Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK
Para os que sofreram e já partiram. Para os que ainda sofrem, pacientemente, aguardando a recompensa do Senhor, o Perdoador. Que o sofrimento não seja em vão e que o nosso Criador, o Misericordioso, alivie os fardos das vossas falhas, com os quais se vão apresentar no Dia da Ressurreição!.
Desde os primeiros tempos da humanidade, a dor e o sofrimento, continuam a ser uma das grandes preocupações. O homem sempre se preocupou em esclarecer os motivos que provocam a ocorrência da dor e os procedimentos destinados ao seu controlo e erradicação.
Nos tempos actuais, os sintomas da dor continuam a ser preocupantes, nomeadamente devido à maior longevidade do ser humano. Os avanços da ciência e da medicina, permitem curar, atenuar ou controlar muitas doenças, que nos tempos anteriores, seriam fatais. Hoje é habitual os doentes com graves problemas clínicos, verem as suas vidas prolongadas. Quando atingimos uma idade avançada, acabamos por necessitar de mais apoios clínicos e a dor passa a ser a nossa companheira. O aumento da esperança de vida e as condições da vida moderna, criaram outros problemas. A dor junta-se ao isolamento, originando um sofrimento ainda mais doloroso. A dor é incómoda para os doentes, para as famílias e um fardo para as finanças dos países.
O sofrimento é uma emoção negativa, causada por qualquer situação adversa ao nosso sistema nervoso, conduzindo a um desgaste, infelicidade, cansaço e esgotamento. A dor é uma sensação desagradável, sensorial e emocional, associada a uma lesão externa ou interna.
A dor prolongada, conduz ao sofrimento. Na vida existe o bem e o mal, a felicidade e a separação, a riqueza e a pobreza. Duas situações antagónicas que se revezam. Hoje há saúde, mas amanhã a doença poderá ser a nossa companheira. São duas faces da mesma moeda. Quando somos confrontados com o lado mau, procuramos ultrapassar o “imprevisto”, melhorando a nossa auto-defesa e fortalecendo a nossa fé. Os que são confrontados com alguma adversidade, dizem: “INNA LLILAHI WUA INNA ILEIHI RÁJIUNA” – “PROVIEMOS DE DEUS E PARA ELE RETORNAREMOS.” Surat Al Baqarah – 156. Allah Subhana Wataala refere no versículo a seguir, que “esses são os que vão receber as bênçãos e a misericórdia do seu Senhor”.
Anas (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “a verdadeira paciência está no primeiro momento após uma calamidade”. Bukhari 23:389.
“Na verdade, com as dificuldades, há um alívio”. Cur’ane 94:5. Na nossa condição de humanos, somos fracos, choramos e lamentamos sempre a nossa sorte, esquecendo que outros se encontram em piores situações. Um pequeno e grande exemplo: a água é essencial para a vida e muitos de nós temos acesso a este bem precioso. Já imaginamos os que percorrem diariamente dezenas de quilómetros para se abastecerem de água, muitas vezes sem condições adequadas para o consumo? O crente não deve perder a esperança porque Deus é Misericordioso. Depois duma aflição, vem a facilidade.
O nosso sofrimento pode abrir as nossas mentes para auxiliarmos outros que padecem do mesmo mal. Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) contou a passagem de um homem que estava a caminhar pela estrada e que ficou com muita sede. Então ele deparou-se com um poço e desceu nele e bebeu água. Ao sair do poço, viu um cão ofegante e lambendo a lama, devido à sede excessiva.
Então ele disse para ele mesmo. “este cão está sedento tal como eu estava”. Então ele desceu ao poço e encheu o seu sapato com agua e deu de beber ao cão. Allah, o Misericordioso e Perdoador, ficou agradecido por este acto e lhe perdoou. As pessoas perguntaram: “Ó Profeta de Deus! existe alguma recompensa para nós, por servirmos os animais?”. Ele respondeu: “Sim, há uma recompensa em servir qualquer ser vivo”.
Bukhari 73::38. E ainda referiu o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam: “Aquele que alivia o sofrimento do seu irmão, Deus o aliviará dos sofrimentos do Dia da Ressurreição.
Aquele que encobre as falhas do seu irmão, Deus também irá esconder os seus defeitos na altura da Prestação de Contas”. Muslim.
A saúde, o bem estar, as boas condições da vida e todas as benesses que vamos tendo ao longo das nossas vidas, são favores concedidos por Deus. Mas todas estas dádivas não nos podem fazer esquecer de agradecer ao nosso Criador, o nosso Sustentado, dizendo:
Alhamdulillah! (Louvado seja Deus). Só nos lembramos destas dádivas quando algo nos é retirado, por exemplo, um ente querido que nos deixa e a saúde que deixa de ser a nossa companheira. O mais certo é de que, mais cedo ou mais tarde, todos seremos testados.
"Certamente que vos experimentaremos mediante o temor, a fome, a perda de bens, de vidas e de frutos...." Cur'ane 2:155. É quando acordamos e levantamos as mãos para Deus, o Criador e o Protector. São chamadas de atenção para nos fazerem recordar de que os nossos bens, a saúde, os nossos filhos e restantes entes queridos, são presentes que devem ser apreciados e considerados como passageiros. Deus com a sua infinita Misericórdia, acorda-nos para a realidade: “tudo que existe na terra e nos céus, a Deus pertence e para Ele será o nosso retorno”. Mesmos com estes sinais, que muitas vezes são enviados com regularidade, de nada nos servem, se estivermos com os olhos e os ouvidos tapados. Não perceberemos a mensagem. Se o sofrimento não mudar a nossa atitude e daí não tirarmos nenhuma ilação, então de nada nos vale um longo e penoso sofrimento.
O exemplo daquele afortunado que vivia lado a lado com um vizinho muito carenciado. Deus lhe deu uma grande parte da sua vida sem preocupações, embriagado com os seus bens terrenos e escravizado na luxúria. Não agradecia a Deus pelos bens passageiros concedidos.
Não se preocupava com o vizinho, quando este passava por momentos de grande aflição. Mas o vizinho que dividia o pouco que tinha com os outros necessitados, no mês de Ramadan pediu à mulher para preparar uma comida especial para o iftar e foi entregar ao vizinho abastado.
Mas este por desdém, entregou a oferta ao empregado. Esqueceu-se por completo de quando era mais novo, ouviu dos seus pais e dos professores, de que os companheiros do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) ouviam o Mensageiro de Deus a enumerar e a repetir os direitos dos vizinhos, de tal maneira que ficaram preocupados de que os vizinhos, passariam também a serem os seus herdeiros. Deus enviou diversos sinais, primeiro enfraquecendo a saúde da esposa e do seu filho. Gastou tudo o que tinha para ver a família de novo com saúde, pois ansiava continuar a gozar os prazeres da vida. Mesmo com eles agonizando, não se voltou para Deus. Acabou por perder a esposa o filho e a fortuna se desvaneceu. Por algum tempo foi aumentando o seu rancor, culpando a Deus pelo infortúnio.
Um dia, cansado, sem posses e sem saúde, perdeu o orgulho e foi pedir ajuda ao vizinho, que apesar de necessitado, o acolheu de braços abertos. Com o tempo, a amizade cresceu entre eles e contagiado com esta atitude de benevolência, levantou as mãos, agradeceu e pediu a Deus para conceder o Paraíso àquele que lhe abriu os olhos para a realidade. Assim, ao recorrer a Deus, O encontrou Omniouvinte, Recompensador e Misericordioso.
Continua no próximo Juma, In Sha Allah. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41.
Cumprimentos
Abdul Rehman Mangá
10/01/2012