O Profeta (p.e.c.e.) disse: “Que pereçam aqueles que insistem em dificultar a fé” e “Um crente permanece dentro dos limites da sua religião sempre e quando não matar ilegalmente uma outra pessoa”.
Prezados Irmãos,
Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.
Desde os horríveis ataques terroristas levados a cabo na América, a especulação dos meios de comunicação em massa apontou o seu infame dedo acusador para os Muçulmanos e para o Mundo Árabe, o que significa ue o cidadão comum dos Estados Unidos e de outros aíses ocidentais tornou-se presa fácil dos fanáticos anti-religiosos. Que vergonha!
Infelizmente, o último horror que feriu os Estados Unidos parece ter sido causado por pessoas do Médio Oriente, com nomes Muçulmanos. Uma vez mais, a vergonha.
Isto alimenta o ódio por uma religião e por pessoas que nada têm a ver com tais eventos. Por este motivo, desejo explicar alguns dos elementos básicos sobre este nobre caminho a que chamamos Islão, antes que (Allah não o permita) um outro desastre aconteça e, da próxima vez, sejam provavelmente os Muçulmanos o alvo.
Converti-me ao Islão há mais de 20 anos, durante um período de busca enquanto estrela pop errante.
Encontrei uma religião que aliava a razão científica com a realidade espiritual, numa fé unificada, deveras afastada dos títulos de violência, destruição e terrorismo.
Uma das primeiras coisas interessantes que aprendi no Alcorão foi que o nome desta religião (Içlam) provém da palavra Salam (paz). Longe de ser a mensagem etnocêntrica turco-árabe de que estava à
espera, o Alcorão apresentava uma crença na existência universal de Allah, um Allah Único para todos.
Não existe discriminação entre as pessoas: refere que podemos ser de diferentes cores e formar diferentes tribos, mas que todos somos humanos, e “as melhores pessoas são as que mais conscientes são de Allah”.
Actualmente, enquanto Muçulmano, fui arrasado pelo horror dos recentes acontecimentos: o desdobramento da morte e a indiscriminada carnificina que temos testemunhado e que abalou a confiança da Humanidade em si mesma. O terror a esta escala afecta a todos neste pequeno planeta, e ninguém está livre das sequelas. Para além disso, devemos ter em mente que esta violência é quase quotidiana em terras muçulmanas: esta não deveria ser agravada por ataques vingativos sobre famílias e comunidades inocentes.
Eu, tal como a maioria dos Muçulmanos, sinto que é dever esclarecer que estes actos, estas matanças
incompreensíveis, nada têm a ver com as crenças Islâmicas. O Alcorão refere especificamente: “Quem mata uma pessoa sem que esta tenha cometido um crime ou semeado a corrupção sobre a Terra, é como se matasse toda a Humanidade. E quem salva uma vida é como se salvasse toda a Humanidade”. (Alcorão, 5:32).
O Alcorão que os nossos jovens aprendem está repleto de lições sobre a história da Humanidade como um todo. O Injil (Evangelho), assim como a Tora, são também mencionados: ‘Issa (Jesus) e Ibrahim (Abraão), que a paz esteja com eles, são também mencionados.
De facto, existem mais men-ções no Alcorão a Mussa (Moisés), que a paz esteja com ele, do que em qualquer outro Livro. O Alcorão reconhece a coexistência de outras religiões e, com isso, reconhece
que outras religiões podem viver juntas e em paz.
Allah diz: “Não é permitido obrigar alguém a acreditar” (Alcorão 2:256). Isto significa que as pessoas não devem ser obrigadas a mudar de fé. Do mesmo modo, diz também: “Vós tendes a vossa religião e eu a minha” (Alcorão 109:6). Apontar os valores religiosos e a justiça representam o centro do Alcorão. A história Alcorânica que ensinamos aos nossos jovens fornece vários exemplos de relações interreligiosos e internacionais de como viver em harmonia.
Todavia, alguns extremistas pegam em fragmentos das escrituras fora do contexto. Agem de maneira individual e, quando não podem aparecer juntos como parte de uma estrutura política ou de um processo consultivo, estas fracções dissidentes criam as suas próprias regras, contrárias ao espírito do Alcorão, o qual exige que os que são reconhecidos como líderes dos Muçulmanos devem consultar-se mutuamente no que se refere aos assuntos da sociedade. No Alcorão, existe uma Sura inteira intitulada “A Consulta”.
O bem-estar comum é essencial para a vida humana; por isso mesmo, existe um conceito que o Alcorão chama de Istihsan, e que significa “procurar o bem comum”. Mesmo quando o Alcorão pode determinar um parecer, supõe-se também que os estudiosos devem considerar as circunstâncias prevalecentes nesse momento. Por vezes, isso significa escolher o mal menor ou, inclusive, suspender a legislação, caso necessário: por exemplo, uma pessoa que rouba pão durante uma fome, não é tratada como um ladrão.
Uma vez escrevi uma canção: “Onde brincam as crianças?”. A nossa simpatia e os nossos sentimentos transparecem para com as famílias de todos os que perderam a vida nesses trágicos actos de violência, assim como com todos aqueles feridos. Contundo, a vida deve continuar. As crianças necessitam ainda de brincar e as pessoas precisam viver e aprender mais sobre os seus vizinhos, para que a ignorância não origine mais fanatismo cego. A moderação é parte da fé; assim sendo, os que acusam as escolas Muçulmanas de fomentar o fanatismo, devem aprender um pouco mais sobre o Islão.
O Profeta, sallallahu ‘alayhi wa sallam, disse: “Que pereçam os que insistem em dificultar a fé”; e “Um crente permanece dentro dos limites da sua religião sempre e quando não matar outra pessoa
ilegalmente”.
Tal conhecimento e palavras de orientação são urgentemente necessárias nos tempos presentes, para separar os factos da falsidade e para reconhecer a definição do que o último Profeta, sallallahu ‘alayhi wa sallam, fez sobre o que torna ou não uma pessoa representativa da fé que praticou e ensinou.
Quem não pretender continuar a receber estas reflexões, por favor dê essa indicação e retirarei o respectivo endereço desta lista.
Obrigado. Wassalam.
M. Yiossuf Adamgy - 19/08/2015
03/07/2015 - Autor: Yusuf Islam (Cat Stevens) – Fonte: Blogue Océano Celeste — Versão portuguesa: M. Yiossuf Adamgy.
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