sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Adi b. Hátim al Tai

“Vós acreditastes, sendo que eles não; conscientizastes-vos da verdade, sendo que eles a negaram; conservastes vossas palavras, sendo que eles foram traidores; e vós avançastes, sendo que eles fugiram”
(tirado de uma citação de Ômar b. al Khattab).

No nono ano da Hégira, o Islam se tornou a opção de um dos reis dos árabes, após ele o ter rejeitado. Seu coração se abriu para a fé, após ter passado um longo tempo evitando-a e resistindo-a, até que declarou sua obediência ao Mensageiro de Deus (S). Trata-se de Adi, filho de Hátim al Tai, que era famoso por sua generosidade.

Adi herdou a liderança do seu pai, sendo que as tribos de Tai fizeram-no rei, concedendo-lhe o direito de um quarto das pilhagens que açambarcavam nas incursões e nas batalhas, e dando-lhe autoridade sobre elas.

Quando o Mensageiro de Deus (S) proclamou o chamamento para a diretriz e a verdade, e muitas tribos árabes aceitaram o Islam, Adi viu naquilo uma ameaça; temia que o prestígio de Mohammad (S) sobrepujasse o seu próprio prestígio, e que a liderança e autoridade do Profeta fossem pôr um fim às dele. Então ele se opôs ferrenhamente ao Mensageiro de Deus (S), passando a odiá-lo amargamente, embora nunca o tivesse visto. Sua hostilidade quanto ao Islam continuou por quase vinte anos, até que Deus lhe abriu o coração para a diretriz e a verdade.

A estória de como o Adi b. Hátim aceitou o Islam ficou indelével na memória, preservada que foi nos livros de estória, com as palavras do próprio Adi. Uma vez que foi ele quem viveu a experiência, contá-la-emos como ele a narrou:

A história de Adi

Quando eu ouvi coisas acerca do Mensageiro de Deus, ninguém, em toda a Arábia, o odiou mais do que eu. Eu era considerado como um da nabreza, um cristão, e era-me dado um quarto de todos os despojos açambarcados pelo meu povo, assim como a outros reis era dado. De sorte que odiei o Profeta desde o momento em que ouvi falar dele.

Conforme sua importância e seu poder aumentavam, e quando seus exércitos e patrulheiros começaram chegar a todos os quadrantes da Arábia, eu disse para um dos meus escravos que era responsável pelo pastoreamento dos meus camelos:
“Ó tu, criatura incomparável, junta algumas das mais sadias camelas, que sejam fácil de se lidar, e mantém-nas amarradas perto da minha tenda. Se souberes que um exército ou um batalhão de Mohammad entrou nesta parte do país, notifica-me!”
Numa manhã, o escravo veio a mim, e me disse:

“Amo meu, chegou a hora de executares o teu plano, se é que planejas fazer algo quando os exércitos de Mohammad entrarem nas tuas terras.”
“Que tua mãe te perca!”, exclamei, “por que?”
Ele respondeu:
“Eu vi bandeiras serem carregadas por todos os lugares, hoje, e perguntei sobre elas. Disseram-me que eram bandeiras dos exércitos de Mohammad.”

Ordenei-lhe que preparasse as camelas de montaria que havia selecionado, e que as levasse até mim. Então eu reuni minha família e meus parentes, e lhes disse que iríamos abandonar as nossas amadas terras-natais. Pusemos-nos a caminho, viajando rapidamente em direção à Síria, onde planejava juntar-me aos meus correligionários cristãos.

Na pressa, esquecera-me de contar todos os meus achegados. Logo que estávamos fora de perigo, fui para o meio deles, e constatei que havia deixado uma irmã para trás. Ela ficara em Najd, nossa terra-natal, juntamente com os membros da tribo de Tai, que ficara, e não havia meios de voltarmos para a apanhar.

Nada havia que eu pudesse fazer a não ser continuar indo para a Síria com a minha família, onde iria ficar com meus companheiros cristãos. Quanto à minha irmã, temia que o prior lhe acontecesse, e não demorou muito para eu saber qual foi o seu destino.

Uma vez na Síria, as notícias chegaram a mim, dizendo que os exércitos de Mohammad haviam vasculhado as nossas terras, e que a minha irmã tinha sido levada como escrava para Yaçrib. Aí, ela foi posta num grande pátio cercado, defronte ao portão da mesquita, juntamente com outras mulheres que haviam sido capturadas. Quando o Profeta (S) passou por ali, ela se dirigiu a ele, em prantos:

“Ó Mensageiro de Deus, meu pai está morto, e meu protetor foi embora. Sê bondoso para comigo, e quem sabe Deus será para bodoso contigo!”
“E quem é o teu protetor?” perguntou o Profeta.
“Adi b. Hátim”, ela respondeu.
“Ah, aquele que fugiu de Deus e do Seu Mensageiro?”

Assim dizendo, o abençoado Profeta a deixou, e continuou no seu caminho.
No dia seguinte, quando o abençoado Profeta passou por ali, ele se dirigiu a ele, pedindo-lhe que a soltasse, e ele deu a mesma resposta.

No terceiro dia, quando ele estava passando, ela havia desistido de pedir, e nada disse. Um homem que estava atrás do Profeta fez sinal a ela que se levantasse e falasse com ele; ela se levantou e se dirigiu a ele, dizendo:

“Ó Mensageiro de Deus, meu pai está morto, e meu protetor foi embora. Sê bondoso para comigo, e quem sabe Deus será bondoso para contigo!”
“Concedo-te o teu pedido”, ele respondeu.
“Desejo juntar-me à minha família, na Síria”, ela pediu.
“Não tenhas pressa em partir, até que possas encontrar alguém do teu povo em quem possas confiar, para te escoltar a salvo até à Síria. Se encontrares alguém em quem possas confiar, faze-me saber”, disse o Profeta.

Depois que ele passou, ela perguntou sobre o homem que tinha feito sinal para que ela falasse com o Profeta, e contaram-lhe que fora o Áli b. Abi Talib (que Deus esteja comprazido com ele).
Ela permaneceu em Madina até que um grupo de viajantes que ela sabia que era de respeito passou pela cidade. Ela foi ter com o abençoado Profeta, e lhe disse:
“Ó Mensageiro de Deus, chegou um grupo de indivíduos da minha tribo. Eu confio neles e sei que são capazes de me escoltar até ao meu povo.”

O abençoado Profeta ordenou que ela fosse provida de roupa, e deu a ela, como presente, um camelo de montaria, e algum dinheiro para cobrir as despesas, e ela partiu com os viajantes. Enquanto isso, nós estávamos ansiosos esperando qualquer ponta de notícia que pudéssemos obter sobre ela. De sorte que esperamos a chegada dela, mal acreditando na informação que recebêramos do seu lance com o abençoado Profeta, de toda a bondade dele para com ela, depois de todo o meu procedimento para com ele.

Eu estava sentado com minha família, um dia, quando vi um camelo portando uma liteira para senhoras, que vinha em nossa direção. Exclamei:

“Ó filha de Hátim!” era deveras a minha irmã.
Foi ela que começou a falar, quando desmontou, dizendo:

“Maldoso é aquele que abandona seus familiares! Tu partiste com tuas esposas e teus filhos, deixando desprotegida a progênie do teu pai, tua honra!”
“Ora, irmã, digamos apenas que tudo saiu bem”, eu disse, e continuei a abrandar a sua raiva, até que ela ficou calma, e foi capaz de contar-nos a sua estória. Os rumores que haviam chegado até a nós eram todos verdadeiros. Ela era uma mulhar inteligente e independente, por isso lhe perguntei:

“Que achas tu desse homem” (referindo-se ao nobre Profeta)?
“Acho que tu deverias juntar-te a ele”, ela disse, “porque ele é um profeta; aqueles que de pronto acreditam nele são os mais virtuosos. E mesmo que ele fosse um rei, tu não irias ser aviltado por ele, pois tu és quem tu és.”

Então eu preparei minhas provisões, e viajei até que cheguei ao Mensageiro de Deus, em Madina, sem nenhuma garantia de clemência da parte dele. Contudo, eu ouvira um rumor de que o Profeta havia dito:
“Gostaria que o Adi pusesse sua mão sobre a minha em aliança ao Islam!”

Fui à mesquita, e o saudei, ao que ele me perguntou quem eu era. Disse que era Adi b. Hátim, ao que ele se levantou, pegou-me pela mão e me levou para sua casa. Ele foi parado, no caminho para sua casa, por uma senhora idosa, em companhia duma criancinha. Ela lhe falou sobre algo de que ela necessitava, e ele não a deixou, até que tivesse o pedido dela atendido. Eu fiquei ali, esperando, e pensei:

“Por Deus, este homem não é um rei!”
Mais uma vez ele me pegou pela mão, e fomos andando até que chegamos a sua casa. Aí ele pegou uma almofada de couro, enchida com fibras de palmeira, colocou-a no chão, e disse:

“Senta-te nisto aqui!”
Eu fiquei embaraçado, e disse:

“Não, tu és quem deve sentar nisso aí.”
Já que ele tanto insistiu, eu concordei e me sentei na almofada, enquanto ele se sentou no chão limpo, pois não havia nada na casa em que se sentar. Eu pensei:

“Não é assim que um rei vive!”
O Profeta iniciou a conversa, dizendo:

“Bom, tu não és aquele que tem estado oscilante entre a religião cristã e a sabéia?”
“Sim, sou eu mesmo”, respondi.

“E tu não tens tomado do teu povo um quarto da sua renda, coisa que não é permitida na vossa religião?” ele perguntou.
“Sim, tenho”, eu admiti e, naquele ponto eu me conscientizei de que ele era um profeta enviado por Deus.
Então ele disse:

“Ó Adi, o que tem evitado que te juntes a esta religião é o estado de carência e de pobreza em que vivem os muçulmanos. Por Deus, logo virá o tempo em que tanta riqueza há de chegar a esta comunidade, que não haverá quem vá receber caridade. E talvez o que tem evitado que te juntes a esta religião seja o fato de que sejamos poucos, numericamente, ao passo que os nossos inimigos são muitos; juro por Deus que logo virá o tempo em que uma mulher, sozinha, irá ser capaz de viajar, de Al Cadisiya, no seu camelo, até Makka, sem temer a ninguém, a não ser Deus. Ou talvez o que tem evitado que te juntes a esta religião seja o fato de que não temos poder, e tão somente os não muçulmanos sejam reis e príncipes. Pois eu prometo, em nome de Deus, que tempo virá quando tu hás de ouvir que os palácios suntuosos de Babel foram tomados pelos muçulmanos, e que os tesouros de Cosroé b. Hormuz1 passaram a ser deles.”

“Os tesouros de Cosroé?” exclamei.
“Sim, os tesouros de Cosroé”, disse ele.

Naquele ponto eu proferi o testemunho da verdade, e entrei para o Islam.

Na minha avançada idade, eu vi duas das predições do abençoado Profeta tornarem-se realidade, e juro que a terceira está para acontecer. Tenho visto os muçulmanos viverem em segurança tal, que uma mulher pode viajar com segurança e sem escolta, de Al Qadisiyah até Makka. E eu formei a primeira linha de cavaleiros que invadiram as terras de Cosroé, e lhe tomei as riquezas; e, por essa razão, eu juro que a terceira predição irá tornar-se realidade.

Este é o fim da estória do Adi b. Hátim (que Deus esteja aprazido com ele). Ele viveu um longo tempo, mas a terceira predição aconteceu depois da sua morte. No tempo da autoridade do califa Ômar b. Abdal al Aziz, o governante piedoso e ascético, a coisa aconteceu tal qual o abençoado Profeta havia predito: a riqueza da comunidade era tanta, que um oficial do tesouro ia para as ruas chamando as pessoas necessitadas para que fossem receber o zakat, e ninguém se apresentava.
O Profeta (S) falara a verdade.

E o juramento do Adi b. Hátim fora verdadeiro.

BISMILLAH AL-RAHMAN AL-Rahim•Wassalatu Wassalamu Ala Ashraful Mursaleen Allahumma Sali Ala Muhammad ua Aali Muhammad Imploramos a ALLAH (SW), que nos ajude, nos dê uma boa orientação para o benefício do Islã e dos muçulmanos, corrigindo nossos trabalhos, nossas intenções e nossas ações. Agradecemos a ALLAH (SW) que é o único Deus do universo. Que ALLAH (SW), aceite este trabalho, nos dando uma boa recompensa nesta vida e na outra. Principalmente às pessoas que nos precederam nesse trabalho e nos serviram como orientadores! Subhanna Allah!(Louvado Seja Deus).

Fonte: http://www.luzdoislam.com.br/default.asp?itemID=252&itemTitle=Adi%20b.%20Hátim%20al%20Tai

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