Prezados Irmãos,
Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.
In ch’Allah, hoje é o último Jummah (última sexta-feira) antes de entrarmos no mês Sagrado de Ramadan. A luz de Jummah, a gratidão e a humildade acompanham as últimas horas do bendito mês de Sha’bán. Despedimos só o fugaz das suas horas, seus dias e noites e conservamos o mel e a piedade de Sha’bán. Deus (ár. Allah) abriu as comportas do Seu perdão sanador e absoluto através do seu último Profeta Muhammad ﷺ e revelou o coração profético como uma veneração aberta, directamente sobre o oceano da Sua misericórdia. Convidou-nos a beber ali do anel que produz o Seu amor. Sha’bán é intimidade e proximidade com o Profeta do amor. Cada vez que permitimos à bondade e à gentileza expressar-se em nós, cada vez que olhamos sem juízos nem con-denações, cada vez que acariciamos ou abraçamos livres da pretensão de submeter ou possuir, cada vez que a prostração e o louvor foram a voz do coração… estivemos no santuário da presença profética.
Chegamos diante da porta magnífica de Ramadão. Marhaba ya Ramadán Karim. Na noite do início de Ramadão, a paixão cega e os sussurros desinte-gradores serão encadeados e negar-se-á o seu fogo a permissão de queimar. Qualquer dureza ou nega-ção da alma podem ser diluídas na piedade magni-ficente deste mês. As portas do tesouro completo da graça divina permanecerão, de par em par, sem guardiães, sem obstáculos, nem prova. A Gene-rosidade Divina transbordará em chamamentos à alma: convida-a, oferece-se, responde, acolhe, preserva, acaricia. É o magnífico despertar do verdadeiro ser humano — a possibilidade de reconhecer-se a si mesmo como os influxos e refluxos dinâmicos da Essência Divina — que ocorre durante o mais sagrado mês de Ramadão com a suavidade que se experimenta e é própria só do Paraíso… Os portais da eternidade abrem-se sem restrição no reino do tempo… o Alcorão, de facto, descendeu escondido entre as suas noites sagra-das… fresco… pleno… curativo. Ramadão é um estado de consciência em que a generosidade ilimitada da Essência Divina se desprega aberta-mente a si mesma…
Ya Rahman. Ya Rahman. Ya Rahman.
Ramadão é o tempo da comunidade e da contem-plação profunda. O mês para a actividade bondosa e incansável desse corpo místico que foi ascendido e deslumbrado com a consciência da sua identidade verdadeira no mês de Rajab. Que foi logo sanado, vivificado e com poderes no anel do coração profético através da súplica de Rassul’Allah (Mensageiro de Deus) ﷺ e da resposta divina de total perdão que trouxe Sha’bán. E que agora pode erguer-se como esplêndido califa, como servo da misericórdia e do amor divino, como cuidador sensitivo e enternecido da criação, aguador dos rios do Paraíso…
O jejum de Ramadão não é um meio para pagar culpas, nem uma compensação oferecida a quem mantém entre as suas mãos de misericórdia a nossa alma. É uma formosa oferenda de amor, um acto de adoração e intimidade que em ocasiões nos exige um pouco mas que nos reúne com a sensível santidade da humanidade, com os servos, com o sangue que bombeia o coração profético. Allah desvela a dimen-são do jejum dirigindo-se directamente aos crentes:
«Ó VÓS que credes! Está-vos prescrito o jejum, tal como foi prescrito aos vossos antepassados, para que temais a Deus.
Jejuareis determinados dias; porém, quem de vós não cumprir jejum, por achar-se enfermo ou em viagem, jejuará, depois, o mesmo número de dias. Mas quem, só à custa de muito sacrifício, consegue cumpri-lo, vier a quebrá-lo, redimir-se-á, alimentando um necessitado; porém, quem se empenhar em fazer além do que for obrigatório, será melhor. Mas, se jejuardes, será preferível para vós, se quereis sabê-lo.
O mês de Ramadan foi o mês em que foi revelado o Alcorão, orientação para a humanidade e evidência de Orientação e Discernimento. Por conseguinte, quem de vós presenciar o novilúnio deste mês deverá jejuar; porém, quem se achar enfermo ou em viagem jejuará, depois, o mesmo número de dias. Deus vos deseja a comodidade e não a dificuldade, mas cumpri o número (de dias), e glorificai a Deus por ter-vos orientado, a fim de que (Lhe) agradeçais.
E quando os Meus servos te perguntarem, por Mim, dize-lhes que estou próximo e ouvirei o rogo do suplicante quando a Mim se dirigir. Que atendam o Meu apelo e que creiam em Mim, a fim de que se encaminhem». - Alcorão, 2: 183-186).
Recordemos, pois, que Allah nos conferiu a incomensurável e única honra de sermos servos da Sua Misericórdia, de formar parte da Ummah do seu Bem-amado e de ter-Se dirigido a nós e ter-nos dado um lugar no Alcorão.
Contemos ainda com outra bênção: uma vez, em cada ano, vem o mês de Ramadão, que no seu princípio é misericórdia, no seu meio é perdão e no seu final é a libertação de toda a negação. Quando o Ramadão chegar, apreciemo-lo, porque passa muito rapidamente. A própria vida passa também muito rapidamente. Não digamos: Ramadão virá de novo, porque um Ramadão que já se foi nunca regressará. O seguinte Ramadão será um diferente, precioso e tão único como este. E o Ramadão continuará vindo até ao Dia da Ressurreição, mas quem sabe se este poderá ser o último para algum de nós?”.
Numa tradição sagrada, Allah, o Único, afirma: “O jejum é para Mim, e Eu sou quem o recompensa.” O jejum tem inúmeras e maravilhosas estações e paragens. Não é algo estático, a sua graça e reali-dade transcende em muito o nível em que o corpo deseja alimento ou água. Está mais além do território do eu limitado que se irrita e arde. No centro do jejum está a alegria e o gozo. A ligeireza da entrega.
Numa das tradições o Bem-amado de Allah, o Profeta Muhammad ﷺ diz: “À minha comunidade foram outorgados cinco favores divinos que não foram dados a outra comunidade. O primeiro é que na véspera do primeiro dia de Ramadão, o mais Misericordioso dos misericordiosos olha, com compai-xão, aqueles da minha comunidade que estão jejuando. Nunca mais expõe ao seu tormento aqueles sobre quem este misericordioso olhar caiu. O se-gundo agraciado favor é este: Allah ordena aos nobres anjos que rezem pelo perdão em nome da comunidade de Muhammad. O terceiro é que o odor da boca de um crente jejuante seja mais querido a Allah que a essência do almíscar. O quarto é que se dê esta ordem ao Paraíso: ‘Embeleza-te e adorna-te para a comunidade de Muhammad’. Pois Allah disse: Dá aos meus servos que creem em Mim as boas novas de que eles são meus amigos. A quinta Generosidade Divina é que Allah perdoa a toda a comunidade de Muhammad que mantém o jejum.”
Ya Ramadán Karim, ya Allah, aceita-nos no sagrado deste tempo. Aceita a nossa intenção de nos entregarmos à graça de Ramadão por amor ao Profeta do teu Amor divino, e bendi-lo com a exaltação e a graça que reservaste para ele.
Ó Glorioso Alcorão! Suplicamos a Allah que nos revele a natureza da generosidade divina através da tua magnificente e poderosa Sura Rahman, para assim podermos abordar e abraçar a natureza de Rahman. Que não sigamos a nossa visão ou vontade limitadas. Que sejamos levados através dos portais reais do Sagrado Alcorão, que são precisamente os portais abertos do Paraíso, durante este mês bendito de Ramadan.
A terminar, desejando a todos os Muçulmanos um Próspero Ramadan, sugiro que ouçam este lindo e profundo QASSIDAH, na voz de Abdul Samad Ali, neste link:
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