Uma discussão sobre as qualidades básicas de uma mente saudável e o que capacitará uma pessoa a fazer como descrito no Alcorão. A Parte 1(Um) discute o primeiro de quatro pontos. Mente e razão são uma parte essencial do pensamento e legislação islâmicos. Um não pode existir sem o outro. A que exatamente nos referimos quando falamos sobre a mente? Existem dois tipos identificados de raciocínio pela mente.
O primeiro é raciocínio intuitivo que inclui: a capacidade de compreender, chegar a conclusões racionais, formas de discurso e comportamento sensível. O segundo tipo de raciocínio é adquirido de nosso ambiente, como as coisas que nos foram ensinadas ou com as quais ficamos familiarizados.
Discutiremos o raciocínio intuitivo porque é o que Deus concedeu a todos e o que nos torna responsáveis por nosso comportamento. Quem não possui uma mente ou perdeu o controle da mente não pode ser plenamente responsável pelo que faz.
Frequentemente uma pessoa com uma mente boa escolhe não usá-la ou a refreia de pensar logicamente, quando se trata de assuntos de religião e fé. Terminará sendo descrente e responsabilizada por sua ignorância na religião.
"Em verdade, não é dado a ser nenhum crer sem a anuência de Deus. Ele destina a abominação àqueles que não raciocinam." (Alcorão 10:100)
Não é de admirar que a punição daqueles que não creem seja equivalente a dos que não compreendem.
"A quem Deus quer iluminar, dilata-lhe o peito para o Islã; a quem quer desviar (por tal merecer), oprime-lhe o peito, como aquele que se eleva na atmosfera. Assim, Deus cobre de abominação aqueles que se negam a crer."(Alcorão 6: 125)
Esses dois versículos destacam que não é possível purificar o coração a menos que coloque sua mente para trabalhar, permitindo que fé e segurança entrem em seu coração.
O Alcorão se refere à mente de maneiras diferentes, dependendo da natureza da tarefa com a qual se lida:
1. A mente é capaz de compreender e processar a fala.
"Aspirais, acaso, a que os judeus creiam em vós, sendo que alguns deles escutavam as palavras de Deus e, depois de as terem compreendido, alteravam-nas conscientemente?" (Alcorão 2:75).
"Revelamo-lo como um Alcorão árabe, para que raciocineis." (Alcorão 12:2)
A razão de o Alcorão ter sido revelado em árabe foi que as mentes das pessoas para as quais ele foi enviado seriam capazes de compreendê-lo e apreciar seus significados.
2. A mente é capaz de projetar pensamentos coerentes e não conflitantes.
"Ó povo do Livro (cristãos e judeus)! Por que discutis acerca de Abraão, se a Tora e o Evangelho não foram revelados senão depois dele? Não raciocinais?" (Alcorão 3:65).
Aqueles que alegam que Abraão era judeu ou cristão estão se contradizendo, uma vez que tanto o Judaísmo quanto o Cristianismo vieram muito tempo depois de Abraão. A surata de al-Anaam (capítulo 6), versículo 91, também se refere aos judeus se contradizendo:
"Não aquilatam o Poder de Deus como devem, quando dizem: Deus nada revelou a homem algum! Dize: Quem, então, revelou o Livro, apresentado por Moisés - luz e orientação para os humanos - que copiais em pergaminhos, do qual mostrai algo e ocultais muito, e mediante o qual fostes instruídos de tudo quanto ignoráveis, vós e vossos antepassados? Dize-lhes, em seguida: Deus! E deixa-os, então, entregues às suas cismas."
O verso destaca que os judeus não podem alegar que acreditam na profecia de Moisés e no Torá e então dizerem que Deus não revelou coisa alguma aos humanos, porque são pensamentos contraditórios.
3. A mente é capaz de compreender prova e evidência de verdade.
"Apresenta-vos, ainda, um exemplo tomado de vós mesmos. Porventura, faríeis daqueles que as vossas mãos direitas possuem parceiros naquilo de que vos temos agraciado e lhe concederíeis partes iguais às vossas? Temei-os acaso, do mesmo modo que temeis uns aos outros? Assim elucidamos os Nossos versículos aos sensatos." (Alcorão 6:28) "Dize: Se Deus quisesse, não vo-lo teria eu recitado, nem Ele vo-lo teria dado a conhecer, porque antes de sua revelação passei a vida entre vós. Não raciocinais ainda?" (Alcorão 10:16)
4. As ações devem corresponder às palavras.
"Ordenais, acaso, às pessoas a prática do bem e esqueceis, vós mesmos, de fazê-lo, apesar de lerdes o Livro? Não raciocinais?" (Alcorão 2:44).
Esse versículo está repreendendo as pessoas, não por encorajar outros a aderir ao caminho de Deus, porque isso é sempre uma virtude. O versículo, entretanto, está apontando para a contradição das pessoas que dão bons conselhos, mas elas mesmas não os adotam. Em qualquer caso, o comportamento da pessoa que dá bom conselho não reduz o valor do conselho, como um fumante ou alcoólatra que avisa seus filhos dos males daqueles comportamentos. É muito melhor que encorajá-los a adotar esses hábitos prejudiciais e melhor que não dar a eles qualquer conselho útil. Ainda assim, não faz sentido reconhecer o valor de se comportar de certa maneira e encorajar outros a fazê-lo, enquanto age de maneira oposta. Por essa razão, o bom profeta na surata de Hud (capítulo 11), versículo 88 disse:
"Respondeu: Ó povo meu, não vedes que possuo a evidência do meu Senhor e Ele me agraciou generosamente...? Não pretendo contrariar-vos, a não ser no que Ele vos vedou; só desejo a vossa melhoria, de acordo com a minha capacidade; e meu êxito só depende de Deus, a Quem me encomendo e a Quem retornarei, contrito."
(Continua na Parte 2)
A paz esteja convosco.
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