O Isslam não se restringe apenas a um conjunto de rituais, pois vai muito para além disso. É um código de vida completo, que exige dos seus seguidores uma vida inteira passada em conformidade com as ordens do Criador, bem como com as orientações deixadas pelo Seu Mensageiro. Isto não se limita aos assuntos espirituais, estendendo-se também à vertente material da vida como por exemplo, em matérias relacionadas à nutrição e saúde. O Isslam transmite-nos orientações sobre o que se deve comer e vestir, bem como sobre o que se deve evitar. No capítulo dos alimentos o Al-Qur’án diz no Cap. 16, Vers. 114 – 115:
“Comei portanto, dos alimentos Halaal (lícitos) e bons que Deus vos deu, e agradecei o favor de Deus se é só a Ele que adorais.
Ele apenas proibiu-vos (de consumir) a carne do animal que morre de causas naturais, o sangue, a carne de porco, e o que é degolado em nome do quer que seja para além de Deus. Mas caso alguém se veja forçado (a comer dessa carne) pela necessidade, não o desejando, nem atravessando o limite (da necessidade absoluta, só para se manter vivo), então, Deus é Perdoador, Misericordioso”.
Deduzimos destes versículos, que podemos comer tudo o que é Halaal e bom, e que comidas sujas são Haraam (proibidas), mas que no momento de necessidade, para salvar a vida, se pode comer algo que seja Haraam.
Antes de mais temos que entender que só Deus tem a autoridade de declarar algo Halaal ou Haraam, pois nem mesmo os profetas têm essa autoridade.
Por isso Deus diz no Cap. 2, Vers. 168 do Al-Qur’án:
“Ó Homens! Comei do que há na Terra, que seja lícito, bom e saudável, e não sigais os passos de Satanás. Certamente ele é para vós, um inimigo declarado”.
Deus criou muita coisa na Terra, que pode servir de alimento para nós. Por exemplo, criou variedades de vegetais, de frutas e de cereais. Criou o leite, o marisco e o mel. Criou também vários animais de onde vamos buscar as carnes, tanto de quadrúpedes como de aves, de animais bravios, etc. A carne destes animais que Deus colocou à disposição do Ser Humano pode ser consumida (excepto a dos animais declarados Haraam), desde que sejam degolados em nome de Deus, derramando todo o sangue conforme as regras de Sharia.
Portanto, estes dois aspectos são a fórmula para tornar a carne Halaal.
É igualmente permitida a carne de caça, assim como consta no Al-Qur’án, Cap. 5, Vers. 4:
“Perguntam-te (ó Muhammad), o que é lícito para eles; Responde: ‘são lícitas para vós todas as boas coisas, e (é igualmente lícita) a caça trazida para vós por aqueles animais de caça (cães, aves) que vós treinastes e ensinastes daquilo que Deus vos ensinou’. Portanto, comei do que caçam para vós, e mencionai o nome de Deus sobre isso (isto é, ao soltar os animais de caça adestrados)”.
Portanto, todos aqueles que se sentem muçulmanos, antes de comerem carne devem procurar saber se tal carne é de algum animal ou ave Halaal, e se se aplicou sobre esse animal abatido a fórmula prescrita pelo Sharia.
Quanto à comida dos Adeptos do Livro (judeus e cristãos), consta o seguinte, no Cap. 5, Vers. 5 do Al-Qur’án:“Hoje são lícitas para vós, todas as boas coisas; E o alimento daqueles a quem foi dado o Livro, também é lícito para vós, e vosso alimento é lícito para eles”.
A comida deles é lícita para nós, nas mesmas condições impostas a nós, porque segundo a Bíblia, foram aplicadas as mesmas regras de Halaal e Haraam que constam no Al-Qur’án. Portanto, também para eles (cristãos e judeus) foi vedado o consumo de animal que tenha morrido de morte natural.
Consta na Bíblia, Levítico, 11; 39:“E, se morrer algum dos animais que vos servem de mantimento, quem tocar no seu cadáver será imundo até á tarde; Quem comer do seu cadáver lavará as suas vestes e será imundo até à tarde; E quem levar o seu corpo morto lavará as suas vestes e será imundo até à tarde”.
Consta também na Bíblia, Deuteronómio, 14; 21: “Não comereis nenhum animal morto”.
E sobre o porco, consta na Bíblia, Levítico, 11; 7 – 8: “Também o porco, porque tem unhas fendidas……; Este vos será imundo; da sua carne não comereis, nem tocareis no seu cadáver. Estes vos serão imundos”.
Ainda no Deutoronómio, 14; 8: “Nem o porco, porque tem unhas fendidas, mas não remoi; imundo vos será, não comereis da carne destes e não tocareis no seu cadáver”.
Mas os alimentos deles (judeus cristãos) só são Halaal para nós, se na comida confeccionada não tiver sido introduzido qualquer carne ou condimento Haraam como por exemplo, bebidas alcoólicas ou algum derivado de porco, pois tudo isso Deus declarou Haraam para eles também.
Portanto, se alguém de entre eles transgredir essas leis e não respeitar a proibição, e comer do Haraam, então tal comida não é lícita para nós.
Infelizmente hoje em dia, muitos não respeitam as regras impostas pela Bíblia, e consomem carne de porco, não abatem os outros animais lícitos em nome de Deus, e na preparação de alimentos usam o álcool, pois muitos deles até confessam serem ateus, portanto, não praticantes de nenhuma religião, pelo que não é lícito aos muçulmanos consumirem desses alimentos.
E se alguém estiver de viagem, deve optar por outras alternativas: mariscos, vegetais, etc.
A proibição tanto na Bíblia como no Al-Qurán, de consumo de porco e de qualquer animal morto de morte natural, tem por objectivo a defesa da nossa saúde, pois a carne desses animais pode ser prejudicial à nossa saúde, provocando assim graves doenças.
Ainda sobre os animais ilícitos, consta no Al-Qur’án, Cap. 5, Vers. 3: “É-vos proibido o animal morto, o sangue, a carne de porco, e os animais degolados sob invocação de outro nome que não o de Deus, o estrangulado, o morto por pancadas, ou por queda, ou por chifrada, (os restos) dos animais consumidos por feras (excepto o que degolastes de forma ritual, enquanto vivos), e o que foi sacrificado para os ídolos (nos altares); E (é proibido) fazer consultas à sorte através de setas (de adivinhação). Tudo isso é pecado”.
Portanto, a nossa religião está facilitada e não impõe dificuldades às pessoas, pelo que em caso de necessidade extrema, em que a pessoa não encontra alimentos Halaal correndo o risco de morrer, então aí a regra é a de excepção, pois a vida é só uma e é valiosa, sendo que a sua preservação constitui uma obrigação. Nesse caso, a pessoa poderá comer qualquer coisa que encontrar para salvar a sua vida. Sobre isto, o Al-Qur’án diz no Cap. 5, Vers. 3: “Mas quem na fome extrema for forçado (a comer do ilícito) sem se inclinar (intencionalmente) para o pecado (nem exceder o que é necessário) então (sabei que) certamente Deus é Perdoador, Misericordioso”.
Se alguém adoecer e o médico prescrever-lhe algum medicamento que contenha álcool ou qualquer outra substância ilícita, então, tratando-se de uma situação de necessidade, ele deve tomar esse medicamento e não pôr em perigo a sua vida, nem deixar que a sua saúde se deteriore.
Este é um ponto importante que os nutricionistas devem saber.
Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuh
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