As Maneiras de Conversar - O Comportamento Correto nas Conversações - As Maneiras de Conversar Shaikh Mohamad Al Ghazali - Tradução: Prof. Samir El Hayek
A língua e o idioma são dádivas valiosos de Deus. São estas dádivas de Deus ao homem que o tornam superior às outras criaturas.
“O Clemente ensinou o Alcorão. Criou o homem e ensinou-lhe a eloquência“ (55ª:1-4)
Quanto maior a dádiva, maior deveria ser sua retribuição. Ser agradecido por ela é tão necessário quanto é repreensível ser ingrato.
O Islam explicou como as pessoas podem obter o melhor resultado (no uso) dessa dádiva sem igual, e como as palavras que fluem de suas línguas durante todo o dia, podem ser usadas para o bem e pela verdade. Não são poucas as pessoas que nunca se cansam de falar.
Se você analisar tais conversas, descobrirá que em sua maioria, consistem de coisas insensatas, absurdas e imprestáveis, apesar de Deus não ter conferido essa faculdade aos homens para tal uso:
“Não há utilidade alguma na maioria dos seus colóquios, salvo nos que recomendam a caridade, a benevolência e a concórdia entre os homens. A quem assim proceder, com a intenção de comprazer a Deus, agraciá-lo-emos com uma magnífica recompensa“ (4ª:114)
O Islam dedicou uma atenção especial à fala, seu estilo, sua etiqueta e suas regras, porque aquilo que sai da boca de um homem expõe seu nível intelectual e sua natureza moral, porque o comportamento conversacional em um grupo revela seu padrão geral, e demonstra o padrão de decência do seu meio ambiente.
Antes de se dirigir-se aos outros, olha para si mesmo, e pergunte-se se aquele momento é asado para que fale. Se a resposta for afirmativa, então fale, em caso contrário, o silêncio será bem melhor. Para evitar de falar desnecessariamente em ocasiões apropriadas é uma forma de merecer grandes recompensas:
Abdullah ibn Masud disse:
“Pelo Ser além do qual não há nenhum outro Deus, nesta terra não há ninguém mais merecedor de aprisionamento do que a língua.” (Tabarani).
Abdullah Ibn Abbas disse: “Cinco coisas são mais importantes do que os cavalos de pernas listradas de preto:
1. Não te envolveres em conversações sem sentido, porque são inúteis e absurdas, e eu me preocupo pelo temor de que venhas a cometer um pecado;
2. Fala objetivamente quando houver uma oportunidade para isso, pois há gente que fala sem que haja motivo para tal. Isto e um estorvo;
3. Não te envolvas em discussões acaloradas nem com um homem inteligente nem com o tolo. Se ele for inteligente, ele ficará zangado contigo e te odiará, e se ele for tolo e mal educado, poderá te machucar;
4. Na ausência de um irmão, fala dele do mesmo modo como gostarias que ele falasse de ti na tua ausência, e considere-o inocente daquilo que tu gostarias que ele te achasse inocente;
5. Aja como um homem que pensa ser recompensado por uma boa ação e castigado ao cometer um crime.” (Ibn Abi-al-duniya).
O muçulmano é capaz de desenvolver estes atributos em si mesmo somente se mantiver sua língua sob controle, e for capaz de ficar calado sempre que necessário. Ele deve ser capaz de segurar as rédeas de sua língua; quando necessária, deve ser capaz de falar, e quando não for necessário, deve ser capaz de calar.
Aqueles que são dominados por sua língua, são sempre impelidos para trás, e nos afazeres da vida recebem insultos e má reputação.
A Segurança está no Silêncio
Ao falarmos absurdos e despropositadamente, perdemos nosso bom senso. Aqueles que querem impressionar aos outros participantes de uma reunião com sua eloquência falam com tal habilidade e interminavelmente que as palavras lhes saem da boca como água de uma chuva torrencial. E apesar de procurarem convencer aos outros de quanto são sábios, inteligentes e previdentes, as vezes a impressão que resulta dos seus longos discursos e justamente a contrária, e de seus assuntos as pessoas concluem que não há nenhuma relação entre o que eles querem fazer as pessoas crerem a respeito deles e o que eles realmente são.
Quando um homem quer ponderar sobre a sua posição e quer arrumar seus pensamentos religiosos, ele geralmente foge dos ambientes barulhentos e da algazarra, refugiando-se em lugares tranquilos E por isso, o Islam recomenda o silêncio e o considera como o meio mais adequado à instrução de forma civilizada, sem que dela advenham surpresas
O Profeta tinha, entre outras coisas, aconselhado Abu Zar da seguinte forma:
“Adote o silêncio. Esse e um modo de fazer Satanás fugir, e um grande aporte para você em relação à sua religião.” (Ahmad).
Sem duvida, a língua é uma corda nas mãos de Satanás. Ele a brande para o lado que quer. Quando um homem é incapaz de controlar os seus assuntos, sua boca se transforma em passagem para todas as conversas negativas que contaminam o coração e o cobrem com o manto da negligência .
O Profeta disse: “A fé de um homem não pode ser correta se o seu coração não for probo, e seu coração não pode ser probo se sua língua não for correta. (Ahmad).
A primeira etapa dessa correção e probidade e de que o homem deve lavar suas mãos de todos e quaisquer assuntos irrelevantes e não interferir naqueles assuntos que não lhe dizem respeito (pelos que ele não tiver responsabilidade).“A excelência da fé de um homem está em ele desistir de esforços inúteis.” (Tirmizi)
Saber Evitar a Tolice é uma Condição Para o Êxito
Saber evitar as coisas irrelevantes e tolas é uma condição para o êxito e para a perfeição. O Alcorão menciona isso entre dois deveres essenciais (Faraid) dos muçulmanos, o que dá uma ideia de sua importância.
“É certo que prosperarão os fiéis, que são humildes em suas orações, que desdenham a vaidade, que são ativos em pagar o zakat.” (23ª:1-4).
Se todos os homens do mundo somassem os esforços que fazem em participar de conversas e atos tolos, perceberão que uma grande parte das longas histórias que contam, noticias que transmitem, narrativas, discursos e anúncios consistem de coisas vãs, insignificantes e inúteis, que são até ansiosamente observadas, e ouvidas, mas das quais ninguém obtém qualquer beneficio.
O Islam manifestou sua desaprovação das conversas e coisas sem sentido, porque as coisas superficiais e inúteis não tem qualquer valor para ele. Ele não gosta de ver o homem não se ocupar dos assuntos para os quais foi criado, e em lugar disso, que fique a desperdiçar sua vida envolvendo-se com outros assuntos irrelevantes.
Quanto mais distante um muçulmano estiver de alguma coisa absurda e irrelevante, tanto mais digno será o conceito que Deus terá dele.
Anas ibn Málik diz que quando um homem morreu, outro fez um comentário a respeito dele na presença do Profeta dizendo que ele iria para o Paraíso. O Profeta o interrompeu e disse: “Então você não sabe? É possível que ele tenha praticado alguma conversação fútil ou tenha sido avaro em gastar sua riqueza, apesar de tais coisas não resultarem em qualquer redução.” (Tirmizi)
Um palrador fútil, devido à fraca coordenação entre seu pensamento e sua língua, diz qualquer coisa que lhe vêm na ponta desta. Algumas vezes diz até coisas que o põem em perigo, e ele destrói seu próprio futuro. Diz-se que quanto mais alguém fala, tanto mais erros comete. Certo poeta árabe disse:
“O jovem morre pelas falhas de sua língua enquanto que não ocorre morte por causa da falha dos pés.”
Na tradição está afirmado: “Um homem diz algo para fazer quem está presente rir, apesar de em consequência disso ele vir a ser atirado às regiões mais longínquas entre a terra e o céu. O falhar das pernas causa muito menos mal do que a falha da língua.” (Baihaqui).
O Discurso Acalentador e o Recurso do Missionário
Quando um homem precisa falar, deve dizer algo bom e proveitoso. Ele deve acostumar sua língua a pronunciar coisas boas, decentes e respeitosas, porque a melhor manifestação dos pensamentos e sentimentos do coração e da mente e a literatura clássica, com a qual Deus abençoou os seguidores de todas as religiões.
O Alcorão mencionou claramente que o tratado firmado por Moisés com os Bani Israel também incluía a condição de que eles se dedicassem a conversas proveitosas e sadias:
“E de quando exigimos o compromisso dos israelitas, ordenando-lhes: Não adoreis senão a Deus; tratai com benevolência vossos pais e parentes, os órfãos e os necessitados; falai ao próximo com doçura; observai a oração e pagai o zakat. Porém, vós o renegastes desdenhosamente, salvo um pequeno número dentre vós.” (2ª:83)
A conversa clara e decente impressiona tanto a amigos como a inimigos, e seus doces frutos podem ser prontamente desfrutados. Ela preserva o amor entre os amigos. Ela fortalece as amizades e as torna mais duráveis, e derrota todos os truques do demo para enfraquecer essas relações e de semear as sementes da discórdia entre eles.
“E dize aos meus servos que digam sempre o melhor, porque Satanás semeia dissenções entre eles, pois Satanás é um inimigo declarado do homem.” (17ª:53).
O diabo se esconde em cilada contra o homem. Ele tenta lançar nele as sementes da discórdia, da inimizade e do ciúme. Ele quer ver as discussões comuns se transformarem em sangrentas batalhas, e de que nenhum impedimento seja lançado nos seus empenhos por meio de conversa boa, decente e sadia.
Se você falar educadamente aos seus inimigos, fará desaparecer a inimizade deles, e esfriarás o ânimo deles, ou pelo menos será possível perceber uma nítida mudança na atitude hostil deles.
“Jamais poderão equiparar-se a bondade e a maldade! Retribui o mal da melhor forma possível, e eis que aquele que nutria inimizade por ti converter-se em íntimo amigo!” (41ª:34).
Para tornar os muçulmanos de todas as condições bem-comportados e possuidores de boas maneiras, o Profeta disse: “Não sereis capazes de governar os povos através da vossa riqueza, mas sim por intermédio da boa figura e das boas maneiras poderão conquistar seus corações.” (Al-Bazzar). Ao modo de ver do Islam, não presentear alguém enquanto se comportar de maneira decente e com boas maneiras, e melhor do que presenteá-lo de maneira indecente e causando-lhe dor.
“Uma palavra cordial e uma indulgência são preferíveis à caridade seguida de agravos, porque Deus é, por Si, Tolerante, Opulentíssimo.” (2ª:263).
A conversa decente e um hábito tal que se conta entre as virtudes e os bons atributos, e aquele que pratica esse hábito se torna digno das graças de Deus e para ele se credita a felicidade eterna.
Anas narra que certo homem pediu que o Profeta lhe ensinasse um ato tal que o habilitaria a entrar no Paraíso.
O Profeta respondeu assim: “Alimente os pobres, pratique o cumprimento (salaam) à noite, quando as pessoas estiverem desfrutando de um bom sono, faça suas orações, e você entrará no Paraíso em paz.” (Al-Bazzar).
Deus nos mandou praticarmos modos decentes e sérios no falar, quando tivéssemos que debater com seguidores de outras religiões. Nossa conversa não deve nem ser intensa nem acalorada, nem irada. Entretanto, aqueles que forem agressivos conosco, e necessário fazer cessar a agressão deles.
“E não disputeis com os adeptos do Livro, senão da melhor forma, exceto com os iníquos, dentre eles.” (29ª:46).
Os grandes homens sempre cuidam em todas as situações de não pronunciar nenhuma palavra a mais ou inútil, nem assumem quaisquer atitudes de orgulho ou tolice com qualquer espécie de criatura.
Malik relatou que Yahya ibn Said lhe contara que Jesus Cristo certo dia, passando por um porco, dirigiu-se a este dizendo: “Passe em paz.” Lhe perguntaram: “Falas assim com um porco?” E ele respondeu: “Temo que a minha língua não esteja habituada a conversa grosseira.”
A Resposta aos Malcriados e o Silêncio
Algumas pessoas continuam malcriadas, de ânimo esquentado e mal educados por toda a sua vida. A fé e a crença delas não parece ser perturbada por tais males, nem a moralidade deles os afeta ou admoesta. Eles não hesitam em contar aos outros coisas que lhes sejam desagradáveis. Onde quer que encontrem condição para desabafar, suas línguas se precipitam em soltar torrentes de palavras vulgares e obscenas, como cavalos em debandada. Nenhuma exclamação os interrompe, nem qualquer outra voz os inibe.
A atitude de um cavalheiro com tais pessoas e a de não se envolver em discussões com tais pessoas, porque qualquer provocação pode se transformar em grande tumulto, e é necessário calar tais fontes de problemas. Por esta razão o Islam ordenou que se ignorassem as pessoas tolas e insensatas.
Certa vez, uma dessas pessoas analfabetas se encontrava parada à porta da casa do Profeta, pretendendo entrar ali. O bom Profeta tratou-a com decência e conseguiu persuadi-la a ir-se embora. Não havia nenhum outro jeito de resolver a situação senão pela tolerância e indulgência, que são o único manto com que podem ser calados os ignorantes e os tolos. Se o Profeta houvesse permitido aquela pessoa de fazer tudo que ela pretendia, então teria tido que escutar toda a conversa fiada de que ficaram livres os seus ouvidos.
Aicha conta que certo homem pediu licença ao Profeta para entrar em sua casa, ao que o Profeta comentou: “Que mau exemplo e esse homem em sua família!” Quando ele entrou, o Profeta conversou com ele agradável e docilmente. Depois que ele se foi, ela perguntou-lhe: “O Mensageiro de Deus! Escutastes esse homem conversar daquela maneira e no entanto não houve nem sinal de perturbação no seu rosto, pelo contrário, conversastes com ele cordialmente?” O Profeta respondeu: “Ó Aicha! quando foi que me ouvistes falar vulgarmente? No Dia do Juízo Final diante de Deus, o pior dos homens será aquele que tiver evitado que as pessoas de fala vulgar o encontrassem.” (Bukhári)
Essa política é tão certa, que sua realidade se comprova por nossa experiência no dia-a-dia, pois como seria possível a tal homem macular suas boas maneiras consorciando com uma pessoa mal educada? Se ele começar a ensinar boas maneiras a toda pessoa mal educada e tola, então sua vida não passará de um monte de problemas. Por esta razão, o sagrado Alcorão, ao relacionar as qualidades dos servos de Deus, mencionou primeiramente esta tolerância deles!
“E os servos do Clemente são aqueles que andam pacificamente pela terra e, quando os incipientes lhes falam, dizem Paz!” (25ª:63)
O homem é capaz de engolir sua ira uma vez, duas, mas a certa altura ele explode.
Já do muçulmano bem comportado, o Islam espera ser ele capaz de tolerar uma quantidade maior de problemas e adversidades, fazendo com que o mal não seja capaz de perdurar com firmeza diante dele.
Diz Said ibn Musayyeb: Quando o Profeta estava com seus companheiros, certa pessoa expressou-se com palavras insultuosas contra Abu Bakr, magoando-o, porém, Abu Bakr mantivesse calado. Pela segunda vez o homem dirigiu-lhe palavras amargas, e ainda assim Abu Bakr manteve-se calado. Quando o homem feriu-o com sua língua pela terceira vez, Abu Bakr tentou responder a ele. O Mensageiro de Deus levantou-se.
Abu Bakr perguntou a ele: “Estás aborrecido comigo O Mensageiro de Deus?” O Profeta respondeu: “Não, mas acontece que do céu havia vindo um anjo que estava negando tudo que o homem dizia, e quando você começou a responder ao homem, o anjo foi-se embora e o diabo se sentou. E eu não sei permanecer onde está presente o diabo.” (Abu Daud).
Ser respeitoso para com os tolos e ignorantes não significa que seus atos superficiais tenham também de ser aceitos. Há uma grande diferença entre essas duas situações.
A primeira significa que um homem deve ter controle sobre si mesmo diante da tolice e da ignorância, e não deve proporcionar-lhes oportunidade para mostrar suas verdadeiras naturezas portadoras da ira e da raiva, e por isso se ver provocado a revidar.
Enquanto que o segundo aspecto tem um sentido totalmente oposto. Em tal situação equivale permitir-se ficar submisso à insensatez, à maldade e expor-se ao ridículo, e aceitar todas essas coisas que nenhum homem inteligente e decente deve aceitar com facilidade.
O sagrado Alcorão tratou desse assunto quanto às pessoas ignorantes e o despreza de seus atos vis e maldosos, da seguinte maneira:“Deus não aprecia que sejam proferidas palavras maldosas publicamente, salvo por alguém que tenha sido injustiçado; sabei que Deus é Oniouvinte, Onisciente. Quer pratiqueis o bem, oculta ou manifestamente, quer perdoeis o mal, sabei que Deus é Onipotente, Indulgentíssimo.” (4ª:148-149)
Evite a Polêmica
Os mandamentos que o Islam emitiu para que se mantivesse a língua livre da baixeza e das coisas absurdas, foram os de se evitar as polêmicas e os debates controversos, e de não permiti-los aos muçulmanos , independente de serem tais debates certos ou não.
Isto se deve ao fato de que em tais confrontos, o homem sempre quer ser melhor que outro. Na medida em que ele deseje superar seu oponente pela palavra, ele recorre a argumentos duvidosos e não confiáveis, para respaldar seu ponto de vista, e cita-os como afirmações sem hesitar para ajudá-lo no debate. Em tais reuniões, os que assistem, dão mais importância à vitória do que à expressão da verdade. No mais das vezes, is to provoca rancores e tumultos, nos quais o esclarecimento e o contentamento não tem lugar.
Ao Islam desagradam todas tais situações, e ele as considera um perigo para a religião e a moralidade.
Disse o Profeta: “Para aquele que desistiu de participar de um debate polêmico sem sentido e falso, será construída uma casa na parte baixa do Paraíso; e para aquele que corrigiu sua moralidade, será construída uma casa na parte alta do Paraíso.” (Abu Daud).
Existem pessoas as quais Deus ornou com a força da eloquência e as tornou especialistas nesse campo. E isso as leva a exercitar sua especialidade com todas as pessoas, sejam educadas ou não. E essa vontade se torna um desejo tão ardente em seus corações que eles não descansam enquanto não o satisfazem.
Quando este grupo faz dos outros vitimas de sua força de eloqüência e demonstram sua especialidade, eles magoam essas pessoas, mas quando essa qualidade e necessária para expressar as realidades religiosas, então toda a beleza e grandiosidade da verbosidade deles desaparece.
Ao Islam desagradam profundamente os insensatos que falam gritando o mais alto que podem elevar suas vozes, e os adverte com severidade.
O Profeta disse: “Para Deus, os mais detestáveis são os que discutem irascíveis.” (Bukhári)
Em outra tradição está afirmado: “Após receber instrução, nenhuma comunidade se perdeu nem desviou do caminho que estava seguindo, exceto quando debatedores viessem desvirtuá-la.” (Tirmizi).
Em razão de sua rapidez de verbosidade, este grupo não se contém dentro de quaisquer limites. Eles continuam a falar, se enchem de convencimento e empavonam-se. Para este grupo, a posição das palavras e de máxima importância, vindo em segundo lugar o significado delas. Quanto a um grande propósito ou um claro objetivo, este freqüentemente e relegado ao ultimo plano, e freqüentemente, toda tal querela não chega a conclusão nenhuma.
Narra-se que certa vez um homem falso, bem vestido, se apresentou diante do Profeta e durante a conversa levantou a sua voz mais alto que a do Profeta. Quando ele se foi, o Profeta disse: “A Deus não agradam as pessoas desse tipo. Elas exploram sua língua da mesma maneira que uma vaca faz para ruminar. De modo semelhante Deus há de torcer-lhes os rostos e as bocas no fogo do inferno no Dia do Juízo Final.” (Tabarani)
Quando os assim chamados oradores e escritores especialistas, vem propondo polêmicas e debates nos campos da religião, da política e outros campos do saber, então o espírito da religião sofre uma recaída. E desfigurada a aparência da política, do conhecimento e da ciência. E possivelmente tenha sido isto que tenha contribuído para apressar o declínio da nossa civilização e cultura, pela formação de grupismos nas escolas jurídicas, divisão da comunidade por razões sectárias e outras enfermidades próprias da desintegração. Também em outros assuntos religiosos e seculares este tipo de debate polêmico espalhou seu veneno.
O debate polêmico está a mundos de distancia do debate puro, limpo, sóbrio e agradável.
Um bom numero dos companheiros do Profeta relatou que certa vez eles estavam discutindo e debatendo certo ponto religioso, quando chegou o Profeta; e ficou fortemente zangado. Jamais o haviam visto tão zangado antes. Ele os advertiu e disse:
“Fiquem quietos, ó Comunidade de Mohammad! Nações inteiras se viram destruídas somente por isso. Há muito pouco de proveitoso nisso. Abandonem essa discussão e argumentação, pois esta não é uma qualidade para o muçulmano. Evitem essa polêmica e disputa, pois que a perda que atinge aquele que nela se envolve e total. Para seres pecador não precisas senão ser um debatedor. Abandonem tais debates, porque no Dia da Ressurreição não haverá ninguém para interceder pelo debatedor. Lavai vossas mãos desse hábito impuro, pois no Paraíso eu guiarei até somente três tipos de morada, sua parte inferior, a parte intermediária e a parte superior, que será para aquele que tenha desistido de polemizar com sinceridade e com boas intenções. Mantenham-se longe desse hábito porque depois da idolatria, a primeira coisa que meu Senhor proibiu foi justamente esse tipo de discussão.” (Tabarani).
Costumam se organizar reuniões onde surjam assuntos e palestras notáveis e atraentes para os homens. Ao Islam tais reuniões desagradam, pois os participantes não fazem senão perder tempo, e onde as pessoas sempre colhem e observam novidades e defeitos alheios. Eles tem riquezas em excesso, à cuja sombra procuram se divertir (dessa maneira). Eles não tem nenhum outro trabalho a fazer senão o de se divertirem com os assuntos de outras pessoas.
“Ai de todo difamador, caluniador, que acumula e as entesoura, pensando que suas riquezas o imortalizarão! Qual! Sem dúvida que ele será pricipitado naquilo que consome.” (104ª:1-4).
Atualmente, tais reuniões e assembleias estão em moda.
Esta é uma calamidade que fez com que a sociedade fosse infectada com um sem numero de enfermidades. Esta calamidade é encontrada em abundância nas cidades grandes e pequenas, mesmo que não haja nenhuma necessidade religiosa para tal.
Está mencionado na tradição: “Evite reunir-se a beira do caminho.” As pessoas disseram: “O Mensageiro de Deus! O que aconteceria a essas nossas reuniões sem as quais a vida não tem graça para nós.” Ele disse: “Se insistem em realizar tais reuniões, pelo menos façam-lhes justiça.” O povo perguntou: “E como fazermos-lhes justiça, ó Mensageiro de Deus?”
Ele respondeu: “Manterem vossos olhos baixos, removerem as coisas prejudiciais, responder aos cumprimentos, recomendar a prática de coisas boas e evitar o prática de coisas ruins.” (Muslim).
"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)
يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ
......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!
Mohamad ziad -محمد زياد