quinta-feira, fevereiro 15, 2018

A Morte no Islam

Todos os Louvores são para Deus, o Senhor do Universo, que criou a vida e a morte, para pôr à prova, quem de nós prática as melhores ações, A Paz e Bênção de Deus estejam sobre o profeta Muhammad, através de quem deus salvou-nos da perdição, tirando-nos da ignorância, guiando-nos para a senda reta, libertando-nos assim do abismo do inferno, e nos colocando no grupo da melhor comunidade que já existiu sobre a terra. E que as Bênção de Deus recaiam sobre os seus companheiros (sahabas) e seus seguidores até o dia do Juízo Final. 

Os ensinamentos relativos a morte, ao morto (mayet) e a família enlutada contidos no Islam, são suficientemente elucidativos para o verdadeiro crente que procura guiar-se convenientemente nessas ocasiões. Durante a vida do Profeta Muhammad (que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele); naturalmente morreram muitas pessoas, entre muçulmanos e não-muçulmanos, uns em campo de batalha, outros por enfermidades, uns deixando tristes os seu familiares e outros que nem familiares tinham, uns que deixaram muitos bens que foram depois distribuídos entre seus herdeiros, e outros que morreram sem deixar sequer o suficiente para suportara as despesas de seus próprios funerais. 

Em todas aquelas circunstâncias, o Profeta Muhammad(que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele); foi sempre o seu guia, orientado-os à luz da Chari’ah (lei islâmica) para que aplicassem em cada situação as medidas corretas dentro do espírito que sempre norteou a sua missão; o de ensinar a todos a viver no mundo de acordo com a vontade de Deus. 

O Profeta Muhammad(que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele); acompanhava-os nos momentos de felicidade e de tristeza, nos casamentos e nos falecimentos, visitava os doentes, prepara a mortalha (cafan) para os defuntos, participava nos funerais, apresentava suas condolências, visitava os túmulos, repartia a herança, instruía os familiares do falecido nos pagamentos da divida deixadas pelo mesmo, procurava o bem estar das viúvas, dos órfãos e da família enlutada, enfim deixou-nos um código completo oral e pratico relativo a morte. 

Nesse código Divino revela-se que cada passo foi tomado em consideração aos sentimentos e emoções naturais e as necessidades humanas, para a família enlutada há uma consolação completa justa, para o morto (mayt), encontramos no código, o respeito e a honra total acima de tudo, o meio para a aquisição da Paz e do sossego eternos, ensinamentos simples e honrosos, e até hoje insuperáveis por qualquer outra civilização do mundo. 

Os Sahabas (companheiros do profeta), aprenderam esse código, aplicaram-no durante a sua vida e transmitiram-no oralmente e na prática aos outros, conservando-se integralmente até hoje nos livros de ahadith (ditos e praticas). 

O Salatul Janaza (oração fúnebre); é um Fardh Kifayah, uma obrigação imposta a todos os muçulmanos presentes, isto é que tomarem conhecimento do falecimento de um muçulmano.

No Salatul Janaza, o ato específico é o Duá para o morto, que confere grandes recompensas a quem o prática e inúmeros benefícios ao morto, e também é uma forma de prestarmos a nossa ultima homenagem para o morto. 

Entre alguns costumes banidos pelo islam esta o de chorar, lamentar e demonstrar pesar excessivo pelos mortos. Os ensinamentos do Islam sobre a morte é de que ela não é a aniquilação do individuo, que o elimina da existência, e sim que é uma passagem de uma vida para outra’e por mais que se possa lamentar, nada trará os mortos de volta à vida ou modificara o decreto de Deus, Altíssimo. Aquele que crê deve receber a morte, do mesmo modo como recebe qualquer outra calamidade que possa atingi-lo, com paciência e dignidade, repetindo o versículo alcorânico: ‘’Somos de Deus e a Ele retornaremos.’’ (2:156) 

A certos atos de se prantear os mortos que são terminantemente proibidos para os muçulmanos, não se permite ao muçulmano usar faixas de luto, desfazer-se de adereços ou modificar as suas vestes habituas para representar o pesar e a tristeza, como por exemplo, o uso de roupas negras (ou de qualquer outra cor, a qual a intenção seja representar o luto), como sinal de luto é proibido pelo islam, mesmo no caso de uma viúva por seu marido. Em contra-partida, entretanto, a esposa deverá observar um período de luto (‘iddah) de 4 meses e 10 dias, em memória de seu finado esposo por lealdade aos sagrados laços do casamento, esse período é considerado uma extensão de seu anterior e não é permitido a ela receber novas propostas de casamento durante esse período. Caso contrario o luto não pode ser maior do que 3 dias. 

O Luto é uma demonstração sublime de tristeza e magoa que afeta alguém, homem ou mulher, pela morte de outro, como conseqüência das suas relações naturais, no Islam o luto é regulamentado, e o luto por um período maior do que 3 dias, seja por quem for, foi rigorosamente proibido pelo Profeta Muhammad (que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele); com a exceção da mulher a quem foi conferido o direito de guardar um período maior pela morte de seu marido como foi mencionado acima. 

As condolências de acordo com a sunnah do Profeta Muhammad (que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele); ‘’As condolências são dadas aos familiares enlutados dentro de três dias e três noites depois do falecimento.’’

E fórmula usada é: "Possa Deus dar-vos recompensa abundante e grande consolo, e concessão d e perdão para o falecido." 

O qual a resposta deve ser: ‘’Que Deus ouça a vossa prece, e tenha piedade de nós e vós.’’ 

Os costumes comuns na realização da reunião, durante a qual o alcorão é recitado nas três noites a seguir a morte, e do arranjo da celebração do luto e reuniões especiais no dia da morte, ou no terceiro dia depois dela, ou no quadragésimo dia, ou no aniversário da morte, são todos proibidos e praticas de inovação que o povo tem introduzido, e não tem qualquer base no alcorão, na sunnah do Profeta, ou na prática do Sahabas, evidentemente não é proibido fazermos ‘’duás’’ (preces), todos os dias pela alma dos de nossos parentes já falecidos, de modo simples, sem reuniões ou celebrações espalhafatosas. 

A visita das sepulturas é louvável, o profeta Muhammad(que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele); costumava visitar as sepulturas e recomendava aos seus companheiros que fizessem o memso a fim de se lembrarem da sua morte com uma lição. 

A visita (ziarat) das sepulturas foi instituído com o fim de nos dar lições, de nos fazer meditar sobre o nosso fim, enternecer os nossos corações, para que possamos fazer preces em favor do falecido, pois a melhor prenda que um vivo pode dar a um morto é o duá (prece) e o pedido de perdão (isthighfar) que por ele faz à Deus. 


A pessoa que visita a sepultura deve dizer: ‘’ A Paz esteja contigo, ó crentes muçulmanos que morais aqui, nós estaremos, se Deus quiser, reunidos convosco. Rogamos a Deus que a nós e a vós conceda o bem-estar e o perdão.’’ 


Ë recomendado orar pelo perdão e clemência de Deus para os mortos, contudo é absolutamente proibido desejar que o morto responda sr orações de alguém, ou invocar o seu auxilio, ou solicitar a intercessão, acariciar o tumulo, com as suas mãos, andando em volta deles, e praticas similares de superstição, também são proibidos, todas estas ações são abomináveis e heréticas, as quais conduzem a idolatria e a negação da absoluta unicidade de Deus. 


Para aquele que deseja visitar as campas deve saber que a sua visita deve estar enquadrada pelos limites prescritos no Islam: 

Não circundar ;

não se inclinar em sinal de respeito ;

não se prostrar ;

não beijar os túmulos, jazigos ou qualquer parte deles ;

não pedir absolutamente nada ao defunto, seja ele quem for o tumulo, pois isso é haram(ilícito) e idolatria ;

não ornamentar as campas ;

depois de visitar as campas, não sair recuando para evitar dar as costas ao tumulo, como forma de respeito; 

não colocar comidas ou bebidas junto as campas; não realizar festas de comemoração (da morte) junto as campas,

evitar todas as formas de (Bid’ats) inovações. 

O Islam ensina que as sepulturas devem ser simples, infelizmente, nos nossos dias, contra a Chari’ah Islâmica, verificamos que na maior parte dos casos, não há grande diferença entre um cemitério islâmico e outro não-islâmico, a não ser o da cruz sobre o tumulo. 

O Duá é um ato unanimemente aceito, pois consta explicitamente no Alcorão e no hadith e ninguém pode conscientemente recusa-lo, o Salatul Janaza em sé também é um duá e o Profeta Muhammad (que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele); considera a sua realização como um dos deveres de um muçulmano para com outro. 

‘’O que devemos fazer a favor de outro morto a todo momento, consoante a capacidade e possibilidade individual, é o que lhe trará beneficio e Sawab(recompensa), são os ibdah’s e atos virtuosos como por exemplo o duá,(prece), o istighfar(perdão) em favor do morto, o Tilawat do Alcorão (individualmente), a oferta de Sawab a ele em qualquer dia, a prática da caridade e do hajj por ele e etc..., com a esperança de que isso chegue a ele na sua vida de Barzakh (a vida intermediaria entre esta vida e a outra.’’ (Hassanain Muhammad Makhluf; Mufti do Egito- já falecido) 

Além do duá e das obras atrás mencionados, outras narrativas do hadith, vêm esclarecidas outras ações benéficas das quais um morto pode beneficiar-se, como é o caso do Hajj, da Umra e da caridade que praticados e se queira dedica-los em sufrágio á alma de alguém. 

As narrações aqui mencionadas são pontos unânimes em que não transparecem quaiquer dúvidas, pois estão esclarecidos no hadith, que é o critério que deve se seguido depois do Alcorão.

Quanto a recitação do Alcorão para o beneficio de um morto, é incontestavelmente uma prática estranha e não consta no Alcorão e nem no hadith, isto é não foi recomendado nem praticado pelo Profeta Muhammad (que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele); e nem pelo seus Sahabas (companheiros), que são o critério da verdade. 

‘’De entre as boas ações (que fez nesta) que vão se juntar (beneficiar) ao crente depois de sua morte, constam: 

O Ilm(conhecimnto) que ensinou e expandiu;

Um filho piedoso que deixou;

A herança em exemplares do Alcorão que deixou;

Uma Mesquita que construiu;

Uma estalagem para viajantes que construiu;

Um canal de água que fez correr;

A caridade durante a sua vida e enquanto gozou de saúde, praticou com a sua riqueza.’’ (Dito do profeta Muhammad; que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele). 

‘’Quando o ser humano morre, cessam todas as suas ações exceto em três casoso, se em vida tiver deixado:

Sadaka Jariah; obras de utilidade pública;

Ilm benéfico;

Um filho piedoso, que constantemente faça duá a seu favor.’’ (Dito do profeta Muhammad; que a Paz e Benção de Deus estejam sobre ele).

A VIDA APÓS A MORTE

A Morte 

Antes de iniciar a falar da morte propriamente dita, vamos observar o sono que, na verdade, se assemelha demais à morte, tanto que os sábios muçulmanos a chamam de "a morte pequena". Deus diz no Alcorão Sagrado: 

"Deus recolhe as almas, no momento da morte e, dos que não morreram, ainda, (recolhe) durante o sono. Ele retém aquelas cujas mortes tem decretadas e deixa em liberdade outras, até um término prefixado. Em verdade, nisto há sinais para os sensatos." (39ª Surata, versículo 42) 

Por esse versículo podemos verificar que Deus recolhe as nossas almas durante o sono, retornando-a ao nosso corpo, caso ainda não tenha chegado a hora da nossa morte, fazendo com que reassumamos as nossas funções nesta vida.

Como os Muçulmanos Vêem a Morte?

Os muçulmanos crêem que a presente vida é apenas uma prova e preparação para o próximo reino da existência. Os artigos básicos da fé incluem: O Dia do Juízo Final, a Ressurreição, o Paraíso e o Inferno. Quando um muçulmano morre, ele ou ela é lavado/a usualmente por um membro da família, enrolado num tecido limpo branco, e enterrado com uma simples prece, preferivelmente no mesmo dia, Os muçulmanos consideram isso um dos atos finais que podem fazer por seus parentes, e uma oportunidade para se lembrarem da sua breve existência aqui na terra. O Profeta Muhammad ensinou que três coisas podem continuar auxiliando uma pessoa mesmo depois da morte: a caridade que ela fez, o conhecimento que ela transmitiu e as orações que são feitas por um filho virtuoso pela alma dos pais. Diz Deus no Alcorão: ''Toda alma provará o gosto da morte...'' 

Todo ser criado por Deus experimentará o sabor da morte.

"Toda alma provará o sabor da morte e, no Dia da Ressurreição, sereis recompensados integralmente pêlos vossos atos; quem for afastado do fogo infernal e introduzido no Paraíso, triunfará. Que é a vida terrena, senão um prazer ilusório?" (3ª Surata, versículo 185) 

"Tudo quanto existe na terra perecerá. E só subsistirá o Rosto do teu Senhor, o Majestoso, o Honorabilíssimo." (55ª Surata, versículos 26-27) 

A hora em que o ser humano morre se dá no exato momento em que foi decretado por Deus, o Altíssimo, sem se antecipar nem adiar em nada. 

"Não é dado a nenhum ser morrer sem a vontade de Deus; é um destino prefixado. E a quem desejar a recompensa terrena, conceder-lhe-emos; e a quem desejar a recompensa da outra vida, conceder-lha-emos, igualmente; também recompensaremos os agradecidos." (3ª Surata, versículo 145) 

"Cada nação tem o seu termo e, quando se cumprir, não poderá atrasá-lo nem adiantá-lo uma só hora." (7ª Surata, versículo 34) 

"Se Deus castigasse os humanos, por sua iniquidade, não deixaria criatura alguma sobre a terra; porém, tolera-os até ao término prefixado. E quando o seu prazo se cumprir, não poderão atrasá-lo nem adiantá-lo numa só hora." (16ª Surata, versículo 61) 

"Ó fiéis, que vossos bens e os vossos filhos não vos alheiem da recordação de Deus, porque aqueles que tal fizerem, serão desventurados. Fazei caridade de tudo com que vos agraciamos, antes que a morte surpreenda qualquer um de vós, e este diga: Ó Senhor meu, porque não me toleras até um término próximo, para que eu possa fazer caridade e ser um dos virtuosos? Porém Deus jamais adiará a hora de qualquer alma, quando ela chegar, porque Deus está bem inteirado de tudo quanto fazeis." E de nada valerá todos os nossos esforços em tentar fugir ou impedir a morte, porque ela nos alcançará aonde quer que nos encontremos e se dará no exato momento destinado por Deus, independente da nossa vontade, quer queiramos ou não." (63ª Surata, versículos 9-11) 

"Nós vos decretamos a morte, e jamais seremos impedidos." (56ª Surata, versículo 60) 

"Dize-lhes: Sabei que a morte, da qual fugis, sem dúvida vos surpreenderá; logo retornareis ao Conhecedor do cognoscível e do incognoscível, e Ele vos inteirará de tudo quanto tiverdes feito?" (62ª Surata, versículo 8) 

"Onde quer que vos encontrardes, a morte vos alcançará, ainda que vos guardeis em fortalezas inexpugnáveis..." E não nos foi dado o conhecimento de quando iremos morrer nem aonde. Este conhecimento é exclusivo de Deus o Altíssimo.'' (4ª Surata, versículo 78) 

"Em verdade, Deus possui o conhecimento da Hora, faz descer a chuva e conhece o que encerram os ventres maternos, Nenhum ser sabe o que ganhará amanhã, tampouco nenhum ser saberá em que terra morrerá, porque (só) Deus é Sapiente, Inteiradíssimo!" (31ª Surata, versículo 34) 

Quando chega a hora da morte o anjo da morte aparece para o crente numa forma bela dando-lhe a boa notícia do perdão de Deus para com ele. E para o descrente e o hipócrita, numa forma assustadora, anunciando a eles a ira de Deus para com eles. E então se dá a retirada da alma da pessoa pelos anjos da morte. 

"Ele é o Soberano absoluto dos Seus servos, e vos envia anjos da guarda para que, se a morte chegar a algum de vós, os Nossos mensageiros o recolham, sem negligenciarem o seu dever." (6ª Surata, versículo 61) 

A morte da alma se dá pela sua separação do corpo humano. No entanto, ela permanece inteira, não se desintegra, como ocorre com o nosso corpo físico quando somos enterrados.

Na hora da morte o diabo aparece para algumas pessoas, a fim de tentar levá-las para o inferno, aparecendo para o morto na figura de seus pais ou de pessoas próximas e queridas a ele, dizendo para que siga outra religião que não o Islam que ele será salvo. No entanto, caso ele aceite, nesse momento encontrar-se-á entre os desventurados. Por isso que o muçulmano sempre após as suas orações fazem Duás (súplicas, pedidos) a Deus para que Ele não nos faça passar por essa prova. 

"(Que dizem:) Ó Senhor nosso, não desvieis os nossos corações, depois de nos teres iluminado, e agracia-nos com a Tua misericórdia, porque Tu és o Munificente por excelência." (3ª Surata, versículo 8)

O Que Acontece No Túmulo Após Sermos Enterrados?

"Deus afirmará os fiéis com a palavra firme na vida terrena, tão bem como na outra vida; e deixará que os iníquos se desviem, porque procede como Lhe apraz." (14ª Surata, versículo 27) 

Quando morrermos, ficaremos num local ou estado chamado Barzack, que na língua árabe significa uma barreira, um obstáculo ou uma partição. É um local ou estado intermediário entre esse nosso mundo e o mundo definitivo, onde ficaremos após o julgamento do Dia do Juízo Final.

"A fim de eu praticar o bem que negligenciei! Pois sim! Tal será a frase que dirá! E ante eles haverá uma barreira, que os deterá até o dia em que forem ressuscitados." (23ª Surata, versículo 100)

Nós acreditamos que determinadas pessoas sofrerão o castigo no túmulo por assim merecerem. Esse castigo é sofrido tanto pela alma como pelo corpo. Mesmo aquelas pessoas que não foram enterradas por terem morrido queimadas, afogadas, ou coisas similares, caso estejam entre as pessoas merecedoras do castigo no túmulo sofrer-lo-ão.

Vida Após A Morte

A questão de haver vida após a morte não pode ser compreendida sob a ótica da ciência, já que esta é concernente apenas à classificação e análise dos dados da razão. Além disso, o homem tem-se ocupado com as investigações e pesquisas científicas, no sentido moderno do termo, somente nos poucos últimos séculos, conquanto esteja familiarizado com o conceito da vida depois da morte, desde tempos antigos. 

Todos os Profetas (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre eles), conclamaram seus povos para adorarem a Deus e crerem na vida após a morte. Imprimiam tanta ênfase na crença quanto à vida após a morte, a ponto de a mais leve dúvida a esse respeito significar a negação de Deus e fazer com que todas as outras crenças ficassem sem sentido. O próprio fato de que todos os profetas de Deus apresentaram essa questão metafísica, tanto confidencial quanto uniformemente, sabendo-se que o intervalo havido entre as suas épocas foi de milhares de anos, serve de prova de que a fonte do seu conhecimento da vida após a morte, como foi proclamado por todos eles, é a mesma, isto é, a revelação divina. 

Sabemos, também, que todos esses profetas de Deus sofreram grande oposição de seus povos, principalmente por causa da colocação de que há vida após a morte, pois seus povos julgavam ser isso impossível. Porém, apesar da oposição, os profetas granjearam muitos seguidores sinceros. A questão que se levanta é: o que fez esses seguidores esquecerem as crenças, as tradições e os costumes de seus ancestrais, além de correrem o risco de serem totalmente alienados de sua própria comunidade? 

A resposta simples é: eles fizeram uso das suas faculdades mentais e dos seus corações, e perceberam qual era a verdade. Por acaso, perceberam eles a verdade através da consciência perceptiva? Não foi assim, já que a experiência perceptiva da vida após a morte é impossível. Realmente, Deus concedeu ao homem, além da consciência perceptiva, a racional, a estética e a moral. São essas consciências que guiam o homem no que diz respeito às realidades que não podem ser verificadas através dos dados sensoriais. 

É por isso que todos os profetas, de Deus, quando conclamavam seus povos para acreditarem em Deus e na vida após a morte, apelavam para as consciências estética, moral e racional do homem. Por exemplo, quando os idólatras de Makka negaram até mesmo a possibilidade de haver vida após a morte, o Alcorão expôs a fraqueza das suas posições, apresentando argumentos bastante, lógicos e racionais em seu favor: 

"E Nos propõe comparações e esquece sua própria criação, dizendo: Quem poderá recompor os ossos quando já estiverem decompostos? Dize: Recompô-los-á Quem os criou a primeira vez, porque é Conhecedor de todas as criações... Porventura, Quem criou os céus e a terra não será capaz de criar outros seres semelhantes a eles? Sim! Porque Ele é o Criador por excelência, Onisciente!" (36ª Surata, versículos 78-81). 

Numa outra ocasião, o Alcorão diz, claramente, que os incrédulos não têm nenhuma base sólida para negarem a vida após a morte. Essa negação acha-se baseada em puras conjecturas: 

"E dizem: Não há outra vida além da terrena. Vivemos e morremos e não nos aniquilará senão o tempo! Porém, com respeito a isso, carecem de conhecimento e não fazem mais do que conjecturar. E quando lhes são recitados Nossos lúcidos versículos, seu único argumento é dizer: Ressuscitai nossos pais se sois verazes!" (45ª Surata, versículos 24-25). 

Certamente, Deus vai ressuscitar todos os mortos. Todavia, Deus tem o Seu próprio plano para as coisas. Virá o dia em que todo o Universo será destruído e novamente os mortos serão ressuscitados para comparecerem perante Deus. Esse dia será o princípio da vida que jamais findará, e nesse dia toda e qualquer pessoa terá a retribuição de Deus a quem fizer jus, de acordo com o que ele ou ela fizer de bom ou de mal. 

"Os incrédulos dizem: Nunca nos chegará a hora! Dize- lhes: Sim, por meu Senhor! Chegar-vos-á, do Conhecedor do incognoscível, de Quem nada escapa, nem mesmo do peso de um átomo, quer seja nos céus ou na terra, ou (nada há) menor ou maior que isso que não esteja registrado no Livro lúcido. Isso para certificar os fiéis, que praticam o bem, que obterão indulgência e magnífico sustento. Mas, aqueles que lutam contra os Nossos versículos, sofrerão um castigo e uma dolorosa punição." (34ª Surata, versículos 3-5).

A explanação que o Alcorão fornece acerca da necessidade de haver vida após a morte é aquela que a consciência moral do homem exige. Na verdade, se não houver vida após a morte, a própria crença em Deus torna-se irrelevante; ou até mesmo se alguém acreditasse em Deus, Este seria um Deus injusto e indiferente, uma vez que, tendo criado o homem, não Se preocupou com a sua sorte. Com certeza, Deus é Justo. Ele punirá os tiranos cujos crimes são incontáveis: matança de centenas de pessoas inocentes, criação de grandes corrupções na sociedade, escravidão de numerosas pessoas para servirem a seus caprichos etc. 

O homem, tendo um curto período de vida neste mundo e, também, este mundo físico não sendo eterno, as punições ou as recompensas iguais às más ou boas ações das pessoas não são possíveis aqui. O Alcorão declara muito enfaticamente que o Dia do Juízo Final deverá vir e que Deus decidirá sobre a sorte de cada alma de acordo com o registro das suas ações. 

O Dia da Ressurreição será o dia em que os atributos da justiça e misericórdia de Deus se manifestarão em toda a sua plenitude. Deus derramará Sua misericórdia sobre aqueles que sofreram por Sua causa na vida deste mundo, e creram que uma eterna bem-aventurança estaria à sua espera. No entanto, aqueles que injuriarem a generosidade de Deus, não ligando a mínima para a vida vindoura, estarão no estado mais miserável que houver. Fazendo uma comparação entre eles, o Alcorão diz: 

"Acaso, aquele a quem temos feito uma boa promessa e que, com certeza a alcançará, poderá ser equiparado àquele a quem agraciamos com o gozo da vida terrena? Aliás este, no Dia da Ressurreição, contar-se-á entre os que serão julgados." (28ª Surata, versículo 61). 

O Alcorão também declara que esta vida terrena é uma preparação para a vida eterna após a morte. Mas aqueles que a negam tornam-se escravos de suas paixões e de seus desejos, e zombam das pessoas virtuosas que são cônscias de Deus. Tais pessoas somente perceberão a sua estupidez quando chegar a sua hora de morrerem, e desejarão que lhes seja dada mais uma chance neste mundo; todavia, será em vão. O seu estado miserável na hora da morte, o horror do Dia do Juízo e a eterna bem-aventurança, que será garantida aos fiéis sinceros, estão admiravelmente mencionadas nos seguintes versículos do Alcorão Sagrado: 

"Quando a morte surpreender algum deles, este dirá: Senhor meu, manda-me de volta (à terra), a fim de eu poder praticar o bem que eu negligenciei! Pois sim! Tal será a frase que dirá! E ante eles haverá uma barreira que os deterá até o dia em que forem ressuscitados. Porém, quando for soada a trombeta, nesse dia não haverá mais linhagem entre eles, nem se consultarão entre si. Quanto àqueles cujas ações pesarem mais serão os bem- aventurados. Em troca, aqueles cujas ações forem leves serão desventurados e permanecerão eternamente no Inferno.'' (23ª Surata, versículos 99-104). 

A crença na vida após a morte não só garante o sucesso no mundo do além, mas, também, faz com que este mundo seja mais cheio de paz e de sucesso, tomando os indivíduos mais responsáveis e mais cumpridores de suas obrigações em suas atividades. 

Pensemos no povo da Arábia: jogatina, vinho, feudos tribais, pilhagens e assassinatos eram as suas principais normas, quando não tinham nenhuma crença na vida após a morte. Porém, tão logo aceitaram a crença em Um só Deus e na vida após a morte, transformaram-se na mais disciplinada nação do mundo. 

Abandonaram seus vícios, ajudaram-se uns aos outros nas horas da necessidade e resolveram todas as suas disputas na base da justiça e da igualdade. Semelhantemente, a negação da vida após a morte tem as suas conseqüências não apenas no mundo do além, mas, também, neste mundo. Quando uma nação, como um todo, a nega, todos os tipos de malignidades e corrupções passam a grassar, desenfreada- mente, na sociedade que mais tarde será destruída. O Alcorão menciona o fim terrível de Ad, de Samud e do Faraó, com certos detalhes: 

"Os povos de Samud e de Ad desmentiram a calamidade. Quanto ao povo de Samud, foi fulminado pela centelha! E quanto ao povo de Ad, foi exterminado por um furioso e impetuoso furacão, que Deus desencadeou sobre eles durante sete noites e oito nefastos dias, em que poderias ver aqueles homens jacentes como se fossem troncos de tamareiras caídos. Porventura, viste algum sobrevivente, entre eles? E o Faraó, os seus antepassados e as cidades nefastas disseminaram o pecado. E desobedeceram ao mensageiro de seu Senhor, pelo que Ele os castigou rudemente. Em verdade, quando as águas transbordaram, levamo-vos na arca, para fazermos disso um memorial para vós, e para que o recordasse qualquer mente atenta. Porém, quando soar um só toque da trombeta, e a terra e as montanhas forem desintegradas e trituradas de um só golpe, nesse dia acontecerá o evento inevitável. E o céu se fenderá, e estará frágil... Então, aquele a quem for entregue o seu registro na destra, dirá: Ei-lo aqui! Lede o meu registro; sempre soube que prestaria contas! E ele gozará de uma vida prazenteira, em um jardim sublime, cujos frutos estarão ao seu alcance. Comei e bebei com satisfação pelo bem que propiciasses em dias pretéritos! Em troca, aquele a quem for entregue seu registro na sinistra, dirá: Ai de mim! Oxalá não me tivesse sido entregue meu registro; nem jamais tivesse conhecido o meu cômputo; oh! Oxalá a minha primeira (morte) tivesse sido a anulação! De nada me servem os meus bens; minha autoridade se me desvaneceu!" (69ª Surata, versículos 4-29). 

Portanto, há muitas razões convincentes para crer na vida após a morte: 

1) Todos os profetas de Deus conclamaram seus povos para acreditarem nela.

2) Toda vez que uma sociedade humana foi construída, tendo essa crença como base, ela passou a ser a mais ideal e pacífica das sociedades, e ficou livre das maldades sociais e morais.

3) A história serve de testemunho: toda vez que essa crença foi rejeitada coletivamente por um grupo de pessoas, apesar dos repetidos alertas dos profetas, o grupo como um todo, foi punido por Deus até mesmo neste mundo.

4) As faculdades morais, estéticas e racionais do homem endossam a possibilidade de haver vida após a morte

5) Os atributos da justiça e da misericórdia de Deus não têm sentido se não houver vida após a morte.

O Homem: Corpo e Alma

O ser humano possui um corpo, com o qual se move e experimenta sensações. E possui uma alma, com a qual percebe, pensa, adquire conhecimentos, ama, odeia, entre outros. A origem do corpo é a terra, esta é uma afirmativa inequívoca, pois o ser humano logo ao morrer, tem o corpo decomposto em seus elementos originais, que não são diferentes dos demais elementos químicos que compõem o solo. Se tomarmos uma amostra de terra fértil e a analisarmos quimicamente, observaremos que a mesma é constituída de vários elementos.

Se fizermos a mesma experiência, utilizando, desta vez, uma amostra do corpo humano, concluiremos que este se compõe dos mesmos elementos. Os cientistas enumeraram os elementos que compõem o corpo humano, afirmando que o mesmo contém carbono em quantidade suficiente para fabricar nove mil lápis, fósforo suficiente para fazer duas mil cabeças de fósforo, além de ferro, potássio, sal, manganês, açúcar. Todos esses compostos estão presentes na crosta terrestre, quanto à alma, a sua natureza era e continua a ser objeto de controvérsias entre cientistas c filósofos, que não chegaram, ainda, a uma opinião definitiva! O Alcorão, o Livro Sagrado, dá uma resposta à polêmica, considerada um dos seus milagres: 

"Perguntam-te (ó Mensageiro) a respeito do espírito. Responde-lhes: O espírito é assunto exclusivo de meu Senhor e só vos foi concedido (ó seres humanos) uma ínfima parte do saber ." (17ª Surata, Versículo 85) 

A alma é, portanto, do conhecimento exclusivo de Deus, e ao homem não foram dados meios para chegar a este tipo de conhecimento, pois o seu horizonte de conhecimentos é muito limitado, e não conhece sequer a natureza da matéria; como poderia, então, aspirar ao conhecimento de um dos mistérios de Deus? 

Tudo que podemos saber, a respeito do espírito, é que o mesmo, ao ser insuflado no corpo, dá-lhe vida, percepção, consciência, pensamento, saber, vontade, livre-arbítrio, os faz experimentar sentimentos como o amor, o ódio, etc. 

E que o mesmo, ao abandonar o corpo, na hora da morte, o faz transformar-se em matéria inerte, exatamente como as demais materiais. É pelo espírito que o ser humano se diferenciou das demais criaturas do Universo e criou para si um mundo à parte. É por ele que Deus fez os anjos reverenciarem à Adão, e pôs a seu serviço muitas de Suas criaturas, e fez dele o seu legatário na terra. 

"Recorda-te de quando teu Senhor disse aos anjos. Criarei um ser humano de argila, de barro modelável. E, ao tê-lo terminado e insuflado nele de Meu Espírito.'' (15ª Surata, Versículo 28-29) 

Os sábios muçulmanos definem o espírito como uma essência que transcende a matéria e não é susceptível de análise ou decomposição, é a fonte da vida e o que dela decorre.

A Ciência Moderna

Todos os homens, independentemente de sua religião, acreditavam, de uma forma ou de outra, na existência do espírito. Esta era a situação, até que surgiu a ideologia materialista que reinou nos últimos três séculos, negando a dualidade da natureza humana e afirmando, com toda a força, que não há outro mundo além daquele ao alcance dos sentidos, e não há nada além da matéria, e que o espírito é uma utopia.

Esta ideologia ganhou muitos adeptos e contou com militantes entusiastas em todos os lugares, a ponto de apagar qualquer crença religiosa e eliminar todos os ensinamentos divinos, levando consigo as ciências. Mas Deus colocou, a serviço da verdade, sábios, que se dedicaram a desmistificar a verdade e a demonstrar, com provas irrefutáveis, a existência de um mundo espiritual, que os sentidos não alcançam.

O Espírito No Alcorão

Mencionado em muitas passagens do Alcorão e nos mais diversos contextos: 

"Deus recolhe os espíritos na hora da morte e , ainda, (recolhe) os que não morrem durante o sono. Então Ele retém aquele contra o qual decretou a morte, enquanto que libera o outro até um prazo prefixado." (39ª Surata, Versículos 42) 

O Alcorão menciona o espírito que ordena a obscenidade, o espírito que se auto-repreende, o espírito que se compraz, etc... Não se trata de divisões entre os espíritos, mas sim de estado de espírito. Assim, a alma, no caso da predominância das concupiscências o dos instintos naturais, ela se torna propensa ao mal. 

Mas quando a alma é alimentada e educada conforme os ensinamentos e princípios ideais, cria uma auto-consciência, que impulsiona o ser humano para a prática do bem e o afasta do mal. Quando o espírito alcança este nível de consciência e de auto- controle, apraz-se com o bem e detesta o mal.

O Espírito Após a Morte

Ao se separar do corpo, na hora da morte, o Espírito permanece consciente, ouve as palavras de quem visita o seu túmulo e o reconhece, responde à saudação e experimenta a sensação de felicidade do Paraíso ou o sofrimento do Inferno. 

Os sábios muçulmanos são unânimes em afirmar que o ser humano, imediatamente após a morte, é interpelado pelos anjos em seu túmulo: Tenha ele sido enterrado, consumido por algum animal feroz, cremado, transformado em pó ou afogado no mar, será interpelado sobre a sua obra. Ele é recompensado de acordo com ela: O bem pelo bem e o mal pelo mal. A felicidade ou a desgraça recaem sobre ambos, corpo e espírito.

A nossa fé nisso é baseada na informação dada pelo Mensageiro de Deus, e pelo Alcorão Sagrado. O fato de não termos condições de comprová-lo com experiências, ou que esteja além do alcance dos nossos sentidos não é motivo para descrermos do mesmo. A nossa fé, nesse caso, decorre do fato de termos plena convicção de que o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) é verídico e de que o Alcorão é a revelação de Deus, é o caso da nossa crença no Paraíso, no Inferno, na Ressurreição e nos demais artigos da fé, classificados como incognoscíveis: 

"Eis o Livro que é indubitavelmente a orientação dos tementes a Deus; que crêem no incognoscível, observam a oração e praticam a caridade com o que lhes agraciamos; que crêem no que te foi revelado (à Muhammad), no que foi revelado antes de ti e estão persuadidos da outra vida." (2ª Surata, Versículo 2-4)

Fonte:http://www.religiaodedeus.net/a_morte_no_islam.htm

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