quarta-feira, agosto 08, 2012

Rezar e adorar a Deus diante dos nossos filhos

O seu filho estará, então, sempre consciente do que significa uma submissão plenamente reconhecida. Devemos dispor de um lugar e ter um momento para a realização das orações em nossa casa. Devemos realizar as nossas orações em congregação em casa, se possível, ou levar os nossos filhos à Mesquita, levan-do-os pela mão durante o caminho. Esta últi-ma opção é mais prática, sobretudo se a mãe não puder realizar as orações em determinados dias, visto que os filhos poderão pensar: “Parece-me que as orações são opcionais”. E é por esta razão que seria uma boa ideia levarmos os nossos filhos à Mesquita nesses dias especiais. No entanto, existe ou-tra forma de reparar esse mal-entendido. Nos dias em que a mulher não realiza as orações, esta pode realizar a ablução como de costume, sentar-se na sua almofada para a oração, elevar as mãos em direcção ao Altíssimo e suplicar. Se fizer isso, obterá o mérito de ter realizado a oração e evitará, assim, que as crianças possam perceber mal. Em muitas obras islâmicas de consulta, recomenda-se este tipo de comportamento, visto que é essencial no que diz respeito à educação das crianças. Ao actuarmos desta forma, o que as crianças verão ao seu redor serão cabeças que se prosternam, olhos com lágrimas e mãos abertas em sinal de adoração. Os seus filhos terão, então, sempre consciência do que significa uma submissão plenamente as-sumida.

Chegará uma altura em que, mesmo quando não ouvir o adhan (a chamada para a oração), os seus filhos avisá-los-ão, como se se tratasse de um despertador, dizendo:

«Papá, mamã, é hora de rezar!». É nessa altura que colherá, então, os frutos dos seus esforços.

Além disso, é necessário que tenha tempo, todos os dias, para orar ao Senhor. Em período de tempo previamente determinado, deve oferecer as suas orações ao Altíssimo, invocando-o, e demonstrando, desta forma, que pode sempre procurar refúgio no Exaltado Criador. É preferível fazer a súplica (duá) em voz alta, abertamente. Os companheiros do Mensageiro de Deus — a paz e as bênçãos estejam com ele — aprenderam as súplicas que ele recitava enquanto rezava. Estas foram transmitidas pela sua esposa, Aisha (r.a.), embora houvesse narrações similares de Ali, Hassan e Hussain (r.a.).

Isto indica, claramente, que para ensinar os seus filhos a rezarem, deve realizar as suas súplicas em voz alta, para que eles possam ouvi-las. Se deseja que os seus filhos sejam pessoas sensíveis, que se comovam quando o nome de Deus é pronunciado, deve, acima de tudo, mostrar-lhes um exemplo prático.

Na minha vida, presenciei essas cenas, as quais, quando me lembro, me fazem arrepiar. A visão da devoção da minha avó para com o Senhor teve uma grande influência em mim. Quando ela morreu, eu era ainda apenas uma criança, mais ainda me lembro como costumava estremecer quando o meu pai recitava versículos do Alcorão ou começava a falar do Islão. Estes assuntos eram de tamanha importância para ela que se dissesses com entusiasmo “Deus” - que a Sua glória seja exaltada - perto dela, ela empalidecia imediatamente e ficava assim durante todo o dia. O seu comportamento teve uma grande influência sobre mim. Apesar de ser pouco letrada e de não ter estudos, as suas sinceras orações e lágrimas genuínas influenciaram-me muito. Já ouvi pessoas instruídas pregar com entusiasmo, mas nenhuma delas me impressionou tanto como o fazia a minha avó. Parece-me que a minha condição de muçulmano se deve, em grande parte, à sinceridade dos meus pais e da minha avó.

Assim, os pais devem agir com extrema cautela no que diz respeito aos actos que realizam em casa. Como já o mencionei anteriormente, até mesma a mais leve expressão das suas preocupações ao Altíssimo, ou a súplica perante a Sua porta ou a oração em completa submissão ao Criador Exaltado afectarão ao seu filhos muito mais profunda-mente do que qualquer outra coisa. A memória dos esforços que realizou para garantir a Outra Vida, que deve ser a sua maior preo-cupação, ficará impressa na mente dos seus filhos e estes sempre se lembrarão de si a rezar num estado de admiração reverencial. De facto, deve rezar como se visse o Altíssimo, como se estivesse sempre consciente de estar na Sua presença. A forma como se ergue, se inclina, se ajoelha e se senta durante a oração devem lembrá-lo a Ele. A sua condição perante Ele pode ser descrita da seguinte forma: «Imagine que tenha ido ao encontro de Deus e Ele lhe diz: “Meu servo! Levanta-te e dá conta das tuas acções no mundo”, e, deste modo, permaneceremos em pé, numa atitude submissa e respeitosa, à espera da Sua Misericórdia. Este estado de oração, em que sentimos o Seu carácter sublime e reconhecemos plenamente à nossa insignificância, é um estímulo sincero e ge-nuíno para todas as pessoas no nosso lar, incluindo os nossos amigos». Num hadith (Tradições e ditos do Profeta [s.a.w.]) – embora não tenhamos a certeza da sua autenticidade por completo — o Mensageiro de Deus declarou: «Senti um momento tal de estreita relação com Deus, que, nesse mesmo momento, nem os anjos do mais alto nível nem qualquer outra criatura poderia aproximar-se de mim». (Al-Ajluni, Kashf al-Khafa, 2:173).

Assim, devemos ser capazes de viver um momento semelhante, um momento de ilu-minação tal, e os nossos filhos inspirar-se-ão nesse momento para realizar as suas pró-prias orações, quando chegar a sua vez. No futuro, sempre que os nossos filhos enfren-tarem um perigo que possa corromper a sua fé ou devoção a Deus, a memória de o ver rezar virá ao seu socorro, como um guia que lhe mostra o caminho.

Este facto não deveria ser descurado, já que na Sura Yussuf, o Alcorão alude a este efeito psicológico. Sabemos que o Profeta José (Yussuf), paz esteja com ele, não era uma pessoa que caísse facilmente na armadilha de uma mulher. No entanto, o Alcorão declara: «… se não tivesse sido por um sinal do seu Senhor». (12:24)

Embora este seja um facto controverso, segundo alguns grandes sábios que explicaram o Alcorão, o sinal que José viu foi a imagem do seu pai, o Profeta Jacob (Yaqub a.s.), que colocou a mão na sua boca e gritou assombrado: «José!». Isto fez com que José recuperasse a consciência — ele, que era um paradigma da castidade — e gritara: «Deus o proíbe!». Os seus olhos banhados de lágrimas e o seu sincero refúgio no Senhor de-sempenharão um papel fundamental na vida futura do seu filho, ajudando-o a evitar a ruina ou a perdição.

Estas memórias converter-se-ão em imagens tão vivas no subconsciente do seu filho que o seu rosto parecerá dizer «Querido filho, o que estás a fazer?», quando este se defrontar com qualquer tipo de tentação, servin-do-lhe de guia que lhe permitirá afastar-se de diversos perigos. In-cha-Allah.■

* Durante o período menstrual, etc.
Junho.2012 - Coord. Por: M. Yiossuf Adamgy – Fonte: Webislam

A L M A D I N A - S REGRAS ALIMENTARES ISSLÂMICAS

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 30.07.2012

A religião isslâmica não se resume apenas a um conjunto de práticas e rituais, mas sim, é um código de vida completo, pois exige dos seus seguidores o cumprimento integral dos mandamentos do Criador em todos os aspectos da sua vida.

O Isslam não ensina aos seus seguidores apenas os preceitos espirituais dogmáticos, mas também orienta detalhadamente nos aspectos de preservação da saúde física, no que se deve vestir e no que se deve evitar.

Na nossa crónica desta semana vamos falar do aspecto alimentar. Deus diz no Al-Qur’án, Cap. 16, Vers. 114 – 115:

Comei portanto, dos alimentos halaal (lícitos) e bons que Deus vos deu, e agradecei o favor de Deus se é só a Ele que adorais. Ele apenas vos proibiu (comer) da carne do animal que morre por si mesmo (morte natural), o sangue, a carne de porco, e o que é degolado em nome de qualquer outro e não de Deus. Mas se alguém for forçado (a comer dessa carne) por necessidade, não desejando nem transpondo o limite (da necessidade absoluta, só para se manter vivo), então Deus é Perdoador, Misericordioso”.
Este versículo indica-nos três pontos essenciais:

1 – Os crentes podem comer todos os alimentos que sejam halaal e bons;

2 – Os alimentos sujos (imundos) são proibidos;

2 – Em momentos de necessidade podem-se consumir alimentos haraam (ilícitos).

Antes de mais, devemos compreender que, só Deus detém autoridade absoluta de declarar algo halaal ou haraam. Ninguém fora d’Ele tem essa autoridade. Consta no Al-Qur’án, Cap. 16, Vers. 116:

E não digais a respeito daquilo que as vossas línguas mentirosas descrevem falsamente: isto é halaal e isto é haraam, com o fim de inventardes a mentira contra Deus”.

Nem mesmo ao Profeta Muhammad (S.A.W.) lhe foi conferida essa autoridade, pois conforme consta no Al-Qur’án, no Cap. 66, Vers. 1, numa ocasião Deus censurou-o dizendo:

Ó Profeta! Porque é que declaramos haraam (mesmo para ti) algo que Deus fez halaal para ti, procurando agradar as tuas esposas”?
Deus ordena-nos a comermos na terra tudo o que é halaal, puro e saudável, e a não seguirmos os passos de Satanás. Portanto, temos à nossa disposição uma vasta gama de alimentos à escolha, desde verduras, cereais, frutas, leite e mariscos. A carne de todos os animais (exceptuando alguns), desde que sejam degolados à mão, em nome de Deus e usando uma faca, de acordo com os preceitos religiosos, ao derramar o seu sangue, é halaal. Isto nos animais que estão sob o nosso controlo. Mas se se tratar de animais de caça, isto é, fora do nosso controlo, deve-se pronunciar o nome de Deus quando estivermos a disparar a arma de fogo, ao soltar a arma de arremesso, ou ao soltar o animal ou ave de caça.

Consta no Al-Qur’án, Cap. 5, Vers. 4:

Todas as boas coisas são halaal para vós, e também é halaal para vós aquilo que agarram para vós os animais caçadores (cães, aves) treinados por vós a caçar, ensinando-lhes daquilo que Deus vos ensinou. Portanto, comei o que eles caçam para vós, mas invocai o nome de Deus ao soltá-los”.

Se os caçadores (animais de caça) trouxerem o animal caçado ainda vivo, deve-se degolá-lo, mas se já estiver morto, comam, pois é halaal.

Quanto à comida dos adeptos do Livro (judeus e cristãos), Deus diz no Cap. 5, Vers. 5 do Al-Qur’án:

“Hoje todas as boas coisas foram declaradas halaal para vós. E os alimentos daqueles aos quais foi dado o Livro também são halaal para vós, e vosso alimento é halaal para eles”.
Os alimentos dos adeptos do Livro só são halaal para nós nas mesmas condições que nos são impostas, isto é, devem ser degolados em nome de Deus.

Hoje em dia os cristãos transgridem os mandamentos da Bíblia, (Nem o porco, porque tem unha fendida, mas não rumina; imundo vos será; não comereis da carne destes, e não tocareis nos seus cadáveres. Deuteronômio 14:8), pois comem todo o tipo de carne. Portanto, quando se diz: “os seus alimentos são halaal para nós”, tal não significa que podemos consumir carne de porco ou de qualquer outro animal morto de morte natural, ou degolado sem a observância dos preceitos recomendados, pois a proibição de consumo de porco, de sangue, ou do animal morto de morte natural, consta na Bíblia, Levítico II, Deuteronômio 14.

Portanto, o alimento dos adeptos do Livro só é halaal para nós se nos seus ingredientes não incluír que seja haraam como porco e seus derivados, sangue, vinho, etc. De salientar que mesmo se alguém que se intitula muçulmano degolar um animal e deixar de propositadamente de pronunciar o nome de Deus, então esse animal não é halaal.

Quanto aos alimentos proibidos, o Al-Qur’án diz no Cap. 5, Vers. 3:

“São-vos proibidos o animal morto (não degolado), o sangue, a carne de porco, o (animal) que tenha sido morto em nome de outro que não Deus, o animal morto por estrangulamento ou morto com pancadas violentas ou por queda, de qualquer altura, ou morto ao ser ferido pelo chifre de outro animal, ou o que for devorado parcialmente pelas feras, excepto os que tenham sido degolados de forma apropriada por vós, enquanto ainda estão vivos. E são-vos proibidos o que foi sacrificado nos altares, em honra dos ídolos, e também é-vos proibido consultar a sorte através das setas (de adivinhação). Tudo isso é pecado”.

Existem outros animais proibidos que não estão nessa lista, mas que através da Revelação, o Profeta (S.A.W.) anunciou-nos. São todos os carnívoros e os que se servem das suas garras para se alimentarem.

Estas são as regras alimentares no Isslam, e porque com tudo isso Deus quis o nosso bem-estar e não dificultar a nossa vida, consta no AlQur’án, Cap. 5, Vers. 3:

Se alguém estiver em situação de necessidade e se sentir forçado devido à fome severa, a consumir dessas coisas proibidas sem que esteja premeditadamente inclinado ao cometimento de pecados, então Deus é Perdoador, Misericordioso”.

Falamos aqui na proibição de consumo de sangue, mas se algum muçulmano estiver doente e necessitar de fazer uma transfusão, ou de ingerir algum medicamento com ingredientes haraam como por exemplo o álcool, tal lhe é permitido. E o doente deve fazê-lo para que a doença de que padece não se agrave. Mas assim que deixar de ser necessária a ingestão de tais medicamentos, deve abster-se imediatamente.

O crente verdadeiro é aquele que se submete plenamente no seu dia a dia às ordens do seu Senhor, e se abstém de escolher o que lhe convém deixando o que não lhe convém, procurando vários tipos de pretextos e justificações.

Como se pode ver, as coisas que nos são proibidas são poucas e contáveis, daí que não haja necessidade de deixarmos a incontável lista de produtos halaal para recorrermos ao haraam.

Continuação de um bom Ramadhaan. Alahu Akbar!

terça-feira, agosto 07, 2012

O Mundo deve intervir para deter as violações graves e sérias contra os muçulmanos de Mianmar

A WAMY (Assembléia Mundial da Juventude Islâmica) alerta para a escalada da repressão, perseguição e expulsão perpetrada contra os muçulmanos Rohingya em Mianmar, em violações que chegam à limpeza étnica e crimes contra a humanidade. Nos últimos dois meses, sucessivos relatórios revelaram uma onda de discriminação coletiva injusta contra essa minoria, incluindo assassinatos, detenções arbitrárias, violações, e queima de casas, instalações e mesquitas, impedindo-os de praticar os ritos religiosos, até mesmo no mês de Ramadan, assim como a expulsão do país.

Os muçulmanos Rohingya sofrem com a negação completa de seus direitos de cidadania, bem como os mais básicos direitos civis e liberdades fundamentais, enquanto o Estado adota uma ideologia extremista em relação a eles, pedindo sua expulsão coletiva e deportação do país. Esta política é traduzida pelas forças de segurança, sob a forma de violações gravíssimas. A situação é ainda mais preocupante, dadas as declarações do Presidente de Mianmar, Thein Sein, na qual ele se recusou a reconhecer o direito dos muçulmanos Rohingya para a cidadania, enquanto a líder da oposição e ganhador do Prêmio Nobel, a Sra. Aung San Suu Kyi, adotou posições relaxadas sobre as atrocidades em curso.

É surpreendente que essa escalada ocorra logo depois de Mianmar entrar em uma nova era de liberdade e abertura democrática. No entanto, estes novos desenvolvimentos, repletos de atrocidades e violações contra os muçulmanos Rohingya no início de Junho de 2012, foram bastante chocantes, trazendo à mente as sucessivas ondas de segregação injusta contra essa minoria nos últimos trinta anos. A continuação deste padrão de violações e intimidações ameaça a completa erradicação desta minoria de sua pátria nativa, provocando um problema dos refugiados de dimensões trágicas, em um dos lugares mais pobres e privados de necessidades básicas no mundo.

A Assembéia Mundial da Juventude Islâmica manifesta a sua solidariedade com os muçulmanos Rohingya nesta fase difícil de sua história, e condena as atrocidades cometidas pelo governo de Mianmar, que não devem ser permitidas no mundo civilizado. Os organismos internacionais são obrigados a adotar posições firmes para impedir estas atrocidades, para a qual não é aceitável fechar os olhos ou ficar em silêncio.

A WAMY convida os muçulmanos do Brasil a organizarem atividades em solidariedade aos oprimidos em Mianmar, a fornecerem ajuda humanitária aos refugiados e às famílias das vítimas e supliarem muito a Deus, aproveitando o mês do Ramadan, para que alivie o sofrimento deles e trazer um fim rápido para a sua provação.

São Bernardo do Campo, 03 de Agosto de 2012 - WAMY (Assembléia Mundial da Juventude Islâmica) - Escritório América Latina

“Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24

Asalamo Alaikom WA WB,

Omar Hussein Hallak

quinta-feira, agosto 02, 2012

RAMADAN QUINTA PARTE – O QUE FAZER NO MÊS DE RAMADAN?

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) JUMA MUBARAK

No mês de Ramadan, o tempo deve ser criteriosamente distribuído, em especial para quem trabalha. É um mês de sacrifícios. Na hora que seria dedicada ao almoço, antes do iftar e aos fins de semana, podemos dedicar algum do nosso precioso tempo, procurando aliar o jejum com outras actividades meritórias. 

Durante o ano, o nosso iman, os nossos conhecimentos religiosos enfraquecem e esta é a oportunidade para relembrarmos e aumentarmos o nosso ilm religioso. Aprender mais acerca da nossa religião, dos seus fundamentos e das práticas. A oração não ficará completa sem aprofundar o ilm. É o mês do conhecimento. 

Se tem dúvidas daquilo que nos é “bombardeado” pela imprensa escrita e falada, aproveite para procurar saber, que afinal, nada daquilo de que nos acusam é verdadeiro e os que falam mal do Islão estão mal informados, equivocados ou mal intencionados. Só conseguiremos argumentar, se conhecermos a nossa própria religião. Também, nunca é demais conhecermos os princípios das outras religiões. Com conhecimento se combate a ignorância e a provocação. E o Islão precisa de todos, para que juntos, possamos erguer bem alto as nossas convicções.

Entre este Ramadan e o anterior, o que fiz para o bem da minha alma? Alimentei a alma, ou só me preocupei com o aspecto e a saúde do meu corpo? O que posso corrigir daqui para a frente? Será que posso melhorar ainda mais a minha relação com Deus? O que fazer mais em benefício dos que estão ao meu cargo? É um mês de reflexão. Uma altura que nos facilita mudar o rumo da nossa vida. Aproveitemos a oportunidade. É também o mês da oração. Os crentes incrementam as orações facultativas, porque sabem que neste mês, uma acção obrigatória é recompensada 70 vezes mais em relação aos restantes meses. Uma acção não obrigatória é como se duma acção obrigatória se tratasse. Assim, aproveitemos este mês para efectuar orações facultativas, por exemplo, após cada uma das nossas abluções (udhú), o Tahhiatul Udhú, 2 ciclos de oração, “cumprimentando o Udhú”. E quando entramos na Mesquita, antes de nos sentarmos, fazer duas rakates de Tahhiatul Masjid “cumprimentando a Mesquita”. Habituados, ganhamos embalagem para assim procedermos ao longo da nossa vida.

Se tem familiares residentes no país ou no estrangeiro e com quem não contacta há muito tempo, aproveite esta oportunidade do mês da reconciliação, para fortalecer os laços familiares. Visite-os ou fale com eles ao telefone. Aproveite também para fazer as pazes com aqueles que nos ofenderam. “Perdoa-os generosamente”. Cur’ane 15:85. Seja o primeiro a pedir desculpas. Não espere que a outra parte lhe peça desculpas. Uma das dificuldades do ser humano é pronunciar a palavra “desculpa-me”. Orgulho?. É mais fácil pedir perdão a Deus?. Rompa com esse preconceito. Ajude também a reconciliação de dois irmãos que não se falam há muito. “Sabei que os crentes são irmãos; reconciliai, pois, entre vossos irmãos”. Cur’ane 49:10.

Este é o mês das preces, para pedir a Deus para os outros, para os nossos pais, filhos, maridos/mulheres, familiares. Para os amigos e conhecidos que aparentemente se encontram bem e os que atravessam dificuldades de vária ordem. Para aqueles que estão doentes, uma visita, um telefonema, um pequeno presente. Para aqueles que deste mundo já partiram, e que não têm possibilidades de pedir perdão e de amealhar recompensas, faça-o por eles.
 
Peça a Deus, mas peça muito por eles. “…Ó Senhor nosso, perdoa-nos, assim como também aos nossos irmãos que nos precederam na fé”. Cur’ane 59.10. Faça caridade em memória deles. Recite yacin e faça duá (prece). Lembre-se frequentemente deles nas suas preces. Se tiver possibilidades financeiras, mande publicar livros religiosos em sua memória. Auxilie escolas onde estudam crianças pobres. Visite os cemitérios, as sepulturas e lembre-se de que um dia, também será um dos residentes. Buraida (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) ensinava as pessoas que iam visitar os cemitérios a recitarem a seguinte prece: “Que a Paz de Deus esteja convosco, moradores deste lugar, crentes e muçulmanos. Se Deus quiser, breve estaremos convosco. Imploro a Deus o perdão para nós e também para vós”. Muslim. Conhece algum muçulmano recentemente convertido (revertido) ao Isslam? É o mês da ajuda. Ajude-o, acompanhe-o no iftar. Converse com ele, ajude-o a integrar-se nesta Umah.

Ajude também os irmãos muçulmanos que estão nas trevas e que têm vergonha de solicitar ajuda. Ajude-os, mas seja discreto. “Convoca (os humanos) ao caminho do teu Senhor, com sabedoria e bela exortação”. Cur’ane 16:125. Sim, preocupe-se também consigo. Mas dê prioridade aos outros e também aos que já partiram deste mundo. Descubra você mesmo o que pode fazer pelos outros. Pode ter a certeza de que Deus tomará conta de si. Muitas vezes, mais valioso do que a ajuda financeira, é importante a amabilidade, o tempo, a disponibilidade e um simples sorriso. Já pensou que pequenos gestos podem fazer a diferença? Não seja forreta. “Não descures praticar qualquer acto de benevolência, nem que seja o de receberes um irmão com semblante alegre”. Dito do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam). Muslim.

Se conhece alguém que tem algum vício, aproveite este mês da purificação do corpo e da alma, para lhe incentivar a acabar definitivamente com o maléfico do vício. Assim, ele aproveitará para limpar o corpo daquilo que lhe faz mal e que se intromete na sua vida espiritual. É o mês do auto-controle. Treine os seus membros do corpo para se controlarem na altura de agirem. “…que controlam a sua cólera e são indulgentes para as pessoas – e Deus ama os benfeitores”. Cur’ane 3:134. Arrefeça a fúria, a cólera. 

Controle a vista e a língua – uma palavra mal proferida, pode provocar um grave incidente. Limpe a alma, limpe os  seus pensamentos, limpe os seus sentimentos, torne-os mais puros, mais humildes. “Do teu ouvido, da tua vista e do teu coração, de tudo isto serás responsável”. Cur’ane 17:36.

Este é o mês da fraternidade e da caridade. Ajude aos mais necessitados. Na sua localidade, há sempre alguém que espera por uma mão direita generosa. Abra o seu coração e os “cordões da sua bolsa”. É o mês em que os muçulmanos devem ter o suficiente para o iftar e para o suhur. Mesmo que não tenha possibilidades financeiras para isso, participe na angariação de fundos e de géneros alimentícios para distribuição a quem mais precisa.

“Aqueles que (em caridade) gastam das suas riquezas, de dia e de noite, em segredo e em público, terão a sua recompensa junto do seu Senhor; e não sofrerão de temor, nem de preocupações”. Cur’ane 2:274.

Neste mês sagrado, leia com atenção os emails que contêm temas religiosos. Mas saiba filtrálos.

Reencaminhe-os depois para os seus contactos. Evite ou abstenha-se de enviar ou reencaminhar os emails que nos distraem para o essencial e que nos ocupam inutilmente o nosso precioso tempo.

Neste mês de Ramadan façamos algo, que nos possa beneficiar. Não o deixemos passar sem obter as recompensas. Será que o encontraremos no ano seguinte? Certa vez, Jibrail (Aleihi Salam), fez 3 preces e para cada uma delas, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) respondeu com “Amin”: Numa das preces, pediu o seguinte: “Seja afligida com mágoa aquela pessoa que encontrou o mês de Ramadan, um mês cheio de bênçãos e deixou-o passar sem ganhar o seu perdão”. Relato de Kaab Ibn Ujra (Radiyalahu an-hu).

Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41

"Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.

Um bom dia de Juma. Votos da continuação de um mês de Ramadan, repleto de bênçãos.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

02/08/2012

segunda-feira, julho 30, 2012

A L M A D I N A - A RELIGIÃO E O ATEÍSMO

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad -23.07.2012

A base da religião reside no reconhecimento da existência de um Criador Eterno deste Universo, Sábio, e Prudente, perante Quem estamos submissos, e perante Quem teremos que responder por tudo o que fazemos aqui na vida mundana. A Sua grandeza é tão vasta e infinita, que a nós, sendo finitos, não nos é possível humanamente compreender a sua realidade.

Contrariamente, a base do ateísmo reside na rejeição da existência desse Grande Ser, e de tudo cuja realidade não é alcançada mentalmente. Portanto, os ateus rejeitam tudo o que não compreendem.

Vejamos então, qual das duas posições tem mais lógica.

As coisas ocultas que a religião exige que as pessoas creiam nelas, estão baseadas nas informações verídicas trazidas pelos profetas escolhidos por Deus, um após outro, desde Adão até ao último dos profetas – Muhammad S.A.W. – e nós não temos nenhuma razão lógica para desmentir ou rejeitar tais informações.

No ateísmo, a sua base reside na conjectura, na imaginação, na suposição.

Os ateus não possuem nenhuma prova sólida para sustentarem as suas teorias, e à medida que o tempo passa e se vão registando novas descobertas que põem em dúvidas tais teorias evolucionistas, eles vão alterando as suas teses.

Nos dias que correm, virou moda as pessoas declararem o seu agnosticismo para não serem apelidadas de atrasadas e fundamentalistas, passando assim a ser tomadas por modernas e civilizadas.

Se não conseguimos alcançar a realidade de Deus que é infinito com a nossa mente finita, tal não pode ser motivo de rejeição da Sua existência, pois há muitas coisas no Universo por Ele criadas, cujas realidades não conseguimos alcançar. Aliás, se não conseguimos ainda compreender a realidade de todas as criaturas existentes, como então, com as nossas mentes limitadas, poderemos saltar logo para o Criador Infinito, querendo compreender a Sua realidade? Será que é possível colocar as águas dos oceanos numa tigela isto é, o ilimitado no limitado?

Todos os que acreditam em Deus repetem sempre: “Deus é Grande”! Mas Deus não é só Grande. É o Maior (Allaho Akbar”, e a Sua grandeza é inimaginável pela mente humana limitada, razão pela qual foi-nos dito para repetirmos constantemente “Allaho Akbar” (Deus é Maior).

Os nossos cinco sentidos têm um alcance limitado. Por exemplo, o ouvido escuta até uma certa distância, não indo mais além. Os olhos enxergam até uma certa distância, não conseguindo ver para além dessa distância. A mente humana também tem limites na sua capacidade de raciocínio, por muito que se exercite.

Um astronauta americano diz que nas suas viagens ao espaço não conseguiu alcançar a realidade de nenhuma coisa. Porém, ver tantas estrelas bem como os seus movimentos ilimitados aumentou-lhe ainda mais o espanto.

O siso humano, para ir para além da sua capacidade, precisa da orientação da revelação divina isto é, dos profetas. O alcance da ciência mundana vai até onde o siso permite. Se alguém quiser compreender outras realidades fora disso, tal só é possível através da religião, pois o campo dos dois não é o mesmo, para se poder imaginar o choque entre eles.

Portanto, resumindo, o deus que cabe na tua mente não pode ser Deus, é uma imaginação da tua mente.

Se Deus é o Criador do teu juízo, como é que um Ser Infinito pode caber no juízo limitado e finito?

Existe uma profunda ligação e um arranjo e ordem lógicas no sistema do Universo. O Sol, a Lua as Estrelas giram sob um sistema perfeito aliás, até as partes da máquina do nosso corpo estão colocadas nos seus locais com uma perfeição total. E caso haja qualquer falha ou defeito nisso, tal afeta o funcionamento da nossa vida normal.

Tudo isso indica que Alguém com o Seu conhecimento perfeito, com prudência, criou este Universo.

Por isso, Deus pergunta-nos no Al-Qur’án, Cap. 52, Vers. 35-36:
“Ou foram eles criadores do nada? Ou são eles próprios os criadores (que criaram a si próprios)? Ou criaram os céus e a terra? Não! Mas eles não estão certos de nada”!

Será que há alguma coisa no Mundo que aparece por acaso? Uma casa bem feita e mobilada, aparece por si própria, do nada, sem alguém a construir?

Será possível que o acaso se continue a repetir com tanta perfeição durante milhões de anos? Todas as coisas no Mundo indicam que há um Criador.

Se acreditar na religião é um atraso, não há problema, mas quer parecer que os religiosos não são tão baixos, sem o mínimo de juízo para aceitarem tais disparates.

A religião não é, de forma alguma um impedimento ao progresso. Imagine-se o que seria de nós sem a religião! Não seríamos nada mais que o capim, ou o animal cujo objectivo é apenas comer, beber, e satisfazer as suas necessidades carnais, talvez até pior que os animais, como está acontecendo com os que se entregam à práticas não convencionais, e também com os que não reconhecem Deus e nem acreditam que terão que se apresentar perante Ele para a prestação de contas no Dia do Juízo Final, daí cometerem massacres e crimes horrendos.

A religião honrou e elevou o Ser Humano, colocando-o como Khalifa (Vice-Rei) de Deus na terra, enquanto que os outros reduziram-no a um simples macaco evoluído.

Continuação de um Bom Ramadhaan para todos. 

Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu!

sexta-feira, julho 27, 2012

Bons Conselhos responsabilidade dos Crentes em Allah SW


Bismi Lahi Arahmani Arahim – Em Nome de Deus Clemente e Misericordioso!


Queridos irmãos e Caríssimos Amigos

Todos os louvores são para Allah, o Único, o Criador de tudo o que existe. Que a Paz de Deus esteja com todos os Profetas, que se sacrificaram para nos deixarem a mensagem de Deus, o Misericordioso e Perdoador. As Bênçãos e a Paz de Deus estejam, com o Profeta Muhammad, sua família e seus companheiros. A Paz e Misericórdia de Deus estejam com todos os crentes.

Hoje presenciamos, como no passado, a decadência de vários povos, economias que pareciam sólidas, guerras, terremotos, tsunamis, vulcões. E assistimos também a grandes misérias, fome, doença e o pior a corrupção humana em todos os níveis. Tudo isso poderia ser atribuído ao castigo de Deus sobre a humanidade, mas, na realidade trata-se da colheita dos frutos consequentes do abandono da recomendação do lícito (o bem) e da proibição do mal. È a ausência da observação do conselho dos sábios, pais e dos mais experientes.

Tudo começa com a falta dos princípios de educação que deveria ter sua base nos lares, mas, a vida moderna e a falta da aplicação das obrigações recomendadas pelo Livro Sagrado e o Sunah retirou as mães dos lares e os filhos ficaram a mercês de babás e empregados, muitas das vezes sem nenhuma qualificação moral, intelectual e religiosa. O resultado de tudo isso é a perdição. Perdição que leva a confusão e confusão que pode nos roubar a felicidade nessa e na outra vida.

Potências mundiais gastam verdadeiras fortunas destruindo povos e etnias ao invés de investirem em educação, saúde e combate a fome. E depois não sabem por que se tornam produtos de ódio dos humanos e do desprezo do Altíssimo! Em nome da paz promovem guerra, em nome de Deus Louvado Seja promovem a exploração do homem pelo homem e a caminhada para o abismo final caminha em passos de gigante.

Deus nos fala no Alcorão Sagrado: “Porém, castigamos cada um, por seus pecados; sobre alguns deles desencadeamos um furacão; a outros fulminou-os o estrondo; a outros fizêmo-los serem tragados pela terra, a outros, afogamo-los. É inconcebível que Allah os houvesse injustiçado; outrossim, injustiçaram a sim mesmos (Surata 29:40);”

É hora de acordar humanidade terráquea! E para que não aconteça o que aconteceu com nossos antepassados agarremos nas recomendações do Alcorão Karim! É o momento de voltarmos a praticar os bons conselhos, isso se quisermos minimizar o sofrimento do mundo e garantir a verdadeira vida. Veja o que Deus Louvado Seja, nos fala na: “ E que tenha entre vós um grupo que recomende o bem, dite a retidão e proíba o ilícito. Estes serão os bem-aventurados”. (Surata 3:104);

E mais: “Os crentes e as crentes são protetores uns dos outros; recomendam o bem, proíbem o ilícito, praticam a oração, pagam o zakat e obedecem a Allah e ao seu Mensageiro (Surata 9:17)”.

Vejam a promessa do Altíssimo, do Misericordioso:

“E minha clemência abrange tudo, e a concederei aos tementes, que pagam o zakat, e crêem nos Nossos versículos. Aos que seguem o Mensageiro, o Profeta iletrado, o qual encontra escrito junto deles na Torah (livro sagrado dos Judeus) e no Evangelho (Revelação de Deus através de Jesus Aleihi Salam), o qual lhes recomenda o bem e lhes proíbe o ilícito... (Surata 7:156,157)”.

E esse é a conclusão de Deus louvado seja para os tementes que praticam seu código de conduta:

“Sois a melhor nação que surgiu na humanidade, porque recomendais o bem, proibis o ilícito e credes em Allah (Deus) (Surata 3:110).

 Não só Deus Louvado Seja nos recomenda sobre acatar os bons conselhos, também o nobre Profeta SAAS diz:

“Quem dentre vós verdes um mal (algo ilícito) que o altere com as mãos, se não puder que o faça com a língua, se não puder que o faça com o coração. E este é o nível mais fraco da fé.” (Muslim e Attirmizhi);

“Juro por Aquele que tem minha alma em suas mãos, ordenareis o bem e proibireis o mal. Se não o fizerdes, Allah poderá enviar sobre vós um castigo d’Ele e em seguida rogareis e não sereis atendidos”. (Attirmizhi);

“Todo grupo no qual há pessoas que cometem os pecados e, em seguida não alterarem estes erros, Allah os abrangerá com o castigo, mesmo sendo este grupo mais nobre e mais numeroso do que os que cometeram tais atos” (Ahmad e Ibn Majah);

“Se o pecado prevalecer na minha nação Allah os abrangerá com um castigo provindo d’Ele”. Ao afirmar isso, foi interrogado: “O mensageiro de Allah, não há entre eles pessoas virtuosas?”. ”Sim Respondeu. “E o que farão estas pessoas?”E o Mensageiro de Allah finalizou:” Lhes atingirá o que atingir todas as pessoas e, em seguida, seguirão para o perdão de Allah e comprazer”. (Ahmad);

“O exemplo daquele que preserva os limites de Allah e aqueles que transgridem neles é o exemplo de um grupo que lotou um navio, alguns ficaram na parte de cima deste navio e outros na parte de baixo; quando os que permaneciam no andar inferior queriam apanhar água passavam pelo andar superior. Então opinaram: Se fizermos um furo na nossa parte (inferior), para não incomodar quem está no andar superior!! Se as pessoas (do andar superior) CONSENTIREM COM ISSO TODOS SE AFOGARÃO, E SE OS IMPEDIREM SE SALVARÃO E SALVARÃO A TODOS”.

Esse dito do Profeta SAAS, também nos esclarece quanto à responsabilidade da corrupção individual e o recado se completa esse versículo do Alcorão Sagrado: ”E preveni-vos contra uma provação que não atingirá apenas aos injustos dentre vós... (Surata 8:25).

Conclui-se assim que o bom aconselhamento e a admoestação são partes essenciais da Religião, afirmando assim que o homem individualmente ou em grupo necessita do ensino e da orientação. E isso é responsabilidade de todos nós.

Para se tornar um bom conselheiro o homem tem que se preparar, porque se não será como um cego guiar outro cego (falamos de cegueira mental). Não podemos, por exemplo, pegar versículos isolados das Palavras de Allah SW. Vejam por exemplo, existe um versículo no Alcorão Sagrado, que parece contestar todas as citações que fizermos atrás, tanto do Alcorão como do Sunnah do Profeta SAAS:

Um homem chamado Abu Umaiah Asha’bani perguntou a Abu Tha’labah AL Khushani: Como me explica este versículo?”Ó crentes, cuidai de vós mesmos. Se vos conduzirdes bem, jamais poderão prejudicar-vos aqueles que se desviam... (Surata 5:105). Abu Tha’labah, com a mesma segurança respondeu:
“Fiz esta mesma pergunta a alguém conhecedor, perguntei ao mensageiro de Allah SAAS sobre este versículo e Ele disse: “Pois recomendem o bem e proíbam o mal, até que perceba uma avareza obedecida, um ego seguido, um materialismo preferido e a ostentação de cada opinante com sua opinião, aí, então deves precaver a si mesmo e abandone a multidão, pois virão dias em que a paciência será como segurar uma brasa de fogo. “Neste dias o benfeitor terá uma recompensa equivalente à recompensa de 50 homens que bem fazem igual as vossas ações”. Foi-lhe perguntado: ”Ó mensageiro de Allah, uma recompensa equivalente a recompensa de 50 dos nossos homens ou dele? “Disse, 50 dos vossos”. (Abu Daud e attirmizhi).

Concluímos então que o mal que assola a humanidade no mundo inteiro não se trata de um castigo de Deus Louvado Seja de forma vingativa e sim a aplicação de sua Justiça em detrimento a corrupção e da perdição que se encontram inclusive os crentes. Mas, isso não deve nos levar ao desânimo e sim nos estimular a regressar para as práticas vitoriosas do nosso Profeta SAAS, dos Califas Probos e dos seus companheiros RAA.

O maior investimento que podemos faze nesse momento é nos instruímos e voltamos às práticas do ensinamento e dos bons conselhos. Só assim garantiremos mais um passo para a salvação de nossas almas e de nossos semelhantes. A sociedade mundial só tem a ganhar com essas observações assim também como tem a perder se não as incrementarmos urgentemente.

Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” Surata 8:24

Ramadan Mubaraka – Jumua 27/07/2012

Fonte de Consulta: Passos no Caminho da Felicidade – Sheikh Ahmad Osman Mazloum

quinta-feira, julho 26, 2012

Indispensabilidade do Hadith


A Sunnah ou Hadith são a segunda fonte da qual os ensinamentos do Islam são esboçados. Hadith significa literalmente um dito transmitido ao homem, mas em terminologia islâmica significa os ditos do Profeta (paz esteja com ele), sua ação ou prática de sua aprovação silenciosa da ação ou prática. Hadith e Sunnah são usados intercaladamente, mas em alguns casos são usados com significados diferentes.

Para lidar com o tópico é necessário conhecer a posição do Profeta no Islam, porque a indispensabilidade do Hadith depende da posição do profeta. Analisando o problema, podemos visualizar 3 possibilidades:

1. A obrigação do profeta era apenas transmitir a mensagem e nada mais foi requerido dele.

2. Ele tinha que não apenas transmitir a mensagem mas também agir de acordo com ela, e explicá-la. Mas tudo era para um período especificado e depois de sua morte o Quran se torna suficiente para a humanidade.

3. Ele não tinha nenhuma dúvida para transmitir a Mensagem Divina, mas era também sua obrigação agir de acordo com ela e explicá-la para as pessoas. Suas ações e explicações são origem dos ensinamentos para sempre. Seus ditos, ações, práticas e explicações são origem de luz para todo muçulmano em todas as épocas.

É unanimidade que apenas a terceira alternativa é correta a respeito da posição do profeta no Islam. O Quran contém dúzias de lembretes da posição importante do profeta. Todo muçulmano deve ter o bom exemplo do profeta como um ideal de vida. No seguinte versículo, ele tem sido feito um ‘Hakam’ para os muçulmanos por Allah O Todo Poderoso. Ninguém continua muçulmano se não aceitar as decisões e julgamentos do profeta: "Qual! Por Teu Senhor, não crerão até que te tomem por juiz de suas dissensões e não objetem ao que tu tenhas sentenciado. Então, submeter-se-ão a ti espontaneamente" [An-Nisa 4:65]

Enquanto explicando as qualidades dos muçulmanos, o Quran diz: "A resposta dos fiéis, ao serem convocados diante de Deus e seu Mensageiro, para que julguem entre eles, será : escutamos e obedecemos" [An-Nur 24:51]

Em muitos lugares o Quran tem dado seu veredicto neste assunto. O Quran diz: "Obedecei a Deus e a seu Mensageiro" [An-Nisa 59] e "Aceitai, pois, o que vos der o mensageiro e abstende-vos de tudo quanto ele vos proíba" [Al-Haxr 59:7].

O Quran é muito claro ao expressar sua visão na posição do profeta. De acordo com o Quran o profeta tem quatro capacidades e ele deve ser obedecido em cada uma delas. Ele é o Mu`allim e Murabbee, ele é Shaari` que explica o Livro, ele é o legislador e juiz, e ele é o administrador. Em todas estas capacidades ele é um exemplo ideal para os muçulmanos. Cito uns poucos versos do Livro Sagrado que tratam deste tópico.

"Deus agraciou os fiéis, ao fazer surgir um Mensageiro de sua estirpe, que lhes ditou os Seus versículos, redimiu-os, e lhes ensinou o Livro e a Prudência, embora antes estivessem em evidente erro" [Al-Imran 3:164]

"E a ti revelamos a Mensagem, para que elucides aos humanos, a respeito do que foi revelado, para que meditem" [An-Nahl 16: 44]

"São aqueles que seguem o Mensageiro, o Profeta iletrado, o qual encontram mencionado em sua Tora e no Evangelho, o qual lhes recomenda o bem e lhes proíbe o ilícito, prescreve-lhes todo o bem e veda-lhes o imundo, avalia-os dos seus fardos e livra-os dos grilhões que os deprimem. Aqueles que nele creram, honraram-no, defenderam-no e seguiram a Luz que com ele foi enviada, são os bem-aventurados"[Al-Araf 7:157]

"Ó fiéis, obedecei a Deus, ao Seu Mensageiro e às autoridades, dentre vós! Se disputardes sobre qualquer questão, recorrei a Deus e ao Seu Mensageiro, se crerdes em Deus e no dia do Juízo Final, porque isto vos será preferível" [An-Nisa 4:59]

"Não é dado ao fiel nem à fiel agir conforme o seu arbítrio, quando Deus e Seu Mensageiro é que decidem o assunto. Sabei que quem desobedecer a Deus e ao Seu Mensageiro desviar-se-á evidentemente" [Al-Ahzab 33:36]

Em todos estes versículos, o Quran tem explicado vários aspectos da personalidade do Profeta. Alguém pode julgar a importância do Profeta a partir destes versículos. Recordo-me de outro importante versículo do Quran, que é na verdade um veredicto contra aqueles que não acreditam no Hadith como uma autêntica origem de Lei:

"A quem combater o Mensageiro, depois de haver sido evidenciada a Orientação, seguindo outro caminho senão o dos fiéis, abandoná-lo-emos em seu erro e o introduziremos no inferno. Que péssimo destino!"[An-Nisa 4:115]

O Quran pressiona os muçulmanos a obedecerem o Profeta, e anuncia que a profecia de Muhammad (paz esteja com ele) está acima das limitações de tempo e espaço. Ele é último Profeta e um Mensageiro de Allah para toda a humanidade de todos os tempos vindouros. O Hadith não é nada além de um reflexão da personalidade do Profeta, que dever ser obedecida a todo custo.

Qualquer estudante do Quran verá que o Livro Sagrado geralmente trata os princípios indispensáveis da religião de forma ampla, entrando em detalhes em apenas alguns raros casos. Os detalhes são tratados pelo Profeta que, ou mostra pela sua prática como uma injunção deverá ser tratada, ou dá uma explanação verbal. A Sunnah ou o Hadith do Profeta não era, como normalmente suposto, uma necessidade que fora sentida apenas depois de sua morte, já que era muito necessária também em seu tempo de vida. As duas mais importantes instituições religiosas do Islam são a oração e o zakat; e quando a injunção relatando a oração e o zakat foram entregues, e eram repetidamente reveladas em Meca e Madina, contudo nenhum detalhe era mostrado. Então era o profeta mesmo que por suas próprias ações deu os detalhes para o adorador e disse: (Salloo kamaa ra'aytamoonee usaallee) "Rezem como vocês me vêem rezando". O pagamento do zakat é uma injunção que freqüentemente é repetida no Quran, e foi o profeta quem deu as regras para o pagamento e a coleta. Existem outros exemplos já que o Islam abrange a totalidade da esfera das atividades humanas, centenas de outros pontos têm sido explicados pelo Profeta pelo seu exemplo nas ações e palavras.

O ulemá tem discutido a questão do Hadith detalhadamente como um "wahyun khafee" e uma sabedoria profética. Eu não vou entrar em detalhes, mas uma coisa pode ser declarada claramente: existem casos nos quais o profeta, não tendo recebido a revelação, fez um esforço pessoal para formular uma opinião por sua própria sabedoria. Ou isto era corrigido pela revelação ou era reprovado. A importância da Sunnah mesmo como segunda fonte do Islam era um assunto estabelecido pelos companheiros do profeta. Eu cito apenas um dos muitos exemplos: que de Mu`az ibn Jabal que disse para o profeta que ele deveria decidir de acordo com a Sunnah caso não encontrasse solução no Quran para o problema. Cita o Dr. Hamidullah:

"A importância dos Hadiths é ainda maior pelo fato de que o profeta Muhammad não apenas ensinava, mas aproveitava para por em prática seus ensinamentos em todos os assuntos importantes da vida. Após sua designação como Mensageiro de Deus, ele viveu por 23 anos. Ele enriqueceu sua comunidade com uma religião que ele mesmo praticava escrupulosamente. Ele fundou um Estado, ao qual ele administrava como chefe supremo, mantendo a paz e a ordem interna, liderando o exército para a defesa externa, julgando e decidindo os litígios dos seus súditos, punindo os criminosos, e legislando sobre os assuntos da vida. Ele casou e deixou um exemplo de vida familiar. Outro fato importante é que ele não se colocou acima da lei comum, a mesma que ele impunha aos outros. Sua conduta não era apenas um comportamento particular, senão uma interpretação e aplicação minuciosa dos seus ensinamentos" [Introdução ao Islam, página 45]

O homem, no entanto, que abraçou o Islam necessita de ambos, o Quran e a Sunnah. Na verdade o Hadith é tão importante que sem ele, o Livro Sagrado e o Islam não podem ser completamente compreendidos ou ser aplicados na vida prática do fiel.

Dr. Khalid Alvi

The Place of Hadith in Islam

American Trust Publications

A CONDIÇÃO DA MULHER NO ISLAM

Tudo que é o outro, que não faz parte da nossa realidade mais imediata, tende a nos assustar e a ser objeto de nossa rejeição. Raríssimas vezes nos detemos nas questões que nos escapam e, por isso mesmo, fazemos julgamentos apressados, superficiais, e incorporamos conceitos sempre carregados de preconceitos, porque fundamentados na ignorância dos fatos.

Nos dias atuais, onde tantas questões polêmicas nos são colocadas diariamente, onde mal temos tempo de digerir o noticiário, tal a rapidez com que as coisas acontecem no mundo, vamos estabelecendo nossos julgamentos e entendimentos em bases que carecem de uma análise mais profunda.

Assim é com relação ao Islam, tão incompreendido, tão desconhecido. Assim é a questão da mulher no Islam, onde preconceitos e falsas informações estão disseminados de tal forma que ocupam o imaginário dos não muçulmanos, estereotipando essas mulheres, transformando-as em personagens que nunca correspondem à realidade. Tomamos para nós alguns conceitos, que passam a ser verdade, a nossa verdade, que sequer é nossa, e engrossamos o rol desta vasta legião de meros repetidores de falsas verdades, aliás, uma característica do nosso tempo. O Islam é fanatismo. O Islam é terrorismo. O Islam é atraso. O Islam oprime e submete a mulher.

Mas, o que é o Islam? Como o Islam trata realmente a questão dos sexos? Qual é o papel da mulher muçulmana numa sociedade islâmica?

Para se falar sobre a mulher no Islam, como ela é vista, qual a sua função, qual o seu papel, quais os seus direitos e deveres, torna-se necessário comparar este mesmo papel com outras culturas, outras religiões, quais os seus direitos e deveres, quais as suas conquistas, enfim, devemos considerar todos os aspectos, sejam sociais, politícos, econômicos, éticos ou morais e não, simplesmente, nos determos em aspectos culturais isolados.

Por isso, nada melhor do que enfocar a condição da mulher no Islam, levando em conta essa mesma condição no Ocidente, e, mais especificamente no Brasil, de tradições, cultura e religião tão diferentes do Oriente. No que a muçulmana é diferente da mulher ocidental? Que valores éticos, morais, sociais e religiosos regem essas duas mulheres? Que padrões comportamentais fazem essas duas mulheres tão diferentes?

Há 1433 anos, o Islam afirmou que a mulher é um ser humano, que tem uma alma da mesma natureza que a do homem, e que ambos, homens e mulheres, gozam dos mesmos direitos. No Islam, a mulher é um ser responsável e não pode ser desrespeitada ou discriminada em razão de seu sexo. No ocidente, apesar dos avanços conseguidos pelos movimentos feministas, as conquistas alcançadas não representam sequer a terça parte do que o Islam já havia garantido. Sabemos que a mulher ainda é discriminada, o maior contingente de analfabetos está na população feminina, ela é vítima da violência, que começa em casa, recebe um salário menor para o exercício de funções que ela executa em igualdade de condições com o homem, etc.

Em 1995, portanto há três anos atrás, na Quarta Conferência Mundial da Mulher, ocorrida em Pequim, os governos participantes reconheceram a péssima condição feminina e firmaram uma Declaração, onde entre outros tópicos, afirmavam o seguinte:

"Nós, os governos que participamos da Quarta Conferência Mundial da Mulher (…) estamos convencidos de que: (…) Os direitos da mulher são direitos humanos; (…) A igualdade de direitos, de oportunidades e de acesso aos recursos, à distribuição equitativa entre homens e mulheres das responsabilidades relativas à família … são indispensáveis ao seu bem-estar e ao de sua família, assim como para a consolidação da democracia. (…) A paz global, nacional e regional só pode ser alcançada com o progresso das mulheres, que são uma força fundamental de liderança, resolução de conflitos e promoção de uma paz duradoura em todos os níveis."

A diferença básica entre esses dois mundos, o oriental e o ocidental, é que o Islam, conforme revelado ao Profeta Mohammad, está pronto, bastando ser seguido por todos. O Islam dignifica o ser humano, garante direitos. Sua mensagem, ainda que dirigida inicialmente aos árabes, é universal e se aplica a todos os homens e mulheres, em qualquer lugar e em qualquer tempo. As origens do Islam são as mesmas que as das religiões anteriores e Mohammad foi o último profeta de Deus.

Deus esclarece no Alcorão que, ao longo de toda a história da humanidade, cada povo teve o seu mensageiro, em sua própria língua, em linguagem compatível com a compreensão do ser humano, anunciando a unicidade de Deus, confirmando o Dia do Juízo Final e determinando a subordinação ao que foi legislado por Ele.

Prescreveu-vos a mesma religião que tinha instituído para Noé, a qual te revelamos, a qual recomendamos a Abraão, a Moisés e Jesus (dizendo-lhes): Observai a religião e não discrepeis acerca disso.(cap. 14:5)
A crença nos profetas e nos livros são artigos de fé para o muçulmano. Depois de Mohammad não haverá mais nenhum profeta e nem revelação alguma será feita.
Hoje, aperfeiçoei a religião para vós; agraciei-vos generosamente e aponto o Islam por religião.(Cap. 5:3)

2. OS PRIMÓRDIOS DO ISLAM

Para entendermos o Islam e o conceito islâmico de vida, é preciso, em primeiro lugar, recuarmos na História em alguns séculos e buscarmos nas suas origens todo um código de vida que permanece até os nossos dias. Ainda que inicialmente a mensagem tenha sido revelada na península arábica, sua linguagem é universal. Antes de mais nada, para nós muçulmanos, Islam é submissão, submissão à vontade de Deus e o Alcorão é a palavra de Deus, conforme revelada ao Profeta Mohammad há 1.400 anos atrás.

O Islam surgiu na Península Arábica no início do século VII, com as primeiras revelações de Deus ao Profeta Mohammad, por intermédio do anjo Gabriel:

"Lê, em nome do teu Senhor, que te criou; criou o homem de um coágulo; lê, que o teu Senhor é Generosíssimo, que ensinou através do cálamo. Ensinou ao homem o que este não sabia." (Cap. 96:1-5)

Durante 23 anos as revelações foram sendo transmitidas e organizadas até serem sistematizadas sob a forma de um livro, de acordo com a orientação do Profeta Mohammad, que determinou a ordem dos capítulos e versículos. Este livro é o Alcorão, o Livro Sagrado do muçulmano. O Alcorão, na verdade, é um conjunto de advertências, sugestões, injunções e princípios religiosos, morais, éticos e jurídicos que regem a vida de todo os muçulmanos.

Os árabes estavam organizados da mesma forma por toda a península. Não havia grandes cidades e eles viviam em pequenos grupos, unidos por laços familiares. Sociedade caracterizadamente patriarcal, as famílias estavam organizadas em clãs e os clãs formavam tribos. Portanto, todo árabe era membro de uma família, que pertencia a um clã, que, por sua vez, formava uma tribo. O deserto da Arábia, extremamente árido e pobre, não propiciava muito o que comer, a vida era incerta e perigosa e, no geral, eles eram de temperamento esquentado. A qualquer tempo, um clã podia ser invadido por seus vizinhos. Emboras esses ataques repentinos rendessem alguns ganhos, eles eram motivados muito mais pelo espírito de aventura. Se um membro de um clã ou de uma tribo fosse morto numa luta aberta ou numa emboscada, isto podia render o envolvimento de todo o clã por anos a fio.

Distantes dos grandes centros culturais da época (Pérsia e Bizâncio), os árabes desenvolveram sua própria cultura, baseados nos costumes de seus ancestrais. Provavelmente a vida no deserto devia ser monótona e, para compensar esta falta de encanto, eles se dedicavam às guerras entre as tribos. Normalmente, as guerras não tinham por objetivo inflingir uma grande derrota ao inimigo, mas, sim a glória e a honra de terem superado seus rivais em coragem e resistência.
A poesia era outro orgulho entre os árabes e, através dela enalteciam a guerra, exaltavam a força e a virilidade masculinas, louvavam a generosidade e a hospitalidade e, algumas vezes, falava de amor e romance. A mulher árabe dos tempos pré-islâmicos usufria de uma relativa liberdade. A título de exemplo, para ilustrar a posição ocupada pela mulher nos tempos pré-islâmicos, vale lembrar que Khadija, primeira esposa de Mohaammad, uma rica viúva e independente, que administrava seus próprios negócios, foi quem fez o pedido de casamento ao Profeta.
Khadija foi a primeira pessoa, do círculo mais próximo do Profeta, a acreditar que as revelações eram divinas e foi a primeira a se converter ao Islam. Até morrer, esteve sempre ao lado de Mohammad, suportou ao seu lado toda a sorte de incompreensões e perseguições de que foram vítimas os primeiros muçulmanos, passou necessidades físicas durante o embargo imposto pelos cidadãos de Meca. Khadija foi a companheira de quem o Profeta jamais se esqueceu enquanto viveu.

Apesar da relativa liberdade de que a mulher desfrutava, esse mundo árabe pré-revelação era patriarcal, moldado pelo homem, e a mulher não passava de uma vítima constante da dor, do sofrimento, da solidão, da humilhação e da exploração física, emocional e sexual. Os árabes de antes da revelação também não escaparam do costume de considerar a filha mulher um peso doloroso, uma fonte potencial de vergonha para o pai, sendo hábito, antes do advento do Islam, a prática cruel do infanticídio feminino.

Existia o costume de se enterrar viva a menina, por medo da vergonha ou da pobreza.
Quando a filha, sepultada viva, for interrogada: Por que delito foste assassinada? (Cap. 81:8-9)
O Alcorão descreve esta prática, a fim de mostrar o seu horror e registrar o absurdo do costume. Sua condenação cabe perfeitamente com a meta divina declarada do Islam de destruir a ignorância e estabelecer novas regras e preceitos morais, sociais e éticos. No Capítulo 16 "A Abelha", lemos:
Quando a algum deles é anunciado o nascimento de uma filha, o seu semblante se entristece e fica angustiado. Oculta-se do seu povo, pela má notícia que lhe foi anunciada: deixá-la-á viver, envergonhado, ou a enterrará viva? Que péssimo é o que julgam! (16:58-9)

Além de condenar vigorosamente tal prática, o Alcorão não faz distinção entre meninos e meninas.

E no Capítulo 17, "A Viagem Noturna", lemos:
Não mateis vossos filhos por temor à necessidade, pois Nós os sustentaremos, bem como a vós. (17:31)

A ordem social do período pré-revelação, portanto, jamais ajudou a mulher a ter uma condição respeitável e digna.
Foi somente com o advento do Islam, que a mulher passou a desfrutar de uma posição dignificada, sem qualquer traço de paternalismo ou exploração, um ser responsável, a quem são exigidos deveres, mas a quem também são assegurados direitos, em igualdade de condições com o homem. Homens e mulheres são criaturas de Deus, e o melhor entre eles é o mais justo, o mais piedoso, independentemente de sexo, raça, cor, posição social etc.. As pessoas se diferenciam no Islam pela fé, pela consciência de Deus e pela conduta reta. Assim, estabelece Deus no Alcorão:

Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado dentre vós, ante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus é Sapientíssimo e está bem inteirado. (Cap. 49:13)
Também, disse Deus:"Jamais desmerecerei a obra de qualquer um de vós, seja homem ou mulher, porque procedeis uns dos outros… (Cap. 3:195)".

O novo modo de vida implantado a partir do Alcorão, assegurou uma posição dignificada tanto para os homens como para as mulheres. As mulheres passaram a ser respeitadas e honradas. A "maldição" do sexo feminino, como herdeiro do "legado de Eva", portanto, a responsável por todas as desgraças desta vida, deixou de ter sentido. Homens e mulheres são iguais.
Nada no conjunto social da Arábia daquele tempo, ou em qualquer outra cultura ou civilização, evidenciou uma tal elevação na posição da mulher. Não foi nenhuma consideração social ou econômica que a tornou necessária ou desejável. Foi antes uma mudança deliberada, feita pelo Islam, por razões que são completamente diferentes daquelas deste mundo e daquelas da sociedade humana em particular. O que a mulher ocidental levou mais de 12 séculos para conseguir, enfrentando as mais duras resistências, o Islam já havia outorgado voluntariamente, tomando a iniciativa, sem submissão a necessidades sócio-econômicas, mas dentro do critério de justiça e verdade, características básicas do Islam.

Se imaginarmos que no século VII, a Europa vivendo em plena Idade Média, que a História qualifica como a "noite dos 1000 anos", sob o império do pensamento judaico-cristão, onde as mais severas restrições eram impostas às mulheres, onde a mulher era vista como a herdeira do mal, impura, na pequena península arábica surge o Alcorão, assegurando à mulher, primeiro o direito à vida, depois o direito de opinião e expressão, à educação, ao conhecimento, ao testemunho, ao divórcio, à propriedade, à herança, temos que concordar que isso significou uma revolução absoluta nos costumes, tradições e valores que perduravam naquela época e que perduram até os dias de hoje.

3. DIREITOS ASSEGURADOS PELO ISLAM Á MULHER

3.1 - Individualidade

No Islam, a mulher não é produto do diabo ou a semente do mal. No Islam, o homem não ocupa o lugar de senhor absoluto da mulher, que, sem outra alternativa, tem que se render ao seu domínio. No Islam só nos submetemos a Deus e só a Ele nos rendemos e prestamos contas. No Islam, ao contrário de outras crenças e sistemas religiosos, a mulher tem alma e é dotada de qualidades espirituais. O Islam não considera Eva a única responsável pelo pecado original de toda a humanidade e, por consequência, pelo sacrifício na cruz do filho de Deus para redimir a humanidade do pecado original. O Alcorão esclarece que tanto Adão como Eva erraram, ambos foram tentados, ambos pecaram e ambos foram perdoados por Deus após o manifesto arrependimento.
A mulher é reconhecida no Islam como a parceira completa do homem e igual a ele na procriação da humanidade. Ele é o pai e ela é a mãe e ambos são essenciais para vida. O papel da mulher não é menos vital do que o do homem. Nesta parceria as partes são iguais em cada aspecto, têm direitos e responsabilidades iguais e são dotadas das mesmas qualidades, seja homem ou mulher.

No Islam, a mulher se iguala ao homem ao ser responsável por seus atos. Ela possui uma personalidade independente, dotada de qualidades humanas e digna de aspirações espirituais. Sua natureza humana não é nem inferior nem superior à do homem. Homens e mulheres têm as mesmas obrigações e responsabilidades sociais, morais e religiosas e devem enfrentar a consequência de seus atos.
Aqueles que praticarem o bem, sejam homens ou mulheres, e forem fiéis, entrarão no Paraíso e não serão defraudados, no mínimo que seja. (Cap. 4:124)

No Islam, a mulher é independente economicamente, uma vez que ela pode ser proprietária, com direito a administrar seus bens e ninguém, pai, marido ou irmão, tem ingerência no trato de questões financeiras.

3.2 - Educação e instrução

Ela se iguala ao homem na busca pelo conhecimento e educação. Quando o Islam conclama os muçulmanos para a busca do conhecimento, ele não faz distinção entre os sexos. A educação não é somente um direito, mas uma responsabilidade de todos os homens e mulheres. Mohammad, há mais de 14 séculos atrás, foi muito claro ao afirmar que a busca do conhecimento é uma obrigação para todo o muçulmano, seja homem ou mulher.

Durante muito tempo foi negado à mulher o direito de expor suas opiniões. Em Coríntios I 14:34/35, São Paulo diz: "Como em todas as congregações de santos, as mulheres devem permanecer caladas nas igrejas. Não é permitido a elas falar e devem ser submissas, como a lei diz. Se elas quiserem perguntar sobre alguma coisa que perguntem a seus maridos em casa, porque é vergonhoso para uma mulher falar nas igrejas." Em Timóteo I 2:11-14, ele escreveu: "Eu não permito a uma mulher ensinar ou ter autoridade sobre um homem; ela deve ser calada, porque Adão foi feito primeiro, e depois Eva. E Adão não foi o que perdeu, foi a mulher que perdeu e se tornou pecadora".

O Islam entende que uma mulher não pode se instruir se não lhe é permitido falar. O Islam entende que uma mulher não pode crescer intelectualmente se ela é obrigada a um estado de completa submissão. O Islam entende que uma mulher não tem vida própria se sua única fonte de informação é o marido em casa.

3.3 - Liberdade de expressão
Por isso, no Islam ela tem direito à liberdade de expressão, tanto quanto o homem. Suas opiniões são levadas em consideração e não podem ser desrespeitadas sob a alegação de serem provenientes de uma mulher. Há diversos relatos a respeito da participação efetiva das mulheres, não só expressando sua opinião como também questionando e participando de discussões sérias com o Profeta. A propósito, o Alcorão tem a seguinte passagem:

Em verdade, Deus escutou a declaração daquela que discutia contigo, acerca do marido, e se queixava em oração a Deus. Deus ouviu vossa palestra, porque Ele é Oniouvinte.
Aqueles, dentre vós, que repudiam as suas mulheres através do zihar, saibam que elas não são suas mães. Estas são as que os geraram; certamente, com tal juramento, eles proferiram algo iníquo e falso; porém, Deus é Absolvedor, Indulgentíssimo. (Cap. 58:1-2)

Este relato se refere Khawlah, esposa de Auss Ibn Assámet, que havia se divorciado dela, seguindo um costume idólatra, apesar de ele ser muçulmano. O expediente era conhecido como zihar e consistia em dizer para a esposa que a partir daquele momento ela era considerada sua mãe. Isto liberava o marido de qualquer responsabilidade conjugal sem dar, no entanto, liberdade para ela abandonar o lar ou contrair novo matrimônio. Tendo ouvido estas palavras de seu marido, a mulher foi ter com o Profeta, na esperança de que ele resolvesse o seu caso. O Profeta era de opinião que ela deveria ser paciente, desde que parecesse que não havia outro caminho. No entanto, ela continuou questionando Mohammad quando veio a revelação que constitui os versículos acima. Portanto, como vemos, a mulher no Islam tem o direito de argumentar, mesmo que seja com o Profeta do Islam. Ninguém tem o direito de instruí-la a se calar.

Em primeiro lugar, deve ser esclarecido que o Islam entende que o papel da mulher na sociedade como mãe e esposa, é o mais sagrado de todos. Nenhuma babá ou empregada pode substituir a mãe no seu papel de educadora de uma criança.
A regra geral na vida política e social é a participação e a colaboração de homens e mulheres nas questões públicas. O Islam não exige, como algumas pessoas pensam, que a mulher fique confinada em sua casa até a morte. Em toda a história do Islam há relatos suficientes que comprovam a participação da muçulmana nas questões públicas, nas funções administrativas, na erudição e ensinamentos e mesmo nos campos de batalha, ao lado do Profeta.. Não há no Alcorão, ou nas sunas do Profeta, qualquer texto que impeça a mulher de exercer qualquer posição de liderança, exceto na condução da prece, por motivos óbvios que serão vistos mais adiante, e na liderança do estado. Um chefe de estado não é apenas decorativo. Ele exerce funções inerentes ao cargo, viaja, negocia com outras autoridades, participa de encontros confidenciais com tais autoridades. São atividades, muitas das vezes, não são condizentes com as diretrizes traçadas pelo Islam para a interação entre os sexos.

Registros históricos comprovam que as mulheres participavam da vida pública em igualdade de condições com os muçulmanos, principalmente em tempos de emergência. Elas combatiam nas guerras, cuidavam dos feridos, preparavam suprimentos, ajudavam os guerreiros, consultavam diretamente o Profeta a respeito de assuntos pessoais e até íntimos, etc. Jamais houve qualquer barreira que impedisse a integração da mulher na sociedade islâmica. Jamais foram consideradas criaturas desprovidas de alma ou de qualquer mérito. O aconselhamento, o ensinamento religioso, a educação espiritual são atividades exercidas pelas mulheres desde os primórdios do Islam.

3.5 - Direito de contratar

O Islam garante à mulher direitos iguais para contratar, para assumir empreendimentos, para ter ganhos e posses independentemente. Somente no século passado a Europa reconheceu o direito da mulher de contrair obrigações. No Islam, vida, propriedade, honra são tão sagrados para ela quanto para o homem. Se ela cometer qualquer falta sua pena não é maior ou menor do que para o homem, em casos semelhantes, estabelecida pela shariah islâmica. Conta a tradição que certa vez alguém veio ter com o Profeta solicitando a sua intercessão para a filha de uma autoridade que havia sido apanhada praticando roubo. O Profeta então respondeu que ainda que fosse Fátima, sua filha muito amada, que estivesse naquela situação, ele não poderia impedir que a lei fosse aplicada. No Islam, a lei é igual para todos e não exime ninguém em razão de sua posição social.

Estes direitos não estão estabelecidos de uma forma apenas retórica. O Islam tomou medidas para salvaguardá-los e colocá-los em prática como artigos de fé. O Islam não tolera o preconceito contra a mulher ou a discriminação entre os sexos. O Islam reprova todo aquele que considera a mulher inferior ao homem.
3.6 - Direito à Herança

Além do reconhecimento da mulher como um ser independente, considerada como essencial para a sobrevivência da humanidade, o Islam deu à mulher o direito à herança. Antes do Islam, ela não só era privada desta participação como era considerada propriedade do homem.

Seja ela esposa ou mãe, irmã ou filha, a mulher tem participação na herança, e esta participação depende do seu grau de relação com o morto e o número de herdeiros. Esta quota é dela e ninguém tem poder para negar-lhe esta participação, ainda que o morto quisesse deserdá-la. Qualquer um pode, legalmente, dispor de 1/3 dos seus bens, não afetando, assim, o direito de herdeiros, sejam homens ou mulheres. Em alguns casos, o homem recebe 2 quotas na herança ao passo que a mulher fica com uma. Isto não é sinal de preferência ou supremacia do homem sobre a mulher. Eis algumas razões que justificam a medida:
 
No Islam o homem assume as responsabilidades financeiras da completa manutenção de sua esposa e família. É sua obrigação perante a lei assumir todos os encargos financeiros e manter seus dependentes adequadamente. Isto significa que ele herda mais, mas ele é responsável financeiramente por outras mulheres: filhas, esposas, mãe e irmãs.

A mulher no Islam está protegida e segura do ponto de vista material. Se ela é esposa, o marido é o provedor. Se ela é mãe, cabe ao filho o encargo. Se ela é filha, o pai se reponsabiliza por sua manutenção, se ela é irmã, o irmão, e assim por diante. Quando ela é sozinha, não tem ninguém, é evidente que não tem herança a ser recebida e ela passa a ser responsabilidade da sociedade como um todo, cabendo, portanto, ao Estado, prover sua mantença através de ajuda, arrumando trabalho para que ela ganhe seu próprio sustento.

3.7 - Privilégios
A mulher no Islam usufrui de certos privilégios. Durante o período menstrual ela está isenta das preces e do jejum. Ela está isenta, também, de todas as responsabilidades financeiras. Ela não precisa trabalhar ou dividir com o marido as despesas domésticas. Todos os bens de família que ela leva para o casamento são seus e o marido não tem qualquer direito sobre aqueles pertences. Cabe notar que somente no século passado a Europa reconheceu o direito de propriedade à mulher casada, em igualdades de condições com as solteiras, viúvas e divorciadas, com a Lei da Propriedade da Mulher Casada, de 1879. Nenhuma mulher casada é obrigada a gastar um tostão de seus bens para manter a casa. Em geral, a muçulmana tem garantido o sustento em todas as fases de sua vida, seja como filha, esposa, mãe ou irmã. Como filha e irmã ela tem garantido o sustento pelo pai ou irmão respectivamente. Ela também é livre para trabalhar, se assim o quiser, e participar com o seu trabalho das responsabilidades familiares. Não ohá no Alcorão ou na Suna qualquer texto explícito que categoricamente proíba a muçulmana de procurar um emprego lícito. Inclusive, algumas podem ser forçadas a buscar emprego a fim de sobreviverem, principalmente em países onde inexistam medidas que assegurem a estabilidade financeira das viúvas ou divorciadas.

4. DIVÓRCIO
O Islam garantiu aos casais o direito ao divórcio. Aqui cabem algumas explicações a respeito do assunto, uma vez que também o divórcio é objeto de falsas interpretações. Não é verdade que a qualquer tempo basta um marido dizer à sua esposa "Eu quero o divórcio" e pronto, ele está divorciado, largando a mulher (e provavelmente os filhos) à própria sorte, em menos de 1 minuto. O sistema de divórcio no Islam é o mais justo que existe. Se o casal decide se separar, o marido pede o divórcio dizendo "Eu quero o divórcio". A partir de então, começa um tempo de espera que dura 3 períodos menstruais para que seja certificado que a mulher não está grávida. Este períodoo permite ao casal ter um tempo para pensar sobre o que estão fazendo e se é isso mesmo que eles querem. Durante este período, o marido é obrigado a alimentar, vestir e abrigar a esposa. Não há ninguém, nem mesmo advogado, envolvido nesta questão. Findo os três meses, e comprovado que a mulher não está grávida, o divórcio se consuma. Se, por um acaso, a mulher estiver grávida, o marido é obrigado a prover a ex-esposa do necessário até o período do desmame, normalmente 2 anos.
Como podemos observar, não há como comparar as diferentes abordagens, uma vez que o comum no ocidente, pelo menos no Brasil, é a mulher sair sempre lesada de uma separação, sem garantia de direitos mínimos para a sua sobrevivência. Pior, até bem pouco tempo atrás, ela entrava nessa sociedade conjugal com seus próprios bens, que acabava perdendo pelo instituito da comunhão universal de bens, no caso de separação. Somente em 1977, com a lei do divórcio é que a dissolução do casamento favoreceu um pouco mais a mulher, com a introdução do regime da comunhão parcial de bens. Mas, ainda assim, prevalece o conceito de que a obrigação alimentar devida pelo ex-marido fica diretamente relacionada à "conduta moral" da esposa, o que no Brasil, como bem sabemos, quer dizer, essa mulher não pode se casar de novo.

Por outro lado, só a partir de 1962, com a Lei 4.121, conhecida como o Estatuto da Mulher Casada, é que a mulher brasileira alcançou sua capacidade jurídica plena. Até então, ela era considerada relativamente incapaz, do ponto de vista jurídico.
O casamento no Islam é uma bênção santificada, que não deve ser quebrado, exceto por razões relevantes. Os casais são instruídos a procurar salvar a instituição do casamento, por todos os meios possíveis. O divórcio não é comum, a não ser que não haja outra solução. Em outras palavras, o Islam reconhece o divórcio mas não o encoraja. O Islam dá à mulher muçulmana o direito de pedir o divórcio pois reconhece que ela não pode ser refém de um mau marido. Finalmente, é bom lembrar que o divórcio só muito mais tarde foi introduzido na Europa e, no Brasil, há apenas muito pouco tempo, através da Lei nº 65l5, de 26.12.77, do Sen. Nelson Carneiro.

5. O SEXO
Outra questão polêmica com relação ao Islam é a que se refere ao sexo. O Islam não nega, em hipótese alguma, a sexualidade do ser humano, antes pelo contrário. O Islam não advoga a supressão do anseio sexual através do celibato ou do monasticismo. O homem é dotado por seu Criador de impulsos que o impelem às várias atividades que garantem a sua sobrevivência. O principal objetivo do sexo é a própria espécie. O Islam reconhece que o ser humano é tomado por emoções inexplicáveis que o atraem irresistivelmente para o sexo oposto e, por isso mesmo, normatiza as relações entre homens e mulheres. O Islam reconhece a importância do instinto sexual, mas só admite a sua realização através do casamento lícito, proibindo rigorosamente o sexo fora do casamento e tudo aquilo que possa conduzir à sua prática de modo ilícito.

Há uma tradição do Profeta onde ele menciona que a relação sexual entre um casal é recompensada por Deus. Os companheiros ficaram espantados: como era possível ter os desejos e prazeres completamente satisfeitos e, ainda assim, obter recompensa divina? O Profeta, então, respondeu que da mesma forma que uma relação extraconjugal era punida.

O Islam se baseia na crença na revelação divina. A sua lei e a sua moral estão baseadas nos mandamentos divinos. Dentro desse contexto, homens e mulheres devem obedecer a certas regras de comportamento e disciplina, a fim de evitar que o ilícito seja praticado. O Islam tem imposto, recomendado e encorajado certos hábitos com o fim de reduzir as oportunidades para a prática do ilícito. Além disso, toma as precauções necessárias e possíveis, no tocante a sanções materiais, tais como, proibição da promiscuidade, dos encontros reservados entre pessoas do sexo oposto sem a presença de terceiros, etc.

O fato de a mulher ficar atrás do homem durante as orações não indica que ela seja inferior ao homem. Faz parte da disciplina da oração o muçulmano se colocar em fila, ombro a ombro com o seu irmão. As preces islâmicas envolvem atos, movimentos, posturas de prostração, genuflexões que ocasionam contatos corporais e toque involuntário na pessoa que está ao lado, diminuindo a concentração daquele que está em prece. Além do mais, seria inapropriado e desconfortável para uma mulher ficar em tal posição, prostra-se, inclinar-se e colocar a testa no chão, tendo atrás de si uma fileira de homens. Assim, para evitar qualquer embaraço de ambas as partes, o Islam ordenou a organização de filas, homens na frente, e mulheres atrás.

O que deve ser ressaltado é que as proibições são dirigidas a ambos os sexos. O que o Islam proíbe para a mulher, também o faz para o homem. A modéstia é recomendada tanto para homens como para mulheres. A castidade até a realização do casamento é imperativo para homens e mulheres, igualmente. O adultério é proibido tanto para homens como para as mulheres.

Em suma, a forma como Islam encara o sexo é uma linha muito estreita entre dois extremos. O primeiro é desqualificá-lo ao ponto de sua total abstenção, através do celibato ou monasticismo, negando a própria natureza humana, e o segundo é achar que é muito natural fazer sexo com quem quer que seja, em qualquer lugar, sempre que se quiser. Enquanto no ocidente a sensualidade, o amor entre um homem e uma mulher, atributos humanos concedidos por Deus, são reduzidos à sua condição mais baixa e se transformam em libertinagem, pornografia, o Islam não aceita, em hipótese nenhuma, a superexposição do sexo, o sexo pelo sexo, com qualquer um, em qualquer lugar.

6. HIJAB (Véu que cobre a Cabeça)
Finalmente, cabem algumas palavras sobre um dos pontos que mais suscita controvérsias, qual seja o uso do hijab. Por que a mulher deve cobrir a cabeça? Em tese, a resposta é simples: as mulheres devem cobrir a cabeça porque assim Deus o determinou. (Cap. 33:59) Os parâmetros para a modéstia adequada tanto para homens como para mulheres (roupa e comportamento) são baseados nas fontes revelatórias (Alcorão e a Suna autêntica) e, como tal, devem ser respeitados por homens e mulheres crentes por ser de orientação divina com objetivos legítimos.

Alguns muçulmanos acabam por assimilar culturas não islâmicas e adotam seus modos de vestir, de se comportar e acabam influenciando e abalando a integridade das famílias islâmicas. Por outro lado, algumas culturas muçulmanas acreditam que as restrições impróprias e excessivas impostas às mulheres, às vezes até reclusão, são o ideal. Ambos extremos conflitam com os ensinamentos normativos do Islam. A proximidade excessiva ou a reclusão total das mulheres não são condutas adotadas durante o período profético. As mulheres da época do Profeta participavam com os homens em atos de adoração tais como preces e peregrinação, nas praças públicas, na discussão de assuntos públicos (vida política) e nos campos de batalha, quando necessário.
O Islam não fixou padrões tais como estilo, cor, etc., que as muçulmanas devem vestir. No entanto, há alguns requisitos que devem ser atendidos. A roupa deve ser folgada, o tecido deve ser de uma espessura que impeça que a forma do corpo seja percebida. A roupa deve ser simples, nem excessivamente extravagante, para angariar a admiração das pessoas, nem andrajosa, desleixada ou suja. Mas, há outras razões que incluem a exigência da modéstia, como, por exemplo, o fato de que a mulher deve ser percebida por suas qualidades intrínsecas, capacidade e inteligência. Na verdade, o hijab não é apenas uma roupa ou um modo de vestir, mas sim todo um comportamento, uma forma de falar e de aparecer em público, que identifica aquela mulher como sendo muçulmana.

7. CONCLUSÃO
A condição da mulher no Islam é algo ímpar, novo, sem qualquer semelhança com qualquer outro sistema. Se olharmos para as nações democráticas do ocidente, vamos perceber que a mulher não desfruta dessa posição. Ela é mais subjugada a padrões e regras de comportamento do que se supõe que a mulher muçulmana o seja. Ela é o reflexo do poder masculino, onipresente na sociedade ocidental cristã, que tem por objetivo delimitar o papel das mulheres, normatizar seus corpos e almas, esvaziá-las de qualquer saber ou poder ameaçador. A mídia exerce hoje o monopólio, antes exercido pela Igreja, na construção (desconstrução) dessa mulher, impondo valores, regulamentando o cotidiano das pessoas, determinando o uso do corpo de uma perspectiva escatológica. No ocidente, a mulher é compelida a perseguir noções abstratas de beleza , e, muitas das vezes, não percebe que está sendo manipulada pelas companhias de cosméticos, indústrias de roupas e remédios. É um produto tão descartável quanto qualquer mercadoria de supermercado. O rótulo (a aparência) da mulher ocidental tem que obedecer a regras impostas de cima e ingenuamente ela supõe que é livre para escolher a sua roupa, o seu sapato, a cor do seu cabelo.

A mulher ocidental, desde criança, é ensinada que o seu valor é proporcional à sua beleza, aos seus atrativos. Só consegue um lugar ao sol aquela que se veste assim, que fala assado, que vai ao lugar tal. No Brasil, por exemplo, só consegue emprego quem tem "boa aparência". A mulher, desde cedo é empurrada para um mercado de trabalho selvagem, deslealmente competitivo, tendo de se submeter a toda sorte de humilhações para conseguir o seu sustento.

Foi através de muita luta que a mulher ocidental alcançou esse esboço de liberdade. Foram séculos de uma árdua luta para a mulher conquistar o direito de aprender, de trabalhar, de ganhar o seu próprio sustento, de ter a sua própria identidade, de ter personalidade e capacidade jurídica. Esta mulher pagou um alto preço para provar sua condição de ser humano, provido de alma. A posição que a mulher ocidental de nossos dias desfruta foi conquistada pela força e não por um processo de mútuo entendimento. Ela abriu o seu caminho à força, a custa de muitos sacrifícios, abrindo mão de sonhos e ideais. Muitas vezes as circunstâncias a empurraram para um campo de batalha até então desconhecido. E apesar disso tudo, de toda essa guerra, de tão pesados sacrifícios e lutas dolorosas, ela ainda não conquistou o que o Islam estabeleceu para a mulher muçulmana por decreto divino.

De tudo o que foi dito, podemos inferir que a condição das mulheres nas sociedades islâmicas atuais é a ideal? É compatível com o que estabelece o Islam? Não, é claro que não. Mas, rotular a condição da mulher no mundo muçulmano de hoje como "islâmica" está tão longe da verdade quanto imaginar que a condição da mulher ocidental é de total liberdade para usufruir direitos. Sabemos que em muitas partes do mundo muçulmano ainda proliferam as condições opressivas e injustas. Os erros de alguns muçulmanos na condução dos destinos de suas respectivas sociedades apenas provam que o ser humano tem suas limitações. É absurdo tomar como regra geral islâmica o que não passa de interpretações pessoais, contaminadas por todo um contexto sócio-cultural. Os muçulmanos não podem ser julgados com base nas ações de uns poucos e nem esses poucos são amostras significativas do verdadeiro significado do Islam.

O que precisa ficar claro é que não é o Alcorão que necessita ser reexaminado, ou a Suna, e sim a prática humana, que muitas vezes reflete aspectos culturais tão enraizados que distorcem o que foi decretado por Deus. É preciso confrontar o passado e rejeitar práticas e costumes que se contraponham aos preceitos do Islam. Assim, por exemplo, a condição da mulher no Afganistão, que está condenada a ficar reclusa dentro de casa, não reflete os ensinamentos do Alcorão nem tão pouco o exemplo de milhares de muçulmanas, que através da História, tiveram participação efetiva em suas respectivas comunidades. A mulher na Arábia Saudita está proibida de dirigir? Sim, está, mas esta é uma lei saudita, humana, que não vigora no Irã, por exemplo.

O que devemos compreender é que existe uma imensa diferença entre a crença propriamente dita, conforme revelada no Alcorão, e a prática de algumas sociedades supostamente islâmicas. Tais práticas atendem muito mais a aspectos culturais específicos, a interesses particulares, e não representam necessariamente o Islam e nem podem servir de base para se denegrir o verdadeiro sentido do Islam. O Islam ainda tem muito a oferecer à mulher de hoje, em termos de respeito, dignidade, reconhecimento. Basta que ela tenha consciência disso e lute para implantar os ensinamentos islâmicos. Para isso, ela tem todos os os instrumentos à sua disposição.
Fonte:www.sbmrj.org.br

QUARTA PARTE – O JEJUM DOS NOSSOS ANTEPASSADOS

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) -JUMA MUBARAK

Depois da oração, a segunda obrigação dos muçulmanos é o de observarem o jejum, durante o mês de Ramadan. As diversas referências encontradas nos Livros levam-nos a concluir, que a instituição do jejum não é uma novidade e que era uma prática regular dos nossos antepassados, muito antes da era Islâmica. Contudo, os métodos utilizados, eram diferentes daqueles que nos foram instituídos. O nosso Criador, no versículo 2:183 do Cur’ane, refere. “… É-vos prescrito o jejum, como foi prescrito aos vossos antepassados”. Os Árabes da época pré Islâmica observavam o jejum no dia 10 de Muharram, porque foi nesse dia que Deus salvou Mussa (Aleihi Salam), Moisés, que a Paz de Deus esteja com ele, e o seu povo, da perseguição do faraó. Na altura, Deus abriu uma passagem no mar, que lhes permitiu atravessar em segurança. Para além dos Árabes, outros antepassados também observavam o jejum, como forma de penitência, preparação de ritos e cerimônias, conforme podemos confirmar através dos Livros Antigos.

No êxodo 34:28, encontramos a indicação de que Mussa (Aleihi Salam), Moisés, que a Paz de Deus esteja com ele, permaneceu junto do Senhor durante 40 dias, sem comer e sem beber e escreveu nas tábuas as palavras do pacto, os Dez Mandamentos. Em Mateus 17, refere que Um homem aproximou-se de Issa (Aleihi Salam), Jesus que a Paz de Deus esteja com ele e pediu compaixão pelo filho que sofria muito de epilepsia. Antes o apresentou aos seus discípulos que nada puderam fazer. Jesus repreendeu o demônio, o qual saíu do menino e ficou curado. Os discípulos perguntaram a Jesus, os motivos porque eles não o conseguiram expulsar. Respondeu: “Por causa da vossa pouca fé, pois se tiverem fé do tamanho de um grão mostarda (a menor semente que se conhece) direis a este monte, passa para ali e ele há de passar e nada vos será impossível. Mas isto só se consegue à força da oração e do jejum”. Outra referencia à cerca de Issa (Aleihi Salam), Jesus que a Paz de Deus esteja com ele: No deserto foi tentado pelo diabo, jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e por fim teve fome. Depois de rejeitar as tentações terrenas do diabo, disse: “está escrito, nem só do pão viverá o homem, mas (também) de toda a palavra que sai da boca de Deus”. Depois vieram os anjos e o serviram.

No tempo dos nossos antepassados, a pobreza era imensa e a falta de alimentos provocava uma fome extrema, originando doenças e danos físicos. Mas mesmo assim, tinham um elevado sentido de fé e de esperança em Deus. O mesmo se passou no tempo do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), em que havia momentos que as pessoas não tinham nada para comer, incluindo na casa do Profeta, onde muitas vezes o “fogão” não era aceso, durante dias. Amarravam pedras junto ao estômago, para aliviarem as dores provocadas pela fome. No entanto, depois de instituído o jejum do mês de Ramadan, todos observavam o jejum com muito entusiasmo, às vezes desmedido em relação à situação física de cada um, o que levava o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) a intervir, para acalmar o entusiasmo e os ânimos.

O Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) observava jejuns voluntários (nafl) em dias seguidos e as pessoas pensavam de que ele assim continuaria jejuando para sempre. Depois deixava de jejuar, durante dias e então pensavam de que ele não iria jejuar mais. Durante o mês de Shabaan, jejuava quase todo o mês e pensavam de que ele iria jejuar todo o mês. Somente no mês de Ramadan é que jejuava o mês inteiro. Em qualquer mês do ano, tinha por hábito jejuar às segundas e às quintas feiras. Também recomendava as pessoas jejuarem 3 dias por mês.

Referiu que quem jejuar 6 (seis) dias de Shawal, é como tivesse jejuado todo o ano.

Jejuava e recomendou para assim fazerem nos dias de grande significado religioso, como por exemplo, no dia de Arafa e no décimo dia de Muharram (Ashura). O Profeta (Salalahu Aleihi Wasslam) proibiu os seus Sahabas (Radiyalahu an-huma) de jejuarem continuadamente todo o ano. Recomendou que quem pretendesse fazer jejuns facultativos, o poderia fazer, mas descansando depois vários dias. Para os que insistiam competir com ele, nos jejuns seguidos, recomendava prudência e referia o Jejum do Profeta Daúde (Aleihi Salam), David, que a Paz de Deus esteja com ele, que jejuou um dia e descansou outro, sendo este o melhor jejum. Durante o Mês de Ramadan, o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) tinha por hábito fazer jejuns ininterruptos (saum wisal) e proibiu os sahabas de fazê-lo. Quando foi interrogado por que podia ele fazer e eles não, respondeu: “Eu não sou como vocês, o meu Senhor me provisiona de beber durante a noite em que eu fico nesse estado”.

Nos nossos tempos, infelizmente, a fome ainda continua, mas nada se compara com o sofrimento dos nossos antepassados. Então, sendo o mesmo Cur’ane, o mesmo Profeta, a mesma orientação que encontramos nos hadices, então porque motivos a nossa fé e a esperança em Deus se encontram no nível abaixo do desejado? O nosso bem estar e as nossas condições materiais, serão o entrave? Nada disto justifica a situação, porque também na altura, no meio de tanta pobreza, existiam pessoas ricas, mas que o comércio não lhes distraía no cumprimento das obrigações religiosas. As suas condições materiais lhes permitiam fazer tudo o que os pobres cumpriam, mais ainda, distribuindo a caridade e libertando escravos. “Homens, a quem nem o negócio, nem o comércio distrai da recordação de Deus, nem da observância da oração, nem do pagamento do zakat…… E Deus dá provisão a quem quer, sem medida”. Cur’ane 24:37 e 38.

Um bom dia de Juma. Votos da continuação de um bom mês de Ramadan.

Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.

"Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá - 26/07/2012