segunda-feira, janeiro 02, 2012

História do Profeta Ibrahim (Abraão) (Que Alla Esteja Satisfeito com Ele)

Quando a primavera chegava, os rios Tigre e Eufrates enchiam. O povo ficava muito satisfeito, assim, celebrações ocorriam na cidade de Ur e em outras cidades da Babilônia. Quando a primavera chegava e o nível da água nos rios subia, os agricultores ficavam alegres, pois suas colheitas prosperariam. O povo de Ur ia a Zaqqura, um templo piramidal. Levavam com eles oferendas a serem consagradas aos seus deuses , especialmente ao deus Murdoch. O povo da Babilônia celebrava fora de suas cidades. Escolhiam lugares bonitos para dançarem, comerem e beberem. Quando as festas acabavam, retornavam para as cidades e iam ao templo. O templo era no topo de Zaqqura na cidade de Ur. 

Havia uma longa série de ídolos feitos de pedra. O povo da Babilônia adorava o sol, a lua, as estrelas, Vênus e o Rei. Naquele tempo, há mais de quatro mil anos atrás, Nimrod Bin Kanaan era o rei. Ele aprisionava e matava pessoas. Pegava tudo o que queria de suas colheitas. Algumas pessoas lhe prestavam culto por temerem seu poder. Na primavera as pessoas iam ao templo levando suas oferendas, tais como cabras e trigo. As ofereciam aos deuses de maneira que estes se agradassem e os abençoassem. Alguns eram adivinhos e astrólogos, assim, o próprio rei se aconselhava e o povo em geral os presenteava, pois também os temiam. 

O Nascimento de Abraão (A.S.) 

Um dia, os adivinhos do templo foram a Nimrod e disseram: "As estrelas dizem que uma criança nascerá e que porá fim a teu reinado." Nimrod perguntou com ansiedade: "Quando nascerá ?" Responderam os adivinhos: "A criança nascerá este ano." 

Naquele ano, Nimrod ordenou que todos os meninos recém-nascidos fossem mortos. Nosso Profeta Abraão, chamado "o Amigo de Deus", nasceu naquele ano. A mãe de Abraão temeu por sua segurança, então, ela levou o bebê para uma caverna. Ela o pôs ali e foi para casa. 

Ninguém sabia o que estava acontecendo. Nimrod assassinou muitos meninos recém-nascidos naquele ano. As mães choravam por seus bebês. Alguns deles tinham poucos meses, outros tinham poucas horas de vida. Nimrod estava com medo do bebê anunciado pelos adivinhos. O ano passou, assim Nimrod ficou calmo, pois pensou que tinha matado a todos os meninos recém-nascidos. 

Nosso Profeta Abraão (A.S.) nasceu na cidade de Kawthariya, nas proximidades de Ur e da Babilônia. Ele cresceu na caverna. Deus, Nosso Senhor, cuidou dele. Ensinou-lhe como sugar seus dedos para que sobrevivesse. Nimrod quis matá-lo, mas Deus quis que ele vivesse. Deus queria que ele guiasse o povo pagão de maneira que abraçassem a adoração ao Deus Único. Abraão cresceu na caverna e um dia, sua mãe veio até a caverna. Ela lhe abraçou, beijou e levou para casa. Os soldados de Nimrod pensaram que Abraão tinha dois ou três anos de idade. Não perceberam que ele tinha apenas poucas semanas, assim, não o levaram embora. 

Os ídolos 

Naquela época o povo adorava os ídolos. Adoravam Murdoch, o que chamavam de deus dos deuses, Ay, o deus da justiça e da lei, Seen, o deus do céu, Ishtar e muitos outros. Muitas pessoas adoravam a Venus, a lua e o sol. Naquela época, ninguém adorava a Deus, o Glorioso. Nosso Profeta Abraão (A.S.) nasceu e cresceu nesse tempo. 

Azar 

Azar era um astrólogo que fabricava ídolos que representavam diferentes divindades. O próprio Nimrod o consultava. Nosso Profeta Abraão vivia na casa de Azar, pois Azar era seu avô, por parte de mãe. Por esta razão, nosso Profeta Abraão o chamava de pai. Quando Abraão se tornou um jovem, Deus, o Glorioso, o abençoou com grande inteligência. Como ele tinha um coração puro, não acreditava nos ídolos nem se prostrava a eles. Ficava surpreso ao ver o povo prestando culto aos próprios ídolos que tinham fabricado com suas próprias mãos. Ele sabia que Deus era maior do que aqueles ídolos. Quando anoitecia, Abraão ia a cidade à procura da verdade. Havia luz apenas no templo. As pessoas que adoravam a Vênus olhavam para o céu de modo submisso. Pensavam que Vênus era seu deus e que os proveria com o sustento e os abençoaria. Abraão ficava de pé com eles olhando para o céu. Ele estava procurando pela verdade. Buscando pelo verdadeiro Criador do mundo. Nisso, a lua brilhava. Surgia no céu com sua luz prateada. 

Nosso Profeta Abraão era um jovem sábio. Desejava que as pessoas corrigissem suas crenças. Queria dizer a elas que Deus era maior do que os ídolos. Portanto, ele disse: "A lua é meu Senhor!" Os que adoravam a Vênus se viraram para ele e perguntaram: "Por que escolheste a lua por teu Senhor?" Abraão respondeu:"Vênus se pôs, assim não é o deus verdadeiro, o deus verdadeiro não deve se pôr."O tempo passou e a lua atravessou o céu e desapareceu. Depois de algum tempo o sol brilhou, então Abraão disse: "Eis o meu Senhor! Eis o Maior!" Algumas pessoas acreditaram em suas palavras e disseram entre si: "Talvez ele esteja certo porque o sol nos dá luz e calor." Quando o sol se pôs e escureceu de novo, Abraão olhou para o céu e disse: "Eu me afasto da adoração ao sol, pois ele se põe e o verdadeiro Deus não se põe! Então, adorarei a Deus, quem criou Vênus, a lua, o sol, a terra e todos nós!" 

O Jovem Crente 

Abraão disse: "Não temo os ídolos e não temo a Nimrod." 

Estas suas palavras se propagaram pela cidade, assim, todo o povo soube que ele zombava dos ídolos. Quando Abraão completou 16 anos de idade, todo o povo da Babilônia soube que ele não adorava os ídolos e que zombava deles. 

Um dia, Azar, o avô de Abraão, o viu fabricando um ídolo mais bonito do que aqueles que ele fabricava. No começo, azar ficou contente, pois pensou que Abraão zelaria pelos ídolos no templo, mas, depois, ficou triste quando o viu fazendo o ídolo em pedaços.

Azar se irritou com Abraão, e disse a ele: "Abraão, por que quebraste este deus? Não temes a ira dos deuses?" Abraão educadamente respondeu: "Pai, por que adoraste o que não lhe ouve e nem lhe vê, tampouco pode beneficiá-lo afinal? Pai, não adoreis a Satã. Em verdade, Satã é desobediente para o Mais Misericordioso."Azar disse com ira: "Tu detestas meus deuses, Abraão? Se não desistires, apedrejar-te-ei, afasta-te de mim." 

Abraão era um jovem educado, amava seu avô, assim, chamava-o: "Pai." Abraão saudou Azar antes de deixar seu lar, dizendo: "A paz esteja sobre ti. Orarei a meu Senhor para que te perdoe. Em verdade, Ele é o Mais Afetuoso para mim." 

Abraão orou a Seu Senhor para que guiasse Azar a luz e a fé. Ele separou-se de seu povo para adorar Deus, O Único. As pessoas iam a seus templos continuamente. Curvavam-se aos ídolos e faziam oferendas, mas Abraão não se curvava aos ídolos e nem fazia oferendas a eles. 

A Primavera

Todas as pessoas ali adoravam os ídolos, as estrelas, o sol e a lua. Também adoravam a Nimrod, o Rei. Assim, nosso Profeta Abraão (A.S.) pensou numa maneira de guiá-los a adoração a Allah, o Deus Único. A primavera chegava, flores desabrochavam e o rio estava cheio. O povo estava alegre com a primavera: celebrava sua chegada, a fertilidade e a prosperidade. Naquele tempo o povo se retirava da cidade para celebrar. Eles comiam, dançavam e se divertiam. Em seguida, retornavam a cidade para fazer oferendas aos deuses e aos adivinhos. 

Quando o povo se aprontava para sair da cidade o Profeta Abraão não foi com eles, então perguntaram a ele: "Abraão, por que não vens conosco?" "Eu estou doente.” respondeu Abraão. 

Nosso Profeta Abraão (A.S.) estava triste por seu povo, pois não conheciam a Senda Reta (da verdade). Abraão era diferente de seu povo, pois suas roupas eram limpas e ele aparava suas unhas e seus cabelos. Todo o povo, inclusive Nimrod e os adivinhos, saíram da cidade para a celebração da primavera. O Profeta Abraão permaneceu na cidade. Ele pegou um machado e foi ao grande templo. Havia muitos ídolos de barro no templo. Alguns pequenos e outros grandes. Havia um ídolo bem grande. O povo o chamava de Murdoch, o deus dos deuses. 

O templo estava completamente vazio quando Abraão entrou. Não havia nada lá dentro, exceto ídolos e um mau cheiro de sangue e carne. O Profeta Abraão (A.S.) olhou para os ídolos e então disse para si mesmo: "Por que o povo adora ídolos que não podem ajudá-los?" Os ídolos estavam imóveis em seus lugares. Não se moviam, falavam ou faziam coisa alguma. Abraão perguntou aos ídolos, zangado: "Por que não comem?" Não houve resposta, senão o eco de suas palavras no templo vazio. 

O Profeta Abraão (A.S.) queria destruir os ídolos para mostrar ao povo que não eram nada mais do que pedras. Ele sacou seu machado e começou a desfigurar as faces dos ídolos e em seguida os fez em pedaços. Quando chegou ao maior deles, não o destruiu. Apenas deixou o machado pendurado no ombro do ídolo e saiu do templo. Ele olhou e viu pombos brancos voando calmamente no céu. Quando as celebrações da primavera terminaram, o povo da Babilônia voltou à cidade. A noite já tinha caído, de maneira que era tempo do povo levar suas oferendas. As pessoas foram ao Grande templo numa longa procissão carregando tochas e oferendas. Os adivinhos a lideravam. 

Os adivinhos e o povo ficaram atônitos ao ver seus deuses destruídos. Os deuses tinham sido reduzidos a pedaços. Todos eles exceto o maior. O maior dos ídolos tinha ficado imóvel em seu ligar por muitos anos. Porém, agora tinha um machado sobre um dos ombros. Ninguém foi até o maior dos ídolos para perguntar o que tinha acontecido. O ídolo maior estava silencioso, como sempre, pois era apenas uma pedra. 

A confusão irrompeu quando os adivinhos perguntaram-se: "Quem destruiu nossos deuses sagrados?" Um deles respondeu: "Eu sempre ouvi um rapaz chamado Abraão zombando dos deuses. Ele diz que são inúteis. Eu acho que ele foi quem os quebrou." Com isso, os adivinhos ficaram muito irados com Abraão. 

O Julgamento 

Nimrod veio ao templo porque algo de muito grave tinha ocorrido. Ele temia por seu trono, portanto, ordenou que Abraão fosse detido e que fosse julgado no templo. O Juiz sentou-se junto a Nimrod no templo, que estava tomado pelo povo. Os soldados trouxeram o jovem Abraão. Fizeram-no ficar de pé diante de Nimrod e o Juiz. O julgamento se iniciou com as perguntas do Juiz. 

Ele perguntou a Abraão: "Sabemos que tu zombas de nossos deuses. Também sabemos que não celebras a chegada da primavera como o povo da Babilônia faz. Então, dize a nós quem quebrou nossos deuses. Tu os quebraste, Abraão?" Abraão respondeu calmamente: "Não, o maior deles os quebrou. Pergunta, se ele puder responder." Todo o povo olhou para o ídolo maior, que carregava um machado em seu ombro. Eles sabiam que não podia responder. 

O Juiz disse a Abraão: "Tu sabes que os deuses não podem falar e que não podem responder." Abraão perguntou (a todos): "Então por que adoras o que criastes com vossas próprias mãos? Por que adoras o que não pode prejudicar nem beneficiar a ninguém, nem falar ou receber vossas oferendas?" 

Todos abaixaram suas cabeças. O juiz também. Perguntavam entre si: "Abraão está certo. Os deuses não deveriam ser feitos de pedra. Por que adoramos ídolos que não possuem vida tampouco alma?" 

Os adivinhos estavam irritados com Abraão. Eles não queriam que o povo seguisse o caminho certo, pois seu poder chegaria ao fim. Assim, eles gritaram: "Não perdoem a Abraão! Ele destruiu os deuses sagrados! Não o perdoem! Destruiu nossos deuses que nos abençoavam e nos davam fertilidade! 

Nimrod apoiou os adivinhos. Ele lembrou a profecia deles: "Uma pessoa nasceria e destruiria seu reinado." Enraivado, Nimrod disse: "Abraão cometeu um crime! Juiz, deves puni-lo!" O povo todo concordou com Nimrod. Então, ele disse: "Devemos proteger nossos deuses sagrados! Devemos punir Abraão lançando-o no fogo!" 

O povo e mesmo Azar, o avô de Abraão, ficou contra Abraão. Poucas pessoas sentiram pena dele. Dentre elas estavam Sarah, prima de Abraão e Lot. Sarah era uma sábia jovem. Ela acreditou nas palavras de Abraão. Lot também era um homem sábio. Ele acreditava em Allah, o Deus Único, e na mensagem de Nosso Profeta Abraão (A.S.). 

O Profeta Abraão (A.S.) foi aprisionado enquanto o povo juntava um monte de lenha para fazer uma grande fogueira para lançá-lo nela. Então, Nimrod quis discutir com Abraão sobre Allah, o Deus Único. Abraão foi levado ao palácio de Nimrod. Ele ficou em pé diante do Rei. Nem se curvou, tampouco se prostrou a ele. Nosso Profeta Abraão (A.S.) não temia ninguém senão Deus. Não adorava nada e ninguém exceto Deus, o Glorioso. 

Nimrod perguntou com arrogância: "Abraão, quem é o deus que tu adoras?" O Profeta Abraão (A.S.) respondeu: "Eu adoro a Deus, quem dá a vida ao que está morto e faz morrer o que está vivo." De novo, de maneira arrogante Nimrod disse:"Eu também faço com que as pessoas vivam e as faço morrer!" Ele bateu palmas e ordenou a seus guardas: "Tragam-me dois prisioneiros: um que tenha sido sentenciado a prisão e um que tenha sido condenado à morte." 

Os guardas trouxeram dois prisioneiros acorrentados. Nimrod ordenou a um guarda que portava uma espada: "Cortai a cabeça deste prisioneiro. Depois, libertai aquele que tinha sido condenado à morte." Nimrod se voltou para Abraão e perguntou:"Viste o que fiz. Dei a morte aquele que apenas tinha sido condenado à prisão e dei a vida a outro, que havia sido sentenciado à morte." 

O Profeta Abraão (A.S.) não discutiu com Nimrod sobre esta questão, pois aquilo que o Rei tinha feito estava errado. Por esta razão, Abraão perguntou: "Eu adoro meu Senhor, que faz o sol nascer no oriente, podes acaso fazer com que nasça do ocidente?" Nimrod ficou surpreso com a pergunta de Abraão, ninguém jamais tinha feito semelhante pergunta a ele. Porém, Nimrod ficou calado e não foi capaz de responde-la. 

Os Quatro Pássaros 

De novo, Nimrod voltava a debater com Abraão sobre as questões da vida e da morte. E disse: "Eu posso dar vida e provocar a morte. Entretanto, teu Senhor não é capaz de fazê-lo. Tu apenas afirma isso." Abraão, posto novamente de pé diante do Rei pelos guardas, foi perguntado por Nimrod: "Tu não dizes que teu Senhor dá a vida e a morte? Vamos, demonstre isso!" O Profeta Abraão (A.S.) olhou para o céu e disse: "O poder de Meu Senhor está sobre todas as coisas!" Em seguida, Abraão (A.S.) ergueu suas mãos ao céu e disse: "Ó Senhor meu, mostra-me como ressuscitas os mortos." Deus, Nosso Senhor, respondeu: "Acaso, ainda não crês?"Abraão disse: "Sim, porém, faze isto, para a tranqüilidade de meu coração." Então Deus, o Altíssimo, ordenou a Abraão que pegasse quatro pássaros, que os sacrificasse e os cortasse, dividindo em quatro partes seus corpos e as colocasse sobre quatro montanhas. 

Ninguém seria capaz de dar vida aquelas aves mortas, exceto Deus, que criou todas as coisas e dá vida ao homem, aos animais e as plantas. Nosso Profeta Abraão ficou numa das montanhas e gritou com toda sua voz: "Pássaros sacrificados venham a mim com a permissão de Deus!" Então, algo extraordinário aconteceu. As cabeças, as asas e o espírito das aves retornaram formando seus corpos. Os corações daquelas aves recomeçaram a pulsar. Suas asas começaram a bater. Então, as aves voaram alto no céu. Rapidamente elas pousaram aos pés de Abraão e ele se prostrou a Deus, o Criador Todo-Poderoso. Todavia, Nimrod não acreditou neste sinal e ordenou aos guardas que levassem Abraão (A.S.) para a prisão. 

A Grande Fogueira

O povo da Babilônia possuía muito combustível, alcatrão e enxofre. Portanto, decidiram fazer a maior fogueira de seu país para castigar o Profeta Abraão (A.S.), que havia destruído seus deuses. Eles juntaram lenha fora da cidade por mais de um mês e derramaram alcatrão e combustível sobre ela. O dia de cumprir a punição de Abraão chegou, assim, o povo da Babilônia foi assistir sua execução. Os soldados de Nimrod trouxeram Abraão e em seguida os adivinhos chegaram e fizeram uma grande fogueira. A lenha se incendiou rápido por ter sido encharcada de alcatrão e óleo combustível. As chamas da fogueira tinham dezenas de metros de altura. O povo da babilônia recuou para que o fogo não os queimasse. Quanto a Abraão, olhava calmamente para a fogueira, pois acreditava em Deus e não temia ninguém senão Ele. 

As mãos de Abraão estavam atadas. Os adivinhos achavam que ele temeria o fogo e pediria desculpas por ter destruído seus deuses. Entretanto, Abraão esperava com serenidade seu destino. Então, um problema surgiu, pois ninguém conseguia se aproximar daquela grande e furiosa fogueira. Os adivinhos perguntavam-se: "Como poderemos lança-lo na fogueira?" Eles se reuniram e pensaram num meio de resolver o problema. Um deles sugeriu uma idéia demoníaca: "Devemos colocá-lo numa catapulta." Os adivinhos fizeram um desenho de uma catapulta no chão. O desenho era satânico, pois a catapulta seria capaz de atirar Abraão no fogo à distância. Os trabalhadores começaram a construí-la. Quando já estava pronta, os soldados trouxeram Abraão e o puseram nela, mas ele continuava muito calmo. 

As pessoas olhavam para aquele jovem. Estavam surpresas com sua paciência e firmeza. Naquele momento crítico um anjo veio a Abraão e perguntou: "Necessitas de alguma ajuda ?"Abraão não pensava em nada senão em Deus, o Glorioso. Apenas a Ele pediu por socorro. Ele rogou a Deus, o Grandioso e Todo-Poderoso, para que suprisse sua necessidade e disse ao anjo: "Eu não necessito de ninguém senão Deus, não pedirei a ninguém senão Ele para que me socorra em minha necessidade." Abraão era leal a Deus e acreditava Nele. Portanto, Deus, o Altíssimo, examinou sua fé e lealdade. Os soldados puxaram para trás as cordas da catapulta. Num instante, Abraão foi lançado no ar e impulsionado para o meio daquela grande fogueira. 

Como Deus, o Glorioso, criou o fogo e lhe deu a capacidade de queimar, Ele também era capaz de retirar-lhe esta capacidade. Deus, o Glorioso, ordenou ao fogo: "Ó fogo, sê conforto e paz para Abraão." As labaredas continuaram crepitando mas, de modo extraordinário, não queimaram Abraão. O fogo não feriu Abraão. Apenas queimou as cordas com que os soldados o tinham amarrado. O local onde ele caiu se transformou num jardim florido, enquanto o fogo o rodeava. As labaredas continuavam ardendo no ar, mas eram conforto e paz para Abraão. 

Deus, o Glorioso, testou Abraão. Ele conhecia sua fidelidade. Ele honrou-o, salvou-o do fogo e amparou-o contra seus inimigos. Nimrod esperou que o fogo se extinguisse. Queria saber o destino final de Abraão a fim de celebrar sua vitória sobre ele. A fogueira era muito grande, assim continuou ardendo por dias e noites. Então, gradualmente diminuiu e se apagou. 

Nimrod veio até a fogueira para ver o que tinha acontecido a Abraão. Queria saber se ele tinha sido reduzido a cinzas ou não. Nimrod e o povo da Babilônia ficaram atônitos ao verem Abraão vivo. Eles compreenderam que o Senhor de Abraão era poderoso, Grande e soberano. Assim, deixaram que Abraão vivesse em paz. 

A Emigração 

Depois de alguns anos, o Profeta Abraão casou-se com sua prima Sarah (que acreditara em sua Mensagem). Sarah era uma jovem abastada, possuía terra e rebanhos, ela doou tudo a seu esposo Abraão. O Profeta Abraão (A.S.) trabalhou em suas terras e cuidou de seu rebanho. Deus o abençoou, de modo que sua terra prosperou e seu rebanho cresceu. 

Abraão era generoso, ele era hospitaleiro e amava os pobres. Dessa maneira, viveu entre seu povo e conseguiu convocá-los a adoração a Deus e a que se afastassem da adoração dos ídolos. Os adivinhos o odiavam, Nimrod temia por seu reinado. Portanto, decidiu banir a Abraão da Babilônia e confiscar suas propriedades, dizendo que tudo pertencia a Babilônia. O Profeta Abraão (A.S.) disse a Nimrod: "Se queres tirar minhas propriedades então devolvei a mim os anos que passei neste país." A questão foi submetida ao Juiz da Babilônia. Este, decidiu que Abraão (A.S.) deveria entregar toda sua propriedade ao Rei em troca, o Rei deveria compensar a Abraão os anos que tinha passado na terra da Babilônia. 

Nimrod permitiu que Abraão levasse seus pertences e emigrasse. Ao deixar a Babilônia, nosso Profeta Abraão (A.S.) disse: "Eu irei para meu Senhor, Ele me guiará.' Abraão foi para uma outra terra. Ali, ele convocou o povo a adoração a Deus e a que se afastassem da idolatria. 

Hajar (Hagar)

O Profeta Abraão (A.S.), seu esposa Sarah e Lot chegaram ao Reino dos Egípcios. Abraão teve que pagar 10% de suas propriedades ao Faraó do Egito. Depois de pagar isso, al-Ashir (o responsável da cobrança dos impostos) permitiu que ele entrasse no país. Al-ashir percebeu a beleza de Sarah e quis levá-la para o Faraó. O Profeta Abraão (A.S.) se irritou com o al-Ashir e disse: "Darei a ti todos os meus bens mas, não aceitarei que me tire Sarah." E disse ainda: "Lutarei contra ti a fim de proteger minha esposa!" Al-Ashir informou isso ao Faraó. Portanto, o Faraó intimou a Sarah e a Abraão. Quando o Faraó do Egito viu Sarah, ele quis tocá-la. O Profeta Abraão (A.S.) estava só e muito triste. Ele virou sua face para não ver alguém tocando sua esposa. Abraão pediu a proteção de Deus para Sarah contra a perversidade do Faraó. Deus, o Glorioso, atendeu sua prece. Ele socorreu Seu profeta Abraão e paralisou a mão do Faraó. 

O Faraó do Egito não conseguiu tocar em Sarah. Ele percebeu que o Senhor de Abraão o impedia de fazer aquilo. Ele perguntou a Abraão: "Teu Senhor me impediu de fazer isso?" Abraão respondeu: "Sim, em verdade Meu Senhor é Misericordioso."O Faraó disse: "Teu Senhor é Misericordioso. Tu também o és, então rogai a teu Senhor que cure minha mão e eu nunca mais farei algo assim." 

O Profeta Abraão (A.S.) rogou a Deus para que curasse a mão do Faraó, e Deus, o Glorioso, assim o fez. O Faraó do Egito olhou com respeito para Abraão e sua esposa, e então deu a Sarah uma jovem para servi-la. Seu nome era Hajar. 

A Palestina 

Abraão foi para a terra da Palestina. Quando chegou à costa do Mar Morto, deixou seu primo Lot na terra de Sodoma para que convocasse o povo à fé em Deus e para a prática do bem. Quanto a Abraão, foi para a cidade de al-Khalil na Palestina. Viveu nesta cidade por muitos anos. 

Ismail 

Deus, o Exaltado, não tinha dado um filho a Abraão. Como Sarah, sua esposa, era estéril, ela decidiu dar sua serva a Abraão para que se casasse com ela e tivesse filhos. Nosso Profeta Abraão (A.S.) tinha setenta anos de idade, não obstante, ele a tomou como esposa e ela deu-lhe um filho. 

Deus, o Altíssimo, ordenou a Abraão para que levasse Hajar à terra de Hijaz (atual Arábia Saudita). Nosso Profeta Abraão (A.S.) obedeceu a ordem de Deus. Ele pegou sua esposa Hajar e seu filho Ismail e se dirigiu para o sul. Ele atravessou os desertos áridos. Sempre olhando para o céu, mas o anjo avisou-o que não tinha ainda chegado a terra do Hijaz. Após muitos dias e noites, Abraão chegou a uma terra árida. A terra era um vale seco, não tinha árvores, nem água. Era cheio de areia e pedras. Solitárias montanhas rodeavam o vale. O anjo desceu até o Profeta Abraão (A.S.) e disse: "Tu chegaste a Terra Sagrada. Deves deixar Hajir e Ismail aqui. Retornai a Palestina." 

Nosso Profeta Abraão não sabia senão obedecer a Deus. A visão de Hajar e Ismail sozinhos naquele lugar inóspito era comovente. Abraão se despediu de sua esposa. Em seguida beijou seu filho Ismail e foi embora. Hajar perguntou a seu marido: "Por que nos deixa neste lugar agreste?" Abraão respondeu com tristeza: "Em verdade, Deus ordenou-me fazer isso." Hajar acreditava em Deus e a Mensagem de seu marido, assim, ela disse para si mesma: "Já que Deus o ordenou fazer isso, Ele não esquecerá de nós." O Profeta Abraão (A.S.) foi embora. Voltou a Palestina. Quanto a Hajar e seu bebê, Ismail, ficaram sozinhos naquele vale agreste. 

Isaac 

Abraão e sua esposa Sarah envelheceram. Abraão não se agradava de comer sozinho. Como gostava de convidar as pessoas, ele mesmo as servia e oferecia a elas comida deliciosa. Um dia, três homens vieram até Abraão e o saudaram educadamente. Abraão foi rapidamente a seu rebanho e trouxe um gordo cordeiro. Ele o sacrificou e preparou uma boa refeição para seus hóspedes. Algo extraordinário aconteceu. Abraão viu que seus hóspedes não tocaram na comida. Quando eles perceberam que o Profeta Abraão ficara preocupado, disseram: "Nós somos mensageiros de Deus para a terra de Sodoma, somos anjos de Deus. Ele nos enviou para castigar o povo de Sodoma."Abraão se tranquilizou. Porém, pensou no destino do povo de Sodoma e disse aos anjos: "Lot está na terra de Sodoma!" Os anjos esclareceram: "Conhecemos o povo de Sodoma. Deus nos ordenou destruir a cidade e seu povo, exceto Lot e suas filhas." 

O Profeta Abraão (A.S.) queria guiar aquele povo a senda reta, assim, pediu aos anjos para que adiassem a punição, mas eles insistiram no cumprimento da ordem de Deus, posto que eram seus mensageiros. 

O povo de Sodoma era descrente e se comportava mal. Eles atacavam os viajantes e ofendiam seu Profeta Lot (A.S.). Portanto, os anjos disseram: "Abraão, deves desistir disso, a ordem de teu Senhor chegou." 

O Profeta Abraão perguntou-se: "Por que os anjos vieram aqui?" Os anjos deram uma boa nova a Abraão. Disseram: "Sua esposa idosa dará a luz a um filho ." Sarah ouviu a notícia dos anjos, então ela se surpreendeu com aquilo e disse: "Darei a luz a um filho, quando sou uma mulher idosa e meu marido é um homem idoso? Decerto que isto é algo extraordinário." 

O anjo disse: "Vos surpreende a ordem de Deus? A misericórdia e as bênçãos de Deus estão sobre vós, ó povo da Casa . Em verdade Ele é Louvado e Glorioso." 

Sarah e Abraão se alegraram com a boa nova dos anjos. Porém, o Profeta Abraão estava triste pelo povo de Lot. Desejava afastar deles a ira de Deus, mas os anjos avisaram-no que a ira de Deus sobreviria a Sodoma, pois seu povo era mal e rebelde. Ademais, ofendiam seu Profeta, Lot (A.S.). Os anjos deixaram a casa de Abraão e foram cumprir sua tarefa na terra de Sodoma. 

Erigindo a Casa 

O Profeta Abraão (A.S.) foi para a terra de Hijaz em visita a seu filho Ismail. Ismail já era um jovem e vivia com a tribo árabe de Juhrum na terra do Hijaz. Ali, o Profeta Abraão e Ismail erigiram a Casa Sagrada de Deus ( A Ca'aba hoje a Mesquita sagrada de Meca -Arábia Saudita)  para que fosse a marca da Unicidade Divina no mundo. 

A Ca`aba foi a primeiro templo a ser construído para os humanos de acordo com a ordem de Deus. Nela há os sinais evidentes como a estância do oratório de Abraão e quem quer que entre nela estará em segurança. O Profeta Abraão (A.S.) e Ismail terminaram a construção da Casa e em seguida disseram: "Ó Senhor Nosso, aceita-a de nós pois Tu és Oniouvinte, Sapientíssimo". Deus o Altíssimo, escolheu uma terra inóspita para que sua Casa fosse construída. Quando a Casa tinha sido construída, Deus, o Glorioso, enviou a Pedra Negra do Paraíso para a Ca`aba, que tem sido o símbolo da Unicidade Divina desde então. 

O Teste Final 

O Profeta Abraão (A.S.) e seu filho Ismail realizaram o hajj (peregrinação). Quando Abraão estava correndo entre o Monte Safa e o Monte Marwa, ele relembrou o sofrimento de sua esposa Hajar, que havia corrido entre os dois montes procurando por água para seu bebê Ismail. Também recordou como a água tinha miraculosamente jorrado do solo para seu filho. Quando recordou todo esse sofrimento, ele ficou triste. Além disso, recordou o sonho que tinha tido poucos dias antes. Ele se via sacrificando seu filho e oferecendo-o em sacrifício a Deus, o Glorioso. 

Como os sonhos dos profetas são verdadeiros, Abraão decidiu sacrificar seu filho como uma clara prova de sua virtuosa fé em Deus. Estaria Ismail pronto a sacrificar-se por Deus? Isto angustiava o Profeta Abraão (A.S.). Quando Ismail viu seu pai triste, perguntou: "Pai , por que estás triste?Abraão voltou-se para seu obediente, piedoso e bondoso filho e respondeu: "Estou triste porque vi num sonho que eu degolava a ti. Sabes o que isso significa." "Queres me matar ? perguntou Ismail."Sim" disse Abraão. 

Abraão não tinha tempo para pensar, pois Deus o ordenara sacrificar seu filho Ismail. Deus, o Glorioso, queria testá-lo outra vez. Queria saber a extensão da fidelidade e da submissão de Abraão a Ele. 

O fiel jovem Ismail disse: "Pai, faça isso. Já que Deus assim o quer. Eu suportarei a dor de ser sacrificado.' 

Nosso Profeta Abraão amava muito seu filho Ismail. Contudo, amava a Deus muito mais. Ele também amava muito seu avô Azar e o chamava de pai. Porém, renunciou a Azar quando ele não acreditou em Deus. Assim, Abraão amava bastante seu obediente e fiel filho Ismail, porém amava sobretudo a Deus. O profeta Abraão beijou seu filho Ismail. Ele havia preparado a faca. Ismail se submeteu as ordens de Deus. Ele era tão corajoso que estava pronto a sacrificar-se por seu Senhor. Apenas uma coisa preocupava a Ismail. Ele achava que a dor de ser sacrificado o faria resistir e lutar. Pensava que resistência e luta magoaria seu pai, que era um homem de idade avançada com um coração sensível. 

Ismail disse a seu pai: "Pai, amarra minhas mãos e pernas com força! Sacrifica-me rápido!" 

O Profeta Abraão (A.S.) chorava por seu filho. Ele o beijou como a se despedir dele pela última vez. Ismail estava pronto a ser morto naquele momento. O Profeta Abraão (A.S.) pegou a faca. Ismail ergueu sua cabeça para o céu, de modo que seu pescoço aparecia aos raios de sol. Naquele momento crítico, uma coisa maravilhosa ocorreu. Abraão ouviu um chamado celestial dizendo: "Abraão, teu sonho se realizou. Deus ordena que tu sacrifiques um carneiro no lugar de Ismail.

O Profeta Abraão (A.S.) viu um carneiro descendo a montanha. Ele sacrificou o carneiro. Em seguida, ele e seu filho Ismail completaram o hajj. Nos dias atuais, nós cortamos o cabelo e as unhas e circuncidamos nossos filhos varões. Fazemos tudo isso para seguir o exemplo de nosso pai Abraão. Foi nosso Profeta Abraão (A.S.) que nos ensinou a fazer todas essas coisas. Também nos ensinou a crer na Unicidade de Deus. 

Agora, os judeus, os cristãos e os muçulmanos crêem em Deus. Este é um dos favores de nosso Profeta Abraão. Deus, o Glorioso, o escolheu por profeta, mensageiro e Imam. Nosso Profeta Moisés (A.S.) foi da descendência de Isaac (A.S.), filho de Abraão (A.S.). Nosso Profeta Jesus (A.S.), filho de Maria (A.S.) também foi da descendência de Isaac (A.S.). Nosso Profeta Mohammad (S.A.A.S.) foi da descendência de Ismail (A.S.), filho de Abraão (A.S.). Os Imames dos Ahlul Bait (A.S.) também pertenciam a descendência de Ismail (A.S.). 

Por esta razão dizemos: Ó Deus, abençoa Mohammad e sua Família como abençoaste a Abraão e sua Família . Em Verdade Tu és Louvado e Glorioso! 

O Amigo de Deus 

Deus, o Glorificado, sabia que Abraão era fiel, obediente e submisso a suas ordens. Sabia também que Abraão não tinha medo de ninguém, senão Dele. Portanto, o escolheu como amigo. Desde então, Abraão tem sido conhecido como o amigo de Deus. 

Nosso Profeta Abraão viveu por muitos anos. Talvez tenha vivido mais do que 120 anos. Então ele envelheceu. Não podia mais ir ao Hijaz para visitar a Casa de Deus e encontrar seu filho Ismail. Por esta razão, Ismail foi à Palestina para visitar seu pai Abraão, o Amigo de Deus. Durante este período, o Profeta Abraão adoeceu. Tendo devotado sua longa vida ao esforço na causa de Deus, e na convocação do povo a fé Nele, Abraão fechou seus olhos e descansou. Ele partiu desse mundo. Partiu para Deus, seu Amigo e Criador. 

O Profeta Abraão (A.S.) ordenou a seus dois filhos Ismail e Isaac que convocassem o povo a crer em Deus, o Deus Único. Então, se juntou a seu Melhor Amigo. 

"Ó Deus, abençoa Mohammad e sua Família como abençoaste Abraão e sua Família . Em verdade Tu és Louvado e Glorioso!" 

"Não reparaste naquele que disputava com Abraão acerca de seu Senhor, por lhe haver Deus concedido o poder? Quando Abraão lhe disse: Meu Senhor é Quem dá a vida e a morte! retrucou: Eu também dou a vida e a morte. Abraão disse: Deus faz sair o sol do Oriente, faze-o tu sair do Ocidente. Então o incrédulo ficou confundido, porque Deus não ilumina os iníquos. Tampouco reparastes naquele que passou por uma cidade em ruínas e conjecturou: Como poderá Deus ressuscitá-la depois de sua morte? Deus o manteve morto durante cem anos; depois o ressuscitou e lhe perguntou: Quanto tempo permaneceste assim? Respondeu: Permaneci um dia ou parte dele. Disse-lhe: Qual! Permaneceste cem anos. Observa a tua comida e a tua bebida; constata que ainda não se deterioraram. Agora observa teu asno (não resta dele mais do que a ossada); isto é para fazer de ti um exemplo para os humanos. Observa como dispomos os seus ossos e em seguida os revestimos de carne. Diante da evidência, exclamou: Reconheço que Deus é Onipotente! E de quando Abraão implorou: Ó Senhor meu, mostra-me como ressuscitas os mortos; disse-lhe Deus: Acaso, ainda não crês? Afirmou: Sim, porém, faze-o, para a tranqüilidade do meu coração. Disse-lhe: Toma quatro pássaros, treina-os para que voltem a ti, e coloca uma parte deles sobre cada montanha; chama-os, em seguida, que virão, velozmente, até ti; e sabe que Deus é Poderoso, Prudentíssimo”. Alcorão Sagrado C.2 – V. 258 a 260. 

Por Kamal al-Sayyd - Traduzido por Ismail Ahmed Barbosa Júnior 


quinta-feira, dezembro 29, 2011

A RECONCILIAÇÂO E O PERDÃO Segunda e última Parte.


Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK 

“Bem aventurado aquele que perdoa, procurando a reconciliação”.

Deus, nosso Criador e Protector, exorta o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) a perdoar as pessoas e convida-las para a verdade e para a reconciliação, conforme o versículo do Cur’ane 7:199: “Conserva-te indulgente, ordena o bem e afasta-te dos ignorantes”. Assim, ele mantinha a calma, mesmo quando era alvo de maiores provocações e calúnias. Era tolerante e sabia perdoar. As palavras amargas de retaliação, em forma de vingança, são prejudiciais para transmitir a profecia e poderia fazer com que as pessoas se afastassem. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) aconselhou aos que enviou para as diversas missões, de que deviam ser o prenuncio da felicidade e não do ódio e de serem fontes de conforto e não do aumento de dificuldades. E Deus elogiou esta postura do Profeta: “Pela Misericórdia de Deus, foste gentil para com eles; porém, tivesses tu sido insociável ou de coração insensível, eles se teriam afastado de ti. Portanto, indulta-os, implora perdão para eles e consulta-os nos assuntos (do momento)…” Cur’ane 3:159. Com esta postura sábia de reconciliação, o Profeta conquistou muitos corações, sendo esta uma das causas da aceitação do Isslam, por parte dos que há bem pouco tempo, eram idólatras. Também os seus companheiros e sucessores adoptaram a mesma via, fazendo com que o Isslam se espalhasse rapidamente não só na Arábia, mas também nos países vizinhos.

Abdullah Bin Amr referiu que Abu Bakr As-Siddiq pediu ao Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): Ensine-me uma invocação com a qual eu posso pedir a Deus nas minhas orações”. O Profeta disse: “Diga: Ó Allah eu tenho injustiçado a minha alma e ninguém perdoa os pecados, excepto Tu. Por favor conceda-me o Teu perdão.

Sem dúvidas Tu és o Indulgente, o Misericordiosíssimo”. Bhukari. “Deposito a minha sorte em Deus. Deus sempre protege os Seus servos”. Cur’ane 40.44.

Assim que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) terminava as orações ele pedia perdão por três vezes”. Bhukari. Após finalizar as orações obrigatórias, peça perdão recitando 1 vez “Allhahu Akbar” e 3 vezes “Asstafirullah”. “Pela gloriosa luz da manhã e pela noite quando serena, O teu Senhor não te abandonou, nem te odiou” Cur’ane 93:1,2,3.

O Profeta, apesar do seu estatuto e de se encontrar à priori perdoado, pedia perdão a Deus, 70 vezes por dia. Outras narrativas referem 100 vezes. Mesmo nas vésperas da sua morte, multiplicou o pedido de perdão. Bukhari e Muslim. O homem está a sempre a tempo de se reconciliar com Deus, pedindo perdão pelos seus pecados. “E quando te esqueceres, lembra-te do Teu Senhor…”. Cur’ane 8:24. Mesmo que assim o faça, antes do ultimo suspiro, Deus, terá isso em conta. Disse o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): “Os inteligentes e os nobres são os que mais recordam a morte e estão constantemente a preparar-se para o Seu encontro”. Ibn Majá. 

Abu Said al-Khudri (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Entre os homens de Bani Israil (há muitos e muitos anos), havia um homem que havia assassinado noventa e nove pessoas. Fez perguntas a pessoas eruditas ou conhecedoras que aprenderam da vida, se podiam mostrar-lhe o caminho da salvação. (vivia ele numa localidade onde o crime e outros pecados eram comuns. 

Todo o ser humano, por mais pecador que seja, sente algum remorso no seu íntimo). Foi ter com um monge e perguntou-lhe se o seu arrependimento poderia ser aceite por Deus. O Monge (porque não tinha conhecimentos suficientes de ilm religioso para dialogar com as pessoas e porque só se dedicava à adoração), disse que Deus não o perdoaria. Após esta resposta negativa, matou o monge (para ele, matar 99 ou 100 pessoas seria o mesmo). No entanto, continuou a procurar uma resposta ao seu dilema, perguntando às pessoas da terra, até que o encaminharam para um estudioso. Perguntou-lhe se depois de ter morto cem pessoas, se haveria alguma hipótese do seu arrependimento ser aceite e assim ser perdoado? 

O sábio respondeu que sim, mas que seria bom para ele deixar a sua localidade, que era uma terra má e para se dirigir para uma outra onde as pessoas são mais piedosas, dedicadas à oração e à adoração a Deus. Poderia assim, dedicar-se à adoração na companhia deles. Ele aceitou o conselho e deixou a sua terra natal. 

Mas depois de percorrer cerca de metade da distância que separa as duas cidades, acabou por morrer. 

Houve uma disputa entre o anjo da misericórdia (do perdão) e o anjo da punição: Quem o deveria levar?. O anjo do perdão argumentou que o homem se arrependeu a Deus, mas o anjo da punição disse que as suas ações foram sempre más. Deus, enviou um anjo na forma de um ser humano, a fim de servir de arbitro e recomendou aos dois anjos para medirem a distância entre as duas localidades e o local onde ele caiu morto. 

Após a medição, chegaram à conclusão de que a distancia para a terra da virtude, para onde ele pretendia ir, era menor. Assim, o anjo do perdão o levou”. “Qatada (Radialahu an-hu), completou este hadice, referindo que o homem antes de morrer, gatinhou, arrastou-se e conseguiu morrer mais perto da terra do perdão. Também é referido que Deus sabia que o homem morreu antes de atingir a outra metade; mas Ele, com a Sua infinita Misericórdia, encurtou a distância para a terra do perdão”. Muslim. Também em Bukhari.

E quem cometer uma má acção ou se condenar e então (se arrepender) e implorar perdão a Deus, sem dúvidas que O encontrará Indulgente, Misericordiosíssimo”. Cur’ane 4.110

"Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17.

“Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

29/12/2011

quarta-feira, dezembro 28, 2011

O MUNDO NO FINAL DE 2011 - ALMADINA

O nosso belo Mundo vive atualmente envolto na grande onda do crime. A corrupção está no seu auge, estando difusa por todos os lados, até mesmo na rua. O assassinato, o sequestro, o assalto, a pilhagem e outras formas de crime violento, já não são praticados apenas por gente esfomeada, não educada, não civilizada enfim, por bárbaros ou gente grosseira e boçal, como acontecia em tempos idos.

As guerras tornaram-se algo semelhante a um capricho, um hobby, uma ocupação favorita e um grande negócio por todo o lado por esse Mundo fora.

A opressão e exploração estão na ordem do dia. A justiça adquiriu um novo significado completamente distorcido, isto é, o direito ao aborto, à fornicação, à prática de homossexualismo, ao adultério enfim, a verdade vai sendo degolada de forma cruel.

Qualquer pessoa pode ser perdoada por pensar que o Homem e o animal por vezes se assemelham, são um, e o mesmo. Porém, atualmente o Homem tornou-se pior que os animais.

Muitos daqueles que se consideravam guias, e em quem se depositavam grandes esperanças de resgatar este grande barco das águas tempestuosas – médicos, advogados, professores, estudantes universitários, até mesmo alguns religiosos – também se encontram profundamente atolados no lodaçal da paixão, da ambição desmedida da ganância pelo poder, das mulheres e outros divertimentos imorais.

A prostituição, os jogos de azar, o homossexualismo, o aborto, o alcoolismo, o adultério, a fornicação e outros grandes pecados, estão em operação neste chamado mundo livre.

A maior parte das pessoas no Mundo, caíram nesta situação, e os que ainda não perderam o seu equilíbrio, estão sob o risco iminente de perdê-lo.

O fruto proibido deixou de o ser. Que mau negócio fizemos nós! Trocamos o bem pelo mal. Trocamos diamantes por pedras, a fé pela infidelidade, o Paraíso pelo Inferno! Mas estamos enganados, pois nem tudo o que brilha é ouro, e o nosso negócio não foi lucrativo. Tudo isso é apenas uma miragem, uma ilusão e nada mais do que isso.

Mais um ano da vida de cada um de nós passou, e agora estamos mais próximos do nosso fim, pois estamos mais velhos. Não nos devemos esquecer da existência de Deus, pois foi Ele Quem nos criou, fez-nos respirar, olhar, andar, ouvir, sentir, viver e morrer. Nada é nosso. O Sol, a Lua, os dias, as noites, o ar, a chuva, a comida, a água, todos os seres animados ou inanimados, é tudo criação de Deus. A todo o momento estamos sob seu controlo e a Ele teremos que prestar contas depois da morte, que nos pode chegar a qualquer momento.

Todas as coisas, exceptuando o Homem, estão cumprindo inteiramente com o que lhes foi ordenado por Deus, segundo os Seus preceitos.

Todo o fenômeno, desde o mais pequeno ao maior, foi planeado pelo Criador, pelo que não nos devemos esquecer de O recordar em cada lufada de ar que inspiramos

Temos alguma dificuldade em perceber por que razão, na chamada Nova Ordem Mundial não se pode mencionar publicamente o nome de Deus.

O objectivo de todos os ensinamentos divinos é criar a percepção e a intimidade com o nosso Senhor, pois todas as outras são subsidiárias. Elas foram narradas para facilitar o alcance desse objectivo, pois o propósito dos rituais é facilitar a relação dos crentes para com o seu Criador, lembrando-O constantemente.

O Homem, na base da sua fraqueza humana e no distração da omnipresença de Deus, pode até cometer algum pecado, mas se se recordar d’Ele, Deus pode perdoar-lhe imediatamente, não precisando do sangue de quem quer que seja, para que o perdão dos pecados cometidos lhe possa ser concedido.

Deus não reage despoticamente, pelo contrário, proporciona inúmeras oportunidades para o perdão do Ser Humano. Numa expressão de um santo, isto é traduzido da seguinte forma:

“Volte! volte, independentemente daquilo que és. Volte! Mesmo se sejas um infiel ou um adorador de ídolos, volte para Mim. A Nossa Corte Real não é a corte do desespero. Mesmo que tenhas transgredido cem vezes, voltando para trás do teu arrependimento, volte para Mim (isto é, a Deus)”.

Existem pessoas que não cometem pecados no sentido convencional, e que continuam a fazer orações e a cumprir com todos os outros rituais, mas fisicamente circulam naturalmente à volta dos seus interesses e desejos materialistas. Nunca dão nada aos pobres, aos necessitados, aos órfãos, às viúvas, etc., o que é muito mau, pois perante Deus isto constitui crime, incorrendo na Sua ira. O grande perigo com esse tipo de gente, é que eles nunca sentem a necessidade de arrependimento.

Ouvimos episódios de assassinos, de corruptos, de bêbados, de adúlteros e de assaltantes que se arrependeram e se regeneraram, sendo-lhes perdoados os pecados cometidos, tornando-se assim amigos de Deus, mas nunca se houve falar de nenhum sovina, ganancioso ou egoísta, ter renunciado aos seus desejos de preferência material, pois tais pessoas nunca pensam que estão a cometer algum crime.

O Profeta Muhammad S.A.W. diz: “O avarento está longe das pessoas, longe de Deus, e longe do Paraíso, e o generoso está perto das pessoas, perto de Deus e perto do Paraíso”

Como é possível que haja tantos pobres e esfomeados no Mundo, quando existem tantos milionários e multimilionários? Isto decorre do facto de estes não partilharem as suas riquezas com os necessitados. Tornaram-se insensíveis perante a dor e o sofrimento das pessoas, e pensam que, o que eles possuem é por mérito próprio e não uma dádiva de Deus.

De fato, o Homem é um ser sentimental, mais do que racional, pois se não fosse assim, ele não poderia ajoelhar-se perante ídolos e nem teria rejeitado os sinais manifestos de Deus, revelados aos profetas, conforme consta no Al-Qur’án, Cap. 2, Vers. 28:

“Como é que vós negais Deus, enquanto éreis outrora inanimados (inexistentes) e foi Ele Quem vos deu a vida, depois vos dará a morte, depois de novo, a vida, e depois a Ele sereis retornados”?

Com o passar dos anos, e vendo as nossas vidas a chegarem ao fim, a pergunta fica no ar: “Quando chegarão os bons dias com que cada um de nós sonha na vida? Talvez só na outra vida!

Para terminar, gostaríamos de manifestar a nossa mais veemente condenação aos ataques bombistas contra igrejas na Nigéria. Reafirmamos sem equívocos, que o Isslam é alheio a tais práticas.

Gostaria igualmente de desejar a todos um Feliz e Próspero Ano Novo.

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 26.12.201

terça-feira, dezembro 27, 2011

Terrorismo não é Religião, Intolerância Religiosa muito menos


A Nigéria mais uma vez proporciona ao mundo um espetáculo dantesco e fora de propósito para o verdadeiro Islamismo. É muito triste assistir um episódio de violência envolvendo muçulmanos e cristãos. Duas religiões monoteístas, que cultuam o mesmo Deus, separadas apenas por fatores doutrinários.

Seria a doutrina maior que o Criador? Seriam os muçulmanos atuais mais reais que o nosso saudoso Profeta SAAS. O profeta Muhammad (Que a bênção e a paz de Deus estejam sobre ele) fez diversos tratados e acordos com os seguidores de outras crenças em sua época, demonstrando como um governo islâmico e os muçulmanos em geral devem agir no que tange ao diálogo interreligioso.

Podemos ainda lembrar do iminente Khalifa Omar Ibn Al Khattab (Que Deus esteja satisfeito com ele), o segundo sucessor do Profeta Mohammad (SAAS), ao fazer a oração da alvorada, a primeira das cinco que os muçulmanos fazem diariamente, Omar foi atacado pelas costas, por um não muçulmano, com um punhal envenenado. Em seu leito de morte, ainda tomado pelas dores, ditou o seu testamento, que continha algumas instruções para o próximo Khalifa.

Devemos lembrar que o ano era 644 d.C, e o império islâmico se estendia do Egito à Pérsia. Nos dias de hoje, um atentado fatal a um chefe de Estado do porte de Omar em sua época deflagraria imediatamente uma guerra. Mas Omar não somente perdoou o seu algoz, como ainda lembrou o próximo Khalifa de seu dever para com os não muçulmanos dentro do Estado islâmico, que têm direito não só à liberdade de culto, mas também à proteção de sua vida, sua honra, sua família, sua propriedade, etc.

Histórias como essas ilustram o verdadeiro sentido do Islamismo praticado pelo nosso querido Profeta (SAAS) e os Khalifas probos. O muçulmano deve acima de tudo agir com justiça. Nossa missão na terra é praticar o lícito e combater o ilícito. E todos os amantes da paz, muçulmanos ou não devem ser tolerantes e conviver fraternalmente com todos os povos, independente de sua crença ou culto religiosos que adotem. Trata-se não apenas de um direito, mas de uma obrigação a ser respeitada.

Abu Huraira (RAA) narra que o profeta Muhammad SAAS disse: Qualquer um que chama as pessoas para a orientação (bem), recebe a mesma recompensa daquelas que a seguem, sem que isso diminua de alguma forma a recompensa delas; qualquer um que chama as pessoas para a desorientação (mal), são lhe atribuídas as mesmas (recompensas pelas) más ações daquelas que as seguem, sem que isso diminua de alguma forma as más ações delas». [Musslim

Vejam o que diz o Sagrado Alcorão em algum de seus versículos(ayah) a respeito do assunto:

Ó humanos temei a vosso Senhor que vos criou de um só ser, do qual criou a sua companheira, e de ambos fez descender inumeráveis homens e mulheres” (Alcorão – 4ª surata, 1ª ayah)

“Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea, e vos dividimos em povos e tribos para reconhecerdes uns aos outros. O melhor dentre vós, perante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus está bem inteirado e é Sapientíssimo” (Alcorão – 49ª surata, 13ª ayah)

“Não há imposição quanto à religião, pois já se destacou a verdade do erro”. “Quem renegar o sedutor e crer em Deus, ter-se-á apegado a um firme e inquebrantável sustentáculo, porque Deus é Oniouvinte, Sapientíssimo”. (Alcorão – 2ª Surata, 256ª ayah).


Frente ao exposto me respondam irmãos muçulmanos e caríssimos leitores! Que culpa tem o Islamismo se pequenos grupos de seguidores promovem suas próprias leis e costumes? Por outro lado não é só no Islamismo que grupos extremistas agem maculando todo um sistema religioso, quem não tem outro propósito a não ser o de promover a paz e o bem estar entre os homens.

Pensem nisso! Nós os muçulmanos que seguem o Profeta Mohammad, Jesus, Abrão, Moisés, Noé, Jacob e os demais profetas e mensageiros de Deus, estamos solidários com as famílias cristãs enlutadas da Nigéria, do Iraque e qualquer lugar do mundo aonde a intolerância religiosa, racial, cultural venha ocorrer. Isso é um grande atraso para o progresso da humanidade.

Em nome dos muçulmanos brasileiros eu peço perdão às famílias atingidas e dizer, que não temos nenhuma vergonha de nossa Religião, pelo contrário, nos sentimos honrados em ser muçulmanos. Mas, abominamos o radicalismo e a intolerância em qualquer escala, seja onde for e por quem ela seja cometida. (Muslim, Judeus, Cristão, Budistas, Ateus, etc).

Que a paz, as bênçãos e a misericórdia de Deus esteja conosco.

Amin!

Hajj Hamzah Abdullah Islam - o menor dos servos de Allah SW

sábado, dezembro 24, 2011

O que diz o Alcorão sagrado sobre o corpo-humano e a criação!


2. O coccis

O cóccis é o ultimo osso da coluna vertebral. Foi mencionado, em vários hadiths, que este osso é a origem dos humanos e a semente pelo qual eles serão ressuscitados no dia do juízo final também foi dito de que esta parte não se decompõe na terra. 1-Abu Huraira, relatou que o Profeta(SAAS) disse: “Todo filho de Adão será comido pela terra exceto o cóccis do qual ele foi criado e do qual será ressuscitado.” (Relatado por Al Bukhari Annassaí, Abou Daud, Ibn Majah eAhmad).
2- Também foi relatado por Abu Huraira, que o Profeta (SAAS) disse: “ Há um osso no filho de Adão que a terra nunca comerá.” Perguntaram: “Qual deles? Profeta de Allah” O Profeta respondeu: “É o cóccis.” Relatado por Al Bukhari e Malek.
Os hadithes anteriores são claros e contém os seguintes fatos:

1-Humanos são criados a partir do cóccis.

2-O coccis não se decompõe na terra.

3-No dia do juízo começará a ressurreição pelo osso coccis.


A realidade científica

Passos da formação do feto
A divisão celular e o crescimento continua de tal forma até que ocorra a formação do disco embrionário, o qual contém duas camadas:

• Epiblasto externo: contém o citotrofoblasto que fixa o embrião na parede do útero que permite sua nutrição do sangue e secreções das glândulas da parede uterina.

• Hipoblasto interno: Através deste o feto é formado com a vontade de Deus todo poderoso. No décimo quinto dia a linha primitiva aparece na parte dorsal do embrião com um final pontudo denominado nó primitivo.

O lado pelo qual a linha primitiva aparece é conhecido como o dorso do disco embrionário. Da linha primitiva todos os tecidos e órgãos do feto são formados da seguinte forma:
• Ectoderma: dá origem à pele e ao SNC (sistema nervoso central)
• Mesoderma: origina os mm (músculos) de tubo digestório, os mm esqueléticos o sistema circulatório, o coração, os ossos, sistemas sexual e urinário ( com exceção da bexiga), os tecidos subcutâneos, o sistema linfático, o SLPEEN e o córtex.

• Endoderma: revestimento (forro) do s. digestório, o s. respiratório, órgãos do s. digestório ( ex: fígado, pâncreas), a bexiga, glândula Tireóide, o canal auditivo.

Depois disso, a linha primitive e o nó primitivo torna-se magro e transforma-se na zona sacral, na última vértebra, para que o cóccix seja formado.
Concluindo, a linha primitive e o nó primitivo representam o cóccix que o profeta (SAAS) nos falou (1).

A Má formação do feto é a prova de que o coccis possui as células mães para todos os tecidos do organismo humano:
Após a criação e formação do feto (a partir) da linha primitiva e nó primitivo, estes localizam-se (REISIDE) na última vértebra do sacro (o coccis) e mantém suas características. Se estes forem removidos de alguma forma, começarão a crescer similarmente ao crescimento do feto e darão ao feto um tumor (Teratoma) caracterizado por um feto defeituoso com órgãos formados (mãos e pés com unhas). Por tanto, o sacro contém células mães que provam o que o profeta (SAAS) disse sobre a ressurreição dos humanos pelo cóccis no dia do juízo final.

Conclusão: o cóccis contém a linha primitiva e o nó primitivo que são capazes de crescerem originando as três camadas que darão origem ao feto: ectoderma, mesoderma, endoderma que formarão todos os órgãos como o cirurgião demonstrou previamente ao abrir o tumor mencionado que formou órgãos bem formados tais como dentes, cabelo.

Os humanos podem ser recriados pelo cóccis graças ao nó primitivo e linha primitiva contidas nele (of the overall potential) (2).

Com isso o cóccis não pode se decompor:
Pesquisas descobriram que a formação e organização celular do feto é exercida pelo nó e linha primitiva e que antes da formação de ambas nenhuma célula conseguiria se diferenciar. Uma das pesquisas mais famosas que provou este fato foi descoberta pelo cientista alemão Hans Spemann.

Após ter feito seus experimentos baseado na linha primitiva e nó primitivo, certificou-se de que estes organizam a criação do feto, então decidiu chamá-los de “organizadores primários. Ele cortou (uma) esta parte de um feto e a implantou em outro no primeiro estágio embrionário ( 3ª a 4ª semana). Como resultado, formou-se um segundo feto no corpo do hospedeiro devido à influência e organização exercida pelas células localizadas ao redor das células do hospedeiro no implante.

O cientista alemão iniciou suas pesquisas nos anfíbios, implantando os organizadores primários em um segundo feto, no qual surgiu um segundo embrião. A implantação do corte dos organizadores primários foi em outro feto da mesma idade debaixo da camada do Epiblasto e surgiu um segundo disco embrionário (embryonic anlage).

Em 1931, quando Spemann triturou (CRUSHED) os organizadores primários e os implantou, o esmagamento não afetou o experimento, mais uma vez um segundo disco embrionário cresceu.(creio q seja isso pela minha interpretação).

Em 1933, Spemann e outros cientistas conduziram o mesmo experimento mas desta vez os organizadores primários foram ”fervidos” mostrando que as células não foram afetadas. Em 1935,

Speman ganhou o Prêmio Nobel pelo seu descobrimento sobre os Organizadores Primários (3).

O dr Othman Al Jilane e o Sheikh Abdul Majid Azzandani realizaram alguns experimentos no mês de Ramadan de 1423 na casa do Sheikh Azzandani em Sanaa.

Uma de duas vértebras de 5 coccis foram queimadas nas pedras utilizando uma pistola de gás por 10 minutos até que ocorra a combustão total ( os ossos ficaram vermelhos e depois pretos).

Colocaram as peças carbonizadas em caixas esterilizadas e as levaram ao mais famoso laboratório de Sanaa (Al Olaki laboratory). O Dr Al Olaki, professor de histologia e patologia na Universidade de Sanaa, analisou as partes e descobriu que as células não foram queimadas e sobreviveram ao fogo ( apenas os músculos, tecidos adiposos e células da medula óssea foram queimadas enquanto às células ósseas dos coccis não foram afetadas) (4).
Escrito por Dr Othman Al Jilani

Referências:
(1)Primitive Streak During the development usually on day 15, a thickened linear band of Epiblast known as the primitive streak appears caudal in the midline of the dorsal aspect of the embryonic disc

It is clearly visible as narrow groove with slightly bulging regions on either side KEITH L. MOOR. The Developing Human, page 54 Human Embryology, 4th edition, page 69

(2)Teratoma: Contain representative cells from all three embryonic layers (Ectoderm, Mesoderm, Endoderm) and containing hair, teeth, muscle, glands… The precise origin of teratoma probably from migrating totipotential cells found in proximity to the hensens node in the early embryo.The peak incidence is in the third and fourth decades.

1-SHO practice of surgery page 102

2- Sabiston-text book of surgery 16th edition page

(3)Human embryology 4th edition page 196

(4)Summary of research work presented by Dr Othman Aljilani in the 7th conference of scientific miracles in The Koran and The Sunna (Dubai 2004)

http://islam.com.br/inicio/artigos/o-que-diz-o-alcorao-sagrado-sobre-o-corpo-humano-e-a-criacao

ERA UMA VEZ EM ANDALUZIA

Por Dr. Abdellatif Charafi

Este artigo pretende ser uma viagem no tempo a um período muito especial da história mundial: do nono ao décimo terceiro séculos, na Andaluzia, e mais especificamente em Córdoba, onde um milhão de pessoas viviam na maior cidade da Europa, o centro cultural daquela época. Não havia separação rigorosa entre o estudo científico, a sabedoria e a fé. O Oriente estava separado do Ocidente, e nem os muçulmanos dos judeus ou cristãos. Na verdade, foi lá que o Renascimento começou e de lá se expandiu.

Ao examinar a trajetória do Islam na Andaluzia, o objetivo não é louvar um morto ilustre e sim reintroduzir em nossa vida a afirmação dos valores absolutos e universais do Islam, sem os quais a sociedade inevitavelmente se desintegrará.

O Mito da Conquista Muçulmana da Espanha

Mas de quinhentos anos se passaram desde que o Islam foi erradicado da Espanha. O acontecimento foi comemorado com esplendor na Expo 92, em Sevilha, durante a qual, os organizadores tentaram nos fazer crer que a Espanha teria sido formada por mais de sete séculos de luta continuada contra o Islam. Mas a derrota dos muçulmanos, em janeiro de 1492, significou uma libertação para os espanhóis? O califado muçulmano foi uma colonização da Península Ibérica?

Quando estudamos a expansão muçulmana na Espanha espantamo-nos com a sua velocidade, seu aspecto e um modo geral pacífico e seu componente civilizacional. Os muçulmanos levaram menos de 3 anos (de 711 a 714) e uma batalha (de Guadalete, perto de Cadiz) para se espalharem por toda a Espanha. Em contraposição a isto, o Profeta Mohammad levou 23 anos (de 610 a 632) e 19 expedições para que toda a Arábia aceitasse o Islam. Esta diferença no tempo e nos esforços para conquistar a Arábia e a Espanha para o Islam deve-se a afinidades teológicas assim como a razões sócio-culturais e político-econômicas que atraíram os espanhóis.

A Arábia pré-islâmica era predominantemente politeísta, com pequenas comunidades de judeus e cristãos e o Islam teve de lutar contra um “mundo sem lei” (jahiliyya) para que prevalecesse o monoteísmo. A Espanha pré-islâmica era cristã com importantes comunidades judaicas. Esta diferença, de acordo com Roger Garaudy, não só explica a rapidez da expansão como seu tipo também.

W. Montgomery Watt, em A History of Islamic Spain, afirma:

“É um equívoco comum que a guerra santa signifique que os muçulmanos tenham dado aos seus opositores uma escolha “entre o Islam e a espada”. Em alguns casos foi assim, mas somente quando os inimigos eram politeístas e adoradores de ídolos. Para judeus, cristãos e outros “Povos do Livro”, isto é, monoteístas com escrituras – uma sentença que foi interpretada muitas vezes de forma liberal – havia uma terceira possibilidade, eles podiam tornar-se um grupo protegido, pagando uma taxa ou tributo aos muçulmanos para usufruírem de autonomia interna.”

O caso da Espanha não é, portanto, excepcional e isto se deve à verdadeira essência do Islam.

O Profeta nunca pretendeu criar uma nova religião: “Dize-lhes: Não sou um inovador entre os mensageiros.” (46:9) “Nada te foi revelado que não tivesse sido aos mensageiros antes de ti.” (41:43

Ele veio para lembrar às pessoas a Religião Primordial: “Dizei: Cremos em Deus, no que nos foi revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacó e às tribos; no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos profetas por seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles e nos submetemos a Ele.” (2:136)

O Islam veio para confirmar as mensagens anteriores, para purificá-las das alterações históricas e para completá-las. Diz o Alcorão: “Porém, se estás em dúvida sobre o que te temos revelado, consulta aqueles que leram o Livro antes de ti.” (10:94)

A comunidade muçulmana era uma comunidade aberta, sem distinção para aqueles que acreditavam na unidade e transcendência de Deus.

Além disso, na Península Ibérica irrompeu uma guerra civil entre os cristãos trinitários, que aceitavam a Trindade e a divindade de Jesus, e os cristãos arianos, que não viam Jesus como Deus e sim como um profeta inspirado por Deus. O Concílio de Nicéia, em 325, convocado pelo imperador Constantino para unificar seu império ideologicamente, impôs o dogma da Trindade e condenou os ensinamentos de Anus de Alexandria, que não aceitava tais dogmas. O conflito surgiu quando, em 709, os cristãos unitários declararam Roderick rei. O arcebispo de Sevilha se opôs a ele e os habitantes da atual Andaluzia (Bétique) se revoltaram contra seu governo. Quando Roderick invadiu a Andaluzia, a população procurou por ajuda. O competente general bérbere, Tariq ibn Ziyad cruzou o estreito de Algeciras, e aconteceu a batalha em Guadalete, próxima a Cadiz. Os bispos de Sevilha e de Toledo se juntaram ao exército muçulmano.

Os camponeses tinham uma vida difícil, eram mal tratados e viviam escravizados. A pobreza, corrupção, ignorância e instabilidade estavam por toda a parte. Mesmo os homens livres se sentiam desprestigiados. Havia muitos descontentes e as pessoas comuns viram os muçulmanos como seus libertadores e lhes prestaram todo o apoio possível. Os judeus, que tinham sido perseguidos por muito tempo sob o governo dos visigodos (por exemplo, um decreto especial de 694 previa a escravização de todos os que não aceitassem o batismo), abriram os portões de várias cidades. A satisfação era tão grande e tão disseminada em todas as classes sociais que durante todo o século 8 não se registrou uma única revolta entre os súditos.

Se imaginarmos uma invasão militar, fica difícil compreender como um pequeno exército pôde atravessar toda a Espanha em menos de 3 anos. O historiador Dozy, em Histoire des Musulmans d’Espagne, descreve o envento como uma “coisa boa para a Espanha”, que produziu uma importante revolução social, libertando o país das amarras que prenderam a região por tantos séculos. Os impostos eram muito menores se comparadas àquelas cobrados pelos governos anteriores. Os muçulmanos promoveram uma reforma da terra, tirando do rico e distribuindo-a igualmente aos camponeses e escravos. Os novos proprietários trabalhavam a terra com orgulho. O comércio, livre das limitações e das elevadas taxas que provocavam o seu estrangulamento,floresceu. Os escravos podiam alcançar sua liberdade através de uma compensação justa, algo que trouxe novas energias. Todas estas medidas, diz Dozy, criaram um estado de bem-estar que justificava a boa recepção que tiveram os muçulmanos.

O grande escritor espanhol Blasco Ibanez, em Dans l’ombre de la cathédrale, fala de uma “expedição civilizacional” chegando do sul e não de uma conquista. Para ibanez, não foi uma invasão imposta pelas armas, era uma nova sociedade cujas raízes vigorosas cresciam por toda a parte. Ao descrever os muçulmanos conquistadores, diz ele: ‘O princípio de liberdade de consciência, a pedra angular da grandeza das nações, era muito caro a eles. Nas cidades em que governaram, eles aceitaram a igreja dos cristãos e a sinagoga dos judeus.’

A História, portanto, mostra que a lenda do muçulmano fanático varrendo a Espanha e impondo o Islam à força da espada é um mito absurdo. A expansão do Islam na Espanha não foi uma conquista militar e sim uma libertação.

O Sentido da Vida na Andaluzia

O sentido da vida e seus objetivos na Andaluzia na época de seu apogeu islâmico, ordenava cada ato do cotidiano, assim como da pesquisa técnica e científica. Gigantes espirituais, como os muçulmanos Ibn Rushd (1126-1198), conhecido no ocidente como Averróes, e Ibn Arabi (1165-1240), ou o filósofo judeu Maimônides (1135-1204), são alguns dos homens que trouxeram mais brilho à mensagem da Andaluzia. Este espírito está por trás de todo progresso científico e técnico das séculos dourados do Islam.

A ciência não foi separada da sabedoria e da fé e nada pode expressar melhor este fato do que o observado por Ibn Rush quando escreve:

“Nossa filosofia não serviria de nada se não fôssemos capazes de ligar estas três coisas conforme tentei fazer em minha ‘Harmonia da Ciência e Religião’:

– A Ciência, baseada na experiência e lógica, para descobrir a razão.

– A Sabedoria, que se reflete no objetivo de toda pesquisa científica para que a nossa vida seja mais bela.

– A Revelação, a do nosso Alcorão, porque somente através da revelação é que conheceremos os objetivos finais de nossa vida e nossa história.”

A unidade da tradição abraâmica e a abordagem crítica da filosofia são expressas com a mesma força no trabalho do filósofo judeu Maimônides, que foi contemporâneo de Ibn Rushd. Diante da Torá, na sinagoga, ele disse:

Se para Ibn Rushd o Livro Sagrado não é a nossa Torá e sim o Alcorão, ambos concordamos no que se refere às contribuições da razão e da revelação. São duas manifestações de uma mesma verdade divina. Existe apenas uma contradição quando um é fiel à leitura literal das escrituras, esquecendo-se de seu significado eterno.

Na Andaluzia, o Islam assume uma nova dimensão com Ibn ‘Arabi, apelido de Muhyi al-Din (aquele que dá sua vida pela fé). O que interessava a Ibn ‘Arabi não era o que o homem fala a respeito de sua fé e sim o que esta fé faz por este homem. Diz ele:

Deus é unidade. A unidade do amor, do amante e do amado. Todo amor é um desejo de união. Todo amor, consciente ou inconsciente, é um amor a Deus.
Testemunhe esta presença de Deus dentro de si, da criação de Deus, que nunca cessa. O ato é uma manifestação exterior de fé. O Islam reconhece todos os profetas e mensageiros do mesmo Deus. Aprenda a descobrir em cada homem a semente de um desejo por Deus, mesmo que sua crença ainda seja fraca e algumas vezes idólatra. Ajude a conduzi-lo para a Luz mais completa.

Ibn Rushd esforçou-se para trazer a luz da mensagem universal do Islam, obscurecido pelas tradições, quando definiu a melhor sociedade como ‘aquela onde toda mulher, toda criança e todo homem recebem todos os meios para desenvolver as possibilidades que Deus concedeu a cada um deles.’ O poder de estabelecer isto não será através de uma teocracia, como a dos cristãos na Europa, um poder de cúmplices ou tiranos religiosos : Deus diz no Alcorão, ‘Ele instilou no homem Seu espírito”. Que Ele viva em cada homem!’
Quando indagado sobre as condições de uma tal sociedade, ele respondeu: ‘Uma sociedade será livre e agradável a Deus quando ninguém agir por medo do Prínicpe ou por medo do Inferno, e nem pelo desejo da recompensa deste mundo ou do Paraíso, e quando ninguém disser: Isto é meu.’

O Islam na Andaluzia produziu vários gigantes espirituais que mostraram que não há futuro para a humanidade que não seja dentro dos valores espirituais que emanam da crença na transcendência e unicidade de Deus. Homens como Ibn Massara, de Córdoba (883-931), para quem o homem era responsável por sua própria história; Ibn Hazm, de Córdoba (994-1064), que foi o pioneiro da história comparativa das religiões; Ibn Gabirol, de Málaga (1020-1070), cujo trabalho fundamental foi a síntese da fé judaica e a filosofia de Ibn Massar; Ibn Bajja (1090-1139), que apresentou a filosofia islâmica de uma forma sistemática; Ibn Tufayl, de Cadiz (1100-1185), cujo tema central foi a relação entre a razão e a fé.

Todos esses homens de conhecimento, sabedoria e fé, permanecem como legado de um passado glorioso, quando o verdadeiro Islam foi pregado e praticado; um tempo do belo exemplo de muçulmanos conquistando fama e respeito; um tempo em que estes povos amantes da paz surgiram porque a injustiça estava sendo praticada e deveria ser combatida em nome de Deus com a força que levou um punhado de fiéis à vitória sobre os exércitos dos incrédulos.

O Estilo de Vida em Andaluzia

A Andaluzia foi singular no que se refere às suas realizações tangíveis em todos os campos da vida humana. O ensino foi enfatizado, marcado por uma fascinação pela ciência, literatura árabe e pelo discurso filosófico sobre a razão e a fé. No mundo criado em terras andaluzas, havia uma prosperidade comercial, prosperidade em termos de consumo e de produtividade e intercâmbio. Havia uma riqueza de informação graças às bibliotecas de Córdoba e uma riqueza de pensamento sobre o significado da vida, de Deus e das coisas materiais. E havia poetas que cantavam todas as formas de riqueza.

Limitar-nos-emos a uma breve descrição das conquistas técnicas e científicas, e a um relato mais detalhado da Mesquita de Córdoba porque é um das primeiras expressões monumentais do governo muçulmano e indiscutivelmente um prédio que mais completamente incorpora a imagem da hegemonia muçulmana na Andaluzia.

Conquistas Técnica e Científica

Quando discutimos o progresso científico da Andaluzia, não podemos separá-lo das contribuições de outras grandes civilizações e nem da sabedoria e fé que inspiraram os esforços de todos os pesquisadores andaluzes: a ciência é Única porque o mundo é Único, o mundo é Único porque Deus é Único. Este princípio de tauhid comandou todos os aspectos da pesquisa científica na Andaluza assim como em outras partes do mundo islâmico, em seu período de apogeu. A seguir, algumas conquistas desta filosofia de vida.

A primeira tentativa de vôo aconteceu em Córdoba com Abu Abbas al-Fernass. Al-Zahrawi, nascido nas proximidades de Córdoba, em 936, foi um dos maiores cirurgiões de todos os tempos. Sua enciclopédia de cirurgia foi usada como uma referência na matéria em todas as universidades da Europa por mais de 500 anos. Al-Zarqalli, que nasceu em Córdoba, inventou o astrolábio: um instrumento que é usado para medir a distância das estrelas acima do horizonte. O astrolábio tornou possível a determinação da posição de uma pessoa no espaço e as horas do dia, para navegar e chamar o fiel para a prece no tempo devido.

Al-Idrisi, que nasceu em Ceuta em 1099, e estudou em Córdoba, desenhou mapas para o rei Roger II, da Sicília, onde ele usou métodos de projeção para passar da sombra esférica da terra para o planisfério, que era muito semelhante àquele usado por Mercator 4 séculos mais tarde.

Os métodos de agricultura e irrigação dos muçulmanos da Espanha foram revelados pelo grande engenheiro italiano, Juanello Turriano, que chegou a Andaluzia para estudar técnicas agrícolas e hidráulicas adotadas no século 11, para resolver seus problemas na Itália do século 16.

A Grande Mesquita de Córdoba

Córdoba merece seu título de ‘a noiva das cidades’ e a ‘jóia do século 10′. A cidade das fábricas e lojas, que atraiu muitos exegetas e produziu os seus próprios. Foi a primeira cidade com iluminação pública da Europa. Foi o centro do ensino e da civilização numa época em que os normandos tinham atacado Paris e os vikings tinham saqueado a Inglaterra. Sua obra prima foi a magnífica mesquita, que é a construção mais famosa da Espanha, depois do palácio de Alhambra, em Granada.

As fundações da mesquita foram construídas por Abd al-Rahman I, em 785, num lugar que tinha sido uma igreja cristã. Desde o tempo da conquista, em 711, a igreja era usada tanto por muçulmanos como por cristãos. Os muçulmanos compraram a igreja por causa do crescimento da população e não por uma questão de intolerância religiosa. Entre 832 e 848, ela foi ampliada, e depois em 912, mais tarde em 961, por al-Hakam II, que construiu seu esplêndido mihrab. Al-Mansur, em 987, dobrou o espaço do salão de orações, que passou a dispor de 600 colunas. Em 1236, ela foi atacada quando Córdoba se rendeu a Ferdinando III, de Castela, e inseriu uma capela e, mais tarde, em 1523, quando uma catedral foi construída no coração da mesquita. Conta-se que o rei Carlos V quando viu a nova catedral disse: ‘Se eu soubesse o que era, não teria dado permissão para que se tocasse no antigo, pois vocês fizeram o que existe em muitos outros lugares e desfizeram o que era único no mundo.’

Como podemos ver, apesar da oposição do governo espanhol ao projeto da UNESCO de mudar a catedral como ela é, sem omitir o menor detalhe (como o templo de Abu Simbel no Egito foi mudado), a Mesquita de Córdoba ainda é o reflexo do melhor da arte muçulmana.

O problema prático enfrentado pelo arquiteto da Mesquita de Córdoba para a construção de seu vasto salão para uma grande comunidade, foi levantar o teto do oratório a uma altura proporcional à extensão do prédio, com a finalidade de dissipar qualquer sentimento depressivo que é sentido quando se entra num parqueamento subterrâneo. As antigas colunas das ruínas do prédio não foram suficientes. Era necessário complementá-las e foi sugerido o exemplo de Damasco, com arcadas de dois níveis. Mas o modelo de Córdoba tem um aspecto realmente surpreendente: as arcadas superiores e inferiores não são parte da parede mas foram reduzidas a pilares e arcos sem qualquer alvenaria intermediária. As arcadas superiores que amparam o teto estão sob os mesmos pilares das arcadas inferiores. Este conceito, sem precedente na história da arquitetura e única na Mesquita de Córdoba é um verdadeiro desafio para o peso e inércia das pedras.

As curvas das duas séries de arcadas elevam-se como palmeira – galhos de um mesmo tronco que repousam sobre uma coluna relativamente delgada, sem parecerem pesadas demais. As arcadas com suas pedras trabalhadas, de várias cores, expressam tal força que dissipam qualquer idéia de peso. Esta expressão em termos estáticos de uma realidade que vai muito além do plano material deve-se ao contorno das arcadas. As inferiores são projetadas na forma de semicírculos, enquanto que as superiores são mais abertas e semicirculares.

Muitos arqueólogos sugeriram que a composição dos arcos usados pelo arquiteto de Córdoba foi inspirada no aqueduto romano de Mérida. no entanto, existe uma diferença fundamental entre as duas construções. O arquiteto romano respeitou a lógica da gravidade, o apoio de uma edificação deve ser proporcional ao seu peso e assim, os arcos superiores devem ser mais leves do que os elementos que as apoiam. Para o arquiteto cordobês – e de um modo geral para toda a arquitetura islâmica, esta regra não funciona. Por que?

Para responder a esta pergunta devemos nos abstrair de considerações técnicas e prestarmos atenção à expressão simbólica do espaço na oração muçulmana, que foi o fator mais importante que o ‘Mestre’ de Córdoba teve que se preocupar. O objetivo não era alcançar uma façanha arquitetônica e sim criar um novo tipo de espaço que parecesse respirar e se expandir a partir de um centro onipresente. Os limites de espaço não têm qualquer função: as paredes do salão de orações desaparecem por trás de uma floresta de arcadas. Sua repetição rigorosa (havia 900 delas na mesquita original) dão um impressão de extensão sem fim.

Interior da Mesquita

Aqui, e espaço é delimitado não por suas fronteiras e sim pelo movimento das arcadas, desde que isto possa ser descrito como movimento. Esta expansão que é tão poderosa na verdade é imóvel. Titus Burckhardt a descreve como sendo ‘uma arte lógica, objetivamente estática mas nunca antropomórfica.’

Devemos a al-Hakam II o maravilhoso mihrab, a obra prima da arte de Córdoba, assim como às várias cúpulas que ficam por trás dele, inclusive suas subestruturas de arcadas entrelaçadas. O nicho deste mihrab, que é muito profundo, é circundado em sua parte superior por um arco que é como uma aparição e uma fonte de luz, de onde as curvas parecem se dilatar como o peito respirando o ar do infinito. Segundo a mais elevada espiritualidade muçulmana, a beleza é um dos “sinais” que evocam a Divina Presença. A incrição acima da sinfonia de cores, em escrita cúfica, proclama a Unicidade de Deus.

O mihrab da Mesquita de Córdoba

A Mesquita de Córdoba é a personificação da mensagem universal do Islam. Mohammad Iqbal em seu poema À Mesquita de Córdoba, escreveu:

Ó! Sagrada Mesquita de Córdoba,

Templo de todos os amantes da arte.

Pérola da verdadeira fé

Santificando o solo andaluz,

Como a própria Sagrada Meca.

Uma beleza tão gloriosa

Só se encontra na terra

No verdadeiro coração muçulmano.

Quem Matou o Islam em Andaluzia?

O ensino filosófico e científico da Andaluzia atravessou os Pireneus e foi irrigar as secas pastagens da vida intelectual européia. Estudantes da Europa ocidental frequentavam as bibliotecas e universidades criadas pelos muçulmanos na Espanha, o que veio a mudar de modo decisivo a mente européia. Não há exagero em se dizer que a civilização ocidental deve sua regeneração à energia intelectual liberada pelo dínamo que foi o Islam. O período de regeneração, que começou em Florença, Itália, no século 16, ficou conhecido como Renascimento. Ele foi o resultado direto de um outro renascimento que começou na universidade de Córdoba, no século 9. Esta verdade de nossa história torna-se mais clara quando aprendemos como ouvir a música que emana das pedras de Córdoba. Há, no entanto, uma diferença fundamental entre os dois ‘renascimentos’: o primeiro que, em Córdoba, foi baseado na fé e tinha a consciência da universalidade do divino; o outro, que começou em Florença, foi um movimento contra Deus com seu projeto fundamental de secularização de todos os aspectos da vida.

As razões que levaram à morte do renascimento cordobês gerado pelo Islam pode ser compreendido melhor pela referência às causas de seu sucesso. O Islam devia seu sucesso espetacular inteiramente aos ensinamentos do Alcorão e dos exemplos (sunnah) do Profeta Mohammad (saw). O vigor ativo do sistema foi neutralizado logo que os muçulmanos relegaram o Alcorão à condição de um tratado de dogmas e a Sunnah tornou-se um mero sistema de leis e uma concha oca sem qualquer significado vivo. Em seu Muqaddima, Ibn Khaldoun condena os métodos de educação praticado por alguns dos fuqaha’ da Andaluzia, quando, segundo ele, ao invés de ajudar o estudante a ‘compreender o conteúdo do livro no qual ele está trabalhando’, eles o forçam a ‘decorá-lo’.

A escola maliquita de pensamento (madhhab) foi tão predominante na Andaluzia a ponto de nenhum outro madhahib ter sido ensinado, bastando conhecer de cór o Muwatta’, de Imam Malik e seus comentários para que um renomado exegeta se tornasse um faqih. Este fechamento da porta do ijtihad (julgamento independente) que teria sido condenado por Imam Malik se ele tivesse presenciado, foi estimulado pela maioria dos governantes de Andaluzia porque significava obediência incondicional ao poder estabelecido. Isto levou a uma degeneração intelectual, o tratamento daqueles gigantes espirituais citado antes comprova isto melhor. Ibn Massar foi forçado a se exilar; Ibn Hazm foi expulso de Maiorca; os livros de Al-Ghazali foram queimados; a biblioteca universal de al-Hakam II foi lançada ao rio; Ibn Tufayl e Ibn Rushd foram expulsos; e Ibn Arabi também. Todos estes atos não foram praticados por cristãos e sim por companheiros muçulmanos! Nada mais foram do que sinais de que esta grande estrutura representada pelo Islam, que tinha resistido a muitas tempestades, tinha alcançado um estágio em que sua vitalidade interior tinha sido minada gradativamente e uma poderosa rajada a tinha extirpado do solo no qual tinha prosperado durante séculos.

Os primeiros conquistadores muçulmanos da Espanha tinham uma missão que tornava impossível para eles serem egoístas, cruéis ou intolerantes. O momento em que perderam seus sucessores, seu espírito desconfiado substituiu sua unidade de propóstio. Em um determinado momento, a Andaluzia chegou a ter doze dinastias muçulmanas. Este foi o sinal do colapso. A sociedade muçulmana começou a representar uma ordem social decadente, incapaz de um crescimento dinâmico e sem capacidade para uma resistência efetiva. Sob tais circunstâncias, é difícil para qualquer sociedade sobreviver a uma ameaça externa mais séria. O governo muçulmano na Península Ibérica começou a afundar por conta da traição dos diversos príncipes muçulmanos, até Granada cair nas mãos dos Cruzados, no dia 2 de janeiro de 1492.

Quando Abu Abdullah, o último rei de Granada olhou para Alhambra pela última vez, vieram lágrimas aos seus olhos. Neste momento, sua mãe, Aisha, disse: ‘Abu Abdullah chora como uma mulher por um reino que não soube defender como um homem’. Mas nossa história deve desempenhar uma função mais inspiradora e orientadora do que ficar remoendo o passado. Quando olhamos essas maravilhas e todos os palácios deixados em Andaluzia, imaginamos: Certamente houve muita injustiça e opressão. Como Abu Dharr disse a Mu’awiya: ‘Ó Mu’awiya! Se você estiver construindo este palácio com seu próprio dinheiro é extravagância, e se for com o dinheiro do povo é traição.’ Não devemos glorificar nosso passado e nossos ancestrais sem fazer caso de seus erros. Nosso estudo da história do Islam deve ser mais objetivo e não uma simples justificativa de todos os atos praticados por aqueles que nos prececederam.

Conclusão

Precisamos lutar para que a tragédia da Andaluzia não se repita. Não devemos nos dirigir às nossas crianças com: Era uma vez a Palestina…, Era uma vez a Bósnia… Precisamos de um verdadeiro Renascimento Islâmico que nos conduza ao Islam eterno e universal. Um Islam que seja o apelo constante para a resistência a toda opressão, porque exclui qualquer submissão que não seja à vontade de Deus e mantém o homem responsável pela realização do mandamento divino na terra. Um Islam, nas palavras de Roger Garaudy, cujos princípios sejam:

1. No campo econômico: Só Deus possui,

2. No campo político: Só Deus ordena,

3.No campo cultural: Só Deus sabe.

Só assim responderemos a este chamado vivo: sem imitar o ocidente e nem imitar o passado.

Referências:
The Holy Qur’an, traduzido e comentado por Abdullah Yusuf Ali.
Ibn Rushd, On the Harmony of Religion and Philosophy, trans. by George F. Hourani, 1960.
Roger Garaudy, ‘For an Islam of the XXth Century’, Relato apresentado na 1a. Conferência Internacional de Muçulmanos da Europa, Sevilha, 18-21/7/85.
Roger Garaudy, L’ Islam, en Occident, Editions l’Harmattan, 1987.
Khola Hassan, The Crumbling Minaret of Spain, Ta- Ha Publishers, Londres, 1988.
Livreto sobre a Torre de Calahora, em Córdoba, 1988.
Ali Shariati, And Once Again Abu Dharr, trans. por Laleh Bakhtiar e Hussain Salih, The Abu Dharr Foundation, Teerã, 1985.
Titus Burckhardt, Art of Islam, World of Islam Festival Trust, Londres, 1976.
J. D. Dodds (ed), Al-Andalus, The Art of Islamic Spain, The Metropolitan Museum of Art, New York, 1992.
W. Montgomery Watt, A History of Islamic Spain, Edinburgh University Press, Edinburgh, 1967.
(Atualmente, o autor é um Pesquisador Associado, na Escola de Estudos Matemáticos, da Universidade de Portsmouth. Ele obteve seu PhD em Matemática Computacional no Wessex Institute of Technology, Southhampton, e um BSc em Matemática Pura na Ecole Normale Supérieure of Rabat, Marrocos.)

Disponível em:
http://sbmrj.org.br/Historia-andaluzia.htm