O Isslam é uma religião natural, daí as suas leis não colidirem com a natureza humana. E é por isso que ela (a religião) tem uma atracção para as gerações humanas que vierem até ao Fim do Mundo, de maneira que a Humanidade nunca se sinta limitada na busca das suas soluções no Isslam.
O Isslam nunca descurou a componente ligada às necessidades humanas decorrentes da sua natureza e instinto, o que jamais vai mudar, ainda que decorram séculos ou milénios. A natureza e instinto humanos que o primeiro Homem tinha, continuam sendo os mesmos de hoje, e continuarão para sempre.
O Isslam não negligenciou nem deu liberdade total ao Ser Humano no que respeita ao seu instinto e às exigências naturais. Todavia, definiu limites que têm por objectivo moderar as forças animalescas lactentes no Homem, pois de contrário, se forem deixadas descontroladas podem criar egoísmo, barbárie e derramamento de sangue por todo o lado.
Portanto, o Isslam sempre recomendou o meio-termo, condenando de forma clara e inequívoca o extremismo seja no que for, pois tudo tem um limite já que, quando algo ultrapassa os seus limites, causa estragos.
O Isslam tomou em consideração as qualidades e os instintos animalescos no Homem, não o privando totalmente dos prazeres ao ordenar o ascetismo que faria dele um simples ascético, nem fazendo dele uma simples besta que se entrega inteiramente à satisfação dos seus instintos e paixões causando danos não só a si mesmo, mas também e sobretudo aos outros.
O Criador estabeleceu um sistema justamente equilibrado para a satisfação dessas forças inatas, tomando em consideração os desejos carnais, e ao mesmo tempo impedindo que o Homem se transforme numa besta, num selvagem.
O Isslam nunca defendeu que a pessoa deve passar toda a noite na oração, privando o seu corpo do descanso, que aliás é um direito seu, natural, nem diz que a pessoa deve jejuar toda a vida, enfraquecendo o seu corpo de maneira que não possa cumprir com as suas obrigações e responsabilidades familiares ou sociais, e nem diz que na busca da perfeição espiritual a pessoa se deve abster de casar, tornando-se celibatária aliás, considerou o casamento como uma tradição dos profetas. E disse que nenhuma pessoa tem o direito de fugir da vida e das suas exigências.
O Isslam estabeleceu as regras de como passar a vida, definindo os limites de cada acção, e considerando um acto de desobediência alguém transpor esses limites. Não tolerou as relações ilícitas entre o homem e a mulher, e impôs limites e restrições, pois nisso há benefícios para a Humanidade.
A imposição destas restrições tem por objectivo impedir que o Homem satisfaça as suas necessidades como um animal (besta), podendo sim satisfazê-las dentro dos níveis da nobreza humana estabelecidos pelo Criador para um Homem perfeito, e tomar em consideração esses limites que, caso sejam negligenciados, o Homem sai do grupo dos humanos e fica associado ao grupo dos animais, pois o objectivo da vinda do Ser Humano ao Mundo não se limita ao comer, ao beber, à satisfação das suas paixões, e à procriação, pois os animais irracionais já fazem isso sem quaisquer restrições.
Supondo que o comer, o beber, a satisfação das paixões e a procriação constituem os objectivos da vinda do Ser Humano ao Mundo, então ele reduzir-se-ia ao nível dos animais, e quiçá tornar-se-á mais baixo ainda do que eles, pois sem juízo o prazer que se sente na satisfação dessas necessidades é maior do que com juízo, já que para se sentir o prazer no comer, no beber e no procriar basta o instinto animalesco, não sendo necessário que se tenha capacidade de raciocínio.
Se o objectivo da vida se limitasse a isso, então não seria necessário que fossemos dotados da capacidade de pensar.
O animal, por ser irracional consegue usufruir do máximo de prazer na comida, na bebida e no prazer sexual sem as preocupações do passado, nem o medo do futuro. Mas o juízo do Homem priva-o do prazer ao se recordar das aflições do passado, e das preocupações do futuro.
Por exemplo, um pai que tenha perdido, vítima de morte por acidente ou qualquer outra causa, um filho jovem, sofrerá sempre, até à sua morte este trauma, ao se recordar da perda do seu filho, e por vezes não sentirá prazer na comida só de se lembrar dos momentos em que no passado juntos tomavam as suas refeições.
Um animal não tem preocupações do passado, do presente, nem do futuro, e então nesse aspecto o Homem seria pior que os animais.
Portanto, Deus não nos dotou da faculdade de raciocínio para satisfazer essas necessidades, mas sim para a usarmos nas opções. Cabe agora ao Homem utilizá-la no bem ou no mal, por opção própria e não por ser forçado como o são as outras criaturas.
A recompensa e o castigo que enfrentaremos no Outro Mundo, decorre dessa opção. Se alguém faz um bem é porque o quis fazer, e se faz um mal é porque optou por tal.
[Shk. Aminuddin Muhammad, aos 4 de Agosto de 2016]
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