Por: Sheikh Aminuddin Muhammad, aos 22 de Dezembro de 2009
Alguém me perguntou, esta semana, se os muçulmanos celebram ou não o Dia de Natal, e se o 25 de Dezembro tem para esta comunidade algum significado.
Respondi-lhe que nós, os muçulmanos, acreditamos no Messias, como sendo um dos grandes mensageiros de Deus, enviado para, com os seus ensinamentos, salvar a Humanidade. Mas quanto à celebrar a data do seu nascimento, aí temos algumas reservas.
Primeiro, porque os primeiros cristãos nunca comemoraram o Natal, não havendo nada que prove que os discípulos de Jesus do primeiro século comemorassem tal dia.
O livro “Sacred Origins of Profound Things” diz:
“Por dois séculos após o nascimento de Cristo, ninguém sabia, e pouco se importavam em saber exactamente, quando é que ele nasceu”.
A Enciclopédia World Book diz:
“Os primeiros cristãos consideravam ser um costume pagão celebrar a data de nascimento de qualquer pessoa”.
Segundo, além disso, não há provas de que Jesus tenha nascido no dia 25 de Dezembro.
Do ponto de vista histórico, os únicos documentos que assinalam com alguma garantia a presença de Jesus Cristo na Palestina há 2.000 anos, são os Evangelhos, e estes nada referem sobre o dia, mês e ano do seu nascimento.
O Evangelho de S. Lucas apresenta um relato cuidadosamente documentado, do nascimento de Jesus, quando diz que na noite em que ele nasceu, havia na região de Belém, pastores que estavam no campo e lá pernoitavam, guardando os seus rebanhos durante a noite.
E se tivermos em conta que o dia 25 de Dezembro é uma época de pleno Inverno, que na Palestina decorre de Novembro a Março, portanto, um Inverno rigoroso, com queda de neve e chuva, é difícil, senão impossível conceber que nessas condições houvesse pastores no campo, ao ar livre e à noite, cuidando dos seus rebanhos. Tanto os rebanhos como os respectivos pastores permanecem abrigados, dentro dos estábulos, protegendo-se assim do frio, da chuva e da neve.
Só no Verão do Médio Oriente, que ocorre a partir de Março, é que as condições climáticas começam a melhorar. Portanto, se havia pastores e suas ovelhas permanecendo ao ar livre e à noite, quando Jesus nasceu, é provável que tenha sido em qualquer outro mês do ano, e não no mês de Dezembro. Daí deduzimos que Jesus não nasceu em Dezembro, no Inverno.
Por isso mesmo, entre os teólogos e santos cristãos há várias datas de Natal. Uns, por exemplo, o Bispo João Clemente, da Alexandria, que foi um dos mais conhecidos prelados da Antiguidade, acha que o nascimento de Jesus se deu a 20 de Abril. Outros acham ter sido a 25 de Maio, etc.
A data de 25 de Dezembro não é citada em nenhum dos Evangelhos. A Enciclopédia Early Christianity diz:
“Não se sabe a data exata do nascimento de Jesus”.
Consta no “Our Sunday Visitors Catholic Encyclopaedia”:
“Há um consenso sobre o facto de Jesus não ter nascido no dia 25 de Dezembro”.
Segundo a narração al-qur’ânica, Jesus nasceu na época de tâmaras frescas, e no Médio Oriente, a maturação desta fruta só ocorre no Verão. Portanto, nunca pode ter sido em Dezembro.
Uma vez que não há nada que prove que Jesus nasceu no dia 25 de Dezembro, fica de fora a questão de nós os muçulmanos, celebrarmos essa data. Por isso, para nós essa data não tem qualquer significado.
Porque é que então, o Natal é celebrado a 25 de Dezembro? Isso só a Igreja poderá responder.
A celebração de nascimento nunca foi promovida por nenhum profeta ou Livro de Deus, incluindo a Bíblia.
Os primeiros líderes da Igreja opunham-se veementemente a isso. Nos finais do ano 245 DC, o filósofo e padre da Igreja Africana – Origen – escreveu no seu livro intitulado “The American Book of Day”, que: “É pecado até mesmo contemplar a observância do dia do nascimento de Jesus, como se ele fosse um rei Faraó”.
A religião tem de ser preservada, assim como nos foi transmitida pelos profetas, e não devemos misturar religião com tradição.
Se permitirmos a mistura da religião com a tradição, poder-se-á chegar a um momento em que se tornará difícil distinguir aquela desta, o que causará uma grande confusão na mente das pessoas, pois as tradições variam em função das gentes, de países, de épocas, etc. A inovação na religião, desfigura-a.
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“Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24
Asalamo Alaikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu!
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