sexta-feira, setembro 26, 2014

Sobre a Metodologia da Compreensão do Alcorão

Já houve numerosas interpretações do Sagrado Alco-rão. Isto por si, mostra o grande significado desta Extraordinária Escritura revelada ao sagrado Profeta do Islão, Muhammad (p.e.c.e.), há 1400 anos.

O Alcorão inspirou milhões de pessoas à volta do globo e continuará a fazê-lo enquanto existirem seres humanos neste planeta. Muitos inimigos do Islão atacam esta Extraordinária Escritura e tentam “provar”, à sua maneira, que ela “destila ódio contra os não crentes … providenciando um rígido e fanático sistema de crenças … que fazem com que os muçulmanos sejam fanáticos e derramem tanto sangue na terra”.

Infelizmente, também muitos racionalistas, embora não inspirados pelo ódio do Alcorão, mas pela sua aversão à religião, têm acreditado, frequentemente, nestes argumentos, pois abordam o Alcorão com uma perspectiva pré-concebida que irá apenas atrasar o seu progresso e deturpar a compreensão da sua verdadeira mensagem, o que redunda num impacto confuso.

É tendo em conta estas objecções e interpretações erradas do Alcorão que é necessário desenvolver uma metodologia adequada, para entender a Escritura de imenso significado.

A primeira questão importante neste contexto é saber se será possível haver apenas um único tipo de interpretação?

Em segundo lugar, pode qualquer interpretação particular do Alcorão ser obrigatória para as gerações posteriores, ou mesmo para o povo da mesma geração, por mais eminente que seja o intérprete?

Em terceiro lugar, os companheiros do Profeta (p.e.c.e.) fizeram algum acordo sobre uma determinada interpretação ou significado de um versículo do Alcorão? Se não, por que eles não concordam com os outros?

Em quarto lugar, qual é o papel dos ahadith na compreensão do Alcorão? Pode-se compreender o Alcorão sem a ajuda dos ahadith?

E em quinto lugar, se aqueles ahadith usados para explicar o significado do Alcorão são unanimemente aceites pelos intérpretes e comentadores?   

Estas são questões cruciais para desenvolver a metodologia adequada para compreender o Alcorão.

Uma interpretação, por vezes, pode não ser a única interpretação. Isto é fundamental para entender os vários aspectos dos pronunciamentos do Alcorão. Um comentador poderia ter essencialmente uma perspectiva teológica, outro, uma perspectiva sociológica, um terceiro pode olhá-lo do ponto de vista científico e assim por diante. Cada um terá uma contribuição a dar a partir das próprias perspectivas. A este respeito, é importante notar que o Alcorão usa palavras que podem ter vários significados ou linguagem simbólica …

Nós, como muçulmanos, acreditamos que o Alcorão é eterno em sua relevância e vai direto à nossa alma se o deixarmos, pois fala a língua do coração humano, seja onde for que o ser humano se encontre ou seja qual for a era em que viva. Está escrito numa língua universal, profundamente enraizada na constituição natural do ser humano.

Os problemas e desafios enfrentados pelos muçulmanos, no passado, podem não ser os mesmos que enfrentam as gerações presentes.

Assim, a fim de obter orientação e inspiração do Alcorão, as pessoas pertencentes às novas gerações, vão ter de interpretar alguns aspectos Alcorânicos sob a perspectiva contemporânea.

É absolutamente verdade que o hadith desempenha um papel importante na compreensão do Alcorão, mas há alguns problemas com a literatura dos ahadith, que precisam de ser revistos, a fim de ponderar o seu papel na interpretação do Alcorão. O primeiro e mais importante problema é, naturalmente, o da autenticidade do hadith. Há algumas controvérsias sobre diferentes ahadith que são utilizados nas interpretações de vários versículos do Alcorão. E estes ahadith fazem uma diferença crucial para a compreensão dos versículos Alcorânicos. Aqui também há duas coisas que merecem destaque: primeiro, se os versículos pertencem ao que chamamos de crenças metafísicas (‘aqa’id e ibadát), então as eventuais controvérsias não terão qualquer impacto social; segundo, se os versículos dizem respeito a questões socioeconómicas e a leis pessoais, aquilo a que chamamos mu'amalaat, então a interpretação destes versículos terá grande impacto social e afetará a vida das pessoas aqui na terra.

Assim, o nosso próprio sistema de conhecimento e de bagagem cultural é crucial para a compreensão dos versículos do Alcorão. O texto religioso é sempre complexo, rico, multifacetado e multidimensional. Outra coisa que deve ser ressalvada é que os versículos do Alcorão podem ser divididos em cinco categorias:

1) - Os versículos referentes a 'ibadat que incluem a oração (salah), jejum (saum), peregrinação a Meca (hajj), taxa contributiva para o pobre (zakat) e outras práticas semelhantes que pertencem a esta categoria;

2) - Os versículos relativos à mu’amalat que incluem, entre outras coisas, casamento, divórcio, herança, testemunho, negócios, contrato de imóveis, agricultura e assim por diante.

3) - Os versículos referentes a crenças metafísicas como a unicidade de Deus, o Dia do Juízo, o inferno e o céu, os anjos e assim por diante;

4) - Os versículos relativos à orientação geral;

5) - Os versículos referentes a valor como justiça, igualdade, honestidade, etc.

 Os versículos relativos à ibadát, conforme atrás referidos, podem ser entendidos à luz do hadith autêntico. O Profeta (p.e.c.e.) explicou como rezar, como realizar a peregrinação a Meca, questões relacionadas com o jejum, etc. Não há necessidade de qualquer nova interpretação ou de repensar estes versículos. Eles devem ser entendidos como explicados pelo Profeta. É o conceito de ibadát e os rituais a eles associados que fornecem a singularidade de qualquer religião. Cada religião tem desenvolvido o seu sistema espiritual e sistema de oração, adoração, etc. Meditação para repensar sobre estas questões é como mexer com essa singularidade estética e destruir a sua espiritualidade, se assim se pode dizer. Portanto, a compreensão dos versículos referentes a ibadát não pode mudar. Mas é claro que as diferenças sectárias, neste contexto irão persistir. Há muitas diferenças, algumas vezes até mesmo de natureza significativa, em matéria de Salah, etc. Entre as várias escolas de jurisprudência no Islão Sunita (Hanafitas, Chafiítas, Malikitas, Hanbalitas, Zahiritas) e no Islão Chi'ita (Ithna-Asharis, Zaiditas, Ismailitas, etc., essas diferenças permaneceram e permanecerão no futuro também. De certa forma, essas diferentes práticas sectárias também fornecem a singularidade de cada grupo e tornam-se em significação de identidade. Estas diferenças também são baseadas nos ahadith aceitáveis para todas as escolas de pensamento. Algumas escolas de pensamento (madhahib) aceitam alguns ahadith como autênticos quando outros aceitam os outros como autênticos e duvidam da autenticidade de outros ahadith.

Quanto aos versículos relativos à mu'amalat que incluem, como já foi referido, assuntos como casamento, divórcio, herança, negócios e assim por diante, há quem, entre os eruditos contemporâneos, quem discuta se re-pensar nesses versículos é necessário tendo em conta os problemas e desafios emergentes. Por exemplo, a permissão Alcorânica para casar com quatro mulheres tem necessidade de ser repensada. Os versículos do Al-corão relacionados com a pluralidade de esposas foram compreendidos sob o espírito medieval e as práticas hebraicas e arábicas vigentes da época. Há, portanto, modernistas que afirmam a necessidade de releitura desses versículos. As mulheres, que se tornaram muito mais conscientes dos seus direitos islâmicos, também estão na vanguarda desta demanda. A mesma coisa po-de-se dizer dos versículos referentes ao divórcio.

Quanto à terceira categoria de versículos ou seja, aqueles referentes a crenças metafísicas como a Unicidade de Deus, o Dia do Juízo, Céu e Inferno, anjos, etc., estes são parte do que podemos chamar de "fé (aqa'id e imán). Estes versículos também, como os pertencentes à primeira categoria, estão fora de qualquer mudança e dizem respeito aos fundamentos da religião. A crença na Unicidade de Deus (Tawhid) é fundamental para o ensino islâmico. Da mesma forma as crenças no Dia do Juízo Final, na Profecia, nas Escrituras, nos Anjos, etc., também pertencem aos ensinamentos básicos do Islão. A crença de que o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) é o último Profeta é igualmente fundamental para a crença islâmica e é parte integrante dos ensinamentos do Alcorão. Estas crenças estão fora de qualquer reinterpretação e devem ser aceites sem qualquer questão, pois são parte da singularidade do Islão e fazem a distinção de outras religiões.  

A quarta categoria dos versículos do Alcorão dizem respeito à orientação geral para difundir o que é bom (o termo Alcorânico para isso é Ma'ruf) e conter o que é mau (o termo Alcorânico para isto é unkar) e não têm necessidade de mudança. Estas são verdades universais compartilhadas por outras religiões também. É claro que o entendimento do que é e o que é ma'ruf e munkar pode variar ao longo do tempo e de lugar para lugar e, nessa medida, pode haver pequenas diferenças de opinião.

A quinta categoria dos versículos do Alcorão ou seja, aqueles referentes a valores como a justiça, a igualdade, a compaixão, a criação de justa ordem social, etc., são, evidentemente, de natureza eterna. O Alcorão coloca grande ênfase nesses valores. Pode-se dizer que estes valores são fundamentais para o Islão. Não há mais nenhuma questão para repensar porque esses valores são universais e eternos. Além disso, houve completo acordo entre os teólogos e juristas muçulmanos acerca desses valores e que refletem-se em todas as formulações teológicas e jurídicas do Islão. No entanto, pode haver, e há, diferenças acerca do que é justo e do que não é e o que constitui a igualdade e em que sentido. Por exemplo, o versículo Alcorânico 4:129, acerca do tratamento de mulheres era assim interpretado, pois que o tratamento igual para todas as quatro esposas foi pensado ser o suficiente para cumprir o sentido de justiça.

Assim, o que parece ser justo hoje poderá já não ser justo amanhã. Mas o que é mais importante é a justiça, não a sua compreensão em determinadas circunstâncias. Assim, a interpretação dos juristas islâmicos dos versículos do Alcorão relacionados com a justiça, ou quaisquer outros valores semelhantes, terá que mudar de acordo com o espírito do tempo/conjuntura. Este é um elemento importante da metodologia a ser utilizada para compreender os versículos do Alcorão. Em outras palavras, tem de haver um elemento de dinamismo na compreensão dos versículos do Alcorão.

A literatura de hadith também requer abordagem semelhante. Mesmo o mais autêntico hadith em que há unanimidade completa, não deve impor restrição à descoberta de novos significados ou potencialidades do determinado versículo do Alcorão. O Profeta (p.e.c.e.) não podia ter ignorado as limitações do seu próprio tempo em relação a certas práticas, embora com relutância. Por exemplo: ainda que, pessoalmente, tenha emancipado escravos, não poderia ter abolido a escravidão. O Islão foi provavelmente a primeira religião a pregar a igualdade de todos os seres humanos, com a proclamação do Alcorão de que todos os filhos de Adão são iguais e honrados, mas a instituição da escravatura estava tão profundamente enraizada na estrutura social da época que não podia ser totalmente abolida. Mas isso não significa que deveria ser perpetuada, por se citarem alguns versículos do Alcorão ou hadith.

Aqui devemos considerar outro elemento importante da metodologia do Alcorão que é colocar versículos normativos acima de versículos contextuais. Alguns versículos do Alcorão proclamam normas e valores, enquanto outros permitem determinadas práticas ou instituições dentro daquele contexto. Em outras palavras, os versículos normativos são mais importantes do que os versículos contextuais, porque são eternos na sua aplicação.

Ao desenvolver a metodologia para a compreensão adequada do Alcorão devemos sempre que ter em men-te que o Islão era muito mais que um conjunto de cren-ças ou rituais — era a proclamação da revolução social, criando uma nova sociedade humana baseada na igual-dade, justiça e dignidade humana. Acreditava em derru-bar qualquer "status quo" com base na hierarquia, a dis-criminação com base na tribo, casta, credo, raça ou nacionalidade. Há uma dimensão transcendental nos ensi-namentos islâmicos que nunca pode ser ignorada. Mas, como se viu, alguma interpretação do Alcorão que her-dámos está mergulhada em alguns valores medievais. Temos, assim, de juntar esforços para resgatá-la a partir deste medievalismo, mas reconhecendo a sua importân-cia histórica. Temos de voltar ao Alcorão e aos versícu-los normativos para criar uma nova ordem justa e huma-na no século XXI. A nova metodologia de compreensão do Alcorão deveria permitir-nos agitar a actual estrutura injusta de nossa sociedade, deveria permitir-nos ultra-passar a nossa situação social, dar uma nova esperança e construir um novo futuro para a humanidade.
Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 23/09/2014.

O DIA DE ARAFAH – O IDUL- ADHÁ – O SACRIFÌCIO (QURBANI).

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) JUMA MUBARAK

LABBAIKA, ALLAHUMMA LABBAIK… Abdurrahman Bin Yamur Ad-Dail (Radiyalahu an-hu – Que Deus esteja satisfeito com ele), referiu que ouviu do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) dizer: “O Haj é Arafah, O Haj é Arafaf”. Relato de Baihaque. Ainda referiu o Profeta: “O melhor dia, é o dia de Arafah”.

O Dia de Arafah é o dia 9 de Dhul Hiija. Em Arafah, os muçulmanos que se encontram a cumprir o Haj, ouvem falar línguas que nunca tinham ouvido falar. É uma prova de que o Islam é uma religião universal. Vemos irmãos e irmãs da mesma fé, de todas as raças e nacionalidades, trajando o mesmo tipo de vestuário (os homens embrulhados em panos brancos) e todos movidos pela mesma causa que é de obter o perdão de Deus, nosso Criador e Sustentador. Faz-nos pensar o dia da Ressurreição, em que todos seremos levantados das nossas sepulturas e reunidos para a derradeira prestação de contas.

Nesse dia em Arafah, o Haji (peregrino) deverá estar o mais tempo possível de pé, com as mãos levantadas fazendo duás (preces), com muita humildade e sinceridade, pedindo a Deus que lhe perdoe e que o encaminhe para o caminho daqueles que ganharam a Sua satisfação. Deve também aproveitar o tempo fazendo o Zikr (recordando e louvando a Deus) e lendo o Cur’ane.

Há algumas décadas atrás, muitos pensavam que a importância do Dia de Arafah era só para os que se encontravam a cumprir com o Haj. Graças a Allah, os muçulmanos começam agora a aperceber-se de que o dia Dia de Arafa, que acontece na véspera do dia do Idul Adhá, beneficia também os muçulmanos que se encontram nos seus países de residência. Ao longo do ano, existem dois dias muito especiais para o muçulmano. Os álimos referem que nos 10 últimos dias do mês de Ramadan são muito importantes porque neles existe uma noite abençoada, a Noite de Lailatul Kadr. Também afirmam que que 10 primeiros dias do mês de Dhul Hijja, existe um dia importante para todos os muçulmanos que se encontram em peregrinação (Haj) e para todos aqueles que se encontram nos seus países. É o Dia de Arafah. Aisha (Radiyalahu an-há) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Em nenhum outro dia, Allah livra tantos servos do inferno, como no dia de Arafa”. Muslim.

Dada a importância do Dia de Arafa, o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) deixou a recomendação para que os muçulmanos que não se encontram em peregrinação (Haj), para jejuarem no dia de Arafah. Abu Catada (Radiyalahu an-hu), referiu que foi perguntado ao Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) acerca do jejum no dia de Arafah; respondeu: “Isso permite emendarem-se as faltas (cometidas) durante o ano anterior e o ano seguinte”. Muslim.

Deve ser recitado o Takbir, após cada oração farz, começando no dia 9 de Dhul-Hajja, na hora de Al Fajr, até ao dia 13 do mesmo mês, depois da oração de Assr. ALLAHU AKBAR, ALLAHU AKBAR; LÁILAHA IL-LALLÁHU-WALLÁHU AKBAR. ALLÁHU AKBAR WALIL-LÁHIL-HAMD. Deus é o Maior. Deus é o Maior. Não há outra divindade excepto Deus. Deus é o Maior, Deus é o Maior e todos os louvores pertencem só a Deus.

Os Muçulmanos têm dois dias festivos. O Idul Fitre, depois de terminado o mês de Ramadan e o Idul Adhá, no dia 10 de Dhul Hiija, em comemoração do final do período de Haj, em que todos os que não participam nos rituais do Haj, celebram o dia, fazendo a oração e depois o Curbani (sacrifício). Abu Huraira (Radyiallahu anhu) narra que o Profeta (Sallalahu Aleihi Wassalam) disse: “Quem tem capacidade financeira para fazer o curbani (sacrifício), mesmo assim não o faz, esse que fique longe e não se aproxime do nosso idegáh (local da oração de Ide).

Para manter viva a tradição de Ibrahim (Aleihi Salam), foi instituído que todo o muçulmano, após a oração do Idul Adhá (festa religiosa em comemoração do final da peregrinação a Makka), deve sacrificar um carneiro, uma vaca, um camelo, etc..

Uma galinha não serve para o curbani. Um carneiro dá para uma pessoa e uma vaca para 7 pessoas. Jabir b. Abdullah (Radiyalahu an-hu) referiu: “No ano de Hudaibiya (6 da Hegira), nós, na companhia do Mensageiro de Deus, sacrificámos camelos para 7 pessoas e vaca para 7 pessoas”. Muslim. É recomendável que a carne seja distribuída em 3 partes iguais. Uma para seu consumo próprio, uma parte para os necessitados e outra parte para os amigos e vizinhos, de modo que todos possam passar o dia de festa, convivendo em harmonia.

O Curbani é obrigatório para todo o muçulmano, adulto, financeiramente capaz. O Curbani pode ser efectuado nos dias 10 11 e 12 de Dhul Hijja. Mas é recomendável que seja efectuado no dia 10, dia de Ide, mas só depois da oração do Idul Adhá.

Acerca da carne do Curbani, Allah refere no Cur’ne: “…Comei, pois, dele e alimentai o indigente e o pobre”. 22.28. O Curbani que é feito no dia de Idul Adhá, não tem nada a ver com os sacrifícios que alguns povos ainda fazem, invocando espíritos ou ídolos. “Deus vos proibiu carne de animais mortos (que morreram por si), o sangue, a carne de porco e o que foi imolado sob a invocação de qualquer outro nome, que não seja o de Deus…” 2.173.

Certa vez os Sahabas (Radiyalahu an-huma) - companheiros do Profeta, quiseram saber o significado do Curbani (Sacrifício) e o Profeta (Salalahu Aleihi Wassam) respondeu: “É Sunnat (tradição) do vosso pai Ibrahim.” Então eles perguntaram: “Que recompensa obteremos pelo sacrifício? O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Por cada pêlo do animal, tereis uma recompensa.” Relato de Ibn Majah.

O Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) fez o curbani durante todos os anos que permaneceu em Madina.

Dar prendas no dia de Ide, aumenta ainda mais as nossas amizades. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Ofereçam prendas uns aos outros, porque a prenda remove o rancor do peito”. – Relato de Tirmizi. As prendas devem ser úteis e não necessariamente dispendiosas. Devemos ter em atenção a utilidade das mesmas. Também é uma prenda o cumprimento, um abraço efusivo entre amigos, uma visita de cortesia, um sorriso, um telefonema para os familiares e amigos que se encontram distantes. Aicha (R.T.A.) disse que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) aceitava prendas e em troca também dava prendas. - Relato de Al- Bukhari.

Nos dias de Ide, devemos dar prendas, em especial às nossas crianças, de modo que não fiquem constrangidas ao verem as outras crianças a receberem prendas na altura do natal. Assim compreenderão os motivos porque temos prendas nos nossos dias de festa. A orientação de dar prendas, surgiu há mais de 1.400 anos...

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

25/09/2014


OS DEZ PRIMEIROS DIAS DO MÊS DE DHUL HIJJAH

Centro Islâmico de Brasília-DF -  Khutuba : Sheikh Muhammad Zidan

Em nome de Allah , O Clemente, O Misericordioso. Louvado seja Allah , criador do céu e da terra. Nos recordamos e nos voltamos humildes a Allah (SWT), pedimos o Seu perdão e suplicamos a Sua misericórdia.

Testemunho que não há Divindade a não ser Allah (SWT), e testemunho que o Profeta Muhammad (SAAW) é seu servo e Mensageiro, o escolhido entre as criaturas. Aquele que divulgou a mensagem, zelou pelo que lhe foi confiado, aconselhou o povo, aboliu a injustiça e serviu em nome de Allah (SWT).

Que Allah (SWT) abençõe e de paz ao Profeta (SAAW), bem como para a sua família, companheiros e seguidores até o Dia do Juízo Final.

Meus irmãos e irmãs muçulmanos, estamos entrando nos dez primeiros dias do Mês de Dhul Hijjah, o 12º mês do calendário lunar islâmico. E da graça de Allah(SWT), que estabeleceu épocas para a obediência durante as quais muito se faz de beneficio, e que os aproxima de seu Senhor. Esse mês que é o mês do HAJJ(da perigrinação), e no qual ficamos no Monte de Arafah, louvando, recordando o nome de Allah(Louvado Seja) lendo o Alcorão Sagrado e Súplicando-O. Disse Allah(SWT) no Alcorão Sagrado na Surat AL-FAJR vers 2 : « E pelas dez noites ! » referindo-se as 10 noite do mês Dhul Hijjah. Também disse Allah no Alcorão Sagrado na Surat AL-HAJJ vers 28 : « ...Mencionar em dias determinados, o nome de Allah,.... »

Como sabemos o mês de Dhul Hijjah é o mês da perigrinação o HAJJ, um dos pilares do Islam que é um dia no qual devemos recordar de Allah(SWT), deixando de lado as coisas mundanas, materiais, e sim recordar e lembrar de Allah(SWT) e dizermos : « Eis-me aqui Senhor. »,

O dia de Arafah e nono dia do mês Dhul Hijjah esse é o melhor dia em que nasce o sol. No Hadith Kudisi disse Allah(SWT): « Não há um dia melhor que o dia de Arafah, Allah(SWT) desce ao primeiro céu, vangloriando o povo da terra com os do céu. E diz vê meus servos vieram de todas as partes aleatoreamente para o sacrifício, pedindo a Minha Misericordia e os afastar do Meu castigo. »

Disse Allah(SWT) no Alcorão Sagrado na Surat AL-MAI’DA vers 3 : « É –vos proibido o animal encontrado morto e o sangue e carne de porco e o que é imolado com a invocação de outro nome que o de Allah ;... »

No dia de Arafah todos os servos se unem de todas as parte do mundo indepedente da cor, raça, lingua todos com o mesmo proposito indepedente de ser rico ou pobre , branço ou negro, pois todos somos iguais perante Allah(SWT) e todos em louvor a Ele. Assim meus irmãos muçulmanos o Dia de Arafah é o HAJJ disse o Profeta Muhammad(SAAW) : « O HAJJ é Arafah, o HAJJ é Arafah »

Os peregrinos se reunem nesse dia no Monte da Misericordia, para louvor, súplicas e recordar de Allah(O Todo Poderoso), nesse Dia o nosso amado Profeta Muhammad (SAAW) fez um sermão no Monte de Arafah, e esclareceu a nossa religião proibindo a mantaça, o roubo, e que respeitassemos a honra, e proibindo o juros, e defendendo os direitos das mulheres. Os que não se encontram na perigrinação devem jejuar esse dia, súplicar a Allah(SWT) recordar de Seu nome, louva-Lo, ler o Alcorão Sagrado, orar e pedir perdão de nossos pecados. Pois quem jejuar o Dia de Arafah Allah(SWT) expia o pecado do ano anterior e do ano seguinte.

Devemos nos preparar para EID ADHA (Festa do Sacrifício), e uma das melhores ação nesse dia é o sacrifício do animal em nome de Allah(SWT), é um ato de adoração, uma forma de se aproximar de Allah(SWT). que deve ser feita no período de comemoração do EID ADHA (festa do sacrificio), só podendo ser feita após a oração do EID, não sendo aceita antes da oração esse sacrificio.

Disse Allah(SWT) no Alcorão Sagrado na Surat AL-KAWTHAR vers 2 : «Então, ora a teu Senhor e imola as oferendas »

Meus irmãos muçulmanos o sacrifício é uma SUNNA verdadeira. E é aconselhado que se sacrifíque um animal por família, ou pelos moradores da mesma casa. Então para cada residência de um muçulmano é recomendado o sacrifício de um animal.

E quando a pessoa que realizar o sacrifício, deve ter condição financeira para tal, e não afete suas despesas famíliares, caso não tenha dinheiro para tal não é obrigado, e não podendo cortar as unhas e o cabelo durante os dez dias do mês Dhul Hijjah, isso para se assemelhar aos que estão fazendo a perigrinação, e que tenha condições físicas e espiritual e consiência sã para faze-lo, caso não tenha condição para realizar o sacrifício pode nomear outra pessoa capaz desde que ele testemunhe o sacrifício do animal. Pois a primeira gota de sangue que desce do animal, Allah(SWT) perdoará os pecados de cada pessoa que testemunha esse ato. Abu Huraira(R.A) relatou que o Profeta Muhammad(SAAW) disse : « Quem tem capacidade financeira para fazer o sacrifício, mesmo assim não faz, esse que fique longe e não se aproxime do nosso local de oração. » Também disse Anas(RA) relatou que : « O Mensageiro de Allah(SAAW) sacrificou com suas próprias mãos, dois carneiros saudável com chifres e com manchas pretas, recitando o nome de Allah e glorificando-O dizendo «BISMI ILLAH. ALLAH AKABAR ». Ele colocou seu pé em seus lados ao sacrificar. »

O animal sacrificado deve ser saudável e sem defeitos, se for camelo que tenha no mínimo cinco anos, vaca dois anos, cabrito um ano, ovelha seis meses, os animais deficientes, como cego ou zarolho. deformados e aleijados ou muito magro, não são permitidos para o sacrifício. É permitido à pessoa que faz o sacrifício comer a carne ou oferecer a quem desejar pobre ou rico ; no entanto, é recomendável dividir a carne em três partes iguais sendo uma para o seu uso, outra para os familiares, vizinhos, amigos e a terceira parte para os pobres. Porém o melhor é doa-lo todo, para se aproximar mais de Allah(SWT). Muitos muçulmanos sacrificam os animais para se mostrarem para outras pessoas mas Allah(SWT) Que Allah(SWT) aceite nosso HAJJ e o nosso esforço, e tenha insha Allah nos escrito dentre os salvos do fogo do inferno e dentre o Povo do Paraíso.

Ó Allah conceda gloria ao Islam e aos muçulmanos, proteja a unidade de sua religião, destrua os inimigos do Islam. Ó Allah conceda a vitória a sua religião e do seu Livro e a Sunna do Profeta Muhammad (SAAW) Ó Allah conceda piedade a nossas almas. Ó Allah cure aqueles que estão doentes. Ó Allah abençoe as almas daqueles que já morreram. Ó Allah nos pedimos que nos perdoe e tenha misericórdia de nós. Ó Allah nos faz pacientes tanto na dificuldade como na facilidade da vida. Ò Allah socorra nossos irmãos muçulmanos em todo mundo. Que a Paz e as bênçãos estejam com nosso amado Profeta Muhammad sua família, companheiros . 

E Todo o Louvor a Allah, O Senhor do Universo!

(SWT) SUBAHANA WA TAALA (LOUVADO SEJA ALLAH)

 (SAAW) SALA ALLAHU ALEIRI WA SALAM ( QUE A PAZ DE ALLAH ESTEJA COM ELE)

ALLAH= DEUS

AS=ALEIRI SALAM ( QUE A PAZ ESTEJA COM ELE)

 HAJJ= PERIGRINAÇÃO A CAABA EM MEKKAH ARABIA SAUDITA, PELO MENOS UMA VEZ NA VIDA, O 5 PILAR DO ISLAM.

 EID ADHA= FESTA DO SACRIFÍCIO. SERÁ REALIZADA A ORAÇÃO DIA 15/10/2013 AS 8 :30H DA MANHÃ. DE TERÇA-FEIRA.

HADITH KUDISI= DITO DIRETO POR ALLAH AO MENSAGEIRO E RELATADO PELO PROFETA..

DIA DE ARAFAH= UM DIA ANTES DO EID ADHAH SERÁ O DIA DE ARAFAT ACONSELHA-SE JEJUAR NESTE DIA 14/10/2013.

INSHA ALLAH= SE DEUS QUISER

 BISMI ILLAH= EM NOME DE ALLAH

 ALLAH AKBAR= DEUS É MAIOR

 SUNNA= EXEMPLO E DITOS DO NOSSO PROFETA MUHAMMAD(SAAW)

 DHUL HIJJAH= DECIMO SEGUNDO MÊS DO CALENDÁRIO LUNAR MUÇULMANO

 HADITH=DITOS DO PROFETA MUHAMMAD(SAAW)

 Estamos conscientes de que a tradução do sentido tanto da khutuba (Sermão) quanto do Alcorão Sagrado, seja qual for a precisão, é quase sempre precisa para destacar o magnífico sentido do texto , a tradução pode conter falhas ou lapsos como todo ato humano. (Que Allah (SWT) nós perdoe).

quarta-feira, setembro 24, 2014

O Islão e a Violência

"Os meios de comunicação converteram-se em aliados dos extremistas muçulmanos"

O dramático desenvolvimento, dia a dia, de acontecimentos mundiais, serviram para reforçar a percepção, amplamente compartilhada, de que o Islão está, de alguma maneira, especialmente ligado com a violência terrorista. 

Para poder discernir sobre a veracidade da afirmação que se faz comummente de que o Islão tem uma especial propensão para a violência necessitaríamos de analisar esta questão fazendo referência aos ensinamentos morais do Islão contidos na escritura sagrada do Islão, o Alcorão, e na conduta do Profeta Muhammad (p.e.-c.e.), assim como também ao atual contexto geopolítico mundial. 

Seria o mais conveniente começar esta análise com uma simples formulação maniqueísta. Como já se disse, a violência terrorista nunca está longe da compreensão popular do Islão. Inclusivamente desde a perspectiva académica convencional que se considera que o projeto político dos Islamitas (ou melhor "fundamentalistas islâmicos", como pejorativamente são denominados na bibliografia) tem uma especial predileção pela violência como instrumento para realizar a mudança social. 

Segundo esta visão, é a dimensão religiosa, o Islão, a fonte primária da violência terrorista contemporânea. No pólo oposto estariam os muçulmanos apologéticos que negam profundamente que o Islão tenha alguma relação com a violência terrorista. Segundo eles, toda a violência na qual se veem envolvidos muçulmanos não é senão uma vil distorção e uma corrupção dos autênticos e nobres ensinamentos do Islão. 

Como ocorre sempre nestes casos, há elementos de verdade em ambas as formulações. A primeira delas subestima em grande medida as condições sociopolíticas e económicas sob as quais o Islão se vê implicado na violência, e a segunda ignora o facto de que prati-camente a totalidade dos muçulmanos aceita que o Islão não é uma tradição pacifista e que o Islão permite e legítima o uso da violência sob certas condições, cuja definição varia de um jurisconsulto muçulmano para outro. Aqui radica grande parte do problema. 

Sob que condições admite o Islão o uso da violência? 

Este crítico dilema não é exclusivo do Islão. Todas as grandes tradições/religiões sentem grande preocupação por saber quais são as características de uma "guerra justa", preocupação que se acentua em tempos de mortífero conflito. 

O ponto central que devemos ter em conta é que dita justificação religiosa da violência não se produz num vazio sócio histórico. O ex-vice-presidente do Conselho de Inteligência Nacional da C.I.A., Graham Fuller, num recente artigo na revista "Foreign Affairs", ilustra poderosamente este extremo ao dizer: "Se uma sociedade e a sua política são desgraçadas e violentas, o seu modo de expressão religiosa provavelmente também o será." (Fuller: 2002) 

● A violência e a vida de Muhammad (p.e.c.e.) 

Para entender corretamente as normas morais do Islão acerca da violência contidas na escritura sagrada, o Alcorão, e na conduta do Profeta Muhammad (p.e.c.e.), é necessário analisar o meio histórico em que se desenvolveram. 

Quando o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) [570-632 d.C.] trouxe o Alcorão aos árabes no começo do século VII, a Arábia pré-islâmica era socialmente opressiva e encontrava-se envolvida num círculo vicioso de violência. A mensagem igualitária que Muhammad (p.e.c.e.) trazia consigo converteu-se rapidamente numa ameaça para a elite de Meca, que se opôs aos seus ensinamentos com grande veemência. Muhammad (p.e.c.e.) viu-se obrigado a mandar uma parte dos seus primeiros seguidores refugiar-se em Abissínia, e ele próprio, mais tarde, teve que emigrar para Medina em 622 d.C. 

Durante o período de Meca os primeiros muçulmanos fizeram frente à angústia, aos insultos e às ameaças de morte com uma resistência passiva. Unicamente aos treze anos da sua missão profética foi permitido a Muhammad (p.e.c.e.) e aos primeiros muçulmanos a re-sistência armada, e sob umas condições muito restritas: 

"Aqueles que lutarem por ter sido vítimas de alguma injustiça é-lhes permitido lutar, e, na verdade, Allah tem poder para ajudá-los. Os que foram expulsos, injustamente, dos seus lares, só porque disseram: Nosso Senhor é Deus. E se Deus não tivesse refreado os instintos malignos de uns em relação aos outros, teriam sido destruídas ermidas, sinagogas, oratórios e mesquitas, onde o nome de Deus é frequentemente celebrado …" (Alcorão, 22, 39-40). 

É interessante ressaltar que os versículos do Alcorão acima citados dão precedência à proteção de ermidas e sinagogas sobre a das mesquitas, para sublinhar a sua inviolabilidade e o dever do muçulmano de protegê-las de todo o ataque ou abuso, assim como o dever do muçulmano de proteger a liberdade de crença. O propósito da violência, segundo estes versículos, é a defesa, não só do Islão, mas da liberdade religiosa em geral. 

Na década seguinte (622-632 d.C.), Muhammad (p.e.-c.e.) e os seus seguidores, cada vez mais numerosos, ver-se-iam envolvidos numa série de batalhas contra a agressão militar por parte dos seus adversários, incluindo as críticas batalhas de Badr, Uhud e Khandaq. Como o Alcorão também foi revelado em tempos de mortal conflito, contém diversas disposições sobre a ética da guerra (5: 49; 7: 61; 11: 118-9; 49: 9; 49: 13). O Alcorão deixa bem claro, no entanto, que os conflitos só podem ser evitados mediante a justiça, que transcende os interesses pessoais e sectários (4: 13; 7: 29). 

«Ó vós que credes! Sede firmes na justiça, como testemunhas de Deus, ainda que seja contra vós mesmos, contra os vossos pais ou parentes, e quer se trate de uma pessoa rica ou pobre; pois que a Deus incumbe protegê-los (a ambos). Não sigam, portanto, as vossas paixões, para não serdes injustos. E se alterardes (o testemunho) ou vos recusardes a testemunhar, sabei que, na verdade, Deus conhece de quanto fazeis». (4: 135). 

A guerra justa é sempre má, mas às vezes há que lutar para evitar a perseguição que Meca infligiu aos muçulmanos (2: 191; 2: 217), ou para a defesa de valores que merecem ser preservados (4: 75; 22: 40). A guerra era um assunto desesperado na Arábia do século VII. Não se esperava que um chefe mostrasse debilidade ante o inimigo durante a batalha, e algumas disposições Alcorânicas parecem compartilhar este espírito (4: 90) No entanto, outros versículos incluem exortações à paz: «E se se retiram e não vos combatem e vos oferecem a paz… Allah não vos dá nenhum meio para ir contra eles». 

O Alcorão cita a Tora, a escritura judaica, que permite às pessoas represálias mediante a lei de Talião, mas da mesma forma que os Evangelhos, o Alcorão sugere que é muito meritório renunciar à vingança num espírito de caridade (5: 45). As hostilidades hão de terminar tão brevemente quanto seja possível, e devem cessar no momento em que o inimigo peça a paz (2: 192-3). 

Durante a sua estadia em Medina, Muhammad (p.e.c.e.) tentou resolver o conflito com os chefes de Meca e os seus aliados mediante um tratado assinado num lugar chamado al-Hudaibiyyah. O tratado chegou a ser conhecido como Sulh al-Hudaibiyyah. Sulh é um termo importante em Direito Islâmico (Shari’a). O propósito de sulh é terminar com os conflitos e as hostilidades entre adversários de modo a que possam relacionar-se em paz e amizade (49: 9). A palavra em si foi utilizada para se referir tanto ao processo de justiça restauradora e de pacificação como ao próprio resultado do processo. Apesar de Sulh al-Hudaibiyyah nunca ter chegado a conseguir a sua finalidade devido ao incumprimento das suas disposições por parte dos habitantes de Meca, permanece como um exemplo instrutivo de estratégia de intervenção em conflitos. 

No ano 630 d.C., os muçulmanos obtiveram a sua vitória mais significativa ao conquistar a cidade de Meca, sem derramamento de sangue. Isto deu a Muhammad (p.e.c.e.) uma segunda oportunidade para estabelecer um genuíno processo de sulh. Num espírito de magnanimidade, perdoou os seus inimigos e estabeleceu um processo de reconciliação. Promulgou-se uma amnistia geral que pôs fim a todas as reivindica-ções de vingança das tribos. Três anos mais tarde, Muhammad (p.e.c.e.) morreu em Medina com a idade de 63 anos. 

O conceito islâmico de jihad e a sua relação com a violência 

O termo Alcorânico mais associado com a violência é o de jihad. A palavra jihad muitas vezes é incorretamente traduzida como "guerra santa" e tida por tal e, em consequência, para muitos no Ocidente chegou a repre-sentar o Islão como uma religião de violência e terrorismo. A insistência dos académicos ocidentais em usar categorias de pensamento como "guerra santa" e "fundamentalismo", que estão enraizados nos paradigmas cristãos ocidentais, não ajuda a interpretar os movimentos que atualmente se dão no Islão. De fato obscurece ainda mais a realidade e é mais um obstáculo à hora de iniciar a crítica tarefa com que se enfrentam cristãos e muçulmanos, depois do 11 de Setembro, a de construir pontes de entendimento entre as duas comunidades. 

Os acadêmicos muçulmanos sempre puseram objeções à estupidez que supõe confundir os termos "jihad" e "guerra santa". Mais recentemente, um jurisconsulto islâmico americano, Khalid Abou-el-Fadl, manifestou este contrassenso quando disse: "O conceito islâmico de jihad não deve ser confundido com o conceito medieval de ‘guerra santa’ uma vez que esta última expressão (al-harb al-muqaddasah, em árabe) jamais é utilizada nem no texto do Alcorão nem pelos teólogos muçulmanos. Na teologia islâmica a guerra pode ser justificada ou não, mas nunca é ‘santa’." (Boston Review 25/2/2002). 

"Jihad" é um amplo conceito que designa um esforço de qualquer tipo para a consecução de um fim louvável, e que compreende a persuasão pacífica (16:125), a resistência passiva (13:22; 23:96; 41:34), assim como a luta armada contra a opressão e a injustiça (2:193; 4:75; 8:39). 

Para além disso, a "jihad" não se dirige contra outras religiões. Numa afirmação que em árabe resulta determinante, o Alcorão diz: «Não há coerção em matéria de fé» (2: 256). Inclusivamente, a protecção da liberdade religiosa e de culto para os seguidores de outras religiões é uma obrigação sagrada para os muçulmanos. 

Esta obrigação foi instituída simultaneamente à concessão da autorização para a luta armada ["jihad al-qital"] (22:39-40). Na tradição mística do Islão, o sufismo, a mais importante forma de jihad, a jihad pessoal, consiste em purificar a alma e refinar a própria maneira de ser. Esta é considerada a luta mais importante e urgente, e está baseada numa tradição profética (hadith). Enquanto voltavam de uma batalha, o Profeta (p.e.c.e.) disse aos seus companheiros: "Regressamos da pequena jihad (a luta física) à grande jihad (a auto-disciplina)". 

Tradicionalmente, os sufistas entenderam esta forma maior de jihad como uma luta espiritual para submeter os impulsos primários e os baixos instintos da natureza humana. O célebre sufista do século XIII, Jalal ud-Dín Rumi, expôs esta noção de jihad ao escrever: “Os Profetas e os santos não iludem a luta espiritual. A primeira luta espiritual que empreendem é a aniquilação do ego e o abandono dos caprichos pessoais e os desejos sensuais”. Nisto consiste a "grande jihad". 

● O que diz o Islão sobre o terrorismo? 

O Islão, uma religião de misericórdia, não permite o terrorismo. 

Deus diz no Alcorão: «Deus não vos proíbe de tratar bem e com justiça os que não tenham combatido a causa da vossa crença nem vos tenham expulsado dos vossos lares. E, na verdade, Deus ama os equitativos». (60:8) 

O Profeta Muhammad (p.e.c.e.) costumava proibir os soldados de matar mulheres e crianças (Sahih Muslim, #1744, e Sahih Al-Bukhari, #3015) e ele os avisava: “...Não traiam, não sejam excessivos, não matem um recém-nascido” (Sahih Muslim, #1731, e Al-Tirmidhi, #1408). E ele também disse: “Quem quer que mate uma pessoa que fez um tratado com os muçulmanos não deve sentir a fragrância do Paraíso, embora a sua fragrância seja sentida por um período de quarenta anos” (Sahih Al-Bukhari, #3166, e Ibn Majah, #2686). O Profeta Muhammad (p.e.c.e.) também proibiu a punição com o fogo. (Abu-Dawud, #2675). 

Numa ocasião qualificou o assassinato como o segundo dos pecados grandes [capitais] (Sahih Al-Bukhari, #6871, e Sahih Muslim, #88). E advertiu que, os primei-ros casos a serem ouvidos, entre as pessoas, no Dia do Juízo, serão os de derramamento de sangue. (Sahih Muslim, #1678, e Sahih Al-Bukhari, #6533). 

Os muçulmanos também são encorajados a serem gentis com os animais e são proibidos de feri-los. Uma vez, o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) disse: “Uma mulher foi punida porque aprisionou um gato até que ele morresse. Por causa disso, ela foi enviada ao Inferno. Para além de o ter encerrado não lhe deu de comer nem beber e não o deixou livre para que pudesse caçar”. (Sahih Muslim, #2422, e Sahih Al-Bukhari, #2365). Ele também disse que uma pessoa deu de beber a um cão muito sedento, e Deus perdoou-lhe os seus pecados por essa atitude. Perguntaram ao Profeta: “Ó Mensageiro de Deus! Nós somos recompensados pelo bom tratamento dispensado aos animais?” Ele disse: “Existe uma recom-pensa para a gentileza com qualquer animal ou criatura viva”. 

Para além disto, Deus ordena aos muçulmanos que quando tomem a vida de um animal para alimentar-se dele, o façam de maneira que lhe cause o mínimo sofrimento possível. O Profeta Muhammad (p.e.c.e.) disse: “Quando degolarem um animal, façam-no da melhor maneira. Deverão afiar (antecipadamente) as vossas facas para reduzir o sofrimento do animal”. (Sa-hih Muslim, #1955, e Al-Tirmidhi, #1409). 

À luz destes e outros textos islâmicos, o ato de incitar o terror nos corações de civis indefesos, a destruição desenfreada de prédios e propriedades, o bombardeio e mutilação de homens, mulheres e crianças inocentes são todos atos proibidos e detestáveis de acordo com o Islão. Os verdadeiros muçulmanos seguem uma religião de paz, misericórdia e perdão, e a vasta maioria não tem nada a ver com os eventos violentos que alguns associaram aos muçulmanos. Se um muçulmano cometer um acto de terrorismo, essa pessoa será culpada de violar as leis do Islão. 

Conclusão: Para retornar à nossa questão central: como se explicam os muitos conflitos violentos do mundo atual onde se veem implicados o Islão e os muçulmanos? A minha resposta honesta é a seguinte: A ordem mundial que impera não é precisamente justa, por muita imaginação que se queira ter. O Islão põe grande ênfase na justiça social. Os extremistas têm uma influência desmedida no âmbito muçulmano. Os meios de comunicação converteram-se "inadvertidamente" em aliados dos extremistas muçulmanos. 

A finalizar, apesar da imagem violenta do Islão gerada pelos meios de comunicação e da muito real violência que existe em algumas zonas do mundo islâmico, há que recordar que, certamente, a história do Islão não foi mais violenta que a de outras religiões.■ 

"O uso da religião para justificar o ódio e a violência para dar uma aparência de santidade que não tem, é um recurso popular dos grupos cujo objetivo não é, em caso algum, honrar a Fé. 

Se assim fosse, apresentariam a sua conduta para a paz, não para a morte. Rancores pessoais, interesses culturais, estratos políticos e econômicos, estão no fundo dessas atrocidades que em nada representam os muçulmanos em geral, e não são expressão do papel que Deus nos deu na terra. 

O confronto entre muçulmanos e cristãos não faz parte da nossa ética e devem ser rejeitados pelos verdadeiros crentes. O "ódio cego" não é islâmico, é um pecado mortal. A violência não é religiosa; é criminosa; é como se tivesse assassinado toda a Humanidade.".

Por: M. Yiossuf Mohamed Adamgy

quarta-feira, setembro 17, 2014

A História de Adão (parte 1 de 5): O Primeiro Homem

Descrição: A descrição da estimulante história de Adão com referência dos Livros Divinos.
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Aisha Stacey (© 2009 IslamReligion.com)
Publicado em 22 Jun 2009 - Última modificação em 09 Nov 2009
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Artigos > Crenças do Islã > Histórias dos Profetas

O Islã nos fornece os detalhes surpreendentes da criação de Adão
[1]. As tradições cristãs e judaicas são notavelmente semelhantes e ao mesmo tempo diferem de maneira significativa do Alcorão. O Livro de Gênesis descreve Adão como sendo feito “do pó da terra,” e no Talmude Adão é descrito como sendo moldado a partir do barro.
E Deus disse aos anjos:
“‘Vou instituir um legatário na terra! ’ Perguntaram-Lhe: ‘Estabelecerás nela quem ali fará corrupção, derramando sangue, enquanto nós celebramos Teus louvores, glorificando-Te? ’ Disse (o Senhor): ‘Eu sei o que vós ignorais. ’” (Alcorão 2:30)
Assim começa a história de Adão, o primeiro homem, o primeiro ser humano. Deus criou Adão de um punhado do solo contendo porções de todas as variedades na Terra. Os anjos foram enviados a terra para coletar o solo que se tornaria Adão. Era vermelho, branco, marrom e preto; eram macio e maleável, duro e arenoso; veio das montanhas e dos vales; dos desertos inférteis e de planícies férteis e viçosas e todas as variedades intermediárias. Os descendentes de Adão estavam destinados a serem tão diversificados como o punhado de solo do qual seu ancestral foi criado; todos têm aparências, atributos e qualidades diferentes.
Terra ou Argila?
Ao longo do Alcorão o solo usado para criar Adão é chamado de muitos nomes, e a partir disso somos capazes de compreender um pouco da metodologia de sua criação. Cada nome para solo é usado em uma etapa diferente da criação de Adão. O solo, tirado da terra, é chamado de terra; Deus também se refere a ele como argila. Quando está misturado com água se torna lodo e quando é deixado em repouso o conteúdo de água reduz e ele se torna argila. Se for deixado novamente em repouso por algum tempo começa a ter mau cheiro e a cor fica mais escura – argila negra, polida. Foi dessa substância que Deus moldou a forma de Adão. Seu corpo sem alma foi deixado para secar, e se tornou o que é conhecido no Alcorão como argila ressonante. Adão foi moldado de algo semelhante à argila do oleiro. Quando se bate produz uma ressonância.
[2]
O Primeiro Homem é Honrado
E Deus disse aos anjos:
“Recorda-te de quando o teu Senhor disse aos anjos: ‘De barro criarei um homem. Quando o tiver plasmado e alentado com o Meu Espírito, prostrai-vos ante ele.” (Alcorão 38:71-72)
Deus honrou o primeiro humano, Adão, de maneiras incontáveis. Allah soprou sua alma, o moldou com Suas próprias mãos e ordenou aos anjos que se curvassem perante ele. E Deus disse aos anjos:
“....Prostrais-vos ante Adão! E todos se prostraram, menos Lúcifer...” (Alcorão 7:11)
Embora a adoração seja reservada somente para Deus, essa prostração dos anjos perante Adão era um sinal de respeito e honra. É dito que enquanto o corpo de Adão adquiria vida, ele espirrou e imediatamente disse ‘Todos os louvores e graças são para Deus;’ e que Deus respondeu concedendo Sua Misericórdia sobre Adão. Embora esse relato não seja mencionado nem no Alcorão e nem nas narrativas autênticas do Profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, é mencionado em alguns comentários do Alcorão. Sendo assim, em seus primeiros segundos de vida, o primeiro homem é reconhecido como uma criatura honrada, coberta com a infinita Misericórdia de Deus.
[3]
Também é dito pelo Profeta Muhammad que Deus criou Adão em Sua imagem.[4] Isso não significa que Adão foi criado para ter aparência semelhante a Deus, porque uma vez que Deus é único em todos os Seus aspectos, somos incapazes de compreender ou formar uma imagem Dele. Significa, entretanto, que Adão recebeu algumas das qualidades que Deus também tem, embora incomparáveis. Ele recebeu as qualidades da misericórdia, amor, livre arbítrio e outras.
A Primeira Saudação
Adão foi instruído a se aproximar de um grupo de anjos que estava sentado próximo a ele e saudá-los com as palavras Assalamu alaikum (Que a paz de Deus esteja sobre você) e eles responderam ‘e também sobre você a paz, misericórdia e bênçãos de Deus’. Daquele dia em diante essas palavras se tornaram a saudação daqueles que se submetem a Deus. A partir do momento da criação de Adão, nós, seus descendentes, fomos instruídos a propagar a paz.
Adão, o Guardião
Deus disse à humanidade que Ele não os criou exceto para que O adorassem. Tudo nesse mundo foi criado para Adão e seus descendentes, para nos ajudar em nossa capacidade de adorar e conhecer Deus. Devido à infinita Sabedoria de Deus, Adão e seus descendentes deveriam ser os guardiões da terra, e então Deus ensinou Adão o que ele precisava saber para desempenhar seu dever. Deus menciona:
“Ele ensinou a Adão todos os nomes.” (Alcorão 2:31)
Deus deu a Adão a habilidade de identificar e designar nomes para tudo; Ele lhe ensinou a língua, a fala e a habilidade de se comunicar. Deus imbuiu Adão com o amor e a necessidade insaciável pelo conhecimento. Depois de Adão ter aprendido os nomes e usos para todas as coisas Deus disse aos anjos...
“’Nomeai-os para Mim e estiverdes certos.’ Disseram: Glorificado sejas! Não possuímos mais conhecimentos além do que Tu nos proporcionaste. Tu és Prudente, Sapientíssimo.’” (Alcorão 2:31-32)
Deus Se voltou para Adão e disse:
“’ Ó Adão, revela-lhes os seus nomes.’ E quando ele lhes revelou os seus nomes, asseverou (Deus): Não vos disse que conheço o mistério dos céus e da terra, assim como o que manifestais e o que ocultais?” (Alcorão 2:33)
Adão tentou falar com os anjos, mas eles estavam ocupados adorando Deus. Os anjos não receberam nenhum conhecimento específico ou liberdade de arbítrio, sendo seu único propósito adorar e louvar Deus. Adão, por outro lado, recebeu a habilidade de raciocinar, fazer escolhas e identificar objetos e seu propósito. Isso ajudou a preparar Adão para seu futuro papel na terra. Adão sabia os nomes de tudo, mas estava sozinho no Paraíso. Uma manhã Adão acordou e encontrou uma mulher olhando fixamente para ele.
[5]
Footnotes: [1] Baseado no trabalho do Imame ibn Katheer, As Histórias dos Profetas.[2] Saheeh Al-Bukhari[3] Imame ibn Katheer. As Histórias dos Profetas.[4] Saheeh Muslim[5] Ibn Katheer.

 História de Adão (parte 2 de 5): A Criação de Eva e o Papel de Satanás
Descrição: A criação da primeira mulher, a morada tranquila no Paraíso e o começo da inimizade entre Satanás e a humanidade.
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Aisha Stacey (© 2009 IslamReligion.com)
Publicado em 29 Jun 2009 - Última modificação em 29 Jun 2009
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Adão abriu seus olhos e olhou para o belo rosto de uma mulher que o olhava fixamente. Adão estava surpreso e perguntou à mulher por que ela havia sido criada. Ela revelou que foi para aliviar sua solidão e trazer-lhe tranquilidade. Os anjos questionaram Adão. Eles sabiam que Adão possuía o conhecimento de coisas que não sabiam, e o conhecimento do que a humanidade precisaria para ocupar a terra. Disseram ‘quem é essa?’ e Adão respondeu ‘essa é Eva’.
Eva é Hawwa em árabe; vem da palavra raiz hay, que significa vivente. Eva também é uma variante da antiga palavra hebraica Havva, que também deriva de hay. Adão informou aos anjos que Eva recebeu esse nome porque ela foi feita de uma parte dele e ele, Adão, era um ser vivo.
As tradições judaicas e cristãs também sustentam que Eva foi criada da costela de Adão, embora em uma tradução literal da tradição judaica, costela às vezes se refira à parte lateral.
“E disse (o Senhor): ‘Ó humanos, temei a vosso Senhor, que vos criou de um só ser, do qual criou a sua companheira e, de ambos, fez descender inumeráveis homens e mulheres.’” (Alcorão 4:1)
As tradições do Profeta Muhammad relatam que Eva foi criada enquanto Adão estava dormindo de sua costela esquerda mais curta e que, depois de algum tempo, foi recoberta com carne. Ele (Profeta Muhammad) usou a história da criação de Eva da costela de Adão como base para implorar às pessoas que fossem gentis com as mulheres. “Ó muçulmanos! Eu os aviso para serem gentis com as mulheres, porque elas foram criadas de uma costela e a parte mais curva da costela é a superior. Se tentarem torná-la reta quebrará, e se a deixarem, continuará curva; então peço que cuidem das mulheres.” (Saheeh Al-Bukhari)
Morada no Paraíso
Adão e Eva moravam em tranquilidade no Paraíso. Isso, também, está de acordo nas tradições islâmicas, cristãs e judaicas. O Islã nos diz que todo o Paraíso era deles para que desfrutassem e Deus disse a Adão “habita o Paraíso com a tua esposa e desfrutai dele com a prodigalidade que vos aprouver...” (Alcorão 2:35). O Alcorão não revela a localização exata de onde era esse Paraíso; entretanto, comentadores concordam que não é na terra, e que o conhecimento de sua localização não beneficia a humanidade. O benefício está no entendimento da lição dos eventos que ocorreram lá.
Deus continuou Suas instruções para Adão e Eva advertindo-os “...porém, não vos aproximeis desta árvore, porque vos contareis entre os iníquos.” (Alcorão 2:35). O Alcorão não revela que tipo de árvore era essa; não temos detalhes e buscar esse conhecimento também não traz benefício. O que se entende é que Adão e Eva viviam uma existência tranquila e compreenderam que estavam proibidos de comer da árvore. Entretanto, Satanás esperava para explorar a fraqueza da humanidade.
Quem é Satanás?
Satanás é uma criatura do mundo dos Jinns. Os Jinns são uma criação de Deus feita do fogo. São separados e diferentes tanto dos anjos quanto da humanidade; entretanto, como a humanidade, possuem o poder da razão e podem escolher entre o bem e o mal. Os Jinns existiam antes da criação de Adão
[1] e Satanás era o mais virtuoso entre eles, tanto que foi elevado a uma alta posição entre os anjos.
“Todos os anjos se prostraram. Menos Lúcifer, que se negou a ser um dos prostrados. Disse (o Senhor): Ó Lúcifer, que foi que te impediu de seres um dos prostrados? Respondeu: ‘É inadmissível que me prostre ante um ser que criaste de argila, de barro modelável.’ Disse (o Senhor): ‘Vai-te daqui (do Paraíso), porque és maldito! E a maldição pesará sobre ti até o Dia do Juízo.’” (Alcorão 15:30-35)
O Papel de Satanás
Satanás estava no Paraíso de Adão e Eva e seu voto foi desorientá-los e enganá-los e a seus descendentes. Satanás disse: “...desviá-los-ei da Tua senda reta. E, então, atacá-los-ei pela frente e por trás, pela direita e pela esquerda...” (Alcorão 7:16-17). Satanás é arrogante e se considera melhor que Adão e, portanto, que da humanidade. Ele é astucioso e esperto, mas entende a fraqueza dos seres humanos; reconhece seus amores e desejos.
[2]
Satanás não disse a Adão e Eva “vão comer daquela árvore” nem disse claramente que desobedecessem a Deus. Ele sussurrou em seus corações e plantou pensamentos e desejos inquietantes. Satanás disse a Adão e Eva: “...Vosso Senhor vos proibiu esta árvore para que não vos convertêsseis em dois anjos ou não estivésseis entre os imortais.” (Alcorão 7:20). Suas mentes se encheram de pensamentos sobre a árvore, e um dia decidiram comer dela. Adão e Eva se comportaram como todos os seres humanos; se preocuparam com seus próprios pensamentos e os sussurros de Satanás e esqueceram o aviso de Deus.
É nesse ponto que as tradições judaicas e cristãs diferem muito do Islã. Em momento algum as palavras de Deus – o Alcorão, ou as tradições e ditos do Profeta Muhammad – indicam que Satanás veio para Adão e Eva na forma de uma cobra ou serpente.
O Islã de forma alguma indica que Eva era a mais fraca dos dois, ou que ela tentou Adão a desobedecer Deus. Comer o fruto da árvore foi um erro cometido por ambos, Adão e Eva. Eles têm a mesma responsabilidade. Não era o pecado original mencionado nas tradições cristãs. Os descendentes de Adão não estão sendo punidos pelos pecados de seus pais originais. Foi um erro e Deus, em Sua infinita Sabedoria e Misericórdia, perdoou a ambos.
Footnotes:
[1] Al Ashqar, U. (2003). The World of Jinn and Devils (O Mundo dos Jinns e Demônios, em tradução livre). Islamic Creed Series. International Islamic Publishing House: Riyadh.[2] Sheikh ibn Al Qayyim em Ighaathat al Lahfaan.

A História de Adão (parte 3 de 5): A Descida
Descrição: O engano de Satanás a Adão e Eva no Paraíso e algumas lições que podemos tirar disso.
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Aisha Stacey (© 2009 IslamReligion.com)
Publicado em 06 Jul 2009 - Última modificação em 06 Jul 2009
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O Islã rejeita o conceito cristão de pecado original e a noção de que todos os humanos nascem pecadores devido às ações de Adão. Deus diz no Alcorão:
“E nenhum pecador arcará com culpa alheia.” (Alcorão 35:18)
Cada ser humano é responsável por suas ações e nasce puro e livre de pecado. Adão e Eva cometeram um erro, se arrependeram sinceramente e Deus em Sua infinita sabedoria os perdoou.
“E ambos comeram (os frutos) da árvore, e suas vergonhas foram-lhes manifestadas, e puseram-se a cobrir os seus corpos com folhas de plantas do Paraíso. Adão desobedeceu ao seu Senhor e foi seduzido. Mas logo o seu Senhor o elegeu, absolvendo-o e encaminhando-o.” (Alcorão 20:121-122)
A humanidade tem uma longa história de erros e esquecimento. Ainda assim, como foi possível que Adão tivesse cometido tal erro? A realidade era que Adão não tinha qualquer experiência com os sussurros e manobras de Satanás. Adão tinha visto a arrogância de Satanás quando ele se recusou a seguir as ordens de Deus; ele sabia que Satanás era seu inimigo, mas não sabia como resistir aos truques e esquemas de Satanás. O Profeta Muhammad nos disse:
“Saber algo não é o mesmo que ver.” (Saheeh Muslim)
Deus disse:

“E, com enganos, (Satanás) seduziu-os.” (Alcorão 7:22)
Deus testou Adão para que ele pudesse aprender e adquirir experiência. Dessa forma Deus preparou Adão para seu papel na terra como um guardião e um Profeta de Deus. Dessa experiência Adão aprendeu a grande lição de que Satanás é astuto, ingrato e o inimigo declarado da humanidade. Adão, Eva e seus descendentes aprenderam que Satanás provocou sua expulsão do Paraíso. A obediência a Deus e a inimizade em relação a Satanás é o único caminho de volta para o Paraíso.
Deus disse a Adão:
“Descei ambos do Paraíso! Sereis inimigos uns dos outros. Porém, logo vos chegará a Minha orientação e quem seguir a Minha orientação, jamais se desviará, nem será desventurado.” (Alcorão 20:123)
O Alcorão nos diz que Adão subsequentemente recebeu de seu Senhor algumas palavras; uma súplica para orar, que invocou o perdão de Deus. Essa súplica é muito bonita e pode ser usada para pedir perdão a Deus pelos pecados.
“Ó Senhor nosso, nós mesmos nos condenamos.
Se não nos perdoares e Te apiedares de nós, seremos desventurados!” (Alcorão 7:23)
A humanidade continua a cometer erros e injustiças, e dessa forma prejudicamos apenas a nós mesmos. Nossos pecados e erros não prejudicaram e nem prejudicarão Deus. Se Deus não nos perdoa e tem misericórdia de nós, nós é que certamente estaremos entre os perdedores. Nós precisamos de Deus!
“’Tereis, na terra, residência e gozo transitórios. Disse-lhes (ainda): Nela vivereis e morrereis, e nela sereis ressuscitados.’” (Alcorão 7:24–25)
Adão e Eva deixaram o paraíso e desceram para a terra. Sua descida não foi de degradação; ao contrário, foi cheia de dignidade. Nos idiomas ocidentais estamos familiarizados com as coisas serem singular ou plural; mas não é o caso para o árabe. Na língua árabe existe singular, então uma categoria de número gramatical extra que denota dois. O plural é usado para três e mais.
Quando Deus disse: “Descei todos daqui!” Ele usou a palavra para plural indicando que não estava falando para Adão e Eva apenas, mas estava Se referindo a Adão, sua esposa e seus descendentes - a humanidade. Nós, os descendentes de Adão, não pertencemos a essa terra; estamos aqui temporariamente, como é indicado pela palavra: “transitório.” Pertencemos a outra vida e estamos destinados a assumir nosso lugar no Paraíso ou no Inferno.
A Liberdade para Escolher
Essa experiência foi uma lição essencial e demonstrou livre arbítrio. Se Adão e Eva tinham que viver na terra, precisavam estar cientes dos truques e estratagemas de Satanás, e também precisavam entender as graves consequências do pecado, e a Misericórdia e Perdão infinitos de Deus. Deus sabia que Adão e Eva comeriam da árvore. Ele sabia que Satanás lhes tiraria a inocência.
É importante compreender que, embora Deus soubesse do resultado dos eventos antes que acontecessem e os tenha permitido, Ele não forçou os acontecimentos. Adão tinha livre arbítrio e aguentou as consequências de seus atos. A humanidade tem livre arbítrio e, portanto, é livre para desobedecer a Deus; mas existem consequências. Deus louva aqueles que obedecem Seus comandos e lhes promete uma grande recompensa. E condena e adverte aqueles que O desobedecem.
[1]
Onde Adão e Eva desceram
Existem muitos relatos sobre onde na terra Adão e Eva desceram, embora nenhum deles venha do Alcorão ou Sunnah. Dessa forma, entendemos que a localização de sua descida não é importante, e não existe benefício nesse conhecimento.
Sabemos, entretanto, que Adão e Eva desceram para a terra em uma sexta-feira. Em uma tradição narrada para nos informar da importância das sextas-feiras, o Profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, disse:
“O melhor dos dias no qual o sol nasceu é a sexta-feira. Nesse dia Adão foi criado, e nesse dia ele desceu para a terra.” (Saheeh Al-Bukhari)
Footnotes:
[1] Muhammad ibn Al Husain al Ajjurri.

A História de Adão (parte 4 de 5): Vida na Terra

Descrição: Adão, seus filhos, o primeiro assassinato e sua morte.
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Aisha Stacey (© 2009 IslamReligion.com)
Publicado em 13 Jul 2009 - Última modificação em 13 Jul 2009
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Adão e Eva deixaram o Paraíso e começaram sua vida na terra. Deus os tinha preparado de muitas formas. Ele lhes deu a experiência de lutar contra os sussurros e estratagemas de Satanás. Ensinou a Adão os nomes de tudo e o instruiu em suas propriedades e utilidade. Adão assumiu sua posição como guardião da terra e Profeta de Deus.
Adão, o primeiro Profeta de Deus era responsável por ensinar sua esposa e descendência como adorar Deus e buscar Seu perdão. Adão estabeleceu as leis de Deus e tentou sustentar sua família e aprender a vencer e cuidar da terra. Sua tarefa era perpetuar, cultivar, construir e popular; era para ele educar filhos que viveriam de acordo com as instruções de Deus e cuidariam e melhorariam a terra.
Os Primeiros Quatro Filhos de Adão
O primeiro filho de Adão e Eva, Caim e sua irmã, eram gêmeos; Abel e sua irmã, também gêmeos, vieram em seguida. Adão e sua família viviam em paz e harmonia. Caim lavrava a terra enquanto Abel cuidava do gado. O tempo passou e chegou o momento dos filhos de Adão casar. Um grupo de companheiros do Profeta Muhammad, incluindo Ibn Abbas e Ibn Masud relataram que o casamento do menino de uma gravidez com a menina de outra gravidez foi a prática entre os filhos de Adão. Assim sabemos que o plano de Deus para encher a terra incluía os filhos de Adão casarem com a irmã gêmea do outro.
Parece que a beleza desempenhou um papel na atração de homens e mulheres desde o início. Caim não estava satisfeito com a parceira escolhida para ele. Começou a ter inveja de seu irmão e se recusou a obedecer a ordem de seu pai e, ao fazê-lo, desobedeceu a Deus. Deus criou o homem com tendências boas e más, e a luta para superar nossos instintos mais básicos é parte do teste Dele para nós.
Deus ordenou que cada filho oferecesse um sacrifício. Seu julgamento favoreceria o filho cuja oferta fosse a mais aceitável. Caim ofereceu seu pior grão, mas Abel ofereceu seu melhor animal. Deus aceitou o sacrifício de Abel e dessa forma Caim ficou furioso, ameaçando matar seu irmão.
“E conta-lhes (ó Mensageiro) a história dos dois filhos de Adão, quando apresentaram duas oferendas; foi aceita a de um e recusada a do outro. Disse aqueles cuja oferenda foi recusada: Juro que te matarei.” (Alcorão 5:27)
Abel avisou seu irmão que Deus aceitaria bons atos daqueles que O temem e servem, mas rejeita os bons atos daqueles que são arrogantes, egoístas e desobedientes em relação a Deus.
“Disse-lhe (o outro): Deus só aceita (a oferenda) dos justos. Ainda que levantasses a mão para assassinar-me, jamais levantaria a minha para matar-te, porque temo a Deus, Senhor do Universo.” (Alcorão 5:27-28)
O Primeiro Assassinato
“E o egoísmo (do outro) induziu-o a assassinar o irmão; assassinou-o e contou-se entre os desventurados.” (Alcorão 5:30)
O Profeta Muhammad nos informou que Caim ficou furioso e bateu na cabeça de seu irmão com um pedaço de ferro. Também foi dito em outra narração que Caim atingiu Abel na cabeça enquanto ele dormia.
“E Deus enviou um corvo, que se pôs a escavar a terra para ensinar-lhe a ocultar o cadáver do irmão. Disse: Ai de mim!
Não é verdade que não fui capaz de ocultar o cadáver do meu irmão, se até este corvo é capaz de fazê-lo? Contou-se, depois, entre os arrependidos.” (Alcorão 5:31)
Adão ficou devastado; tinha perdido o primeiro e o segundo filho. Um tinha sido assassinado; o outro tinha sido vencido pelo maior inimigo da humanidade - Satanás. Pacientemente, Adão orou por seu filho e continuou a cuidar da terra. Ensinou seus muitos filhos e netos sobre Deus. Contou a eles sobre seu próprio encontro com Satanás e os avisou para ficarem alertas sobre os truques e estratagemas de Satanás. Anos e anos se passaram e Adão envelheceu e seus filhos se espalharam pela terra.
A Morte de Adão
Toda a humanidade é filha de Adão. Em uma narração o Profeta Muhammad nos informou que Deus mostrou a Adão seus descendentes. Adão viu uma bela luz nos olhos do Profeta Davi e amou-o, então se voltou para Deus e disse: “Ó Deus, dê a ele quarenta anos de minha vida.” Deus concedeu o pedido de Adão e isso foi escrito e selado.
O tempo de vida de Adão era supostamente de 1.000 anos, mas depois de 960 anos o anjo da morte veio para Adão. Adão ficou surpreso e disse “mas ainda tenho 40 anos de vida”. O anjo da morte relembrou-o de seu presente de 40 anos para seu amado descendente, Profeta Davi, mas Adão negou. Muitos, muitos anos depois, o último Profeta Muhammad disse: “Adão negou e assim os filhos de Adão negam; Adão esqueceu e os filhos de Adão esquecem; Adam cometeu erros e seus filhos cometem erros.” (At-Tirmidhi)
A palavra árabe para humanidade é insan e vem da palavra raiz nisyan esquecer. É parte da natureza humana, a humanidade esquece, e quando esquecemos negamos e rejeitamos. Adão esqueceu (ele não estava mentindo) e Deus o perdoou. Adão então se submeteu à vontade de Deus e morreu. Os anjos desceram e lavaram o corpo do Profeta Adão um número ímpar de vezes; cavaram o túmulo e enterraram o corpo do pai da humanidade, Adão.
Sucessor de Adão
Antes de sua morte Adão lembrou seus filhos de que Deus nunca os deixaria sozinhos ou sem orientação. Disse a eles que Deus enviaria outros Profetas com nomes, características e milagres únicos, mas que todos convocariam para a mesma coisa - a adoração do Deus Único. Adão nomeou como seu sucessor seu filho Seth.
A História de Adão (parte 5 de 5): O Primeiro Homem e a Ciência Moderna
Descrição: Algumas descobertas modernas sobre a existência de atributos comuns dos humanos em comparação com alguns fatos corânicos.
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Aisha Stacey (© 2009 IslamReligion.com)
Publicado em 20 Jul 2009 - Última modificação em 20 Jul 2009
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Artigos > Crenças do Islã > Histórias dos Profetas

No Islã não existe conflito entre fé em Deus e conhecimento científico moderno. De fato, por muitos séculos durante a Idade Média, os muçulmanos lideraram o mundo na busca e exploração científicas. O próprio Alcorão, revelado em torno de 14 séculos atrás, está cheio de fatos e imagens que são suportadas por descobertas científicas modernas. Três serão mencionadas aqui. Delas, o desenvolvimento da língua e a Eva mitocondrial (genética) são áreas relativamente novas da pesquisa científica.
O Alcorão instruiu os muçulmanos a “contemplarem as maravilhas da criação” (Alcorão 3:191).
Um dos itens para contemplação é a afirmação:
“Verdadeiramente, criarei o homem da argila...” (Alcorão 38:71)
De fato, muitos elementos presentes na terra também estão contidos no corpo humano. O componente mais crítico para a vida com base na terra é o solo da superfície; aquela camada fina de solo escuro e rico organicamente no qual as plantas propagam suas raízes. É nessa camada fina e vital de solo que microorganismos convertem recursos brutos, os minerais que constituem a argila básica desse solo superficial, e os disponibilizam para as várias formas de vida ao seu redor e acima.
Minerais são elementos inorgânicos que têm origem na terra e que o corpo não consegue produzir. Desempenham papéis importantes em várias funções corporais e são necessários para sustentar a vida e manter a saúde e, portanto, são nutrientes essenciais.
[1] Esses minerais não podem ser feitos pelo homem; não podem ser produzidos em um laboratório nem em uma fábrica.
Como as células consistem de 65-90% de água por peso, a água, ou H2O, compõe a maior parte do corpo humano. Sendo assim, a maior parte da massa de um corpo humano é oxigênio. O carbono, a unidade básica para moléculas orgânicas, vem em segundo. 99% da massa do corpo humano é composta de apenas seis elementos: oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, cálcio, e fósforo.
[2]
O corpo humano contém traços de quase todo mineral na terra; incluindo enxofre, potássio, zinco, cobre, ferro, alumínio, molibdênio, cromo, platina, bóro, silício, selênio, flúor, cloro, iodo, manganês, cobalto, lítio, estrôncio, chumbo, vanádio, arsênico, bromo e mais. [3] Sem esses minerais as vitaminas teriam pouco ou nenhum efeito. Os minerais são catalisadores, acionadores para milhares de reações enzimáticas essenciais no corpo. Os micro elementos desempenham um papel chave no funcionamento de um ser humano saudável. É sabido que a insuficiência de iodo induzirá uma doença da glândula tireóide e uma deficiência de cobalto nos deixará sem vitamina B12, e sem condições de produzir células vermelhas.
Outro versículo para contemplar é:
“Ele ensinou a Adão todos os nomes.” (Alcorão 2:31)
Adão foi ensinado sobre os nomes de tudo; os poderes do raciocínio e do livre arbítrio lhes foram dados. Ele aprendeu como categorizar as coisas e compreender sua utilidade. Portanto, Deus ensinou a Adão as habilidades linguísticas. Ensinou a Adão como pensar - a aplicar o conhecimento para solucionar problemas, fazer planos e decisões e alcançar objetivos. Nós, os filhos de Adão, herdamos essas habilidades para que possamos existir no mundo e adorar Deus da melhor forma.
Os linguistas estimam que existam mais de 3.000 idiomas separados no mundo hoje, todos distintos, para que os falantes de um não entendam os falantes de outro, e ainda assim essas línguas são tão fundamentalmente semelhantes que é possível falar de uma “língua humana” no singular.
[4]
A língua é uma forma especial de comunicação que envolve normas complexas de aprendizado para fazer e combinar símbolos (palavras ou gestos) em um número sem fim de frases com sentido. A língua existe por causa de dois princípios simples – palavras e gramática.
Uma palavra é um par arbitrário entre um som ou símbolo e um significado. Por exemplo, em português a palavra gato não se parece ou soa como um gato, mas se refere a um certo animal porque todos nós memorizamos esse par quando crianças. A gramática se refere a um conjunto de normas para combinar palavras em frases e sentenças. Pode parecer surpreendente, mas os falantes de todas as 3.000 línguas separadas aprenderam as mesmas quatro regras de linguagem.
[5]
A primeira norma da linguagem é fonologia – como fazemos sons com significado. Fonemas são sons básicos. Combinamos fonemas para formar palavras pelo aprendizado da segunda norma: morfologia. A morfologia é o sistema que usamos para agrupar fonemas em combinações significativas de sons e palavras. Um morfema é a menor combinação de sons com sentido em um idioma. Depois de aprender a combinar morfemas para produzir palavras, aprendemos a combinar palavras para formar frases com sentido. A terceira norma da linguagem governa a sintaxe ou gramática. Esse conjunto de norma especifica como combinamos palavras para formar frases e sentenças significativas. A quarta norma da língua governa a semântica – o significado específico de palavras ou frases à medida que aparecem em várias frases ou contextos.
Todas as crianças, independentemente de onde estejam no mundo, passam pelos mesmos quatro estágios por causa de fatores inatos da língua. Esses fatores facilitam a forma como falamos e adquirimos a habilidade linguística. O renomado linguista Noam Chomsky diz que todas as línguas compartilham uma gramática universal comum, e que as crianças herdam um programa mental para aprender essa gramática universal.
[6]
Um terceiro versículo para ponderar é sobre descendência:
‘Ó humanos, temei a vosso Senhor, que vos criou de um só ser, do qual criou a sua companheira e, de ambos, fez descender inumeráveis homens e mulheres.’” (Alcorão 4:1)
A percepção de que todas as linhagens de DNA (África, Ásia, Europa e Américas) podem ser rastreadas até uma única origem é popularmente chamada de teoria da “Eva mitocondrial”. De acordo com cientistas de primeira linha
[7] e pesquisa de ponta, todos no planeta hoje podem ser rastrear uma parte específica de sua herança genética até uma mulher através de uma parte única de sua composição genética, o DNA mitocondrial (mtDNA). O mtDNA da “Eva mitocondrial” foi passado através do séculos de mãe para filha (homens são portadores, mas não o transmitem) e existe dentro de todas as pessoas vivas hoje.[8] É conhecida popularmente como teoria de Eva porque, como se pode deduzir, é passado através do cromossoma X. Os cientistas também estão estudando o DNA do cromossoma Y (talvez a ser chamado de “teoria de Adão”), que é passado somente de pai para filho e não é recombinado com os genes da mãe.
Essas são três das muitas maravilhas da criação que Deus sugere que contemplemos através de seus versículos no Alcorão. O universo inteiro, que foi criado por Deus, segue e obedece a Suas leis. Portanto, os muçulmanos são encorajados a buscar conhecimento, explorar o universo e encontrar os “Sinais de Deus” em Sua criação.
Footnotes:
[1] (http://www.faqs.org/nutrition/Met-Obe/Minerals.html)[2] Anne Marie Helmenstine, Ph.D., Your Guide to Chemistry (Seu Guia para Química, em tradução livre).[3] Minerals and Human Health The Rationale for Optimal and Balanced Trace Element Levels (Minerais e Saúde Humana A Base para Níveis Ideais e Balanceados de Microelementos, em tradução livre) de Alexander G. Schauss, Ph.D.[4] Pinker, S., & Bloom, P. (1992) Natural Language and natural selection (Língua Natural e Seleção Natural, em tradução livre). In Gray. P. (2002). Psychology. Quarta ed. Worth Publishers: Nova Iorque.[5] Plotnick, R. (2005) Introduction to Psychology (Introdução à Psicologia, em tradução livre). Sétima Ed .Wadsworth:EUA.[6] Gray. P. (2002). Psychology (Psicologia). Quarta ed. Worth Publishers: Nova Iorque[7] Douglas C Wallace Professor de Ciências Biológicas e Medicina Molecular na Universidade da Califórnia.[8] Documentário do Discovery channel – The Real Eve (A Verdadeira Eva).

Partes deste Artigo
A História de Adão (parte 1 de 5): O Primeiro Homem A História de Adão (parte 2 de 5): A Criação de Eva e o Papel de Satanás A História de Adão (parte 3 de 5): A Descida A História de Adão (parte 4 de 5): Vida na Terra A História de Adão (parte 5 de 5): O Primeiro Homem e a Ciência Moderna

domingo, setembro 14, 2014

A Relação de muçulmanos com Nao muçulmanos‏.


O Louvor pertence a Allah, nós o louvamos solicitamos Sua ajuda e orientação e rogamos pelo Seu perdão. Nos refugiamos em Allah do mal que há em nossas almas e de nossas más ações. Aquele aquém Allah orienta não se desviará e aquele aquém Allah permite que se desvie ninguém poderá orientá-lo.

Testemunho que não existe divindade alguma a não ser Allah. Único, sem associados ou parceiros. Não gerou e não foi gerado. A Ele possui tudo o que há na terra e nos céu. E para Ele será o retorno. E a Ele pertencem os mais sublimes atributos.

Testemunho que Muhammad Bin Abdilleh, é seu servo e mensageiro, que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele, com seus familiares, com seus companheiros e todos que seguirem seus passos até o Dia Derradeiro.

Ademais, queridos irmãos e irmãs no Islam! O Islam é uma religião mundial, constituindo no selo das mensagens divinas. O Rassulullah (S) foi enviado por DEUS para aperfeiçoar a religião e confirmar as Mensagens anteriores, a judaica e a cristã. DEUS, exaltado seja, disse: “E não te enviamos, senão como misericórdia para a humanidade” (21:107). E disse: “E não te enviamos, senão como universal (Mensageiro), alvissareiro e admoestador para os humanos.” (34:28). O Islam veio para orientar a humanidade na adoração somente a DEUS, Único, sem parceiro, o Criador, que nos criou para adorá-Lo.

O Islam está vinculado à paz. Então, porque algumas pessoas acusam o Islam de ter se expandido por meio da força e da expansão?

É uma acusação infundada. O Islam é a religião que não obrigou ninguém a dotá-la. O ingresso das pessoas no Islam tem como causa a força de seu convencimento, a sua vitalidade e a sua veracidade. DEUS, exaltado seja, diz: “Não há imposição quanto à religião.” (2:256). E disse: “Convoca (os humanos) à senda do teu Senhor com sabedoria e uma bela exortação; dialoga com eles de maneira benevolente.” (16:125). E disse: “Pergunta aos adeptos do Livro e aos iletrados: Tornar-vos-eis muçulmanos? Se se tornarem, encaminhar-se-ão; se negarem, sabe que a ti só compete a proclamação da Mensagem. E DEUS é observador dos Seus servos.” (3:20).

Portanto, a religião do Islam e seus seguidores não impuseram a ninguém segui-lo, não obrigaram nenhuma nação de adotar o Islam, e isso é testemunhado pelos escritores ocidentais. O Lord Headley, em suas memórias “Rowland Allanson –Winn” diz: Mohammad nunca tentou obrigar ninguém a adotar o Islam.”

O historiador francês Gustave Le Bon, em seu livro “A Civilização Árabe”, diz: “A força não foi utilizada para a divulgação do Alcorão. Os árabes deixaram aos derrotados a liberdade religiosa. Na verdade, os povos não conheceram conquistador mais piedoso e tolerante que o árabe. Nunca houve uma religião mais tolerante do que a religião deles. A história confirmou que as religiões não podem ser impostas pela força. O Islam não se expandiu, então, pela espada, mas apenas pela divulgação e propagação. Povos conquistadores que derrotaram os árabes adotaram o Islam, como os turcos e os mongóis.” (A Civilização Árabe, págs. 128 e 129).

Aquele que afirma que o Islam expandiu apenas com a força da espada está redundamente errado, pois muitas localidades adotaram o Islam sem qualquer presença das forças muçulmanas nelas. A prova disso é o atual crescimento do Islam na Europa e nos EUA. O Islam participou de guerras de defesa contra vários povos, como o romano e o persa. O Profeta (S) começou o diálogo com eles de melhor forma, enviando-lhes mensageiros para orientá-los para a luz do Islam, sem imposição.
Porém, esses povos combateram os muçulmanos. A prova disso é que o primeiro enfrentamento entre os romanos e os muçulmanos foi em Múta território da península árabe. O dever dos muçulmanos era enfrentar a agressão e libertar os povos da tirania de seus governantes para fazer chegar até eles a mensagem de Deus, sem imposição alguma simplesmente divulgar. Certamente, enfrentar o mal e os agressores é um dever em todas as religiões. É o que foi feito pelos mensageiros que antecederam Mohammad (AS).

Os muçulmanos quando ingressaram em muitos países não obrigaram ninguém a adotar o Islam, deixando a todos a liberdade religiosa, protegendo igrejas e sinagogas. E isso todos nós devemos nos orgulhar, foi o Islam que ensinou a humanidade o conceito de Liberdade Religiosa.

Os muçulmanos quando assumiram o governo d e outros territórios removeram a tirania, a traição, a intolerância e introduziram a justiça e a equidade. Propiciaram o conhecimento verdadeiro e libertaram as pessoas da escravidão e da idolatria, do preconceito, da superstição e da mitologia. Os muçulmanos removem a imoralidade, o medo, o crime, a exploração, que são substituídos pela moralidade divina, pela paz e pela educação. O Alcorão declara:

"Deus manda restituir a seu dono o que vos está confiado; quando julgardes vossos semelhantes, fazei-o com equidade. Quão excelente é isso a que Deus vos exorta! Ele é Oniouvinte, Onividente." (Cap. 4:58)

"Ó fiéis, sede perseverantes na causa de Deus e prestai testemunho, a bem da justiça; que o ódio aos demais não vos impulsionei a serdes injustos para com eles. Sede justos, porque isto está mais próximo da piedade, e temei a Deus porque Ele está bem inteirado de tudo quanto fazeis." (Cap. 5:8)

"Entre os povos que temos criado, há um que se rege pela verdade, e com ela julga." (Cap. 7:181)

Luis XIV assassinou 30.000 protestantes devido sua intolerância religiosa.

Os cristãos, na época de Declecianus, sofreram perseguições, assassinatos, a tal ponto que foi denominada de época dos mártires. Isso, sem contar com os pesados impostos sobre o seu povo. Quando o Islam chegou, trouxe com ele a justiça, impondo apenas a jizia (taxa de proteção) para aquele que conseguia empunhar armas, não obrigando o cristão defender a religião que ele não adota.

Podemos imaginar como os povos que lutaram contra o Islam e agrediram os muçulmanos, mas em seguida se converteram ao Islam quando perceberam a sua tolerância, a exemplo dos tártaros, mongóis e dos cruzados. Quem analisa a vida do Rassulullah (S) descobre que a primeira batalha travada pelos muçulmanos foi 15 anos depois do início da revelação, em defesa da divulgação e dos muçulmanos.

Após o estabelecimento do Sionismo, foi criado o governo sionista de Israel em 1948, à custa da liberdade e à custa das terras de muitos inocentes que ali residiam. Governo este que não respeita liberdade de cristãos e muçulmanos. Tudo isso ocorreu com o aval das grandes potencias mundiais Inglaterra e EUA. E ocorreu com o testemunho de todas as outras nações. Hoje tenta-se aliviar o sofrimento de povo palestino como o reconhecimento do estado Palestino. Subhana ALLAH. Mas para os muçulmanos atentos e conscientes o perigo maior é a demolição do Masjid Al Aqsa. A primeira quibla dos muçulmanos. E o local da ascensão de nosso Profeta Mohammad (s) para os céus. A mesquita Sagrada de Al Aqsa pode desmoronar a qualquer momento devido as escavações que os judeus fazem em seu subsolo, em busca de vestígios arqueológicos de seu Templo. E uma vez demolido, será sobre o Masjid AL Aqsa reconstruído este Templo Judaico.

E para concluir, queridos irmãos e irmãs, como podemos enfrentar esse desafio permanecendo afastados da religião? A mesquita de Cuiabá é a Casa de Allah, como todas as mesquitas são. Devemos melhorar e aperfeiçoar nosso relacionamento com Allah. Devemos estreitar nossos relacionamentos. Devemos ser mais tolerantes e mais amáveis. Que Allah facilite a compreensão do que foi dito e facilite a pratica do que foi compreendido. Amin! Wa Salamu Alaikum!

Khutba de Shekh Jamal do Egito

Tradução: Omar Hussein Hallak