No artigo de opinião, intitulado «Angola, a caminho de uma República Islâmica?», publicado na Revista ÁFRICA 21 - nº. 83, de MARÇO 2014, pág. 38/39, Alves da Rocha (joserocha.ucan@gmail.com), professor associado da Universidade Católica de Angola, entre outras afirmações, fez a seguinte:
«A palavra islão significa submissão total a Alá, seus princípios, suas regras e suas determinações que dão corpo ao que se pode considerar o fundamentalismo islâmico: submissão da mulher ...».
Conforme prometido na última reflexão (nº. 60), esta é um esclarecimento resumido ao Prof. Alves da Rocha, sobre à temática da “submissão da mulher no Islão”.
Por M. Yiossuf Mohamed Adamgy - Director da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán - alfurqan2011@gmail.com)
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Homens e mulheres são iguais perante Deus, e respon-sáveis pelos seus próprios actos. De modo idêntico, e uma vez no Além, ambos são recompensados pela sua fé e boas acções. Pois o Alcorão diz, textualmente:
— «Jamais deixarei perder a obra de qualquer de vós, seja homem ou mulher: procedeis uns dos outros». (3:195).
— «E quem quer que faça boas acções, seja homem ou mulher, e seja crente, entrará no Paraíso e não será prejudicado nem em tanto como num arranhão sobre o caroço de uma tâmara». (4:124).
— «E elas (as mulheres) têm os mesmos direitos sobre eles, como eles os têm sobre elas». (2:228).
O casamento é fortemente encorajado, constituindo, quer um acordo legal, quer um laço sagrado …crescei e multiplicai-vos… disse Deus (Génesis, 1:28). O Islão considera todas as mulheres, casadas ou não, indivíduos com os seus próprios direitos. Elas têm o mesmo direito que o homem de possuir bens próprios, ganhar dinheiro e gastá-lo. Os seus bens não passam obrigatoriamente a pertencer ao marido, após o casamento ou o divórcio, em termos religiosamente islâmicos, exceptuando acordos se-gundo o casamento civil, onde haja casamento com co-munhão de bens ou separação de bens, etc.
«Ó fiéis, não vos é permitido herdar as mulheres, contra a vontade delas, nem as atormentar, com o fim de vos apoderardes de uma parte daquilo que as te-nhais dotado, a menos que elas tenham cometido com-provada obscenidade. E harmonizai-vos entre elas, pois se as menosprezardes, podereis estar depreciando se-res que Deus dotou de muitas virtudes». (Alcorão, 4:19).
A mulher tem o direito de escolher com quem quer casar e, após o casamento, não altera o seu último nome, em virtude do respeito que tem para com a sua linhagem.
Economicamente falando, todos os homens e mulheres constituem uma entidade legal independente. Ambos têm direito a possuir bens próprios, envolverem-se no mundo dos negócios e a herdarem. O direito à educação é uma realidade para ambos os sexos, assim como o direito ao emprego, desde que os princípios Islâmicos não sejam violados.
A busca do conhecimento é uma obrigação para todo o Muçulmano, seja homem ou mulher.
Em sociedade, é também exigida a formação de profis-sionais de ambos os sexos, para benefício do público. Nesta situação, as linhas orientadoras do Islão deverão ser mantidas. Impedir que uma pessoa tenha acesso à educação vai contra os ensinamentos do Islão.
Os primeiros versículos do Alcorão Sagrado ordenam ao Profeta Muhammad (p.e.c.e.), bem como à sua Ummah (homens e mulheres), o seguinte:
«Lê em nome do teu Senhor que criou; criou o ser humano de um coágulo (algo que se agarra). Lê: e o teu Senhor é o mais Bondoso, que ensinou pela pena; ensinou ao ser humano aquilo que ele não sabia». (96:1-5).
Portanto, será extremamente difícil negar o facto de que o senhor Todo-Poderoso e Criador do Universo tenha começado a Sua Revelação Alcorânica pela seguinte ordem: “Lê”; ler, é indicativo da importante proeminência de adquirir conhecimento por todos os Muçulmanos — homens e mulheres. Acentuando o mesmo ponto, o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) disse:
— «A procura de conhecimento é um dever de todo o muçulmano (masculino e feminino)». – (Baihaqui).
— «Procurai o conhecimento desde o berço até ao túmulo» (Muçlim).
— «Os crentes mais perfeitos são os melhores em conduta, e os melhores de entre vós são aqueles que são melhores para as suas esposas». – (Ibn Hambal).
— «Quanto mais cívico e amistoso for um muçulmano para com a sua esposa, mais perfeita é a sua fé» – (Tirmizi).
O Machismo Masculino e o Mundo Muçulmano
São várias as pessoas que entendem o Islão como religião machista, que minimiza a mulher. Como prova do que afirmam, citam a condição feminina em alguns países Muçulmanos. O erro provém do facto de separarem a cultura de um determinado povo, dos verdadeiros ensinamentos da religião que esse mesmo povo pode professar. É espantoso que em muitas culturas mundiais, a opressão da mulher seja ainda uma realidade. Em vários países, a vida da mulher é horrível. Elas são dominadas pelos homens, sendo-lhes negados muitos dos direitos humanos básicos.
O Islão condena esta opressão. Trata-se de uma injustiça trágica culpar as crenças religiosas de uma religião por tais práticas culturais, quando os ensinamentos dessa mesma religião não convidam a tais comportamentos. Como atrás ficou citado, os ensinamentos do Islão proíbem a opressão feminina e enfatizam, de forma clara, que a homens e mulheres, é devido o mesmo respeito.
Infelizmente, certas pessoas associaram ao Islão, erroneamente, as práticas opressivas contra o sexo feminino, verificadas ainda em determinadas partes do Mundo.
Uma em cada três mulheres da União Europeia (EU) é vítima de abuso sexual, físico ou psicológico 04/02/14 http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=3719383&page=-1
Uma em cada três mulheres da União Europeia foi ou será vítima de pelo menos um episódio de abuso sexual, físico ou psicológico, conclui um estudo, alertando para os riscos que as novas tecnologias representam.
O maior estudo sobre violência de gênero alguma vez realizado na UE foi divulgado esta terça-feira pela Agência para os Direitos Fundamentais (FRA, na sigla em inglês), revelando a persistência do problema e um forte pendor de gênero: 97% das vítimas de violência sexual, física ou psicológica são mulheres.
"É uma chamada de alerta: a violência afecta praticamente todas as mulheres", disse à Lusa a investigadora Joanna Goodey, em Viena de Áustria, sede da FRA.
As mulheres foram questionadas sobre as suas experiências de abusos físicos, sexuais e psicológicos, em casa, no trabalho, na esfera pública e também no espaço virtual (perseguição e assédio através da internet).
Nos doze meses anteriores à realização do estudo — com 42 mil inquiridas nos 28 Estados-membros da UE —, 3,7 milhões de mulheres foram alvo de violência sexual e 13 milhões de mulheres foram vítimas de violência física.
Os resultados dizem ainda que a violação dentro do casamento não é uma raridade e que uma em cada cinco grávidas foi violentada pelo parceiro atual.
Estes e outros indicadores revelam "claramente" que "os direitos das mulheres da UE não estão a ser garantidos na prática", resume o estudo.
Joanna Goodey não tem dúvidas: "Se estes dados dissessem respeitos a um país fora da UE, haveria imensas declarações de indignação, mas isto é dentro da UE." (União Européia)
Considerando que o combate à violência de gênero "não está entre as prioridades" comunitárias, a perita lamenta que o tema esteja a ficar "fora de moda", com a UE a preferir fazer campanhas focadas "em áreas particulares da violência", que, sendo "muito importantes", afetam menos mulheres.
A FRA não se limita a analisar os dados, deixando algumas recomendações, nomeadamente para lidar com o número de mulheres que, sendo vítimas de violência física e/ou sexual, não contactam as autoridades.
A "grande maioria" das mulheres recorrem aos serviços de saúde quando querem denunciar um caso de maus tratos e, por isso, "os profissionais de saúde precisam de ser treinados para saberem ler os sinais", sublinha Goodey, recordando que os centros de apoio, como casas-abrigo, são "subfinanciados" e só existem na capital ou nas grandes cidades.
"O abrigo mais próximo pode estar a uma distância de quatro horas de carro, enquanto toda a gente sabe onde fica o médico mais próximo", compara, frisando que as mulheres inquiridas aprovaram, por "grande maioria", que os profissionais de saúde passem a incluir, nas consultas de rotina, perguntas sobre violência, quando observam sinais que a indiciam. "Não é um assunto de privacidade", frisa.
Uma das novidades da pesquisa é a inclusão de "novas ou recentes" formas de violência de gênero, que recorrem à tecnologia, concluindo que onze por cento das inquiridas foram alvo de "avanços inapropriados" nas redes sociais e através de mensagens escritas de telemóvel (sms) ou de correio electrónico (emails).
As mulheres entre os 18 e os 29 anos são mais vulneráveis, com 20 % das jovens a reportarem "ciberassédio", refere Goodey, recusando o argumento da "liberdade de expressão".
Depois venham alguns "fundamentalistas" ocidentais, como por exemplo Alves da Rocha, Prof. da Universidade Católica de Angola, dizer, na Revista África 21, que o Islão é que submete e maltrata as mulheres...■
Obrigado, boas leituras.
M. Yiossuf Adamgy - 03/04/2014.
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