Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 19.05.14
Muitos jornais, revistas, estações radiofónicas e televisivas, reservam nas suas edições um espaço onde inserem artigos relacionados com a futurologia isto é, o que acontecerá às pessoas nesse dia, nessa semana, ou num futuro breve ou distante. Os títulos geralmente usados nesses artigos são: “O que dizem as Estrelas” ou “O Horóscopo”. Neles informam-se as pessoas sobre a sorte de cada um, em função da sua data de nascimento, baseando-se em signos das constelações dos astros, que são doze.
Há pessoas que acreditam naquilo que tais publicações escrevem, pois compram-nas apenas para lerem sobre o prognosticado nos seus signos, ficando satisfeitos quando neles encontram informações que lhes agradam, ou entristecidos quando as informações são desagradáveis. Há também quem não acredita muito no que se prognostica, mas lê na mesma, sem contudo se deixar influenciar.
Gostaria aqui de esclarecer o ponto de vista isslâmico. O Isslam veio para libertar as pessoas, corporal e espiritualmente, das superstições, falsidades, ilusões, fantasias e ficções, seja qual for a forma sob a qual se apresentem, e para isso ligou as pessoas à natureza e ao sistema de Deus na Sua criatura, ordenando-lhes que O respeitem e O considerem se quiserem alcançar o bem estar neste Mundo e o êxito no Outro Mundo.
Portanto, o Isslam condena todo o tipo de superstição, bem como os autores de tais atos que não passam de charlatães e exploradores. Em qualquer sociedade sempre existe uma camada vulnerável à acção deste tipo de gente, que se dedica à magia, seja ela branca ou negra, à bruxaria, à adivinhação e todo o tipo de manifestação de aparente conhecimento do oculto, como a futurologia através dos astros, demónios ou outras formas, orientais ou ocidentais.
Ninguém é conhecedor do oculto, excepto Deus. Por isso Ele ordena ao próprio Profeta a anunciar que ele não conhece o oculto:
“Dize: Eu mesmo não posso lograr, para mim, mais benefício nem mais prejuízo do que o que for da vontade de Deus, E se estivesse de posse do incognoscível, aproveitar-me-ia de muitos bens, e o infortúnio jamais me açoitaria. Porém, não sou mais do que um admoestador e alvissareiro para os crentes”.
É por isso que Muhammad S.A.W. foi atingido por muitos dos males que atingiram outros mortais. Se ele conhecesse o oculto teria acumulado para si todo o bem e nenhum mal o teria atingido. Só Deus único é conhecedor do oculto.
O Profeta Muhammad diz: “Não serão aceites as orações (Salaat) de quem consultar o prestidigitador, o adivinho ou o bruxo, durante quarenta dias, e ele passará para o grupo dos descrentes”.
Os mágicos, os adivinhos e os bruxos pertencem ao mesmo grupo, pois todos eles reivindicam conhecer o oculto através dos demónios e astros.
Na história do Homem houve povos que acreditavam em astros, bem como na sua influência nos acontecimentos do Mundo, a tal ponto que os associavam à Deus. De entre esses povos, houve ainda os que deixaram de adorar a Deus passando a adorar astros.
A actual inclinação para a horoscopia não é mais do que a remanescência dos tempos em que as pessoas adoravam astros, pois desses tempos ficou a convicção de que o que acontece na vida de cada um é influenciado positiva ou negativamente pelo posicionamento dos astros no firmamento. No conceito dessas pessoas a ascensão ou o declínio na vida, a felicidade ou a infelicidade, a alegria ou a tristeza, a paz ou a guerra, a abundância ou a carência, o sucesso ou a adversidade, são resultado dos movimentos dos astros.
O Isslam não só discorda em absoluto desse tipo de crença como a repudia, pois os astros não passam de criaturas de Deus neste Universo, colocados ao serviço da Humanidade. Um exemplo disso, é que o homem se serve dos astros para se orientar.
Portanto, o recurso aos astros para reivindicar o conhecimento do oculto e da futurologia é rejeitado no Isslam. Porém, não há mal nenhum que se recorra aos astros para a orientação geográfica ou para qualquer outro objectivo, baseado em experiências científicas, o que se enquadra no encorajamento pelo Isslam da procura do saber e do conhecimento para a melhoria da vida do homem na terra. Aliás nos primórdios do ressurgimento do Isslam, os muçulmanos de origem árabe destacaram-se como pioneiros na ciência de estudo dos astros.
A ideia de ligar a sorte das pessoas e o que lhes irá acontecer, com os astros em função das suas datas de nascimento, é algo sem base e sem fundamento algum no Isslam.
De fato a prevalência deste fenômeno assim como o seu alastramento, e a importância que os jornais, revistas estações radiofônicas e televisivas lhe dispensam, revelam-nos as seguintes realidades, deveras importantes:
1 - A existência de um vazio mental, espiritual e psicológico dentro das pessoas no mundo atual. E um vazio, exige sempre que seja preenchido, seja qual for a forma. É por isso que se costuma dizer que “Quem não se ocupa com a verdade será ocupado pela falsidade”.
2 - O aumento de preocupações, inquietações, perturbações e a falta de sossego e tranquilidade íntimas. Estes dois fatores são o segredo da felicidade. E isto é um assunto que envolve a todos no Mundo, até mesmo os que atingiram níveis mais altos de estabilidade material, vivem numa tensão, stress e medo constantes.
3 - A conjugação destes dois aspectos - o vazio e a perturbação - na realidade resultam da falta de algo muito importante na vida de uma pessoa, bem como na sua autodeterminação. E o que está em falta nada mais é do que a fé, que é a fonte de sossego e da tranquilidade.
Se as pessoas desenvolvessem a fé convicta de que só Deus conhece o oculto e ninguém sabe o que irá acontecer amanhã, e que os magos, os adivinhos, os astrólogos, etc., são mentirosos e charlatães, pois passam a vida a enganar para obterem dinheiro fácil, este falso mercado não prosperaria, nem encontraria entre os muçulmanos gente para escrever e ler sobre astromancia.
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