Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 26.05.2014
Sábado, 17 de Maio de 2014. Alguém me telefona para me informar da morte do nosso eminente ãlimo, Sheikh Muhammad Yussuf.
Ao ouvir essa triste notícia, a minha memória recuou no tempo e comecei a pensar nesta distinta personalidade que há pouco nos deixou.
O Sheikh Muhammad Yussuf deu um grande contributo na divulgação do Isslam em Moçambique, o que merece ser registado com letras de ouro. A sua morte deixa-nos consternados, pois há personalidades que são como faróis para as caravanas. Se por um lado a sua breve passagem por esta vida serviu para endireitar muita coisa, por outro a sua partida criou um vazio de difícil preenchimento, ainda mais nesta época em que os ãlimos verdadeiros rareiam cada vez mais.
Depois do pôr-do-sol podemos acender muitas lâmpadas para nos iluminar, mas não é possível adquirir o calor contido na luz do Sol.
Os âlimos são como lâmpadas brilhantes, que acabam com as trevas, e se estas lâmpadas começam a apagar-se uma a seguir a outra, então a escuridão espalhar-se-á por todo o lado.
O saudoso Sheikh foi uma personalidade abrangente, um ilustre ãlimo, um eloquente orador, um reformador, um esplêndido recitador de Al-Qur’án, Livro Sagrado de que era um tenaz defensor, assim como do Hadith. Cumpriu todas as suas tarefas com firmeza até ao fim da sua vida, e silenciosamente partiu ao encontro do seu Senhor. Sendo ãlimo, ele sabia dar o devido valor aos sábios. Deixou muitos alunos e adeptos. Com as suas eloquentes palavras, com a moderação que era uma das suas principais características, mostrou o caminho certo a milhões de pessoas, contribuindo bastante na erradicação de inovações, superstições e falsidades em Moçambique.
Tive a honra de conhecê-lo no início dos anos 70, ainda no tempo colonial, juntamente com o também já falecido Sheikh Abubacar Mangirá. Na altura eu ainda era estudante de teologia no Paquistão, e tinha vindo de férias, e escutei a sua palestra na Mesquita Anwaril Isslam. A sua retórica impressionou-me bastante, de tal maneira que retenho ainda o tema abordado na altura (Surat Fátiha – capítulo de abertura do Al-Qur’án).
A morte não é algo estranho, cuja ocorrência nos possa admirar. Ela é uma tradição nos filhos de Adão, pois a vinda para este Mundo já constitui o início da passagem para o Outro Mundo. Todos os que para aqui vêm, são para ir, pois ninguém é eterno e todos saborearemos a morte. Esta é uma lei divina inalterável, e o termo que foi fixado por Deus para cada um de nós será cumprido sem quaisquer atrasos ou adiamentos. Ninguém está isento da lei da morte portanto, todos os seres vivos terão que sair deste Mundo. Nenhum profeta, nenhum santo, nenhum sábio, nenhum ignorante, nenhum crente, nenhum descrente, nenhum presidente, nenhum rei, nenhum súbdito, nenhum plebeu, etc., escapou da morte. Todos os que ainda estão vivos, bem como os que estão por nascer, todos terão de ir um dia. O Criador fixou um tempo de saída para cada um, assim como consta no Al-Qur’án:
“Toda a alma saboreará a morte”.
Todavia, há alguns felizardos que mesmo indo, deixam marcas tão profundas quanto indeléveis pelas quais se guiam os que ainda ficam. Esses são como a vela que se consome, mas continua iluminando os outros.
Há quem que parte e ninguém chora por ele. Há quem têm a família para chorar por ele, mas há também quem parte e deixa um País inteiro a chorar por ele, pois a sua morte não só afecta a sua família, mas muita gente, sendo recordado por muito tempo.
A partida de um ãlimo entristece a todos nós, pois ficamos privados de um tesouro, de um manancial de sabedoria, um modelo de prática, pois os ãlimos são a garantia da continuidade do Isslam, e enquanto estiverem vivos e presentes, o Ummat dificilmente será desviado, daí que a sua ida deste Mundo seja uma grande perda.
Foi por isso que o Profeta Muhammad, (S.A.W.) disse que Deus não tira de uma única vez dos peitos das pessoas a sabedoria do Mundo, mas sim tira-a ao chamar para junto de Si os sábios um a um, até que quando já não existirem mais sábios, as pessoas tomam os ignorantes por líderes e estes, por não deterem nenhum conhecimento, desviam-se arrastando atrás de si os menos precavidos. (Mishkat)
São os ãlimos que defendem a pureza do Isslam contra todas as deturpações.
De facto, a morte na piedade nunca cessa, pois há gente que aparentemente está morta, mas ainda continua viva nos corações das pessoas.
O Sheikh Yussuf era humilde e amado, pois aqueles que alcançam a realidade suprema e o conhecimento divino, apesar dos seus múltiplos méritos, julgam-se sempre insignificantes e simples.
A parte mais triste da morte dos servos piedosos e queridos de Deus, é que com a sua partida as pessoas ficam privadas dos seus conhecimentos e bênçãos, do seu choro nas súplicas quando invocam Deus nas noites e madrugadas. Partem levando consigo a dor e preocupação para com o Ummat. Vai-se tudo e cria-se um vazio muitas vezes difícil de preencher.
Os teólogos e os Homens de Deus são como as fontes das quais as pessoas se saciam. Nessas fontes há as que saciam poucas pessoas, e há as que saciam inúmeras pessoas. O falecido Sheikh foi daqueles que saciou muita gente, pois cumpriu com o seu dever em várias mesquitas do Rovuma ao Maputo, em Nampula onde nasceu, e noutras cidades do País.
Pela Sua graça e generosidade para com aqueles que sacrificaram as suas vidas somente para elevar a Sua palavra, Deus reservou grandes prémios, recompensas e o Paraíso.
Rogo à Deus para que lhe cubra com o manto da Sua misericórdia, lhe conceda o melhor que houver no Paraíso, dê paciência aos seus familiares e entes-queridos, preencha o vazio criado pela sua morte, e nos mantenha firmes no caminho da Sua satisfação. Ameen!
Sábado, 17 de Maio de 2014. Alguém me telefona para me informar da morte do nosso eminente ãlimo, Sheikh Muhammad Yussuf.
Ao ouvir essa triste notícia, a minha memória recuou no tempo e comecei a pensar nesta distinta personalidade que há pouco nos deixou.
O Sheikh Muhammad Yussuf deu um grande contributo na divulgação do Isslam em Moçambique, o que merece ser registado com letras de ouro. A sua morte deixa-nos consternados, pois há personalidades que são como faróis para as caravanas. Se por um lado a sua breve passagem por esta vida serviu para endireitar muita coisa, por outro a sua partida criou um vazio de difícil preenchimento, ainda mais nesta época em que os ãlimos verdadeiros rareiam cada vez mais.
Depois do pôr-do-sol podemos acender muitas lâmpadas para nos iluminar, mas não é possível adquirir o calor contido na luz do Sol.
Os âlimos são como lâmpadas brilhantes, que acabam com as trevas, e se estas lâmpadas começam a apagar-se uma a seguir a outra, então a escuridão espalhar-se-á por todo o lado.
O saudoso Sheikh foi uma personalidade abrangente, um ilustre ãlimo, um eloquente orador, um reformador, um esplêndido recitador de Al-Qur’án, Livro Sagrado de que era um tenaz defensor, assim como do Hadith. Cumpriu todas as suas tarefas com firmeza até ao fim da sua vida, e silenciosamente partiu ao encontro do seu Senhor. Sendo ãlimo, ele sabia dar o devido valor aos sábios. Deixou muitos alunos e adeptos. Com as suas eloquentes palavras, com a moderação que era uma das suas principais características, mostrou o caminho certo a milhões de pessoas, contribuindo bastante na erradicação de inovações, superstições e falsidades em Moçambique.
Tive a honra de conhecê-lo no início dos anos 70, ainda no tempo colonial, juntamente com o também já falecido Sheikh Abubacar Mangirá. Na altura eu ainda era estudante de teologia no Paquistão, e tinha vindo de férias, e escutei a sua palestra na Mesquita Anwaril Isslam. A sua retórica impressionou-me bastante, de tal maneira que retenho ainda o tema abordado na altura (Surat Fátiha – capítulo de abertura do Al-Qur’án).
A morte não é algo estranho, cuja ocorrência nos possa admirar. Ela é uma tradição nos filhos de Adão, pois a vinda para este Mundo já constitui o início da passagem para o Outro Mundo. Todos os que para aqui vêm, são para ir, pois ninguém é eterno e todos saborearemos a morte. Esta é uma lei divina inalterável, e o termo que foi fixado por Deus para cada um de nós será cumprido sem quaisquer atrasos ou adiamentos. Ninguém está isento da lei da morte portanto, todos os seres vivos terão que sair deste Mundo. Nenhum profeta, nenhum santo, nenhum sábio, nenhum ignorante, nenhum crente, nenhum descrente, nenhum presidente, nenhum rei, nenhum súbdito, nenhum plebeu, etc., escapou da morte. Todos os que ainda estão vivos, bem como os que estão por nascer, todos terão de ir um dia. O Criador fixou um tempo de saída para cada um, assim como consta no Al-Qur’án:
“Toda a alma saboreará a morte”.
Todavia, há alguns felizardos que mesmo indo, deixam marcas tão profundas quanto indeléveis pelas quais se guiam os que ainda ficam. Esses são como a vela que se consome, mas continua iluminando os outros.
Há quem que parte e ninguém chora por ele. Há quem têm a família para chorar por ele, mas há também quem parte e deixa um País inteiro a chorar por ele, pois a sua morte não só afecta a sua família, mas muita gente, sendo recordado por muito tempo.
A partida de um ãlimo entristece a todos nós, pois ficamos privados de um tesouro, de um manancial de sabedoria, um modelo de prática, pois os ãlimos são a garantia da continuidade do Isslam, e enquanto estiverem vivos e presentes, o Ummat dificilmente será desviado, daí que a sua ida deste Mundo seja uma grande perda.
Foi por isso que o Profeta Muhammad, (S.A.W.) disse que Deus não tira de uma única vez dos peitos das pessoas a sabedoria do Mundo, mas sim tira-a ao chamar para junto de Si os sábios um a um, até que quando já não existirem mais sábios, as pessoas tomam os ignorantes por líderes e estes, por não deterem nenhum conhecimento, desviam-se arrastando atrás de si os menos precavidos. (Mishkat)
São os ãlimos que defendem a pureza do Isslam contra todas as deturpações.
De facto, a morte na piedade nunca cessa, pois há gente que aparentemente está morta, mas ainda continua viva nos corações das pessoas.
O Sheikh Yussuf era humilde e amado, pois aqueles que alcançam a realidade suprema e o conhecimento divino, apesar dos seus múltiplos méritos, julgam-se sempre insignificantes e simples.
A parte mais triste da morte dos servos piedosos e queridos de Deus, é que com a sua partida as pessoas ficam privadas dos seus conhecimentos e bênçãos, do seu choro nas súplicas quando invocam Deus nas noites e madrugadas. Partem levando consigo a dor e preocupação para com o Ummat. Vai-se tudo e cria-se um vazio muitas vezes difícil de preencher.
Os teólogos e os Homens de Deus são como as fontes das quais as pessoas se saciam. Nessas fontes há as que saciam poucas pessoas, e há as que saciam inúmeras pessoas. O falecido Sheikh foi daqueles que saciou muita gente, pois cumpriu com o seu dever em várias mesquitas do Rovuma ao Maputo, em Nampula onde nasceu, e noutras cidades do País.
Pela Sua graça e generosidade para com aqueles que sacrificaram as suas vidas somente para elevar a Sua palavra, Deus reservou grandes prémios, recompensas e o Paraíso.
Rogo à Deus para que lhe cubra com o manto da Sua misericórdia, lhe conceda o melhor que houver no Paraíso, dê paciência aos seus familiares e entes-queridos, preencha o vazio criado pela sua morte, e nos mantenha firmes no caminho da Sua satisfação. Ameen!
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