sexta-feira, março 20, 2020

Por que não se deve Monopolizar (sobretudo, durante o pânico do coronavírus)

Senhores Leitores: Esse artigo se refere a realidade portuguesa, mas, poderá se replicar aqui no Brasil precisamos estar atentos.

"As nossas ações têm consequências muito reais. Permitir-nos-emos ser consumidos por um individualismo voraz que prejudica os mais vulneráveis? Ou seguiremos o caminho da bondade?"

Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Verifica-se que dezenas de pessoas estão monopolizando alimentos, produtos sanitários e papel higiênico. Verifica-se, também, que algumas empresas exploraram os consumidores e aumentaram os preços.

Ambos os comportamentos, sobre o ponto de vista islâmico (e não só) são repreensíveis e prejudicam os mais vulneráveis numa situação já excepcionalmente difícil.

Monopolização e negócios injustos foram condenados pelo Islão e todas as outras religiões. As palavras fortes do Profeta Muhammad (p.e.c.e.) contra a acumulação devem ser suficientes para qualquer crente islâmico desistir de tal comportamento, sem falar nos danos muito graves que os mais vulneráveis enfrentam no meio de açambarcamento em massa.

O Profeta (s.a.w.) disse em termos claros: “Quem monopolizar  é pecador” (Muslim). Além disso, foi narrado por Umar bin Khattab (r.a.) que disse: “ouvi o Mensageiro de Allah (p.e.c.e.) dizer: ‘Quem quer que monopolizar comida (e não a guarde) para outros, Allah o afligirá por lepra e falência'” (- Sunan ibn Majah, capítulo sobre transações comerciais). O Profeta Shu'ayb (a.s.) aconselhou o seu povo sobre comércio e negócios honestos: "E não defraudeis as pessoas nos seus haveres, e não cometais abuso na terra, promovendo a desordem, e temei Àquele que criou a vós e as gerações do passado" (Alcorão, Surah Al-Shu'ara, 26: 183-184). O que se pode dizer das empresas que, deliberadamente, aumentam os preços e exploram as pessoas nos seus momentos de necessidade?(1)

De maneira mais ampla, os muçulmanos (e não muçulmanos) não devem causar danos a nenhum ser
humano. O Profeta Muhammad (p.e.c.e.) disse: “O muçulmano é aquele de cuja língua e mão o povo está seguro; e o crente é aquele de quem a vida e a riqueza das pessoas estão seguras” (Sunan an Nissai). Além disso, o Profeta (s.a.w.) disse que “o muçulmano é irmão do outro, ele não o  ilude, não mente, nem o engana ...” (Tirmidhi).

Quando a humanidade e a unidade têm sido grandemente enfatizadas na nossa religião, como é apropriado que (nós, muçulmanos) nos comportemos de uma maneira que prejudique os nossos semelhantes?

O monopólio  prejudica os mais vulneráveis

A acumulação prejudica os mais vulneráveis da sociedade. A oferta e a procura, a ferramenta analítica do pão com manteiga dos economistas, podem ser usadas para explicar isso. Quando as empresas veem maior procura por mercadorias, aumentam os preços para maximizar o lucro. Os ricos podem pagar por compra a granel; portanto, o aumento inicial de preços ocorre por causa dos ricos. Aqueles que não são abastados normalmente não conseguem comprar em grandes quantidades e agora precisam gastar ainda mais para comprar uma quantia padrão. A acumulação afeta, adversamente, os mais pobres.

As empresas, por sua vez, desejam comprar o máximo possível de ações de fornecedores, porque estão lucrando mais com os preços mais altos. Por esse motivo, os fornecedores, por sua vez, aumentam os preços para ganhar mais dinheiro com as empresas. Isso torna mais difícil para hospitais, instituições de caridade e bancos de alimentos comprar alimentos e produtos sanitários essenciais. Isso já aconteceu, com alguns bancos de alimentos relatando escassez.

Essa cadeia de eventos começa com a acumulação de consumidores. Mas isso não significa que as empresas estejam livres de culpa. Elas também enfrentam uma opção ativa de aumentar os preços. 

Felizmente, existe a respectiva Autoridade que, espera-se, agirá contra empresas que cobram preços excessivos.

É importante observar aqui que as prateleiras vazias não significam necessariamente que há uma escassez.

As lojas não são capazes de ter o estoque e montar, novamente, com rapidez suficiente para lidar com a intensa procura. Até o momento, as cadeias de fornecimentos não foram significativamente afetadas. As prateleiras vazias são causadas por mudanças na forma como os consumidores estão consumindo, e não na maneira como os produtores estão produzindo. Até o momento, não houve interrupções significativas nas cadeias de fornecimentos, e o Governo está a trabalhar no sentido para que o fornecimento de alimentos continue.

Se o monopólio continuar, os supermercados serão forçados a limitar quantas compras os indivíduos podem fazer. É por isso que todos devemos acordar para a realidade de nossas ações e parar de açambarcar, imediatamente. Estaremos a prejudicar ativamente os mais vulneráveis, situação essa que devemos evitar.

Observações finais : Como Muçulmanos, vemos toda a nossa vida como um teste. Para aqueles de nós abençoados com um estilo de vida exuberante, muito distante do medo e da fome que outros experimentam em países como o Iêmen ou a Síria, enfrentamos sérios distúrbios pela primeira vez nas nossas vidas. O nosso entendimento abstrato da vida, como teste, está sendo retificado em cancelamentos em massa, ações de risco e no medo constante de um vírus potencialmente mortal. As nossas ações têm consequências muito reais. Permitir-nos--emos ser consumidos por um individualismo voraz que prejudica os mais vulneráveis? Ou seguiremos o caminho da bondade? 

Observação: Com o coronavírus oficialmente declarado como uma pandemia, igrejas, templos e mesquitas estão avaliando as alternativas para proteger as suas congregações e impedir a propagação do vírus altamente contagioso.

Mesquita Central de Lisboa encerrada durante estado de emergência "Fechamos ontem à noite. A última oração foi às 20:00 e às 20:30 fechamos. Não abre mais", referiu o sheik Munir, em declarações à agência Lusa.

Na terça-feira, o líder religioso considerava encerrar a Mesquita Central de Lisboa caso fosse decretado o estado de emergência devido à pandemia de Covid-19.

"Se o Governo decretar alerta de emergência então fechamos mesmo. Caso decrete o alerta de emergência, vamos fechar mesmo a mesquita. Não haverá nenhuma oração", afirmou na ocasião.

Sobre a possibilidade de fazer orações via 'online', David Munir disse que isso não faz muito sentido e que as pessoas só vão à mesquita para orar em congregação.

"Nós podemos fazer orações em casa. As pessoas vêm à mesquita para fazer a oração em congregação, em conjunto, mas duas pessoas é o suficiente para fazer a oração em congregação, marido e mulher, por exemplo.

Praticamente todos nós temos alguém em casa", afirmou. O imã realçou ainda que metade da religião islâmica se baseia em higiene, lembrando que todos os cuidados são poucos em relação à pandemia de Covid-19.

«Na prática muçulmana é normal nós lavarmos as mãos antes de cada oração para fazermos a ablução [rito de purificação e higienização]. Lavamos as mãos, os braços, a face e os pés e antes de cada refeição também", disse, acrescentando que ao "acordar é recomendado" também lavar as mãos».

Obrigado. Wassalam (Paz).

M. Yiossuf Adamgy

Diretor da Revista Islâmica Portuguesa AL FURQÁN

quinta-feira, março 19, 2020

MAIS VALE PREVENIR DO QUE REMEDIAR

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Allah).
Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Allah, o Beneficente e Misericordioso). Alahamdilillah! Louvado é Allah, Senhor e Criador de tudo o que existe nos céus e nos mundos. Louvado é Allah que nos concedeu tudo o que existe na terra, para nosso benefício. Bênçãos para Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) que nos deixou recomendações para preservarmos a saúde, um bem precioso.

A saúde é um privilégio e uma dádiva que Allah nos concedeu e que devemos saber defender e preservar. Podemos ter tudo, mas se estivermos doentes e debilitados, teremos dificuldades em viver ou até sobreviver. “Há duas bênçãos que muitas pessoas perdem: a saúde e o tempo livre, para fazerem o bem”. Bukhari.

O nosso corpo e as nossas roupas, devem estar sempre limpos. Um corpo saudável é melhor do que um corpo doente. Referiu o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): “O crente forte é melhor do que o crente fraco e nos dois há o bem”. Ahmad e Muslim. E referiu: “Ó gente, não há melhor coisa dada às pessoas neste mundo do que a convicção e a saúde. Portanto peçam a Allah essas duas coisas”. Ahmad. Por isso, é nossa obrigação, fazermos todos os esforços para cuidar a saúde, para o nosso bem-estar, para termos forças para as orações, para o jejum e para trabalharmos para o nosso sustento e a dos nossos dependentes.

A higiene e a limpeza são fundamentais para a manutenção duma vida saudável. A saúde não é um bem garantido. Devemos pedir a Allah que nos conceda a saúde, como fazia o Seu amado Profeta, quando implorava: “Ó Allah conceda-me saúde no meu corpo; Ó Allah conceda-me uma boa audição; Ó Allah conceda-me uma boa visão; Não há outra divindade senão Tu”. Sunan Abu Dawud.

Um dos principais métodos para preservarmos a saúde física e espiritual é a ablução – o uzúh, instituído por Allah através das Suas Palavras Sagradas: “Ó crentes! Quando vos preparardes para a oração, laivai as faces, as mãos (e os antebraços) até aos cotovelos; e esfregai as cabeças (com água); e (lavai) os pés, até aos tornozelos …. Allah não deseja impor-vos quaisquer dificuldades, mas (apenas deseja) purificar-vos”. Cur’ane 5.6. Allah nos adverte para mantermos limpas, as partes do nosso corpo, sujeitas à contaminação, com as quais utilizamos e tocamos, nas diversas tarefas diárias. Assim mantemo-nos limpos e purificados de sujidades e de contaminações de bactérias ou de vírus, entre as cinco orações diárias e ao longo do dia. Louvado é Allah - o Puro, que nos recomenda a pureza.

O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) instituiu a sunnah de efectuarmos a ablução em casa e depois dirigirmo-nos às mesquitas para as orações. Duas vantagens nesta sunnah: primeiro, por cada passo que damos em direcção ao local da oração, ganhamos uma recompensa; em segundo lugar, contribuímos para a redução das despesas da mesquita com a água. Se estivermos contaminados (às vezes sem o sabermos), evitamos passar as doenças para outros que irão utilizar o espaço. Salvar uma vida é como salvar toda a humanidade. Allahumma Sallimny Wa Salim Minny – Ó Allah, proteja-me e proteja os outros de mim.

Um pequeno valor gasto na prevenção, é melhor do que uma quantia elevada despendida para curar uma doença.

O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), nos aconselhou; “se ouvirmos que uma peste (ou epidemia) se manifesta numa dada localidade, não devemos lá entrar. Também referiu aos que lá estão, não devem sair”. Este conselho tem a finalidade de proteger as pessoas da proliferação de contágios. O mesmo se aplica quando uma pessoa está com uma doença contagiosa, que deverá precaver-se a ele próprio, aos seus e a todos que o rodeiam. Não se deve misturar com a comunidade. Se uma pessoa sentir os efeitos duma febre alta, muitos espirros, tosse, resfriado e gripe, deve procurar aconselhamento médico e ter fé na ajuda e no Poder de Allah.

Ó crentes! Obedecei Allah e obedecei ao Seu Mensageiro e às vossas autoridades …” Cur’ane 4.59. Vamos seguir o exemplo e as orientações do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam); quando espirrava, tapava a boca e o nariz com a mão ou com uma peça de roupa, para não espalhar gotículas para outros. Neste caso, o crente deve fazer as suas orações em casa, evitando aglomerações de pessoas. Um crente é amigo do outro, o protege, não o magoa e nem o prejudica. A prevenção é melhor do que a cura.

“Se Allah te tocar com alguma adversidade, ninguém a poderá remover, senão Ele; e se Ele te desejar o bem, ninguém poderá impedir a Sua Graça; entre os Seus servos, Ele Agracia a Quem quer”. Cur’ane 10.107. E alegrem-se os crentes que têm fé no Poder do Criador de todas as coisas, porque Allah criou a doença, mas também a sua cura. Abu Huraira referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Não existe nenhuma doença que Allah tenha criado, sem criar o seu tratamento”. Bukhari.

Fé em Allah o melhor dos Protectores, Prevenção e acatarmos as orientações das nossas autoridades religiosas e civis.

"Wa ma alaina il lal balá gul mubin - E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

www.abdulmanga.com – em construção

18/03/2020
(Obs: Escrito utilizando gramática portuguesa) 

O perigo invisível

Algo invisível chegou e colocou tudo no lugar.

De repente os combustíveis baixaram, a poluição baixou, as pessoas passaram a ter tempo, tanto tempo que nem sabem o que fazer com ele. Os pais estão com os filhos em família. O trabalho deixou de ser prioritário, as viagens e o lazer também. De repente... silenciosamente voltamo-nos para dentro de nós próprios entendemos o valor da palavra solidariedade.

Num instante damos conta que estamos todos no mesmo barco, ricos e pobres, que as prateleiras do supermercados estão vazias e os hospitais cheios . Que o dinheiro e os seguros de saúde que o dinheiro pagava não têm nenhuma importância porque os hospitais privados foram os primeiros a fechar.

Nas garagens carros estão parados. Igualmente os carros de última geração ou ferro velhos antigos simplesmente porque ninguém pode sair.

Bastaram meia dúzia de dias para que o Universo estabelecesse a igualdade social que se dizia ser impossível de repor.

O MEDO invadiu todos, que ao menos, isto sirva para darmos conta da vulnerabilidade do ser humano.
Não se esqueçam...BASTOU MEIA DÚZIA DE DIAS.

Autor:Desconhecido
A paz esteja convosco.

terça-feira, março 17, 2020

Senhor Corona Vírus

Corona Vírus
Esse texto veio de uma pessoa que vive na Itália...

Achei lindo e pertinente ao momento atual. "Coronavírus na região da Lombardia-Itália..."
Existem situações na vida que não se esperam, e o pior, diante delas, nos vemos impotentes.

Moro na Itália, em Como, na zona onde o Coronavírus chegou sem ninguém esperar... Corrijo, sem ninguém acreditar, pois esperar, com tantos chineses que passam pelo norte da Itália, esperávamos sim!

Escolas fechadas, academias fechadas, bares fechados depois das 18 horas, e tantos, saindo de casa somente para o estritamente necessário.

É uma situação estranha que nos leva a reavaliar algumas coisas. Nessa hora, ter um carro lindo, uma bolsa cara, roupas maravilhosas, serve para que? Não teríamos nem como usar ou a quem mostrar. 

A ÚNICA coisa que passa a importar e que se pede a DEUS é a SAÚDE. Para si mesmo e para os teus queridos.

Na verdade, como gastamos tempo em correr atrás ou pedir a DEUS coisas que não nos servem para nada, tantas vezes!

Como somos fúteis na maior parte do tempo! Como não valorizamos o que é mesmo tanto valioso!

Estamos em casa. Inventamos jogos, os almoços e jantares se tornam longos e cheios de conversa entre nós, rimos e choramos juntos do problema e cuidamos um do outro. Ninguém tem para onde ir, ou coisas para fazer. A falta de tempo ACABOU!

Fechados em casa e "presos" por causa do tal Sr. CORONAVÍRUS. Que nos faz um grande favor, apesar de tudo. Nos livra da arrogância, porque vemos que não somos nada e nem temos controle de nada. Nos livra da COBIÇA, pois entendemos que não serve a nada. Nos mostra nossa vulnerabilidade e então, nos mostra o caminho de volta a DEUS.

E por fim, nos faz perceber a nossa "Prisão" individual do dia a dia, pela tal falta de tempo e por termos que conter nossos sentimentos.

E nos LIBERTA. Nos deixa LIVRES para termos medo, para nos sentirmos impotentes, para não corrermos atrás de nada.

Afinal, o único trabalho que temos ou a única lição de casa é a de tentarmos não adoecermos.

E por último, e talvez o mais importante, nos faz REENCONTRAR os nossos amados. Aqueles com quem vivemos na mesma casa, amamos, mas muitas vezes nem nos falamos direito, A NOSSA FAMÍLIA.

E por fim, nos faz voltar a DEUS. Afinal, diante dessa nossa vulnerabilidade, é ELE e somente ELE que pode nos proteger.

No balanço geral, o Sr. Coronavírus pode até nos matar, no fim de tudo, mas CERTAMENTE nos ensina a VIVER !

Que Deus tenha misericórdia de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna.(Autor Desconhecido)

sábado, março 14, 2020

Pena que não foi o Vírus do Amor! Que seja o próximo.

"Um único homem, uma só criatura, transmitiu um vírus que, em 102 dias (1 Dezembro 2019 - 12 Março 2020), atingiu 130.164 pessoas, matando 4.754".

Tudo começou num único homem, numa só criatura.

Mais do que qualquer outra análise que possamos fazer, este contágio galopante mostra-nos a influência que cada ser individual tem em milhares de milhões.

Um, em 102 dias, contagiou 130.164 pessoas.

Um, sozinho, fez estremecer o planeta, fechar fronteiras, monitorizar governos, segregar pessoas, amedrontar consciências, trancar portas, esvaziar esperanças.

A influência de um único homem, a consequência da ação de uma só criatura, na vida do mundo inteiro.

Eu, tu, que somos um único homem, uma só criatura, temos o poder de atingir e condicionar o comportamento de 7 mil milhões de pessoas.

É assustador.

Eu, tu, somos a borboleta que bate asas na China e causa uma tragédia no mundo inteiro.

É aterrador.

Desta vez, foi o vírus errado, o Covid19. Imagina quando for amor.

É possível."

A paz esteja convosco.

(Autor desconhecido)

quarta-feira, março 11, 2020

Sobreviver no mundo de Trumps, Modis e Boris Johnsons


Nunca devemos esquecer o mal nem os mártires. Os mártires do passado ensinaram- -nos que, quando as nossas almas pesam sobre o peito, e enquanto lamentamos em nome da justiça, devemos lembrar que o nosso discurso é clamorosamente, mais profundo do que imaginamos.

Prezados Irmãos, Saúdo-vos com a saudação do Islã, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. "Amar. Ser amado. Nunca esquecer a sua própria insignificância. Nunca se acostumar com a violência indescritível e a disparidade vulgar da vida ao seu redor. Buscar alegria nos lugares mais tristes. Buscar a beleza na sua toca. Nunca simplificar o que é complicado ou complicar o que é simples. Respeitar a força, nunca o poder. Acima de tudo, assistir. Tentar e entender. Nunca desviar o olhar. E nunca, nunca esquecer.” –

Arundhati Roy. (Arundhati Roy [24 de Novembro de 1961] é uma escritora, novelista e ativista antiglobalização indiana. Foi a primeira pessoa indiana a vencer o Man Booker Prize pela sua primeira novela, O Deus das Pequenas Coisas, em 1997. Em 2002 venceu o Lannan Cultural Freedom Prize. É uma ativista dos direitos humanos e causas ambientais. As palavras da renomada autora Arundhati Roy entraram nos meus pensamentos durante este ano exasperante. Enquanto eu tentava seguir os seus conselhos, o meu coração se viu fatigado como se experimentasse uma purgação gloriosa. Vi a violência indescritível e a disparidade vulgar da vida tornar-se o canto internacional da existência. Os eventos de minha própria vida insignificante este ano e do vasto mundo ao meu redor tornaram-se inexplicáveis, como se eu tentasse transformar toda a nossa realidade fragmentada. Era o terceiro ano da presidência de Donald Trump.

Outrora parte de sua audiência, agora peões de seu jogo caprichoso, os cidadãos do mundo testemunharam a sua retórica volátil germinar e infectar as raízes desta terra. Desde a separação de famílias inteiras, até crianças morrendo em gaiolas, e as agressões contra legisladores muçulmanos, a humanidade foi renegada e rejeitada na história americana este ano. Mas o fascismo e o fanatismo decidiram que a América não é suficiente. A praga negra do ódio passou pelos ventos dos oceanos ilimitados da terra de Deus. Na Índia, o castigo perpétuo do primeiro-ministro Narendra Modi de muçulmanos indianos e caxemiris deixou a Comunidade Muçulmana num estado incessante de prostração desesperada. Por outro lado do oceano, os cidadãos britânicos lamentavam a eleição do primeiro ministro xenófobo Boris Johnson. Entre a América de Trump, o rancor de Modi e a bestialidade de Boris Johnson podem ser ouvidos os lamentos dos muçulmanos Uigures nos campos de concentração chineses.

No entanto, a disparidade vulgar da vida não se concluiu aqui, pois a história nos mostrou que é ilimitada. Sinto-me saindo do meu corpo uma imobilidade infundida por opiláceos penetrando no meu mundo. Isso me deixa num estado de perplexidade letárgica. Quando termina, esse medo e o derramamento de sangue? Acredito que, se isso continuar, este mundo asfixiará com o sangue dos mártires. Não teremos mais o luxo de um solo rico em nutrientes, apenas uma terra que pulsa com os gritos dos oprimidos, esgotados demais para serem cultivados. É uma tarefa mentalmente cansativa cimentar, coerentemente, o meu pandemônio de pensamentos. Portanto, tenho que me lembrar que o que escrevo e divulgo no mundo é apenas para fomentar um sentimento de esperança, compaixão, unidade e fé. É através dessas quatro lentes que tentei ver o mundo e toda a depravação do ano passado. Uma das minhas primeiras lembranças do ano de 2019, não são os momentos preciosos que posso ter vivido como recém-casada. Não, a minha lembrança mais antiga do ano passado estava sentada na cama, atualizando a minha página da web para assistir aos ataques terroristas em duas mesquitas da Nova Zelândia. Em 15 de março de 2019, assisti através do mundo labiríntico de sinais e ondas de rádio incandescentes, o mundo ficar chocado quando muçulmanos foram assassinados durante a oração por uma supremacia branca. 50 vidas ceifadas em um segundo sangrento. Os solavancos eletrizantes ocorreram em rápida sucessão quando os incentivos do terrorista vieram à tona. A sua ideologia supremacista branca foi inflamada pela retórica de Donald Trump. Perturbação parece uma palavra fútil demais para descrever o desespero que senti naqueles momentos. Quantas árvores, oceanos, rios, arbustos e pegadas marcam a distância entre nós e a Nova Zelândia? Se uma quantidade incompreensível de milhas não pode protegê-la de Trump, o que pode? Quem pode? No entanto, os eventos de 15 de março de 2019 e seguintes são as inevitáveis ramificações da chamada liderança do governo Trump. O culminar de linguagem irregular e políticas arbitrárias só pode terminar em violência física e psicológica. Foi o hino reverberante do cenário político americano.
Diante da inimizade vulcânica, os muçulmanos americanos renovaram a sua esperança de testemunhar a eleição de legisladores muçulmanos. Mesmo assim, autoridades eleitas como as congressistas Rashida Tlaib e Ilhan Omar e a deputada estadual da Pensilvânia Movita Johnson Harrell, todas nobremente contestaram as acusações espúrias e sugestões enfático como resultado de sua identidade muçulmana.

Em 25 de março de 2019, Movita Johnson Harrell foi empossada na Pennsylvania Statehouse, um momento histórico de comemoração que foi rapidamente eclipsado pela Representante do Estado da Pensilvânia, a aparentemente inócua oração de abertura de Stephanie Borowicz. Mais uma declaração retumbante do que uma oração ficou claro que um assento à mesa é um gesto vazio se as nossas vozes são ativamente silenciadas. Os minuciosos e pesados comentários de Ilhan Omar e Rashida Tlaib foram examinados, apelidados de antissemita por apoiar os direitos palestinos e antiamericanos por causa de serem muçulmanas. Em 9 de maio, Omar Suleiman, um proeminente Imame americano, proferiu a oração de abertura na Casa do Congresso. Em sua oração, ele diz: “Em 9 de maio, Omar Suleiman, um proeminente Imame americano, proferiu a oração de abertura na Casa do Congresso. Em sua oração, ele diz: "Nós rezamos pela paz, não pela guerra, pelo amor, não pelo ódio, pela benevolência, não pela cobiça, pela unidade, não pela divisão". A direita tomou a sua invocação beatífica e, como a massinha de brincar sinuosa de uma criança, distorceu-a para alimentar a sua campanha de difamação contra ele. Não é apenas a Comunidade Muçulmana Americana que é o foco de tais incentivos. Qualquer um que seja considerado "o outro" não pode encontrar alívio nos ideais americanos imbuídos de marfim. Em 3 de agosto, talvez um dos eventos mais emocionantes do ano tenha deixado a sua marca na história. Um nativo de Dallas, de 21 anos, dirigiu-se para El Paso, Texas, para aniquilar vidas de imigrantes. Vinte clientes do Walmart, vários deles de volta aos compradores da escola que nunca comemoram outro aniversário ou simplesmente experimentam a esperança revivida que vem com uma nova manhã. O manifesto do atirador estava repleto de diatribes acrimoniosas, alegando uma "invasão hispânica do Texas". Ele elogiou o atirador de Christchurch e encontrou um exemplo em Donald Trump.

O tiroteio serviu para reiterar a monstruosidade em curso da crise de imigração na América. No país mais poderoso do mundo, vidas são roubadas, centros de detenção são inundados por corpos humanos, famílias são dissecadas como uma experiência social macabra e crianças estão murchando em gaiolas, tudo porque a cor é considerada uma mancha na narrativa americana. Aqui, a cor, simbólica da comunidade dinamicamente diversa da criação de Deus, é recebida com acrimônia fatal. A mente inquisidora se pergunta: como chegamos aqui? A resposta não pode ser dita, deve ser mantida em nossas garras, e a verdade evidente deve convocar os nossos núcleos. Deve ser tangível e percebido na sua totalidade pelas massas.

Essa apreensão é uma epidemia mundial, é imperativo estar ciente disso. Para encontrar respostas eficazes, a empatia deve ser impregnada ao longo do diálogo. Devemos viajar de nossas próprias terras e testemunhar o mal que é da mesma linhagem. No ano passado, vimos o fortalecimento das raízes ancestrais da devassidão.

Assim, assistimos na Índia e na Caxemira a Islamofobia mostrar insidiosamente a sua cabeça serpentina numa série estonteante de eventos. Em agosto de 2019, o governo indiano revogou audaciosamente o Artigo 370, que dava um status especial à Caxemira controlada pela Índia, tirando efetivamente a Caxemira de sua legítima autonomia. O artigo 370 da constituição indiana concedeu ao povo de Jammu e Caxemira o controle interno de sua região, a sua própria bandeira e uma constituição separada. A abolição deste ato é dissolver a identidade dos Caxemiris. É a duplicação da colonização de sua terra natal. Sob o pretexto de levar os Caxemiris a uma identidade indiana pluralista, como afirma o primeiro ministro Narendra Modi, os seus direitos humanos foram, silenciosamente e de maneira violenta, reprimidos. O governo indiano impôs um bloqueio total à Caxemira por meses. Nenhum telefonema dentro ou fora, nem internet ou mídia social, e um toque de recolher humilhante para cumprir. A disputa da Caxemira tem décadas. 

Ao longo dessas décadas, essa terra engoliu milhões de mártires ao longo dos anos e continua a fazê-lo. A truculência do primeiro-ministro nacionalista hindu Narendra Modi não é reservada apenas ao povo da Caxemira. Ela se estende aos milhões de residentes muçulmanos da Índia. Ao longo dos anos, Modi e o Bharatiya Janata Party (BJP), partido de direita da Índia, trabalharam incansavelmente para normalizar a Islamofobia na Índia. O animosidade anti-muçulmanos corre solta em toda a região, desde o assédio dos refugiados rohingya até os campos de detenção de não-cidadãos deslocados, a violência nas ruas e linchamentos inimagináveis. No entanto, o mais recente conflito da Índia é sobre a nascente Lei de Emenda à Cidadania, aprovada em ambas as casas do parlamento em dezembro de 2019. A lei dá permissão aos membros de minorias religiosas que fugiram para a Índia com a cidadania do Paquistão, Bangladesh e Afeganistão, exceto aos muçulmanos. Apesar disso, o primeiro-ministro Narendra Modi e o ministro do Interior, Amit Shah, declaram veementemente que o projeto não tem como objetivo atingir os muçulmanos. Essas alegações são uma afronta séria à inteligência do mundo. Sabe-se que o país é dirigido e apoiado pelo BJP, cuja ideologia central é a de que a Índia é uma nação hindu onde os muçulmanos não têm lugar. Essa lei provocou protestos em todo o país, independentemente dos melhores esforços do país para silenciar os seus dissidentes. A violência não pode permear o zelo dos dissidentes justos na Índia e doutro mundo. Depois da angústia da Índia e da desolação dos imigrantes na América, podemos ouvir na Inglaterra o discurso retumbante do primeiro-ministro Boris Johnson, afirmando que "a Islamofobia é uma reação natural ao Islã".

Após os atentados de Londres, ele insistiu que o Islã é o problema. Ele acrescentou: “O que está acontecendo nessas mesquitas e madrassas? Quando alguém vai meter o século 18 na bunda medieval do Islão? ”No ano passado, ele comparou mulheres muçulmanas de burca a caixas de correio. O Partido Conservador do Reino Unido, os Torys e Boris Johnson, repreenderam ilimitadamente toda uma comunidade de pessoas, há anos. Então, quando Boris Johnson foi nomeado Primeiro Ministro, a rejeição dos muçulmanos britânicos foi injetada em todo o mundo. Posso continuar nesta linha do tempo dos maiores exemplos de horror xenofóbico do mundo em 2019. Juntos, podemos mergulhar num torpor enevoado de disforia ou podemos levar as nossas almas sediciosas e aumentar a resiliência. Através da introspecção, esperamos encontrar soluções tangíveis. Mas eu não tenho um tamanho único para todas as soluções rápidas. Tudo o que posso oferecer é o primeiro passo em direção ao consolo e à unidade. Esse fanatismo que experimentamos no ano passado não é um exemplo fenomenal nem restrito aos poucos países que contei. A história atesta que a brutalidade é incessante e, diferentemente de sua natureza inerente, não discrimina contra quem ela infecta. No entanto, devemos lembrar que a história é uma entidade multifacetada, como as figuras nefastas que transcenderam o tempo, há dissidentes tenazes que são eternos postos de esperança lambentes.

Como Arundhati Roy disse, nunca devemos esquecer. Nunca devemos esquecer o mal nem os mártires. Os mártires do passado nos ensinaram que, quando as nossas almas pesam sobre o peito, e enquanto lamentamos em nome da justiça, devemos lembrar que o nosso discurso é calorosamente mais profundo do que imaginamos. A ressonância das nossas palavras é ensurdecedora. Palavras em oposição à malevolência e às palavras de diálogo serão a base da solução tangível que todos desejam. O diálogo é a antítese do que tiranos como Trump, Modi e Johnson esperam alcançar. Eles ostensivamente saqueiam as nossas terras, silenciando-nos. Ao nos silenciarem, eles criam postos de controle intransitáveis em relação à empatia e edificação. É o discurso que nos salvará. É através do discurso que os nossos corações são despedaçados e tornados conscientes de nós mesmos. Por meio dessa percepção, teremos consciência de que, sem Comunidade, fanáticos e tiranos se levantam. Devemos lembrar que, se eles gritam então a nossa compaixão e o nosso zelo pela justiça precisa ser sonoro. Os seus esforços manchados de carmesim nunca reprimirão e extinguirão o ritmo interminável e reverberante da verdade. São as nossas vozes que nos levarão adiante e transformarão as nossas quimeras mais profundas numa realidade incandescente.  NOSHIN BOKTH Noshin Bokth é a editora regional norte-americana do The Muslim Vibe. Ela é uma estudante de ciências islâmicas e escritora free lancer, com sede na cidade de Nova York. Escreveu para várias publicações, inclusive trabalhando como editora-chefe da Ramadan Legacy. Escrever é uma paixão que lhe foi incutida desde muito jovem. Ela escreve porque é tão essencial quanto respirar para ela. Mas ela também tenta, através de seus escritos, ajudar as outras pessoas, educá-las sobre o Islão, aproximá-las do Islão, transmitir ensinamentos de misericórdia e amor. Escreve para dar voz àqueles que foram silenciados, para promover a unidade e a solidariedade. Além de escrever, o seu maior amor é a leitura. Pode-se ler o trabalho dela em noshinbokth.contently.com.
Obrigado. Wassalam (Paz). M. Yiossuf Adamgy Director da Revista Islâmica Portuguesa AL FURQÁN
Por: NOSHIN BOKTH - 2 DE JANEIRO DE 2020 – in The Muslim Vibe. Versão portuguesa de: M. Yiossuf Adamgy


Como nós muçulmanos vemos o perdão

Perdão significa abrir mão do direito de retaliação pelo erro que alguém cometeu contra você. Deus oferece recompensas inumeráveis para aqueles que perdoam. 

É algo, que se conta, entre a boa moral e características nobres, que todos os crentes devem almejar. Até na agonia do desespero essas recompensas são extremamente valiosas e, se for possível exercer a paciência e pensar antes de retaliar  pode-se constatar que, de fato, perdoar é melhor.

Diz Allah Subhanna Wataala no Alcorão Sagrado: "...que reprimem a cólera; que indultam o próximo. Sabei que Deus aprecia os benfeitores. " (Alcorão 3:134) Jamais poderão equiparar-se a bondade e a maldade! Retribui (ó Muhammad) o mal da melhor forma possível, e eis que aquele que nutria inimizade por ti converter-se-á em íntimo amigo!" (Alcorão 41:34)

Fonte: Dr. Samour Girrad

sábado, fevereiro 22, 2020

21 Lições Importantes Deixadas pela Série ERTUGRUL

A série Ertugrul é mais que uma simples narrativa, pois ela também contém muitos ensinamentos valorosos.

Esses ensinamentos vão muito além dos factos históricos nos quais o drama é baseado. Essas aprendizagens podem ser benéficas especialmente para os muçulmanos.

Muitas pessoas que acompanharam a série Ertugrul (O Grande Guerreiro Otomano) ficaram impressionadas com as histórias exibidas por esta narrativa. Parte do público, certamente, pode ter tirado alguma aprendizagem preciosa, que não se trata somente de meros factos históricos ou de ficção, contados na trama.

Os personagens, que possuem as personalidades mais nobres da saga, mostraram ao público que a série está além de ser uma simples narrativa medieval sobre guerreiros em campos de batalha já que, muitas vezes, o que esteve em jogo para os protagonistas foram os valores e os princípios morais e religiosos. Além disso, o enredo da série foi elaborado com base nos valores religiosos islâmicos, e isto foi muito benéfico para todos aqueles que
buscam por sabedoria, especialmente para o público muçulmano.

Ertugrul se destacou, pois, a sua intenção foi exibir personagens com profundidade, que fossem capazes de transmitir ensinamentos que pudessem causar impactos positivos na vida do público, que acompanhou a saga.

Abaixo, veja-se uma lista com algumas lições que foram ensinadas pela série. Belas Lições de Ertugrul:

- Acreditar em Deus.

- Seguir os caminhos do (último) Profeta Muhammad (p.e.c.e.).

- Paciência, sinceridade, irmandade e bondade.

- Abster-se daquilo que o Islão não permite.

- Obediência completa às leis de Allah.

- Tentar evitar coisas como falsos interesses, fraude, traição, ciúme, raiva.

- Respeito pelos mais velhos, compaixão pelas crianças, amor uns pelos outros.

- Todo esforço pela palavra suprema de Allah.

- A preparação sempre vigorosa para defesa da verdade e justiça (seja interna ou externa).

- Fazer tudo o que for possível para barrar a tirania do opressor.

- Em todos os casos, ajudar o oprimido, tentar ser esperançoso.

- Esforçar-se para cumprir a sua responsabilidade.

- Os passos dos intelectuais nunca serão vãos, pequenos ou insignificantes.

- Sentar-se em paz com as almas puras para orar, para consultar antes de cada tarefa, para ter orientação

total.

- Educar a próxima geração para ser mujahid (lutadora), estudiosa e dirigente da religião.

- Ter uma índole correta.

- Sempre dizer a verdade, apoiar a verdade, mesmo que haja algum motivo pessoal envolvido.

- Obedecer os mais velhos.

- Ter uma vida significativa, acima de tudo.

- Dar o nome de seus ancestrais aos seus filhos, desta forma os atributos dos mais velhos serão

transferidos para as suas crianças.

- Ser justo com os muçulmanos e não-muçulmanos da mesma maneira, mas não se envolver com a idolatria.

- Fazer tudo de acordo com a Sunnah do Profeta Muhammad (p.e.c.e.).

Espero que as pessoas estejam a aprender ainda mais coisas com a série, que tem se mostrado de grande valor para resgatar bons costumes.

Fonte: iqaraislam

sexta-feira, fevereiro 21, 2020

COMO (KAIFA) NO CUR'ANE

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Allah)
Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Allah, o Beneficente e Misericordioso).

Alhamdulillah Rabbil Ãn-lamin! Todos os Louvores são para Allah, que enviou as Suas Palavras Sagradas para recitarmos e reflectirmos. Aprendemos como Allah dá a vida, a morte e a vida depois da morte. Ó Allah, pedimos a Tua Paz e Bênçãos para o Último Mensageiro Muhammad Mustafá (Salalahu Aleihi Wassalam), para os Mensageiros e Profetas enviados e também para aqueles que seguem os Teus ensinamentos, até ao Dia da Recompensa. Ameen.

A mente humana interroga-se e procura encontrar respostas para compreender tudo o que o rodeia. Desde pequenos, questionamos “como” e “porquê”. Os crentes em Allah e na vida eterna, encontram no Sagrado Cur’ane e nos ensinamentos do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), respostas às suas curiosidades. Aumentam a fé e tranquilizam os corações. “Alif Lam Mim. Este é o Livro; que não oferece dúvidas; Nele está a orientação certa, para os que temem a Allah. Que crêem no oculto, cumprem com as orações e gastam do que Nós lhes concedemos”. Cur’ane 2:1, 2 e 3.

Allah Subhanahu Wataala utiliza no Cur’ane mais de 80 vezes o advérbio interrogativo “COMO- (KAIFA)”, para interrogar acerca de algo que existe, ou como aconteceu e o que acontecerá. Nas Palavras Sagradas de Allah, existem sinais e respostas às interrogações para estimularem as mentes dos que reflectem e têm fé. Para aqueles que não têm fé, Allah refere que “Eles não procuram sinceramente entender o Cur’ane, ou os seus corações estão bloqueados”. Muhammad 47. “Veja como eles não sabem como Allah origina a criação e depois a repete. Isso é realmente fácil para Allah”. 29.19.

Como é que Allah criou o universo, como foi iniciada a vida, como ela é mantida e como ela vai terminar? Allah Subhanahu Wataala criou tudo através da água. “E Ele criou os céus e a terra em 6 dias, quando antes, abaixo do Seu Trono, só havia água.” 11:7. “Diz-lhes: Percorrei a terra e vejam como Allah começa o processo da criação. Allah pode produzir outra criação, porque Allah tem Poder sobre todas as coisas”. Cur’ane 29:20. “Acaso não reparam os descrentes que os céus e a terra eram um único corpo, então os separamos e criamos da água todos os seres vivos...”. 21.30. “Allah é vosso Senhor que criou os céus e a terra em seis dias … e criou o sol, a lua e as estrelas…” 7.54. “(acaso não olham) para o céu, como foi elevado? E para as montanhas, como foram erguidas firmemente? 88.18, 19. “Ele (Allah) enrola a noite após o dia e o dia após a noite”. 39.5. E o universo continua a expandir-se. “Nós construímos o céu com Poder (Capacidade e Autoridade) e o estamos a expandir”. 51.47. 

Louvado é Allah, Senhor, Criador, Protector e Sustentador dos mundos. Como é que Allah dá a vida? Allah é “Aquele que fez para vós a terra para como leito e o céu como tecto e fez cair água do céu para com ela produzir todas (as espécies) de frutas como provisão para vós…” 2:22. “Então, olha para os efeitos da Misericórdia de Allah, como dá a vida à terra depois de morta. Certamente, Esse (mesmo Allah) dará vida aos mortos. E Ele tem Poder sobre todas as coisas”. Cur’ane 30.50.

“Criamos o homem a partir da essência do barro. Depois o transformamos numa gota de líquido (e o colocamos) num lugar seguro. Depois transformamos essa gota num coágulo de sangue e (a seguir) num pedaço de carne. Depois transformamos o pedaço de carne em ossos, depois revestimos os ossos de carne, originando uma criatura (embrião). Allah seja Abençoado, o Melhor dos criadores”. Cur’ane 23: 12, 13 e 14. “É Ele que vos forma nas entranhas, como Lhe apraz. Não há divindade além D’Ele, o Poderoso, o Sábio”. Cur’ane 3.6.

Os animais, os peixes e as aves são também criaturas de Allah. Foram criados para benefício dos seres humanos, para transporte, para alimentação e também como simples adorno na terra. Eles coabitam nas diversas partes da terra e dos mares. Foram criados com caraterísticas próprias, para sobreviverem de acordo com os climas adversos e locais onde se encontram. Como Allah criou os animais? Allah refere o exemplo do camelo. “Eles não vêm como os camelos foram criados?”. Cur’ane 88.17. Allah com o Seu Poder, criou os camelos de forma surpreendente, com umas pernas fortes e capazes de transportar grandes cargas, caminhar pelas areis finas do deserto, permitindo-lhes sentar e levantar-se com facilidade. Ainda mais surpreendente, têm a capacidade de armazenarem água e comida, de modo a controlarem a sede e a fome por longos e longos períodos. SubhanaAllah!

Allah dá o que é Seu a quem quer e como Ele quer. Somos todos diferentes na posse de bens materiais, de inteligência e de capacidade. “Veja como favorecemos (na provisão) alguns deles em relação a outros”. 17.21. Allah colocou-nos aqui na terra para vivermos em fraternidade, de modo que todos tenhamos o nosso sustento. Tudo o que temos a mais não nos pertence. Depois de satisfazer a sua família e os necessitados, o abastado deve utilizar a inteligência para que a riqueza acumulada não fique estática, mas sim possa circular, como por exemplo, na criação de empregos. “Nós é que repartimos entre eles o sustento neste mundo e elevamos em graus (posições) alguns deles, acima de outros, para que possam ajudar outros. O Senhor é melhor do que aquilo que eles acumulam”. 43.32. “Mas a outra vida é melhor em graus e maior em excelência”. 17.21. Aqueles que têm bom coração, são tementes a Allah e gostam de ajudar o próximo, naturalmente se afastarão da avareza e estarão na melhor das companhias. “Quem não tem compaixão com as pessoas, não terá compaixão de Allah”. Bukhari e Muslim. 

Como é que Allah dá a vida a um morto? “E quando Ibrahim disse: “Meu Senhor! Mostra-me como ressuscitas os mortos”. Allah disse; “Tu (ainda) não crês?” Ele respondeu: “Sim, mas pergunto para tranquilizar o meu coração”. Allah disse: “Toma quatro pássaros, despedaça-os e coloca uma porção deles em cada montanha e em seguida, chama-os: eles virão para ti, rapidamente. E fica sabendo que Deus é Poderoso e Sábio.” Cur’ane 2:260. Allah alerta-nos para o Dia da Ressurreição e a vida depois da morte. “Pelo Dia da Ressurreição! ”…. “Porventura, Ele não será capaz de ressuscitar os mortos?”. Cur’ane 75: 1 e 40. No Dia da Ressurreição, Como é que Allah dará novamente o nosso corpo, se o pó que resultou da decomposição do nosso cadáver, se espalhou ao longo de anos, pela terra, pelos rios, mares e pelos continentes? “Acaso pensa o homem que não reuniremos os seus ossos? Claro que sim! Somos capazes de fazer (novamente) as extremidades dos seus dedos”. Cur’ane 75:3:4. Temas para reflectirmos, apesar da nossa limitação e insignificância neste mundo.

Allah, Al Khalik, o Criador de todas as coisas, convida-nos para recitarmos, interpretarmos e compreendermos as Suas Palavras Sagradas, a fim de encontrarmos respostas, nomeadamente, como é que Allah com o Seu ilimitado Poder e Conhecimento criou, cria e continuará a criar, até ao dia em tudo vai acabar. Nada é eterno, excepto o nosso Senhor, o Criador, Protector e Sustentador.

"Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

20/02 2020 Obs: (Mensagem escrita segundo a ortografia de Portugal).

sexta-feira, fevereiro 07, 2020

OS 4 CAMINHOS PARA A FELICIDADE E PARA O PARAÍSO - 2ª. E ÚLTIMA PARTE

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Allah).

Abdullah Ibn Salam (Radiyalahu an-hu) referiu que Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Ó humanos, (1) difundi a saudação da paz! (2) dai de comer, (3) mantenham os laços familiares e (4) rezai enquanto dormem as pessoas! Deste modo entrareis em paz no Paraíso”. Tirmizi.

3 - MANTER OS LAÇOS FAMILIARES

Não vivemos a sós neste mundo. Primeiro estamos num círculo mais fechado, na companhia dos nossos pais e irmãos. Depois, a nossa família que se alarga com os nubentes, filhos, genros, noras e netos. O círculo seguinte alarga-se ainda mais, englobando os nossos tios, primos (do primeiro e até vários graus), sogros, cunhados e amigos dos nossos pais. É nossa obrigação conhecer os nossos familiares, até aos que consideramos os mais afastados, para não corrermos o risco de romper, por desconhecimento, alguns dos laços familiares. Aos nossos filhos devemos passar esse testemunho, para que os laços familiares continuem a manter-se firmes, mesmo depois da nossa partida. “Aos parentes, conceda-lhes os direitos que lhes são devidos, como também aos necessitados e aos viajantes…” Cur’ane 17:26.

É nosso dever tratarmos os nossos pais com benevolência, carinho e paciência. Eles cuidaram de nós com misericórdia quando éramos pequenos. A satisfação deles é a satisfação de Allah, o nosso Criador e Protetor. O islam recomenda a construção de laços familiares com compaixão, bondade e misericórdia. Devemos ser amáveis com todos os nossos parentes, os próximos, os afastados e mesmo para com os não muçulmanos. Quem acredita em Allah - o Misericordioso, no Seu último Mensageiro e na vida depois da morte, deve manter firme os laços familiares. É um grande pecado a opressão e o corte de relações familiares. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) referiu que: “Allah disse: “Eu Sou Ar-Rahman. Eu criei os laços familiares e denominei de Rahim que obtive da raiz do Meu nome Rahman. Quem ligar o laço familiar eu Me manterei ligado a ele quem o cortar, Eu cortarei (o laço) com ele). Tirmidhi.

4 - REZAR, ENQUANTO DORMEM AS PESSOAS:

O Salat (a oração) é uma obrigação dos crentes. Todos sabem que serão questionados por isso. Os mais virtuosos praticam as orações facultativas e em especial as efetuadas na solidão da noite. Também acordam antes do amanhecer, para a primeira oração da manhã, enquanto outros estão a dormir. Nessa última parte da noite o sono é bem pesado e é difícil sair da cama. Outros jovens saudosos, não encontram forças suficientes para levantar os lençóis. “E pratica durante a noite orações voluntárias, talvez assim o teu Senhor te conceda uma posição louvável”. 17:79.

A oração voluntária de Tahajjud efetuada antes da primeira oração da manhã, permite-nos estar a sós com o nosso Senhor, no silêncio e na tranquilidade da noite. E refere o Cur’ane: “E mantém-te acordado uma parte da noite, para a recitação na Oração de Tahajjud (oração noturna).” 17:79.

Na primeira oração da manhã, enquanto muitos ainda dormem, ouvimos o muazim a chamar-nos: “Venham para a oração, venham para a felicidade. E depois acrescenta: “A oração é melhor do que o sono”. Acordar para a oração de Fajr não é difícil para aqueles que têm fé e Taqwa, porque sabem que esta primeira oração, ainda de madrugada, está carregada de benefícios. Allah Subhanahu Wataala jura pela madrugada, pelo Fajr, jura por aquilo que Ele criou, para dar uma maior ênfase à hora da primeira oração. Quem realiza a oração de Fajr está na protecção de Allah Subhanahu Wa Taala. (Muslim). Os dois rakates de sunat antes da oração obrigatória, foram insistentemente feitas pelo Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), que referiu: “As duas rakats, antes da oração da manhã, são melhores do que tudo o que o mundo contém”. Muslim. 

“ … e recite o Cur’ane no início da madrugada (na oração de Fajr). Na verdade, a recitação do Cur’ane durante a madrugada é sempre testemunhada (pelos anjos)”. Surat Isra 17.78. A recitação do Cur’ane durante o Fajr é testemunhada pelos anjos da noite e do dia. Ibn Majah. Apesar dos anjos testemunharem cada oração e cada ação que praticamos, a menção especial referida no versículo (recitação do Cur’ane durante a primeira oração da manhã), dá-lhe uma importância especial.

Abu Musa (Radiyalahu an-hu) relatou que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassala) dique: “Aquele que pratica as duas orações, de Fajr e Asr, entrará no paraíso”. Bhukari e Muslim. Foi dada uma grande ênfase para não deixarmos de praticar, em especial; estas duas orações (fajr e Asr). Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que os anjos vêm visitar-nos sucessivamente de noite e de dia e todos eles se reúnem no momento das orações de Fajr e Asr. Os anjos que passaram a noite com o crente, ascendem ao céu e Allah lhes pergunta, embora saiba melhor que eles: “Em que estado deixaram os meus servos?”. E os anjos respondem: “Quando os deixamos eles estavam orando e quando os encontramos, eles estavam orando”. Bukhari 10:530. Esses são os bem-aventurados que entrarão no Paraíso porque “passam a noite perante o seu Senhor, prostrando-se e em pé.” 15:64.

São quatro caminhos para o Paraíso: 
1) Difundir a Saudação da Paz;
2) Dar de Comer;
3) Manter Os Laços Familiares Unidos e 
4) Rezar Enquanto as Pessoas Dormem. SubhanaAllah!

E quando entrarem no Paraíso, serão cumprimentados pelos anjos, que lhes dirão: “…. Salamum Aleikum – Que a Paz esteja convosco! Quão excelente é o que fizestes! Entrai, pois! Aqui permanecereis eternamente”. 39.73.

"Wa ma alaina il lal balá gul mubin" - "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá -www.abdulmanga.com -06/02/2020

quinta-feira, fevereiro 06, 2020

O Diálogo Inter-religioso: Necessidades e Princípios


“Muitos seres humanos começaram a reconhecer na religião, um poderoso meio para alcançar a paz e a reconciliação”.
Coord. por: M. Yiossuf Adamgy
Prezados Irmãos,
Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. O diálogo apenas pode acontecer em termos de igualdade. Infelizmente, a História tem sido testemunha de muitos atos de violência concretizados em nome da religião. Todavia, muitos seres humanos começaram a reconhecer outro papel à religião, como um poderoso meio para conseguir a paz e a reconciliação.
Consequentemente, o número de estudiosos no que respeita ao “diálogo inter-religioso” cresce de forma prometedora. O diálogo inter-religioso tem sido um tema deveras controverso e muitas têm sido as discussões a esse respeito, relativamente à sua necessidade, à sua justificação e às suas conquistas. Estas questões revelaram que as pessoas não estão conscientes do verdadeiro significado do diálogo inter-religioso. Perelman e Olbrechts-Tyteca (1969) explicaram o diálogo da seguinte forma: «… não é suposto ser um debate… mas sim uma pergunta através da qual os interlocutores procuram, sinceramente e sem preconceitos, a melhor solução para um problema controverso». Relativamente a esta descrição, Gülen (2000) descreve o diálogo inter-religioso como: «… procurar para dar-se conta da unicidade da religião, da unidade básica e da universalidade da fé. “A religião abarca todas as raças e credos sob a fraternidade, e exalta o amor, o respeito, a tolerância, o perdão, a misericórdia, os direitos humanos, a paz, a fraternidade e a liberdade através dos seus Profetas».
Estas descrições levam-nos a outra pergunta: “Quão útil e benéfico pode ser o diálogo inter-religioso para a solução de problemas?”. O diálogo inter-religioso não pretende alterar as idéias das pessoas no que respeita à sua própria religião ou crenças; procura, sim, encontrar um terreno comum entre as religiões, centrar-se nas comunidades e, através da ênfase na harmonia e na paz, pretende encontrar soluções para muitos dos nossos problemas comuns.
De fato, uma das razões para o diálogo inter-religioso é «proporcionar um ambiente de liberdade». Outro importante autor do diálogo inter-religioso foi Seyyed Hossein Nasr, professor de Estudos Islâmicos na Universidade George Washington. Quando visitou o Vaticano em 1977, como membro de uma delegação, Nasr destacou cinco áreas em que Cristianismo e Islão podem trabalhar juntos para a construção de um mundo melhor. Essas cinco áreas são «os perigos da tecnocracia moderna e a destruição ecológica, as crises energéticas, os problemas da juventude e a decadência da moral e da fé» (Kot, 2009). Além disso, o Reverendo Allman afirma: «A capacidade de discutirmos as nossas diferenças religiosas e culturais é algo mais do que uma simples “atividade extracurricular”, é uma capacidade vital para os participantes em Democracia, em especial numa sociedade democrática como a nossa, repleta de gente com diferenças profundas e complexas» (The Network, 1999). Estas declarações mostram a importância do diálogo inter-religioso para o melhoramento da Humanidade e da boa vontade das sociedades. A este respeito, devo dizer que no passado, na era da divergência, podíamos viver isolados uns dos outros, podíamo-nos ignorar mutuamente. Agora, na era da convergência, estamos obrigados a viver num mesmo mundo.
Vivemos num mundo cada vez mais globalizado. Atualmente, as causas mais comuns fomentadoras do conflito entre religiões ou entre pessoas de diferentes religiões têm a ver com a falta de entendimento entre idéias ou crenças. Os encontros de diálogo inter-religioso, os debates e conferências, ajudam a superar estes equívocos e a falta de familiaridade desaparece. O resultado destes diálogos pode ser de extrema importância. Como afirma Smock, ««... “Quando duas ou mais religiões se unem para explorar ou promover a possibilidade da paz, os efeitos podem ser particularmente poderosos». Os benefícios do diálogo inter-religioso são evidentes, ainda que não seja um trabalho fácil. Uma vez mais, Smock (2002) evidencia que «o diálogo inter-religioso é uma tarefa difícil e, frequentemente, dolorosa». Existem alguns requisitos prévios para que o diálogo inter-religioso tenha êxito. Swidler (2003) classifica estes requisitos da seguinte forma:
1) Estar aberto a aprender com os outros.
 2) O conhecimento da própria tradição.
 3) Um companheiro de diálogo com idêntica disposição e conhecedor da outra tradição».
A importância de cada pré-requisito será pormenorizadamente explicado a seguir: Ingredientes para que um encontro de diálogo inter-religioso seja bem-sucedido:
1) O componente mais importante do diálogo inter-religioso consiste em recordar o verdadeiro sentido do diálogo. Trata-se de uma discussão de duplo sentido que requer respeito e compreensão. Este componente pode parecer extremamente fácil de compreender, mas é muito fácil de esquecer. Swidler (2007) afirma que: «Caso se mantenha este objetivo básico e se agir com imaginação e criatividade, o diálogo prosseguirá frutífero e assistir-se-á a uma transformação crescente da vida de cada participante e da das suas comunidades». Assim sendo, para a obtenção dos melhores resultados em cada diálogo inter-religioso, há que não esquecer o verdadeiro sentido do diálogo. Há que explicar o diálogo como ««… uma questão em que os interlocutores procuram sinceramente e sem preconceitos a melhor solução para um problema controverso».
2) Nestas reuniões, os intervenientes devem estar conscientes do fato de que todos os membros são de diferentes origens religiosas e culturais, pelo que o diálogo inter-religioso se baseia na compreensão e no respeito mútuos. Num diálogo inter-religioso nenhum dos participantes deve procurar ofender o sistema de crenças dos restantes membros.
3) Smock (2002) escreve que, para determinar o êxito de um diálogo, há que indicar de forma clara o objetivo da reunião e escolher os participantes. O propósito da reunião deve ser decidido pelos participantes antes das reuniões, ficando claro e especificado.
4) Ao descrever como iniciar o diálogo, Bohme (1991) afirmam que a interrupção é uma parte importante do diálogo. Ouvir os restantes participantes é uma fase obrigatória do processo. Durante estas reuniões, todos os participantes devem estar livres de preconceitos e abertos à compreensão e ao reconhecimento de novas perspectivas. Os encontros de diálogo inter-religioso são uma excelente forma de aprender acerca das diferentes religiões e dos diferentes pensamentos.
 5) A não esquecer que, nestes encontros, reunimo- -nos como pessoas e não como sistemas de crenças, e que os mesmos nos proporcionam uma oportunidade incrível para aprender, debater e entender outras religiões do mundo deveria conduzir a um conhecimento e a uma melhor compreensão recíproca e ao intercâmbio dos valores mútuos como um enriquecimento da própria fé e da fé dos outros» (Cosijns e Braybrooke, 2008). Contudo, um problema ou erro praticado nestes encontros não deve ser usado para generalizar quanto a um sistema concreto de crenças. Kurucan (2006) afirma que, quando falamos de diálogo inter-religioso, «referimo-nos ao diálogo de pessoas de diferentes religiões». Assim sendo, as pessoas presentes nestas reuniões não devem ser vistas como categorias ou como únicos representantes das suas religiões, mas sim como pessoas individuais, com as suas virtudes e defeitos, como todos nós.
 6) O diálogo inter-religioso tem como objetivo encontrar soluções para os problemas do mundo e das restantes pessoas, centrando-se nas similitudes entre os sistemas de crenças e não nas diferenças e em questões polêmica.
 7) Smock (2002) afirma que um único encontro inter-religioso pode não ser muito útil, pelo que devem existir algumas sessões de acompanhamento para a compreensão dos benefícios que podem advir de tais encontros.
8) Além disso, é também uma boa oportunidade para aprender sobre as práticas religiosas dos demais participantes, verificar as diferenças entre as respectivas compreensões e ter imenso cuidado com essas diferenças durante o processo de diálogo. Crowley (2006) afirma que a determinação da estase – das partes em que as idéias dos intervenientes diferem – é uma parte importante da discussão pública. No diálogo inter-religioso é importante estar consciente da estase, de modo a não ofender os restantes participantes.
9) Não existe exclusividade e nem sincretismo. Abu-Nimer (2007) afirma que, nos diálogos inter-religiosos, religião alguma deve ser excluída. Fazê-lo representaria uma desvantagem enorme para o sucesso do diálogo inter-religioso. Destaca também que, a tentativa de sincronizar todas as religiões numa única, pode ser tão perigoso como excludente. Conforme dito anteriormente, é de extrema importância aceitar todas as religiões e as pessoas religiosas dentro do seu próprio sistema de crenças.
10) O diálogo apenas pode acontecer em termos de igualdade. Se um grupo religioso vê outro como inferior ou superior, o diálogo não poderá ocorrer, por não permitir o intercâmbio e o entendimento entre grupos, que é o objetivo principal de qualquer diálogo inter-religioso. O diálogo inter-religioso é um assunto importante no mundo globalizado. Pessoas de diferentes religiões convivem neste mundo interligado, enfrentando atualmente inúmeros problemas. Este grupo inter-religioso é crucial para um mundo em que «todos os dias, quase 16.000 crianças morrem de causas relacionadas com a fome. Isso “significa uma criança a cada cinco segundos» (www.bread.org). O papel do diálogo inter-religioso para a solução destes problemas não pode ser subestimado. Smock (2002) refere que «embora a religião possa e deva contribuir para a resolução de conflitos violentos, pode ser um poderoso fator na luta pela paz e pela reconciliação.
Fonte:Reflexões Islâmicas - nº. 387 - www.islao.pt /www.alfurqan.pt — alfurqan2011@gmail.com — tlm. 96 545 96 46

quarta-feira, fevereiro 05, 2020

Quem é o Profeta Muhammad?

Muhammad (SAWS), que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, é o homem amado por mais de 1,7 bilhões de muçulmanos. É o homem que nos ensinou paciência em face de adversidade e a viver nesse mundo, mas buscar a vida eterna. Foi ao profeta Muhammad que Deus revelou o Alcorão. Junto com esse Livro de orientação Deus enviou o profeta Muhammad, cujo comportamento e altos padrões morais são um exemplo para todos nós. A vida do profeta Muhammad foi o Alcorão. Ele o compreendia, amava e viveu sua vida baseado em seus padrões. Ensinou-nos a recitar o Alcorão, a viver de acordo com seus princípios e a amá-lo. Quando os muçulmanos declaram sua fé no Deus Único, também declaram sua fé de que Muhammad é o servo e mensageiro final de Deus. 

Quando um muçulmano ouve o nome de Muhammad (SAWS) ser mencionado, pede a Deus que envie bênçãos sobre ele. O profeta Muhammad (SAWS) era um homem, um ser humano como qualquer outro homem, mas seu amor pela humanidade o destaca. Os muçulmanos amam o profeta Muhammad (SAWS), mas seu amor por nós faz dele um homem como nenhum outro. Ansiava pelo Paraíso não apenas para si mesmo, mas também para todos nós. Chorava não apenas por si mesmo, mas por sua Ummah1 e pela humanidade. 

Frequentemente era ouvido dizendo: “Ó Deus, minha Ummah, minha Ummah”. Os muçulmanos também acreditam nos mesmos profetas mencionados nas tradições judaicas e cristãs, incluindo Noé, Moisés, Abraão e Jesus e acreditam que todos os profetas vieram com a mesma mensagem – adorar somente a Deus, sem parceiros, filhos ou filhas. Há uma diferença, entretanto, entre todos os outros profetas e o profeta Muhammad (SAWS). Antes de Muhammad (SAWS) os profetas eram enviados para um povo em particular em lugares e períodos particulares. Muhammad (SAWS), entretanto, é o profeta final e sua mensagem é para toda a humanidade. 

Deus nos diz no Alcorão que Ele enviou o profeta Muhammad (SAWS) como uma misericórdia para a humanidade. “E não te enviamos, senão como misericórdia para a humanidade, gênios e tudo que existe.” (Alcorão 21:107) .Deus não disse que Muhammad foi enviado para o povo da Arábia, para os homens ou para as pessoas do século 7. Deixou claro que o profeta Muhammad (SAWS) era um profeta como nenhum outro, cuja mensagem seria propagada amplamente e seria aplicável em todos os lugares e em todas as épocas. 

Os muçulmanos o amam, o respeitam e o seguem. Eles o têm em tão alta estima que para muitos é emocionalmente doloroso ver ou ouvir que seu amado mentor é ridicularizado ou desrespeitado. A tradução da palavra árabe Ummah é nação, mas significa mais que um país com fronteiras. É uma irmandade de homens, mulheres e crianças unidos em seu amor pelo Deus Único e sua admiração por Muhammad (SAWS), o profeta de Deus. Ao longo da história e em todo o mundo os não-muçulmanos demonstraram grande respeito e honra ao profeta Muhammad (SAWS) e ele é considerado influente tanto em questões religiosas quanto seculares. Mahatma Gandhi o descreveu como escrupuloso em relação a promessas, intenso em sua devoção aos amigos e seguidores, intrépido, destemido e com absoluta confiança em Deus e em sua própria missão. 

O profeta Muhammad (SAWS) ensinou o Islã como uma forma de vida, fundou um império, estabeleceu um código moral e instituiu um sistema legal que foca no respeito, tolerância e justiça. O que há no profeta Muhammad (SAWS)  que inspira tanta devoção? Sua natureza gentil e amável, sua bondade e generosidade ou sua habilidade de ter empatia com toda a humanidade? Muhammad (SAWS) era um homem altruísta que devotou os últimos 23 anos de sua vida ensinando seus companheiros e seguidores como adorar Deus e respeitar a humanidade. 

O profeta Muhammad (SAWS) era totalmente ciente de quanta responsabilidade lhe tinha sido confiada por Deus. Foi cuidadoso em ensinar a mensagem da forma como Deus havia prescrito e alertou seus seguidores para não o adularem da forma como Jesus, filho de Maria foi adulado. 

Os muçulmanos não adoram o profeta Muhammad (SAWS), porque entendem que é apenas um homem. Entretanto, é um homem que merece nosso profundo respeito e amor. O profeta Muhammad (SAWS) amou tanto a humanidade que chorava e temia por ela. Amou sua Ummah com devoção tão profunda que Deus destacou a profundidade de seu amor por nós no Alcorão. “Chegou-vos um Mensageiro de vossa raça, que se apieda do vosso infortúnio, anseia por proteger-vos, e é compassivo e misericordioso para com os crentes.” (Alcorão 9:128) . 

O profeta Muhammad (SAWS), nos ensinou a amar e obedecer a Deus. Ensinou-nos a sermos gentis uns com os outros, respeitar nossos (Saheeh Al-Bukhari)  idosos e cuidar de nossas crianças. Ensinou-nos que era melhor dar que receber e que cada vida humana merece respeito e dignidade. Ensinou-nos a amar para nossos irmãos e irmãs o que amamos para nós mesmos. O profeta Muhammad (SAWS) nos ensinou que famílias e comunidades são essenciais e destacou que direitos individuais, embora importantes, não são mais importantes que uma sociedade estável e com moral. Ensinou-nos que homens e mulheres são iguais aos olhos de Deus e que nenhuma pessoa é melhor que outra, exceto em relação à sua piedade e devoção a Deus. 

Quem é o profeta Muhammad (SAWS)? Simplesmente é o homem que se apresentará perante Deus no Dia do Juízo e implorará a Deus que tenha misericórdia de nós. Intercederá por nós. Os muçulmanos o amam porque é o servo e mensageiro de Deus, uma misericórdia para a humanidade e sua bondade e devoção à humanidade não têm precedentes.

Fonte: www.islamreligion.com 

sábado, fevereiro 01, 2020

OS 4 CAMINHOS PARA A FELICIDADE E PARA O PARAÍSO - 1ª. PARTE

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Allah).
Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Allah, o Beneficente e Misericordioso).

Alhamdulillah! Louvado é Allah, que criou o homem através do barro, lhe ensinou e lhe deu a inteligência para distinguir o bem do mal. Louvado é Allah que colocou nos corações dos crentes a bondade e a misericórdia. Felizardos os que procuram os caminhos para o Paraíso. Bênçãos para o último mensageiro Muhammad Salalahu Aleihi Wassalam. A Paz de Allah esteja com todos os Profetas e com todos os crentes. Ameen.

Existem muitos caminhos para a felicidade, para a tranquilidade do coração e que nos conduzem para o Paraíso. Encontramos muitas recomendações no Sagrado Cur’ane e nos ensinamentos do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam). 

Abdullah Ibn Salam (Radiyalahu an-hu) referiu que Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Ó humanos, (1) difundi a saudação da paz! (2) dai de comer, (3) mantenham os laços familiares e (4) rezai enquanto dormem as pessoas! Deste modo entrareis em paz no Paraíso”. Tirmizi.

1 - DIFUNDIR A SAUDAÇÃO.

Uma das fantásticas manifestações de fraternidade humana, entre os crentes e mesmo entre pessoas desconhecidas, é espalhar a Paz, com a saudação “Assalamo Aleikum – Que a Paz de Allah esteja contigo”. Porque Allah é As - Salaam – a Paz e a Perfeição; Allah dá a Paz e a Segurança. Iniciamos as nossas preces com Allahuma Antas-Salamu – Ó Allah (na verdade), Tu és a Paz. Com o cumprimento da Paz, desejamos ao nosso semelhante o melhor da paz, a Paz de Allah. Um verdadeiro duah de um crente para o outro. Cumprimentar, é um meio para nos libertarmos do orgulho, da arrogância, da desconfiança e do desprezo que às vezes sentimos pelos outros. Quem tomar a iniciativa de ser o primeiro a saudar, liberta-se destes maus sentimentos, eleva o seu carácter e purifica o seu coração. “Quando fordes saudados, retribuí com uma saudação melhor, ou pelo menos igual, porque Allah leva em conta todas as coisas”. Cur’ane 4:86. Os Abdur Rahman - os pacificadores, os servos do Misericordioso, “… são aqueles que andam pela terra e quando os ignorantes (provocadores) lhes falam, dizem Salaama (Paz)”. Cur’ane 25.63.

O Islam é mesmo isso, é a Paz, é Salam, é o cumprimento caloroso entre os crentes, é a protecção mútua. Ao cumprimentarmos alguém com Assalamo Aleikum – Com a Paz de Allah, estamos a comprometer-nos de que da nossa parte nada o afectará, senão o bem. O Paraíso é referido por Dur us Salaam, porque é um lugar de paz, de alívio de todas as nossas preocupações, sem doenças, fome, guerras, onde nos sentiremos eternamente em segurança. “Allah convoca à morada da Paz”. Cur’ane 10:25. Allah os cumprimentará com a Palavra de Paz. “Paz! Eis como serão saudados por um Senhor Misericordiosíssimo”. Yacin 36:58.

2 - DAR DE COMER.

Outra manifestação de solidariedade e de fraternidade entre os humanos é a partilha de alimentos entre a família, amigos, desconhecidos e necessitados, sem esperar qualquer tipo de agradecimento. Quem assim o faz aumenta a amizade, liberta-se da avareza e ganha a Satisfação do Criador, o Sustentador dos mundos. “E por amor a Allah, alimentam o pobre, o órfão e o cativo, (dizendo): o estamos fazendo apenas por amor a Allah. Não esperamos de vocês nenhuma recompensa ou agradecimento”. Cur’ane 76. 8 e 9.

A partilha de alimentos não parte não só do abastado para o necessitado. A fraternidade também existe nos corações dos pobres que gostam de partilhar o pouco de têm para os que estão abaixo do seu nível de pobreza e também para os que estão acima deles. Seguem as recomendações do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) quando disse ao seu companheiro pobre: “Ó Abu Dharr, quando preparares algum caril, lembra-te dos membros da família do teu vizinho, adicione água e ofereça uma parte como presente, com cortesia”. Muslim. O último Profeta enviado para a humanidade (Salalahu Aleihi Wassalam), referiu em poucas palavras o elevado estatuto perante Allah, de quem tem o hábito de partilhar com o seu semelhante: “A MÃO DE CIMA É MELHOR DO QUE A MÃO DE BAIXO”. SubhanaAllah.

Os crentes (ricos e pobres) gostam de ter os seus familiares e amigos reunidos à volta da mesa, para partilharem uma refeição. Os companheiros do Profeta (Radiyalahu an hum) também tinham por hábito a partilha dos poucos alimentos que tinham. Numa ocasião depois do iftar oferecido por Saad Ibn Ubada, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) fez o seguinte duah: “Aqueles que jejum, quebraram o jejum contigo, os virtuosos comeram do teu alimento e os anjos suplicaram por ti”. Abu Daoud. O Profeta Ibrahim, o Mensageiro de Allah (Aleihi Salam), gostava sempre de receber pessoas, mesmo estranhas, oferecendo-lhes alojamento e alimentação. Uma vez recebeu três viajantes e apressou-se a preparar alimentos para comerem todos juntos. Mas viu com tristeza que os viajantes não tocaram na comida. Foi quando eles lhe disseram que eram anjos, que se apresentavam na forma de humanos e que iam a caminho para cumprirem ordens de Allah, para destruírem Sodoma pelos pecados cometidos.

Allahumma inna nas alukal jannata wa na udhubika minan naar. Ó Allah peço-Te o Jannat e a Tua Protecção contra o fogo (do inferno).

In Sha Allah continua na próxima semana.

Cumprimentos
Abdul Rehman Mangá
30/01/2020

quarta-feira, janeiro 29, 2020

No coração do Islã reside a crença em Deus.

O coração da crença islâmica é testemunhar a frase, La illaha illa Allah, “Não existe verdadeira deidade merecedora de adoração exceto Deus.” O testemunho a essa crença, chamada tawhid, é o eixo em torno do qual todo o Islã revolve. Além disso, é o primeiro dos dois testemunhos através dos quais uma pessoa se torna muçulmana. Se empenhar após a compreensão dessa unicidade, ou tawhid, é o coração da vida islâmica.

Para muitos não-muçulmanos, o termo Allah, o nome árabe de Deus, se refere a alguma deidade distante e estranha adorada pelos árabes. Alguns até pensam que seja algum “deus-lua” pagão. Entretanto, em árabe, a palavra Allah significa o Único Verdadeiro Deus. Inclusive, os judeus e cristãos árabes se referem ao Ser Supremo como Allah.

Encontrar Deus

Filósofos ocidentais, místicos orientais e os cientistas de hoje tentam alcançar Deus a seu próprio modo. Os místicos ensinam sobre um Deus que é encontrado através de experiências espirituais, um Deus que é parte do mundo e reside dentro de Sua criação. Os filósofos gregos buscam Deus através da razão pura e com freqüência falam de um Deus como um Relojoeiro sem interesse em Sua criação. Um grupo de filósofos ensina o agnosticismo, uma ideologia que mantém que não se pode provar ou negar a existência de Deus. Falando de forma prática, um agnóstico afirma que ele deve ser capaz de compreender Deus diretamente, de modo a ter fé. Deus disse:

E aqueles destituídos de conhecimento dizem: ‘Por que Deus não fala conosco ou por que um sinal [milagroso] não nos é mostrado?’ O mesmo disseram os que vieram antes deles, Seus corações são todos iguais.” (Alcorão 2:118)

O argumento não é nada novo; as pessoas no passado e no presente têm levantado a mesma objeção.

De acordo com o Islã, a forma correta de encontrar Deus é através dos ensinamentos preservados dos profetas. O Islã afirma que os profetas foram enviados pelo próprio Deus através das eras para guiar os seres humanos até Ele. Deus diz no Alcorão Sagrado que o caminho correto para a crença é refletir sobre os Seus sinais, que apontam para Ele:

“De fato, Nós fizemos todos os sinais evidentes para os dotados de certeza interior.” (Alcorão 2:118)

A menção do trabalho de Deus ocorre com freqüência no Alcorão como o ponto da revelação divina. Qualquer um que veja o mundo natural em toda a sua maravilha com olhos e coração abertos verá os sinais inconfundíveis do Criador.

Dize: Percorra toda a terra e veja como [maravilhosamente] Ele criou [o homem] primeiramente: e conseqüentemente, também, Deus o trará à vida pela segunda vez – porque, verdadeiramente, Deus tem poder de desejar qualquer coisa.” (Alcorão 30:20)

O trabalho de Deus também está presente dentro do indivíduo:

E na terra existem sinais [da existência de Deus, visíveis] para todos aqueles dotados com certeza interior, assim como [existem sinais] dentro de vós: não os enxergais?” (Alcorão 51:20-21)

_*Sob a autoridade de Abu Hurayrah (que Allah esteja satisfeito com ele), quem disse que o Mensageiro de Allah (ﷺ) disse:*_

_*Allah disse: Os filhos de Adão investem contra as vicissitudes do tempo, e eu sou o tempo, na minha mão está como a noite e o dia. Como o Todo-Poderoso é o Ordenador de todas as coisas, investigar os infortúnios que fazem parte do Tempo é o mesmo que investigar contra Ele.*_

Foi relatado por (al-Bukhari Muslim).

sábado, janeiro 25, 2020

“Mesquitas móveis” divulgarão o Islão nos Jogos Olímpicos de Tóquio

“Esperamos fornecer um lugar onde os atletas e turistas possam rezar”, explica o chefe do projeto"

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. 

Em 2020, Tóquio será a sede do maior evento desportivo do mundo (1). Durante as Olimpíadas e Paraolimpíadas no Japão, milhares de pessoas de todo o mundo irão viajar para o país e torcer de perto pelos atletas. Pensando nisso, mais de uma organização islâmica está a produzir “mesquitas móveis” que serão estacionadas em lugares estratégicos da cidade. 50 países muçulmanos participarão do evento, além de centenas de atletas muçulmanos de outras nações. Adaptadas em caminhões Toyota climatizados, cada uma custa US$ 900 mil e pode receber 50 pessoas de cada vez. 

O objetivo seria oferecer um local para as cinco orações diárias dos muçulmanos (SALAAT) e como centro de divulgação do Islão. A sala de oração, além de ser forrada com os tapetes tradicionais, terá cópias do Alcorão disponíveis e uma bússola que aponta para a Meca. “Esperamos fornecer um lugar onde os atletas e turistas possam rezar”, explica o chefe do projeto, 

A sua empresa foi quem consultou as autoridades islâmicas e teve o projeto aprovado. Ele não revelou quem está a pagar pelos caminhões. A população Islâmica no Japão é muito pequena. Calcula-se que sejam em torno de 185.000 dentre os 127 milhões de habitantes do país. 

O Comitê Olímpico Internacional decidiu, está decidido. A maratona dos Jogos Olímpicos de Tóquio, no próximo ano, não se irá realizar na capital japonesa, mas sim na cidade de Sapporo, no norte do país, apesar do desacordo das autoridades locais. A decisão foi motivada pelo calor e humildade que se fizeram sentir durante a prova de teste para os Jogos, efetuada em meados de Setembro, sendo que se preveem condições ainda mais difíceis durante o mês de Agosto, no qual se irão disputar as duas maratonas. A decisão também abrange as provas de marcha atlética. https://pt.euronews.com/2019/11/01/maratona-de-toquio2020-nao-sera-na-capital-japonesa.

Obrigado. Wassalam (Paz).
M. Yiossuf Adamgy
Diretor da Revista Islâmica Portuguesa AL FURQÁN