“E COMPLETAI O HAJ E O UMRA EXCLUSIVAMENTE PARA DEUS” Cap. 2 Vers.196
Tentemos imaginar como era a viagem dos nossos antepassados. Era difícil a viagem, por exemplo de África ou da Ásia para a Arábia Saudita. De barco, depois a pé ou montados em animais, percorrendo milhares de kms até chegarem aos seus destinos. A jornada demorava meses e muitas vezes, anos. Pelo caminho, iam ficando aqueles que Deus os levava (De Deus viemos e para Ele regressamos). Diversos relatos nos contam de que milhares de peregrinos morreram durante os referidos trajectos. Os que chegavam ao seu destino, reuniam-se e começavam com os rituais de Haj, com todas as dificuldades inerentes à época.
Aproxima-se mais um mês de Haj. O Haj (Peregrinação a Maka) é um dos cinco pilares da Islão, uma forma de adoração espiritual e material. A tradição relata que o Profeta Abraão (Que a Paz de Deus esteja com ele) quando terminou a construção da Caaba (Casa Sagrada), Allah Subhana Wataala lhe ordenou que proclamasse a peregrinação às pessoas, que viriam de todo o lado longínquo, a pé e montado em todas as espécies de camelos. O Profeta Abraão disse: “Ó meu Senhor, como é que a minha voz chegará a eles?” Deus lhe respondeu: “O teu dever é proclamar e o Meu é fazer chegar a tua voz a eles.....” E os crentes que se dirigem à peregrinação, respondem com Labbaik, Allahumma Labbaik – Eis me aqui meu Senhor!.
Apesar de ser associado ao tempo de Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), a peregrinação a Maka é tão antiga, que remonta ao tempo da edificação da Caaba. Conforme é referido no Cur’ane, foi a primeira Casa edificada para adoração a Deus. “Na verdade a primeira Casa (para adoração a Deus) erigida para o género humano, foi a de Bacca (Maka)”. Cur’ane 3:96. Este versículo autentica o hadice que refere que a Caaba foi edificada por Adam (Aleihi Salam), o primeiro homem à face da terra. Mais tarde, reconstruído pelo Profeta Ibrahim (Aleihi Salam) e pelo seu filho Ismael (Aleihi Salam). No tempo da jahiliyyah – antes do advento do Islão, os árabes pagãos também se dirigiam à Caaba em peregrinação. O Haj foi instituído na época de Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) como o quinto pilar do Isslam.
É uma concentração de muçulmanos de todos as raças, vindos de todos os continentes, de todas as classes sociais, de todas as cores, unidos numa única causa comum, que é o da adoração do Deus Único. É uma confirmação de que o Isslam é uma religião universal. Não existe o rico nem o pobre, nem o empregador nem o empregado, nem o governante nem o cidadão comum, pois são todos iguais perante Deus. Os Hajis, durante a peregrinação, vestem-se todos de igual, utilizando o Ehram (pano branco sem costuras), recordando os tempos em que nasceram, quando lhes embrulharam num pedaço de pano e sabem que após
a suas mortes irão também ser cobertos por um pano branco (cafan-mortalha), deixando para trás todos os haveres, adornos e restantes vestuários. Em Miná, Muzdalifa e Arafah, estarão juntos, milhões de irmãos e de irmãs, da mesma fé, lembrando o dia do julgamento final, em que Deus reunirá toda a humanidade, para a prestação de contas.
Quem já cumpriu com a obrigação da peregrinação, acaba por se “apaixonar” pelo lugar e pensa voltar mais uma ou várias vezes, pois é um local que nos traz a paz e a tranquilidade e nos libertamos de todas as preocupações mundanas. Nunca encontrei tanta paz de espírito como a que encontrei em Maka e em especial na cidade de Madinah, dentro da Mesquita do nosso Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam). É estar no mundo, mas fora dele. Em todos os locais onde vamos cumprir com os rituais do Haj, tornamo-nos mais humildes, pois estamos mais perto do Criador, onde as nossas preces são aceites. Segundo o relato de An-Nassai, Ibn Maja e outros, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: " O Hají é um hóspede de Deus, se pedir algo, as suas preces são aceites. Se pedir perdão, é perdoado.”
Tentemos imaginar como era a viagem dos nossos antepassados. Era difícil a viagem, por exemplo de África ou da Ásia para a Arábia Saudita. De barco, depois a pé ou montados em animais, percorrendo milhares de kms até chegarem aos seus destinos. A jornada demorava meses e muitas vezes, anos. Pelo caminho, iam ficando aqueles que Deus os levava (De Deus viemos e para Ele regressamos). Diversos relatos nos contam de que milhares de peregrinos morreram durante os referidos trajectos. Os que chegavam ao seu destino, reuniam-se e começavam com os rituais de Haj, com todas as dificuldades inerentes à época.
Depois de cumprido o dever, era o regresso à casa, percorrendo novamente milhares de quilômetros. Eram os verdadeiros Hajis, pois nem as dificuldades os demoveram de cumprir com a obrigação.
Nos nossos tempos atuais, entre 5 a 10 horas de viagem, deliciando-se com o conforto dos aviões e do catering, o Haji viaja como se dirigisse para férias!. Chega e encontra a melhor hospedagem, de acordo com as suas posses financeiras. Durante o ritual do Haj, tem todas as mordomias, pois nada lhe falta. Aproveita para fazer compras. Alguns em vez de fazerem o máximo de Tawafs (circundar a Casa de Deus), fazem “Tawafs” às lojas....
O peregrino pode optar por uma das 3 formas de Haj: 1)- HAJ-IFRÁD, usando o Ehram só para fazer o Haj (não faz Umra); 2)- HAJ-QUIRÁN, usando o mesmo Ehram para fazer o Umra e o Haj; e 3)- HAJ-AT-TAMATU, usando um Ehram para fazer Umra e depois outro Ehram para fazer o Haj (O tecido pode ser o mesmo depois de lavado). O crente que faz o Haj-Ifrad é o Mufrid, o que faz o Haj-Quirán, chama-se Cárin e o que faz o Haj-At-Tamatu é o Mutamatti. O tipo de Haj mais utilizado (mais prático) é o At- Tamatu, porque permite fazer o Umra e o Haj, sem estar em permanente estado de Ehram. No Haj Quirán, o crente fica em estado permanente de Ehram, desde o início do Umra, até terminar o Haj, situação que pode durar semanas seguidas.
O cumprimento do Haj é obrigatório apenas uma vez na vida para o muçulmano adulto, física e financeiramente apto. É facultativo fazê-lo mais do que uma vez. “…A peregrinação à Casa, é um dever para com Deus, por parte de todos os seres humanos…”. Cur’ane 3:97. Para a peregrinação, não é permitido pedir dinheiro emprestado ou utilizar dinheiros provenientes de atividades ilícitas. Uma verba suficiente, deve ser deixada aos dependentes, para suprir as necessidades da família. O Haj é uma obrigatoriedade referida no sagrado Alcorão e nas palavras do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam). Quem não crê neste 5º. pilar, torna-se um descrente e quem protelar por muito tempo, tendo condições para tal, acaba por ser um pecador, segundo a opinião de muitos alimos. Num hadice, relatado por Ahmad e Al-Baihaqui, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Apressai-vos no cumprimento do Haj, pois nenhum de vós sabe o que lhe pode acontecer”, isto é, doenças, problemas financeiros, etc.. No caso de não se ter cumprido com o Haj enquanto havia saúde ou enquanto vivo, é possível os familiares atenuarem o incumprimento e efetuarem o Haj em nome deles (Haj Badal). Uma senhora disse e perguntou ao Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): “Deus prescreveu a obrigatoriedade do Haj, mas o meu pai está velho e fraco. Posso efectuar o Haj em seu nome?” O Profeta respondeu: “Sim, você pode”.
Bukhari –Livro da Peregrinação 589. E Deus é Perdoador e Misericordioso para com a Sua criatura. Outra passagem refere que uma mulher perguntou ao Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): “A minha mãe fez um juramento de fazer o Haj, mas morreu sem o fazer. Posso fazê-lo por ela?” O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) respondeu: “Faça-o por ela. Se pesasse alguma dívida sobre a sua mãe, você teria ou não pago? Da mesma forma pague a dívida dela para com Deus, pois Deus é mais merecedor para que a dívida com Ele seja paga”. Bukhari.
Abu Huraira (Radyialahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “No cumprimento de um Umra para o outro, verifica-se a expiação dos pecados cometidos entre um e outro. E o Haj Al-Mabrur não tem outra recompensa senão o Jannat (Paraíso).” Relato de Al Bukhari e Musslim. (O Haj Mabrur é o Haj inteiramente cumprido, sem qualquer transgressão às regras instituídas e sem qualquer pecado).
Fazem parte dos rituais da peregrinação, a recordação de algumas atribulações sofridas pelo Profeta Ibrahim (Aleihi Salam) e sua esposa Hajra, nomeadamente: Tawaf (circundar a Casa de Deus); Percorrer os montes Safa e Marwa (lembrando as dificuldades de Hajra e o seu filho Ismael e o milagre da água de Zam Zam); E a rejeição da tentação do diabo, quando ele levou o seu filho Esmael (Aleihi Salam) para o sacrificar (Curbani), cumprindo com as ordens de Deus, apareceu o cheitane (diabo), assumindo a forma de um enorme obstáculo, impedindo-o de cumprir com as ordens divinas. “E saibam que as vossas riquezas e os vossos filhos são um teste”. Cur’ane 64:115. Então o Profeta Abraão (Que a Paz de Deus esteja com ele),
atirou 7 pedrinhas e o diabo afundou-se na terra. Os hajis também vão atirar as pedrinhas, não só simbolizando aquele acto, mas também para fazerem uma firme intenção, de se afastarem das tentações do diabo.
Façam o favor de ter um bom dia de Juma
Cumprimentos
Abdul Rehman Mangá
29/09/2011
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