Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 17.02.2014
Arthur Robert Ashe Jr., lendário tenista afro-americano, nasceu e cresceu nos E.U.A. tendo-se tornado famoso pelo seu talento na arte de jogar ténis. Era presença infalível em Wimbledon, a chamada catedral do ténis mundial, onde vencia todos os opens.
Apesar de toda a sua fama e glória, ele padecia de sida, doença que o levou à morte. Na fase mais aguda da sua enfermidade, chegavam-lhe cartas de simpatia e encorajamento dos seus inúmeros fãs, de todas as partes do Mundo. Numa dessas cartas, a dado trecho um dos seus fãs escreveu: “Porque é que Deus teve de escolher a ti para esta doença tão má”?
A isso, Arthur Robert Ashe Jr. respondeu:
“Em todo o Mundo, cinco milhões de crianças iniciam-se na prática do tênis. De entre esses cinco milhões, cinquenta mil evoluem para o tênis amador. Destes, cinco mil frequentam os courts mais assiduamente. Quinhentos atingem altos níveis de performance que lhes permitem ganhar títulos de grande visibilidade. Cinquenta chegam aos courts da chamada grande catedral do tênis – Wimbledon. Destes cinquenta, apenas quatro chegam às meias-finais, reduzindo-se depois para dois que disputam a final, e apenas um conquista o grande cetro. Quando triunfantemente eu levantava a taça cada vez que ganhava, nunca perguntei: “Porquê eu”?
Hoje, na dor, não posso perguntar à Deus: “Porquê eu”? Ao invés disso, devo aceitar pacientemente a vontade de Deus e orar pedindo força e coragem perante esta adversidade. Devo igualmente demonstrar gratidão pelos 99,99% das coisas boas que tive na vida.
Quando oiço alguém a lamentar-se dizendo “a vida é dura”, pergunto sempre “É dura comparada a quê”? Chame os outros para o bem com prudência e bondade. Quando a vida te dá 100 motivos para chorar, mostre à vida que tens 100 motivos para sorrir.
Aprende do teu passado, encara o teu presente com confiança, prepara-te para o futuro sem medo, tenha fé em Deus e mantenha-O próximo de ti”.
Para além destas passagens temos muitas outras narrações que inspiram alguma perseverança, alguma paciência, alguma confiança e fé em Deus perante as doenças e adversidades, como é o caso do profeta Job mencionado, tanto no Al-Qur’án, como na Bíblia.
O episódio atrás mencionado só pode ser visto com um olhar de admiração. São poucas as pessoas que foram abençoadas para atingirem tal nível de fé e confiança, e que tornam insignificante a mais dolorosa e debilitante situação.
Tais pessoas não são movidas nem abaladas por nada. Enfrentam os desafios da vida de forma corajosa. Contudo, isso só pode acontecer quando começarmos a crer, e aceitarmos de todo o coração, que tudo na vida vem da parte de Deus.
Para os que assim acreditam, tudo é igual, pois não encontram diferença em termos de proveniência entre a adversidade e a prosperidade.
O Profeta Muhammad (S.A.W.) diz, quando descreve as qualidades do crente que quando é fustigado por alguma adversidade ou é bafejado pela sorte: “ É espantoso o caso de um crente que, quando a prosperidade o atinge, ele é grato, e quando a adversidade lhe chega, é paciente e perseverante. E esta qualidade é encontrada somente num crente”.
A vida é assim, pois tem altos e baixos, e Deus testa-nos a todo o momento para distinguir os verdadeiros dos falsos.
Deus não sobrecarrega quem quer que seja com um fardo que não possa suportar. Nenhuma coisa na vida é insuportável.
Os que acharam que podiam escalar o Monte Evereste até ao seu cume, conseguiram lá chegar, enquanto que, os que acharam que não podiam, que jamais chegariam lá, ficaram sempre para trás.
Nunca diga “porquê?”, pois isso só serve para abrir a porta à dor e ao desespero. Ao invés disso, aceite a vontade de Deus e peça o Seu apoio e intervenção. O “porquê” não resolve nada aliás, isso é questionar a autoridade de Deus.
O “porquê eu?” é uma pergunta que muitos de entre nós fazemos quando enfrentamos alguma aflição. Outros acrescentam dizendo “que mal fiz eu?”, como se fossemos anjos isentos de pecados, como se nunca tivéssemos praticado mal algum. Mas quando tudo está a correr bem, nunca perguntamos: “porquê eu, que bem é que eu fiz”?
Consta que um homem que trazia uma ligadura atada na testa foi ter com uma senhora santa, de nome Rabia, e esta perguntou-lhe: “Porque é que tens essa ligadura atada à cabeça”? O homem respondeu: “Sinto dores de cabeça desde ontem à noite”! Rabia perguntou-lhe. “Que idade tens”? Ele respondeu: “Tenho 30 anos”! Rabia perguntou-lhe: “Sofreste de dores de cabeça na maior parte da tua vida”? O visitante respondeu: “Não”! A visitada observou: “Deus manteve-te saudável ao longo de 30 anos. Porém, nunca amarraste uma ligadura de gratidão, mas só por causa de uma noite de dores de cabeça amarraste uma ligadura como sinal de lamentação”!
As bênçãos de Deus sobre os humanos são inúmeras, mas raramente nos lembramos disso, e só falamos das aflições, o que cria em nós um tipo de ingratidão para com Ele.
Geralmente, quando enfrentamos alguma aflição, ficamos desanimados e desesperados, mas quando Deus remove essa aflição, andamos como se nunca tivéssemos pedido algo à Deus. Em geral é esta a natureza do Ser Humano, salvaguardando claro, as excepções.
Jumua Mubaraka Inshallah!
Nenhum comentário:
Postar um comentário