segunda-feira, fevereiro 13, 2012

Dia dos Namorados

Em nome de Allah Senhor dos Mundos!

Outro dia fui interrogado por uma pessoa que me perguntou se os muçulmanos também comemoram o dia dos namorados. Essa data e comemorada no Brasil no dia 12 de junho. Como não sou versado na Chariah (Leis Islâmicas), me recorri a um amigo moçambicano que me repassou um artigo escrito por sua Eminência Sheikh Aminuddin Mohamade, um grande sábio islâmico e um dedicado servo de Allah SW. Vejam nas palavras do Sheikh o pensamento do islam sobre o assunto.

Há entre nós, variadas práticas que florescem na base da ignorância e influências exteriores. Tais práticas são seguidas, por serem considerados actos culturais aceitáveis, ou por se considerarem das melhores, já que são importadas.

A maioria das pessoas que se envolve nessas práticas não tem consciência do que está a fazer. Essas pessoas simplesmente seguem ou praticam tudo isso de forma cega, já que os outros a quem eles seguem, também o fazem cegamente. Talvez nem sequer se apercebam que as práticas que eles consideram simples costumes, possam ter raízes no paganismo, que os símbolos que adoptam possam ser símbolos de descrença, e que as ideias que tomam por empréstimo possam ser produto de práticas que atentam contra a religião.

Sempre que se aproxima o catorze de Fevereiro, os comerciantes começam a sua campanha sobre o Dia de S. Valentim, chamado o Dia dos Namorados, e muitos jovens muçulmanos também aderem a isso.

Será que os que praticam isso sabem quem é S. Valentim? Será que sabem por que é que esse dia é observado?

Há muitas versões acerca deste dia, mas uma coisa é clara. O Dia de S. Valentim começou como um ritual pagão praticado pelos romanos no século IV AC, para honrar o seu deus Luperco. A atracção principal desse ritual era uma lotaria para proporcionar aos jovens de ambos os sexos “entretenimento e prazer” até ao evento do ano seguinte.

O Cristianismo tentou, mas sem sucesso, parar com esta detestável celebração da Lupercália. Inicialmente trocou a lotaria de nomes de mulheres por outra de nomes de santos, com o objectivo de ao longo do ano seguinte os jovens rapazes seguirem o exemplo dos santos cujos nomes eles tivessem sacado na lotaria. Portanto, a ideia era de as pessoas poderem preservar a aparência, de um mal popular, e assim, de algum modo transformá-lo para servir o objectivo da virtude. Mas a Igreja fracassou, pois os cristãos acabaram por fazer em Roma e outras partes, o que os romanos faziam. O único sucesso que tiveram foi o de mudar o nome de Festival de Luperco para Dia de S. Valentim, padre italiano que ficou mártir cerca do ano 270 DC. E essa mudança foi feita no ano 496 da era cristã, pelo Papa Gelásio, em honra de S. Valentim.

Nas lendas cristãs houve muitos valentins. Porém, dois deles foram os mais famosos, apesar de as suas vidas estarem também envoltas em mistérios. 

Segundo uma lenda que parece estar mais em consonância com a verdadeira natureza desta celebração, S. Valentim era o santo dos namorados (dos amantes), assim designado por na época o rei de então, ter proibido os jovens de se casarem, por se estar em guerra, e recear que estando casados ficassem ao pé de suas esposas, furtando-se de ir para frente de combate, e S. Valentim ter ocultamente celebrado muitos casamentos desses jovens, o que lhe valeu a reclusão, acabando ele mesmo por se apaixonar pela filha do seu carcereiro. 

Hoje esse dia se transformou numa grande ocasião para se ganhar dinheiro, e desde esse dia a “Indústria de S. Valentim” está a prosperar. São os lojistas, os restaurantes e grupos de negociantes informais que preparam brindes e organizam jantares para os abastados celebrarem uma superstição de um período distante, um período de ignorância e de paganismo, apesar de o seu nome ter mudado. 

Nós os religiosos, não podemos estar indiferentes perante estas práticas supersticiosas e de paganismo, pois o Isslam é muito sensível na manutenção da sua pureza. 

De facto, Satanás é demasiado astuto, pois usa muitas formas de desviar o Ser Humano, ainda que seja necessário recorrer a nomes de santos, pois ele jurou montar emboscadas contra o Homem, de todas as direcções. Imagine-se nesse dia (ou noite), quantos actos de adultério serão cometidos em nome de um santo que nem sequer se chegou a casar ou mesmo namorar. 

Não há religião nenhuma no Mundo que permite o adultério! 

Consta na Bíblia, S. Mateus, 27 – 30: 

27) – “Ouviste o que foi dito: não cometerás adultério. 

28) – Eu, porém, digo-vos que todo aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração. 

79) – Portanto, se a tua vista direita for para ti origem de pecado, arranque-a e lance-a fora, pois é melhor que percas um dos teus órgãos, do que todo o teu corpo ser lançado à geena. 

80) – E se a tua mão direita for para ti origem do pecado, corte-a e lance-a fora, porque é melhor que percas um só dos teus membros, do que todo o teu corpo ser lançado à geena”. 

E consta no Al-Qur’án, Cap. 17, Vers. 32: 

“E não vos aproximeis do adultério. Sem dúvida, isso é um ato vergonhoso e um mau caminho (para se seguir)”. 

Mas afinal qual é a religião dos que promovem com tanto esforço esse tipo de eventos degradantes? A quem é que adoram? A Deus ou ao dinheiro? Se for a Deus, então Ele já deu a conhecer o seu parecer nos versículos da Bíblia e do Al-Qur’án. 

O Al-Qur’án ao dizer: “Não vos aproximeis do adultério” quis logo de início, remover não só as causas originais, mas também todas as possíveis causas que possam criar o mal na sociedade humana. 

Por isso, o Isslam não permite que os muçulmanos observem o Dia dos Namorados, pois desencoraja o livre contacto entre homens e mulheres estranhos, isto como forma de controlar os impulsos indesejáveis. Proíbe tais forças instigadoras, que podem desempenhar um papel desastroso, pois degeneram a mente do homem e da mulher com fraca crença. 

A maior parte da depravação moral e do estado viciado da sociedade moderna, resulta do grande défice de atenção a esses ensinamentos. 

O Homem não sabe o que é bom ou mau para si, pelo que se torna imperativo que procure a orientação divina e siga-a. 

Na religião, o namoro, o sexo e os seus preliminares, só são permitidos dentro do casamento, isto como uma medida de protecção à mulher, para que não seja usada, nem abusada. 

Esta posição circunscreve o sexo a um espaço próprio relativamente a outras necessidades humanas como o conforto social, a segurança e o companheirismo. 

Infelizmente, há entre nós gente que se deixa tomar pelo complexo de inferioridade. Gente que acha que só se é civilizado quando se assimila tudo o que vem do Ocidente, ainda que seja mau, imoral e vergonhoso, julgando que isso é que é sinal de progresso. Mas essa gente deve saber que a força do Ocidente não vem dos atos imorais e vergonhosos, nem resulta do ateísmo, mas sim, a sua força e brilho se deve à ciência, à tecnologia, e à sua entrega ao trabalho árduo, nos quais os ocidentais apostaram fortemente. 

Eles lançam sempre no mercado um novo produto, seja modelo de avião, de bomba, de roquete, de míssil, de carro, de telemóvel, etc. É com esses lançamentos de novos produtos e com o trabalho abnegado, que eles vão progredindo, contrariamente a nós os outros que nada fazemos. Simplesmente continuamos consumidores do que eles vão produzindo, condenando-nos assim a sermos eternamente escravos das nossas paixões.


Por: Sheikh Aminuddin Mohamad
Fonte: Al Madinah

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