sábado, fevereiro 26, 2011

Sahaba 33‏ - Abu Sufyan b. al Háris

Queridos irmãos e amados leitores,

Quem procura saber da vida do Profeta Muhammad SAAS cada dia tem uma surpresa. Quando iniciei meus estudos islâmicos conheci duas personagens que me tocaram profundamente Hamza tio do Profeta SAAS e Abu Sufyan. Eu logo amei profundamente ao Hamza RAA pela sua valentia e dedicação à causa do Rassulolah SAAS como odiei Abu Sufyan pela perseguição que ele empreedeu ao Mensageiro de Allah.

Contudo também aprendi, de que todos os acontecimentos foram escritos por Allah SW e que eu precisava aceitá-los. Hoje repasso para vocês essa matéria que nos mostra a transformação de um homem, que passou de perseguidor a seguidor. Abu Sufyan assim como eu compreendeu que Muhammad SAAS era verdadeiramente um mensageiro de Allah SW e que veio para trazer uma Religião Universal o Islamismo, pelo qual agradeço a Allah SW por me pemitir a ser um muçulmano. Vamos ao artigo Inshallah!

Por: Dr. Abdulrahman Ráafat Bacha

Tradução: Prof. Samir El Hayek

Raramente duas pessoas têm tanta coisa em comum como aquelas que eram compartilhadas por Mohammad b. Abdullah (S) e pelo Abu Sufyan b. al Háris. Foram amigos de infância, tendo nascido aproximadamente no mesmo tempo, e criados na mesma família numerosa. Abu Sufyan era primo em primeiro grau do Profeta (S), porquanto Abdullah, pai do Profeta (S), e Al Háris, pai de Abu Sufyan, eram totalmente irmãos, sendo, estes, dois dos filhos de Abd al Muttalib. Abu Sufyan e o Profeta (S) eram ainda irmãos de criação, pois ambos foram amamentados pela Halimah al Sadiyah ao mesmo tempo.

Em adição, ele era amigo íntimo do Profeta (S) antes de este receber o chamado para a profecia, e até se parecia com ele. Com toda honestidade, poderia o leitor ter visto, em qualquer lugar, laços mais fortes do que aqueles que ligavam o Profeta (S) e o Abu Sufyan b. al Háris?

Era de se esperar que o Abu Sufyan iria ser uma das primeiras pessoas a responder o chamamento ao Islam, e o mais ansioso a seguir o Profeta (S), de quem era íntimo. Contudo, os eventos agiram contrariamente à expectativa de todos. Logo que o Profeta (S) começou a conclamar publicamente as pessoas ao Islam, a afeição que o Abu Sufyan nutria pelo Profeta (S) se transformou em ódio e inimizade. Negando os laços de parentesco, o Abu Sufyan tornou-se do Profeta (S) um acre inimigo.

No tempo em que o Profeta (S) obedeceu a ordem de Allah e começou a conclamar as pessoas ao Islam, o Abu Sufyan era conhecido como um dos mais intrépidos guerreiros do Coraix, bem como um dos seus mais dotados poetas. Ele decidiu-se por usar o seu poder e a sua eloqüência para o mister de lutar contra o Mensageiro de Allah (S), e para lhe obstruir a missão. Valia-se de todos os seus talentos com o simples propósito de injuriar o Islam e os muçulmanos. Sempre que os coraixitas desfechavam uma batalha contra o Profeta (S), era o Abu Sufyan que a instigava, e estava certo de desempenhar um melhor papel nos esforços para infligir danos aos muçulmanos. Ele também explorava os seus talentos poéticos, compondo grosseiras sátiras sobre o Profeta (S). Compôs versos que foram misericordiosamente esquecidos pela história, porquanto eram algo da mais indecente poesia que já foi recitada em árabe.

A inimizade do Abu Sufyan para com o Profeta (S) durou quase vinte anos, durante os quais ele não deixou pedra alguma sem ser virada, na sua trama contra o Profeta (S), e no seu afã de causar danos aos muçulmanos. Vinte anos de ódio e crueldade, pelos quais o Abu Sufyan tem de suportar a culpa.

Pouco tempo antes de Makka ser finalmente tomada pelos muçulmanos, o destino quis que o Abu Sufyan aceitasse o Islam. A estória de como ele aceitou o Islam é tão extraordinária, que pode ser encontrada em todos os livros da hitória árabe. Todavia, seria melhor se deixássemos que o conteúdo da estória fosse dita pelas próprias palavras dele.

A história de Abu Sufyan

Quando o Islam tornou-se estabelecido e poderoso, e eram espalhados rumores de que o Profeta (S) estava planejando tomar Makka, senti que não havia lugar no mundo aonde eu pudesse ir. Eu imaginava:

“Aonde irei? Com quem? Entre que povo irei viver?” Então fui ter com minha esposa e meus filhos e lhes disse:

“Preparai-vos para deixar Makka, pois Mohammad (S) logo virá, e eu serei morto se ficar aqui quando chegarem os muçulmanos.”

“Quando irás conscientizar-te de que tanto os árabes como os não-árabes, todos juraram sua fidelidade a Mohammad (S)?” perguntaram-me. “Tu persistes na tua inimizade para com ele, quando já era tempo para que abraçasses a sua religião. Teria sido bem mais válido se tivesses sido um dos que o houvessem apoiado desde o início.”

Eles continuaram tentando me influenciar favoravelmente ao Islam, mostrando-o como uma luz aconchegante, até que fianlmente Allah fez com que me inclinasse a aceitar o Islam.

Naquele ponto, eu me levantei, chamei o meu criado, Mandhkur, a lhe disse que selasse alguns camelos e uma égua para nós. Levando meu filho Jafar comigo, pusemo-nos às pressas a caminho de Al Abwa, entre Makka e Madina, pois havia ouvido dizer que Mohammad (S) lá estava acampado. Quando estávamos quase chegando, eu me disfarcei, para que não fosse reconhecido e morto antes de chegar ao Profeta (S) e declarar a minha fidelidade ao Islam na presença dele.

Continuei minha viagem a pé por quase um quilômetro e, passando por mim em direção contrária, viam-se as primeiras facções de soldados muçulmanos que se dirigiam para Makka, um grupo após o outro. Saí do caminho, dando-lhes passagem, permanecendo de lado, temendo ser reconhecido por um dos companheiros de Mohammad (S). Enquanto isso acontecia, o grupo com o qual o Mensageiro de Allah (S) estava viajando apareceu repentinamente. Parado no meio da estrada, Eu esperei que ele se aproximasse. Quando ele estava tão perto, a ponto de estar cara a cara comigo, eu me revelei a ele. Logo que me deu uma boa olhada e viu quem eu era, voltou o rosto na outra direção. Dei a volta em torno dele, e fiquei na frente dele novamente. Uma vez mais ele virou o rosto, e continuou a proceder assim, embora eu fizesse vários esforços para fazer com me olhasse e falasse comigo.

Então, quando os outros viram que o Mensageiro de Allah (S) se afastou e recusou falar comigo, puseram-se hostis para comigo, e todos se afastaram de mim. Abu Bakr me viu e, inflexível, afastou o olhar; então voltei-me para o Ômar b. al Khattab, e olhei para ele percrutadoramente, esperando que ele olhasse para mim com benevolência. Achei-o mais severo do que Abu Bakr, na sua recusa em me olhar. Em vez disso, ele disse algo que incitou um dos Ansar a falar coisas contra mim; aquele ansar disse:

“Ó inimigo de Allah, eras tu que costumavas causar danos ao Profeta (S) e aos seus companheiros. Tuas injúrias e teus insultos são suficientes para encher o mundo inteiro...” e ele continuou naquele teor, enquanto os Companheiros continuavam a me olhar friamente, satisfeitos com o que eu estava sendo forçado a ouvir.

De súbito, eu vi meu tio, Al Abbas, e me voltei a ele, dizendo:

“Ó tio, esperava que o Mensageiro de Allah (S) fosse ficar feliz por eu ter aceitado o Islam, por causa do meu parentesco com ele e do meu status entre o meu povo. Mas... tu viste como ele me recebeu. Fala com ele para que ele reconsidere com realção a mim!”

“Não”, ele respondeu. “Juro por Allah que não direi uma palavra ao Mensageiro de Allah (S), depois que vi o modo como ele se afastou de ti, a menos que eu veja uma oportunidade apropriada, porque tenho muito respeito por ele. Não, não seria propriado agora.”

“A quem devo dirigir-me então, ó tio?” gritei eu.

“Nada posso fazer por ti”, foi a resposta dele. Fiquei arrazado de desânimo e desencorajamento. Logo depois eu vi o meu primo Áli b. Abi Tálib, e falei com ele, na esperança de que ele fosse fazer algo em meu favor, mas ele apenas disse a mesma coisa que ouvira do meu tio, Al Abbas. Então eu voltei a falar com o meu tio, e disse:

“Ó Tio, já que és incapaz de fazer com que o Profeta (S) me olhe com bons olhos, pelo menos defende-me do homem que me está vilipendiando e incitando os outros a fazerem o mesmo!”

“Dize-me como é o homem”, disse o tio. Quando eu descrevi o homem, ele disse:

“Esse é o Nuayman b. al Háris al Najjari.” Mandou chamá-lo e falou, dizendo:

“Ó Nuayman, o Abu Sufyan aqui é primo do Mensageiro de Allah (S) e meu sobrinho. Embora o Profeta (S) esteja zangado com ele, eis que um dia ele poderá reconsiderar quanto a ele; então deixa-o em paz!” Al Abbás persistiu, até que convenceu o homem a se reprimir de me amolar, e ele prometeu que não mais me iria incomodar, daquele momento em diante.

Quando o Mensageiro de Allah (S) chegou a al Jahfah, e fez aí uma parada, eu me sentei à entrada da sua tenda, com o meu filho Jafar ao meu lado. Quando o Profeta (S) saiu e me viu, virou o rosto. Contudo, eu não perdi as esperanças de fazer com que ele reconsiderasse em relação a mim; e toda vez que ele fazia uma parada para descansar, eu sentava à sua porta, e fazia com que o Jafar ficasse em pé do meu lado. Sempre que o Profeta (S) me via, afastava-se de mim. Aquilo continuou por algum tempo, até que comecei a ficar desencorajado. Quando eu estava para perder as esperanças, disse para minha esposa:

“Juro por Allah que, ou o Profeta (S) reconsidera com relação a mim, ou vou pegar meu filho pela mão e vagar pelo deserto até que morramos de fome e de sede.”

Quando o Profeta (S) foi informado sobre aquilo, abrandou em relação a mim e, da próxima vez que saiu da sua tenda, olhou para mim duma maneira não tão severa quanto da vez anterior. Eu queria que ele sorrisse para mim.

O Profeta (S) entrou em Makka, e eu entrei juntamente com os seus seguidores. Então ele foi para a mesquita, e eu fui após ele, seguindo-o a cada passo.

O tempo passou, e aconteceu a batalha de Hunayn. As tribos árabes que permaneciam hostis ao Profeta (S) se juntaram numa inusitada força para fazerem a guerra contra ele. Eles prepararam o seu exército intensamente, e estavam determinados a desfechar uma batalha que iria ser o golpe de morte para o Islam e os muçulmanos.

O Profeta (S) arrebanhou uma força para defender os muçulmanos, e se pôs a campo, juntamente com os Companheiros, para encarar o exército invasor. Eu fui com eles e, ao ver o imenso número de soldados dos inimigos pagãos, disse comigo:

“Juro por Allah que hoje irei compensar todas as coisas que fiz como inimigo do Mensageiro de Allah (S), e farei com que ele me veja prová-lo, duma maneira que irá agradar a Allah e a ele.”

Quando os dois exércitos se encontraram na batalha, os muçulmanos viram-se diminuídos perante os inimigos pagãos, e começaram a perder algumas das suas energias e algo do seu entusiasmo. As forças que apoiavam o Profeta (S) logo ficaram desordenadas, e parecia que iriam sofrer uma humilhante derrota. Eis que lá estava o Mensageiro de Allah (S), por quem eu seria capaz de renegar a meu pai e minha mãe, constantemente mantendo a sua posição, sobre a sua mula cor de cinza, firme como uma rocha, defendendo-se a si e aos que o rodeavam, atacando como se fosse um leão. Ao ver aquilo, pulei do meu cavalo, quebrando a bainha da minha espada, atirando-a de lado. Allah sabe que eu desejei encontrar a morte na defesa do Seu Mensageiro (S).

Meu tio Al Abbas segurava as rédeas da mula do Profeta (S), e permanecia ao seu lado, enquanto eu tomava o meu lugar, no lado contrário. Na minha mão direita eu segurava a minha espada, usando-a para defender o Mensageiro de Allah, enquanto segurava a sua sela com a mão esquerda. Quando o Profeta (S) viu quão ferozmente eu lutava, perguntou ao meu tio Al Abbás:

“Quem é esse?”

“Esse é o seu primo e irmão, o Abu Sufyan b. al Háris”, respondeu Al Abbás, “ó Mensageiro de Allah (S)... por favor, mostra que estás aprazido com ele!”

“Sim, estou aprazido com ele, e que Allah lhe perdoe cada fragmento de hostilidade que sempre demonstrou contra mim!”

Meu coração pulou de alegria quando ouvi dizer que o Profeta (S) estava aprazido comigo; eu me curvei sobre sua sela e lhe beijei o pé, ao que ele disse:

“Ó irmão meu, vai em frente, e luta intrepidamente!” Suas palavras acenderam o meu entusiasmo, e eu desfechei uma carga tal sobre os pagãos, que os fez recuar das suas posições. Os muçulmanos os assaltaram juntamente comigo, e os perseguimos por vários quilômetros, e eles debandaram em todas as direções.

Fim da narrativa de Abu Sufyan.

Desde o dia da batalha de Hunayn, o Abu Sufyan foi abençoado com a aceitação da parte do Mensageiro de Allah (S), que passou a tratá-lo graciosamente. Abu Sufyan, no entanto, nunca mais foi capaz de olhar o Profeta (S) no rosto, pois sentia-se tímido perante ele, e envergonhado pelas memórias do seu comportamento passado.

Abu Sufyan contorcia-se de remorso ao lembrar-se dos dias negros que passara em Al Jahiliya1, sem ser tocado pela luz da verdade de Allah, e privado da Sua Escritura. Começou a passar noites e dias a ler o Alcorão, a educar-se nos seus ensinamentos, e a ponderar sobre suas lições espirituais.

Ele virava as costas a todas as tentações da vida terrena, e voltava todo o seu coração e sua mente para Allah. Numa ocasião, o Profeta (S) viu o Abu Sufyan entrando na mesquita, e perguntou para a Aicha (que Allah esteja aprazido com ela):

“Ó Aicha, sabes quem é aquele?”

“Não, ó Mensageiro de Allah (S)”, respondeu ela.

“É o meu primo Abu Sufyan b. al Háris. Vê, ele é o primeiro a entrar na mesquita e o último a dela sair; e nunca tira os olhos do chão”, disse o Profeta (S).

Quando o Mensageiro de Allahs (S) partiu da vida deste mundo para estar com o seu Senhor, o Abu Sufyan chorou por ele como se fora uma mãe que perdera o seu filho único. Pranteou-o como se tivesse perdido o seu amigo mais querido, e compôs um poema que é considerado a mais fina das elegias jamais escritas, pois é cheio de uma emoção que envolve o leitor no profundo sentimento do poeta.

. Al Jahiliya – o estado de falta de fé e de lei que caracterizava aqueles que praticavam a idolatria.

Durante a autoridade de Al Faruk Ômar (que Allah esteja aprazido com ele), o Abu Sufyan sentiu que o seu próprio fim estava-se aproximando. Cavou um túmulo para si mesmo, e dali três dias morreu. Quando chegou sua hora, ele voltou-se para sua esposa e seus filhos, e disse: “Vós não precisais chorar por mim, pois juro por Allah que nada fiz de pecaminoso depois que aceitei o Islam”, e morreu com a tranquilidade de um inocente. Al Faruk Ômar dirigiu a oração, no funeral, e ele e os Companheiros se entristeceram com o passamento do Abu Sufyan, e acharam que aquilo era uma grande perda para o Islam e para os muçulmanos.

"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!

Mohamad ziad -محمد زياد

Os Muçulmanos Amam Jesus!

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