Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 13.08.2012
O Ser Humano vive permanentemente envolvido numa batalha, cujo inimigo, de forma silenciosa, vai gradualmente arrancando dele a coisa mais valiosa que Deus lhe deu.
O que é tão irónico quanto trágico, é que ele nem sequer se apercebe da grande perda que sofre diariamente. Isso é trazido à nossa atenção de forma bastante eloquente no Al-Qur’án, quando Deus descreve a alternância do dia e da noite, e que cada novo dia ou noite significa perda de tempo, perda de parte da nossa vida.
Estávamos à espera do Ramadhaan, que veio e já se vai embora. Dentro de dias iremos celebrar Eid. Cada Ramadhaan que passa, leva com ele parte da nossa vida, colocando-nos mais próximos à nossa sepultura.
O Ramadhaan e o Eid transmitem-nos apenas uma única mensagem, de forma bem expressiva. A nossa vida assemelha-se à uma vela que se extingue com o sopro de vento repentino, ou como um cubo de gelo que exposto ao Sol se derrete.
O Isslam dá grande ênfase ao tempo e à sua importância, em muitos versículos do Al-Qur’án, e também nas narrações do Profeta Muhammad (S.A.W.).
É no mês de Ramadhaan que comemoramos mais um aniversário da revelação deste grandioso Livro. E é neste mesmo Al-Qur’án que Deus, em vários versículos jura pelo tempo. Não só jura pelo tempo, mas jura também pelos objectos que são usados para medir a passagem do tempo.
Para o crente, cada Ramadhaan significa um tempo para reflexão, tempo para a mudança, de uma vida de desobediência para uma vida de sujeição e respeito a Deus e Seu Mensageiro. Um tempo em que a sua vida conhece algumas emendas. Portanto, esse tempo valioso deve ser usado para o nosso benefício espiritual e não em seu detrimento. O tempo não é como as outras coisas valiosas do Mundo, pois o tempo perdido jamais pode ser recuperado, enquanto que muitas das outras coisas podem ser recuperadas.
O Eid-Ul-Fitr marca o fim do jejum do sagrado mês de Ramadhaan, sendo um momento de alegria e festejo na companhia de familiares, pais, amigos, vizinhos e da comunidade em que vivemos.
Os muçulmanos têm um motivo para festejar o dia do Eid, pois o jejum liberta-nos da ganância, do individualismo, e da rotina de vida obstinada com o consumo sem limites.
É no mês de Ramadhaan que o treino espiritual se torna mais intenso, operando transformações a todos os níveis, seja individual, familiar, ou colectivo.
Foi um momento de intensa disciplina pessoal, de reflexão, de abstinência e de reforma, para restaurar o equilíbrio e a proporção nas nossas vidas.
Perdoar e ser perdoado é um dos aspectos mais importantes de todas as religiões, e foi no mês de Ramadhaan que intensificamos as nossas preces procurando o perdão de Deus, estando também inclinados a sermos mais indulgentes para com a nossa família, amigos e outras pessoas.
Um dos atributos de Deus é “Perdoador”, pelo que devemos também perdoar aos que de alguma forma nos ofenderam ou prejudicaram. De facto, é algo difícil dizer “desculpa” aos que nos ofenderam ou prejudicaram, pois é preciso muita coragem para isso. Imagine-se o fardo das pessoas incapazes de perdoar, por estarem acorrentadas ao peso de um coração que não pode perdoar. Sem dúvidas que isso é bastante doloroso espiritualmente.
Sair do Ramadhaan com um coração capaz de perdoar aos que nos fizeram mal, é de facto muito libertador.
O jejum do Ramadhaan liga-nos à Deus através da caridade, ao renovar os laços familiares e através do Último Testamento para a Humanidade, que é o Al-Qur’án.
O dia de Eid é um dia de alegria, mas também é um dia de dar aos pobres e aos necessitados. É um dia de alegria, mas também é um dia de tristeza para muitas famílias.
Nesse dia, muitos dos muçulmanos têm a mesa repleta de comidas e iguarias, mas não nos devemos esquecer que há também muitos esfomeados, tanto aqui na nossa praça como em muitas outras partes por esse Mundo fora.
Por isso, apelo aos que têm, a passarem este dia com os necessitados, a partilharem a sua mesa repleta com um órfão, ou com os que nada têm.
Passemos algum momento a reflectir neste grande desequilíbrio da vida, num Mundo cheio de comidas e prosperidade por um lado, enquanto que há uma grande pobreza por outro. O que se passa neste nosso Mundo, em que alguns estão a morrer de fome, enquanto outros morrem de excesso de comida?
Caro leitor muçulmano, não se esqueça de pagar a caridade alusiva ao Eid (Sadaqatul-Fitr) antes da sua celebração, para permitir que o pobre também possa passar condignamente este grande dia.
Celebremos os festejos deste grande dia, dentro dos limites prescritos por Deus. Evitemos toda e qualquer transgressão que possa incorrer na ira do Senhor.
Troquemos prendas e felicitações com os nossos amigos e familiares.
Façamos o “save” de tudo o que aprendemos e praticamos ao longo do sagrado mês de Ramadhaan
Para terminar, gostaria de desejar a todos os meus irmãos muçulmanos UM FELIZ EID-UL-FITR.
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