quinta-feira, setembro 11, 2014

A L M A D I N A A LIBERDADE, O LAICISMO, E AS ELEIÇÕES DEMOCRÁTICAS

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 08.09.2014

Celebramos há dias mais um 7 de Setembro, data que marca os Acordos de Lusaka firmados no longínquo ano de 1974. A essência deste histórico acordo era o reconhecimento, pela primeira vez, pelo governo colonial, do direito dos moçambicanos de viverem livres e traçarem os seus destinos.

A liberdade é um direito fundamental e de nascença de cada Ser Humano, sendo por isso que cada um está preparado para sacrificar tudo o que possui, incluindo a vida, para alcançar esse direito. Foi por isso que os nossos pais, irmãos e compatriotas lutaram por esse objectivo, tendo-o conseguido, graças à Deus.

A religião e a reflexão também nos ajudam a libertarmo-nos das correntes da escravatura aliás, todos os profetas foram enviados para nos libertar do jugo e domínio de uns acima dos outros, e sermos servos apenas de Deus, e de mais ninguém.

O khalifa Ummar (R.T.A.) dizia: “Desde quando é que vocês têm o direito de escravizar as pessoas, quando as suas mães os pariram livres”? 

Depois da liberdade, todas as pessoas começam a pensar em estabelecer um código de vida, e é na base disso que o Homem livre edifica o seu sistema de governação.

O nosso caso de Moçambique não é diferente, dada a sua vastidão, a sua diversidade, a variedade de etnias, línguas, culturas, religiões, e onde os pensamentos e desejos são diferentes. Era necessário um sistema de governação que congregasse toda esta diversidade. Era imperiosa a implementação de um sistema em que ninguém ficasse lesado, nem se sentisse marginalizado, pois todos os seus filhos, independentemente da sua religião, etnia e religião, lutaram de modo igual para libertar a sua Pátria.

Por isso gostaria aqui de saudar e reconhecer a profunda visão dos líderes libertadores da Pátria em declarar o laicismo como sistema, pois seria difícil manter o País unido, e unir a sua população numa única ideologia e posição, com gente tão diferenciada, o que de alguma forma demonstra a sua maturidade política e capacidade de liderança.

Laicismo significa que o governo não tem nenhuma religião oficial, e trata todas as religiões e respectivos crentes existentes no País na base da igualdade e colaboração.

Laicismo também não significa promoção do ateísmo ou erradicação das diferenças religiosas e culturais de cada um.

Uma outra coisa boa implementada mais tarde foi a democracia, pois este é o melhor sistema de governação, pois é uma premissa para que o povo tenha melhor qualidade de vida.

A democracia é a última e mais bela esperança deste Planeta, e é sempre um slogan muito atractivo, particularmente para os países onde não há liberdade.

O então Presidente dos E.U.A. Abraham Lincoln definiu a democracia como: “Governo do povo; pelo povo; e para o povo” isto é, os representantes escolhidos do povo, governam consoante a vontade e constituição aprovada pelo povo.

Em democracia, não só o poder representa o povo, mas o poder supremo também está nas mãos do povo, e esse mesmo povo tem várias opções.

A isto podemos chamar eleições, pois nestas procura-se saber a vontade do povo, e todos os partidos concorrentes conseguem governar por turno, e é essa a essência da democracia.

Devido à falta de conhecimento, algumas pessoas pensam que os representantes do povo é que são os líderes do povo, mas na realidade, num sistema democrático a responsabilidade de liderança está no povo em geral. Para tal deve-se criar neles ideais democráticos e possibilidades para participarem activamente no sistema de governação, e criticarem o governo quando se revelar necessário. Todavia, a crítica deve ser construtiva e não destrutiva como alguns o fazem hoje em dia.

Temos que eliminar tudo o que possa perigar a nossa democracia, que se deve basear nos valores humanos, onde o princípio de “viver e deixar viver” está em primeiro lugar.

No processo democrático as eleições e as campanhas eleitorais também revelam um aspecto muito importante da natureza humana, o que o distingue do resto dos animais irracionais.

Como criaturas nós partilhamos com os demais animais as qualidades animalescas. Crescemos e vivemos na base das leis naturais que se aplicam aos corpos vivos, mas o que nos distingue deles é o siso, o discernimento.

Nunca vimos animais irracionais exigindo melhores condições de vida, melhor habitação, medicamentos para tratar os seus doentes, em suma, exigindo um futuro melhor. Os animais continuam a viver como viviam há milhões de anos, sem aspirações de melhoria da sua situação, enquanto nós, os humanos, tentamos sempre melhorar as nossas condições de vida. Cada geração tenta sempre viver melhor que a geração anterior.

Nunca vimos um animal a guardar comida para o dia seguinte. Nunca vimos um animal a insistir em comer quando já estiver saciado. Ele sempre come consoante a sua necessidade, e quando estiver saciado, pára. Mas o Ser Humano, mesmo depois de estar saciado, se lhe for apresentado algum prato bem decorado e lhe for dito: “Olha, este prato é bom, é diferente e melhor que todos os que já comeste. Experimenta”, acaba por comer.

Nunca vimos um animal a deixar de comer e de beber por estar zangado, ou triste por lhe terem tirado e degolado o seu filhote. Nem nunca vimos um animal, depois de as suas crias já estarem crescidas, querer que elas se mantenham ao pé de si para sempre, ou procurar saber onde estão os seus filhotes.

Porquê esta diferença? É porque os animais agem na base do instinto, enquanto que os humanos agem na base da opção.

Portanto, sejamos prudentes, e tomemos as melhores opções que nos forem apresentadas pelos vários partidos concorrentes às eleições, para assim conseguirmos alcançar um futuro risonho, ainda melhor que o passado.

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