Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 30.06.2014
A riqueza não é apenas uma importante necessidade do Ser Humano, mas nos dias que correm tornou-se em algo inseparável à sua vida aliás, hoje em dia a honra e o prestígio do Ser Humano são medidos em função da riqueza que cada um possui.
Se o objectivo de ganhar riqueza for somente para a satisfação das necessidades do dia-a-dia do indivíduo, é algo aceitável e louvável, mas se tiver por intenção sustentar o orgulho e a ostentação, ou explorar os pobres e os fracos, então essa riqueza pode ser um motivo para o mal e estragos na terra. As divergências, as más relações entre pessoas, amigos e famílias também são geralmente causadas pela ganância excessiva.
Não é aceitável no Isslam que a aquisição da riqueza seja o objectivo e meta da vida, mas também não a considera indesejável ou ilícita, pois incentiva que sejamos gratos pela riqueza que Deus nos dá, e ensina-nos a lutar para nos salvarmos, e lutar contra a pobreza.
O Profeta Muhammad (S.A.W.) nas suas orações dizia: “Ó meu Deus! Peço refúgio em Ti contra a pobreza e a descrença”.
E no Al-Qur’án, Cap. 93, Vers. 8, quando Deus fala acerca do Profeta, diz:
“E Ele te encontrou pobre e te enriqueceu”.
O Isslam não aprova que os seus seguidores sejam gananciosos, nutram um amor excessivo pela acumulação de riquezas, e vivam só para isso. Por isso, da mesma maneira que Deus instituiu o jejum para os povos anteriores, instituiu igualmente o Zakaat (taxa obrigatória) para eles.
O Salaat (oração ritual obrigatória, cinco vezes ao dia) aproxima o servo do seu Criador e cria nele a noção de submissão e humildade.
O Jejum cria piedade na pessoa e o Zakaat reduz no seu coração o amor à riqueza, e ensina que ninguém é dono exclusivo de toda a riqueza que possui, pois outros também têm direito a uma certa porção nessa riqueza, pelo que se deve cumprir com esse direito pagando anualmente o Zakaat que é o terceiro pilar do Isslam. E quem rejeitar esta imposição incorre na descrença issto é, deixa de ser muçulmano. Foi por isso que no tempo do Profeta Muhammad (S.A.W.) e também no tempo dos khalifas que se lhe seguiram, havia uma grande preocupação na organização para a colecta e posterior distribuição do Zakaat.
A instituição do Zakaat é caracterizada pelo princípio de solidariedade social. Zakaat na realidade significa tirar anualmente da sua riqueza uma quantia fixa, e aplicá-la em locais definidos pelo Isslam.
Porém, não é de observância obrigatória a todos. É-o sim, a todos os muçulmanos que detenham uma quantia fixada pelo Isslam.
O Zakaat tem muitos benefícios, de entre eles:
- Reduz a ganância e o amor excessivo à riqueza
- Adverte aos ricos, que decorrido um período específico, uma quadragésima parte
da sua riqueza deixa de lhe pertencer.
- Cria solidariedade e simpatia nos corações dos ricos relativamente aos pobres e
necessitados.
- Cria e desenvolve amor e solidariedade na sociedade, eliminando a preocupação
dos pobres e necessitados.
O Profeta Muhammad (S.A.W.) diz que: “A quem Deus deu riqueza, mas ele não paga o Zakaat, essa sua riqueza será transformada em cobra venenosa que lhe irá morder no Outro Mundo, e lhe dirá: “Eu sou a tua riqueza, o teu tesouro”.
O Isslam não só instituiu o Zakaat, mas de forma clara também determinou no Al-Qur’án, que são oito as categorias de pessoas elegíveis ao seu recebimento.
Infelizmente hoje em dia, muita gente não se preocupa em aplicar o seu Zakaat de forma correcta nessas oito categorias de pessoas, e nem se preocupa em organizar um sistema de colecta e distribuição pelos pobres e necessitados.
Há milhões de meticais em Zakaat, que os muçulmanos ricos pagam anualmente em Moçambique, mas por não haver um sistema devidamente organizado, os seus benefícios não são notórios na sociedade. Por isso muitos muçulmanos no País continuam a viver na miséria.
Devemos ajudar os merecedores de Zakaat, de tal forma que eles se tornem auto-suficientes e engrossem a lista dos pagantes de Zakaat, reduzindo assim, a lista dos beneficiários.
Para tal, devemo-nos preocupar com os deficientes e os necessitados na sociedade, e proporcionar-lhes tecto em centros e acolhimento.
Nos dias que correm há gente sofrendo de doenças graves, e porque o tratamento médico é bastante caro, deve-se pensar em ajudá-los a partir do fundo de Zakaat. Deve-se ajudar os pobres na protecção e preservação da sua fé e dignidade, em particular fora das cidades, nas províncias.
Sendo o Ramadhaan o mês em que os muçulmanos geralmente costumam pagar o seu Zakaat, achei oportuno explicar estes princípios importantes relacionados ao Zakaat.
A todos os muçulmanos do Mundo em geral, e aos de Moçambique em particular, desejo um Ramadhaan proveitoso, com muita saúde.
Lembrar aos meus irmãos muçulmanos, que o Ramadhaan só terá significado se a sua mensagem de reforma for sentida no comportamento do indivíduo e na sociedade.
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