O Curbani é feito invocando o nome de Deus, lembrando o sacrifício do Profeta Ibrahim (Aleihi Salam) e para que todos, em especial os mais necessitados, possam ter alimentos suficientes para passarem o dia de Ide, dia de festa, em harmonia e em alegria. Abu Tufail referiu que perguntaram a Ali b. Abi Talib, para lhes informar algo que o Mensageiro de Deus lhe tenha dito em segredo. Ele respondeu: “Ele não me disse nada em segredo que não esteja ao alcance das pessoas. Mas eu ouvi ele dizer: “
1- Deus amaldiçoou quem sacrificou em nome de alguém, em vez do nome de Deus;
2- Amaldiçoou aquele que acomodou uma inovação;
3- Deus amaldiçoou aquele que amaldiçoou os seus pais; 
4- Deus amaldiçoou quem alterou a linha de fronteira (da terra que lhe pertence, não respeitando os direitos dos outros) 4.877 Muslim.

Certa vez os Sahabas - companheiros do Profeta (Radiyalahu an-huma), quiseram saber o significado do Curbani (Sacrifício) e o Profeta (Salalahu Aleihi Wassam) respondeu: “É Sunnat (tradição) do vosso pai Ibrahim.” Então eles perguntaram: “Que recompensa obteremos pelo sacrifício?. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Por cada pêlo do animal, tereis uma recompensa.” Relato de Ibn Majah. O Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) fez o curbani durante todos os anos que permaneceu em Madina.

O Curbani pode ser feito em Portugal, pelo que podem contactar com o talho que habitualmente vos fornece a carne. Em alternativa, podem também mandar fazer o Curbani nas vossas terras de origem. Outra alternativa é entregar aos necessitados, a totalidade do produto resultante do curbani, ou às escolas frequentadas pelos alunos carenciados. Ali b. Abi Talib (Radiyalahu an-hu), referiu: “O Mensageiro de Deus o incumbiu na responsabilidade do sacrifício dos seus animais e ordenou-lhe para distribuir toda a carne e peles aos pobres e não cabendo nada para o açougueiro, que foi pago pelo respectivo trabalho”. 3019 e 3022 Muslim Façam o favor de serem felizes, cumprindo com as vossas obrigações perante o nosso Criador.

Não se esqueçam de também contribuírem para a felicidade das pessoas que vos rodeiam.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

27/10/2011