sexta-feira, agosto 25, 2017

Dia de Eid-Al-Adha: Obediência de Abraão – “A festa do Sacrifício”

Sentido, finalidades, regras e questões práticas prezados irmãos, saúdo-vos com a saudação do islão, "Assalam alaikum", (que a paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.
O primeiro dia doEid-al-Adha, "A festa do sacrifício" Será realizada, in cha allah, sexta-feira, 01 de setembro. Esta festa comemora o sacrifico do profeta Abraão (paz esteja com ele), e marca o fim do período da peregrinação a Meca, que é refletida em todo o mundo pelo abate de ovelhas, vacas …, ao longo de um período de entre 1 a 4 dias ou de 01 a 04 de setembro. Tentar-se-á responder neste texto a todas as questões de significado, propósito e regras sobre o ritual a que muitos cidadãos muçulmanos portugueses permanecem ligados como forma de culto.
1- Quantas festas há na religião muçulmana? O calendário muçulmano tem dois grandes festivais: O festival de eid-al-adha, "O festival de quebrar o jejum", também conhecido como eid-al-saghir, "A pequena festa", que marca o fim do Ramadão, e o festival de eidal-adha, a "Festa do sacrifício", chamada igualmente eid al-quibir, "A grande festa", que marca o fim do período da peregrinação a Meca, um dos cinco pilares do Islão.
2 - qual é o significado da festa do sacrifício para os muçulmanos? Este festival comemora o sacrifício que deus pediu a Abraão (paz esteja com ele) para o testar e testar a sua fé. Na tradição muçulmana, abraão (p.e.c.e.) é o pai dos profetas, cognominado de "Ibrahim al kalilullah", isto é, o amigo fiel de Allah. Ele era um amigo fiel de deus e é a ele que deus vai colocar o teste mais difícil de todos: Sacrificar o seu único filho Ismael (p.e.c.e.) que nasceu da sua esposa Hajar (Hagar), em nome de sua fé. Isso é muito mais do que sacrificar-se a si mesmo; é mais do que uma prova de vida, uma falha, uma tragédia ou um acidente vivo; é muito mais difícil do que a separação, doença ou perda de um ente querido. Ibrahim (a.s.) e seu filho Ismael (a.s.) uniram-se para se submeterem à vontade de deus. Abraão preparava-se para sacrificar Ismael, quando foi interrompido pelo arcanjo Jibril (Gabriel) e Ismael foi substituído por um carneiro. Abraão (p.e.c.e.) foi escolher entre o amor de deus e o amor de seu único filho naquele momento. Ele escolheu o amor de deus que fez com que o seu filho ismail (a.s.) ficasse vivo. Os muçulmanos comemoram esta prova, de dois amores, sacrificando um animal.
-3. Qual é o estatuto da festa do sacrifício no Islão? A maioria dos estudiosos muçulmanos acredita que esta é uma tradição profética altamente recomendada para os muçulmanos que têm os meios financeiros para o fazer. O muçulmano não tem que pedir dinheiro emprestado para comprar um animal para o sacrifício.
4 - como é fixada a data da festa do sacrifício? As festas muçulmanas são temporizadas de acordo com o calendário lunar. [1] a festa do sacrifício é celebrada no décimo dia do último mês do ano lunar, após o encontro de milhões de peregrinos [2] no monte Arafat [3] em Meca (makkah). A data do eid al-quibir, como o início ou o fim do Ramadão, "Retrocede" Cerca de 11 dias a cada ano no calendário gregoriano.
5- os muçulmanos comemoram o Eid todos no mesmo dia? Teoricamente sim, porque é a arábia saudita que executa os ritos da peregrinação, que define o primeiro dia da festa do sacrifício. A data desta celebração, que marca o fim da peregrinação e que é determinada pelo calendário lunar, é conhecida e confirmada cerca de dez dias antes. Dito isto, para alguns países como a Turquia que adotaram a computação científica, a data é conhecida antecipadamente. Na França, é o CFCM, que define a data do primeiro dia do sacrifício. Eles estão sempre alinhados com a arábia saudita.
6 - em que hora do dia deve começar o sacrifício? O sacrifício deve começar na manhã do festival, após a oração especial do eid que se começa a partir dos 20 minutos após o nascer do sol. O animal morto antes da oração do eid não é considerado como um sacrifício, mesmo que seja halal e, portanto, seguro para o consumo. É permitido sacrificar de dia e de noite, mas é melhor fazê-lo de dia.
7 - quantos dias dura a festa? Eid al-adha é uma festa que dura 3 dias. É mais comumente comemorado no primeiro dia por famílias muçulmanas, mas também pode espalhar-se ao 2º e 3º dia após a oração especial do Eid, incluindo o abate do animal. Portanto, mais e mais famílias aceitam por razões logísticas recuperar o animal abatido no 2º ou 3º dia.
8 - que tipo de animal deve ser sacrificado? Na tradição muçulmana, a escolha de animais que poderia ser sacrificada durante a festa é múltipla: Os muçulmanos podem matar ovinos (ovelhas, ou carneiros), bovinos (vaca, touro ou vitelo), caprinos (cabras ou bodes) ou ainda um dos camelídeos (camelo ou dromedário).
9 - é possível que várias famílias se unam para sacrificar um único animal? O islão permite que um grupo de sete pessoas (no máximo) se unam a sacrificar um bezerro ou uma vaca.
10 - em que recursos específicos devem atender aos animais? Os animais devem atender às condições relacionadas com a idade e integridade física. Assim, o animal deve ter mais de 2 anos para o gado e pelo menos seis meses (mais de um ano de preferência) para ovelhas. Não devem ser nem doentes nem velhos nem magros, nem cegos, ou aleijados ou completamente amputados e devem dispor de todos os seus membros. Os animais carentes de chifres ou cauda naturalmente e machos castrados "São permitidos para o sacrifício”.
 11 - quem deve fazer o sacrifício? A tradição ordena que o cabeça de família deve matar o animal em si, se a lei do país o permitir. Caso contrário, ele pode autorizar outra pessoa para fazer isso por ele.
12 - deve estar presente no abate do animal? A sua presença não é obrigatória, mas é recomendada. No entanto, o agente deve, na medida do possível, dar o nome do proprietário do animal no momento da morte do animal.
13 - o que se faz com a carne? É colocada sob o signo da partilha e da solidariedade; eid al-adha é uma oportunidade para os muçulmanos recuperarem e fortalecerem os laços entre os membros da comunidade, incluindo aqueles que vivem em necessidade (pobres, carentes, órfãos). Durante este festival, por tradição, o primeiro terço da carne é dado aos pobres e necessitados, o segundo terço aos amigos e vizinhos (muçulmanos ou não) e o terceiro terço é da família.
14 - e sobre o bem-estar do animal? Devemos minimizar o sofrimento do animal a ser tratado com delicadeza, sem brutalidade ou violência. A pessoa que fizer o abate deve esvaziar o animal de sangue, sem o atordoamento e usando uma faca afiada e cortante, e deve sair da bainha no último momento para evitar a exposição ao animal.
15 - é possível encomendar o animal a um açougueiro? Sim, muitos muçulmanos fazem-no. Basta verificar com o açougueiro que o animal foi morto após a oração de Eid. É possível encomendar o animal num supermercado? Sim, desde que o abate seja feito após a oração de Eid, o que não é necessariamente o caso para grandes áreas. notas [1] o ano lunar tem 354 ou 355 dias em vez de 365 como o ano solar. Os meses lunares são 12 em número e têm 29 ou 30 dias. Sexta-feira é o dia mais importante da semana. Os crentes reúnem-se na mesquita para rezarem juntos. [2] mais de 3 milhões de muçulmanos vindos de todo o mundo em cada ano realizam a peregrinação. [3] o monte Arafat, também conhecida como a "Montanha da misericórdia" É a leste da colina de Meca. No final dos ritos de peregrinação, especificamente no nono dia do último mês do ano lunar, os peregrinos reúnem-se todos lá. É um dia simbólico para honrar o último julgamento. Este é também o dia para pedir perdão a Deus. A estação no monte Arafat é um dos pilares da peregrinação.

Obrigado. Wassalam. M. Yiossuf adamgy - diretor da revista Al Furqán

quarta-feira, agosto 23, 2017

A FAMÍLIA NO ISLÃ (PARTE 1 a 3): O APELO DA VIDA FAMILIAR ISLÂMICA

No Islã, considerar o bem-estar do “outro” ao invés de apenas o “eu” é uma virtude tão enraizada na religião que é evidente até mesmo para aqueles fora dela. O advogado britânico humanitário e defensor de direitos civis, Clive Stafford-Smith, um não-muçulmano, declarou: “O que eu gosto sobre o Islã é o foco sobre o grupo, que é oposto ao foco do Ocidente sobre a individualidade.”[1]

Os indivíduos que formam qualquer sociedade são unidos através de vínculos relacionados a um grupo. O mais forte de todos os vínculos sociais é o da família. E embora seja justificavelmente argumentado que a unidade familiar básica seja a fundação de qualquer sociedade humana, isso é particularmente verdade para os muçulmanos. De fato, o grande status que o Islã concede ao sistema familiar é exatamente o que com freqüência atrai muitos novos convertidos ao Islã, particularmente mulheres.

“Com leis para quase todos os aspectos da vida, o Islã representa uma ordem com base na fé que as mulheres vêem como crucial para criarem famílias e comunidades saudáveis, e corrigir o dano feito pelo humanismo secular popular dos últimos 30 anos, dizem vários especialistas. Além disso, as mulheres de lares desfeitos podem ser especialmente atraídas para a religião por causa do valor que ele coloca na família, disse Marcia Hermansen, uma professora de estudos islâmicos na Loyola University em Chicago e uma americana que também se converteu ao Islã.”[2]

Essa tendência de prezar os valores familiares tradicionais entre os que se convertem ao Islã é mais predominante entre latinos da América do Norte ou na comunidade hispânica. Como um dos muçulmanos da Flórida observou: “Eu tenho visto uma taxa crescente de hispânicos se convertendo ao Islã. Eu acho que a cultura hispânica em si é muito rica em termos de valores familiares, e isso é algo que é muito proeminente na religião do Islã.”

Então, quais são os valores particulares ou características da vida familiar islâmica que tantos têm achado atraente?

Em um evento na Universidade Islâmica de Columbia, Hernan Guadalupe, uma equatoriano-americana: “falou de semelhanças culturais e valores familiares inerentes aos hispânicos e muçulmanos. Tipicamente, os lares hispânicos são unidos e devotos, e as crianças são educadas em um ambiente estrito – características que se assemelham aos lares islâmicos.”[3]

E em um outro relato jornalístico recente, também foi observado como isso acontece: “Os valores familiares desempenham um papel fundamental na formação de uma comunidade muçulmana. Por causa desses valores familiares, existem muitas outras normas que são consistentes dentro da comunidade hispânica e o Islã; por exemplo, o respeito pelos mais velhos, o casamento e a educação das crianças, são algumas das tradições que os hispânicos têm em comum com o Islã.”[4]

Alguns convertidos americanos também têm tido algo a dizer sobre essa experiência, e alguns desses relatos estão reunidos em um livro escrito pela mãe de uma convertida; Daughters of Another Path de Carol L. Anway. Uma mulher, citada no livro[5], falou sobre sua mudança de atitude em relação ao casamento e a vida familiar após se converter ao Islã. “Eu fiquei mais limpa e calma a medida que me aprofundei na religião. Eu me tornei altamente disciplinada. Eu não pretendia casar antes de ser muçulmana, e ainda assim rapidamente eu me tornei esposa e então mãe. O Islã forneceu uma estrutura que me permitiu expressar crenças, como modéstia, gentileza e amor, que eu já tinha. Também me levou à felicidade através do casamento e do nascimento de dois filhos. Antes do Islã eu não tinha tido vontade de ter minha própria família, uma vez que eu odiava (a idéia de ter) filhos.”

Uma outra mulher fala de sua aceitação dentro da família estendida no mesmo livro. “Nós nos encontramos no aeroporto com uma grande parte da família dele, e foi um momento muito comovente, que eu nunca esquecerei. Mama (sua sogra) é como um anjo... eu tenho chorado muito, por causa do que eu vejo aqui. O sistema familiar é muito singular com uma proximidade que vai além das palavras.”[6]

No Apêndice C do livro, uma americana convertida de 35 anos, há 14 anos uma muçulmana, escreveu sobre a família de seu marido e os valores deles em relação aos seus próprios valores americanos. “Eu encontrei todos os membros da família imediata do meu marido e alguns membros de sua imensa família estendida...eu aprendi muito com eles. Eles têm um jeito maravilhoso de se relacionar com suas crianças, uma forma que engendra respeito pelos outros e muita alta estima. É interessante ver como operam uma criança e uma cultura orientadas pela religião. Os familiares do meu marido, em contraste com a cultura americana, têm demonstrado grande apreciação por certos elementos de minha identidade cultural americana...eu vi que o Islã está certo em dizer que a moderação é o caminho correto.”[7]

Dessas citações, uma de um intelectual não-muçulmano, outras de convertidos e jornalistas, e algumas de mulheres americanas comuns que abraçaram o Islã, podemos ver que os valores familiares no Islã são um de seus maiores atrativos. Esses valores vêm de Deus e Sua orientação, através do Alcorão e do exemplo e ensinamentos de Seu Mensageiro, Muhammad, que Deus o exalte, que indica a unidade familiar como o sustentáculo da religião e do modo de vida islâmico. A importância de formar uma família é enfatizada por um dito do próprio Profeta, que disse:

“Quando um homem se casa, ele cumpre metade de sua religião, então deixem-no temer a Deus em relação à metade restante.”[8] (al-Baihaqi)

Os dois artigos que se seguem discutirão a família no Islã à luz do Alcorão e dos ensinamentos proféticos. Através de uma breve exploração da abordagem do Islã sobre casamento, respeito pelos pais e idosos, e a educação das crianças, podemos começar a apreciar os benefícios da família no Islã.

FOOTNOTES:

[1]Emel Magazine, Edição 6 - Junho/Julho 2004.

[2]“Islam’s Female Converts (Mulheres Convertidas do Islã)”; Priya Malhotra, 16 de Fevereiro, 2002. (veja http://thetruereligion.org/modules/xfsection/article.php?articleid=167).

[3]“Some Latinos convert to Islam (Alguns Latinos convertidos ao Islã)”; Marcela Rojas, The Journal News (http://www.thejournalnews.com/apps/pbcs.dll/article?AID=/20051030/NEWS02/510300319/1028/NEWS12)

[4]“Islam Gains Hispanic Converts (Islã Conquista Convertidos Hispânicos)”; Lisa Bolivar, Correspondente Especial, 30 de Setembro de 2005. (http://thetruereligion.org/modules/xfsection/article.php?articleid=405)

[5]Daughters of Another Path, quarta edição, Al-Attique Publishers, p.81.

[6]Daughters of Another Path, p.126.

[7]Daughters of Another Path, p.191.

[8]Uma narração do Profeta, por Anas b. Malik, seu servo pessoal; coletada e comentada pelo Imam al-Baihaqi em Shu’ab al-Iman (Ramos da Fé).


A Família no Islã (parte 2 de 3): Casamento 

Casamento

E dentre Seus sinais, está que Ele criou, para vós, mulheres de vós mesmos, para vos tranqüilizardes junto delas. E Ele colocou amor e misericórdia entre vossos corações. Por certo, nisso há sinais para aqueles que refletem.” (Alcorão 30:21)

O casamento é a mais antiga das instituições humanas. O casamento passou a existir com a criação do primeiro homem e mulher: Adão e Eva. Todos os profetas desde então foram enviados como exemplos para suas comunidades, e todo Profeta, do primeiro ao último, defendeu a instituição do casamento como expressão divinamente sancionada de companheirismo heterossexual.[1] Mesmo hoje, ainda é considerado mais correto e adequado que os casais se introduzam como “minha esposa” ou “meu marido” ao invés de “meu amante” ou “meu parceiro”. Porque é através do casamento que homens e mulheres satisfazem licitamente seus desejos carnais, seus instintos por amor, carência, companheirismo, intimidade sexual, e assim por diante.

“...Elas (suas esposas, Ó homens) são uma vestimenta para vós e vós (homens) sois uma vestimenta para elas...” (Alcorão 2:187)

Com o passar do tempo, alguns grupos passaram a adotar crenças extremas sobre o sexo oposto e a sexualidade. As mulheres, em particular, eram consideradas maléficas por muitos homens religiosos, e assim o contato com elas tinha que ser mínimo. Dessa forma, o monasticismo, com uma vida de abstenção e celibato, foi inventado por aqueles que queriam o que eles consideravam uma alternativa virtuosa ao casamento e uma vida mais religiosa.

Então, enviamos depois deles, Nossos Mensageiros, e enviamos Jesus, o filho de Maria, e lhe concedemos o Evangelho. E ordenamos nos corações daqueles que o seguiram, compaixão e misericórdia. Mas o monasticismo eles inventaram para si próprios; Nós não lhes prescrevemos, mas eles o fizeram em busca do agrado de Deus; mas não o respeitaram como deveria ser respeitado. Então, concedemos aos que creram dentre eles, sua recompensa devida, mas muitos deles foram pecadores rebeldes.” (Alcorão 57:27)

A única família que os monges conheceria (cristão, budista ou outro) seria seus companheiros monges no monastério ou templo. No caso do Cristianismo, não apenas homens, mas também mulheres, podiam alcançar níveis de piedade se tornando freiras, ou “noivas de Cristo”. Essa situação antinatural com freqüência tem levado a muitos vícios sociais, como abuso de crianças, homossexualidade e relações sexuais ilícitas acontecendo entre os enclausurados – todos os quais considerados pecados criminais. Aqueles muçulmanos heréticos que seguiram a prática não-islâmica de abstenção e eremitério, ou que ao menos alegaram que tinham adotado um caminho mais virtuoso para Deus do que os dos próprios Profetas, da mesma forma sucumbiram a esses mesmos vícios e a um nível igualmente escandaloso.

O Profeta Muhammad em sua própria vida deixou claro os seus sentimentos em relação à sugestão de que o casamento poderia ser um obstáculo para a proximidade com Deus. Uma vez, um homem veio até o Profeta para fazer um voto de que ele não teria nada com mulheres, ou seja, nunca se casaria. O Profeta respondeu declarando austeramente:

Por Deus! Eu temo mais a Deus que você! Ainda assim... eu me caso! Quem quer que se afaste da minha sunnah (caminho inspirado) não é de mim (isso é, não é um verdadeiro crente)."

“Dize, (às pessoas) Muhammad: ‘Se amais a Deus, então segui-me, Deus vos amará e vos perdoará os pecados. E Deus é Perdoador, Misericordioso.’” (Alcorão 3:31)

Na realidade, longe de ver o casamento como mau para a fé de alguém, os muçulmanos consideram o casamento como parte integrante de sua devoção religiosa. Como mencionado antes, o Profeta Muhammad declarou explicitamente que o casamento é metade da Religião (do Islã). Em outras palavras, talvez metade de todas as virtudes islâmicas, como fidelidade, castidade, caridade, generosidade, tolerância, gentileza, empenho, paciência, amor, empatia, compaixão, cuidado, aprendizado, ensinamento, confiabilidade, coragem, misericórdia, resignação, perdão, etc., encontrem sua expressão natural através da vida de casados. Dessa forma, no Islã, ter consciência de Deus e bom caráter supostamente são o critério principal que uma pessoa procura em seu futuro parceiro ou parceira no casamento. O Profeta Muhammad disse:

Se casa com uma mulher por uma das quatro razões: sua riqueza, seu status, sua beleza e sua devoção religiosa. Então case com a mulher religiosa, porque de outra forma será um perdedor.” (Saheeh Al-Bukhari)

Indubitavelmente, a decadência e moléstia social que predomina em muitas partes do mundo não-muçulmano também encontram expressão em algumas partes do mundo muçulmano. Apesar disso, a promiscuidade, fornicação e adultério continuam sendo muito condenados em todas as sociedades islâmicas e ainda não foram descriminalizados ao nível de meras questões triviais. De fato, os muçulmanos ainda reconhecem e admitem a grande capacidade de destruição que relacionamentos pré e extra conjugais têm nas comunidades. O Alcorão deixa claro que a mera acusação de impropriedades carrega conseqüências muito severas nessa vida e na próxima.

E aqueles que acusam mulheres castas e não produzem quatro testemunhas (para provar sua acusação sem sombra de dúvidas), açoitai-os com oitenta chibatadas e jamais lhes aceiteis testemunho algum; porque eles são os verdadeiros pecadores.” (Alcorão 24:4)

Por certo, os que acusam de adultério as mulheres castas, inocentes, crentes, são amaldiçoados nesse mundo e no próximo. E para eles haverá um grande castigo.” (Alcorão 24:23)

Ironicamente, embora as mulheres solteiras sejam talvez as que mais sofram as conseqüências de relacionamentos promíscuos, algumas das vozes mais radicais do movimento feminista clamam pela abolição da instituição do casamento. Sheila Cronin do movimento, NOW, falando a partir da perspectiva limitada de uma feminista extremista, cuja sociedade está oscilando com o fracasso do casamento ocidental tradicional em garantir às mulheres segurança, proteção de doenças sexualmente transmissíveis e muitos outros problemas e abusos, opinou: “Uma vez que o casamento se constitui em escravidão para as mulheres, está claro que o movimento das mulheres deve se concentrar no ataque a essa instituição. A liberdade para as mulheres não pode ser conquistada sem a abolição do casamento.”

O casamento no Islã, entretanto, ou melhor dizendo, o casamento de acordo com o Islã, é em si um veículo para assegurar liberdade para as mulheres. Não existe maior exemplo de casamento islâmico perfeito do que o do Profeta Muhammad, que disse a seus seguidores: “O melhor de vocês é aquele que trata melhor suas mulheres. E eu sou o melhor para minhas mulheres.”[2] A amada esposa do Profeta, Aisha, atestou a liberdade que o tratamento de seu marido a proporcionava quando ela disse:

Ele sempre ajudava no trabalho doméstico e às vezes remendava suas roupas, consertava seus sapatos e varria o chão. Ele tirava leite, amarrava e alimentava seus animais e fazia as tarefas domésticas.” (Saheeh Al-Bukhari)

Por certo há no Mensageiro de Deus um excelente exemplo a seguir para quem espera em Deus e no Último Dia e relembra muito de Deus.” (Alcorão 33:21)


FOOTNOTES:

Independentemente ou não desses Profetas serem eles mesmos casados: Jesus, por exemplo, ascendeu aos céus como um homem solteiro. Entretanto, os muçulmanos acreditam que ele retornará à terra antes do Fim dos Tempos em uma segunda vinda quando ele reinará supremo, um marido e pai como qualquer outro homem de família. Portanto, a controvérsia recente relacionada às alegações fictícias do Código da Vinci de que Jesus se casou e teve filhos não são blasfemas no sentido de sugerirem que o Messias era um homem comum, mas são meramente prematuras.

[2]Narrado em Al-Tirmidhi.


A FAMÍLIA NO ISLÃ (PARTE 3 DE 3): SER PAIS

Ser Pais

Uma das razões da família islâmica funcionar é a sua estrutura claramente definida, onde cada membro da família sabe o seu papel. O Profeta Muhammad, que Deus o exalte, disse:

Cada um de vocês é um pastor, e todos vocês são responsáveis pelos seus rebanhos.” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)

O pai é o pastor de sua família, protegendo-a, provendo-a, e se empenhando para ser um modelo e guia dentro de sua capacidade como chefe da família. A mãe é a pastora sobre a casa, guardando-a e engendrando nela o ambiente de amor que é necessário para uma vida familiar feliz e saudável. Ela também é a principal responsável pela orientação e educação das crianças. Se não fosse pelo fato de um dos pais assumir o papel de liderança, inevitavelmente haveria disputa e briga perpétuas, levando ao colapso familiar – assim como haveria em qualquer organização que carecesse de uma única autoridade hierárquica.

Deus propõe um exemplo: um servo que pertence a muitos sócios, disputando entre si, e um homem que pertence a um só homem. São ambos iguais em comparação? Todos os louvores são de Deus! Mas a maioria deles não sabe.” (Alcorão 39:29)

É apenas lógico que aquele que é naturalmente física e emocionalmente mais forte seja feito o chefe da casa: o homem.

“...E elas (as mulheres) têm direitos (sobre seus homens) semelhantes (aos direitos de seus homens) sobre elas – de acordo com o que é eqüitativo. Mas os homens têm um nível (de responsabilidade, etc.) sobre elas...” (Alcorão 2:228)

Quanto às crianças, os frutos do amor de seus pais, o Islã estabelece ensinamentos morais abrangentes prescrevendo a responsabilidade parental e os deveres recíprocos da criança em relação aos seus pais.

E decretou benevolência para com seus pais. Se um deles ou ambos atingem a velhice, junto de ti, não lhes digas um palavra (sugerindo) desgosto, nem os desaprove, mas lhes fale com reverência. E se humilhe perante eles, por misericórdia, e ore: ‘Meu Senhor! Tem misericórdia deles, como quando eles cuidaram de mim, na minha infância.’” (Alcorão 17:23-24)

Obviamente, se os pais fracassam em inculcar o temor a Deus em suas crianças desde uma tenra idade porque eles próprios são negligentes, eles não podem esperar receber a sua devida gratidão. Por isso, o alerta severo de Deus em Seu Livro:

“Ó vós que credes! Guardai-vos a vós mesmos e a vossas famílias do Fogo, cujo combustível são homens e pedras.” (Alcorão 66:6)

Se os pais de fato se empenham para educar seus filhos com virtude, então, como o Profeta disse:

Se o filho de Adão morre, todas as suas ações cessam exceto [três, caridade contínua, conhecimento benéfico e] um filho virtuoso que ora por seus pais.” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)

Independentemente de como os pais educam suas crianças e de sua própria religião (ou falta dela), a obediência e reverência exigidas de um filho ou filha muçulmanos ficam atrás apenas da obediência devida ao Próprio Criador. Por isso o Seu lembrete:

E lembra-lhes de quando firmamos o pacto com os Filhos de Israel, (dizendo): ‘Não adoreis senão a Deus e tende benevolência para com os pais e os parentes e com os órfãos e os necessitados; e dizei aos homens belas palavras e cumpri a oração, e fazei caridade.’” (Alcorão 2:83)

De fato, é muito comum ouvir sobre não-muçulmanos idosos se convertendo ao Islã como resultado do maior cuidado e dedicação que seus filhos lhes dão após (seus filhos) terem se tornado muçulmanos.

“Dize (Ó Muhammad): ‘Vinde, eu recitarei o que vosso Senhor vos proibiu: não associeis nada em adoração com Ele; tende benevolência com seus pais; não mateis vossas crianças por medo da pobreza – Nós vos damos sustento e a eles...” (Alcorão 6:151)

Embora a criança seja obrigada a demonstrar obediência a ambos os pais, o Islã considera a mãe como sendo a merecedora da parte do leão do amor e gentileza. Quando foi perguntado ao Profeta Muhammad, “Ó Mensageiro de Deus! Quem entre a humanidade merece o meu maior companheirismo?” ele respondeu: “Sua mãe.” O homem perguntou: “E depois, quem?” O Profeta disse: “Sua mãe.” O homem perguntou: “E depois, quem?” O Profeta repetiu: “Sua mãe.” De novo, o homem perguntou: ‘E depois, quem?’ O Profeta finalmente disse: “(Então) seu pai.[1]

“E recomendamos ao ser humano benevolência para com seus pais. Sua mãe carrega-o penosamente e o dá à luz, penosamente. E sua gestação e desmama são, ao todo, de trinta meses, até que quando ele atinge sua força plena e alcança os quarenta anos, ele diz: ‘Meu Senhor! Conceda-me o poder e a habilidade para agradecer-Te a graça com que me agraciaste a mim e a meus pais, e a fazer o bem que Te agrade, e conceda-me boa descendência. Verdadeiramente, volto-me arrependido para Ti e, por certo, eu sou dos muçulmanos (submisso à Tua Vontade).’” (Alcorão 46:15)

Conclusão

Existe no Islã um princípio geral que afirma que o que é bom para um é bom para outro. Ou, nas palavras do Profeta:

“Nenhum de vocês verdadeiramente crê até que ame para o seu irmão o que ama para si mesmo.” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)

Como se poderia esperar, esse princípio encontra sua maior expressão em uma família muçulmana, o núcleo da sociedade islâmica. Entretanto, a dedicação do filho aos seus pais é, na verdade, estendida a todos os idosos da comunidade. A misericórdia e preocupação que os pais têm por suas crianças é igualmente estendida a todos os jovens. Na verdade, é como se o muçulmano não tivesse escolha nessas questões. Afinal, o Profeta disse:

“Aquele que não demonstra compaixão com as nossas crianças e nem honra os nossos idosos, não é de nós.” (Abu Dawood, Al-Tirmidhi)

É alguma surpresa, então, que tantas pessoas, educadas como não-muçulmanas, encontrem o que estavam procurando, o que elas sempre acreditaram como sendo bom e verdadeiro, na religião do Islã? Uma religião onde elas são imediata e calorosamente bem-vindas como membros de uma família amorosa.

A virtude não está em voltardes as faces para o oriente e para o ocidente. Mas a virtude é a de quem crê em Deus, no Último Dia, nos anjos, no Livro, e nos Profetas; quem concede sua riqueza, embora a ela apegado, aos parentes, órfãos, pobres, ao viajante, aos pedintes, e para libertar os escravos. E aqueles que oram, pagam o zakat, honram seus pactos, e são perseverantes na adversidade e no infortúnio e em tempo de guerra. Esses são os verídicos. E os que temem a Deus.” (Alcorão 2:177)

FOOTNOTES:

[1]Narrado em Saheeh al-Bukhari e Saheeh Muslim.
Por AbdurRahman Mahdi (IslamReligion.com) - Publicado em 04 Jan 2009

Fonte: https://www.islamreligion.com/pt/articles/387/viewall/familia-no-isla-parte-1-de-3/

quinta-feira, julho 20, 2017

FUI ENVIADO PARA COMPLETAR OS MAIS NOBRES TRAÇOS DE CARÁTER”

O profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, disse: "Fui enviado para completar os mais nobres traços de caráter"[1]

O propósito de todos os livros revelados sempre foi a purificação interior. Abraão orou a seu Senhor para enviar aos seus descendentes um mensageiro que recitasse Seus sinais a eles, os ensinasse a escritura e os purificasse. Deus respondeu sua súplica enviando Muhammad. Deus diz: "Ele foi Quem escolheu, entre os iletrados, um Mensageiro da sua estirpe, para ditar-lhes os Seus versículos, consagrá-los e ensinar-lhes o Livro e a sabedoria, porque antes estavam em evidente erro." (Alcorão 62:2)

Ele também disse:

"Assim também escolhemos, dentre vós, um Mensageiro de vossa raça para vos recitar Nossos versículos, purificar-vos, ensinar-vos o Livro e a sabedoria, bem como tudo quanto ignorais." (Alcorão 2:151)

Esse grande propósito é o que o profeta Muhammad declarou quando disse: "Fui enviado para completar os mais nobres traços de caráter"[2]

O "bom caráter" referido aqui é abrangente. Inclui como nos conduzimos com nosso Senhor, como cada um de nós se relaciona consigo mesmo e como tratamos as outras pessoas.

A afirmação do profeta implica que existem dois tipos de boa conduta moral. O primeiro é de conhecimento comum. As pessoas o conhecem instintivamente. O outro tipo é aquele que o completa e aperfeiçoa. Não pode ser conhecido sem a orientação de Deus por meio de revelação. O profeta foi enviado para ensinar às pessoas, como parte da mensagem que trouxe.

A orientação do profeta nessa matéria é vasta. Muitos livros foram escritos a respeito. Um dos hadiths mais famosos sobre o assunto é aquele em que o profeta disse: "Nada pesa mais na balança no Dia do Juízo do que bom caráter. Deus odeia o irresponsável e vulgar."[3]

Perguntaram ao profeta o que faz a maioria das pessoas entrar no paraíso. Ele disse: "Temor a Deus e bom caráter." Perguntaram então o que levava a maioria das pessoas para o inferno. Ele disse: "A língua e as partes íntimas."[4]

Anas, o servo do profeta, observou: "O mensageiro de Deus tinha o melhor caráter, entre todas as pessoas."[5]

Ele também disse: "Servi ao profeta por dez anos e ele nunca me repreendeu. Nunca disse sobre algo que fiz: "Por que fez isso?" e nunca disse sobre algo que não fiz: "Por que não fez isso?"[6]

Al-Nawwas bin Saman perguntou ao profeta sobre retidão e pecado. Ele respondeu: "Retidão é exibir um bom caráter. Pecado é o que inquieta seu coração e você odeia que outros saibam a respeito."[7]

O Profeta disse: "Os melhores crentes são os melhores em conduta, e os melhores dentre vocês são aqueles que são os melhores com suas esposas."[8]

Ele também disse: "Os mais amados e próximos de mim no Dia do Juízo serão aqueles dentre vocês com o melhor caráter. Os mais detestáveis e distantes de mim no Dia do Juízo serão aqueles dentre vocês que são faladores, humilham as pessoas e se vangloriam."[9]

É suficiente para nós olharmos para a vida do profeta, sua relação com seu Senhor e como ele tratou as pessoas de todas as classes sociais - seus familiares mais próximos e distantes, seus companheiros e seus inimigos.

Uma vez o profeta pegou dinheiro emprestado com um homem e o homem veio exigir o pagamento, falando de maneira muito rude. Os companheiros queriam que ele respondesse de forma rude, mas o profeta disse: "deixem-no. Aquele que tem direito a algo, tem permissão para falar."[10]

Sempre que o profeta pegava algo emprestado com alguém, sempre devolvia com algo mais e orava por aquela pessoa. Costumava dizer: "A única recompensa por um empréstimo concedido é o pagamento completo e louvores."[11]

Abd Allah bin Salam era um dos principais sábios judeus em Medina. Ele tinha uma mente justa e buscava a verdade. Quando ouviu sobre a chegada do profeta Muhammad, foi dar uma olhada nele. No momento em que olhou para o seu rosto, soube que não era o rosto de um mentiroso. A primeira coisa que ouviu o profeta dizer foi: "Ó povo! Se espalharem a saudação de paz entre vocês, alimentarem os necessitados, mantiverem as relações familiares e orarem à noite enquanto as pessoas dormem, entrarão no paraíso com facilidade."[12]

Abd Allah ibn Salam foi capaz de ler no rosto do profeta os sinais de que era honesto, confiável e de coração puro. Essa expressão facial é somente para pessoas cujos corações são verdadeiramente puros, cuja conduta é virtuosa e que se devotam a Deus.

As quatro fundações do bom caráter
Existem muitas formas de exibir um bom caráter. Entretanto, tudo revolve em torno de quatro fundamentos.

1. Paciência: É preciso paciência para ser obediente a Deus e ser gentil e bondoso sob circunstâncias difíceis. É preciso paciência para engolir a raiva e exercer o autocontrole. A paciência é necessária para as qualidades do perdão e do autocontrole.

Deus diz:

"Porém, que os tolerem e os perdoem. Não vos agradaria, por acaso, que Deus vos perdoasse? Ele é Indulgente, Misericordiosíssimo." (Alcorão 24:22)

2. Decência: Essa é a qualidade que ajuda as pessoas a se absterem de comportamento vulgar e ignóbil e voltarem seus corações para o que é nobre e elevado. Um coração decente será honesto com o Criador e com aqueles com os quais lida.

3. Coragem: Essa é a qualidade que inspira as pessoas à grandeza e generosidade e as previne de sucumbir à raiva e comportamento ríspido.

4. Justiça: É necessário ser moderado no comportamento. Cada traço nobre de caráter fica entre duas características ignóbeis em extremos opostos. Por exemplo, a gentileza é um bom traço de caráter, equivalente à bondade. Entretanto, em extremos leva à indignidade e humilhação, enquanto que sua ausência leva à crueldade, rispidez e severidade. A generosidade é outro traço de caráter bom e desejável. Mas em excesso leva ao desperdício, enquanto que sua ausência leva à ganância e mesquinhez.

As pessoas naturalmente possuem muitas qualidades e traços de caráter bons, alguns dos quais aprenderam com seus pais ou do ambiente social. Essas qualidades se tornam parte de suas personalidades.

O Profeta Muhammad disse a Ashajj Abd al-Qays: "Você possui duas qualidades que Deus ama: gentileza e paciência."[13] Em algumas narrações desse evento o profeta Muhammad prossegue dizendo a Ashajj que Deus fez desses traços parte de sua disposição natural, ao qual Ashajj respondeu: "Louvado seja Deus que colocou em mim duas qualidades que Deus e Seu mensageiro amam."[14]

Como desenvolver bom caráter

1. Empenho. Empenhar-se para exibir bons traços de caráter e refrear os maus. Deus diz: "...quanto àqueles que diligenciam por Nossa causa, encaminhá-los-emos pela Nossa senda." (Alcorão 29:69) Bom caráter é parte da orientação de Deus.

2. Auto avaliação. Isso significa avaliar o próprio comportamento. Aqueles que se avaliam se beneficiam disso em todos os aspectos de suas vidas. É por isso que Deus jura pelo "espírito que se repreende" no Alcorão. Al-Hasan al-Basrī explica que o espírito que se repreende descreve o espírito do crente.

3. Aspirar pelo melhor. Devemos aspirar pelo melhor que podemos ser e isso inclui nosso comportamento. Devemos buscar e até criar oportunidades para exibir um bom comportamento.

4. Substituição. Devemos encontrar alternativas ao mau comportamento que exibimos, alternativas que nos permitam expressar e desenvolver nossos bons traços de caráter.

Somos influenciados pelas pessoas ao nosso redor, nossos familiares, colegas de classe ou trabalho e amigos. Entretanto, a maior influência sobre nós é a que nos impomos, como abordamos e compreendemos a nós mesmos, nos treinamos e censuramos. Isso significa que precisamos reconhecer nossas falhas e fraquezas e também nossas virtudes e pontos fortes.

Ó Deus! Ajude-nos a ver as fraquezas dentro de nós e ajude-nos a superá-las. Não nos deixe sem Sua assistência por um momento.


Uma explicação de um dito profético que enfatiza a importância de bom caráter. E bom caráter inclui nossa relação com o Criador, nós mesmos e aqueles ao nosso redor. Este site é para pessoas de várias…
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quinta-feira, junho 15, 2017

A Ecologia e os Valores Islâmicos (Parte II)

Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma,crença ou sociedade.

A crise ambiental é, sem dúvida, essencialmente, uma crise humana. O ser humano alienado vive num estado de opressão contra si mesmo, contra as outras pessoas e contra a natureza. O crescente domínio do ser humano sobre a natureza é questionado hoje, porque ninguém pode dizer, com certeza, que a natureza não vai acabar sobrecarregando o ser humano nesta clara objectivação do mundo em que vivemos.

Primeiro dessacralizou-se (a natureza) com a visão que o homem europeu forjou de si mesmo. Então, de seguida, foi considerada como algo para usar e obter o máximo de alegria e prazer possível. A relação não era o de tirar o proveito, mas em vez de se sentir responsável por ela, tratou-a como uma prostituta para obter o máximo de prazer, sem sentir a mínima responsabilidade. Luxúria e ganância são cada vez mais exigentes da natureza. Os especialistas consideram que o modelo capitalista não é viável, porque se muitos mais países acedessem a ele com os níveis de consumo do primeiro mundo, o planeta não poderia resistir ao que eles dizem.

Estamos vivendo o espírito conquistador, o espírito dos europeus colonialistas que conquistaram e saquearam a América para a mergulhar na pobreza. Agora, conquista-se o espaço, o poder de fogo sobre o inimigo.

O homem desistiu da sua responsabilidade como regente de Deus na Terra, guardião e zelador.

Separou-se dele próprio e de Deus. É como um animal selvagem insaciável, que acredita que pode continuar a desfrutar eternamente. O adjectivo selvagem para o capitalismo tem essa conotação.

O conhecimento secularizado chamou-se ciência e o mundo natural e social ficou sem espírito.

O Nobre Alcorão chama ao mundo sinal de Deus. É ao mesmo tempo um véu e uma revelação do Criador.

Natureza e revelação proveem da mesma fonte divina, quando o homem se separou de uma separou-se da outra e rompeu a harmonia, a unicidade (ár. Tawhid). A Visão do Islão é monoteísta, isto é, coloca ênfase especial na unicidade do universo. O mundo, na mentalidade moderna, foi interpretado como uma grande máquina, as suas peças não formam um todo orgânico, mas sim, são vistas como separadas e independentes.

Neste mundo sem transcendência e sem fins, os media converteram-se em fins. O fim absoluto foi suplantado pelos media e estes são acreditados como sendo absolutos. A tecnologia, naturalmente, tornou-se um meio para um fim. O gozo material, essencialmente muito limitado, tornou-se o único fim.

Alguém disse, se seria lógico dizer a alguém que vive no campo, nas montanhas ou em frente ao mar, para deixar tudo e vir viver nas cidades, onde há os maiores avanços da civilização, mas que, para apreciá-los, terá que trabalhar doze horas numa fábrica e depois chegar a casa cansado e ver algo na TV como um reality show do estilo Big brother ou outro similar.

As únicas ciências aceitáveis e legítimas da natureza são quantitativas e experimentais e todos os outros conhecimentos são puro sentimento ou superstição.

Pareceria que só posso conhecer ou só é conhecimento aquilo que trata da superfície da realidade, não o que trata da raiz ou a profundeza da existência. Não há sabedoria, visão de totalidade, conhecimento do sentido, nenhum espírito.

Das escolas ocidentais de filosofia, a mais influente nos últimos anos tem sido a Inglesa do positivismo lógico, nascida no círculo vienense de Carnap, Frank,

Reichenbach e outros. Eles dizem que à ciência não corresponde descobrir a natureza das coisas ou algum aspecto da realidade; mas, sim, estabelecer conexões entre sinais matemáticos e físicos (aos que eles chamam de símbolos) que podem ser feitos por meio dos sentidos externos. E os instrumentos científicos, a respeito da experiência, são apresentados como o mundo inteiro. Uma função puramente linguística da filosofia.

Os cientistas muçulmanos acreditavam que, mesmo no domínio da matemática, o papel da ciência era descobrir um aspecto da realidade.

Nós vivemos num multiverso, em vez de universo, como disse Oppenhaimer.

A hipótese de evolução (uma criatura da filosofia do século XIX) torna-se um dogma da biologia e é apresentada ao mundo como uma verdade axiomática.

Não é estudada qualquer coisa em si, senão a sua história e sua evolução.

A filosofia neotomista marcou uma verdade simples (embora seja excessivamente racionalista e não metafísica num sentido real) do conhecimento de que o método utilizado na natureza não pode ser o mesmo que na metafísica.

Husein Nasr defende que só o intelecto (a gnosis) pode penetrar no real; a razão só explica. E é esta gnosis que pode unir a teologia, a filosofia e as ciências da natureza. Uma verdadeira teologia da natureza (significado a gnosis) não é uma mera defesa racional dos dogmas da fé (teologia cristã). Para Nasr, o Ocidente deve assumir esta forma de conhecimento presente nos Padres da Igreja ou metafísicos cristãos da Idade Média como Erígena ou Eckhart ou da teosofia de Jacobo Boehme.

O desaparecimento da gnosis, no seu verdadeiro sentido, como conhecimento intuitivo ou iluminador, e a sua substituição pelo misticismo emocional e a negligência gradual da teologia metafísica por uma teologia racional, são todos efeitos da mudança nas almas dos seres humanos.

O sistema cientifico está a entrar em colapso. As rachaduras nas suas paredes não devem ser preenchidas com o resíduo psíquico mais negativo, as novas encomendas espirituais que provêm de invenções humanas. Uma água ou luz do céu é necessária.

A tecnologia está subjugada à economia, à uma ética do mercado que, em vez de assinalar o desenvolvimento igualitário de todos os habitantes do planeta, enriqueceu a uns em detrimento de outros; não só não compartilhou o pão, mas acumulou a farinha para especular com ela, quando milhões de pessoas estão a morrer de fome, anualmente. Os interesses pessoais tomaram o lugar dos verdadeiros interesses.

A sua desmedida ambição procurou codificar, à vontade, o que a natureza tem aperfeiçoado durante milênios; e monitoriza a sua visão distorcida, esquecendo o enorme poder da natureza vegetal, animal e humana de retomar os seus procedimentos originais.

Eduardo Galeano diz o seguinte no seu livro usar e eliminar:

Vinte por cento da humanidade comete oitenta por cento das agressões contra a natureza, e é a humanidade inteira quem paga as consequências da degradação da terra, a intoxicação do ar, o envenenando da água, o enlouquecimento do clima e a delapidação dos recursos não renováveis.

Os governantes que nos prometem uma entrada para o primeiro mundo consumidor estão a fazer apologia do crime, pois este sistema se baseia na exploração dos outros e na destruição da natureza.

De acordo com o teólogo Leonardo Boff, o anticristo é o espírito da globalização econômica. Fala-se em ciências de um movimento para um novo paradigma, como o novo paradigma do desenvolvimento sustentável: economia solidária e equilíbrio entre crescimento econômico, equidade social e recursos biológicos.

O que o Islão tem para oferecer contra esse suicídio colectivo para não retirar o monoteísmo do mercado? Um sistema em que o objectivo final é Deus, não este mundo e os seus prazeres que se maximizam com a exploração dos outros e do meio ambiente.

O Islão tem uma concepção superadora da visão materialista e reducionista, que prevalece nesta cultura global atual, e os seus princípios econômicos regulam esta atividade de modo a opor-se à concentração da riqueza. Os bens vitais para a sociedade não podem ser privatizados, a usura ou a cobrança de juros é proibida, os minerais, florestas e mares são explorados pelo Estado e não podem ser privatizados.

Ninguém pode ser dono de uma terra e não a trabalhar sem justificação por não mais do que três anos consecutivos, depois disso, o governo tem o direito de expropriar e distribuí-la entre aqueles que estão capacitados para trabalhá-la e extrair os seus benefícios.

No Sagrado Alcorão, Deus ensina que a terra é um organismo vivo e consciente que não tolerará a submissão à exploração desenfreada. A sua reação será inevitável e será um dos despertadores que sacudirão a consciência adormecida do homem moderno.

O nosso maior flagelo: a ignorância.


Laila Qadr Mubaraka Inshallah.
Fonte:O Meio Ambiente e o Islão - Autor: Abdul Karim Paz– tradução portuguesa de: M. Yiossuf Adamgy

A Ecologia e os Valores Islâmicos (Parte I)

O Islamismo é a última das três Religiões Monoteísta, a ser revelada. Antes vieram o Judaísmo e o Cristianismo. Por isso ela já foi revelada com todos os recursos que as duas últimas não foram contempladas. Isso, porque , Deus Louvado Seja, sempre preparou a humanidade para toda e qualquer mudança. Na linguagem moderna poderíamos afirmar que é a última revelação, portanto com um UP Grade necessário à compreensão e cumprimento dos planos de Deus para a humanidade. Tanto é assim que o Islam, foi revelado já contendo um código de proteção à mulher, à criança, aos idosos e à Natureza, ou seja, defesa da Ecologia como um todo. Vejam nesse artigo abaixo, que terá em breve sua segunda parte. Jumua Mubarka para todos. Esse será o tema da nossa Khutb hoje no Centro Islâmico de Corumbaíba Goiás. A paz esteja convosco.

A Ecologia e os Valores Islâmicos (Parte I)

Devemos mudar os nossos costumes e fazer um esforço por conservar, educar e construir instituições alternativas para mitigar e ajudar a fazer frente à crise do meio ambiente.
- Autor: Redacción - Fonte: Islamweb - – Tradução portuguesa de: M. Yiossuf Adamgy.

Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma,crença ou sociedade.
Posso compreender a frase “não beber a água”, ou inclusivamente “não nadar, água contaminada”. Mas,“não tocar na água”?!... Algo sobre esse letreiro e a realidade que assinalava parecia, profunda e irrevogavelmente, equivocado. O facto de este ser o acampamento mais próximo da Disneylândia, de alguma maneira, fazia a situação ainda pior.

A lembrança daquele acampamento, depósito de lixo tóxico, ficou comigo durante anos. Aos poucos, percebi que o lugar não era apenas a imagem perfeita de um anti campo, mas também foi a imagem de um anti paraíso, um lugar onde a água está muito suja para usar, para se purificar antes da oração, e onde as plantas e outras criaturas são venenadas e morrem.

O Alcorão diz-nos que o Paraíso prometido para os crentes é um Jardim com rios que correm, é cheio de frutas e flores e coisas que crescem, oferecendo melhor do que o melhor néctar e vinho local e belezas e prazeres além de toda a imaginação. Embora nunca possa criar um Paraíso tão perfeito na Terra, arquitetos,planejadores de uso da terra e muçulmanos e, por vezes, os artistas, têm usado isso como um modelo nos seus esforços para preservar e celebrar a beleza natural da criação. Porque não? O Alcorão diz-nos que toda a natureza é um sinal de Deus, refletindo parte da Sua misericórdia e magnificência.

Na verdade, toda a natureza, do ponto de vista islâmico, está num estado de adoração contínua. Árvores e ervas, peixes e animais, todos estão a mover-se numa brisa suave e invisível que leva o seu culto ao seu Criador. Os seres humanos podem aprender com este processo e buscar harmonia com ele para se juntar à criação, em adoração ao Senhor do Universo. Ou, podem rebelar-se acreditando, teimosamente, que estão isolados e são auto-suficientes, e insistem em transgredir os limites que Deus estabeleceu para eles, até que chega a hora do pagamento inevitável.

Em contraste com a visão ocidental que vê a natureza como deserto, um caos que deve ser superado pela conquista, o Islão insiste que a natureza deve ser respeitada e convida os seres humanos a aprender com ela e juntar-se a ela na coexistência harmoniosa.

A experiência do campo contaminado despertou-me para o facto de que algo está muito errado com o modo de vida que produziu esse tipo de lugar, e que o Islão é a chave para entender as causas e soluções do nosso atual dilema ambiental. Isso convenceu-me de que nós, muçulmanos, devemos colocar a militância islâmica ambiental no topo da nossa agenda pessoal e social.

O nosso planeta está num estado de crise ambiental, e nós, uma vez que os muçulmanos são os guardiões da última revelação de Deus, uma revelação que dá à humanidade o conhecimento e a inspiração que precisam para viver em paz e harmonia, nesta vida e na outra.

A solução Alcorânica para o problema do meio ambiente é, numa palavra, holística e integral. Viver uma vida verdadeiramente islâmica implica evitar os males da extravagância e a loucura do materialismo, buscar a harmonia com o que nos rodeia e ter compaixão pelas demais criaturas.

Tudo isso começa, no entanto, com a orientação correta para a vida: a completa submissão a Deus (ár.Allah), o único Criador de tudo; e este fundamento deve ser marcado pelo temor e compaixão, gratidão amorosa, paz interior, esforço para fazer o bem, e consciência constante de que Deus é maior do que qualquer aspecto da Sua criação. A orientação do Alcorão fornece a chave para restaurar o equilíbrio perdido entre o ser huano, a natureza e quem os criou, ou seja Allah.

Os materialistas e ateus argumentam que nada é sagrado, o que significa que não há limites para o que os seres humanos podem fazer, a fim de satisfazer os seus desejos materiais. A cultura materialista, como o meu sábio professor de humanidades disse uma vez, tem duas características distintivas: um grande impulso para mais e mais controle sobre o mundo natural, e um impulso de energia semelhante a reconstruir e melhorara sociedade humana.

Os seres humanos como mordomos e guardiões da Terra

O Islão ensina que somos sucessores e administradores de Deus nesta terra bonita, não prisioneiros num mundo imperfeito que precisa ser reconstruído, radicalmente. Como sucessores, a nossa tarefa é preservar e apreciar a beleza e bondade encontrada na submissão grata ao seu Criador. Todos os cientistas do nosso planeta são necessários para uma tarefa mais óbvia e simples: cuidar do planeta que Deus nos deu e cuidar dos nossos companheiros seres humanos. Isto significa encontrar formas de viver, e viver bem, enquanto se gasta muito menos energia física e se produzem muito menos mudanças intrusivas no nosso meio ambiente, que são tão comuns hoje em dia. Isto significa encontrar maneiras de redistribuir a riqueza de forma mais equitativa no planeta, no ambiente decrescimento zero ou mesmo crescimento negativo, que seguramente experimentaremos no solo em poucos anos, quando a produção de petróleo começar a declinar. "Allah não ama os desperdiçadores"

Então, "não desperdiçar" também é um mandamento islâmico. O Alcorão e a Sunnah deixam absolutamente claro que perder e desperdiçar é um assunto muito sério. Por exemplo, Deus diz: ... e não desperdiçais, porque Allah não ama os desperdiçadores, Alcorão 6: 141 e diz: ... e comam e bebam com moderação, porque Deus não ama os desperdiçadores, Alcorão 7:31. Ajuda os parentes,também o pobre e o viajante insolvente, mas não desordenadamente, porque aqueles que excedem são iguais aos demônios que seguem Satanás; e de facto Satanás foi ingrato para com o seu Senhor, Alcorão 17: 26-27. 
Aqui vemos que a raiz dos esbanjamentos é a ingratidão: aqueles que respondem à beleza maravilhosa e graça de Deus com gratidão e admiração, estão felizes com pouco; enquanto o ingrato nunca está satisfeito, não importa o quanto tem, portanto, entrega-se a um ciclo interminável de consumo e desperdício. Se a humanidade quer sobreviver, deve mudar o seu estado espiritual de ingratidão por um de gratidão, e desistir do seu modo de vida perdulário conforme prescrito pelo Alcorão.

Cuidar da água e da comida Em conjunto com este ensino Alcorânico, a Sunnah fornece-nos os melhores exemplos de como viver uma vida num estado de gratidão e evitar o desperdício. O Profeta Muhammad sallallahu ‘alaihi wa sallam, era famoso pelo seu cuidado em preservar e evitar o
desperdício. Tinha o cuidado de não desperdiçar uma migalha de comida, lambendo inclusivamente os utensílios para que nada se desperdiçasse. Ele instruiu os crentes para não gastar mais água do que o necessário quando realizavam um ato de adoração como a ablução. Se temos de ter cuidado para não desperdiçar uma gota de água em nossas abluções, muito mais cuidado devemos ter no sentido de evitar o desperdício em atividades menos importantes.
Infelizmente, a forma predominante de vida entre pessoas ricas e acomodadas, em todos os lugares, especialmente no Ocidente, é marcada por um incrível desperdício e extravagância. Nós comemos mais do que precisamos, nós compramos coisas que, na realidade, não precisamos, e deitamos fora coisas que ainda funcionam ou podem ser reparadas, compramos veículos extravagantes para percorrer distâncias curtas, em vez de caminhar ou andar de bicicleta; construímos casas maiores do que precisamos; gastamos enormes quantidades de água para irrigar relvados e campos de golfe, etc. Nos Estados Unidos, estamos presenciando a implantação da extravagância talvez mais absurda de toda a história: a atual queima de combustíveis fósseis a um ritmo que nos assegura que a nossa economia, o nosso meio ambiente, ou ambos, entrarão em colapso num futuro próximo (veja peakoil.com, para mais detalhes). Este estilo de vida desequilibrado, cujos prazeres e confortos sedutores escondem a sua loucura e a sua completa falta de sustentabilidade, não foi desenvolvido pelos muçulmanos.
Para sermos fieis à nossa religião devemos mudar os nossos costumes e fazer um esforço para conservar, educar e criar instituições alternativas para mitigar e ajudar a lidar com a crise econômica e ambiental iminente, preservar e fortalecer as nossas comunidades e instituições islâmicas, e pensar em como podem ser úteis na luta para ajudar a humanidade a exercer um governo responsável, sobre o nosso recanto da criação.

Obrigado!

M. Yiossuf Adamgy - Director da Revista Al Furqán

sexta-feira, abril 14, 2017

A Eminência concedida pelo Islam às Mulheres

(Artigo da autoria de Harun Yahya, in “Mulheres no Islão”, livro coordenado por Yiossuf Adamgy, edição de Al Furqán).

Prezados Irmãos, Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

A mentalidade de desprezar as mulheres, fazendo delas algo externo à sociedade e considerando-as seres de segunda classe, é um comportamento pagão iníquo, que não tem lugar no Islão. O Alcorão proporciona os pontos altos de um relacionamento social civilizado entre homens e mulheres.
A posição das mulheres no Islão tem sido recentemente questão de debate. Alguns equívocos surgem tanto de práticas tradicionais, erroneamente consideradas como “Islâmicas”, como de preconceitos. Todavia, a verdadeira questão prende-se com o facto de como são vistas as mulheres na fé Islâmica; e, quando olhamos para isso, verificamos que o Islão concede um grande valor social, uma grande liberdade e conforto às mulheres.

 Os mandamentos de Deus, Todo-Poderoso, quanto ao estatuto da mulher e as relações entre homem e mulher, que nos foram revelados através do Alcorão, compreendem justiça plena. A este respeito, o Islão sugere igualdade de direitos, responsabilidades e deveres entre ambos.
De fato, o Islão baseia-se na simpatia, na tolerância e no respeito para com o ser humano, não discriminando nesta matéria contra a mulher. Exemplos de bons hábitos que nos foram transmitidos no Alcorão são universalmente compatíveis com a natureza humana, e válidos em todos os estágios da História. Uma Ajuda Mútua O respeito para com a mulher e para com os direitos das mulheres enquadram-se neste âmbito.

No Alcorão, Deus, Todo-Poderoso, enfatiza que muitas das incumbências e responsabilidades das mulheres são as mesmas que cabem aos homens. Além disso, enquanto desempenham essas tarefas e responsabilidades, é suposto que homens e mulheres se apóiem e ajudem um ao outro. «E os crentes e as crentes são protetores uns dos outros; recomendam o bem, proíbem o ilícito, praticam a oração, concedem az-zakat, e obedecem a Deus e ao Seu Mensageiro. Deus Se compadecerá deles. Na verdade, Deus é Poderoso, Sábio. — (Alcorão, At-Tawbah, 9:71).

O Mesmo Estatuto, a Mesma Recompensa e o Mesmo Castigo Deus, Todo-Poderoso, enfatiza também que os crentes serão recompensados da mesma maneira, tendo em conta os seus atos, independentemente do gênero. «Então, o Seu Senhor atendeu-os, dizendo: Na verdade, jamais desmerecerei a obra de qualquer um de vós, seja homem ou mulher, porque procedeis uns dos outros. Quanto àqueles que foram expulsos dos seus lares e migraram, e sofreram pela Minha causa, combateram e foram mortos, absorvê-los-ei dos seus pecados e os introduzirei em jardins, abaixo dos quais correm os rios, como recompensa de Deus. E junto de Deus está a melhor das recompensas». — (Alcorão, Al ‘Imran, 3:195).

«A quem praticar o bem, seja homem ou mulher, e for crente, concederemos uma vida agradável e premiaremos com uma recompensa, de acordo com a melhor das acções». — (Alcorão, An-Nahl, 16:97).

Num outro versículo, homens e mulheres são considerados em conjunto e é realçado que ambos detêm a mesma responsabilidade e o mesmo estatuto perante Deus. «Por certo, aos muçulmanos e às muçulmanas, aos crentes e às crentes, aos devotos e às devotas, aos verazes e às verazes, aos perseverantes e às perseverantes, aos humildes e às humildes, aos caritativos e às caritativas, aos jejuadores e às jejuadoras, aos recatados e às recatadas, aos que se recordam muito de Deus e às que se recordam muito d’Ele, saibam que Deus lhes tem destinado a indulgência e uma magnífica recompensa». — (Alcorão, AlAhzab, 33:35).

São muito mais os versículos existentes no Alcorão a afirmar que homens e mulheres são precisamente iguais no que respeita às suas responsabilidades para com o seu Senhor, assim como nas recompensas ou punições que receberão em troca. Existem, no entanto, algumas diferenças, não muitas, Os no que toca a questões sociais, embora estas existem para conforto e proteção das mulheres. mandamentos de Deus atendem às diferenças biológicas resultantes do processo de criação e indicam um sistema que mantém a justiça igual entre ambos, homem e mulher.

O Islão não encara a mulher como um objeto. Por conseguinte, não é considerado de bom tom que uma mulher de boa moral despose um homem de má índole, ou vice-versa. Isto é revelado no nobre Alcorão da seguinte forma: «As despudoradas estão destinadas aos despudorados, e os despudorados às despudoradas; as pudicas aos pudicos e os pudicos às pudicas. Estes últimos não serão afectados pelo que deles disserem; obterão indulgência e um magnífico sustento». — Alcorão, (An-Nur, 24:26).

Também no casamento, os deveres e as responsabilidades dos esposos de um para com o outro exigem igualdade. Deus, Todo-Poderoso, exige que ambos os cônjuges se protejam e orientem um ao outro. Este dever está expresso no Alcorão por meio das seguintes palavras: «Está-vos permitido, nas noites de jejum, acercar-vos de vossas mulheres, porque elas são vossas vestimentas e vós o sois delas. Deus sabe o que vós fazíeis secretamente; porém, absolveu-vos e vos indultou. Acercai-vos agora delas e desfrutai do que Deus vos prescreveu. Comei e bebei até à alvorada, quando podereis distinguir o fio branco do fio negro. Retornai, então, ao jejum, até ao anoitecer, e não vos acerqueis delas enquanto estiverdes retraídos nas mesquitas. Tais são as normas de Deus; não as transgridais de modo algum. Assim Deus elucida os Seus versículos aos humanos, a fim de que O temam». — (Alcorão, Al-Baqarah, 2:187).

São muitas as regras e mandamentos existentes no Alcorão referentes à proteção dos direitos maritais das mulheres. O casamento baseia-se na vontade e no consentimento de ambas as partes; ao marido cabe provir ao apoio financeiro da esposa (Alcorão, An-Nisaa', 4:4); ao marido cabe cuidar da sua ex-mulher após o divórcio (Alcorão, At-Talaq, 65:6).

A Verdadeira Emancipação Conforme esclarecido pelos versículos, o Islão rege de forma justa as relações homem/mulher e põe termo a práticas prejudiciais resultantes de costumes e tradições das sociedades pré-Islâmicas. Um exemplo disso é a situação da mulher na sociedade Árabe antes do Islão.

 Segundo os pagãos Árabes, as mulheres eram tidas como inferiores e o nascimento de uma filha representava uma vergonha. Por vezes, os pais a quem nasciam filhas preferiam queimá-las (ou enterrá-las) vivas em lugar de anunciar o seu nascimento. Por intermédio do Alcorão, Deus, Todo-Poderoso, proibiu esta tradição maléfica e avisou que, no Dia do Juízo Final, essas pessoas seriam definitivamente levadas a prestar contas destes atos malignos.
De fato, o Islão resultou numa grande emancipação para as mulheres, as quais eram severamente perseguidas na era pagã.

O Prof. Bernard Lewis faz o seguinte comentário no seu livro The Middle East: A Brief History of the Last 2.000 Years: De um modo geral, o advento do Islão contribuiu para um melhoramento significativo da posição da mulher na antiga Arábia, concedendo-lhe propriedades e alguns outros direitos, e oferecendo-lhe medidas de proteção contra maus tratos por parte dos seus maridos ou donos. A matança de bebês do sexo feminino, admitida pelos costumes da Arábia Pagã, foi proscrita pelo Islão. Todavia, a mulher continua numa posição de pobreza e a agravar-se quando, nisto como em tantos outros aspectos, a mensagem original do Islão perdeu ímpeto e foi modificada pela influência de posturas e costumes pré-existentes. 

Assim sendo, podemos dizer que a mentalidade de desprezar a mulher, de fazer dela algo externo à sociedade e de considerá-la como um ser de segunda classe, trata-se de uma postura iníqua, a qual não tem lugar no Islão. Duas mulheres devotas são particularmente mencionadas no Alcorão, enquanto exemplos para a Humanidade. Uma, é Maria, mãe Jesus, e a outra é a esposa do Faraó Egípcio (Ássia); não obstante a malvadez do seu marido, Ássia é descrita como uma Muçulmana modelo (ver, Alcorão, At-Tahrim, 66:11,12). O nobre Alcorão descreve também uma conversa extremamente amável e civilizada entre o Profeta Salomão (que a paz esteja com ele) e a Rainha de Sabá (Alcorão, An-Naml, 27:42-44), e entre o Profeta Moisés (que a paz esteja com ele) e duas jovens senhoras (Alcorão, Al-Qassas, 28:23-26). Estas conversas realçam o relacionamento social civilizado entre homens e mulheres. Consequentemente, não existe maneira de um Muçulmano ter uma abordagem intolerante para com uma mulher.

Numa sociedade onde é praticada a verdadeira moral Islâmica, um respeito imenso e simpatia são revelados para com as mulheres, preservados enquanto estas viverem em liberdade e conforto. A regra fundamental do tafssir (interpretação) do Alcorão consiste em certificar-se que o significado derivado está em conformidade com a integridade deste nobre Livro.


Quando tal é considerado, torna-se evidente que todas as regras estabelecidas por Deus, Todo Poderoso, no que respeita às mulheres formam, realmente, uma estrutura social que lhes permite viver na mais confortável e feliz das formas. Numa sociedade onde todos os valores morais do Islão são praticados detalhadamente, a posição social das mulheres torna-se de tal maneira exaltada, que não pode, de modo algum, comparar-se nem com as sociedades atualmente consideradas modernas e desenvolvidas.