O amor para com o não muçulmano
A Misericórdia de Deus e os valores islâmicos, grandes e sublimes, fazem do amor um espaço amplo que abarca todas as pessoas. O primeiro passo que conduz a este amor é abrirem uns aos outros as portas do reconhecimento.
Deus, Enaltecido e Glorificado, diz o que podemos traduzir como: "Homens! Criamos-vos a partir de um varão e de uma fêmea e fizemos-vos povos e tribos diferentes para que os reconhecêsseis uns aos ou-tros. E é verdade que o mais Nobre de vós perante Allah é quem mais o teme. Allah é Conhecedor e está perfeitamente informado". (Alcorão, 49:13).
"E não te enviamos senão como misericórdia para todos os mundos". (Alcorão, 21:107).
E permitiu ao muçulmano casar com uma cristã ou com uma judia ainda que uma parte das suas crenças contradiga o Islão e os hábitos dos muçulmanos. E sublinha que os cristãos são pessoas dignas de carinho.
"…. Entretanto encontrarás que os que estão mais próximos em afeto dos que acreditam são os que dizem: Somos cristãos". (Alcorão, 5:82).
Existem outros versículos que nos avisam que os casos de rejeição para com o outro (dos não muçulma-nos) não são comuns; também não se aplicam em todo o tempo.
Não se permite tratar como inimigos os que não exercerem inimizade contra os muçulmanos; também não se permite classificá-los como inimigos. Antes merecem outro tipo de tratamento: "Allah não vos proíbe que trateis bem e com justiça os que não vos tiverem combatido a causa da vossa crença nem vos tiverem feito abandonar os vossos lares. Certamen-te, Allah ama os equitativos". (60:8).
O Alcorão até abre as portas do bem, do carinho e do afeto perante os que se inimizam com os muçulmanos:
"Pode ser que Allah ponha afeto entre vós e os que deles tenhais tido como inimigos. Allah é Pode-roso e Allah Perdoa e é Compassivo".
E entre os comentários sobre este versículo está o seguinte: "O afeto Depois da rejeição, o carinho depois do ódio, e a concórdia depois da discórdia. Allah é Quem Pode unir as coisas espalhadas e dispersas. É Quem concilia entre os corações depois da inimizade e a dureza e os substitui pelo encontro e a concórdia”.
Shekîb Arsenal diz que o Ahmad Al Sharîf Al Senûsî disse-lhe que o seu tio, o professor Muhammad Al Mahdî Al Senûsî lhe dizia: "Nunca desprezes ninguém, seja muçulmano, cristão, judeu ou ateu. Talvez, por alguma coisa oculta, seja melhor perante Allah que tu. Tu não sabes qual será o seu fim".
Shekîb Arsenal comenta sobre estas palavras dizendo: "Sobre estas virtudes morais educaram os seus filhos e alunos, e de entre eles foram salientes personagens e heróis que enfeitam as páginas da História". Do Livro "O presente do mundo islâmico" – Parte 2 – Página 164.
A origem nas relações entre as pessoas, por diferentes que forem as suas nacionalidades e crenças, é o fato de se reconhecer, de ter misericórdia mútua, a cooperação, a amizade e a paz. A excepção é o estado de guerras e os combates, que são assuntos que produzem ódio. Esta excepção é temporal porque o ódio não permanece entre as pessoas, sejam quais forem as pegadas das guerras.
O mundo experimentou, quer nas passadas épocas quer nas recentes, muitos exemplos de guerras que tiveram lugar entre as tribos, os povos e as nações.
Entre um povo e outro, entre uma nação e outra numa certa época, mas foram seguidos por acordos de paz, pactos e cooperação…
Assim é a natureza da vida, uns ciclos consecutivos. O melhor das pessoas é utilizarem os ciclos do bem, dos acordos e da paz para o desenvolvimento dos factores do bem e do amor inculcando-os entre os indivíduos e os povos. Este é o caminho do Islão e este é o fundamento no Islão.
Allah é o Afetuoso, o Muito Misericordioso e Quem ama os equitativos e detesta os injustos. A justiça é o melhor pilar para o amor entre os povos.
O carinho entre o governante e o governado
Um dos pilares mais importantes do amor e da sua difusão entre a gente é a supremacia da justiça e da cultura da justiça. A justiça principia no círculo da família de dentro dos lares, entre todos os filhos e filhas, mulheres e homens, até atingir o cimo da pirâmide da sociedade.
Num dos ditos do Profeta (p.e.c.e.) vem: "Sede justos com os vossos filhos, sede justos com os vossos filhos, sede justos com os vossos filhos". O Profeta o repetiu três vezes sublinhando a importância da justiça, que contribui para divulgar o amor entre os pais e os filhos e logo entre os mesmos filhos.
O Profeta (p.e.c.e.) disse também: "Os teus filhos têm o direito de seres justo entre eles".
Uma vez o Profeta (p.e.c.e.) rejeitou testemunhar sobre as dádivas que alguns pais dedicaram a alguns filhos seus excluindo os outros. Disse-lhes: "Temei Allah e sede justos entre os vossos filhos".
Noutra ocasião disse: "Sede equitativos ao outorgar dádivas aos vossos filhos. Se eu tivesse preferido alguém, teria escolhido as mulheres". Fonte: Naylu-l-Awtar – Atingir a satisfação dos desejos - Por Al Shaw-kanî.
A justiça mais ampla é a justiça política. É a que diretamente conduz à justiça social, econômica e educativa. Quer dizer à justiça geral e global em todos os âmbitos da vida. Encarregam-se da responsabilidade deste tipo "os governantes" começando pelo cimo do país até o menor responsável na aldeia menor.
Na sociedade onde prevalece a justiça e funcionam as leis da equidade entre as pessoas predomina, por conseguinte, a cultura do amor e do afeto entre o governante e o governado, e entre os seus indivíduos em geral.
Neste contexto disse o Profeta (p.e.c.e.): "Os melhores governantes são os que amais e vos amam e lhes bendizeis e vos bendizem. Os piores são os que odiais e os odeiam e lhes maldizeis e vos maldizem". Os jardins dos Virtuosos- capítulo "O governante justo".
São palavras profundas e explícitas. Vislumbramos o seu efeito na relação que existe entre os povos com os seus governantes e no tratamento destes aos seus povos. A maioria dos povos islâmicos hoje odeiam e maldizem os seus governantes - salvo um número reduzido - porque são governantes que praticam a injustiça, a tirania e a corrupção. Consequentemente, o amor desaparece entre os dois lados e as relações convertem-se numa série de conflitos destrutivos. Não há esperança de sair deste labirinto enquanto não se faz a justiça política, social e econômica entre as pessoas.
"É verdade que Allah ama os equitativos". (Alcorão, 5:42). "Na verdade, Ele não ama os injustos". (Alcorão, 42:40).■
«Ó Deus! É de Ti que dependemos, é a Ti que recorremos, e é para Ti que todos nós regressaremos».— (Alcorão, 15:19).
Obrigado, boas leituras.
M. Yiossuf Adamgy
27/02/2014 - alfurqan04@yahoo.com
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