sexta-feira, agosto 22, 2014

Quem são os Muçulmanos?

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum:

Aquele ou aquela pessoa que se submete, voluntariamente, à Vontade a Deus, é chamado Muçulmano. Não foi o Profeta Muhammad (paz esteja com ele) mas sim Abraão (paz esteja com ele), quem primeiro transmitiu o Islão (submissão à Vontade de Deus) à Humanidade. Posteriormente, cada um dos Profetas e Mensageiros que se lhe seguiu, exortou o povo a compreender de forma inequívoca os mandamentos de Deus. Para o conseguirem, usaram ensinamentos relevantes, adequados à época em que viviam, até que Deus escolheu o último dos Profetas, Muhammad (p.e.c.e.), que trouxe consigo o Último Testamento, conhecido pelo nome de “o Alcorão”. 

Existem ovelhas negras em todas as comunidades. Por isso, não se pode julgar a qualidade do Islão pelos seus seguidores. Se quisermos julgar a qualidade do Islão, então julguem-o pelas suas fontes autênticas, ou seja, o glorioso Alcorão e os Sahi Ahadith (Ditos idôneos do Profeta Muhammad (p.e.c.e.).

Ser muçulmano significa sobretudo crer em Deus, que é «Rab-bil-alamin», Criador e Sustentador de todos os povos e universos. O Alcorão, que é a fonte primária do Islão normativo, diz que a Criação de Deus “tem como finalidade a justiça” e não uma “simples diversão”. A humanidade, formada “no melhor dos moldes” tem sido criada para servir Deus. Segundo o ensinamento Alcorânico, servir a Deus não pode ser diferente de servir a humanidade, ou, em termos islâmicos, aqueles que crêem em Deus devem respeitar ao mesmo tempo os “Haquq Allah” (Direitos de Allah) e os “Haquq al-ibad” (Direitos das criaturas). Cumprir as suas obrigações para com Deus e a humanidade faz parte da virtude, conforme estabelecido no Alcorão, que diz assim:

"A virtude não consiste só em que orientais os vossos rostos até ao Levante ou ao Poente. A verdadeira virtude é a de quem crê em Deus, no Dia do Juízo Final, nos anjos, no Livro e nos profetas; de quem distribuiu os seus bens em caridade por amor a Deus, entre parentes, órfãos, necessitados, viajantes, mendigos e em resgate de escravos; e a dos que observam a oração, pagam zakat, cumprem os com-promissos contraídos, são pacientes na miséria e na adversidade, e em tempo de guerra; esses são os verazes e esses são os piedosos". (Alcorão, 2:177).

Ser muçulmano, hoje em dia, significa ter em conta o imperativo do Alcorão que é o seguinte: “Que não haja nenhuma coerção no Islão”, sabendo que o direito de exercer a livre escolha no âmbito da crença está assumido, sem nenhuma ambiguidade, pelo Alcorão.

Ser muçulmano, hoje em dia, significa, também, dar-se conta de que não alcançamos o Paraíso com a simples profissão do Islão, e que os muçulmanos não têm a exclusividade da graça de Deus, pois o Alcorão nos diz, textualmente:

Os crentes, os judeus, os cristãos e os sabeus, enfim todos os que creem em Deus, no Dia do Juízo Final e praticam o bem, receberão a sua recompensa do seu Senhor; e não serão presas do temor, nem se entristecerão”. (Alcorão, 2:62 e 5:69).

Por último, ser muçulmano, hoje em dia, — e sempre — significa fazer uma reflexão, interna e externa, tendo como finalidade encontrar um estado de paz, que seja o objectivo do Islão. Todavia, a paz não é a ausência de conflitos simplesmente, tal como a saúde não é a ausência de doenças simplesmente. De acordo com a perspectiva Alcorânica, a paz é um estado positivo da segurança em que o indivíduo está livre de toda ansiedade e de qualquer medo. Este estado aparece quando os seres humanos cumprem a ordem divina, que consiste em viver de maneira justa, aprendendo a ser justos consigo mesmos e com os demais. Requer-se um esforço constante para superar o estado de fragmentação a que a maioria dos seres humanos estão sujeitos nesta era tecnológica.

Que a Paz de Allah esteja com todos nós. Obrigado. Wassalam. - M. Yiossuf Adamgy - 28/08/2014.

quinta-feira, agosto 21, 2014

A Importância da Oração (Salát) no Islão

A última exortação que o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) fez quando se encontrava em estado de agonia foi : “Cumpri com a Salát! Cumpri com a Salát!”

Prezados Irmãos, 

Assalamu Alaikum: 

Louvado seja Deus, Quem nos guiou favorecendo-nos com a fé e não poderíamos encaminhar-nos sem ser por Ele. Testemunho que não há ninguém digno de ser adorado excepto Deus, Único, sem associados. Testemunho que Muhammad é Seu servo e último Mensageiro. 

Irmãos! O Islão outorgou à Oração (ár. Salât) um grau de importância muito elevado, pois é o pilar mais importante do Islão, depois dos dois testemunhos de fé (Ash-Shahâdatân). 

Abdullah Ibn Umar (r.a.) relatou que o Mensageiro de Deus (p.e.c.e.) disse: “O Islão ergue-se sobre cinco pilares: o testemunho de que não há ninguém digno de adoração excepto Deus (ár. Allah) e que Muhammad é Seu servo e último Mensageiro, a prática da Oração, o jejum de Ramadão, o pagamento do Zakât, e a Peregrinação à Casa Sagrada”. 

A Oração (Salât) é a primeira questão pela qual se perguntará ao servo no Dia do Juízo. Abû Hurairah (r.a.) relatou que o Profeta (p.e.c.e.) disse: “Primeira coisa pela qual se pedirá contas ao ser humano no Dia da Ressurreição será pela sua Oração (Salât). Se tiver cumprido com ela, todas as suas demais obras serão aceites, mas se se descuidou, as suas boas acções terão sido em vão”. 

Salât é o que diferencia o muçulmano do incrédulo. Deus disse: “Mas, se se arrependerem da sua idolatria, observarem a oração prescrita e pagarem o Zakât, então serão vossos irmãos na religião...” (Alcorão, 9:11) 

E Jâbir (r.a.) disse: Ouvi o Profeta (p.e.c.e.) dizer: “Certamente entre o ser humano e o Shirk e o Kufr está o abandono da Oração (Salât).” 

Salât previne de incorrer no extravio. Deus disse: “Recita o que te foi revelado do Livro (Alcorão) e observa a oração, porque a oração preserva de cometer atos imorais e reprováveis...” (Alcorão, 29:45) 

A última exortação que o Profeta (p.e.c.e.) fez quando se encontrava em estado de agonia foi: “Cumpri com a Salât! Cumpri com a Salât!” 

A Salât é um meio de expiação. Deus disse: “E observa, oh Muhammad, as orações prescritas du-rante o dia: Salât Al Fajr, Salât Adh Dhuhr e Salât Al Asr e durante a noite Salât Al Magrib e Salât Al Ishâ', pois as boas obras apagam as más. Certamente isto é uma exortação para quem reflecte.” (Alcorão, 11:114). 

E Abû Hurairah (r.a.) relatou que ouviu o Mensageiro de Allah (p.e.c.e.) dizer: “Imaginai se um rio passasse em frente à porta de vossas casas, e se se lavásseis nele, todos os dias, cinco vezes. Por acaso ficaria alguma imundice?” Responderam (os Sahâba): Claro que não! E o Profeta (p.e.c.e.) disse: “Pois assim é como Allah apaga, com as cinco orações, as faltas.” 

A Salât é luz para o servo crente e piedoso. Abû Mâlik Al Ashari (r.a.) narrou que o Mensageiro de Allah (p.e.c.e.) disse: “A purificação é a metade da fé. Dizer Al hamdulillah (Louvado seja Allah!) equilibra a balança divina (que Allah colocará no Dia do Juízo para pesar as acções). Dizer Subhânallah e Al ham-dulillah (Glorificado e louvado seja Allah!) preenche o espaço que há entre o Céu e a Terra. A oração é luz, a caridade é uma prova, a paciência é lumino-sidade e o Alcorão é uma evidência a favor ou contra vós. Todas as pessoas amanhecem vendendo a sua alma, libertando-se ou condenando-se”. 

Quem cumpre com a Salât, o Zakât e o Jejum alcança o nível dos servos virtuosos e dos mártires. Abû Hurairah (r.a.) relatou: Dois homens da tribo de Qudâah abraçaram o Islão na época do Mensageiro de Allah (p.e.c.e.); um deles morreu numa batalha e o outro faleceu no ano seguinte. Um dia, Tal-hah Ibn Ubaidillah sonhou com o Paraíso e viu que o segundo destes homens era introduzido nele (no Paraíso) antes do mártir; então, surpreendido pelo que tinha visto, perguntou ao Mensageiro de Allah (p.e.c.e.) que, depois de ouvir o relato do sonho, disse-lhe: “Por certo que ele jejuou no mês de Ramadão logo depois do primeiro servo ter falecido; para além disso observou muitos rakaât em orações voluntárias”. 

É uma obrigação cumprir com cada uma das cinco Orações (Salâwat) diárias no seu horário estabelecido. Deus disse: “... A oração foi prescrita aos crentes para ser cumprida em horários determinados”. (Alcorão, 4:103). 

Realizar a Salât no seu horário é a obra que mais agrada a Allah. Abdullah Ibn Massoud (r.a.) relatou: Perguntei ao Mensageiro de Allah (p.e.c.e.): Qual é a obra mais querida por Allah? Respondeu: “A oração na hora determinada”. Perguntei: Depois, qual? E respondeu: “O bom trato com os pais”. Finalmente perguntei: E depois, qual? E respondeu: “O esforço pela causa de Allah”. 

A Salât é preferível ser realizada nas Mesquitas. “Allah permitiu que fossem erigidas e honradas as Mesquitas para que se invoque o Seu nome, e nelas O glorifiquem pela manhã e pela tarde, homens aos quais nem os negócios nem as vendas os distraem da recordação de Allah, da prática da Oração pres-crita e do pagamento do Zakât, pois temem o dia em que os corações e os olhares se transformem...”. (Alcorão, 24:36-37). “Só devem frequentar as Mes-quitas de Deus aqueles que crêem n’Ele e no Dia do Juízo Final, observam a Oração prescrita, pagam o Zakât, e não temem senão a Deus. Certamente, estes são aqueles que se contam entre os encaminhados.” (Alcorão, 9:18). 

E Abû Hurairah (r.a.) relatou que ouviu o Mensageiro de Allah (p.e.c.e.) dizer: “Não há oração mais pesada para os hipócritas que a oração de Ishâ' e a de Fajr; e se soubessem o que há nelas assistiriam ainda que fosse gatinhando”. 

Num Hadith conhecido sobre as sete pessoas a quem Allah protegerá com a Sua sombra no Dia em que não exista mais sombra além da Sua, menciona-se o jovem cujo coração está ligado às Mesquitas. As Mesquitas são as Casas de Allah e todo aquele que ingresse nelas é um hóspede para o seu Senhor. Não há maior felicidade para um servo piedoso que ser hóspede de Allah e permanecer sob a Sua protecção. Abû Hurairah (r.a.) relatou que ouviu o Mensageiro de Allah (p.e.c.e.) dizer: “A Mesquita é a casa de todo o piedoso, e Allah bendiz quem faz da Mesquita a sua casa com a Sua misericórdia e recompensa-o guiando-o pelo caminho que o conduzirá a alcançar a complacência divina com a qual ingressará no Paraíso”. 

Prezados Irmãos! As graças que Deus concede a Seus hóspedes nesta vida são o sossego, a tranquilidade e a felicidade; e na outra vida (no Além) a morada eterna no Paraíso. 

Que Deus nos bendiga com o Grandioso Alcorão e nos guie para que O temamos como merece; 

Que Deus nos perdoe as nossas faltas, pois Ele é Absolvedor, Misericordioso. 

Ó Senhor meu! Rogo-te a indulgência e bem-estar nesta vida e na outra. Rogo-te a indulgência e bem-estar nos meus assuntos religiosos e mundanos, na minha família e nos meus bens. 

Ó Senhor meu! Cobre as minhas debilidades e sossega os meus medos. 

Allah disse no Sagrado Alcorão: “Deus ordena a justiça, a caridade, o auxílio aos parentes próximos; e proíbe a obscenidade, o ilícito e a iniquidade. Assim vos exorta para que reflectis”. (16:90). 

Invocai Allah, o Grandioso, que Ele recordar-vos-á sempre e agradecei-Lhe pelas Suas graças que as incrementará. 

Sabei que Ele está bem informado do que fazeis, temei-o pois, e pedi bênçãos pelo Profeta Muham-mad, e repeti: Allahumma salli ‘al a Muhammadin. 

Obrigado. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 16/08/2014.

domingo, agosto 03, 2014

Casamento, Poligamia e Divórcio no Islão

Intróito
No Islão, não é o indivíduo, mas a família que constitui o tema essencial do Direito e a principal célula em que assenta toda a estrutura da sociedade.

No capítulo do estatuto pessoal islâmico, o Direito de Família desempenha um papel fundamental e dentro dele há TRÊS instituições que cabe destacar, pela sua peculiaridade, e que são: o Casamento, a Poligamia e o Divórcio.

No Islão, o Casamento é um dever e uma tradição religiosa e o celibato uma anomalia deplorável.

O Profeta Muhammad [conhecido, vulgarmente, em Portugal por Maomé], (paz e bênçãos de Deus estejam com ele), disse: Aquele que casa cumpre metade da sua religião e falta-lhe completar outra metade para uma vida cheia de virtude, em firme respeito de Deus. (Hadith) 

No Islão, existe o Divórcio como último recurso quando todos os esforços conciliatórios falharem. A este propósito, o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) avisou com veemência: De todas as coisas lícitas, o divórcio é a mais detestável aos olhos de Deus, (Hadith) porque o Islão encara o casamento como uma instituição sagrada.

2. Definição de Poligamia

A poligamia designa um sistema de casamento de acordo com o qual um indivíduo tem mais do que uma esposa. A poligamia pode ser de dois tipos. Um destes é a poligamia, em que o homem casa com mais do que uma mulher; o outro é a poliandria, de acordo com a qual uma mulher casa com mais do que um homem. No Islão, a poligamia limitada é permitida, enquanto a poliandria é totalmente proibida.

Indo agora ao cerne da questão, por que razão é permitido que um homem case com mais do que uma mulher?

3. O Alcorão é a única escritura religiosa que afirma “... casa apenas com uma (mulher)”

O Alcorão é o único Livro religioso à face da terra que contém a frase “…casai apenas com uma só”. Não existe mais nenhum Livro religioso que instrua os homens a casarem com uma única mulher. Em nenhuma das outras escrituras religiosas, seja na Veda, no Ramayan, no Mahabharat, na Geeta, no Talmud ou na Bíblia, é imposta qualquer restrição ao número de esposas. De acordo com estas escrituras, o homem pode casar-se com quantas desejar. Só mais tarde os sacerdotes hindus, assim como os padres católicos, limitaram o número de esposas.

De acordo com as suas escrituras, muitas personalidades religiosas hindus tiveram várias esposas. O Rei Dashrat, pai de Rama, teve mais de uma esposa. Krishna teve várias esposas.

Antigamente, era permitido aos cristãos terem tantas esposas quantas desejassem, uma vez que a Bíblia não limitava o número de esposas. Só há alguns séculos é que a Igreja restringiu o número de esposas.

A poligamia é permitida no Judaísmo. Segundo a lei Talmúdica, Abraão teve mais do que uma esposa, enquanto Salomão teve …setecentas esposas de sangue real e trezentas concubinas… (1º Reis 11:3). A prática da poligamia manteve-se até que o Rabi Gershom ben Yehudah (950 E.C. a 1030 E.C) publicou um édito contra essa prática. As comunidades sefarditas judaicas que vivem nos países muçulmanos continuaram a praticá-la até 1950, quando uma Lei do Rabino Chefe de Israel estendeu a proibição ao casamento com mais do que uma mulher.

4. Os hindus são mais polígamos do que os muçulmanos

O relatório do “Comité para o Estatuto da Mulher no Islão”, publicado em 1975, referia nas páginas 66 e 67 que a percentagem dos casamentos polígamos entre os anos 1951 e 1961 foi de 5,06% entre os Hindus e de apenas 4,31% entre os Muçulmanos. De acordo com a Lei Indiana, apenas os homens muçulmanos estão autorizados a ter mais do que uma esposa. Apesar de ser ilegal, é mais frequente entre os hindus ter várias esposas do que entre os muçulmanos. No passado, nem aos homens hindus eram impostas restrições relativamente ao número de esposas permitido. Só em 1954, quando foi publicada a Lei do Casamento Hindu, é que se tornou ilegal que um hindu tivesse mais do que uma esposa. Actualmente, é a Lei Indiana que proíbe um homem hindu de ter mais do que uma esposa, e não as Escrituras Hindus.

Passemos então à análise das razões pelas quais o Islão permite ao homem ter mais do que uma esposa.

5. O Alcorão permite a poligamia limitada

Tal como atrás foi referido, o Alcorão é o único Livro religioso à face da terra que afirma “... casai apenas com uma só”. O contexto desta frase é o versículo que se segue, que pertence à Surah Nissa, do Glorioso Alcorão:

E se receais que não podereis tratar com justiça os órfãos casai com as mulheres que vos parecerem boas para vós — duas, três ou quatro. E se receais que não podereis proceder com equidade com todas casai, então, com uma somente. (Alcorão 4:3).

Antes de o Alcorão ter sido revelado, não existia limite máximo restritivo para a poligamia, e muitos homens tinham dezenas de esposas, alguns até centenas. O Islão impôs o limite máximo de quatro esposas. O Islão autoriza o homem a casar-se com duas, três ou quatro mulheres, desde que ele as trate de forma justa. No mesmo capítulo, isto é, na Surah Nissa, versículo 129, afirma-se: Não podereis, jamais, ser equitativos com vossas esposas, ainda que nisso vos empenheis...(Alcorão 4:129).

Assim sendo, a poligamia não é a regra, mas a excepção. Muitos consideram, erroneamente, que é obrigatório para o homem muçulmano ter mais do que uma esposa.

Na generalidade, o Islão delimita cinco categorias de “coisas a fazer” e “coisas a evitar”:

1. “Fard”, isto é, obrigatório ou compulsivo;

2. “Mustahab”, isto é, aquilo que é recomendado ou incentivado;

3. “Mubah”, isto é, aquilo que é permitido ou admitido;

4. “Makruh”, isto é, aquilo que não é recomendado ou é desaconselhável;

5. “Haraam”, isto é, aquilo que é proibido ou condenável.

A poligamia enquadra-se na categoria média, que identifica aquilo que é permitido. Não se pode afirmar que um muçulmano que tem duas, três ou quatro esposas é melhor que um muçulmano que tem apenas uma esposa.

6. A esperança média de vida das mulheres é superior à dos homens

Na natureza, homens e mulheres nascem, aproximadamente, na mesma proporção. Uma criança do sexo feminino tem mais defesas do que uma do sexo masculino. Uma menina tem mais formas de combater os germes e doenças do que um menino. Por esta razão, durante a própria infância, registam-se mais mortes entre as crianças do sexo masculino do que entre as crianças do sexo feminino. Durante as guerras, existem mais baixas de homens do que de mulheres. Morrem mais homens devido a acidentes e doenças do que mulheres. A esperança média de vida das mulheres é superior à dos homens, e em qualquer altura constatamos a existência de mais viúvas do que viúvos, por esse mundo fora.

7. A Índia tem uma população masculina superior à feminina, devido ao infanticídio feminino.

A Índia, assim como os seus países vizinhos, é um dos poucos países em que a população feminina é inferior à masculina. A razão para esta realidade prende-se com a elevada taxa de infanticídio existente na Índia e com o facto de mais de um milhão de fetos femininos serem abortados todos os anos nesse país, depois de serem identificados como sendo do sexo feminino. Se esta prática vil for erradicada, também a Índia terá mais mulheres do que homens.

8. A população feminina mundial é superior à masculina

Nos E.U.A., a população feminina ultrapassa a masculina em 7.8 milhões. Em Nova Iorque, existe um milhão de mulheres a mais, quando comparadas com os homens, sendo que da população masculina de Nova Iorque um terço são homossexuais, isto é, sodomitas. Nos E.U.A. enquanto um todo, existem mais de vinte e cinco milhões de homossexuais. Tal significa que esses indivíduos não têm intenções de casar com mulheres. A Grã-Bretanha tem mais quatro milhões de mulheres do que homens. A Alemanha tem mais cinco milhões de mulheres do que homens e a Rússia tem mais 9 milhões. Só Deus sabe quantos mais milhões de mulheres existem, em comparação com o número de homens.

9. Limitar todo o homem a ter uma única mulher não seria prático

Mesmo que cada homem casasse apenas com uma mulher, continuariam a existir mais de trinta milhões de mulheres nos E.U.A. que não conseguiriam arranjar um marido (tendo em conta que nos Estados Unidos existem vinte e cinco milhões de homossexuais), na Grã-Bretanha existiriam quatro milhões, cinco milhões da Alemanha e, na Rússia, existiriam nove milhões de mulheres que não seriam capazes de encontrar um marido.

Imaginemos que a minha irmã era uma dessas mulheres solteiras dos E.U.A., ou que era a sua irmã uma das mulheres solteiras dos E.U.A.

As duas únicas opções que lhe restariam era que casasse com um homem que já tinha uma esposa ou então tornar-se propriedade pública. Não existiriam outras opções. Todas aquelas que forem decentes escolherão a primeira.

Na sociedade ocidental é comum os homens terem amantes e/ou casos extramatrimoniais, sendo que, em qualquer uma das situações, a mulher leva uma vida desvirtuosa e desprotegida. No entanto, essa mesma sociedade não é capaz de aceitar que um homem tenha mais do que uma mulher (licitamente), dessa forma permitindo que as mulheres tenham uma posição digna e honrada na sociedade, levando uma vida protegida.

Assim sendo, as duas únicas opções possíveis para uma mulher que não encontrou um marido são: casar com um homem já casado ou tornar-se propriedade pública. O Islão prefere atribuir às mulheres uma posição honrada, permitindo a primeira opção e proibindo a segunda.

Existem várias outras razões pelas quais o Islão permite a poligamia limitada, mas a principal é a protecção da decência das mulheres.

10. A análise histórica de poligamia e seus resultados

O que conclui de tudo isto a análise histórica? Que Muhammad – que a paz e a bênção de Deus estejam com ele – defendia a monogamia e aconselhava o seu cumprimento. É esta a base do exemplo da sua vida conjugal com Khadijah (r.a.), assim como dos mandamentos do Alcorão:

«E se receais que não podereis tratar com justiça os órfãos casai com as mulheres que vos parecerem boas para vós — duas, três ou quatro. E se receais que não podereis proceder com equidade com todas casai, então, com uma somente». (Alcorão 4:3).

Este versículo foi revelado lá para o fim do oitavo ano da Hégira, depois do Profeta ter desposado todas as suas mulheres.

O objectivo deste versículo era o de limitar a quatro o número de mulheres que um Muçulmano podia desposar enquanto que, antes de sua revelação, esse número era ilimitado. Este facto histórico derruba a afirmação de que o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) permitiu a si próprio o que proibia ao seu povo. Além do mais, este versículo foi revelado a fim de enfatizar a prevalência da monogamia sobre a poligamia. O Alcorão ordenava o limitar a uma esposa por receio de injustiças, bem como pela convicção de que a justiça a ser feita a mais de uma mulher está para além da capacidade dos homens. Contudo, a revelação admitia que, perante as circunstâncias de excepção de um povo, pudesse existir a necessidade de desposar mais de uma mulher; não obstante, limitava a poligamia a quatro mulheres e condicionava a sua prática à capacidade de justiça e justeza do marido. Muhammad – que a paz e a bênção de Deus estejam com ele – solicitou aos Muçulmanos que aplicassem estes valores, exemplificando-os na sua própria existência, e numa época em que os Muçulmanos batalhavam e pereciam como mártires. Mas poderia alguém em justiça decidir terminantemente que a monogamia era um mandamento absoluto a ser aplicado incondicionalmente e em todas as circunstâncias? Qual seria o efeito de semelhante lei quando guerras e epidemias matavam milhares, senão milhões, em pouquíssimo tempo? Seria então a monogamia preferencial à poligamia perante tais circunstâncias de excepção? Podem os Europeus da época seguinte à Primeira Guerra Mundial afirmar categoricamente que esta é a lei dos seus cidadãos, embora possam afirmar ser a dos livros? Não terão sido os distúrbios socioeconómicos ocorridos na Europa do pós-guerra, e testemunhados pelo mundo inteiro, o resultado deste desequilíbrio entre os dois sexos e da sua incapacidade de manter a harmonia e a prosperidade das suas relações conjugais, e da consequente insistência em procurar essa mesma harmonia fora dos laços conjugais?

Não é minha intenção decidir aqui a questão. Deixo, todavia, no ar o assunto, para que o leitor nele pondere. Contudo, é meu desejo repetir que a felicidade da família e da comunidade podem melhor ser atingidas por intermédio da limitação imposta pela monogamia. É isto verdade, mas somente se a vida comunitária for normal.

Mahomed Yiossuf Mahomed Adamgy - Alfurqan -Lisboa, Março de 2011

sexta-feira, julho 25, 2014

JUMU’AT-UL-WIDA’ (A Última Sexta-Feira do Mês do Ramadan) Por: Yiossuf Adamgy

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum:

Estamos, hoje, a celebrar JUMU’AT-UL-WIDA’, ou seja a última Sexta-Feira do mês de Ramadan, o mês mais sagrado de todos os meses Islâmicos, o mês em que toda a Ummah Muçulmana se esforçou por adquirir o máximo de recompensas e bênçãos que Allah S. T. pôs, de forma livre, fácil e benevo-lentemente, à disposição de todo o ser humano submisso à Vontade de Allah.

Hoje, nas Mesquita de todo o Mundo, falar-se-á, portanto, da última Sexta-Feira do Ramadan, da despedida do mês do Ramadan, da completação da Recitação do Sagrado Alcorão e, sobretudo de TAQWA (autodisciplina) que obtivemos através da IBADAT (adoração) que fizemos ao longo do mês de Ramadan.

A palavra TAQWA e os verbos e nomes ligados a essa raiz podem significar, conforme o texto, o seguinte: o temor a Allah; proteger a língua, a mão e o coração do mal; daí a tradução da palavra taqwa como rectidão, piedade, a boa conduta, bom comportamento.

Estamos a dois ou três dias do fim do Ramadan. O mês que revigorou a nossa energia espiritual, deu-nos TAQWA e lições que devemos adoptar nos próximos ONZE meses da nossa vida, até que, ao 12º. Mês, in cha Allah (se Deus quiser), voltarmos a encontrar o Ramadan para, de novo, renovarmos as nossas energias espirituais, de modo a praticarmos boas acções e recordarmos Allah constantemente.

Que Allah abençoe ao Seu servo e Mensageiro Muhammad (s.a.w.) e a sua família; e seus nobres Companheiros; e a todos quantos os seguem com sinceridade até ao Último Dia. 

Wa salla Allahu ala Saydina Muhammad wa ‘ala alihi wa sahbihi wa sallam. Amín.■
Que o nosso próximo Ramadan seja de muita paz e de muitas conquistas inshallah.

ID FITR MUBARAKA INSHALLAH



quarta-feira, julho 23, 2014

Uma Pausa para a Paz - Uma pausa interminável pela paz!

A Paz é geralmente definida como um estado de calma ou tranquilidade, uma ausência de perturbações. Derivada do latim Pacem = Absentia Belli, pode referir-se-à ausência de violência ou guerra. Neste sentido, a paz entre nações e dentro delas, é o objectivo assumido de muitas organizações, designadamente a ONU...

No plano pessoal, paz designa um estado de espírito isento de ira, desconfiança e de um modo geral todos os sentimentos negativos. Assim, ela é desejada por cada pessoa para si próprio e, eventualmente, para os outros, ao ponto de se ter tornado, sobretudo no Islão, uma contínua saudação, (que a paz esteja contigo) e um objectivo de vida. 

Sempre nos moverá a esperança de um mundo novo, melhor, mais humano, mais fraterno. As guerras deve-riam terminar, deveria melhorar-se a organização da sociedade, da economia, da política; algo anda mal, quando temos que usar as armas e matar, para solucionar os nossos conflitos.

As sombras da morte mancham-nos a todos, venham de onde vierem, como dizia o poeta John Donne: ─ “Nenhuma pessoa é uma ilha; a morte de qualquer uma me afecta, porque me encontro unido a toda a humanidade; por isso, nunca perguntes por quem dobram os sinos; dobram por ti”. Cada caído inocente, nessa guerra inútil, da chamada faixa de Gaza ou do país de Israel ou nas ruas de qualquer cidade do mundo, é uma bofetada na Paz, na humanidade.

E Albert Einstein dizia in 'Como Vejo o Mundo', “o mundo não está ameaçado pelas más pessoas, mas sim por aqueles que permitem a maldade. (...) Desarmamento e segurança só se podem alcançar se ambos forem considerados interdependentes. A segurança só estará garantida quando, todas as nações, se comprometerem a cumprir as decisões internacionais”. 

Encontramo-nos, portanto, numa encruzilhada. De nós depende seguirmos o caminho da paz ou continuarmos trilhando o da força bruta, indigno da nossa civilização. Dum lado esperam-nos a liberdade dos indivíduos e a segurança das comunidades, de outro lado ameaçam-nos a servidão para os indivíduos e o aniquilamento da nossa civilização. O nosso destino será tal qual nós o merecermos. O aperfeiçoamento moral e estético é um objectivo a que a arte, mais do que a ciência, deve dedicar os seus esforços. É certo que a compreensão do próximo é de grande importância. Essa compreensão, porém, só pode ser fecunda quando acompanhada do sentimento de que é preciso saber compartilhar a alegria e a dor. Cultivar estes importan-tes motores de acção é o que compete à religião, depois de libertada da superstição. Nesse sentido, a religião toma um papel importante na educação, papel este que só em casos raros e pouco sistematicamente se tem tomado em consideração. 

O terrível problema magno da situação política mundial é devido em grande parte àquela falta da nossa civilização. Sem «cultura ética», não há salvação para os homens. 

O Papa Francisco viajou a Jerusalém, ao lugar onde agora caiem mísseis e mortos, procurando o caminho da Paz e da Unidade. Esta porção da terra é quem sabe o sítio que mais desejou estes dois dons, na qual mais sementes, que continham estes ansiados presentes, se polvilharam, na qual mais gritos os pediram…, e, quem sabe, também é o espaço de mais violência e destruição da História.

Agora que os noticiários se enchem das imagens das bombas, dos mortos sem sentido nessa terra bendita, onde viveram e caminharam grandes Profetas da paz — Abraão, Jesus, Muhammad — continuo a gostar mais da imagem desse homem chamado Francisco caminhando até ao muro das lamentações, para abraçar-se a um imame muçulmano e a um rabino judeu. Essa foto comove a alma de paz, de esperança. Apesar das sombras, o passo deste homem de Deus, certifica que a Paz e a Unidade são possíveis, para além das religiões. Benditos sejam os anúncios de paz, a Paz…!

Não me iludo. Sei que os homens da guerra não param. Move-os a cobiça, a ambição, a vingança, o rancor…, feridas profundas submersas na alma, muito difíceis de arrancar, e, das quais todos temos algo. As guerras não cessam, nunca cessaram, ao longo da história. As sombras da morte e as crueldades cumprem alguma missão que acabamos por não entender nesta evolução da sociedade até ao mundo melhor, até “os céus novos e a terra nova”.

Mas também sei, sou consciente, de que os homens da paz, continuam semeando as sementes do perdão, do consolo, da misericórdia… As bombas fazem mais ruído, deixam rasto de morte, de sangue… As rosas, as árvores, as montanhas, os rios, a luz do sol…, símbolos da paz e da esperança, por outro lado, continuam firmes, fiéis à sua missão; não fazem tanto ruído, são mais subtis, mas também são mais pacientes, mais estáveis, as suas raízes são muito mais profundas, o seu odor mais suave e doce.

Se a guerra avança, nada nem ninguém impedirão que continuemos unidos às pessoas de boa vontade, gritando do silêncio da oração, desde o nascer do sol até ao ocaso, PAUSA para Paz! Uma pausa interminável a favor da Paz!■

— «A paz é fruto da justiça» - Profeta Isaías, 32:7.

— «Não existe um caminho para a paz. A paz é o caminho». - Mahatma Gandhi.

— «Aquilo que se obtém com violência só se pode conservar pela violência». - Mahatma Gandhi.

— «A paz não pode ser mantida à força. Somente pode ser atingida pelo entendi-mento». - Albert Einstein.

Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 22/07/2014.

quinta-feira, julho 17, 2014

A L M A D I N A RAMADHAAN - UM MÊS DE MISERICÓRDIA E BENÇÃOS

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 14.07.2014

 Mais uma vez chega-nos o sagrado mês de Ramadhaan, um mês de misericórdia e bênçãos.

O mês de Ramadhaan significa tudo aquilo que o Isslam defende: cuidar, partilhar, economizar, e moderar em todos os assuntos.

Ramadhaan é o nono mês do calendário isslâmico, que se orienta pelo calendário lunar, isto é, cada mês tem início com a visualização da Lua Nova e termina com a visualização da Lua Nova do mês seguinte. O ciclo lunar tem a duração de 29 a 30 dias. No mês de jejum - mês de Ramadhaan – caso não se consiga visualizar a Lua no vigésimo nono dia devido à nebulosidade, deve-se estender o jejum ao trigésimo dia.

Para mais de um bilião e meio de muçulmanos pelo Mundo fora, Ramadhaan é um mês muito especial, caracterizado por orações extras e actos de generosidade. Um dos aspectos importantes do Ramadhaan é que este mês prepara-nos para uma vida de sacrifício e contenção, e os seus efeitos não se circunscrevem apenas à perda de peso, pois dos ensinamentos do Profeta Muhammad (S.A.W.) sabemos que o controlo na dieta é a melhor cura para muitas doenças, facto confirmado por recentes pesquisas científicas.

A ideia por detrás desta abstenção não é apenas o crente passar fome e sede, mas também incutir no crente o “takwa” (temor a Deus). Aliás, o “takwa” constitui a essência de todos os actos isslâmicos de adoração.

O jejum tem muitos benefícios, pois quando ao jejuar passamos fome e sede, recordamo-nos do sofrimento por que os pobres passam todos os dias do ano.

É também uma oportunidade para a prática do auto-controlo e purificação da nossa alma. Isto contribui para que os muçulmanos sintam a paz que emana da devoção espiritual e sejam solidários para com os outros crentes.

Tal como as orações diárias obrigatórias, o jejum impede-nos de praticar tudo o que seja mau e pecaminoso, e fortifica a noção da presença constante de Deus na nossa vida. Por isso o jejuador, mesmo sentindo fome e sede, resiste à tentação de comer e beber, ainda que esteja sozinho. Essa auto-restrição é uma das lições pertinentes do sagrado mês de Ramadhaan, tanto para os jovens como para os idosos.

Se este sentimento existisse em toda a gente e durante todo o ano, certamente que não haveria maldade nem criminalidade no Mundo, pois geralmente os malfeitores só respeitam as Lei quando estão perante agentes da polícia. Mas é necessário criar de forma constante, a noção da presença de Deus, pois se o malfeitor tiver a noção de que Deus está vendo os seus actos pecaminosos, dificilmente se atreverá a transgredir. E esse sentimento se faz mais presente no jejum.

A generosidade e a gratidão são também os aspectos importantes deste mês. Embora no Isslam a prática constante de caridade e boas acções seja importante, no mês de Ramadhaan assume um significado especial, pois todos os muçulmanos sentem a obrigação de irem até ao pobre e ao necessitado para alimentá-los e solidarizar-se com eles.

Além disso, através de todas as práticas associadas ao Ramadhaan, recorda-se aos muçulmanos a sua identidade comum, e de que todos eles são iguais perante Deus.

Outro aspecto importante deste mês de bondade é o espírito de partilha e cuidado que são manifestos na preparação de refeições de abertura do jejum em todas as mesquitas no Mundo todo, e a distribuição de cabazes (kits) de Ramadhaan aos pobres.

Na generalidade, todos os actos de adoração instituídos pelo Isslam, tais como o jejum, as orações diárias, a caridade e a peregrinação, são para disciplinar as nossas almas, purificar os nossos corações e elevar o Ser Humano para os valores mais altos e nobres. E nisso o Ramadhaan continua a ser uma grande escola.

Todos nós devemos aproveitar este grande mês na prática de boas acções, na adoração, e evitar todas as futilidades, os pecados e tudo o que nos impede a prática do bem.

Devemos alimentar os pobres jejuadores, ocuparmo-nos na recordação e gratidão a Deus, no arrependimento dos nossos pecados, na recitação do Al-Qur’án, e tentarmos fazer o máximo de “khatams” (recitação integral do Al-Qur’án) neste mês sagrado, e dentro do possível, melhor que seja com o máximo de meditação, sempre com a intenção de pôr tudo isso em prática.

Por fim, gostaria de desejar a todos os muçulmanos, em especial os de Moçambique, a continuação de um Feliz Ramadhaan, e que o seu jejum seja aceite. 

Que o Ramadhaan sirva para transformar as nossas vidas para melhor. Oremos para que haja prosperidade e bem-estar do nosso País, e também dos muçulmanos de todo o Mundo. 

Até quando?”

Até quando continuaremos a crer no conto do agressor agredido, que pratica o terrorismo porque tem direito a defender-se do terrorismo? Um país bombardeia dois países. A impunidade poderia resultar assombrosa se não fosse costume. Alguns tímidos protestos dizem que houve erros. Até quando os horrores se continuarão a chamar erros? 14/07/2014 - Autor: Eduardo Galeano - Fonte: Ecoportal  - In http://www.ecoportal.net/Temas_Especiales/Derechos_Humanos/Hasta_cuando - Trad. Portuguesa de: Yiossuf Adamgy 

 Esta carniceira de civis desatou-se a partir do se-questro de um soldado. Até quando o sequestro de um soldado israelita poderá justificar o sequestro da sobera-nia Palestina? Até quando o sequestro de dois soldados israelitas poderá justificar o sequestro do Líbano inteiro?

A caça aos judeus foi, durante séculos, o desporto preferido dos europeus. Em Auschwitz desembocou um antigo rio de espantos, que havia atravessado toda a Europa. Até quando continuarão os palestinos e outros árabes a pagar crimes que não cometeram?

Hezbollah não existia quando Israel arrasou o Líbano nas suas invasões anteriores. Até quando continuare-mos a crer no conto do agressor agredido, que pra-tica o terrorismo porque tem direito a defender-se do terrorismo?

Iraque, Afeganistão, Palestina, Líbano… Até quando se poderá continuar a exterminar países impune-mente?

As torturas de Abu Ghraib, que despertaram certo mal-estar universal, não têm nada de novo para nós, os latino-americanos. Os nossos militares aprenderam essas técnicas de interrogatório na Escola das Améri-cas, que agora perdeu o nome mas não as manhas. Até quando continuaremos aceitando que a tortura se vá legitimando, como fez a Tribunal Supremo de Israel, em nome da legítima defesa da pátria?

Israel não fez caso de quarenta e seis recomen-dações da Assembleia Geral e de outros organismos das Nações Unidas. Até quando o governo israelita continuará exercendo o privilégio de ser surdo?

As Nações Unidas recomendam mas não decidem. Quando decidem, a Casa Branca impede que deci-dam, porque tem direito de veto. A Casa Branca vetou, no Conselho de Segurança, quarenta resolu-ções que condenavam Israel. Até quando as Nações Unidas continuarão actuando como se fossem outro nome dos EE.UU.?

Desde que os palestinos foram desalojados de suas casas e despojados de suas terras, muito sangue correu. Até quando continuará correndo o sangue para que a força justifique o que o direito nega?

A história repete-se, dia após dia, ano após ano, e um israelita morre por cada dez árabes que morrem. Até quando continuará valendo dez vezes mais a vida de cada israelita?

Em proporção à população, os cinquenta mil civis, na sua maioria mulheres e crianças, mortos no Iraque, equivalem a oitocentos mil estado-unidenses. Até quando continuaremos aceitando, como se fosse costume, a matança de iraquianos, numa guerra cega que esqueceu os seus pretextos? Até quando continuará sendo normal que os vivos e os mortos sejam de primeira, segunda, terceira ou quarta categoria?

O Irão está desenvolvendo a energia nuclear. Até quando continuaremos crendo que isso basta para provar que um país é um perigo para a humanidade? À chamada comunidade internacional não angustia para nada o facto de que Israel tenha duzentas e cinquenta bombas atómicas, ainda que seja um país que vive à beira de um ataque de nervos. Quem maneja o peri-gosímetro universal? Terá sido o Irão o país que lan-çou as bombas atómicas em Hiroxima e Nagasaki?

Na era da globalização, o direito de pressão pode mais que o direito de expressão. Para justificar a ilegal ocu-pação de terras palestinas, a guerra chama-se paz. Os israelitas são patriotas e os palestinos são terroris-tas, e os terroristas semeiam o alarme universal.

Até quando os meios de comunicação continuarão sendo “medos” de comunicação?

Esta matança de agora, que não é a primeira nem será, temo, a última, ocorre em silêncio? Está mudo o mundo? Até quando continuarão soando como um sino tardio as vozes da indignação?

Estes bombardeamentos matam crianças: mais de um terço das vítimas, não menos da metade. Os que se atrevem a denunciá-lo são acusados de anti-semitis-mo. Até quando continuarão sendo anti-semitas os críticos dos crimes de terrorismo de estado? Até quando aceitaremos essa extorsão? São anti-semitas os judeus horrorizados pelo que se faz em seu nome? São anti-semitas os árabes, tão semitas como os judeus? Por acaso não há vozes árabes que defendem a pátria palestina e repudiam o manicómio fundamentalista?

Os terroristas parecem-se entre si: os terroristas de estado, respeitáveis homens de governo, e os terroristas privados, que são loucos soltos ou loucos organizados desde os tempos da guerra fria contra o totalitarismo comunista. E todos actuam em nome de Deus, assim se chame Deus ou Allah ou Jeová. Até quando continuaremos ignorando que todos os terrorismos desprezam a vida humana e que todos se alimentam mutuamente? Não é evidente que nesta guerra entre Israel e Hezbollah são civis, libaneses, palestinos, israelitas, que são mortos? Não é evidente que as guerras do Afeganistão e do Iraque e as invasões de Gaza e do Líbano são incubadoras de ódio, que fabricam fanáticos em série?

Somos a única espécie animal especializada no extermínio mútuo. Destinamos dois mil e quinhentos mi-lhões de dólares, por dia, aos gastos militares. A mi-séria e a guerra são filhas do mesmo pai: como alguns deuses cruéis, comem os vivos e os mortos. Até quando continuaremos aceitando que este mundo ena-morado pela morte é o nosso único mundo possível?…

segunda-feira, julho 14, 2014

A 19 Anos do Massacre de Srebrenica

Uma ferida que não cicatriza - 14/07/2014 - Autor: Yasmin Matuk - Fuente: Blog Yasmin Matuk / Webislam - Trad. Portuguesa de: Yiossuf Adamgy 

Buscando eliminar uma parte da população bósnia muçulmana, as forças servo-bósnias cometeram genocídio. Seleccionaram para a sua extinção quarenta mil bósnios muçulmanos que viviam em Srebrenica, um grupo particularmente emblemático entre os bósnios muçulmanos em geral. Despojaram todos os varões prisioneiros, tanto militares como civis, jovens ou maiores, das suas pertenças e identificações; e deliberada e metodicamente eliminaram-nos, unicamente em razão de sua identidade.” — Theodor Meron, presidente do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia. 

19 Anos depois do massacre de Srebrenica e a Bósnia continua enterrando cadáveres e, ainda que países como a Holanda ofereçam a soma de 80.000 euros a alguns familiares de vítimas, nenhum tipo de recompensa econômica pode apagar a desonra e detrimento que sofreram os inocentes assassinados. 

Srebrenica, uma ferida que não cicatriza: 

Para quem não o conheça, ou pouco recorde, o geno-cídio de Srebrenica foi o assassinato de mais de 8.000 pessoas de etnia bósnia muçulmana na região de Srebrenica, em Julho de 1995, durante a Guerra da Bósnia por parte de sérvios de afiliação católica. Este assassinato massivo, levado a cabo por unidades do Exército da República Srpska, o VRS, sob o comando do general Ratko Mladic - assim como por um grupo paramilitar sérvio conhecido como “Os Escorpiões” – produziu-se numa zona previamente declarada como “segura” pela ONU, já que nesse momento se encon-trava sob a suposta protecção de 400 capacetes azuis holandeses. 

O que sucedeu em Srebrenica não foi um único grande massacre de muçulmanos, perpetrado por sérvios, mas uma série de ataques e contra-ataques muito sangrentos ao longo de um período de três anos, que chegou ao seu ponto alto em 1995… 

Ainda que se buscasse supostamente a “eliminação” dos varões bósnios muçulmanos, o massacre incluiu o assassinato de crianças, adolescentes, mulheres e anciãos, com o objetivo de conseguir a LIMPEZA ÉTNICA da cidade. Como atualmente sucede na Palestina: qual será o tribunal internacional que con-denará os crimes de lesar a humanidade cometidos por Israel? 

A NATO

Uma das grandes mentiras que escutamos durante as guerras da Jugoslávia foi que a NATO tinha que intervir porque havia perigo de que o conflito se estendesse. Mas nenhum grupo dentro da ex-Jugoslávia tinha ambições fora da Jugoslávia. Eram as nações de fora quem tinham ambições dentro da Jugoslávia. 

Com o final da Guerra Fria, o papel da NATO como aliança defensiva conclui-se. Havia quem dissesse que a NATO deveria dissolver-se agora que já não existia a União Soviética. Mas havia também quem dissesse -muitos deles burocratas que beneficiavam da existência de uma organização tão imensa - que a NATO deveria utilizar-se agora como arma para “forjar” a democracia por todo o planeta, ou seja, que deveria utilizar-se para promover a economia global, o mercado internacional com as suas consequências escravistas e alienantes; a abertura a um mundo livre que fomente o consumismo desavergonhado. 

Todos eles slogans que disfarçam o verdadeiro detrimento que causa a NATO de cada vez que pisa solo alheio. Exemplos mais próximos na nossa memória são Iraque, Somália, Afeganistão, Sudão, Paquistão, Iémen, Líbia… Países com legítima soberania nacional atacados, destroçados, usurpados e usufrutuados. 

Valeria a pena perguntar-se, como exercício de sensatez, se isto é exportar a liberdade… 

“Recordamos, porque estamos vivos, e conhecemos a nossa história. Buscamos justiça: somos um povo pa-ciente.” — Yasmin Matuk 

Obrigado, boas leituras. Wassalam. M. Yiossuf Adamgy - 14/07/2014.

Palestina Resiste em Gaza, Outra Vez

Palestina é bandeira dos oprimidos do mundo - 11/07/2014 - Autor: Kamel Gomez - Fonte: Webislam – Trad. Portuguesa de: Yiossuf Adamgy
"...O exército colonial mostra-se feroz: quadrilhas, 'ratoeiras', concentrações, expedições punitivas; assassinam-se mulheres e crianças. Ele sabe-o: esse homem novo começa a sua vida de homem pelo final; sabe-se potencialmente morto. Mataram-no: não só aceita o risco mas tem a certeza; esse morto em potência perdeu a sua mulher, os seus filhos, viu tanta agonia que prefere vencer a sobreviver; outros gozarão da vitória, ele não: está demasiado cansado. Mas essa fatiga do coração é a fonte de um incrível valor. Encontramos a nossa humanidade mais para cá da morte e do desespero, ele encontra-a mais além dos suplícios e da morte. Nós semeamos o vento, ele é a tempestade. Filho da violência, nela encontra a cada instante a sua humanidade: éramos homens às suas custas, ele faz-se homem às nossas custas. Outro homem: de melhor qualidade." — Jean-Paul Sartre, no Prefácio a "Os Condenados da Terra".

A situação no Médio Oriente é catastrófica. A região hoje, desde o Afeganistão até ao Egipto, está submersa em várias batalhas que aos leigos parecem diferentes, Palestina é bandeira dos oprimidos do mundo mas quanto mais se aproxima a lupa analítica, mais se assemelham. 

Israel utiliza a cobertura do mundial de futebol para aniquilar Hamas. Aproveita o acordo tácito com os mercenários que vêm de todo o mundo, acompanhados de dinheiro saudita e armas estado-unidenses. 

Havia que romper o acordo de unidade Fatah-Hamas. Então, castigar os bárbaros palestinos com o melhor da civilização ocidental: armamento de última geração, a não ser que as pedras e os foguetes caseiros molestem os bons colonos que a imprensa internacional pinta. De fundamentalistas, eles, os bons judeus, não têm nada: essa palavra é para os sujos muçulmanos. Para além disso, o Hamas atreve-se a retomar as suas relações com o Irão. Com mais razão, já não chega matá-los com os seus aviões; melhor: pegam-lhes fogo antes de morrer. 

A quem importam os palestinos? Se em plena matança Israel recebe cartas mimosas da dinastia As-Saud. Os sauditas já querem viajar de Riad a Jerusalém sem escala. Francisco, o Papa, todavia não se pronunciou. O papel que Israel pretende dar à EE.UU. nas negociações, agora Netanyahu, o mentiroso dá-o ao Sumo Pontífice: envergonha o Vaticano, ri-se das orações de Bergoglio. Eis que o sionismo entende por uma forma de paz: quando matarmos todos os palestinos, crianças, mulheres, anciãos, vamos viver em Paz. Pobre Francisco, papel internacional para ele, presente de Teodoro Herzl. 

Total, a indiferença de muitos, a traição de outros, as dificuldades dos amigos da Palestina, permitem a Israel cometer o seu plano racional de exterminar os árabes palestinos. Pensaram os sionistas, a terceira em Gaza, é a vencida. 

Por isso peço-lhe, querido leitor, que acompanha e sofre, que volte à citação do começo com esperança, que a releia, que a medite, assim entenderemos juntos que, apesar da dureza criminal do sionismo, a Palestina é bandeira dos oprimidos do mundo, que é a causa que triunfa graças a esses homens, hoje palestinos, que são a melhor qualidade da humanidade.■ 

Obrigado, boas leituras. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 10/07/2014. _________________________________________

quarta-feira, julho 09, 2014

ZAKAT: O terceiro Pilar do Islão

Uma reflexão sobre as dimensões espirituais do terceiro pilar do Islão, a contribuição obrigatória ou Zakat.
Prezado Irmão e Irmã, 
Assalamu Alaikum: 

Zakat não só se recomenda no Islão, é uma obrigação de cada muçulmano economicamente estável. Dar àqueles que o merecem faz parte do carácter do muçulmano e é um dos cinco pilares da prática islâmica. Zakat pode traduzir-se como “contribuição obrigatória”; responder às necessidades daqueles membros da sociedade que o necessitam é uma obrigação para aqueles que foram benditos por Deus (ár. Allah), com riquezas. Algumas pessoas desprovidas de sentimentos de amor, só sabem acumular riqueza e multi-plicá-la com a usura e juros bancários. Os ensinamentos do Islão são a antítese desta atitude. O Islão alenta a uma repartição da riqueza, ajudando a que as pessoas se valham por si mesmas e se convertam em membros produtivos da sociedade. 

Em árabe é conhecido como Zakat, que significa literalmente “purificação”, porque o Zakat purifica o coração da cobiça. O amor pela fortuna é natural no ser humano, mas a crença em Deus leva a compartilhar com o próximo. Zakat deve ser paga em diferentes categorias de propriedade – ouro, prata, dinheiro, gado, produção agro-pecuária e matéria-prima – e paga-se cada ano na altura do balanço anual. Deve-se entregar 2,5 % anual dos lucros e dos ativos individuais. 

Como a Oração (Salat) é uma responsabilidade indi-vidual e comunitária, Zakat expressa a adoração do muçulmano e o agradecimento a Allah, ajudando aos mais necessitados. No Islão, o verdadeiro dono das coisas não é o ser humano, mas Deus. A aquisição da riqueza para seu exclusivo benefício ou viver somente para incrementar a riqueza é uma maldição. A mera aquisição de riqueza não conta aos olhos de Deus. Não dá ao ser humano nenhum mérito nesta vida nem no mais além. O Islão ensina que as pessoas devem adquirir riquezas com a intenção de gastá-las nas suas próprias necessidades e nas do próximo. 

Disse o Profeta Muhammad – a paz esteja com ele- : “O ser humano diz: ‘Minha fortuna! Minha fortuna!’ Mas por acaso tens outra fortuna excepto a que gastas em caridade, e dessa maneira se eterniza, o que vestes e se desgasta, e o que comes?” 

O conceito de riqueza no Islão considera-se como um presente de Deus. É Deus quem provê a pessoa, Quem destinou uma porção dele para o pobre, pelo que o pobre tem direito sobre a fortuna dos mais abastados. Zakat recorda o muçulmano que tudo o que possui pertence a Deus. As pessoas recebem a riqueza como uma confiança de Deus, Zakat libera a pessoa do amor e ganância pelo dinheiro. Zakat não é algo que Deus necessita. Ele está por cima de qualquer tipo de ne-cessidade ou dependência. Deus, na Sua infinita mise-ricórdia, promete recompensas por ajudar aos necessitados com a condição de que Zakat se pague em nome de Deus, sinceramente de coração, sem esperar retribuição alguma dos beneficiários, nem esperar que seu nome apareça numa lista de filan-tropos. Os sentimentos de quem recebe Zakat não devem ser feridos, fazendo-o sentir inferior ou re-cordar-lhe o que recebeu. 

Quando uma instituição levanta Zakat dos muçulma-nos, o dinheiro recolhido como Zakat só pode ser utilizado para coisas específicas decretadas por Deus. A legislação islâmica estipula que a caridade se utiliza para alimentar os pobres, os órfãos e as viúvas, para libertar escravos ou prisioneiros, para os devedores, para a causa de Allah e para o viajante, como se menciona no Alcorão (9:60). Zakat, que se estabeleceu há 14 séculos, funciona como a segurança social na sociedade muçulmana. 

Nem as escrituras judias nem as cristãs apreciam a libertação dos escravos como um acto de adoração. De facto, o Islão é a única religião do mundo que requer que os crentes ajudem os escravos a ganhar a sua liberdade e que eleva os que emancipem os escravos reconhecendo o seu ato como um ato de adoração. 

Durante os califados, a recolha e a entrega de Zakat era uma função do estado. No mundo muçulmano contemporâneo, deixou-se para os indivíduos e institui-ções, excepto em alguns países nos quais o estado tem esse papel até certo ponto. A maioria dos muçulmanos no ocidente compartilha a Zakat com as instituições de beneficência islâmicas, as mesquitas, ou entregando-as directamente aos pobres. O dinheiro não se recolhe durante os serviços religiosos, mas algumas mesqui-tas têm uma caixa para os que desejem contribuir com a Zakat. De modo diferente ao Zakat, outros tipos de contribuições, feitas em segredo, são superiores, por-que a intenção é que somente Deus o saiba. 

Para além da Zakat, o Alcorão e a tradição do Profeta Muhammad (p.e.c.e.), também acentuam a Sadaqah ou contribuição voluntária para os mais necessitados. O Alcorão enfatiza a importância de alimentar os pobres, a vestimenta para os que carecem dela, a ajuda aos devedores; quanto mais uma pessoa ajuda, mais Deus ajuda essa pessoa. Quem cuida das necessidades das pessoas, Deus cuida das suas necessidades. 

«... E a esses que acumulam ouro e prata, e não os empregam na causa de Allah, anuncia-lhes (ó Mu-hammad) um fim de sofrimentos (doloroso casti-go)... No dia em que tudo for fundido no fogo infernal serão marcadas com isso as suas frontes, os seus flancos e as suas costas, e ser-lhes-á dito: aqui está o que entesourastes para vós mesmos! Provai agora do que costumáveis entesourar» - (Sura Al-Tawbah, 9:34-35) 

- Que Allah nos guie ao que está certo.■ 

segunda-feira, julho 07, 2014

O Mérito do jejum, a Oração e a Hospitalidade no Ramadão

Prezado Irmão e Irmã,

Assalamu Alaikum & Jumma Mubarak:

A maior recompensa, o grau mais elevado neste nosso mundo inferior, é a fé à qual devemos a ajuda e o favor da bondade de Allah (Deus). A nós, foi-nos dada a honra de termos sido feitos Seus servos e a Sua Comunidade bem-amada, e de termos recebido um lugar no Alcorão.

Temos agora mais uma bênção: Uma vez a cada ano, chega o mês do Ramadão, no qual "o começo é a misericórdia, o meio é o perdão, e o final é a salvação do Fogo".

Sempre que o Ramadão chegar, na nossa vida, deve-mos apreciá-lo! Ele passa muito rapidamente. A própria vida passa num ápice, assim como acontece com o tempo da oração. Não devemos dizer: "O Ramadão voltará outra vez", porque um Ramadão que tenha passado não voltará novamente. O próximo Ramadão, se voltar, será um Ramadão diferente. É possível que o Ramadão continue a chegar até à Ressurreição, mas este Ramadão pode ser, para alguns de nós, o último. 

Não se deve dizer: "eu perdi esta oração, mas outra virá". Quem sabe se esta oração não é a tua última.

Não se deve dizer: “Quando me aposentar e começar a ganhar a minha pensão, então me dedicarei à adora-ção!" Quem sabe se não farás a tua última viagem antes de chegar a receber a tua pensão… Vestir-te-ão uma mortalha, de modo a preparar-te para a acção imediata. Lamenta-te, copiosamente, pelos teus pecados. Mantém a vigilância pelo teu Senhor, recitando o Alcorão. Rindo, homenageia a Sua presença. Reflecte na tua própria natureza transitória, recordando que Ele é eterno… Reflecte nas tuas próprias debilidades, recordando-te que Ele é o Todo-Poderoso…

Que coisa bela encontrar o Senhor! Como poderei fazer chegar-te o Seu sabor? Pode falar-se aos cegos sobre a cor, aos surdos sobre a música, aos impotentes sobre o deleite da relação sexual, mas é possível realmente fazer com que eles compreendam essas experiências? Se o cego não pode ver, como pode ele descobrir a cor através das palavras? Como se pode mostrar a um olho que não vê as flores multicolores, as árvores, o sol, o céu, a dança dos peixes nos riachos? Ao que não tem o sentido do olfacto, como lhe pode-remos descrever o cheiro da rosa, a fragrância do jacinto, ou o perfume do junquilho? Como poderemos contar ao surdo acerca do chilrear dos pássaros, do murmúrio do fluir das águas, ou das cadências do Nobre Alcorão e as da chamada à Oração?

Se passares algum tempo a sós com o Senhor, um dia levantar-se-á o véu dos teus olhos e verás as cores. Adquirirás o sentido do olfacto e detectarás a fragrância das rosas, dos jacintos, dos junquilhos e dos narcisos. A tua surdez irá desaparecer e ouvirás a constante lem-brança de Allah. Os ouvidos do teu coração abrir-se-ão e deleitar-te-ás com a recitação do Alcorão. Sob os can-tos dos rouxinóis e do murmúrio das águas, ouvirás o som da afirmação da Unidade Divina. São estas as dádivas que serás capaz de obter neste mundo e que um dia terminarão. Quanto às dádivas que obterás no Além, in cha Allah, não têm fim, são eternas…

Quando o Ramadão chega, não consegues ouvir aquela Voz chamando todas as noites: "Ninguém Nos quer, ninguém Nos ama? Nós os amaríamos tam-bém!". Este apelo faz-se em todos os entardeceres e em todas as noites. Esta é outra dádiva divina carac-terística do nobre mês do Ramadão. Observa a conver-sa de que desfrutou o Profeta Moisés (a.s.). Moisés, o Kalimullah, aquele que falava com Allah, quando costumava ir ao Monte Sinai (tu tens o teu próprio “Monte Sinai” no momento de romper o jejum, quando podes suster mil e uma conversas). Quando Moisés dizia: "Ó meu Senhor, Tu falas comigo, Tu diriges-Te a mim. Não me mostrarás a beleza do Teu semblan-te? Deixa-me ver a Tua beleza!" Recebeu a resposta do Senhor: Lan taraani: "Não poderás ver-Me". [Alco-rão, 7:143].

"Moisés! Como poderás ver a Minha beleza, quando há setenta mil cortinas entre nós? Serias incapaz de Me ver. Mas na altura da Ressurreição dar-te-ei um mês, como um presente à Comunidade do meu bem-amado Muhammad. Esse mês chamar-se-á Ramadan. E a Comunidade de Muhammad deverá jejuar durante todo esse mês, e Eu Me manifestarei de forma tal na altura de romper o jejum, que não haverá absolutamente nenhum véu entre mim e a Comunidade de Muhammad, enquanto agora, entre Mim e tu, há setenta mil véus".

Numa Tradição Sagrada, o Altíssimo disse: "O jejum é para Mim, e Eu sou quem o recompensa".

A recompensa do jejum é a visão da Beleza Divina. O emblema do Ramadão é o perdão. O jejum deverá fazer-se com sinceridade e com afecto ardente. O nosso abençoado Mestre Muhammad (p.e.c.e.) disse: "Se a minha Comunidade soubesse que êxito e salvação residem no Ramadão, rogariam a Allah que lhes deixasse viver para sempre nesse mês!".

Os três tipos de jejum

Há três tipos de jejum. Que tipo de jejum praticas tu? Uma forma de jejuar é abster-se de comida, bebida e relações sexuais entre o alvorecer e o pôr-do-sol. É difí-cil imaginar que alguém se considere um adorador de Allah e não obstante não mantenha sequer esta classe de jejum; alguém assim não é pessoa digna de com-paixão.

Um segundo tipo de jejum é aquele que se pode observar por aqueles que não apenas se abstêm dessas coisas desde ao amanhecer até anoitecer, mas que também evitam - de noite assim como de dia - olhar as coisas ilegais, escutar algo negativo, proferir palavras duras, abusivas, maldições ou mentiras, ir onde Allah não permite, e sentir alguma malícia ou inveja nos seus corações. Este tipo de jejum rompe-se não só por co-mer, beber ou ter relações sexuais (durante o dia), mas também por qualquer transgressão respeitante a qual-quer um dos temas enumerados. Este jejum é rompido inclusivamente por um olhar ilegal …. 

Há ainda um terceiro tipo de jejum que também o observam os sete membros do corpo. Mas este jejum é quebrado se qualquer outro, que não Allah, entre no coração daqueles que o mantêm. Àqueles que mantêm este jejum, chamam-se de a “Elite da Elite". O valor destes exaltados seres só é conhecido por Allah Mesmo. 

Esta é a classe de seres que querem a Allah e não lhes importa nada o Paraíso. Enquanto àqueles que deixam de lado uma centena de vezes o cumprimento dos deveres básicos do Islão, a Oração, a Peregrinação, o Jejum e o pagamento da Esmola devida, e que raras vezes se inclinam em adoração entre a Congregação de uma Sexta-Feira e a seguinte, ou entre a de um Dia de Festa (Dia de Eid) e a do seguinte, não têm qualquer direito de se considerarem amantes de Allah.

Observa a recompensa daqueles que jejuam! Quando chegar o dia da Ressurreição, Allah admitirá, secreta-mente, no seu Paraíso, um grupo de crentes jejuadores. Quando estiverem parados em frente ao Paraíso, Khazir far-lhes-á estas questões: “Não se apresentaram no sítio da Ressurreição? Não estiveram no Juízo Final? Não viram a violência e o horror do Poente?" Quando respon-derem: "Não, Allah absteve-se graciosamente de nos mostrar essas coisas"; ele continuará, perguntando: "Como, por que meios obtiveram esse nível?" E eles responderão: "No mundo inferior utilizámos nosso tempo para adorar Allah em segredo, agora, secretamente também, Ele trouxe-nos para o Seu Paraíso".

Todos os actos de adoração podem ser realizados em segredo. Quando qualquer acto de adoração que deve-ria ser realizado secretamente é trazido à luz, é tingido com ostentação, que é hipocrisia. No entanto, no jejum, não há espaço para a ostentação hipócrita. O jejum, pela sua natureza, é uma forma de adoração entre Allah e o Seu servo. O jejum é um escudo contra o fogo do Inferno. O fogo não pode tocar quem observa o jejum. 

Numa de suas nobres tradições, o nosso Mestre Muhammad (p.e.c.e.), a Glória do Universo, disse: "À minha Comunidade foram dadas cinco grandes graças divi-nas, que não foram dadas a qualquer outra Comunida-de, que não foram obtidas por nenhuma outra Comuni-dade. A primeira graça destas cinco é esta: na véspera do primeiro dia do Ramadão, o Mais Misericordioso de todos os misericordiosos, observa com compaixão aqueles que, da minha Comunidade, estão jejuando. E jamais torna a expor ao tormento aqueles que assim caíram nesse misericordioso olhar. A segunda graça concedida é esta: Ele ordena aos nobres anjos que orem, pedindo o perdão em nome da Comunidade de Muhammad. A terceira graça concedida é que o cheiro da boca de um crente que jejua é mais caro a Allah que o aroma de musk. A quarta graça é a seguinte: No Paraíso é dada a ordem: 'Embeleza-te e adorna-te para a Comunidade de Muhammad'. Porque Allah disse: 'Dá aos Meus servos que em Mim crêem, as boas novas de que são Meus amigos'. A quinta graça divina é que Ele perdoa e absolve toda a Comunidade de Muhammad que mantém o jejum".

Queira Allah conceder a Sua Misericórdia sobre os nossos corações e facilitar-nos o jejum. Ámen.■

Obrigado, boas leituras. Wassalam.
M. Yiossuf Adamgy - 04/07/2014.

sexta-feira, julho 04, 2014

O Mérito do jejum, a Oração e a Hospitalidade no Ramadão

Prezado Irmão e Irmã,
Assalamu Alaikum & Jumma Mubarak:
A maior recompensa, o grau mais elevado neste nosso mundo inferior, é a fé à qual devemos a ajuda e o favor da bondade de Allah (Deus). A nós, foi-nos dada a honra de termos sido feitos Seus servos e a Sua Comunidade bem-amada, e de termos recebido um lugar no Alcorão.

Temos agora mais uma bênção: Uma vez a cada ano, chega o mês do Ramadão, no qual "o começo é a misericórdia, o meio é o perdão, e o final é a salvação do Fogo".

Sempre que o Ramadão chegar, na nossa vida, deve-mos apreciá-lo! Ele passa muito rapidamente. A própria vida passa num ápice, assim como acontece com o tempo da oração. Não devemos dizer: "O Ramadão voltará outra vez", porque um Ramadão que tenha passado não voltará novamente. O próximo Ramadão, se voltar, será um Ramadão diferente. É possível que o Ramadão continue a chegar até à Ressurreição, mas este Ramadão pode ser, para alguns de nós, o último. 

Não se deve dizer: "eu perdi esta oração, mas outra virá". Quem sabe se esta oração não é a tua última.

Não se deve dizer: “Quando me aposentar e começar a ganhar a minha pensão, então me dedicarei à adora-ção!" Quem sabe se não farás a tua última viagem antes de chegar a receber a tua pensão… Vestir-te-ão uma mortalha, de modo a preparar-te para a acção imediata. Lamenta-te, copiosamente, pelos teus pecados. Mantém a vigilância pelo teu Senhor, recitando o Alcorão. Rindo, homenageia a Sua presença. Reflecte na tua própria natureza transitória, recordando que Ele é eterno… Reflecte nas tuas próprias debilidades, recordando-te que Ele é o Todo-Poderoso…

Que coisa bela encontrar o Senhor! Como poderei fazer chegar-te o Seu sabor? Pode falar-se aos cegos sobre a cor, aos surdos sobre a música, aos impotentes sobre o deleite da relação sexual, mas é possível realmente fazer com que eles compreendam essas experiências? Se o cego não pode ver, como pode ele descobrir a cor através das palavras? Como se pode mostrar a um olho que não vê as flores multicolores, as árvores, o sol, o céu, a dança dos peixes nos riachos? Ao que não tem o sentido do olfacto, como lhe pode-remos descrever o cheiro da rosa, a fragrância do jacinto, ou o perfume do junquilho? Como poderemos contar ao surdo acerca do chilrear dos pássaros, do murmúrio do fluir das águas, ou das cadências do Nobre Alcorão e as da chamada à Oração?

Se passares algum tempo a sós com o Senhor, um dia levantar-se-á o véu dos teus olhos e verás as cores. Adquirirás o sentido do olfacto e detectarás a fragrância das rosas, dos jacintos, dos junquilhos e dos narcisos. A tua surdez irá desaparecer e ouvirás a constante lem-brança de Allah. Os ouvidos do teu coração abrir-se-ão e deleitar-te-ás com a recitação do Alcorão. Sob os can-tos dos rouxinóis e do murmúrio das águas, ouvirás o som da afirmação da Unidade Divina. São estas as dádivas que serás capaz de obter neste mundo e que um dia terminarão. Quanto às dádivas que obterás no Além, in cha Allah, não têm fim, são eternas…

Quando o Ramadão chega, não consegues ouvir aquela Voz chamando todas as noites: "Ninguém Nos quer, ninguém Nos ama? Nós os amaríamos também!". Este apelo faz-se em todos os entardeceres e em todas as noites. Esta é outra dádiva divina característica do nobre mês do Ramadão. Observa a conver-sa de que desfrutou o Profeta Moisés (a.s.). Moisés, o Kalimullah, aquele que falava com Allah, quando costumava ir ao Monte Sinai (tu tens o teu próprio “Monte Sinai” no momento de romper o jejum, quando podes suster mil e uma conversas). Quando Moisés dizia: "Ó meu Senhor, Tu falas comigo, Tu diriges-Te a mim. Não me mostrarás a beleza do Teu semblan-te? Deixa-me ver a Tua beleza!" Recebeu a resposta do Senhor: Lan taraani: "Não poderás ver-Me". [Alco-rão, 7:143].

"Moisés! Como poderás ver a Minha beleza, quando há setenta mil cortinas entre nós? Serias incapaz de Me ver. Mas na altura da Ressurreição dar-te-ei um mês, como um presente à Comunidade do meu bem-amado Muhammad. Esse mês chamar-se-á Ramadan. E a Comunidade de Muhammad deverá jejuar durante todo esse mês, e Eu Me manifestarei de forma tal na altura de romper o jejum, que não haverá absolutamente nenhum véu entre mim e a Comunidade de Muhammad, enquanto agora, entre Mim e tu, há setenta mil véus".

Numa Tradição Sagrada, o Altíssimo disse: "O jejum é para Mim, e Eu sou quem o recompensa".

A recompensa do jejum é a visão da Beleza Divina. O emblema do Ramadão é o perdão. O jejum deverá fazer-se com sinceridade e com afecto ardente. O nosso abençoado Mestre Muhammad (p.e.c.e.) disse: "Se a minha Comunidade soubesse que êxito e salvação residem no Ramadão, rogariam a Allah que lhes deixasse viver para sempre nesse mês!".

Os três tipos de jejum

Há três tipos de jejum. Que tipo de jejum praticas tu?

Uma forma de jejuar é abster-se de comida, bebida e relações sexuais entre o alvorecer e o pôr-do-sol. É difícil imaginar que alguém se considere um adorador de Allah e não obstante não mantenha sequer esta classe de jejum; alguém assim não é pessoa digna de compaixão.

Um segundo tipo de jejum é aquele que se pode observar por aqueles que não apenas se abstêm dessas coisas desde ao amanhecer até anoitecer, mas que também evitam - de noite assim como de dia - olhar as coisas ilegais, escutar algo negativo, proferir palavras duras, abusivas, maldições ou mentiras, ir onde Allah não permite, e sentir alguma malícia ou inveja nos seus corações. Este tipo de jejum rompe-se não só por co-mer, beber ou ter relações sexuais (durante o dia), mas também por qualquer transgressão respeitante a qual-quer um dos temas enumerados. Este jejum é rompido inclusivamente por um olhar ilegal …. 

Há ainda um terceiro tipo de jejum que também o observam os sete membros do corpo. Mas este jejum é quebrado se qualquer outro, que não Allah, entre no coração daqueles que o mantêm. Àqueles que mantêm este jejum, chamam-se de a “Elite da Elite". O valor destes exaltados seres só é conhecido por Allah Mesmo. 

Esta é a classe de seres que querem a Allah e não lhes importa nada o Paraíso. Enquanto àqueles que deixam de lado uma centena de vezes o cumprimento dos deveres básicos do Islão, a Oração, a Peregrinação, o Jejum e o pagamento da Esmola devida, e que raras vezes se inclinam em adoração entre a Congregação de uma Sexta-Feira e a seguinte, ou entre a de um Dia de Festa (Dia de Eid) e a do seguinte, não têm qualquer direito de se considerarem amantes de Allah.

Observa a recompensa daqueles que jejuam! Quando chegar o dia da Ressurreição, Allah admitirá, secreta-mente, no seu Paraíso, um grupo de crentes jejuadores. Quando estiverem parados em frente ao Paraíso, Khazir far-lhes-á estas questões: “Não se apresentaram no sítio da Ressurreição? Não estiveram no Juízo Final? Não viram a violência e o horror do Poente?" Quando respon-derem: "Não, Allah absteve-se graciosamente de nos mostrar essas coisas"; ele continuará, perguntando: "Como, por que meios obtiveram esse nível?" E eles responderão: "No mundo inferior utilizámos nosso tempo para adorar Allah em segredo, agora, secretamente também, Ele trouxe-nos para o Seu Paraíso".

Todos os atos de adoração podem ser realizados em segredo. Quando qualquer acto de adoração que deve-ria ser realizado secretamente é trazido à luz, é tingido com ostentação, que é hipocrisia. No entanto, no jejum, não há espaço para a ostentação hipócrita. O jejum, pela sua natureza, é uma forma de adoração entre Allah e o Seu servo. O jejum é um escudo contra o fogo do Inferno. O fogo não pode tocar quem observa o jejum. 

Numa de suas nobres tradições, o nosso Mestre Muhammad (p.e.c.e.), a Glória do Universo, disse: "À minha Comunidade foram dadas cinco grandes graças divinas, que não foram dadas a qualquer outra Comunidade, que não foram obtidas por nenhuma outra Comunidade. A primeira graça destas cinco é esta: na véspera do primeiro dia do Ramadão, o Mais Misericordioso de todos os misericordiosos, observa com compaixão aqueles que, da minha Comunidade, estão jejuando. E jamais torna a expor ao tormento aqueles que assim caíram nesse misericordioso olhar. A segunda graça concedida é esta: Ele ordena aos nobres anjos que orem, pedindo o perdão em nome da Comunidade de Muhammad. A terceira graça concedida é que o cheiro da boca de um crente que jejua é mais caro a Allah que o aroma de musk. A quarta graça é a seguinte: No Paraíso é dada a ordem: 'Embeleza-te e adorna-te para a Comunidade de Muhammad'. Porque Allah disse: 'Dá aos Meus servos que em Mim creem, as boas novas de que são Meus amigos'

A quinta graça divina é que Ele perdoa e absolve toda a Comunidade de Muhammad que mantém o jejum".

Queira Allah conceder a Sua Misericórdia sobre os nossos corações e facilitar-nos o jejum. Ámen.■

Obrigado, boas leituras. Wassalam.
M. Yiossuf Adamgy - 04/07/2014.

quinta-feira, julho 03, 2014

A L M A D I N A A IMPORTÂNCIA DO ZAKAAT

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 30.06.2014

A riqueza não é apenas uma importante necessidade do Ser Humano, mas nos dias que correm tornou-se em algo inseparável à sua vida aliás, hoje em dia a honra e o prestígio do Ser Humano são medidos em função da riqueza que cada um possui.

Se o objectivo de ganhar riqueza for somente para a satisfação das necessidades do dia-a-dia do indivíduo, é algo aceitável e louvável, mas se tiver por intenção sustentar o orgulho e a ostentação, ou explorar os pobres e os fracos, então essa riqueza pode ser um motivo para o mal e estragos na terra. As divergências, as más relações entre pessoas, amigos e famílias também são geralmente causadas pela ganância excessiva.

Não é aceitável no Isslam que a aquisição da riqueza seja o objectivo e meta da vida, mas também não a considera indesejável ou ilícita, pois incentiva que sejamos gratos pela riqueza que Deus nos dá, e ensina-nos a lutar para nos salvarmos, e lutar contra a pobreza. 

O Profeta Muhammad (S.A.W.) nas suas orações dizia: “Ó meu Deus! Peço refúgio em Ti contra a pobreza e a descrença”.

E no Al-Qur’án, Cap. 93, Vers. 8, quando Deus fala acerca do Profeta, diz:
E Ele te encontrou pobre e te enriqueceu”.

O Isslam não aprova que os seus seguidores sejam gananciosos, nutram um amor excessivo pela acumulação de riquezas, e vivam só para isso. Por isso, da mesma maneira que Deus instituiu o jejum para os povos anteriores, instituiu igualmente o Zakaat (taxa obrigatória) para eles.

O Salaat (oração ritual obrigatória, cinco vezes ao dia) aproxima o servo do seu Criador e cria nele a noção de submissão e humildade.

O Jejum cria piedade na pessoa e o Zakaat reduz no seu coração o amor à riqueza, e ensina que ninguém é dono exclusivo de toda a riqueza que possui, pois outros também têm direito a uma certa porção nessa riqueza, pelo que se deve cumprir com esse direito pagando anualmente o Zakaat que é o terceiro pilar do Isslam. E quem rejeitar esta imposição incorre na descrença issto é, deixa de ser muçulmano. Foi por isso que no tempo do Profeta Muhammad (S.A.W.) e também no tempo dos khalifas que se lhe seguiram, havia uma grande preocupação na organização para a colecta e posterior distribuição do Zakaat.

A instituição do Zakaat é caracterizada pelo princípio de solidariedade social. Zakaat na realidade significa tirar anualmente da sua riqueza uma quantia fixa, e aplicá-la em locais definidos pelo Isslam.

Porém, não é de observância obrigatória a todos. É-o sim, a todos os muçulmanos que detenham uma quantia fixada pelo Isslam.

O Zakaat tem muitos benefícios, de entre eles:

- Reduz a ganância e o amor excessivo à riqueza

- Adverte aos ricos, que decorrido um período específico, uma quadragésima parte 

da sua riqueza deixa de lhe pertencer.

- Cria solidariedade e simpatia nos corações dos ricos relativamente aos pobres e 

necessitados.

- Cria e desenvolve amor e solidariedade na sociedade, eliminando a preocupação

dos pobres e necessitados.

O Profeta Muhammad (S.A.W.) diz que: “A quem Deus deu riqueza, mas ele não paga o Zakaat, essa sua riqueza será transformada em cobra venenosa que lhe irá morder no Outro Mundo, e lhe dirá: “Eu sou a tua riqueza, o teu tesouro”.

O Isslam não só instituiu o Zakaat, mas de forma clara também determinou no Al-Qur’án, que são oito as categorias de pessoas elegíveis ao seu recebimento.

Infelizmente hoje em dia, muita gente não se preocupa em aplicar o seu Zakaat de forma correcta nessas oito categorias de pessoas, e nem se preocupa em organizar um sistema de colecta e distribuição pelos pobres e necessitados.

Há milhões de meticais em Zakaat, que os muçulmanos ricos pagam anualmente em Moçambique, mas por não haver um sistema devidamente organizado, os seus benefícios não são notórios na sociedade. Por isso muitos muçulmanos no País continuam a viver na miséria. 

Devemos ajudar os merecedores de Zakaat, de tal forma que eles se tornem auto-suficientes e engrossem a lista dos pagantes de Zakaat, reduzindo assim, a lista dos beneficiários.

Para tal, devemo-nos preocupar com os deficientes e os necessitados na sociedade, e proporcionar-lhes tecto em centros e acolhimento.

Nos dias que correm há gente sofrendo de doenças graves, e porque o tratamento médico é bastante caro, deve-se pensar em ajudá-los a partir do fundo de Zakaat. Deve-se ajudar os pobres na protecção e preservação da sua fé e dignidade, em particular fora das cidades, nas províncias.

Sendo o Ramadhaan o mês em que os muçulmanos geralmente costumam pagar o seu Zakaat, achei oportuno explicar estes princípios importantes relacionados ao Zakaat.

A todos os muçulmanos do Mundo em geral, e aos de Moçambique em particular, desejo um Ramadhaan proveitoso, com muita saúde.

Lembrar aos meus irmãos muçulmanos, que o Ramadhaan só terá significado se a sua mensagem de reforma for sentida no comportamento do indivíduo e na sociedade.