Neste Mundo, todos têm uma preocupação ou lamentação. Por exemplo, aquele que vive no campo ou no deserto queixa-se da falta de água canalizada e de outros confortos da vida. O que vive na cidade e usufrui de água, luz, ar condicionado, aquecimento, televisão, telefone, enfim, todos os confortos da vida, queixa-se de diabetes, de hipertensão, ou de problemas de estômago. Os milionários que têm tudo com que sonham, queixam-se de depressão, medo, ansiedade, insônias e outras preocupações.
Aquele a quem Deus deu saúde, riqueza e mulher bonita, vive sofrendo de ciúmes, sempre a suspeitar da sua esposa bonita, não atingindo nunca o sossego.
O homem de sucesso, famoso, que tem tudo o que deseja, que venceu todas as batalhas na vida, não consegue vencer as suas fraquezas e sucumbe perante as drogas, vicia-se em cocaína e acaba por se auto-destruir.
O rei que controla os destinos e as vidas dos outros, vê-lo-emos escravo das suas paixões, servo da sua ganância, submisso aos seus caprichos.
Todos nós saímos deste Mundo com sortes semelhantes e próximas umas das outras, não obstante a aparente dissemelhança.
E apesar da riqueza dos abastados e da penúria dos pobres, a colheita final da felicidade ou da desgraça, é semelhante e muito próxima uma da outra, pois Deus recebe em conformidade com o que dá; substitui em conformidade com a privação a que submete o seu servo; e facilita em conformidade com a dificuldade a que o sujeita.
Se cada um de nós pudesse entrar no coração do outro, teria condoir-se-ia, e isso permitir-lhe-ia observar as balanças internas da justiça, apesar da diferença com as balanças externas, e aí não sentiria nem inveja, nem ódio, nem orgulho.
Realmente estes palácios e jóias são apenas decorações exteriores de um jogo de cartas, mas é no interior dos corações que residem a tristeza e as lamentações.
Os invejosos, os odiosos e os orgulhosos vivem enganados na aparência, e desleixados da realidade.
Se o mentiroso, o ladrão ou o assassino tivessem consciência destas realidades, jamais mentiriam, roubariam ou matariam. Se nós conhecêssemos a verdade teríamos procurado este Mundo com esforço correto e honesto, e teríamos convivido entre nós com virtude e valores morais, pois na realidade, neste Mundo não há vencedor nem vencido, e as sortes são muito semelhantes e próximas umas as outras no interior, e a nossa colheita da felicidade ou desgraça é semelhante e aproximada, apesar das diferenças no grau e na aparência.
A diferença nas pessoas não advém da diferença no grau de felicidade ou desgraça, mas sim da diferença de posições, pois há pessoas que vencem e sobrepõem-se às suas desgraças, e vemos nelas a prudência e o modelo. Essas são as pessoas bem guiadas, que vêm em tudo a justiça e a beleza, e gostam do Criador em todas as Suas ações. Mas por outro lado há pessoas desgraçadas, que se deixaram tomar pela inveja, e são rebeldes contra o seu Criador.
Cada pessoa, na sua posição, prepara o seu fim para o Outro Mundo, onde encontrará a verdadeira felicidade ou o verdadeiro descalabro, pois enquanto os bondosos estarão nas delícias, os maldosos estarão no Inferno.
Neste Mundo não há delícias nem infernos reais, excepto na aparência, pois somos todos quase iguais nas porções que engolimos, e todos de alguma forma estamos a sofrer.
Este Mundo é um local de teste para manifestar as posições, e a diferença nas pessoas provém da diferença de posições e não pelo choro ou sorriso que cada um ostenta pois isso assemelha-se à representação teatral. É o vestuário de decoração que as pessoas envergam, aparecendo alguns como reis, e outros como pobrezinhos, mas por detrás dos bastidores do teatro, na realidade somos iguais.
Os piedosos estão tranquilos, pois eles compreendem isso com a sua sensatez, e submetem-se à Deus aceitando todo o Seu decreto, e sabem que tudo o que vem do Criador é puro e justo.
Quanto à maioria dos desleixados, esses continuam a lutar e a matar-se por causa do materialismo e das coisas mundanas. E nisso eles não têm êxito algum, aumentando ainda mais as suas preocupações. É a sede que nunca se sacia e a fome em que o apetite nunca acaba. Esses não querem saber nem da mesquita, nem da igreja. Passam dias e noites concentrados no material, esquecendo-se que um dia vão morrer.
Deixaram de ser servos de Deus, tornando-se servos do dinheiro. A esses aconselhamos a que visitem os cemitérios e as campas, pois nestas estão muitos dos que pensavam como eles, os que pensavam que jamais teriam um fim, de tão engajados que estavam no materialismo, que dormiam em palácios e sonhavam sempre com mulheres belas, que matavam inocentes, violavam, testemunhavam falsamente, regozijavam-se com a desgraça dos outros, devoravam as riquezas dos órfãos e das viúvas, eram senhores absolutos, faziam e desfaziam sem dó nem piedade.
Que vão para essa cidade silenciosa, postem-se na cabeceira das campas e perguntem aos inquilinos dessas novas residências onde estão as riquezas que acumularam e arrancaram dos outros!
Não! Nada ficou. Nem a roupa que tinham a trazem consigo. Nem cama têm, nem almofada, nem nada com se possam reclinar.
É deveras assustador, um minúsculo quarto num local isolado, apertado e escuro, onde não há nem amigo nem companheiro. É uma prisão de onde jamais se pode sair, nem fugir.
Que tomem lição, pois um dia terão que enfrentar semelhante situação!
É bom refletirmos agora, pois ainda vamos a tempo de nos corrigirmos, mudando-nos para o bem.
Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu.
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