Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 12.05.2014
O Mundo de hoje enfrenta um problema tão grande, quanto crítico – os cuidados a dispensar à população de idosos.
De acordo com estatísticas, quase metade da população mundial é constituída por idosos. Um estudo revela que num futuro não muito distante a população de idosos ultrapassará a de crianças de cinco anos, em particular na Europa, Ásia e Américas. Quer parecer que é a primeira vez que tal fenómeno ocorre na história da Humanidade.
O crescimento do nível de vida em países prósperos, traduzido na melhoria no acesso aos cuidados médicos e na educação, e também no aumento da provisão, de alguma forma proporciona uma maior esperança de vida dos cidadãos desses países.
É importante que olhemos para isso num sentido positivo. Todavia, é bastante triste que de um lado o nível de vida melhore, mas de outro, a situação dos idosos se nos apresente de forma negativa. Sente-se isso de forma particular, na atitude por parte das novas gerações que chegam ao extremo de praticar alguma forma descriminação aos idosos, o que leva a que estes se sintam marginalizados.
Urge que se faça algo para se estancar esta tendência e nos dediquemos mais aos cuidados a dispensar aos idosos, pois com o avançar do século, a situação dos idosos pode vir a agravar-se.
Há um ditado popular que diz que “O arroz quanto mais velho for, mais aumenta o seu valor”, mas contrariamente, na sociedade atual, quanto mais velho o Homem fica, mais se reduz o seu valor, o que revela a tortuosidade que reina na sociedade.
Por isso hoje em dia os nossos concidadãos idosos vivem numa ânsia constante de estarem mais tempo ao pé dos seus entes-queridos, de passarem os últimos dias das suas vidas junto aos seus familiares, filhos e netos, pois apercebem-se que estes se distanciam cada vez mais deles, não se preocupando com os seus sentimentos. No fundo, o que eles desejam é que pelo menos os seus filhos estejam por perto, e os netos que são a sua maior alegria, se aconcheguem a eles.
O materialismo e o egoísmo aumentam na razão directa da evolução da ciência e da tecnologia, ao ponto de as novas gerações esquecerem-se de muitos dos legados deixados pelas velhas gerações, considerando os idosos um fardo, um obstáculo à sua liberdade.
As famílias no sentido mais alargado, dispersam-se cada vez mais, supostamente devido à preocupação na busca de provisão. Mas muitos têm alguma facilidade de deslocação, e deviam capitalizar essa facilidade, transformando-a em factor de aproximação e não de distanciamento.
Por um lado a noção de liberdade está a aumentar, mas por outro, aumenta o isolamento, abandono e dependência dos idosos, o que leva a que estes julguem ser inúteis e estarem a mais nas sociedades modernas, já que não encontram um trabalho ou uma actividade compatível. Por isso os que não têm nenhuma receita, ou têm uma receita mínima, tornam-se mendigos como forma de conseguirem satisfazer as suas necessidades básicas.
As pensões que os governos atribuem a alguns, são tão mesquinhas que não dão para nada, talvez nem mesmo para uma refeição condigna, quando os idosos necessitam, para além de alimentação, de medicamentos e cuidados médicos.
Nos países ocidentais os governos têm casas ou lares onde albergam os idosos, onde conseguem algum conforto físico, mas que não lhes proporcionam a indispensável tranquilidade psicológica e emocional que as pessoas tem nas suas casas.
Os nossos governos não têm meios para fazer o que os governos ocidentais fazem, mas é triste que não se faça o mínimo que se poderia fazer, de tal maneira que vemos idosos deambulando pelas ruas, postados em paragens, praças ou semáforos a mendigar.
Não obstante a leis não serem suficiente para resolver este tipo de problemas, seria desejável que o Parlamento legislasse sobre os idosos para que a sua situação melhore e as novas gerações se sintam responsabilizadas.
Tratar bem os idosos é uma particularidade especial da nossa tradição isslâmica, e as novas gerações têm que manter esta milenar tradição.
Consta no Al-Qur’án, no Cap. 17, Vers. 23:
“O teu Senhor decretou que não adores senão a Ele; Que sejais bondosos com vossos pais. Se um deles ou ambos atingirem a velhice, em vossa companhia, não lhes digas “uff” (arre) nem os maltrates; Dirija-lhes palavras generosas. E por misericórdia (isto é, ternura) estende sobre eles a asa da humildade e diz: “Ó Senhor meu, tem misericórdia de ambos, como eles tiveram de mim, criando-me desde pequenino”.
Consta ainda no Cap.46, Vers. 15:
“E recomendou ao Homem benevolência para com os seus pais. Sua mãe carrega-o penosamente durante a sua gestação (9 meses) e posteriormente, sofre as dores do parto”.
Consta também no Cap. 2, Vers. 215:
“Perguntam-te o que devem gastar. Os bens que gastardes deverão ser (em primeiro lugar) para os teus pais, os parentes, os órfãos, os pobres e os viajantes (necessitados). Todo o bem que fizerdes, Deus conhece-o perfeitamente”.
Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu