Reflexões Islâmicas — Ano I — nº. 6 — 21.Março.2013 / 09.Jamad’Al-Awwal.1434 - e-mail: alfurqan2011@gmail.com Por M. Yiossuf Adamgy - Director da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán .
— «Quanto mais cívico e amistoso for um muçulmano para com a sua esposa, mais perfeita é a sua fé» – (Tirmizi).
(NOTA: Este artigo de reflexão é aqui divulgado a pedido do Presidente do Centro Cultural Islâmico do Porto, irmão Abdul Rehman Mangá, que nos solicitou artigos ou opinião para esclarecer certas acusações intrigantes feitas ao Islão. Eis, pois, alguns esclarecimentos de reflexão, resposta e divulgação. Seguir-se-ão outros, in cha Allah..
São várias as pessoas que entendem o Islão como religião machista, que minimiza a mulher. Como prova do que afirmam, citam a condição feminina em alguns países Muçulmano.[1] O erro provém do facto de separarem a cultura de um determinado povo, dos verdadeiros ensinamentos da religião que esse mesmo povo pode professar. É espantoso que em muitas culturas mundiais, a opressão da mulher seja ainda uma realidade. Em vários países do Terceiro Mundo, a vida da mulher é horrível. Elas são dominadas pelos homens, sendo-lhes negados muitos dos direitos humanos básicos.
O Islão condena esta opressão. Trata-se de uma injustiça trágica culpar as crenças religiosas de uma religião por tais práticas culturais, quando os ensinamentos dessa mesma religião não convidam a tais comportamentos. Como atrás ficou citado, os ensinamentos do Islão proíbem a opressão feminina e enfatizam, de forma clara, que a homens e mulheres, é devido o mesmo respeito.
Infelizmente, certas pessoas associaram ao Islão, erroneamente, as práticas opressivas contra o sexo feminino, verificadas ainda em determinadas partes do Mundo. Uma dessas práticas consiste na antiga prática pagã, da mutilação genital feminina, por vezes, errada-mente chamada “circuncisão feminina”. Esta prática teve origem no Egito, no Vale do Rio Nilo e áreas circundantes, onde ainda hoje é praticada.
A sua prática é comum entre vários grupos étnicos, de uma grande diversidade de crenças, em várias partes de África, especialmente na África do Norte. Muitas mulheres Africanas são vítimas deste costume bárbaro, horrível e degradante.
A mutilação genital feminina é uma abominação, totalmente proibida pelo Islão.[2] É lamentável verificar que, apesar de proibida, determinados grupos étnicos mantêm ainda esta prática, mesmo depois de terem aderido ao Islão, levando a que certas pessoas a considerem uma prática Islâmica.
Atualmente, à medida que estas pessoas obtêm um melhor conhecimento do que é o Islão, vão abando-nando esta cruel prática pagã.
A circuncisão masculina, contudo, é uma prática claramente Islâmica, tendo sido, de facto, ensinada pelos Profetas e Mensageiros de Deus, incluindo o Profeta Abraão[3] (a.s. = paz esteja com ele).
Há que distinguir mutilação genital feminina da circuncisão masculina.
O racismo e todas as formas de fanatismo ou preconceito são também proibidos pelo Islão. Todas estas práticas são contrárias à lei Islâmica, sendo da responsabilidade de todos os Muçulmanos erradicá-las das suas sociedades.■
[1] Infelizmente, o facto de se tratar de um país “Muçulmano”, não significa necessariamente que o governo ou o povo obedeçam à lei Islâmica (Chariah).
[2] Precisamos distinguir imediatamente o que é norma do Islão e permitir, aos diferentes povos que aderem ao Islão, conservar os seus costumes, na medida em que, estes, não sejam contrários aos princípios e aos valores Islâmicos. Foi assim que o Islão aceitou a conservação dos costumes de excisão feminina. Esta excisão é, de facto, uma circuncisão, ou melhor, uma meia circuncisão, visto que não se trata senão da ablação de meio prepúcio que cobre a parte anterior da glande do clitóris. Convém, pois, não confundir esta excisão, com a ablação do clitóris (clitoritomia), a qual é rigorosamente proibida no Islão. Nos primórdios do Islão, o Profeta (p.e.c.e) encontrou-se, um dia, na presença de uma mulher que excisava uma menina e que lhe disse: «A circuncisão é um exemplo profético a seguir pelos homens e uma coisa apenas recomendável para as raparigas: raspa, não suprimas; a face embelezar-se-á e o marido ficará feliz». Este «embelezamento da face da esposa» é uma expressão típica do pudor Islâmico; significa que o prazer da mulher aquando da união sexual não será senão maior, de onde a alegria recíproca do seu esposo.
Como o podemos constatar, a verdade mesmo relativa ao respeito e à felicidade da mulher está nos antípodas das calúnias trazidas contra esta prática Islâmica, aliás, muito pouco utilizada. Assim sendo, é verdade que a ablação do clitóris se pratica ainda hoje em muitas regiões do mundo, e o mesmo para certas muti-lações sexuais ainda mais importantes; e, infelizmente, pode-se encontrar nessas regiões povos mais ou menos islamizados, que, injustamente, mantiveram tais costumes degenerados e em total infracção aos princípios do Islão; em tais casos, no entanto, não é ao Islão que é preciso incriminar mas, pelo contrário, é «a falta do Islão» daqueles que concretizam estes atos revoltantes.
[3] O Profeta Abraão (a.s.) é o Enviado Divino que veio restaurar o Culto Monoteísta puro (dïn hanïf) para o ciclo pós Dilúvio que é o nosso. Ele é o exemplo do crente perfeito, em quem a natureza primordial do homem (fitrat) está inalterada; natureza segundo a qual Deus criou o ser humano de acordo com a Sua própria Natureza (cf. Alcorão, 30:30). Apenas o ser que assim restaura completamente a pureza da sua natureza original está, verdadeira e inteiramente, consagrado ao seu Senhor. Por isso Deus disse: «Vós tendes um bom exemplo em Abraão...». (Alcorão, 60:4).
No exemplo de Abraão, que os Muçulmanos são ordenados a seguir através de muitas palavras Alcorânicas e proféticas, encontra-se a circuncisão masculina. Se esta circuncisão (kitan) é, geralmente, reconhecida como sendo uma medida eficaz de higiene, ela não é, no entanto, mais do que isso. Ela desempenha, de facto, um papel no conjunto dos rituais de purificação que permitem ao homem restaurar em si a sua perfeição original.
Certos sábios Muçulmanos em matéria de religião consideram a circuncisão masculina como obrigatória (wájïb), outros consideram-na sunna muakkada (prática profética insistentemente recomendada). ■
A Mulher no Islão
Homens e mulheres são iguais perante Deus, e responsáveis pelos seus próprios actos. De modo idêntico, e uma vez no Além, ambos são recompensados pela sua fé e boas acções. Pois o Alcorão diz, textualmente:
— «Jamais deixarei perder a obra de qualquer de vós, seja homem ou mulher: procedeis uns dos outros». (3:195).
— «E quem quer que faça boas ações, seja homem ou mulher, e seja crente, entrará no Paraíso e não será prejudi-cado nem em tanto como num arranhão sobre o caroço de uma tâmara». (4:124).
— «E elas (as mulheres) têm os mesmos direitos sobre eles, como eles os têm sobre elas». (2:228).
— «Os crentes mais perfeitos são os melhores em conduta, e os melhores de entre vós são aqueles que são melhores para as suas esposas». – (Ibn Hambal).
— «Quanto mais cívico e amistoso for um muçulmano para com a sua esposa, mais perfeita é a sua fé» – (Tirmizi).
Assalamu Aleikom Jumua 22/03/2013 - Jumua Mubaraka Inshallah
Um comentário:
Gostei. Porém, se é assim, porque não vemos uma posição esclarecedora, frequente e inequívoca por parte do Islão / Mesquitas a divulgar efectivamente estes preceitos?
Um abraço.
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