sexta-feira, janeiro 21, 2011

A Grandeza de Mohammad, o Profeta do Islamismo

Você sabe por que os muçulmanos amam a Mohammad?


Por que acreditam que ele é o Líder da humanidade?

A biografia de Mohammad é, em si mesma, um milagre.

Seus dois grandes milagres são o Alcorão e as suas qualidades singulares, pelos quais Deus o fez digno de levar a Mensagem do Islam.

Ele era um ser humano. Deus lhe ordenou declarar esta verdade e anunciá-la às pessoas, para que não o tomassem por Deus ou lhe concedessem atributos divinos. Seu Senhor lhe disse:

"Dize-lhes: Sou tão-somente um mortal, como vós, a quem foi revelado." (Alcorão Sagrado, 18ª Surata, versículo 110)

Ele era um ser humano, tendo todas as características físicas e mentais dos seres humanos. Porém, não há, entre os humanos (definitivamente), quem se iguale a ele em grandeza, pois Deus não criou desta classe, dentre os filhos de Adão, mais do que um homem, Mohammad Ibn Abdullah, que Deus o abençoe e ao seu pai, Abraão, Moisés, Jesus e a todos os profetas.

É uma injustiça para Mohammad e para a verdade, compará-lo com algum daqueles milhares de grandes, cujos nomes brilharam nas trevas da história, desde o início da cronologia histórica. Os grandes homens ficam conhecidos por certo aspecto de grandeza; alguns ficam conhecidos por sua sabedoria, porém é notória a sua falta de sensibilidade e expressões pobres; outros são notáveis pela sua eloqüência e poder de imaginação, porém as idéias expressadas por eles são pobres e banais; há outros, ainda, que se destacam em administração e liderança, mas são indignos e corruptos, em sua conduta pessoal.

Mohammad (S) é o único que reúne a grandeza, em todas as formas. Não há ninguém, entre aqueles, que não tenha escondido aspectos da sua biografia, temendo que as pessoas tivessem conhecimento deles: aspectos relacionados aos seus desejos, à sua família ou indicadores das suas debilidade e aberração. Mohammad é o único que abriu a sua vida a todas as pessoas; ela é um livro aberto, sem nenhuma página coberta, nem uma linha borrada; lê, nele, o que quer, quem quer.

Foi ele o único que permitiu aos seus companheiros, anunciar e propagar tudo a seu respeito. Eles narraram tudo o que viram, nas horas da purificação e nas de debilidade humana, como são as horas de cólera, desejo e irritação.

Suas esposas relataram tudo quanto aconteceu entre ele e elas; e eis Aicha, narrando a vida do Profeta e, com o seu consentimento, todas as suas situações, em sua casa, e as suas circunstâncias, com a sua família, porque todos os seus atos são religião e legislação. Se não houvesse jovens e mulheres, entre os leitores, lhes contaria algo disso; porém, os livros da tradição, a sua biografia e a jurisprudência estão cheios disso.

Podemos ler, nestas fontes, mesmo os aspectos mais estritamente pessoais do nosso Profeta: Conhecemos seus hábitos de comer, vestir, dormir, de higiene pessoal, etc.

Mostre-me outro grande homem, que se tenha atrevido a aventurar-se, dizendo às pessoas: "Eis aqui a minha biografia completa e todos os meus atos; inteirem-se deles e ensinem-nos ao amigo e ao inimigo. Que encontre, nela, quem puder, uma falha, para impugná-la!”

Digam-me de outro, cuja biografia foi detalhada desse jeito e da qual, passados 1400 anos, ainda se conhecem as realidades e os segredos, como conhecemos a biografia do nosso Profeta!

A grandeza do homem pode ser devida às suas qualidades intrínsecas, disposição nobre e fascínio pessoal. Pode ser, também, devido aos resultados intelectuais, que ele deixou como herança para a história do seu país e do mundo.

Cada grande tem um destes aspectos, que são os parâmetros que determinam a sua grandeza. Quanto à grandeza de Mohammad, mede-se por todos eles, porque ele reuniu a grandeza em todas as suas formas. Era grande, em suas qualidades, em seus atos e em suas influências.

Os grandes, ou são grandes unicamente para os seus povos, beneficiando-os, enquanto prejudicam os outros, a exemplo dos heróis combatentes e dos líderes conquistadores.

Ou a grandeza é mundial, porém em um aspecto limitado, como descobrir uma das leis, postas por Deus na natureza, porém oculta, para fazer trabalhar o nosso cérebro e para chegarmos a ela; ou descobrir um medicamento contra uma enfermidade, ou expor uma das teorias filosóficas, uma obra-prima de literatura, uma história genial ou uma antologia poética eloquente.

Quanto a Mohammad, a sua grandeza é universal, em toda a sua extensão, e total, em todos os aspectos.

Ele acreditava no que predicava, não como muitos dos predicadores que conhecemos, antigos e atuais, que dizem com as suas línguas, o que contradizem, com os seus atos; declaram, em público, o que não fazem, em particular. Seu verdadeiro caráter aparece nos momentos de fraqueza: desejo, medo, ira, necessidade e cólera. Em tais momentos, esquecem tudo o que pregaram.

E eu não falo de alguém em particular, mas ponho a mim mesmo como exemplo. Procuro a sublimação espiritual, quando dou uma conferência e quando escrevo um artigo, que predica a verdade, a bondade e a orientação. Porém, logo que alcanço o ponto de elevação, vence-me o peso da minha natureza e os desejos do meu ego instigador do mal e volto à terra. As pessoas vêm isto nos predicadores e nos oradores, e não se interessam pelo que dizem e, portanto, a predicação não influi nelas.

Quanto ao Profeta Mohammad (S), não convocou para uma conferência geral para apresentar os preceitos islâmicos nem fundou uma escola com horários para o estudo, não sentou numa reunião de admoestação, mas transmitiu o que lhe foi revelado no lar, na mesquita, nas vias públicas. Ele praticou tudo que pregou; exortou as pessoas a praticar o bem e a se afastar do ilícito; traduziu que isso em palavras e ações. O Alcorão foi o seu guia. A gente ouve essa expressão e não pensa em seu significado. Significa: Meus senhores, cada um de seus atos, cada uma de suas condutas eram versículos recitados. Infatigavelmente, procurou reformar as pessoas, por intermédio das suas palavras e ações. Ele anunciou a sua mensagem onde e quando podia. Nunca foi convidado a uma universidade nem a um seminário, para dar conferências. Ele levou a sua mensagem, onde estava: em casa, na mesquita ou nas vias públicas. Em verdade, ele demonstrou, em sua vida cotidiana, tudo, o que o Alcorão pleiteava e exortava as pessoas a fazer.

Rezava, durante a noite, até que inchassem os seus pés, pedindo indulgência a Deus. Em certa ocasião, lhe perguntaram: "Acaso, Deus não perdoou todas as tuas faltas, passadas e futuras?" Disse: "Acaso, não devo ser um servo agradecido?" Todos os seus atos eram em oração, porque procurar o bem e evitar o mal, trabalhar para o interesse comum, se feito pela causa de Deus, era para ele, uma oração. Gostaria de citar um incidente, para mostrar que ele praticou aquilo em que acreditava e quão estritamente aderiu aos princípios que conservou altos, acima de todas as outras considerações. Antes de narrar o incidente, permitam-me apresentar o seguinte prelúdio:

Se uma jovem de família nobre, por exemplo, da família de um grande ministro, fosse acusada de roubo, vocês acreditam que ela seria encarcerada igual a uma outra qualquer, se esta fosse a ladra? Executar-se-ia, acaso, a sentença da lei, em ambas, da mesma forma? Ou se estenderiam para a sua causa, cem dedos, para encobrir-lhe o delito, para favorecê-la na sentença e aliviar-lhe o castigo?

Ocorreu uma situação como esta, na época do Mensageiro. Uma jovem, de uma das mais nobres famílias de Coraix, da tribo de Bani Makhzum, a família de Alwalid, chamado o único, familia de Khaled, o senhor dos combatentes. Era a terceira família em nobreza, depois das famílias Háchem e Omaiya. Ela roubou, foi declarada culpada e foi dada a sentença. Então, muita gente procurou interceder por ela, crendo que o Profeta, porque conhecia o seu amor, tolerância e perdão, a perdoaria. Porém, ele se enfureceu e os fez compreender que esta foi a perdição de muitos povos que os procederam; aqueles que, quando o nobre cometia delito, o perdoavam e quando o fraco o cometia, castigavam-no.

Disse-lhes uma frase maravilhosa, que fortaleceu a vida do Islam e ficou assentado, definitivamente, que nas leis divinas não há lugar para intercessões. Portanto, não haveria indulgência. Disse: "Por Deus, se Fátima, filha de Mohammad, tivesse roubado, eu lhe cortaria a mão."

Tudo isto era, para ele, uma coisa natural, porque vivia com e para a sua mensagem. Suas pretensões estavam subordinadas ao que foi revelado e tudo quanto o vinculava às pessoas, laços familiares, amizade ou interesse, era desvinculado, se interferisse no desempenho da mensagem.

Na verdade, ele não se preocupou com aquilo com que as pessoas, normalmente, se preocupam, o comer, o vestir, e todas as demais exigências do ego; não se empenhou na austeridade ou em passar fome, como fizeram alguns, que se afirmavam ascetas, nem adotou, para sempre, as vestimentas da pobreza, nem a lã, mas comeu tudo quanto lhe davam de saboroso, e não comia do que não gostava (do que não era vedado), porém não lhe punha defeitos.

Não se sabe dele que tenha reclamado de uma comida. Se não encontrava alimento, suportava a fome, até esta ultrapassar as suas forças, e então atava uma pedra à sua barriga. Vestia o que encontrava à mão, sem exigir um modelo, tipo ou cor, em particular.

Vestia o turbante por cima da toca, a toca sem turbante ou o turbante sem toca. Vestia, também, a camisa, a túnica, o gibão, o manto e o camisão. Porém, este último, não era como os camisões atuais, grandes e com mangas largas, mas com mangas ajustadas. Tampouco o seu turbante era como os de hoje, mas como os dos habitantes do Hijaz (parte ocidental da Arábia Saudita), ou seja, um pedaço de tecido, com o qual se enrolava a cabeça, e que, não havendo necessidade dele, se deixava no ombro, e servia para atar um prisioneiro de guerra. Às vezes, lhes acrescentavam tranças. Os turbantes são uma necessidade da natureza, no Hijaz, devido ao seu sol abrasador, pois a pessoa protege, com eles, a sua cabeça, dos raios solares. Por isso, se diz: "Os turbantes são as coroas dos árabes". O Profeta não exigia que fossem de uma cor determinada. No dia da conquista de Makka, o seu turbante era negro.

Não há, no Islam, vestimentas vedadas, exceto as que deixam ver as vergonhas. Não é permitido, à mulher muçulmana, deixar à vista mais do que o rosto e as mãos. Tampouco é permitido o uso da seda, para os homens nem as vestimentas específicas dos adeptos de uma religião, que não seja o Islam, tais como as dos monges, por exemplo, pois, as pessoas poderiam confundi-lo com um deles; assim, também, não é permitido, ao homem, usar vestimentas especificamente femininas e vice-versa, e tudo o que é exagerado. Fora disso, toda a indumentária é permitida, no Islam.

Era inconcebível que o Profeta declarasse proibidas as graças que Deus criou para os Seus servos, ou as coisas boas, da Sua mercê. Ele não as deixava nem as rechaçava quando encontrava, não se empenhava em consegui-las, nem as convertia em uma das maiores preocupações da sua vida.

Era desprovido da ambição pela opulência e pelo prestígio. Sabemos que os coraixitas lhe ofereceram tanto bens, como o poder, se estivesse interessado neles. Ofereceram-lhe tudo o que é atrativo para o ego. Porém, ele rejeitou tudo quanto lhe ofereceram, sentindo pena e compadecendo-se deles.

Viveu livre dos problemas dos desejos sexuais. Algumas pessoas foram confundidas, pelos orientalistas, que estudaram a biografia do Profeta, com uma mente terrena e doentia, avaliando-o com o mesmo parâmetro que avaliaram os seus grandes homens.

Verificaram que se casou com nove mulheres e disseram que era um homem sensual. Consideraram-no da mesma classe dos seus grandes homens.

Napoleão, por exemplo, forçou uma nação inteira, governo e autoridades, a ser sua alcoviteira, para fazê-lo conseguir o amor da jovem polaca. Além disso, obrigou o pai da jovem a convencê-la a se entregar a ele, pois Napoleão colocou isso como preço da independência da Polônia.

Tal iniquidade, porém, não foi cometida apenas por Napoleão, mas por Alexandre Dumas, Byron, Goethe, Baudelaire e por dezenas de outros personagens famosos. Basta folharmos as biografias dos grandes homens e nos aprofundarmos em qualquer uma delas, analisando a sua história sexual, que o nosso nariz sofre, por sentir cheiros muito repugnantes. Com esta mentalidade estudaram as tradições do Profeta (S), e, ao concluir, que era um homem sensual, demonstraram ignorância em psicologia e na história de Mohammad, afastando-se, em suas investigações da neutralidade e da imparcialidade.

O período mais intenso do desejo sexual manifesta-se, em todas as pessoas, desde a puberdade até à idade de vinte e cinco anos. É considerado o período mais vulnerável: uma fase da vida, quando o sexo, se não for controlado, pode se tornar uma obsessão e conduzir às armadilhas e ao desvio. Portanto, a mistura de sexos nesta idade é desencorajada, mesmo que seja com propósitos acadêmicos. Vamos considerar, agora, a vida do nosso Profeta: Onde estava Mohammad, nesta idade? Quais foram os acontecimentos da sua juventude? Era livre, em um país livre, e, se quisesse, ninguém lhe teria proibido, por censura ou pelos costumes. Os jovens da sua geração estavam imersos nos prazeres, que não lhes eram vedados, pela religião ou pela lei.

A biografia de Mohammad está aberta para o inimigo e para o amigo, exposta à vista de qualquer crítica. Acaso, alguém leu nela, que nesta idade ele estava mergulhado nas paixões juvenis e nos desejos exaltados, ou buscava os prazeres e as satisfações?

Só uma vez pensou em se satisfazer com os prazeres aos quais estavam acostumados os seus contemporâneos; porém, Deus o fez adormecer, até que o pensamento passou.

Se tivesse praticado tais atos, acaso ter-se-iam calado os seus inimigos idólatras, que estavam empenhados em combatê-lo e em prejudicá-lo, por todos os meios?

Casou-se aos vinte e cinco anos de idade. Porém, fê-lo, acaso, com uma mulher virgem e formosa, ou se casou com uma mulher com idade para ser sua mãe, viúva e quarentona? Acaso não eram as suas esposas quase todas, viúvas? Não se casou com elas pelo interesse comum?

Deus tornou lícito, para ele, ter mais de quatro esposas; deu-lhe, assim, mais do que ao resto dos muçulmanos, porém lhe vedou, em troca, um direito que tem todo o esposo, o de divorciar-se.

O impulso sexual não é um defeito. Como poderia sê-lo, se é o símbolo da virilidade e é no que ela consiste? O defeito está em o homem viver e só pensar nele, e o buscar pelo caminho ilícito.

O relato do seu casamento com Zainab exacerbou aos seus inimigos, que o repetiram continuamente. Porém, as suas palavras não merecem réplica, porque, na verdade, estão baseadas em deturpações calculadas da realidade ou em um mau entendimento aparente.

Zainab era uma jovem formosa, da família do Profeta. Se ele quisesse ter-se-ia casado com ela, o que seria um ato de honra para a sua família. Porém, Deus fez disto um exemplo, para instituir duas reformas sociais, dentro das reformas islâmicas. Uma, quanto à natureza da experiência em si, e outra, quanto à posição do próprio Profeta.

O Islam quis eliminar a arrogância ignorante e o sentimento de classe, com o casamento de Zainab, que pertencia a uma das mais nobres famílias árabes, com Zaid, um prisioneiro adotivo, que não era considerado, por essa sociedade, merecedor dela.

Casou-se com ele, com pesar seu e da sua família, e a sua vida era uma contínua crise. Ambos desejavam separar-se, porém o Profeta os proibiu de se divorciar, e disse a Zaid: "Permanece com a tua esposa e teme a Deus!", Mas o casal chegou ao limite, e o divórcio se tornou inevitável.

Aí, então, vem a experiência seguinte, que é mais dura e difícil, sendo o Profeta quem teve de suportar a sua carga. Casar-se com Zainab, para abolir o costume da adoção e esclarecer que quem adotou não está proibido de se casar com aquela que foi esposa do adotivo. O mais difícil, desta situação, é que Mohammad se expôs a ser vilipendiado, por aquela sociedade, pelo fato de se casar com a esposa do seu filho adotivo. Esta foi a situação mais difícil, pela qual o Profeta passou. Porém, apesar de tudo, ele a suportou, comprazido, por ser ela uma ordem de Deus.

Assim, pois, a história não é como os ocidentais pensam e apontam, e o que dizem dela não são mais do que falácias, que não merecem réplica. Eu a relatei, unicamente, para esclarecer a verdade, àqueles leitores que a desconheciam.

A força do corpo é a vitória sobre a resistência material e a força do coração é a vitória sobre os rivais. Porém, há uma força maior, que é a vitória sobre o que é maior do que o material e o rival; é a força moral, que é uma vitória sobre o ego, sua natureza, seus instintos, anelos e inclinações.

Esta é uma questão psicológica axiomática. O Profeta se expressou, a seu respeito, com diversos termos e em ocasiões distintas. Disse: "Não se mede o forte no combate, mas na ocasião em que reprime a sua ira."

Esta verdade pode ser constatada em nós mesmos. Pois se a força para derrubar o rival é considerada, por exemplo, um, a força que necessitamos para vencer a ira, apagar o seu fogo em nosso peito e parecer tranquilos, em nossos movimentos, voz e tom, se considera cem, pois é cem vezes mais difícil de obter do que a primeira. Podemos comprová-lo, ao nos aproximarmos de alguém que esteja tão cego pela ira que esta não o deixa ver o que há diante dele. Ao tentar lembrá-lo das boas maneiras, da tolerância e do perdão, não encontramos um, nestas circunstâncias, entre dez mil, que nos responda.

Imagine que um homem matasse o seu ente mais querido e em seguida viesse se render à sua mensagem (sendo você o predicador). Esqueceria as lágrimas que foram derramadas, pelo ente querido... e o perdoaria? Pois o Profeta perdoou Wahchi, o assassino de Hamza (tio dele), quando se converteu ao Islam. Porém, venceu-o a sua natureza humana, no que não contraria o Islam e não prejudica o homem; disse-lhe: "Não deixes que te veja." Desde então, Wahchi ocultou-se da sua vista.

O rancor de Hind, esposa de Abu Sufian, em relação a Mohammad e à sua mensagem chegou a tal ponto, que ela fez o que ninguém faria, nem mulher, nem homem, nem lobo ou tigre. Abriu o peito de Hamza, extraiu o seu coração e o comeu... Hind, que se serviu, para combater o Profeta, das maiores atrocidades, foi perdoada por ele e a sua conversão foi aceita.

Os habitantes de Taif, apesar do que fizeram contra o Profeta, que conhecemos pelos relatos, quando se converteram, foram perdoados por ele.

E eis a atitude memorável, o exemplo sublime, por excelência, de todas as épocas. Os habitantes de Makka o fizeram tragar amarguras e fel, que o injuriaram física e moralmente, difamaram a sua doutrina, caluniaram-no, tiveram-no ao alcance das mãos a ele e aos seus companheiros, marginalizaram-no, não permitiram que ninguém falasse e tratasse com ele; confinaram-no em um determinado local, puseram espinhos em seu caminho, arrojaram nele sujidades, enquanto ele estava prostrado, mofaram dele, com toda a classe de burlas. Isto continuou assim, não por um dia ou dois, não por um ano ou dois, mas por treze anos. Em seguida, o combateram e assassinaram os seus familiares e companheiros. Foi assim, até que ele os venceu, colocando-os à sua frente, ao redor da Caaba, humilhados e indefesos.

Havia chegada a hora da vingança... Não; deixem a palavra vingança, pois não se coaduna com a sua posição, nem com a hora do castigo legítimo, em que se daria a réplica a esta larga série de agravos e hostilidades.

Então, o Profeta lhes perguntou: "Que pensais que farei convosco?"

Lembraram-se de tudo quanto haviam cometido e esperaram o seu castigo merecido. Porém, lembraram-se também da moral de Mohammad e, conhecendo sua a exemplaridade, disseram:

"És um irmão generoso, filho de um irmão generoso."

E se calaram, aguardando a sentença decisiva. Mesmo que fosse a de executá-los a todos, não encontraríamos, entre os historiadores, tanto amigos como inimigos, quem reprovasse uma só palavra de tal sentença.

Porém, a sentença de Mohammad era outra. Era uma surpresa que ninguém esperava; uma surpresa, que foi causa de assombro, em sua época, e em todas as épocas vindouras. Disse-lhes:

"Ide, pois estais livres."

Sentimos muito em apresentar este incidente tão resumidamente, pois desejávamos fazê-lo em um capítulo à parte, esclarecendo-o como é devido, já que para adotar esta postura necessitaríamos da força de dez mil lutadores.

É estranho, para mim, o fato de os biógrafos pós-tradicionalistas terem tentado aumentar o número de milagres, detalhá-los e acrescentar outros, irreais. Que necessidade tinham eles disso, se cada atitude do Profeta e cada aspecto da sua personalidade estão entre os milagres mais colossais?

Que é um milagre? Acaso não é fazer algo que outro ser humano é incapaz de fazer?

Sua sinceridade e sua fidelidade são milagres. Não vamos citar muitos exemplos, pois o espaço é exíguo, porém exporei um só. Um acontecimento, que passei por alto, centenas de vezes, nas minhas leituras. Lia-o como se fosse algo normal, porém uma vez reparei nele, subitamente... Era assombroso, assim como o é tudo quanto há em sua vida, semelhante a isto.

Todos, nós sabemos que, quando o Profeta emigrou para Madina, deixou Áli, em seu lugar, para devolver as quantias, em dinheiro, que os membros da tribo de Coraix haviam deixado com ele em confiança. Você já parou, alguma vez, para considerar o caso daqueles depósitos?

Era o caixa ativo da tribo de Coraix. Ele os devolveu aos coraixitas e não aos muçulmanos, porque todos os muçulmanos haviam migrado e o Profeta foi o último a deixar Makka. Ele permaneceu lá até ao último minuto, a exemplo do capitão do navio que está sendo abandonado; só parte depois de todos estarem a salvo. Esta era outra excelente qualidade do Profeta Mohammad.

Os depósitos eram dos coraixitas (apesar de tudo que tinham entre eles e o Profeta) que não confiavam em ninguém para guardar seus depósitos além de Mohammad. Pode-se imaginar em duas facções diferentes, oponentes, envolvidas em uma feroz batalha de palavras e espadas, de princípio e de crença, uma facção confiar os seus ativos e valores a um membro da facção oponente, para guardá-los, em custódia segura?

Você já ouviu falar, alguma vez, de tal incidente? Como poderiam confiar em seu oponente, se não tivesse um caráter íntegro, cuja honestidade não estivesse além de qualquer dúvida?

Assim era Mohammad!

Na batalha de Badr, quando revistava a tropa, antes da batalha, tinha um cajado, em sua mão, e viu Sawad Ben Ghaziya fora da fila. Então, ele o empurrou com o cajado cutucando-o no ventre, e lhe disse: "Fica na fila, ó Sawad!"

Este lhe disse: "Ó Mensageiro de Deus, machucaste-me e Deus te enviou com a verdade e a justiça."

Imaginem esta cena, o chefe do exército enfrentado por um soldado raso, com estas palavras. Que acham que ele faria? Castiga-lo-ia? Desentender-se-ia com ele? Ou do seu peito brotariam a tolerância e a nobreza do seu caráter e ele o perdoaria e o indultaria? Ou se excederia à norma e lhe diria: Perdoa-me, desculpa-me! Porém, o Mensageiro de Deus fez algo que ninguém faria, nem sequer lhe ocorreria fazer. Ele descobriu o ventre, deu-lhe o cajado e lhe disse: "Faze igual". Ou seja, machuca-me, como eu te machuquei.

Fez-se igual ao outro, sendo ele o mais senhoril dos humanos.

Assim era Mohammad!

Toda a sua biografia é um milagre. Todos os grandes, do mundo, são incapazes de apresentar outro, igual. Em cada um dos seus aspectos, há glória e grandeza: na força do seu corpo, na sua constituição atlética, no seu espírito esportivo; não era prepotente na vitória, nem a derrota o fazia estremecer, a ponto de excitar a sua ira ou fazer desaparecer o seu entusiasmo.

A sua firmeza, no fragor da guerra, era tal, que até os heróis, dentre os seus companheiros, se protegiam junto a ele; ante a sua valentia, humilhavam-se os homens mais valentes; a sua humildade destinava-se ao indigente, ao pobre e a auxiliar a viúva e a anciã.

A sua firmeza, na verdade, e a sua sinceridade, quanto à revelação de Deus, eram tais, que ele anunciou, inclusive, os versículos que revelavam os seus equívocos e lhe eram dirigidos como reprovações.

Ele era assim, também, quanto a respeitar os compromissos e a manter a sua palavra, por mais esforços e dificuldades que isto lhe custasse, tanto em seus tratos pessoais, como nos assuntos do Estado.

Por seu gosto e sua fina sensibilidade foi ele que promulgou as normas da comida e ditou as bases da limpeza. Quanto à relação com os seus companheiros, ensinava-os, trabalhava e vivia com eles; pedia-lhes conselhos e os escutava; sentava-se, onde encontrava lugar vazio, no último lugar da reunião. Tanto era assim, que quem o vinha ver olhava para os rostos dos presentes e perguntava: "Qual de vocês é Mohammad?"

Isto ocorria, porque Mohammad não se distinguia deles, em sua maneira de sentar-se ou em suas vestimentas; era igual a eles em tudo. Era educado em seus modos, delicado em suas maneiras e recatado com as suas mulheres. Por sua conduta, em casa, com a sua família, por suas brincadeiras inocentes e pelo seu caráter aberto, era querido por todos os corações, por sua humildade e rejeição a ser tratado como um rei!

Proibiu os seus companheiros de se levantarem para ele. Ajudava a sua família, nos afazeres de casa, remendava os seus sapatos, com as suas próprias mãos. Viveu na pobreza, sem se preocupar com a riqueza, não por incapacidade, pois, se quisesse, o seu palácio seria mais fabuloso do que o de Cosroé ou o de César. Porém, optou pela outra vida. Tanto assim, que o comprimento das casas de todas as suas esposas, das nove, não chegava aos vinte e cinco metros.

A casa de Aicha era uma habitação, construída de barro e adobe. Era tão reduzida que não tinha espaço suficiente para ela dormir, enquanto o Profeta praticava a oração. Assim, quando ele se prostrava, tinha que afastar um pouco a perna dela, para poder fazê-lo. Quanto à sua comida, Aicha relatou que se passavam um ou dois meses e não se acendia fogo, em sua casa, para fazer pão. Então, perguntaram-lhe: "Que vocês comiam?"

Ela respondeu: "Tâmaras e água."

Essa era a comida da família do Mensageiro de Deus.

Foi o mais retórico e o mais eloqüente dos homens.

Todas as qualidades, acima citadas, provam que o Profeta Mohammad foi um homem extraordinário, e que Deus o escolheu para a extraordinária tarefa, somente depois de prepará-lo devidamente para ela. O nosso Profeta foi um, entre os seres humanos, mas não houve ninguém semelhante a ele, em qualidades.

Deus sabe a quem entrega a Sua Mensagem.

Fonte: Livro: “Apresentação geral da Religião do Islam”, Dr. Ali Attantáwi

Rogamos a Allah SW que coloque muito barakat nesta vida e na outra a todos os sábios, que a exemplo do Dr Ali Attantáwi trás esclarecimentos úteis a humanidade permitindo assim uma melhor tomada de decisão em relação a religião de Allah SW, o ISLAM.

Hajj Hamza Abdullah Islam, o menor dos servos de Allah SW

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