terça-feira, janeiro 21, 2020

Allahu Akbar: O que realmente significa

É uma reivindicação Islamofóbica muito comum de que a frase “Allahu Akbar” é o “grito de guerra muçulmano.” Essas baseiam essa afirmação no fato de que muitos extremistas muçulmanos gritam “Allahu Akbar” antes de seus atos de barbárie. Na verdade, isso acontece de fato. No entanto, nada poderia estar mais longe da verdade.


Em primeiro lugar, a frase “Allahu Akbar” significa “Deus é o Maior.(Não existe nada comparável a Ele) Essa frase não era o grito islâmico de guerra no tempo do Profeta Muhammad ﷺ, embora seja quase certo que muitos muçulmanos tenham usado a frase dessa maneira. De fato, em muitos dos protestos da Primavera Árabe, os manifestantes desarmados, pacíficos, gritaram muito a frase “Allahu Akbar”, ao serem baleados por forças de seguranças.

“Allahu Akbar” é  apenas uma frase; é um modo de vida. Isso significa que Deus é maior do que qualquer outra coisa na Terra, seja a opressão de um tirano cruel matando seu próprio povo ou maior que seus próprios caprichos e tentações.

Antes do muçulmano entrar na oração, ele deve proferir “Allahu Akbar” em voz alta. Uma vez que ele faz isso, ele entra na Presença Divina. Isso porque, naquele momento, ele deixa o mundo inteiro para trás, a fim de oferecer a oração ritual. Assim, “Deus é o Maior”. No curso de um dia, os muçulmanos vão pronunciar essa palavra, “Allahu Akbar”, pelo menos dezessete vezes, uma para cada ciclo de oração ritual. No entanto, existem muitos muçulmanos que proferem com suas bocas “Deus é o Maior”, e suas ações desmentem essas palavras sagradas.

Pegue por exemplo os extremistas bárbaros que matam em nome de Deus. Se eles gritam “Deus é o Maior” em comemoração à um ataque que mata seres humanos inocentes, eles se encontram em sua pior forma. Seu ato de assassinato declara precisamente que Deus não é maior que eles. Pois, se Deus fosse realmente o maior, eles não prejudicariam qualquer vida inocente. Se um comerciante muçulmano reza cinco vezes por dia e profere “Allahu Akbar” dezessete vezes, mas engana seus clientes, então Deus não é verdadeiramente o maior para esse comerciante. Se um cidadão muçulmano sonega, por exemplo, sua declaração de imposto de renda, então Deus não é verdadeiramente o maior para esse cidadão.

De fato, os atos rituais de adoração são conectados diretamente ao caráter do crente. Leia este relato Profético (relatado na compilação Muslim):

O Mensageiro de Deus ﷺ perguntou: “Você sabe quem são os falidos?” Eles disseram: “Alguém sem dinheiro ou bens está falido.” Assim, o Profeta ﷺ disse: “Os falidos são os da minha nação que vêm no Dia da Ressurreição com a oração, jejum e caridade, mas vêm também com um insulto, difamação, consumo de riquezas, derramamento de sangue e agressão a outros. Cada um deles receberão a partir de suas boas ações; se suas boas ações acabarem antes das suas más ações serem liquidadas, suas más ações serão lançadas sobre eles, então eles serão jogados no fogo do inferno.”

Todas essas boas obras, feitas em gratidão a Deus pelo seu eterno e infinito amor por nós, não vai significar nada no Dia do Juízo, se não forem acompanhadas de um bom caráter. Pois, se Deus for realmente o maior a alguém, então ele não tratará as criações de Deus – a humanidade, os animais e o mundo natural – com desprezo e brutalidade.

Pode ser difícil às vezes fazer a coisa certa. No entanto, esse é o verdadeiro significado da Jihad: a luta para superar as nossas próprias tentações e caprichos, a fim de fazer o que Deus quer de nós. Mas fazemos isso precisamente porque “Allahu Akbar”: Deus é o Maior, jamais gerou ou foi gerado e ninguém e nada é comparável a Ele.

quarta-feira, janeiro 15, 2020

O Islam e a Clonagem Humana


Deus, Exaltado seja, diz na Surata das Mulheres, versículos 118-119: "(Satanás) disse: Juro que me apoderarei de uma parte determinada dos Teus servos, aos quais desviarei, fazendo-lhes falsas promessas. Ordenar-lhes-ei cortar as orelhas do gado e os incitarei a desfigurar a criação de Allah! Porém, quem tomar Satanás por protetor, em vez de Allah, sofrerá uma perda manifesta." 

Prezados irmãos: O nosso tema de hoje versará sobre um assunto polêmico, que está causando discussões em todo o mundo e que vai dar muito pano pra manga. É a clonagem animal, ou seja, fazer cópia dos animais.

O que levou os cientistas a pensarem na eugenia? São as doenças hereditárias. Hoje sabemos que existem mais de 5000 doenças hereditárias. A ideia da clonagem não é recente, pois Platão, em sua República, pregava a eugenia, ou a melhora da raça, ideia esta criticada pelos próprios discípulos do famoso filósofo grego. No final do século passado, o inglês Dalton, primo de Charles Darwin, na Inglaterra, surge com a mesma ideia, pretendendo a melhoria do homem inglês e foi apoiado por muitos políticos, inclusive Churchil. O estudo das doenças hereditárias era muito novo. Os americanos através de Dalwin Port compararam a ideia e a colocaram em prática, começando a castrar todo homem que tivesse um defeito qualquer. Port dizia que todas as pessoas provenientes do sul da Europa eram uma raça inferior e os americanos precisavam proteger o plasma germinativo dos americanos. 

Há registro de aproximadamente 80.000 pessoas que sofreram castração, nos Estados Unidos, mesmo aqueles cujo defeito era em consequência de acidente de aviação ou de trabalho e não congênito, ou por ter má aparência. Hitler, em 1937, prestou um grande serviço aos ingleses e americanos, pois a concretização de seu sonho de super-raça fê-lo criar tribunais de hereditariedade, presididos por médicos, que examinavam as pessoas e os neutralizavam, quer através da castração, quer através da eliminação. Cometeu-se tanta barbaridade nesse campo, que ninguém mais falou em eugenia até o final da guerra. 

A eugenia, ou a melhora de raça, volta a baila em 1994 com a publicação do livro Bel Care nos Estados Unidos, onde afirma categoricamente que os negros são uma raça inferior e não se deveria desperdiçar dinheiro com eles, oferecendo-lhes estudos universitários. Seu papel deveria se restringir apenas às atividades inferiores como garis, subalternos, etc.. Portanto, a eugenia é obra de europeus e americanos que, levados por sua prepotência e pretensão, achavam que eram uma raça superior e intencionavam e intencionam eliminar as outras raças. No Congresso da Família de 1995, promovido pelas Nações Unidas no Cairo, foram abordados os mesmos temas abordados em 1920/30 quanto à melhoria da raça, dos casamentos coletivos, da liberdade total das relações sexuais, da legalização do aborto, etc..

Que raça os ocidentais haveriam de considerar superior para suas pesquisas? Evidentemente, a deles.

Com a clonagem de dolly pelo cientista escocês, Ian Wilmut, utilizando um processo diferente do natural e eliminando o DNA da mãe, o cientista clonou uma ovelha, cópia fiel da outra de quem foi extraida a célula mamária utilizada para a clonagem. Como a experiência deu certo com animal, os cientistas acham que o próximo passo será a clonagem humana. Assim, a eugenia volta às manchetes e a polêmica recomeça. Podemos aqui questionar uma série de fatores, baseados em suposições e conjecturas, pois a clonagem humana ainda não aconteceu.

E tudo que se faz são suposições. Alguns cientistas afirmam que irá acontecer dentro de 10 anos, outros afirmam que não acontecerá nunca. Nós somos meros expectadores, não tendo nenhuma influência no processo. Não podemos intervir no desenrolar dos acontecimentos. Se americanos e ingleses proibiram a clonagem humana, os japoneses disseram que não iriam fazê-lo. Por outro lado, quem pode controlar as atividades dos cientistas? Quem proíbe o cientista, em seu laboratório, de proceder a seu bel prazer e concretizar a clonagem humana? Suponhamos, pois continuamos no campo das suposições, que a clonagem fosse feita, que seria da cópia? quem seria seu pai? quem seria sua mãe? Se houvesse algum problema com o clone quem seria o responsável por ele? As primeiras experiências talvez não tivessem degenerações, mas se o número fosse crescendo e atingisse os milhões? As degenerações forçosamente iriam aparecer. A raça humana iria dobrar. E quem seria clonado? Evidentemente, seria alguém de "raça superior" ou uma Miss Universo! Isso criaria condições para banco de células. A miss ou o super dotado iria cobrar fortunas pelas suas células. E a clonagem seria apenas para os abastados. Passaríamos a ter sementes humanas comerciáveis como mercadoria e seríamos produzidos industrialmente. Vejo a cena de dois amigos, um deles viajando para os Estados Unidos; o outro lhe pede: "Vê se me traz algumas sementes humanas!" Por outro lado, a mulher, como mera recipiente na questão, pois o seu papel é apenas alimentar o clone, sem participar na sua formação cromossômica, seria apenas a máquina para a produção, sem ter a responsabilidade de cuidar do clone, pois não seria o filho dela. Iriam pegar, por exemplo, mulheres russas, que estão com a taxa de desemprego altíssima, tendo de recorrer à prostituição para sobreviver, alugá-las para produzir clones.

Além disso, temos a tendência de gostar mais de meninos do que de meninas. Então, vamos apenas clonar homens e assim, causaríamos o desequilíbrio na balança dos sexos.

Por outro lado, que pai teria coragem de deixar a sua filha casar com um clone? "Sou um clone e quero casar com a sua filha!" Percebe-se a complicação disso só na análise de alguns fatores.

Vemos hoje que várias tendências estão sendo adotadas no campo científico. Devido às letais doenças transmissíveis através da transfusão de sangue, está-se recorrendo ao expediente de o próprio paciente, antes da intervenção cirúrgica, reservar o seu próprio sangue para ser utilizado na cirurgia.

Há alguns anos atrás uma australiana ficou grávida apenas para ter mais uma filha que pudesse doar a sua medula óssea à sua irmã, que sofria de uma doença grave. É a fabricação de peças de reposição, como se o ser humano fosse um automóvel ou uma máquina qualquer.

No caso de transplante, há uma tendência da proibição de sua internacionalização. A Inglaterra, por exemplo, proibiu o transplante de não inglês em seus hospitais. Os americanos estão a um passo de adotarem a mesma medida. Eles serão seguidos por todos os países do primeiro mundo. Quando isso acontecer, os países do terceiro mundo, por não investirem em pesquisa, ficariam desprovidos de meios para a utilização da técnica para seus cidadãos.

Os países do primeiro mundo, com seus investimentos em pesquisa no campo da saúde e da engenharia genética, poderão chegar, amanhã, a fazer o rim, o coração, o fígado, etc., necessários para o transplante.

Onde ficariam os muçulmanos nesse caso? Deveriam participar ou não das pesquisas nesse campo? Se não o fizerem, irão negligenciar a saúde de seus irmãos e torná-los dependentes dos não-muçulmanos.

Essas pesquisas, porém, devem ser controladas, seguirem preceitos e normas islâmicas, para que não caiamos na prática do Haram. Os nossos ulamá devem determinar o limite, a linha vermelha onde os nossos cientistas podem chegar, com exatidão, com esclarecimento, com justificação.

Quanto à clonagem, mesmo sendo uma suposição, por ser uma interferência na criação de Deus, por fugir totalmente do método determinado por Ele para a procriação, por gerar a mistura incontrolável de descendência, o desequilíbrio natural é, religiosa, jurídica e moralmente haram, e deve ser condenada por todos os muçulmanos do mundo.

A ciência está trilhando caminhos muito perigosos que nos farão sofrer uma perda manifesta, como o Alcorão nos admoesta.

Que Deus nos oriente para a senda reta e nos faça ver o certo como certo e nos faça segui-lo e nos faça ver o errado como errado e nos afaste dele. Amém.


A Contribuição dos Muçulmanos as Ciências e as Artes

Quanto mais ciência há, tantos mais especialistas são necessários, entre os historiadores, para descrever adequadamente as contribuições muçulmanas a em cada ramo, e para colaborar, na compilação de uma análise em geral, sobre este vasto tópico, longe de pretender tratar dele adequadamente, faremos aqui, uma tentativa de fornecer informações de caráter geral, com relação ao papel desempenhado pelos muçulmanos, no desenvolvimento das diversas ciências e artes.


Atitude Geral


O Islam é uma concepção abrangente de vida, e não apenas uma religião, que descreve as relações entre o homem e o seu Criador, torna-se necessário, portanto, primeiramente, relatar, em linhas gerais, a sua atitude para com a ciências e as artes.

Longe de desencorajar uma vida de bem estar neste mundo, o Alcorão Sagrado expressa, repetidamente, fatos como este:
''Dize-lhes: Quem pode proibir as galas de Deus e o desfrutar os bons alimentos que Ele preparou para Seus servos? Dize-lhes ainda: Estas coisas pertencem aos que creem, durante a vida neste mundo; porém, serão exclusivas dos crentes, no Dia da Ressurreição. Assim elucidamos os versículos aos sensatos. '' (Alcorão Sagrado 7º surata, versículo 32)

Ele louva aqueles que:


''Ó Senhor nosso, concede-nos a graça deste mundo e do futuro, e preserva-nos do tormento infernal!''(Alcorão Sagrado 2º surata, versículo 201)



Ele ensina a humanidade:


''Mas procura, com aquilo com que Deus te tem agraciado, a morada do outro mundo; não te esqueças da tua porção neste mundo, e sê amável, como Deus tem sido para contigo, e não semeies a corrupção na terra, porque Deus não aprecia os corruptores.'' (Alcorão Sagrado 28º surata, versículo 77)

É essa busca pelo conforto que atrai o homem ao conhecimento, de maneira tão perfeita quanto possível, de tudo o que existe no universo, de modo a usufruir de todos os seus benefícios, e, por elas, ser grato a Deus, diz Deus no Alcorão Sagrado:

''Temo-vos enraizado na terra, na qual vos proporcionamos subsistência. Quão pouco agradeceis! '' (Alcorão Sagrado 7º surata, versículo 10)

''E nela vos proporcionamos meios de subsistência, tanto para vós como para aqueles por cujo sustento sois responsáveis. '' (Alcorão Sagrado 15º surata, versículo 20)

E ainda:

''Ele foi Quem vos criou tudo quando existe na terra; então, dirigiu Sua vontade até o firmamento do qual fez, ordenadamente, sete céus, porque é Onisciente.'' (Alcorão Sagrado 2º surata, versículo 29)

E também:

''Porventura, não reparais em que Deus vos submeteu tudo quanto há nos céus e na terra, e vos cumulou com as Suas mercês, cognoscíveis e incognoscíveis? Sem dúvida, entre os humanos, há os que disputam nesciamente acerca de Deus, sem orientação ou Livro lúcido algum.''
(Alcorão Sagrado 31º surata, versículo 20)

E diz:

''Deus foi Quem criou os céus e a terra e é Quem envia a água do céu, com a qual produz os frutos para o vosso sustento! Submeteu, para vós, os navios que, com a Sua anuência, singram os mares, e submeteu, para vós, os rios. Submeteu, para vós, o sole a luz, que seguem os seus cursos; submeteu para vós, a noite e o dia.'' (Alcorão Sagrado 14º surata, versículos 32 e 33)

E diz mais:

''E submeteu, para vós, a noite e o dia; o sol, a lua e as estrelas estão submetidos às Suas ordens. Nisto há sinais para os sensatos. '' (Alcorão Sagrado 16º surata, versículo 12)

E diz mais ainda:

''Não tens reparado em que Deus vos submeteu o que existe na terra, assim como as naves, que singram os mares por Sua vontade? Ele sustém o firmamento, para que não caia sobre a terra, a não ser por Sua vontade, porque é, para com os humanos, Compassivo, Misericordiosíssimo. ''
(Alcorão Sagrado 65º surata, versículo 12)

Por uma lado, o Alcorão Sagrado recorda aos homens o seu dever de adorar a Deus o Único:

''Que os provê contra a fome e os salvaguarda do temor! '' (Alcorão Sagrado 106º surata, versículo 4)


E, por outro, diz-lhes da necessidade de se esforçarem, num modo de causa e efeito:

''De que o homem não obtém senão o fruto do seu proceder?'' (Alcorão Sagrado 53º surata, versículo 39)

O Alcorão Sagrado não somente incita os homens a perseverar em suas buscas:

''Dize-lhes: Percorrei a terra e observai qual foi a sorte daqueles que vos precederam; sua maioria era idólatra.'' (Alcorão Sagrado 30º surata, versículo 42)

Mas também a tentar novas descobertas:

''Que mencionam Deus, estando em pé, sentados ou deitados, e meditam na criação dos céus e da terra, dizendo: Ó Senhor nosso, não criaste isto em vão. Glorificado sejas! Preserva-nos do tormento infernal! ''(Alcorão Sagrado 3º surata, versículo 191).

Quanto ao método de aumentar o conhecimento, é inspirador observar que já na primeira revelação, que veio ao Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), que nasceu entre gente iletrada, havia um mandamento para ler e escrever, em uma alegoria ao cálamo, que é o único meio do conhecimento humano:

''Lê, em nome do teu Senhor Que criou; Criou o homem de algo que se agarra. Lê, que o teu Senhor é Generosíssimo, Que ensinou através do cálamo, Ensinou ao homem o que este não sabia.''(Alcorão Sagrado 86º surata, versículos 1 ao 5 )

O Alcorão Sagrado nos lembra também:

''Antes de ti não enviamos senão homens, que inspiramos. Perguntai-o, pois, aos adeptos da Mensagem, se o ignorais!'' (Alcorão Sagrado 16 º surata, versículo 43)

''Antes de ti não enviamos nada além de homens, que inspiramos. Perguntai-o, pois, aos adeptos da Mensagem, se o ignorais!'' (Alcorão Sagrado 21º surata, versículo7 ).

Assim como:

''Perguntar-te-ão sobre o Espírito. Responde-lhes: O Espírito está sob o comando do meu Senhor, e só vos tem sido concedida uma ínfima parte do saber.'' (Alcorão Sagrado 17º surata, versículo 85)

E ainda:

''Nós elevamos as dignidades de quem queremos, e acima de todo o conhecedor está o Onisciente.'' (Alcorão Sagrado 12º surata, versículo 76)

E como é bela a oração que o Alcorão Sagrado nos ensina:


''Ó Senhor meu, aumenta-me em sabedoria!'' (Alcorão Sagrado 20º surata, versículo114 )

Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse:

O Islam está edificado sobre cinco pilares:

Crença em Deus;
A prática das orações;
Zakat.
Jejum;
A peregrinação à casa do Deus Único, a Kaaba;

Se a crença exige o cultivo das ciências teológicas, os demais exigem um estudo das ciências seculares, para a prática das orações, o rosto se volta para a direção de Makka, e a oração deve ser executada por ocasião do acontecimento de determinados fenômenos naturais.

Isto requer o conhecimento de elementos de geografia e de astronomia, o jejum também requer a compreensão de fenômenos naturais, tais como o surgimento da aurora, o por do sol e etc...

A peregrinação exige o conhecimento das rotas e dos meios de transporte para que se possa dirigir-se a Makka, o pagamento do zakat requer o conhecimento da matemática, e para se fazer o cálculo para a distribuição da herança dos mortos.

De modo semelhante, existem necessidades fundamentais para a compreensão dos Alcorão Sagrado à luz dos fatos históricos, citações e referências às ciências nele contidas.

Na verdade, o estudo do Alcorão Sagrado requer, antes de mais nada, um conhecimento da linguagem, na qual está compilado (ciências idiomáticas); as suas referencias aos povos exigem um conhecimento de história e de geografia, e assim por diante.

Lembremo-nos, da maneira como o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), começou uma vida independente, domiciliando-se em Madina, tendo sido o seu primeiro ato a construção de uma Mesquita, com uma parte reservada para o funcionamento de uma escola, a célebre Suffa, que durante o dia, servia como salão de palestras, e durante a noite, como dormitório para os estudantes.

Deus ajuda aqueles que ajudam a causa de Deus, e isto é reafirmando, freqüentemente, no Alcorão Sagrado, não é surpreendente que os muçulmanos tenham a boa sorte de possuir em abundância e a bom preço, papel suficiente para divulgar o conhecimento às massas, desde o século 2 da Hégira, começaram a ser implantadas fábricas de papel por todo o vasto império Islâmico.

Para os objetivos desta breve exposição, iremos fazer referencias somente a umas poucas ciências, para as quais as contribuições dos muçulmanos tem sido particularmente importantes, para toda a humanidade.

As Ciências Religiosas e Filosóficas

As ciências religiosas surgiram, como era natural, com o Alcorão Sagrado, que os muçulmanos receberam como a Palavra de Deus, a Mensagem Divina, endereçada ao homem, o seu exame e compreensão exigiram o estudo das ciências da lingüística, gramática, história, e até das ciências especulativas, entre muitas outras, que geralmente se transformavam em ciências independentes e de grande utilidade.

Enquanto a recitação do texto Sagrado deu origem ao desenvolvimento da ''música'' religiosa do Islam (assunto ao retornaremos mais adiante), a preservação do Alcorão Sagrado levou ao aperfeiçoamento da grafia arábica, não só do ponto de vista da precisão, mas também da beleza gráfica.

Com sua pontuação e vocalização, a escrita arábica é, incontestavelmente, amais precisa, para atender às necessidades desta língua, o caráter universal do Islam requeria o entendimento do Alcorão Sagrado por não árabes, e vemos surgir, aí, uma série de traduções, algumas já na época do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), Salman Al Farsi, traduziu trechos do Alcorão Sagrado para o Persa, que existem ainda nos dias de hoje, e o fim deste processo ainda está bem distante.

Deve-se ressaltar que essas traduções foram feitas, unicamente, com o propósito de tornar possível a compreensão do conteúdo, por aqueles que não conhecessem a língua árabe, jamais para o culto, pois, na prática da oração, só se usa a língua árabe.

E o método, adotado por ordem do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), foi perpetuado, ou seja, a transcrição por escrito e a memorização, ambos a serem feitos simultaneamente.

Cada processo destinava a ajudar o outro, para evitar o esquecimento ou que se cometesse erros, a instituição de métodos jurídicos de verificação aperfeiçoou ainda mais o sistema.

Assim, não bastava, somente, obter uma cópia do Alcorão Sagrado, mas também, lê-la do inicio ao fim, diante de um mestre reconhecido, para que se pudesse obter um certificado de autenticidade, essa prática continua, até os dias de hoje.

Como no caso do Alcorão Sagrado, os muçulmanos também se fixaram nos ditos do Profeta Muhammad, os relatos de seus ditos e atos, tanto público como privados, foram preservados, a preparação de tais memoriais começou já na vida do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), pela iniciativa pessoal de alguns dos seus companheiros, e foi continuada após a sua morte, por um processo de coletânea de conhecimentos de primeira mão.

Como no caso do Alcorão Sagrado, em todas essas transmissões fez-se questão da autenticidade, entretanto, os detalhes conhecidos da biografia do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), ocupam centenas de páginas, tão grande foi o cuidado de se preservar para a [posteridade dados e documentos precisos.

O aspecto especulativo da fé, particularmente quanto a crença e dogmas, mostra que as discussões, que começaram quando Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), ainda estava vivo, tornaram-se, posteriormente, as raízes de diversas ciências, tais como o Kalam (dogmático-escolástica), e o Tsauwuf (místico-espiritualista).

As polêmicas religiosas com os não muçulmanos, introduziram elementos externos, a partir da filosofia grega e hindu, mais tarde, não faltaram aos muçulmanos os seus próprios e grandes filósofos, dotados de originalidade e erudição, como Al Kindi, Al Farabi, Ibn Sina (Avicena), Ibn Rushd (Averróis) e outros.

A tradução, para o árabe, de livros estrangeiros, resultou na feliz circunstâncias de centenas de obras gregas e sânscritos, cujos originais haviam sido perdidos, mas que ficaram preservados em suas versões em língua árabe.

As Ciências Sociais

O papel, desempenhado pelos muçulmanos, no desenvolvimento das ciências sociais têm sido muito importante, uma característica notável da ciência muçulmana é a rapidez com que se desenvolve, o Alcorão Sagrado, foi o primeiro livro, escrito na língua árabe.

Menos de dois séculos mais tarde, essa língua, de beduínos analfabetos, provou ser uma das mais ricas do mundo, tornando-se posteriormente, não só a mais rica do mundo, mas também um idioma internacional, para toda a sorte de ciências.


Sem parar de investigar a causa desse fenômeno, vale lembrar um outro fato, os primeiros muçulmanos foram, em sua maioria árabes; entretanto, com exceção do idioma, que era o repositório da Palavra de Deus e de Seu Mensageiro, eles apagavam muitas facetas da própria personalidade, sob a influência do Islam, de modo a receber, nele, todos os povos, em condições de absoluta igualdade.

Portanto, todos os povos participaram, no progresso das ciências ''islâmicas''; árabes, iranianos, gregos, turcos, abissínios, berberes, indianos e outros povos, que se converteram ao Islam, a sua tolerância religiosa era tão grande, e o apadrinhamento do saber tão perfeito, que cristãos, judeus, masdeístas, budistas e outros colaboravam, com o objetivo de enriquecer as ciências muçulmanas, no domínio literário das suas respectivas religiões, além de outros ramos do conhecimento.

A Lei

Por sua natureza abrangente, a ciência jurídica desenvolveu-se, entre outros muçulmanos, desde o princípio, foram eles os primeiros, no mundo a conceber uma ciência abstrata do direito, separada dos códigos de legislação geral do país.

Os antigos possuíam as suas lei, mais ou menos desenvolvidas e até codificadas, porém faltava, ainda, uma ciência que tratasse da filosofia e das origens do direito, do método de legislação, da interpretação e da aplicação das leis, etc...

E antes do Islam esta ideia nunca tinha se cristalizado, desde o segundo século da Hégira (século 8), começaram a surgir obras islâmicas desse gênero, chamadas de Usul Al Fiquih.

Antigamente, a lei internacional não era, nem internacional, nem era lei; fazia parte da política, e dependia da boa vontade e das intenções dos estadistas, além do que, as suas regras só se aplicavam a um número limitado de estados, geralmente os habitados pelos povos de uma mesma raça,, que seguiam a mesma religião e falavam a mesma língua.

Os muçulmanos foram os primeiros a dar-lhes um lugar definido no sistema jurídico, criando, tanto direitos, como deveres, isto poderá ser observado nas regras da lei internacional que formaram um capítulo à parte, nos códigos e tratados da lei muçulmana, desde o inicio.

O tratado mais antigo que possuímos é o Almajmú, de Zaid Ibn Ali, que morreu em 737, essa obra já contém o capítulo a que nos referimos, além disso, os muçulmanos desenvolveram este ramo de estudos como uma ciência independente, e já em meados do segundo século da Hégira existiam monografias sobre o assunto, todas sobre o título genérico de Siyar.

Um aspecto característico dessa lei internacional é o de que ele não faz qualquer discriminação entre estrangeiros; ela não se refere a interesses muçulmanos, e sim, somente, aos dos estados não muçulmanos de todo o mundo.

Outra contribuição, no domínio jurídico, é a Lei casuística comparada, o surgimento de diversas escolas de direito muçulmano tornou esse tipo de estudo necessário, para relevar as razões das diferenças de interpretação, bem como os efeitos das divergências de princípios sobre uma determinado ponto legal.

A constituição escrita do Estado também foi uma inovação do muçulmanos, alias o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), foi o seu autor, quando ele fundou uma Cidade Estado em Madina, dotou-a com uma constituição escrita, documento este preservado até os dias de hoje.

Ele menciona, em termos precisos, os direitos e as obrigações do chefe de estado, define as unidades constituintes, e também os respectivos setores em matéria de administração, legislação, justiça, defesa, entre outras, ela data do ano de 622 da era cristã.

Na esfera do direito, propriamente dito, aparecem os primeiros códigos, já no principio do segundo século da Hégira, estes dividem-se em três partes principais; culto ou práticas religiosas, relações contratuais de todos os tipos e penalidades.

De acordo com a sua visão abrangente da vida, não havia, no Islam, qualquer distinção entre a Mesquita e o capitólio, a doutrina do Estado ou a lei constitucional faziam parte do culto, uma vez que o chefe do estado era também o chefe do culto religioso.

A Lei internacional fazia parte dos direitos, sendo a guerra colocada no mesmo nível dos atos de pilhagem, pirataria e outras violações de direitos e tratados.

História e Sociologia

A parte muçulmana destas ciências é importante sobre dois aspectos:
da certificação da autenticidade;
da coleção dos detalhes mais variados.

Nascido à plena luz da história, o Islam não precisou depender de lendas ou de folclores, com referencia e informações sobre povos, cada narrativa recebia o valor merecido.

Mas a história corrente do Islam exigia medidas de confiabilidade total, para manter a sua integridade, através dos tempo, a certificação, por testemunhas, fora, antes, uma prerrogativa exclusivas dos tribunais de justiça, os muçulmanos aplicaram-na à história; exigia-se a comprovação de cada relato apresentado.

Se aparecia na primeira geração, após o acontecimento relatado, bastava que houvesse uma única testemunha confiável do evento, já na segunda geração, era necessário citar-se duas fontes sucessivas; ouvi ''A'' dizer que ouviu de ''B'', que viverá na época do evento, contar os detalhes do mesmo.

Na terceira geração, passavam a ser necessárias três fontes de testemunho, e assim por diante, estas referências exaustivas asseguravam a veracidade da corrente de fontes sucessivas, pois tornavam possível recorrer aos dicionários biográficos, que indicavam não somente o caráter dos personagens individualmente citados, mas também os nomes dos seus mestres e do seus principais pupilos.

Este tipo de comprovação existe, não somente em relação à biografia do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), mas para todos os ramos do conhecimento, transmitidos de geração para geração.

Os dicionários biográficos são um aspecto característico da literatura histórica muçulmana, os dicionários foram organizados por profissões, cidades, regiões, épocas, etc...

Também foi atribuída grande importância às árvores genealógicas, especialmente as árabes, e o rol de centenas de milhares de pessoas, de alguma importância, pesquisadas, facilita a tarefa do estudioso, que deseje penetrar nas causas subliminares dos acontecimentos.

Quanto a história, propriamente dita, a tendência características das crônicas é a sua universidade, At Tabari, por exemplo, que é um dos primeiros historiadores do Islam, não só inicia os seus volumosos anais com um relato da criação do universo e da história de Adão, mas também fala de outras raças que conheceu em seu tempo, tarefa essa que foi continuado, com ainda maior perseverança, pelos seus sucessores, Al Mas'udi, Ibn Miskhawaih Sa'id Al Andaluzi, Rachiduddin Khan e outros.

É interessante observar que estes historiadores, para começar com At Tabari, iniciaram as suas obras com a discussão de uma concepção do tempo, Ibn Khaldun mergulhou, mais profundamente nessas discussões sociológicas e filosóficas, em seu célebre; ''Prolegômenos à História Universal''.

Já no primeiro século da Hégira, dois ramos da história começaram a se desenvolver independentemente e forem, posteriormente combinados num todo composto.

Um era a história do Islam, que começava pela vida do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), e continuava com o período dos califas, o outro, a história não muçulmana, quer a Arábia pré-islâmica ou a países estrangeiros, um claro exemplo disso é a história de Rachiduddin Khan, cuja maior parte falta ainda publicar.

Ela foi elaborada. Simultaneamente, em árabe e em persa, e fala com igual a familiaridade dos Profetas, dos califas, dos papas, bem como dos reis de Roma, da China, Índia, Mongólia, entre outros.

Geografia e Topografia

A geografia de Ptolomeu foi traduzida para o árabe, como também o foram as obras de autores hindus, relatos de viagens aumentavam diariamente, o conhecimento do homem comum, a própria diversidade de informações anulava qualquer possibilidade de chauvinismo, qualquer um era capaz de por tudo o que lhe interessasse à prova, por meios práticos.

O diálogo entre Abu Hanifa (716), e seus discípulos é célebre;

''Certo aluno o perguntou onde ficava o centro da terra e ele respondeu: Exatamente no lugar onde você está sentado.''

Está resposta comprova, sem margem de dúvida, que o orador queria dizer que a terra é redonda.

Os mapas múndi, mais antigos, elaborados pelos muçulmanos, representam a terra em forma circular. A cartografia de Ibn Haukai (975), por exemplo, não apresenta qualquer dificuldade para a identificação do mediterrâneo, próximo as nações do Oriente Médio.

O mapa de Al Idrisi, elaborado para o Rei Rogero da Sicília(1101-1154), surpreende por sua elevada precisão, nele consta até a nascente do rio Nilo, precisamos nos lembrar de que os mapas muçulmanos posicionam o Sul para cima e o Norte para baixo.

As viagens marítimas precisavam de escalas das longitudes e latitudes, tanto quanto do astrolábio e de outros instrumentos náuticos, milhares de moedas muçulmanas, foram descobertas em escavações na Escandinávia, atestam, conclusivamente, a atividade dos caravaneiros muçulmanos da Idade Média.

Ibn Majid, que serviu como piloto de Vasco da Gama até a Índia, fala da bússola como um objetivo já familiar.

Os marinheiros muçulmanos espantam-nos com a sua perícia e ousadia em viagens, de Basra (Iraque) até à China.

As palavras ''Almirante'', ''Cabo'', ''Monsoon" (monção), ''Alfândega'', ''Tarifa'', são todas de origem árabe, e são provas substanciais da influência muçulmana sobre a moderna cultura Ocidental.

Astronomia

A descoberta e o estudo do número de estrelas são reconhecidos como valiosas e inesquecíveis contribuições do muçulmanos, um grande número de estrelas continua a ser conhecido, na línguas ocidentais, pelos seus nomes árabes, e foi Ibn Rushd (Averróis), que reconheceu a existência de manchas na superfície do sol.

A reforma do calendário, feita por Ômar Al Khayyan, precede, de longe, a reforma gregoriana, os beduínos árabes pré-islâmicos já tinham desenvolvido observações astronômicas bastante precisas, não só para se orientarem, nas viagens noturnas pelo deserto, mas também para fazerem observações meteorológicas.

Vários livros conhecidos como Kitab Al Anwa, nos proporcionam provas suficientes da extensão do conhecimento muçulmano, posteriormente, com a tradução de obras hindus, gregas e outras para o árabe, a confrontação das informações divergentes exigiu novas experiências e cuidadosas observações.

Surgiram observatórios em todos os lados, muitos ficaram famosos como o de Ulugh Begh, no reinado do Califa Al Ma'mun, foi medida a circunferência da terra, cuja exatidão é incrivelmente espantosa, compilaram-se obras sobre as marés, o amanhecer, o anoitecer, o arco-íris, e principalmente sobre o Sol e a Lua, e seus movimentos.

Ciências Naturais

A faceta característica deste campo da ciência islâmica é a ênfase devotada à experimentação e à observação, sem prejuízo de idéias preconcebidas, o método muçulmano era bastante singular e formidável, os autores começavam o estudo das ciências preparando-se, através dos dicionários classificados de termos técnicos, que existiam em seus próprios idiomas.

Com extraordinária paciência, eles examinavam todos os livros de poesia e prosa, para extrair todos os termos, com as citações úteis, referentes a cada ramo separado, incluindo anatomia, zoologia, botânica, astronomia, mineralogia, etc...

Cada geração sucessiva revisava as obras dos seus predecessores, de maneira a acrescentar-lhes algo novo, estas simples listagens de palavras, algumas acompanhadas de observações literárias ou anedóticas, provavam ser de imenso valor, quando começava o trabalho de tradução; e raros eram os casos em que se tornava necessário adaptar a palavra ao árabe, ou conservar uma palavra estrangeira.

As palavras usadas na botânica, são características desse processo, exceto pelos nomes de certas plantas, que não existiam no Império muçulmano, não existe um único termo de origem estrangeira; encontravam-se palavras árabes para todos os termos.

A enciclopédia botânica de Ad Dinawari (895), em seis grossos volumes, foi compilada muito antes da primeira tradução, para o árabe, das obras gregas sobre o assunto, Ad Dinawari descreve não apenas o exterior de cada planta, como também as suas propriedades alimentares, medicinais e outras; classifica-as, descreve o seu habitat e fornece outros detalhes.

A medicina teve um extraordinário progresso com os muçulmanos nos ramos da anatomia, da farmacologia, da organização de hospitais e da preparação de médicos, que eram submetidos a exames antes de serem autorizados a exercer a profissão.

Mantendo fronteiras em comum com Bizâncio, com Índia, com a China, e outros países, a arte médica muçulmana e sua ciência, tornaram-se uma síntese do conhecimento médico mundial; os usos e costumes populares eram submetidos a experimentação e testes, gerando também nova contribuições.

As obras de Al Razi (Rhazes), Ibn Sina (Avicena) e Ibn Al Baitar, e de muitos outros, foram a base de todo o estudo da medicina, mesmo no Ocidente, sabemos agora que eles já conheciam a circulação do sangue.

Ótica

A ciência tem uma divida especifica para com os muçulmanos, possuímos um livro de raios, de Al Kindi, que já estava muito a frente do saber grego sobre os espelhos incendiários.

Ibn Al Haytam (Al Khazen 965), que o sucedeu, mereceu uma celebridade justa, Al Kindi, Al farabi, Ibn Sina, Al Biruni e outros, que representam a ciência muçulmana, não cedem o seu lugar a ninguém, na história mundial das ciências.

Mecânica e Mineralogia

Estes assuntos atraíram a atenção dos eruditos, tanto do ponto de vista médico, como com o propósito de distinguir as pedras preciosas, conhecimento tão almejado pelos reis e por outras pessoas abastadas, as obras de Al Biruni ainda são úteis nesses campos.

Ibn Firnas (888), invento um aparelho, no qual voava por grandes distâncias, morreu em um acidente, sem deixar qualquer sucessor, que continuasse e aperfeiçoasse o se trabalho.

Outros sábios muçulmanos inventaram instrumentos mecânicos, para içar a superfície navios submersos, ou para arrancar do solo, sem qualquer dificuldade, árvores de enormes dimensões.

Quanto aos acontecimentos do mundo submarino, existem numerosos tratados, escritos, sobre a pesca de pérolas e o tratamento das suas conchas.

Zoologia

A observação da vida dos animais selvagens e das aves sempre fascinou os beduínos da Arábia, Al Jahiz (868) deixou uma imensa obra, para a popularização do assunto, na qual tratava da evolução, tema que mais tarde foi desenvolvido por Ibn Miskawih, Al Kazwini, Ad Dumairi e outros.

Química e Física

O Alcorão Sagrado estimula os muçulmanos, repetidamente, a meditar sobre a criação do universo, e a estudar como os céus e a terra foram feitos, para serem subservientes ao homem.

Portanto, jamais houve qualquer conflito entre a fé e a razão, no Islam, foi assim, que os muçulmanos começaram muito cedo, um estudo sempre progressivo e sério, da química e da física.

Atribuem-se obras científicas a Khalid Ibn Yazid (704), ao grande jurista Ja'far Asiddik (765), e ao pupilo deles, Jabir Ibn Hayyan (776), cujo mérito tem sido celebrado através dos tempos.

A faceta característica das suas obras é a experimentação objetiva, ao ínves da simples especulação; era através da observação que eles acumulavam dados, por influência deles, a antiga alquimia foi transformada numa ciência exata, baseada em fatos, passíveis de demonstração.

Jabir Ibn Hayyan, já conhecia as operações químicas da calcinação e da redução, e desenvolveu, também os métodos da evaporação, sublimação, cristalização, e etc...

É evidente que, nesses caminhos do conhecimento humano, foi necessário o trabalho paciente de gerações e séculos inteiros, a existência de traduções em latim das obras de Jabir Ibn Hayyan e outros, usadas durante muito tempo como livros de textos básicos na Europa, é suficiente, para mostrar o quanto a ciência moderna deve às obras dos sábios muçulmanos, e como ela se desenvolveu rapidamente, graças à aplicação do método muçulmano da experimentação, em vez do método grego.

Matemática

A ciência matemática tem no seu desenvolvimento, traços que não podem ser apagados, da participação muçulmana, os termos ''Álgebra'', ''zero'', ''cifra'', são todas de origem árabe, os nomes de Al Khawarizmi, Ômar Al Khayyam, Al Biruni e outros, permanecerão tão famosos quanto os de Euclides, do autor hindu da Siddhanta, entre outros, a trigonometria era desconhecida pelos gregos, o crédito de sua descoberta pertence, indubitavelmente, aos matemáticos muçulmanos.

Finalizando

Os muçulmanos continuaram o seu trabalho, a serviço da ciência, até que se abateram grandes perdas, sobre os muçulmanos, seus principais centros intelectuais, como Baghdad, no Oriente, e Córdova e Granada no Ocidente, foram ocupados por bárbaros., para grande infelicidade da ciência, numa época em que a imprensa ainda não se tinha firmado, que queimaram as bibliotecas, com centenas de milhares de manuscritos, ocasionando perdas irreparáveis.

Os ''massacres por atacado'' não livraram os eruditos, o que havia sido construído, durante séculos, foi destruído, em poucos dias, e uma vez que uma civilização entra em declínio, devido a tais calamidades, leva alguns séculos, não só de tempo, mas também de recursos, inclusive de meios para estudar as realizações de outras civilizações, que deveriam ter assumido a bandeira da cultura, diante da queda dos vanguardeiros da civilização que os precedeu, antes de se poder as distância.

Além do mais, não se pode criar nobreza de caráter e grandes gênios apenas por querê-lo, estas qualidades são dadivas da graça do Todo Poderoso, que é Deus, para um povo.

E que homens de caráter nobre sejam reprimidos, ao invés de serem investidos na liderança dos seus conterrâneos, é mais uma tragédia que, freqüentemente, temos que lamentar.

Contribuição Islâmica para a Ciência

Durante o século VI, os muçulmanos herdaram a tradição e o conhecimento científico da antiguidade. Preservaram, elaboraram, fizeram uma releitura e, finalmente, passaram-na para a Europa. Foi nessa época que a dinastia omíada manifestou seu interesse pela ciência.

Foi o século que para os muçulmanos correspondeu às luzes da filosofia, da descoberta científica e do desenvolvimento, enquanto que a Europa mergulhava no que se convencionou chamar a Idade das Trevas. Os árabes desse tempo assimilaram o conhecimento persa e a herança clássica dos gregos, adaptando-os às suas próprias necessidades e formas de pensamento.

Pela primeira vez na história da humanidade, a teologia, a filosofia e a ciência puderam ser harmonizadas em um todo unificado, graças à capacidade islâmica de conciliar o monoteísmo com as provas da ciência, ou mais adequadamente, a fé com a razão. Talvez, um dos motivos que pode explicar esse desenvolvimento da ciência seja o mandamento de Deus para que as leis da natureza sejam exploradas. A ideia é admirar a criação por sua complexidade, admirar o Criador por sua habilidade. Talvez por causa dessa crença é que as contribuições do Islam à ciência alcançaram os diversos ramos do pensamento, inclusive a matemática, a astronomia, a medicina e a filosofia.

As culturas persa e hindu tornaram-se parte da herança islâmica no campo da Matemática. No século VII, durante a existência do Profeta, um matemático muçulmano hindu desenvolveu o símbolo "zero", que viria a revolucionar o estudo da matemática e tornar possível as grandes conquistas nesse campo, não só muçulmanas, mas de toda a humanidade.
Palavras como "álgebra" e "algorítimo" foram, na verdade, tiradas do vernáculo arábico e traduzidas para o latim. Foi um matemático muçulmano que formulou, explicitamente, a função trigonométrica. A palavra "seno" é uma tradução da palavra arábica "jayb". Al-Khwarizmi escreveu o mais antigo livro sobre matemática, conhecido somente na versão traduzida. Ele apresentou mais de 800 exemplos de cálculo de integração e equação, que viriam a ser adotados pelos neo-babilônios. Os muçulmanos introduziram os algarismos arábicos na Europa e ensinaram aos ocidentais as convenções mais adequadas ao conceito aritmético. O "zero" e os algarismos arábicos são a base da ciência dos cálculos, conforme é conhecida hoje.

Na primeira metade do século IX, os números exponenciais, incluindo o zero, foram usados por AL-Khwarizmi, para substituir as letras. Na segunda metade desse mesmo século, os muçulmanos da Espanha desenvolveram numerais ligeiramente diferentes na forma, huruf al-ghubar, originariamente usado em conjunção com um tipo de ábaco de areia. Leonardo Fibonacci, de Pisa, que havia sido discípulo de um mestre muçulmano, publicou um trabalho que permanece um marco na introdução dos numerais arábicos.

No início do século IX, cálculos matemáticos estimulavam o desejo de repostas para o movimento celeste. Esta curiosidade introduziu um novo campo no conhecimento humano, o da Astronomia. Uma das aplicações mais importantes da Astronomia é o cálculo para o horário das cinco orações diárias, que todo muçulmano faz. Ele é definido de acordo com a posição do sol, movendo-se de leste para oeste. As primeiras tabelas conhecidas, feitas para tal propósito, são datadas do século X, e são instrumentos importantes usados pelos muçulmanos.

O magnífico relógio do sol, que Ibn al-Shatir construiu no ano de 1371 para enfeitar o minarete principal da mesquita omíada de Damasco, confirma a exatidão dos cálculos. O relógio mostra as horas do dia relativas ao nascer do sol, ao meio-dia e ao por-do-sol. Há, também, curvas especiais para as horas relativas ao amanhecer e ao anoitecer. O relógio do sol mede o tempo para cada hora das cinco preces diárias.

Ibn al-Sarraj inventou uma série de astrolábios, quadrantes, grades trigonométricas e outros instrumentos que foram extremamente inovadores na época e que mais tarde foram utilizados pelos europeus quando iniciaram as grandes navegações para a descoberta de novos mundos.

Al Khwarizmi, o gênio matemático, aplicou suas descobertas ao novo campo, de onde ele compôs as mais antigas tabelas planetárias. Seu trabalho serve de referência e foi traduzido para o latim no século XII, por Gerard de Cremona. O primeiro observatório astronômico foi construído em Jundaysabur, sudoeste da Pérsia, sob a direção de Sind ibn-'Ali e Yahia ibn-abi-Mansur. Sendo o astrônomo do califa, ele elaborou uma carta dos movimentos celestes. Os astrônomos de Al-Mamun, o califa abássida, fizeram muitas observações originais. Uma das mais notáveis é a medida do meridiano, próximo a Mosul. O objetivo era determinar o tamanho da terra e a sua circunferência, na suposição de que ela fosse redonda.

Na Espanha, os estudos sobre Astronomia foram incentivados após a segunda metade do século X. O sistema aristotélico foi reproduzido, com a representação dos movimentos celestes. Abu al-Qasim Maslamah al-Majriti, de Madrid, o mais antigo astrônomo muçulmano espanhol, editou e corrigiu as tabelas planetárias de Al-Khwarizmi. Entre os títulos de Al-Majriti, estava o de ser al-hisab, isto é, o matemático, porque ele era considerado o mestre do conhecimento matemático. Cerca de quatorze anos mais tarde, as tabelas planetárias de al-Battani foram traduzidas para o latim, por Plato de Tivoli. Copérnico, mais tarde, iria citar Al-Battani em seu livro "De Revolutionibus Orbium Coelestium". Al-Zarqali, o mais notável observador astronômico de sua época, imaginou um tipo de astrolábio que comprova o movimento do apogeu solar em relação às estrelas. Al-Bitruji desenvolveu uma nova teoria do movimento estelar.

Os astrônomos árabes deixaram no céu os traços imortais de suas descobertas. São os nomes de estrelas, incorporadas às línguas europeias, uma infinidade de termos técnicos, como azimuth (as-sumut), nadir (nazir), zenith (as-samt), todos derivados do árabe, o que só vem comprovar o rico legado do Islam para a Europa cristã.

Ibn Sina, mais conhecido como Avicena, recebeu o título de "Príncipe da Medicina". Seu trabalho mais consagrado é Al-Qanun Fil-Tibb, o " Cânone da Medicina". Ele é um dos maiores nomes da história da Medicina. Aos dez anos conhecia de cor o Alcorão, e aos doze, discutia sobre Direito e Lógica. Ele achava que a medicina era um assunto fácil. "Quando eu estou em dificuldade", ele disse, "consulto minhas anotações e rezo ao Criador". Em seu livro, ele mostrou muitos aspectos da medicina. Classificou as causas e os sintomas das doenças. Dizia que as doenças são causadas por um desequilíbrio das quatro qualidades elementares do corpo: calor, frio, húmido e seco. Elas são provocadas por uma composição, ou conformação, defeituosa das partes do corpo, que provocam o trauma. A causa das doenças está ligada ao ambiente e à psicologia. Entre elas, está o tradicional esquema das doenças "não naturais", oriundas do ar, do excesso ou falta da alimentação e da bebida. Seu livro também discute os cuidados com a conservação da saúde em partes separadas, pediátricas, adultas e geriátricas.

A peste negra assolou a Europa em meados do século XIV, deixando os cristãos desamparados. Enquanto isso, Ibn-al-Khatib, um clínico de Granada, escreveu um tratado, no qual ele elabora uma defesa sobre a teoria do contágio:

"Para aqueles que dizem 'como posso admitir a possibilidade de infecção, quando a lei religiosa a nega', respondemos que a existência do contágio é constatada pela experiência, pela investigação e pela evidência de relatórios confiáveis. Estes constituem argumento sólido. O contágio se torna claro ao investigador, quando observa como ele, que está em contato com pessoas doentes, pega a doença, ao passo que aquele que não tem o contato fica a salvo, e como se dá a transmissão através de roupas e recipientes."

A circulação do sangue e a ideia da quarentena veio da indicação empírica sobre o contágio e foi descoberto por Ibn al-Nafis. Em 943, Ibn Juljul, de Córdoba, tornou-se um físico famoso com a idade de 24 anos, compilou um livro, que era um tratado especial sobre drogas, encontrado na Andaluzia, na península ibérica. Ibn Masawayh escreveu o mais antigo tratado sobre Oftamologia. O livro, entitulado al-Ashr Maqalat fi al-'Ayn é o mais antigo texto sobre a matéria. No uso curativo das drogas, alguns avanços fantásticos foram feitos pelos muçulmanos. Eles criaram as primeiras boticas e a mais antiga escola de Farmácia.

O Príncipe da Medicina, Avicena, também foi um filósofo. A Filosofia naquele tempo era definida como o conhecimento da causa verdadeira das coisas. Ele foi o primeiro árabe a criar um sistema filosófico que é completo. De seus estudos iniciais da Lógica ele se voltou para o estudo da Física e da Metafísica, por sua própria iniciativa. Tornou-se mentor de muitos físicos, e aos dezoitos anos dominava a Lógica, a Física e a Matemática, e não havia nada mais que ele pudesse aprender a não ser concentrar-se na Metafísica. Seu mais importante tratado filosófico é o Kitab al-Shifa, ou o Livro da Cura, conhecido em latim pelo título de Sufficienta. É uma enciclopédia sobre o saber greco-islâmico do século XI, que vai da Lógica à Matemática.

Um grande patrono da filosofia e da ciência da História do Islam é o califa al-Mamun. Filho do califa Harun al-Rashid, ele estimulou as discussões na corte sobre Lógica, Direito e Gramática. Construiu em Bagdá a sua famosa Bayt al-Hikmah, a Casa do Conhecimento, uma combinação de biblioteca e academia, e que em muitos aspectos é uma instituição educacional importante. Esta biblioteca contém livros sobre todos os assuntos, especialmente Ciências Islâmicas, Ciências Naturais, Lógica, Filosofia e muitos outros.

A maior figura na história da filosofia islâmica, e que representa uma reação ao neo-platonismo, foi Imam al-Ghazali, um jurista, teólogo, filósofo e místico. Ele dizia que o "fiqh" é o pão diário da alma crente, ao passo que a doutrina é valiosa da mesma forma que a medicina é para a doença. Também disse que foi tomado pelo desejo da verdade. Resolveu buscar um "certo conhecimento", além do qual o objeto conhecido não se abre para duvidar completamente. Fundamentalmente, Al-Ghazali afirmava seu agnosticismo sobre a natureza absoluta e final de Deus. Esta necessidade de uma certeza religiosa impulsionou Al-Ghazali para o misticismo e o remeteu à descoberta do conceito alcorânico de Deus, o que mostrou que a natureza de Deus é constituída pelos nomes e abributos divinos.

O primeiro filósofo autêntico a escrever em árabe foi Al-Kindi. Ele está relacionado de muitas formas aos mutazilas e aos filósofos naturais neo-pitagóricos . Foi um homem de extraordinária erudição, que relatou suas observações como geógrafo, historiador e físico. Kindi foi mais do que um filósofo. Era químico, oculista e teórico musical. A sua influência como autor e professor deu-se, principalmente, nos campos da matemática, geografia e medicina.


A história intelectual dos árabes, com o desenvolvimento da Filosofia e da Ciência no Oriente Próximo, começa com a ascensão do Islam. A primeira geração de muçulmanos eruditos dedicou-se completamente ao estabelecimento de um cânon baseado no Alcorão e isto por causa da santidade irresistível do Alcorão e das tradições do Profeta Mohammad. Para os estudiosos muçulmanos, cuja obra é mostrada, o Alcorão é a fonte de todo o conhecimento - a revelação de Deus.

Muitas sugestões foram apresentadas no Alcorão como uma prova da Onisciência de Deus. Tais sugestões estimularam a curiosidade do homem e provavelmente satisfizeram suas buscas do conhecimento. Com as raízes do conhecimento já estabelecidas, seus ramos e folhas cresceram em direção ao avanço tecnológico. Essas raízes não podem ser esquecidas jamais, porque sem uma fundação sólida nenhum pilar pode ser construído e sobreviver. A seguir, alguns nomes de muçulmanos eminentes, que deixaram seus nomes marcados para sempre a história da humanidade, pela enorme contribuição que deram.

História


Abu Raihan Muhammad al-Biruni, um sábio persa, foi contemporâneo do grande físico Ibn Sina (Avicena), com quem se correspondia. Com um talento especial para as línguas, inclusive o turco, o Persa, o sânscrito, o hebreu e o árabe, Al-Biruni despertou a atenção do governante ghazanavida Mahmud, cujo território incluía o norte da Índia. Mahmud muitas vezes levava Al-Biruni em suas campanhas pela Índia, e ele aproveitava para estudar a língua, a história e a ciência dos lugares por onde passava. Um de seus livros mais famosos, Kitab al-Hind (Livro da Índia), foi o resultado dessas viagens. Foi um estudo tão completo sobre a Índia que trabalhos posteriores sobre a história hindu tiveram como base esse livro de Al-Biruni.

Além de sua obra sobre cultura e história, Al-Biruni foi também um cientista notável. No campo da astronomia, ele foi pioneiro na noção de que a velocidade da luz era muito maior do que a velocidade do som, observou os eclipses solar e lunar e aceitou, muito antes do que qualquer outro, a teoria de que a terra girava em torno de um eixo. Na geografia, calculou a latitude e longitude corretas de muitos lugares e questionou a visão ptolomaica européia, de que a África se estendia infinitamente para o sul; Al-Biruni insistia que ela era circundada pela água. Em seu trabalho sobre a Índia, Al-Biruni apresentou a ideia controversa - mais tarde provada correta- de que o vale do Hindu tinha sido uma bacia de mar. Também desenvolveu uma teoria para o cálculo da qibla - a direção de Meca de qualquer lugar em que se esteja - tão importante para os muçulmanos, a fim de praticarem suas orações voltados para aquela cidade. Na física, ele determinou, de forma muito precisa, as densidades de 18 pedras preciosas e metais. Foi o primeiro a estabelecer a trigonometria como um ramo distinto da matemática. Por causa de sua obra em diversos campos do pensamento, Al-Biruni é considerado um dos maiores cientistas de todos os tempos.


'Abd al-Rahman Ibn Khaldoun, é considerado o fundador da moderna sociologia e filosofia da história. Nasceu em Túnis, onde seus pais mais tarde morreram em decorrência da peste negra. Ibn Khaldoun passou a maior parte de sua vida no norte da África e Espanha. Teve uma vida política, trabalhando para inúmeras cortes reais norte-africanas, onde foi capaz de observar a dinâmica política e social da vida cortesã. Essas observações mais tarde influenciaram sua obra sobre a história das civilizações.

Seu livro mais famoso foi o Muqaddimah ("Introdução" ou Prolegômenos), que foi o primeiro volume do que pretendia ser uma obra sobre a história mundial. No Muqaddimah, Ibn Khaldoun expôs sua filosofia de história, e suas opiniões sobre como o material histórico devia ser analisado e apresentado. Concluiu que as civilizações surgem e desaparecem, como num ciclo, como resultado de fatores psicológicos, econômicos, ambientais, sociais e políticos.  Sua atenção voltada para aspectos mais do que simplesmente políticos foi revolucionária, porque ele buscou examinar também os fatores religiosos, sociais e econômicos para explicar a história mundial. Ele submeteu seu estudo da história à análise objetiva e científica, e lamentava o cunho eminentemente tendencioso da história escrita antes dele.

Além do Muqaddimah, Ibn Khaldoun escreveu sobre os árabes, judeus, gregos, romanos, persas, egípcios e bérberes, e sobre os governantes europeus e muçulmanos. Escreveu sua autobiografia, tornando-se um líder nessa nova forma literária. Sua atenção para os fatores sociais na ascensão e queda das civilizações, ajudou a criar a ciência do desenvolvimento social, conhecida, hoje, como sociologia. Sua influência nos campos da sociologia e da história foi enorme, principalmente porque sua ênfase na razão e racionalismo para o julgamento histórico deu um tom não religioso ao seu trabalho.

3.Ibn Hisham; 4. Ibn Ishaq; 5. Ibn Miskawayh; 6. Al-Tabari; 7. Abu Hamid al-Ghazali; 8. Al-Suyuti; 9. Ibn Qutaybah,

Medicina


Abu Ali al-Husayn Ibn Abdullah Ibn Sina, conhecido no ocidente como Avicena, nasceu em Bucara, em 980. Este físico persa tornou-se o mais famoso e influente de todos os cientistas e filósofos muçulmanos. Ele conquistou o favor real por tratar dos reis de Bucara e Hamadan, que tinham contraído doenças que os clínicos da época não diagnosticaram nem curaram. Embora treinado para ser um físico, Ibn Sina trouxe importantes contribuições para a filosofia, matemática, química e astronomia. Sua enciclopédia filosófica, Kitab al-Shifa ("O Livro da Cura"), aproximou as filosofias aristotélica e platônica da teologia islâmica, dividindo o campo do conhecimento em conhecimento teórico (física, matemática e metafísica) e conhecimento prático (ética, economia e política).

Seu legado mais permanente, no entanto, foi no campo da medicina. Seu livro mais famoso, Al-Qanum fi al-Tibb ("O Cânon da Medicina"), ainda é um dos mais importantes livros de medicina jamais escrito, e por 600 anos, serviu como referência médica em toda a Europa. Entre as contribuições do Cânon para a moderna medicina, estavam: o reconhecimento de que a tuberculose era contagiosa; as doenças podiam se difundir através da água e do solo; a saúde emocional influencia a saúde física. Ibn Sina também foi o primeiro clínico a descrever a meningite, as partes do olho e as válvulas cardíacas, e descobriu que os nervos eram responsáveis pela dor muscular. Também deu sua contribuição para os avanços na anatomia, ginecologia e pediatria. O Cânon foi traduzido para o latim no século XII e rapidamente tornou-se a referência médica predominante nas escolas de medicina europeias até o século XVII. Ainda é utilizado hoje nas escolas de medicina islâmicas do Paquistão e da Índia. Nenhum outro livro sobre medicina foi tão aclamado por tanto tempo. Quando o original árabe foi publicado em Roma, em 1593, tornou-se um dos primeiros livros árabes a ser produzido de acordo com a nova invenção do prelo. A Faculdade de Medicina da Universidade de Paris traz em sua entrada principal um retrato de Ibn Sina.

2. Abu al-Fath al-Chuzini Ibn Zuhr; 3. 'Abd al-Malik Abu Marwun Ibn Zuhr; 4. Abu al-Qasim; 5. Ibn Tufayl al-Razi; 6. Ibn al-Haytham.

Matemática


Abu Ja'far Muhammad Ibn Musa al-Khwarizmi nasceu em Khwarizm, atual Usbequistão. Ele viveu em Bagdá, sob o patrocínio de Al-Mamun, o califa abássida, entre 813 e 833, durante o período conhecido como a "Idade de Ouro" da ciência islâmica. Um matemático celebrado em seu tempo, assim como séculos mais tarde, Al-Khwarizmi é melhor conhecido por ter introduzido o conceito de álgebra na matemática. O título de seu livro mais famoso, Kitab al-Jabr wa al-Muqabilah ("O Livro da Integração e da Equação"), na verdade, apresenta a origem da palavra álgebra. No curso de sua obra, Al-Khwarizmi introduziu ouso dos numerais indo-arábicos que se tornaram conhecidos como algoritmos, um derivado latino de seu nome. Ele também começou usando o zero, que abriria o caminho para o desenvolvimento do sistema decimal.

A obra de Al-Khwarizmi teve uma tremenda influência sobre a matemática, não só no mundo islâmico mas também em outras culturas. Muitos de seus livros foram traduzidos para o latim no século XII e Kitab Al-Jabr wa al-Muqabilah foi a principal referência matemática nas universidades européias até o séculoXVI. Além disso, Al-Khwarizmi produziu trabalhos sobre astronomia e geografia, muitos dos quais foram traduzidos para línguas europeias e para o chinês. Em 830, uma equipe de geógrafos, trabalhando sob sua chefia, produziu o primeiro mapa do mundo conhecido. Os méritos científicos de Al-Khwarizmi continuam a produzir impactos nos dias de hoje.


Nascido Ghiyath al-Din Abul Fatah Umar Ibn Ibrahim al-Khayyam, em 1044, em Nishapur, uma cidade persa, Omar Kahyan foi também um famoso matemático, astrônomo, filósofo e poeta. Passou a maior parte de sua vida nos centros intelectuais persas, como Samarcanda e Bucara, e gozou da simpatia dos sultões seljúcidas que governavam a região.

As contribuições científicas mais conhecidas de Kayan foram na álgebra e na astronomia. Sua classificação das equações algébricas foi fundamental para o progresso da álgebra como uma ciência, da mesma forma que sua obra sobre a teoria das linhas paralelas foi importante para a geometria. Na astronomia, o maior legado de Kayan é um calendário solar fantasticamente preciso, que ele desenvolveu quando o sultão seljúcida Malik Shah Jalal al-Din, solicitou um novo programa para a coleta de impostos. O calendário de Kayan era muito mais preciso do que o calendário gregoriano, usado atualmente na maior parte do mundo: o dele apresenta um erro de um dia em 3770 anos, enquanto que o gregoriano tem um erro de um dia em 3330 anos. Kayan mediu a extensão de um ano em 365,24219858156 dias. Embora o calendário tenha sido abolido depois da morte de Malik Shah, em 1092, no entanto, ele ainda é utilizado em algumas partes do Irã e do Afeganistão.

Omar Kayan também foi poeta, e é assim que ele é melhor conhecido no ocidente, em detrimento de sua obra científica. Sua fama como poeta existe desde 1839, com a tradução para o inglês de seu livro Rubayat. Tornou-se um clássico da literatura mundial e é responsável pela influência que teve no conceito europeu sobre a poesia e literatura persas. Tendo em vista que em sua época ele foi mais conhecido por sua obra científica, duvidava-se que Kayan fosse realmente o autor de Rubayat. Mas, uma análise criteriosa efetuada por muitos estudiosos comprovou que ele é mesmo o autor da obra.

3. Kushyar Ibn Labban, 4. Ibn Turk, 5. Abda al-Hamid, 6. Ibn Qurra, 7. Thabit, 8. Al- Kashi, 9. Nasir al-Din al-Tusi, 10. Abu al-Wafa', 11. Ibn Yunus, 12. Al-Battani, 13. Ibn al-Haytham (Alhazen).

Astronomia

1. Ibn al-Muqtafi, 2. Abu al-Fadl Ja'far, 3. Nasir al-Din al-Tusi, 4. Muhammad ibn Musa al-Khwarizmi, 5.Abu al-Wafa', 6. Ibn al-Shatir; 7. Ibn Yunus, 8. Omar Khayyam, 9. Al-Battani, 10. Abu al-Abbas al- Farghani,

Geografia

Abu al-Abbas al- Farghani,

Filosofia


Abu'l-Nasr Al-Farabi, um muçulmano de origem persa, que estudou em Bagdá, foi considerado em seu tempo como o maior filósofo desde Aristóteles. Na verdade, ele era conhecido como o "Segundo Mestre", sendo Aristóteles o primeiro. Ele era fluente em diversas línguas e através de suas traduções de antigas obras gregas, ele foi um dos primeiros filósofos muçulmanos a introduzir a filosofia grega no mundo islâmico. Escreveu sobre diversos assuntos, inclusive lógica, sociologia, ciência política, medicina e música, mas seu legado mais importante foi sua obra sobre filosofia.

Ao escrever seus comentários sobre a obra dos antigos gregos, Al-Farabi procurou reconciliar os pensamentos aristotélico e o platônico com a teologia islâmica. Ao mesmo tempo, no entanto, ele tornou-se o primeiro filósofo muçulmano a separar filosofia da teologia, influenciando estudiosos de muitas religiões que o seguiam. Ele concluiu que a razão humana, o instrumento da filósofo, era superior à revelação, o instrumento da religião, resultando numa vantagem da filosofia sobre a religião. Ele afirmava que a filosofia era baseada na percepção intelectual, enquanto que a religião baseava-se na imaginação. Assim, ele atribuía características solenes ao filósofo e defendia a presença de um filósofo na chefia do estado. Ele achava que as revoltas políticas no mundo islâmico deviam-se ao fato de o estado não ser administrado por filósofos, cujos poderes superiores da razão e do intelecto determinavam a liderança ideal.

A obra de Al-Farabi influenciou enormemente os filósofos islâmicos que se seguiram a ele, principalmente Ibn Sina e Ibn Rushd. Também serviu de palco para debates acalorados entre os representantes da filosofia e da teologia, na medida em que pensadores muçulmanos buscavam harmonizar as disparidades entre esses dois campos.


Abu Hamid al-Ghazali nasceu em1058, na província persa do Corassã. Foi estudou teologia islâmica em renomadas instituições de Nishapur e Bagdá, e tornou-se professor em religião e filosofia na Universidade de Nizamiyah, em Bagdá, uma das mais importantes instituições islâmicas daquela época. Em 1095, no entanto, depois de um período de confusão interior a respeito de sua fé, Al-Ghazali deixou a universidade, abandonou seus bens materiais e tornou-se um ascético errante. Devotou-se ao sufismo, o ramo místico do Islam que se ocupa do conhecimento direto de Deus, e viajou a Meca, Síria e Jerusalém, antes de voltar para Nishapur, para escrever.

Sua obra a respeito da relação entre a filosofia e a religião contribuiu para uma discussão no mundo islâmico sobre como harmonizar esses dois campos. Ao adotar os princípios aristotélicos do humanismo dos antigos gregos, filósofos muçulmanos, como Al-Farabi e Ibn Sina, entraram em conflito com os teólogos que afirmavam que a filosofia aristotélica contradizia a doutrina islâmica. Al-Ghazali defendia firmemente a religião contra o ataque dos filósofos e assim fazendo ajudou a construir uma ponte entre essas duas correntes de pensamento. Ele também buscou prevalecer no que ele acreditava ser excessivo no sufismo e trazê-lo para uma linha mais compatível com o Islam ortodoxo. Continuou a salientar a importância do sufismo como um caminho para a verdade absoluta, mas procurou redefinir sua imagem extremista como uma desobediência aos ensinamentos básicos do Islam.

Al-Ghazali escreveu muitos livros a respeito desses assuntos, que ficaram famosos, um dos quais inspirou o filósofo Ibn Rushd a responder com um livro de sua autoria, depois da morte de Al-Ghazali. Em Tuhafat al-Falasifa ("A Incoerência dos Filósofos"), Al-Ghazali expôs alguns argumentos a respeito do por quê algumas vezes a filosofia soava herética ao Islam. Ele, particularmente, discordava dos argumentos apresentados pelos filósofos de influência grega, que questionavam a imortalidade da alma, a ressurreição do corpo, a recompensa e a punição depois da morte, o conhecimento de Deus de todas as coisas e a eternidade do mundo. Al-Ghazali aceitava o fato de que os filósofos questionassem alguns princípios da fé islâmica, mas repudiava-os por não provarem suas posições. Ao mesmo tempo, Al-Ghazali foi muito cuidadoso em não refutar tudo que os filósofos dissessem. Ele não rejeitou as descobertas dos cientistas-filósofos das ciências naturais, e admitia que muitos avanços científicos haviam sido feitos. Também repudiou os muçulmanos que, em nome da religião, rejeitavam toda ciência que estivesse ligada aos filósofos, afirmando que essa abordagem somente levaria os filósofos a concluírem que o Islam baseava-se na ignorância. Al-Ghazali defendia a aceitação das conquistas científicas válidas, e desafiava os filósofos a provarem suas objeções em relação à teologia islâmica. Ibn Rushd, um filósofo aristotélico e racionalista, respondeu ao livro de Al-Ghazali com um de sua autoria, Tuhafut al-Tuhafut ("A Incoerência da Incoerência"), no qual ele reproduziu e comentou seus argumentos, página por página.

Al-Ghazali é considerado um dos maiores teólogos do Islam. Seus argumentos influenciaram sábios religiosos judeus e cristãos e até Santo Tomás de Aquino usou muito dos temas de Al-Ghazali para fortalecer o cristianismo no Ocidente.


Abu'l Waleed Muhammad Ibn Ahmad Ibn Muhammad Ibn Rushd nasceu em Córdoba, em 1126, então parte da Espanha Muçulmana. Foi um dos maiores pensadores e cientistas do século XII. Conhecido no ocidente por seu nome latino, Averróes, Ibn Rushd influenciou a cultura do mundo islâmico e da Europa por séculos, e é melhor conhecido no Ocidente por seus comentários sobre a filosofia aristotélica.

Como muitos sábios famosos antes dele, Ibn Rushd gozava da simpatia da corte real e passou sua vida entre a classe dirigente de Marraquesh, Marrocos e das cidades espanholas de Sevilha e Córdoba. Embora suas opiniões sobre religião e filosofia ocasionalmente aborrecessem seus padrinhos, Ibn Rushd foi capaz de continuar seus estudos nesse campo, graças a sua amizade com os governantes muçulmanos. Ele foi fortemente influenciado pela filosofia grega e escreveu muitos comentários a respeito das obras de Aristóteles. Ele usava o racionalismo grego para questionar diversos princípios da teologia islâmica, ganhando a crítica de muitos religiosos muçulmanos eruditos, como Al-Ghazali, por exemplo. Apesar de sua defesa veemente da filosofia, Ibn Rushd era um muçulmano devotado que também tentou integrar a visão política de Platão ao moderno estado islâmico, harmonizando o pensamento grego e as tradições islâmicas.

Enquanto o mundo islâmico se dividia no apoio à obra filosófica de Ibn Rushd, ele ficou muito popular na Europa. Seus comentários sobre a obra de Aristóteles e Platão foram traduzidos para o latim, inglês, alemão e hebreu, e depois foram incluídos nas edições sobre as obras dos filósofos gregos. A idéia de que ele foi mais popular no Ocidente do que no mundo islâmico, foi também baseada no fato de que poucos de seus escritos sobreviveram em língua original, o árabe.

Além de filósofo, Ibn Rushd foi médico e astrônomo. Seu famoso livro sobre medicina, Kitab al Kulyat fi al-Tibb, discutiu vários diagnósticos e curas para as doenças, assim como a sua prevenção. Ele foi o físico pessoal de muitos dos califas almorávidas em Espanha e no Magrebe. Na astronomia, escreveu tratados sobre o movimento das esferas.

4. Abu Yusuf Ya'qub Kindi, 5. Ibn Bajjah, 6. Abu 'Ali al-Husayn Ibn Sina (Avicena), 7. Ibn Tufayl, 8. Nasir al-Din al-Tusi, 9. Ibn Miskawayh.

Teologia

1. Al-Tabari, 2. al-Zamakhshari, 3. al-Suyuti, 4. Ibn Qutaybah,

Alquimia

1. Abu Musa Jabir ibn Hayyan, 2. al-Razi,

FONTES: