«Acaso, não vos prolongamos as
vidas, para que, quem quisesse refletir, pudesse refletir, e não vos chegou o
admoestador?» — (Alcorão, 35:37).
Prezados Irmãos, Saúdo-vos com a
saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco),
que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância
entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.
O princípio básico é o de amar a
Deus sobre todas as coisas; mas para que seja completo deve continuar: E o seu
próximo como a si mesmo, por amor a Deus. Como resultado da crença em Deus e da
irmandade dos seres humanos, a humanidade deverá, necessariamente, viver uma
vida de amor, harmonia, cooperação e paz. Todas as leis de Deus foram reveladas
com o objetivo de enfatizar esta questão. Os Profetas de Deus, paz esteja com
eles, em épocas diferentes, mostraram à humanidade que a religião de Deus é
sempre a mesma, que os seres humanos são irmãos, sem qualquer inimizade ou
conflito entre eles, que o espírito de sua mensagem é sempre a mesma; que Quem
os criou foi Um e que o fundamento da sua religião é um só, sem possibilidade
de contradição ou diferença entre eles.
O Alcorão diz, textualmente:
"Deus prescreveu-vos a mesma religião que havia instituído para Noé, a
qual te revelamos, a qual havíamos recomendado a Abra- ão, a Moisés e a Jesus,
(dizendo-lhes): Observai a religião e não discrepeis acerca disso; na verdade,
os idólatras se ressentiram daquilo a que os convocaste. Deus elege quem Lhe
apraz e encaminha para Si o contrito". (Alcorão 42:13).
Este texto, sem dúvida alguma, é
um testemunho que a religião de Deus é a mesma, em todos os tempos; no Alcorão
há muitos exemplos a este respeito, tais como: "Na verdade,
inspiramos-te (ó Muhammad), assim como inspiramos Noé e os Profetas que o
sucederam; assim, também, inspiramos Abraão, Ismael, Isaac, Jacó e as tribos,
Jesus, Jó, Jonas, Aarão, Salomão, e concedemos os Salmos a David".
(Alcorão 4: 163) . "Dize: Cremos em Deus, no que nos tem sido
revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacó e às tribos;
no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos Profetas por seu
Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles, e nos submetemos a Ele".
(Alcorão 2:136).
Quem ler o Alcorão poderá ver que
as Suras (Capítulos) mais largos do Alcorão enobrecem e dignificam a Jesus e a
Virgem Maria. O Alcorão também menciona e esclarece alguns dos milagres de
Jesus e narra outros milagres que não se encontram no próprio Evangelho, como por
exemplo, pássaros feitos de barro aos quais, Jesus deu vida por meio de um
sopro, com a permissão de Deus, e também menciona o fato de que Jesus falou
para as pessoas desde o berço. Em outros dois longos Capítulos do Alcorão
se referem a Jesus: o primeiro é "Maria” (surata 19) e o segundo é
"A Família de Imran"(surata 03), que era a família de Maria.
Nestes capítulos nos é dito como Maria, que era imaculada, deu à luz
a Jesus e como foi também uma concepção imaculada: "E recorda-te
de quando os anjos disseram: Ó Maria, é certo que Deus te elegeu e te
purificou, e te preferiu a todas as mulheres da humanidade! Ó Maria,
consagra-te ao Senhor! Prostra-te e genuflecte, com os genuflexos! Estes são
alguns relatos do incognoscível, que te revelamos (ó Muhammad). Tu não estavas
presente com eles (os judeus) quando, com setas, tiravam a sorte para decidir
quem se encarregaria de Maria; tampouco estavas presente quando rivalizavam
entre si. E quando os anjos disseram: Ó Maria, por certo que Deus te anuncia o
Seu Verbo, cujo nome será o Messias, Jesus, filho de Maria, nobre neste mundo e
no outro, e que se contará entre os diletos de Deus. Falará aos homens, ainda
no berço, bem como na maturidade, e se contará entre os virtuosos". (Alcorão
3: 42-46).
O Alcorão se dirige aos
adeptos do Livro (Judeus, Cristãos) para mostrar claramente a alta posição que
Jesus ocupa perante Deus: "Ó adeptos do Livro, não exagereis em
vossa religião e não digais de Deus senão a verdade. O Messias, Jesus, filho de
Maria, foi tão-somente um mensageiro de Deus e Seu Verbo, com o qual Ele
agraciou Maria por intermédio do Seu Espírito. Crede, pois, em Deus e em Seus
Mensageiros e não digais: Trindade! Abstende-vos disso, que será melhor para
vós; sabei que Deus é Uno. Glorificado seja! Longe está a hipótese de ter tido
um filho. A Ele pertence tudo quanto há nos céus e na terra, e Deus é mais do
que suficiente Guardião." (Sagrado Alcorão 4: 171).
Os Muçulmanos acreditam que
Jesus foi tão somente um Profeta de Deus, conforme também referido no
Evangelho: — Segundo S. Mateus 21:10-11: «Quando Jesus entrou em Jerusalém,
toda a cidade ficou agitada e perguntava: "Quem é este?" A multidão
respondia: "Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia". — Segundo
S. Lucas 24:19: «"O que aconteceu com Jesus de Nazaré"!
Responderam eles. "Ele era um profeta, poderoso em palavras e em obras
diante de Deus e de todo o povo”». — Segundo S. Lucas 13:33: «Mas preciso
prosseguir hoje, amanhã e depois de amanhã, pois certamente nenhum profeta deve
morrer fora de Jerusalém!» — Segundo S. Lucas 7:16: «Todos ficaram
cheios de temor e louvavam a Deus. "Um grande profeta se levantou dentre
nós", diziam eles. "Deus interveio em favor do seu povo"». —
Segundo S. João 6:14: «Depois de ver o sinal milagroso que Jesus tinha
realizado, o povo começou a dizer: "Sem dúvida este é o Profeta que devia
vir ao mundo"». — Segundo S. Marcos 6:4: «Jesus lhes disse: "Só
em sua própria terra, entre os seus parentes e em sua própria casa, é que um
profeta não tem honra"».
Os Muçulmanos acreditam que
Jesus é um servo de Deus, conforme referido no Evangelho segundo S. João
13:16, no Evangelho segundo S. Mateus 12:18, nos Atos dos
Apóstolos (Versão Standard Revista) 3:13, Nova Bíblia Americana, 4:27, New King
James Version, 3:26, e Versão Internacional, 4:30).
Os Muçulmanos põem nomes aos
seus filhos e filhas Issa (Jesus) e Maryam (Maria), respectivamente. Estas
são as crenças que os muçulmanos são ordenados a crer sobre Jesus, que abrem os
seus corações a estes ensinamentos e facilitam a convergência e cooperação
entre muçulmanos e cristãos. E o Alcorão, mostra, claramente, que os
verdadeiros cristãos são os mais próximos dos muçulmanos devido a moral e as
virtudes que compartilham com eles, dizendo: “Encontrarás que os que estão
mais próximos em afeto aos que crêem são os que dizem: Somos cristãos. Isso é
porque existem padres e monges entre eles e não são soberbos”.
O Profeta Muhammad (p.e.c.e.)
disse: "Ó muçulmanos, conquistareis o Egito, quando o fizerdes, devereis
ser gentil com os cristãos!". O quarto califa, Ali (r.a.), costumava
dizer aos cristãos: "Nós não queremos evitar que acrediteis no
cristianismo, mas sim, que deveis obedecê-lo" e há inúmeros exemplos
como estes.
O próprio Profeta Muhammad
(p.e.c.e.) fez da sua Mesquita em Medina, um local de culto para os seus
hóspedes cristãos! E quando os muçulmanos fizeram da grande Mesquita
Omíada, em Damasco, um templo comum para muçulmanos e cristãos, que
entravam pela mesma porta, mas tinham a Mesquita dividida em dois, onde
costumavam fazer as orações.
Este foi o resultado inevitável
do entendimento, a proximidade e a relação que existia entre estas duas
religiões reveladas, naqueles tempos. Eles coincidiam em propósitos e objetivos,
e não havia oposição na sua essência e origem. É bem conhecido, a este
respeito, que Omar (r.a.), o segundo Califa, quando ele entrou em Jerusalém,
recusou a oferta para fazer a oração no Santo Sepulcro, para evitar que os
muçulmanos, no futuro, tentassem converter a Igreja ou parte dela, em uma
Mesquita.
O último Profeta de Deus,
Muhammad (p.e.c.e.), ordenou aos muçulmanos para serem amáveis com os judeus
e os cristãos, porque eles eram os seguidores das duas religiões reveladas
anteriormente. E ele disse: "Quem causar mal a um cristão ou a um judeu
será meu inimigo no Dia do Juízo e pagará por isso", e disse: "Sede
amáveis com os cristãos".
Se a humanidade em geral não é
capaz de se livrar de seus preconceitos e trabalhar pela tolerância religiosa,
a situação será terrível e Deus nos repreenderá no Além, por cada um de nossos
erros, por nosso fanatismo e discórdia, pois são estas as que aumentam a
devastação, a agonia e derramamento de sangue.
Wassalam.
M. Yiossuf Adamgy – 29/12/2016
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