quinta-feira, dezembro 08, 2011

“MODERAÇÃO NA VIDA E NO CULTO A DEUS” 1ª PARTE

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso)

JUMA MUBARAK (Tenham um Sexta-Feira cheia de Bênçãos)

Agradecemos a Allah (Al-Khâliq, Al-Muguith), nosso Criador e Sustentador, que prescreveu a moderação, como o caminho ideal para o nosso relacionamento.

Agradecemos também ao Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), último mensageiro de Deus, que nos incentivou para sermos moderados e evitarmos os extremos em todas as  fases da nossa vida. Bem aventurados aqueles que seguem estas orientações. “São aqueles que, quando gastam, não se excedem nem mesquinham *, colocando-se no meio-termo”. Cur’ane 25:67.(* de avareza, de acanhado). 

Existem muitas recomendações no Cur’ane e nos hadices que nos incentivam a aproveitar o tempo da nossa vida, preenchendo-a com virtudes que nos possam conduzir ao bem estar na vida futura. No entanto, o Islão não impõe uma vida clausurada, isto é, uma vida fechada e retirada da família e da restante comunidade, com a intenção de se dedicar exclusivamente a Deus. O Islão incentiva a procura do conhecimento, do trabalho, do melhoramento da saúde e de tudo o que possa facilitar a vida do crente nesta vida passageira. O homem deve aproveitar a sua vida para adoração a Deus, mas deve também, nomeadamente, cuidar da sua família, procurando provisões para o respectivo sustento. “Deus vos deseja a comodidade e não a dificuldade”. Cur’ane 2:185. A vida é feita de partilha e o segredo é encontrar o meio termo, entre os dois extremos. Mas infelizmente, nos tempos actuais, na chamada “vida moderna”, o ser humano tem dificuldades em encontrar esse equilíbrio.

Se não conseguirmos distribuir o nosso tempo, cairemos naquilo que chamamos de “ou oito ou oitenta”, dois extremos indesejáveis na vida de um muçulmano. Por um lado, há  Muçulmanos que dizem não terem tempo, leia-se, disposição para dedicarem umas escassas horas do dia, para as orações, porque os afazeres profissionais, as lides da casa, o lazer e o descanso, preenchem todas as horas disponíveis.

Nos tempos actuais, o homem utiliza o extremismo no relacionamento com o seu semelhante, na sua vida pessoal, nos seus hábitos, no falar e na discussão de assuntos políticos. Falamos alto, para impor as nossas ideias e as nossas interpretações religiosas e desprezamos aqueles que não concordam com as nossas posições. Outros julgam-se superiores, porque adquiriram conhecimentos acadêmicos e religiosos e não têm modos no relacionamento humano e repreendem em público os seus irmãos de fé (quando vires o teu irmão praticando algo contrário à religião, em privado, fale com ele, serena e respeitosamente).

Recordamos as palavras de Lucman, o sábio, ao aconselhar o filho: “E modera o teu andar e baixa a tua voz, porque o mais desagradável dos sons é o zurro dos asnos”. Cur’ane 31:19.

Apesar de ser obrigação de todo o muçulmano de proibir o mal e de lembrar o bem, não podemos ultrapassar as nossas competências e  humilharmos o próximo. Não existe o bem nas palavras excessivas.

Abu Huraya referiu: “O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Os piores da minha comunidade, são aqueles que falam muito, aqueles que vão longe demais no que dizem e que enchem a boca com palavras. E os melhores da minha comunidade, são os melhores em carácter”. Bhukari, in Al-Adab al-Mufrad.

Como seres humanos, quando nos juntamos, convivemos e falamos de diversos assuntos. Falamos demais sobre o mundo e pouco sobre assuntos religiosos.

Atualmente, está em destaque a crise financeira. Mas rapidamente passamos para outros temas, nomeadamente, falando das intimidades e dos defeitos dos outros. Nas Mesquitas, os mais recatados, apressem-se a entrar. Mas outros aguardam fora pelo azan e pelo iquama (chamamentos para a oração). E entretanto, vão colocando a conversa em dia. Sem nos apercebemos, caímos no jogo do chefe dos diabos, iblisse (lanatuLahi aleihi ), criticando e falando mal dos outros. Se um muçulmano ocultar o defeito do seu irmão de fé, Deus ocultará as suas falhas.

 “E diga aos meus servos que falem com doçura, porque o cheitane (diabo), semeia a discórdia entre eles, Na verdade, o cheitane é um inimigo declarado do homem”. Cur’ane 17:53

Somos extravagantes nos gastos que nos conduzem à desgraça, arrastando as nossas famílias para o sofrimento. Depois, para tranquilizarmos a nossa consciência, dizemos que a culpa é do sistema em que nos encontramos inseridos. Comemos demais (ficamos obesos e doentes) e dormimos demais (não acordamos para a primeira oração do dia). Abu Huraira (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: 

1) - “A prática da religião é fácil e nenhum extremismo deverá interpor-se à mesma. Cumpri com os vossos deveres de modo apropriado, sincero e comedido, e sede optimistas. Orai a Deus pelas manhãs e pelas tardes e durante uma parte da noite. Com regularidade e moderação, alcançareis o vosso desejo (o paraíso)”. Bhukhari. E disse também, repetindo três vezes

 2) - ”Os extremistas buscam a sua própria perdição”. Relato de Ibn Massud (Radiyalahu an-hu) em Muslim.

Outros exageram na prática religiosa, com prejuízo da subsistência da própria família, onde os filhos crescem com diversas carências. Perante Aquele que nos vai julgar, a solidariedade social, a compaixão para com os nossos familiares e a responsabilidade comunitária, sobrepõem-se às nossas vontades individuais.


Issa (Aleihi Salam) – Jesus, que a Paz de Deus esteja com ele, encontrou um homem e perguntou-lhe: “o que fazes tu?” “devoto-me a Deus”, respondeu o homem. “E quem te sustenta?” perguntou Issa. Respondeu o homem: “o meu irmão”. Retorquiu Issa o teu irmão é mais devoto a Deus do que tu”. Relato de Abdallah Ibn Qutayba.

In Sha Allah, continua no próximo Juma

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

08/12/2011