Surat 113
Surata da Alvorada – Surat Al Falaq
بِسۡمِ ٱللهِ ٱلرَّحۡمَـٰنِ ٱلرَّحِيمِ
قُلۡ
أَعُوذُ بِرَبِّ ٱلۡفَلَقِ (١) مِن شَرِّ مَا خَلَقَ (٢) وَمِن شَرِّ
غَاسِقٍ إِذَا وَقَبَ (٣) وَمِن شَرِّ ٱلنَّفَّـٰثَـٰتِ فِى ٱلۡعُقَدِ
(٤) وَمِن شَرِّ حَاسِدٍ إِذَا حَسَدَ (٥)
(1) Dize: “Refugio-me nO Senhor da Alvorada,
(2) “Contra o mal daquilo que Ele criou,
(3) “E contra o mal da noite quando entenebrece,
(4) “E contra o mal das sopradoras dos nós,
(5) “E contra o mal do invejoso, quando inveja”.
Esta surah,
junto com a seguinte, “Surata dos Homens”, contem uma diretiva de
Allah, primeiramente para Seu profeta e depois para os crentes em geral,
para que busquem refúgio nEle e busquem Sua proteção diante de qualquer
fonte de medo, oculta ou visível, conhecida ou desconhecida. É como se
Allah, O Exaltado, estivesse desenrolando Seu mundo de zelo e abraçando
os crentes em Sua proteção, e estivesse gentil e afeiçoadamente
solicitando que recorram à Seus cuidados, onde eles se sentirão seguros e
em paz: “Eu sei que vocês estão desamparados e rodeados de inimigos e
medos... Venha aqui onde há segurança, contentamento e paz...” Sendo
assim as duas surahs começam com “Dize: Refugio-me nO Senhor da Alvorada,” e “Dize: Refugio-me nO Senhor dos Homens”.
Foram transmitidos muitos relatos sobre a revelação e popularidade desta surah
e todos eles se encaixam perfeitamente na interpretação acima, ou seja,
de Allah Misericordioso desenrolar Seu zelo e oferecer refúgio a Seus
servos fiéis. O próprio Mensageiro de Allah amava esta surah profundamente, como está claro em suas tradições.
De
acordo com ‘Uqba ibn ‘Amir, companheiro do Profeta, o Mensageiro de
Allah uma vez disse: “Você não ouviram os versículos únicos que foram
revelados na noite passada, ‘Dize: Refugio-me nO Senhor da Alvorada,’ e
‘Dize: Refugio-me nO Senhor dos Homens’”. (Transmitido por Malik,
Muslim, At-Tirmidhi, Abu Dawood e An-Nissai).
Jabir,
companheiro do Profeta, disse: “O Mensageiro de Allah me disse uma vez:
‘Jabir, recite!’ e eu perguntei ‘O que devo recitar?’ Ele respondeu:
‘Dize: Refugio-me nO Senhor da Alvorada,’ e ‘Dize: Refugio-me nO Senhor
dos Homens’. Então eu recitei e ele comentou, ‘Recite-as (tanto quanto
puder) pois você jamais recitará algo equivalente a elas.’” (Transmitido
por An-Nissai).
Tharr ibn Hubaish disse que perguntou a Ubay ibn Ka’ab, companheiro do Profeta, sobre Al-Um’awwathatain (como as duas surahs
são chamadas) dizendo, “Abu al-Munthir, seu irmão, Ibn Masoud diz tal e
tal coisa (Por algum tempo Ibn Masoud tinha a falsa impressão de que
essas duas surahs
não eram parte do Quran, mas depois ele admitiu seu erro). O que você
acha disso?” Ele respondeu “Eu perguntei ao Mensageiro de Allah sobre
isso e ele me disse que foi instruído a dizer o contexto das surahs
e ele seguiu essa instrução. Nós com certeza dizemos o mesmo que o
Mensageiro de Allah disse.” (Transmitido por Al-Bukhari). Todos esses
relatos despejam muita luz sobre o fator oculto da bondade e amor de
Allah para o qual esta surah chama atenção.
...Allah, O Exaltado, refere-se a Si mesmo nesta surah
com Seu Atributo, “O Senhor da Alvorada”. O termo árabe “falaq”
significa simplesmente “alvorada” e ainda assim pode ter o significado
de “o fenômeno inteiro da criação” em referência a todas as coisas às
quais foi dada a vida. Esta interpretação é apoiada pelo que Allah diz
na surah
6, “O Gado”: “Por certo, Allah é Quem faz fender (faliq) os grãos e os
caroços (para brotarem). Faz sair o vivo do morto e faz sair o morto do
vivo. (...) Ele é Quem rompe a manhã. E faz da noite repouso, e do sol e
da lua cômputo do tempo.” (6:95-96) Se o significado “alvorada” é
atribuído, então se busca refúgio, contra o que não é visto e contra o
que é misterioso, no Senhor da Alvorada, Quem concede segurança conforme
acende a luz do dia. Se, entretanto, “faliq” recebe o significado de
“criação”, então se busca refúgio, contra o mal de alguma criatura, no
Senhor da criação. Em ambos os casos, a harmonia com o tema da surah é mantida.
“Contra o mal daquilo que Ele criou.”
A frase não contem exceções ou especificações. O contato mútuo de
várias criaturas entre si, além de ser, sem dúvida, vantajoso, traz
algum mal. O refúgio em Allah está sendo buscado pelo crente para
encorajar a bondade que tal contato produza. Pois Ele que criou tais
criaturas é certamente capaz de prover a circunstâncias que as levam em
um caminho no qual prevalece apenas o lado bom de seus contatos.
“Contra o mal da noite (ghasiq), quando entenebrece (waqab)”.
Do ponto de vista linguístico, “ghasiq” significa “derramar
substancialmente” e “waqab” é o nome dado a um pequeno buraco na
montanha através do qual a água emana; “waqab” é o verbo denotando tal
ação. O que provavelmente significa aqui é a noite, com tudo que a
acompanha quando ela rapidamente encobre o mundo. Isso é horripilante
por si só; adicionalmente, a noite enche os corações com a possibilidade
de um desconforto desconhecido e inesperado causado por um animal
feroz, por um vilão inescrupuloso, um inimigo eminente ou o som de uma
criatura venenosa, assim como ansiedades e preocupações (que envolvem
depressão e inquietação) e pensamentos ruins e paixões que podem
ressurgir na escuridão durante o estado de solidão na noite. É contra
esse mal que o crente precisa da proteção de Allah.
“E contra o mal das sopradoras dos nós”,
refere-se a vários tipos de magia, seja enganando os sentidos físicos
do homem ou influenciando o poder de escolha das pessoas e projetando
ideias em suas emoções e mentes. (Este versículo se refere
principalmente a uma forma de bruxaria feita por mulheres na Arábia na
época, que amarravam nós em cordas e sopravam neles com uma imprecação).
A
magia é a produção de ilusões, sujeita à vontade do mágico, e não se
trata de novos tipos de fatos nem alteram a natureza das coisas. É assim
que o Quran descreve a magia quando relata a história de Moisés na surah
20, “Ta Ha”: “Disseram (os mágicos do Faraó): ‘Ó Moisés! Lançarás tua
vara, ou seremos os primeiros que lançaremos as nossas?’. Disse: ‘Mas,
lançai vós’. Então, eis suas cordas e suas varas que, por magia, lhe
pareciam colear. E em seu âmago, Moisés teve medo. Dissemos: ‘Não temas!
Por certo, tu, tu és o superior; E lança o que há em tua destra; ela
engolirá o que engenharam. O que engenharam é apenas insídia de mágico. E
o mágico não é bem aventurado aonde quer que chegue.’” (20:65-69).
Desta forma, suas cordas e cajados não se transformaram realmente em
serpentes, mas assim parecia aos espectadores, incluindo Moisés, ao
ponto de ele se sentir inquieto. Ele foi refreado (quando ao medo) pela
transformação de seu cajado em uma cobra de verdade, pelo próprio feito
de Allah, para destruir as falsas serpentes.
Esta
é a natureza da magia conforme nós devemos concebê-la; que através dela
a pessoa é capaz de influencia a mente de outras pessoas, fazendo-as
pensar e agir de acordo com sua sugestão. Nós nos impedimos de ir
adiante com isso. De fato este é um ato mau contra o qual precisa-se
buscar a proteção de Allah.
Alguns
relatos não confirmados, alguns dos quais foram citados por fontes
autênticas, alegam que Labid ibn ‘Assam, um judeu, hipnotizou o Profeta
durante muitos dias ou meses em Medina, de forma que, conforme alguns
relata, ele sentia que estava tendo relações conjugais com suas esposas
quando ele não estava; ou, de acordo com outros, pensava que havia feito
algo quando ele não havia feito realmente. Esta surah e a próxima, “Os Homens”, de acordo com esses relatos, foram reveladas para libertá-lo desse estado ao recitá-las.
Mas
com certeza essas histórias contradizem a idéia de infalibilidade do
Profeta em palavras e em ação e não concordam com a crença de que todas
as suas ações representam a visão Islâmica do modo de vida para todos os
Muçulmanos. Acima de tudo, elas estão em conflito com a negação
enfática do Quran de que ele (o Profeta) era influenciado por qualquer
tipo magia, conforme afirmado por alguns inimigos do Islam. Por isso,
nós dispensamos tais histórias, com base em que o Quran é o árbitro
final, e que relatos narrados por uma só pessoa são permitidos apenas em
assuntos relativos à fé. Essas histórias não têm o pano de fundo
apropriado e tal pano de fundo é qualificação essencial para que um
relato seja classificado como autêntico. O que mais enfraquece essas
histórias, entretanto, é que as duas surahs foram reveladas em Makka, enquanto que essas histórias relatam que o incidente ocorreu em Medina!
“E contra o mal do invejoso quando inveja”.
A inveja é uma má ação rancorosa que uma pessoa sente por outra que
recebeu alguns favores de Allah. Ela também é acompanhada de um desejo
muito forte de anulação desses favores. Pode haver algum dano à pessoa
invejada vindo desse rancor infundado. Agora, esse dano pode ou ser
resultado de alguma ação física por parte do invejoso ou pode resultar
apenas de sentimentos suprimidos.
Nós
devemos tentar não nos sentirmos inquietos de entender que existe um
número incontável de mistérios inexplicáveis na vida. Há muitos
fenômenos para os quais não há explicação. A telepatia e a hipnose são
exemplos de tais fenômenos.
Muito
pouco se sabe sobre os mistérios da inveja e o pouco que se sabe
geralmente tem sido descoberto ao acaso ou por coincidência. Em todo
caso, há na inveja um mal contra o qual a proteção de Allah deve ser
buscada. Pois Ele, O Mais Generoso, Mais Misericordioso e O Único que
sabe tudo direcionou Seu Mensageiros e seus seguidores a buscar refúgio
nEle contra este mal. É unânime entre as escolas de jurisprudência
Islâmica que Allah sempre protegerá Seus servos de tais males se eles
buscarem Sua proteção conforme Ele orientou.
Al-Bukhari
relatou que Aisha disse que o Profeta soprava nas duas mãos quando ia
se deitar para dormir e recitava “Dize: Refugio-me nO Senhor da
Alvorada,” e “Dize: Refugio-me nO Senhor dos Homens”, e começando pela
cabeça, rosto e parte da frente do corpo, ele passava as mãos no
restante do corpo. Ele fazia isso três vezes (Também foi transmitido por
outros grandes tradicionalistas).
Fonte:http://www.academiaislamica.org.br/artigo/57/Tafsir+Surat+Al-Falaq
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