Bismillah!
Os não Muçulmanos
A Humanidade toda Merece a nossa Moralidade
Como Tratamos aos Não-Muçulmanos
Shaikh Mohamad Al Ghazali
Tradução: Prof. Samir El Hayek
Toda religião possui seus símbolos característicos, que a distinguem das demais religiões.
Inquestionavelmente, há certos rituais fixos de culto no Islam, que foram feitos compulsórios aos seus seguidores. Além disso, há certos valores prevalecentes entre esses seguidores que não tem nenhuma relação com os não-muçulmanos.
Entretanto, os ensinamentos morais não se enquadram nessa categoria ou na esfera desse princípio. A todo muçulmano cabe igualmente a responsabilidade de usar de boas maneiras no trato com todos os cidadãos do país sem vacilar. E a todo muçulmano incumbe que ele seja honesto nos seus negócios com os não-muçulmanos. Qualidades virtuosas como a caridade, cumprimento das promessas, tolerância, decência, generosidade, cooperação etc., devem existir igualmente no relacionamento com outros muçulmanos ou com não-muçulmanos.
O Sagrado Alcorão nos ordenou de não nos envolvermos em disputas que possam gerar inimizades, conflitos ou mal-estar mútuos, nem com os Judeus nem com os cristãos. Ele diz:
“E não disputeis com os adeptos do Livro, senão da melhor forma, exceto com os iníquos, dentre eles. Dizei-lhes: Cremos no que nos foi revelado, assim como no que vos foi revelado antes; nosso Deus e o vosso são Um e a Ele nos submetemos.” (39ª:46)
E aos seguidores de Moisés e de Jesus perguntou-se, com expressão de espanto, se porventura eles se envolviam em tais disputas?
“Pergunta-lhes: Discutireis conosco sobre Deus, apesar de ser o nosso e o vosso Senhor? Somos responsáveis por nossas ações assim como vós por vossas, e somos sinceros para com ele” (2ª:139).
Há um incidente bastante conhecido da vida do Profeta, de que ele devia algo a um judeu. O Judeu exigiu o pagamento da divida, dizendo num tom bastante ríspido: “Ó filhos de Abdul Muttalib! Vós demorais desnecessariamente a pagar os vossos empréstimos.” Nessa ocasião Ômar ibn Al Khattab também se achava presente. Ele decidiu ensinar ao judeu, que havia assim insultado o Profeta, boas maneiras, e desembainhou a sua espada. Mas o Mensageiro de Deus silenciou Ômar dizendo: “Eu e ele ambos merecemos ser melhor tratados. Ensine a ele a exigir o dinheiro dele de uma maneira melhor e aconselha-me a reembolsá-lo de uma maneira mais elegante.”
O Islam ordenou que se tratasse com justiça e eqüidade até o inimigo, mesmo sendo ele um malfeitor ou um infiel. O Mensageiro de Deus disse:
“A súplica do oprimido é atendida. Se ele for mau e malfeitor, as más consequências lhe advirão.” (Ahmad)
Em ainda outra tradição se diz:
“Mesmo que o seu oponente for um incrédulo, não há nada que se ponha entre a prece dele e a resposta a ela. Abandonem as coisas duvidosas e adotem os modos que não deixem duvida alguma.”
A luz dessa autoridade e desses mandamentos, o Islam aconselhou seus seguidores a não maltratar seus opositores ideológicos ou religiosos.
Em relação à insistência para que se trate os seguidores das outras religiões com bondade, há ainda uma outra tradição:
Ibn Ômar diz que um cabrito foi abatido em sua casa. Ao voltar para casa ele perguntou se havia sido enviado um pedaço deste de presente ao vizinho, ou não. E mais adiante ele diz: “Ouvi o Mensageiro de Deus dizer que “Jibril“ vinha insistindo comigo regularmente, para que ele tratasse bem aos meus vizinhos, tanto que acabei por supor que o tal vizinho chegaria até a ser feito herdeiro (do meu espólio). (Bukhári)
Do mesmo modo, o Islam ordenou que seus seguidores fossem gentis para com os parentes, mesmo que estes tenham recusado esta religião que fizemos nossa. Portanto, seguir a Verdade não significa que podemos usurpar o direito dos parentes:
“...†comporta-te com eles com benevolência neste mundo, e segue a senda de quem se voltou contrito a Mim. Logo o retorno de todos vós será a Mim, e então, inteirar-vos-ei de tudo quanto tiverdes feito.” (31ª:15)
A†Necessidade da Moralidade Que Tem a Nação e o País
Este debate vinha discorrendo da importância da moralidade ao nível de indivíduos. No que tange a importância e necessidade de moralidade aos níveis público e coletivo, o Islam diz que o progresso e a sobrevivência das nações, a subsistência e o desenvolvimento das suas civilizações e culturas, e a consolidação do poder e da força delas, dependem da moralidade. Se o povo possui um bom comportamento moral, então encontrar-se-ão nele todas essas boas qualidades, mas se o caráter deles estiver em nível inferior, não demorarão a desaparecer o reino, e também suas leis.
“Nações vivem enquanto vive a moralidade delas. Quando declina o caráter moral delas, elas também declinam.”
Esta realidade está plenamente explicada em uma tradição na qual o Profeta diz ao povo de sua nação que, apesar de dominarem toda a Arábia, e estarem em condição de decidir o destino de todo o povo do país, uma vez que eles estão em elevada condição, seu poder só poderá ser conservado somente enquanto permanecer alicerçado no pilar da moralidade.Diz Anas Ibn Málik: “Estávamos sentados numa casa onde alguns membros dos Ansar e dos Muhajirin estavam presentes. O Mensageiro de Deus entrou no aposento e todos procuraram dar-lhe lugar junto do lugar onde estivessem acomodados. Diante disso, ele foi até a porta, e apoiando-se nela disse:
“Os líderes serão aqueles dentre os Coraix, e eu tenho um forte direito sobre vós assim como eles tem também um forte direito sobre vós de fazer o que acharem melhor. Quando lhes for exigido serem clementes, eles serão clementes.
Quando tiverem que emitir uma decisão, esta será baseada na justiça. E quando eles fizerem um pacto, eles o cumprirão fielmente. E aquele que não gostar disto, será amaldiçoado por Deus, pelos anjos e por toda a gente.” (Tabarani)
Esta tradição mostra inequivocamente que qualquer pessoa, comunidade, nação ou governo, seriam merecedores das honras e do respeito correspondentes ao tanto que representarem as melhores qualidades neste mundo e estiverem se esforçando por atingir metas mais elevadas.
Se um governo exibir os lábaros do Islam e do Alcorão, mas o povo não estiver contente com eles, por ele (o governo) não estar agindo com justiça, se não for atenciosos para com os necessitados e se não for cumpridor dos seus pactos (e tratados), dever-se-á então entender que neste governo, o Islam e o Alcorão não são senão nomes, e este governo carece dos valores Islâmicos essenciais e merece ser amaldiçoado de todos os cantos da terra e dos céus.
Hussein conta ter o Mensageiro de Deus dito:
Quando Deus quer tratar uma nação com bondade, Ele confia as suas rédeas ás mãos dos homens sábios, confere riquezas aos generosos; mas quando Ele quer tratar alguma nação severamente, ele entrega o controle dela nas mãos de tolos e a riqueza aos mesquinhos.” (Abu Daoud)
Uma narração sobejamente conhecida do Imame Ibn Taimiya, diz:
“Deus protege o governo amante da justiça, mesmo que seja dos incrédulos, e destrói o governo tirano, mesmo que seja o governo de muçulmanos.”A do Livro Sagrado e da Sunna (tradição), a moralidade e a religião perfeita é também o mundo perfeito. Se qualquer nação perder sua honra na vista de Deus, ou não tiver mais o respeito do seu povo, assim acontece porque ela perdeu seu bom caráter moral e tornou-se desprovida de características decentes e dignas.
São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)
يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ
......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!
Mohamad ziad -محمد زياد
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