quinta-feira, agosto 23, 2018

Vivendo Junto com Não-Muçulmanos no Ocidente

Em nome de Deus o Clemente e Misericordioso!

Com 56 milhões de Muçulmanos na Europa e mais de 10 milhões nas Américas, existe um nível sem precedentes de interação entre pessoas de todas as fés. Então como um Muçulmano conduz a si mesmo?
Gentileza ao lidar com as pessoas e cumprimentar os não-muçulmanos
O Profeta () e seus Companheiros depois dele mostravam gentileza e generosidade para os não-muçulmanos dentre os judeus, os cristãos e pagãos como um meio de amaciar seus corações em relação ao Islām. Isso não era do aspecto de se acomodar com seu politeísmo, incredulidade, pecado e oposição deles contra o Islām – melhor dizendo, era com o propósito de convidar para o Islām, sua beleza e justiça. Isso é dentre as maneiras de chamar as pessoas para aceitar a beleza do Islām. Quantos não-muçulmanos aceitaram o Islām meramente com base na boa conduta que eles viram em um Muçulmano! Então essa questão não pode ser subestimada de forma alguma. ‘Abullāh bin ‘Amr (que Allāh esteja satisfeito com ele) mencionou que ele abateu um bode ou um carneiro e então disse ao seu servente:
Você mandou um pouco para o nosso vizinho judeu? Em verdade, eu ouvi o Profeta () dizer: “Jibrīl não cessou de me exortar em relação ao vizinho, tanto que eu achei que ele fosse herdar de mim!” [Al-Albānī, Al-Irwā, 891]
Abū Mūsā (que Allāh esteja satisfeito com ele) escreveu para um não-muçulmano e o cumprimentou com as saudações de Salām na sua carta. Então foi dito a Abū Mūsā:
“Você o cumprimentou enquanto ele é um não-muçulmano?” Ele respondeu: “Ele escreveu para mim e me cumprimentou então eu o cumprimentei de volta.” [Al-Bukhārī em Adab Al-Mufrad, nº 1101 e essa narração é Ṣaḥīḥ (autêntica)]
Shaykh Al-Albānī (que Allāh tenha misericórdia dele) disse que é permissível iniciar um cumprimento com outro além do Salām, tal como dizer: “Como você está essa manhã?”, ou “Como você está essa noite?”, ou “Tudo bem?”, entre outros. Começar dessa maneira é permissível. ‘Alqamah (que Allāh tenha misericórdia dele) disse: ‘Abdullāh bin Mas’ūd cumprimentava os não-muçulmanos agitando a mão. [Al-Bukhārī em Adab Al-Mufrad, nº 1104 e essa narração é Ṣaḥīḥ (autêntica)]
Se um não-muçulmano diz a um muçulmano “as-salāmu ‘alaykum (que a paz esteja sobre vocês)”, então uma pessoa responde com o que é equivalente a isso, que é “wa’alaykum us-salām (e sobre vocês esteja a paz)”. E essa posição é apoiada pelo dito de Ibn ‘Abbās (que Allāh esteja satisfeito com ele e seu pai) que disse: Responda o cumprimento de Salām sobre o judeu, o cristão ou o magus (zoroastra). Isso é porque Allāh disse:
 “Quando fordes cumprimentados com um cumprimento, cumprimentai de volta com um que é melhor ou (pelo menos) da mesma maneira.” [Sūrah An-Nisā (4):86] . [Coletado por Al-Bukhārī em Adab Al-Mufrad, nº 107. Ibn Jarīr Aṭ-Ṭabarī em At-Tafsīr, 10039 e essa narração é Ṣaḥīḥ (autêntica)]
E o que apoia isso de forma mais além é o que foi narrado de Sa’īd bin Jubayr (que Allāh tenha misericórdia dele) de Ibn ‘Abbās (que Allāh esteja satisfeito com ele) que disse:
Se o próprio Faraó me dissesse: “Que Allāh te abençoe.” Eu responderia: “E a você também.” Coletado por Al-Bukhārī em Adab Al-Mufrad, nº 1113, Aṣ-Ṣaḥīḥah 2/329 – autêntico sob as condições do Imām Muslim]
Além disso, Allāh () disse:
Allāh não vos proíbe de lidar justamente e gentilmente com aqueles que não lutam contra vós por conta da religião e não vos expulsam das vossas moradias. Em verdade, Allāh ama aqueles que lidam com equidade.” [Sūrah Al-Mumtaḥanah (60):8]
Então esse versículo é claro no comando do bom tratamento aos incrédulos dentre os compatriotas – aqueles que estão em paz com os crentes, não os prejudicam e lidam com eles justamente. E não há dúvida que se um deles cumprimenta com palavras claras dizendo “assalāmu ‘alaykum (que a paz esteja sobre vocês)”, então a pessoa deve responder com o mesmo.
Shaykh ‘Abdul-‘Azīz bin Bāz (que Allāh tenha misericórdia dele) disse, em relação ao tratamento de vizinhos não-muçulmanos:
Uma pessoa deve ser boa ao seu vizinho: não prejudicá-lo, dar caridade a ele se ele for pobre, der-lo-lo presentes e aconselhá-lo naquilo que é de benefício para ele porque tudo isso vai dar para ele um desejo pelo Islām e será uma causa da sua entrada nele. E isso é devido ao fato de que o vizinho tem direitos no Islām. O Profeta () disse: “Jibrīl não cessou de me exortar em relação ao vizinho, tanto que eu achei que ele fosse herdar de mim!” Existe consenso sobre a autenticidade dessa narração. Então, se um vizinho é um incrédulo, ele ainda tem direitos de um vizinho – e se ele é um incrédulo, um vizinho e um parente, então ele tem dois direitos: os direitos de um vizinho e os direitos de um parente. E é legislado dar caridade a um vizinho que é incrédulo ou até mesmo se ele não for um vizinho. A cunhada do Profeta Muḥammad () Asmā bint Abī Bakr foi visitada pela mãe dela em Madīnah durante o Tratado de Ḥudaybīyah. Ela era uma pagã convicta e queria ajuda. Então Asmā (que Allāh esteja satisfeito com ela) buscou permissão do Profeta () quanto a se ela deveria manter laços com a sua mãe, então ele respondeu: “Sim, mantenha laços com ela.” 
Quanto ao Zakāh, uma pessoa é permitida dar o Zakāh a um não-muçulmano para aproximar seus corações ao Islām. Quanto a participar [ou parabenizar] pelas suas festas e celebrações, então um muçulmano não é permitido a fazer isso.
[Vide: Majmū’ Al-Fatāwā  Ibn Bāz e http://www.binbaz.org.sa/mat/290 (levemente resumido)]
Em julho de 2000, o Shaykh Muḥammad bin Ṣāliḥ Al-‘Uthaymīn (que Allāh tenha misericórdia dele) deu um extraordinário conselho direcionado aos muçulmanos vivendo no Reino Unido:
Eu convido vocês a terem respeito por aquelas pessoas que têm o direito de serem respeitados, daqueles dentre vocês e com quem existe um acordo. A terra na qual vocês estão vivendo é tal que existe um acordo entre vocês e eles (ou seja, vocês estão em paz com eles e não em guerra). Se esse não fosse o caso, eles teriam matado ou expulsado vocês. Então preservem este acordo e não se provem traiçoeiros a ele, já que a traição é um sinal dos hipócritas e não é da maneira dos Crentes. E saibam que é autenticamente relatado do Profeta () que ele disse: “Quem quer que mate uma pessoa que está sob um acordo de proteção não sentirá a fragrância do Paraíso.” Não sejam enganados pelos tolos que dizem: “Aquelas pessoas são não-muçulmanas, então a riqueza deles é lícita para desapropriarmos.” Por Allāh, isso é uma mentira! Uma mentira sobre a Religião de Allāh e uma mentira sobre as sociedades islâmicas. Então nós não podemos dizer que é lícito ser traiçoeiro com as pessoas com quem nós temos um acordo. Ó, meus irmãos! Ó, juventude! Ó, Muçulmanos! Sejam verídicos na sua compra e venda, e no seu aluguel e locação e em todas as transações mútuas. Veracidade é dentre as características dos Crentes. Allāh () comandou:
يَا أَيُّهَا الَّذِينَ آمَنُوا اتَّقُوا اللَّهَ وَكُونُوا مَعَ الصَّادِقِينَ
“Ó, vós que credes, temei e mantende vosso dever a Allāh e estai com os Verídicos.” [Sūrah At-Tawbah (9):119]
E o Profeta () encorajou com a veracidade e disse: “Adiram à veracidade, porque a veracidade leva à piedade e a piedade leva ao Paraíso. E uma pessoa continuará a ser verídica e se esforçará em ser verídica, até que ele seja escrito com Allāh como uma pessoa verídica.” E ele alertou contra a falsidade e disse: “Cuidado com a falsidade, porque a falsidade leva à perversidade e a perversidade leva ao Fogo. E uma pessoa continuará a mentir e se esforçará em mentir, até que ela seja escrita com Allāh como um grande mentiroso.” Ó, meus irmãos Muçulmanos! Ó, juventude! Sejam verdadeiros nos seus ditos com seus irmãos e com aqueles não-muçulmanos com quem vocês vivem juntos, para que vocês os convidem para o Islām com as suas ações. Quantas pessoas existem que entraram no Islām por causa do comportamento e das maneiras dos Muçulmanos, sua veracidade e em serem verdadeiros nas suas relações?”
Essa fina etiqueta e justiça foram da conduta do Profeta () com os incrédulos. Ele os chamava com sabedoria e gentileza que foi reconhecida e testemunhada pelos não-muçulmanos. Quando Heráclio, o Imperador cristão dos romanos, perguntou a Abū Sufyān, um então veemente oponente do Profeta ():
“Com o quê Muḥammad os comanda?” Abū Sufyān respondeu: “Adorar Allāh e não adorar coisa alguma junto a Ele e abandonar o que nossos pais diziam [em adoração a outros além de Allāh]. E ele ordena com a oração, caridade, castidade e juntar os laços de família.” Ao ouvir as honestas palavras de Abū Sufyān, Heráclio disse o seguinte: “Se o que você disse é verdade, ele irá em breve ocupar esse lugar debaixo dos meus pés e eu sabia que um Profeta iria aparecer, mas eu não sabia que ele seria dentre vocês. Se eu o alcançar, eu imediatamente iria me encontrar com ele – e se eu estivesse com ele, certamente eu iria lavar seus pés.”[Coletado por Al-Bukhārī]
Reconhecer os Cumprimentos dos Incrédulos, mesmo que Eles Sejam Tiranos .
Abū Sinān (que morreu em 132 H que Allāh tenha misericórdia dele) disse:
Eu disse a Sa’īd bin Jubayr (m. 95 H): “Um magus adorador do fogo se inclinou a mim e me deu as saudações de salām, eu deveria responder a ele?” Então ele respondeu: Eu perguntei a Ibn ‘Abbās (que Allāh esteja satisfeito com ele) sobre algo similar, então ele me respondeu dizendo: “Mesmo se o próprio Faraó dissesse algo para mim de bem, eu o responderia da mesma forma.”[Vide: Mudārāt An-Nās, de Ibn Abī Dunyā, nº 108. Al-Hadā’iq de Ibn Al-Jawzī, 3/102]
Imām Al-Qurtubī (que Allāh tenha misericordia dele) disse: “É obrigatório sobre uma pessoa que sua fala para as [outras] pessoas seja gentil. Allāh disse para Mūsā e Hãrūn:
E falai com ele com fala macia, para que talvez ele possa ser lembrado ou tema [a Allāh]. [Sūrah Ṭā-Hā (20):44]
Então [hoje] aquele que fala às pessoas não é melhor do que Hārūn e Mūsā – e aquele a quem está se falando não é pior do que o Faraó. E ainda assim, Allāh comandou os dois a serem gentis com ele. [Al-Jāmi’ li Aḥkām Al-Qur.ān (2/16)]
Então, quando uma pessoa da Sunnah fala e responde de forma gentil a algum cumprimento de um não-muçulmano, isso de maneira nenhuma necessita que ele tenha dado aliança à Religião dos cristãos, judeus ou pagãos ou que ele esteja glorificando aquele a quem ele está se dirigindo, ou que ele aprovou a tirania que pode ter sido cometida por eles.
A Conduta do Profeta () e dos Companheiros com os Judeus e Outros Incrédulos
Ibn Abī Laylā (que Allāh tenha misericórdia dele) disse:
Qays bin Sa’d e Sahl bin Ḥunayf (que Allāh tenha misericórdia deles) estavam ambos em Qādisīyah quando um cortejo fúnebre passou por eles e ambos se levantaram. Então foi dito a eles: “Em verdade, ela [a pessoa morta] é uma pessoa dessa terra, uma mulher judia.” Então eles disseram: “Um funeral passou pelo Mensageiro de Allāh () e então ele se levantou. Foi dito a ele: ‘É um funeral de uma mulher judia.’ Então ele respondeu: ‘Ela não é uma alma?’” [Muslim, nº2224. Então o próximo capítulo [da sua coleção] tem o título “Capítulo: Ab-rogação de se Levantar para Funerais.” Seja para muçulmanos ou não-muçulmanos.]
Anas bin Mālik (que Allāh esteja satisfeito com ele) disse:
Havia um jovem judeu que servia o Mensageiro de Allāh (). Um dia ele ficou doente e então o Mensageiro () foi visita-lo. Ele sentou próximo à sua cabeça e disse a ele: “Abrace o Islām.” Então o garoto começou a olhar para o pai dele que estava presente. Seu pai disse: “Obedeça a Abūl-Qāsim (ou seja, o Mensageiro)!” E então o garoto se tornou Muçulmano. O Mensageiro () disse: “Todos os louvores são para Allāh que o salvou do Fogo.” 
[Coletado por Al-Bukhārī]
 E Allāh sabe melhor. Que a paz e a boa menção de Allāh estejam sobre o Profeta Muḥammad, sobre sua família, seus Companheiros e aqueles que os seguem até o Dia do Juízo. Traduzido originalmente por: Abu Khadeejah ‘Abdul-Wahid https://ahlussunnahfortaleza.wordpress.com/2017/08/24/vivendo-junto-com-nao-muculmanos-no-ocidente-abu-khadeejah/

sexta-feira, julho 27, 2018

Islam e as Escolas de Jurisprudência.

Em nome de Deus, O Clemente, O Misericordioso

Nos dias do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) os primeiros muçulmanos costumavam recorrer diretamente a ele para o esclarecimento das questões e dúvidas sobre os mais diversos assuntos. Após o falecimento do Profeta (S.A.A.S.) certas questões e circunstâncias novas surgiram entre os muçulmanos, o que é absolutamente normal nas sociedades; nessa época as pessoas recorriam a alguns dos companheiros do Profeta (S.A.A.S.) tais como Ali Ibn Talib, Abu Bakr, Omar (RAA), Abdullah Ibn Abbas, Abdullah Ibn Masud e outros. Assim, eles encontravam eventualmente pareceres levemente divergentes sobre algumas questões, as vezes, tão logo que uma opinião correta ou mais apropriada tornava-se conhecida as pessoas a adotavam. 

A geração que se seguiu recorreu aos Tabi`in (discípulos dos companheiros), viu-se então mais pessoas exercendo o Ijtihad com diferenças de opinião, muito embora ainda não existisse escolas de jurisprudência como existem hoje. Após o assassinato do terceiro Califa, Uçman Ibn Affan, a maioria dos muçulmanos juraram fidelidade ao Califa Ali Ibn Abu Talib (RAA) porém, Muawiah ibn abu Sufian recusou-se a isso. Ele estabeleceu um estado independente na Síria e escolheu seus próprios sábios jurisconsultos. Isto provocou a cisão entre os muçulmanos, num tempo em que a maioria dos muçulmanos e dos companheiros do Profeta (S.A.A.S.) consideravam Ali (RAA.) o legítimo Califa e o mais sábio de todos eles. 

Quando Muawiah levantou-se contra Imam Ali (RAA.) perpetrando a guerra e a rebelião contra um governante legítimo e justo, havia uma forte tendência a aceitação do Imamato de Ali (RAA.) e de seus dois filhos, Hassan e Hussein (RAA), a quem o Alcorão honrou e ordenou o amor e a salvaguarda. Um desse movimento que fizeram oposição a Muawiah (e dos hipócritas que há muito ansiavam dividir os muçulmanos) é o que se chama hoje de Xiismo.

Após o martírio do Califa Ali (RAA.), seu filho Hassan (RAA.) foi estabelecido como Califa, entretanto, Muawiah fortaleceu sua oposição diante do fraco empenho dos muçulmanos em apoiar o legítimo Imam. Imam Hassan (RAA.) viu-se forçado a abdicar e ceder o Califado sob um acordo com Muawiah, afim de interromper a crescente onda de divisão entre os muçulmanos. Todavia a situação agravou-se quando Yazid Ibn Muawiah, que sucedeu seu pai no califado de modo odioso e covarde, investiu contra a Família do Profeta (S.A.A.S.), martirizando seu neto Hussein (RAA.), seus companheiros e parentes em Karbala (Iraque), no ano de 61 da hijra. 

Até este tempo não existiam escolas distintas de jurisprudência como hoje existem. Muito embora existissem duas facções políticas em oposição: Os que apoiavam a Família do profeta (S.A.A.S.) e os que apoiavam o clã omíada (o clã de Muawiah). 

Após a metade desse primeiro século os ensinamentos islâmicos espalharam-se e matérias como a interpretação do Alcorão, as Tradições e o Fiqh tornaram-se bem conhecidas. No segundo século esse processo desenvolveu-se mais ainda, surgiram muitos juristas e Sábios que praticavam o Ijtihad e conseqüentemente, diferentes opiniões e deduções. É por isso que encontramos hoje algumas diferentes opiniões e pareceres jurídicos entre os muçulmanos. Foi somente neste segundo século, sob influência do governo Omíada que estas diferentes opiniões tornaram-se distintas escolas de jurisprudência, sendo que quatro destas escolas foram reconhecidas pelos Omíadas. 

Uma Explanação sobre as Principais Escolas: 

A Escola Hanafi 
É a que segue as opiniões do sábio Abu Hanifa, nascido em 80 (hijra) na Pérsia. Ele foi educado em Kufah, onde estudou com um Tabiin de nome Hammad ibn Abi Salamah por 18 anos. Logo, tornou-se um sábio destacado de seu tempo desenvolvendo seus próprios pareceres e exercendo o Ijtihad. Baseava-se em “opinião e analogia”, metodologia que foi refutada por Imames de outras escolas (Malik, Hambal, Jáfar entre outros). Sua escola de pensamento espalhou-se por diversas partes do mundo islâmico e hoje é majoritária entre os muçulmanos. 

Abu Hanifa viveu por 52 anos sob o governo Omíada; não concordando com este governo e acreditando que o direito ao califado pertencia aos filhos de Ali (RAA), Abu Hanifa emitiu um fatwa (parecer) em apoio à revolução dos Alawi liderada por Zaid ibn Ali Ibn Hussein, chegando mesmo a asseverar sobre o pagamento de Zakat àqueles revolucionários. Os Omíadas, tentando cooptar seu apoio ofereceram a posição de juiz a Abu Hanifa que recusou. Em virtude disso foi preso e chicoteado por alguns dias quase até a morte, porém o carcereiro ajudou-o a fugir. Ele refugiou-se em Makka e Medina por 2 anos, permanecendo em Medina até a queda dos Omíadas e a ascensão dos Abássidas. Abu Hanifa recusou-se a cooperar com os abássidas e conseqüentemente foi aprisionado por Mansur, que ordenou que o torturassem, assim, ele foi assassinado a chicotadas (110 chicotadas). 

Abu Hanifa disse: "Esta é minha opinião e isto é o melhor do que eu posso pensar disso. Se alguém trouxer outra opinião nós podemos aceitá-lo. É haram para qualquer pessoa emitir Fatwa baseado em minhas palavras sem conhecer minha prova.” 

Depois de sua morte seus discípulos, como Abu Yusuf, entraram em bons termos com os Abássidas, fazendo uso de seus postos no governo para propagar suas opiniões. 

A Escola Maliki 
É a que adota o Fiqh de Malik Ibn Anãs nascido em Medina em 93 (hijra). Malik estudou com alguns juristas de seu tempo como Nafi, o escravo liberto de Abdullah Ibn Umar e também com o Imam Jafar Assadeq (RAA.). 

Durante o período Omíada ele alcançou fama como sábio, depois da queda dessa dinastia e a ascensão dos abássidas, ele também emitiu Fatwa conclamando apoio popular à revolução de Mohammad Ibn Abdillah Ibn al-Hassan. O governo abássida aprisionou-o e flagelou-o com 50 chicotadas até que seu ombro direito fosse deslocado devido a violência dos golpes. Posteriormente, o Califa Mansur mudou seu pensamento e melhorou suas relações com Malik, e solicitou que ele escrevesse um livro jurídico para que fosse adotado pelo povo. Malik escreveu al-Mawwata, e deste modo seu Fiqh propagou-se especialmente pelo norte da África e em Andaluzia. Malik morreu em 179 (hijra). 

Sobre sua opinião jurídica ele costumava dizer: “Eu sou humano e posso estar certo ou errado; assim, comparem o que eu digo ao Alcorão e a Sunna”. 

A Escola Xafyy 
Segue os ensinamentos de Mohammad ibn Idris Xafi, que nasceu em 150 (hijra). Ele instruiu-se com vários ulama (sábios) de seu tempo, tais como Muslim Ibn Khalid al Makhzumi e Malik Ibn Anas. Após a morte de Málik , Xafi exerceu algumas funções oficiais no Iêmen. Durante o governo de Ar-Rashíd em 178 (hijra) ele foi acusado de apoio aos Alawitas sendo levado a julgamento em Bagdá com outros prisioneiros. Alguns foram mortos, Xafi porém, escapou da morte e viajou para o Egito e ali se estabelecendo desenvolveu seu Fiqh, o qual se propagou por vários países islâmicos. 

A Escola Hambali 
Segue os ensinamentos de Ahmad Ibn Hambal nascido em 164 (hijra) em Bagdá. Ele foi discípulo de Xafi e de Abu Yusuf, e também aprendeu com outros Sábios de sua época. Sua escola não se expandiu tanto como as anteriores, ficando circunscrita especialmente no Hijáz (região da Península Arábica). Hambal faleceu em Bagdá em 241(hijra). 

A Escola Jafari (Xiita) 
Essa escola xiita ou Fiqh Jafari, em virtude de seu caráter único e historicamente reivindicador do direito dos Ahlul Bait (Descendentes Diretos do Profeta (S.A.A.S.) permaneceu como uma oposição ao governo Omíada, não sendo portanto reconhecida pelos mesmos. 

Imam Jafar Assadeq (RAA) nasceu em 82 (hijra), durante a dinastia omíada. Ele foi educado e instruído sob a supervisão de seu pai, Imam Mohammad al-Baquer (RAA) de quem recebeu os ensinamentos legados de geração em geração provindos diretamente do Profeta (S.A.A.S.), com base nesse legado Imam Jafar (RAA.) emitiu milhares de pareceres concernentes às mais diferentes e variadas questões, sistematizando o Fiqh xiita e proporcionando um vasto conhecimento a inúmeros sábios. O número de estudantes e confiáveis narradores e teólogos que receberam seu conhecimento foi estimado em 4000, e certos historiadores calculam que este número tenha sido muito maior. 

Os sábios e historiadores contemporâneos reconheceram seus méritos, seu ascetismo e sua erudição. Malik Ibn Anas (imam dos malikitas), que estudou com ele, declarou: “eu costumava visitá-lo em tempo integral e eu nunca o vi em outro desses 3 estados: ou estava em prece, ou em jejum ou estava recitando o Alcorão”. 

Imam Jáfar (RAA) narrou milhares de tradições citando como fontes seus antecessores, debateu com grandes sábios e filósofos, refutou os ateístas e apóstatas provando falsos seus desvios e opiniões equivocadas. Sobre a autoridade de seus ensinamentos disse: “Minhas tradições são as de meu pai e as tradições dele são as de meu avô, e as de meu avô são as de Ali Ibn Abu Taleb, e as de Ali Ibn Abu Taleb são as do Mensageiro de Deus, e as tradições do Mensageiro de Deus são as palavras de Deus, O Poderoso, O Altíssimo.” 

Imam Jafar (RAA.) morreu aos 68 anos em 148 (hijra), seu corpo purificado repousa no cemitério de Baqi em Medina. 

Conclusões Importantes 

Nós sabemos que o Islam trazido pelo Profeta (S.A.A.S.) não tinha seitas ou diferentes preceitos, as atuais diferenças foram geradas por circunstâncias políticas e históricas que produziram diferenças do Ijtihad dos sábios. Todos os Muçulmanos são uma única nação (Ummah). Individualmente devemos buscar o entendimento e não alimentar o que divide os muçulmanos, devemos também buscar o preceito correto (pelo estudo e pelo raciocínio) agindo em acordo com o preceito que esteja baseado em correta prova, com ampla compreensão e um fiel testemunho. 

O conhecimento da história verídica dos primeiros tempos do Islam é de suma importância nessa busca, para desfazer as más interpretações e as idéias preconcebidas que os hipócritas e os ignorantes por séculos têm insuflado com o objetivo de confundir e alimentar rivalidades em meio aos muçulmanos. 

Os erros e os desmandos cometidos por tiranos travestidos de líderes da Ummah produziram distorções e desvios que enfraqueceram a nação muçulmana em todos os campos; possibilitaram inclusive que seitas heréticas surgissem alimentando ainda mais o extravio nas camadas populares. Movimentos heréticos e flagrantemente contrários ao verdadeiro Islam como Wahabi na Arábia Saudita, Baha”i no Irã, Ahmadiyah no Paquistão e a Seita Ismaelita são sintomas dessa situação lamentável em que a nação islâmica se encontra. 

Mais do que nunca os verdadeiros muçulmanos devem unir-se e buscar o conhecimento correto que desfaça os desentendimentos que os separam. "Caberá a todo crente e a toda crente buscarem o conhecimento durante toda sua vida" Profeta Muhammad SAAS . "Conhecereis a Verdade e a Verdade Vos Libertará" Iça Aleihi Salam - Ingil JO 8-32.

domingo, junho 10, 2018

O SALAH - A ORAÇÃO NO ISLÃO – 2ª. Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso).

JUMA MUBARAK

“E ordena à tua família o culto (a oração) e sê constante na sua prática...” 20:132 O Salah (oração), consiste em sequências de actos físicos e de orações/preces, que são repetidos em cada oração. Cada sequência chama-se “Rakah”. O número de rakahs é diferente para cada uma das 5 orações obrigatórias prescritas para o dia e também para a oração congregacional de Juma (sexta-feira), dia sagrado para os muçulmanos.

São 5 orações diárias, prescritas para cada hora do dia: Fajr, antes do nascimento do sol; Dhuhr, a meio do dia; Assr, a meio da tarde; Maghrib, imediatamente após o pôr do sol; e à noite, Isha’a, com início, cerca de uma hora e meia após o pôr do sol. Nas sextas-feiras é efectuado o salat de Juma, em congregação, que substitui o salat Dhuhr.

Em cada uma das 5 orações, temos as rakats obrigatórias (Fard), as feitas insistentemente ou não pelo Profeta (Sunnah), as facultativas (Nafl) e as de número impar, efectuadas depois da ultima oração da noite (Witr). Nos Sunnah, existem duas categorias; as feitas com insistência pelo Profeta (Sunnat-Mu’akkadah) e as feitas ocasionalmente (Sunnat-Ghair-Mu’akkadah).

Existem dois tipos de Fard (obrigações): O Fard al-Ayan (obrigação individual) e o Fard al-Kifayah (obrigação da comunidade). O Fard al-ayan, é uma obrigação individual, a qual cada um responderá perante Deus. É o exemplo das 5 orações e do jejum no mês de Ramadan. “A pessoa que perdeu uma oração, é igual aquela que perdeu toda a sua família e bens”. O Fard al-Kifayah é a obrigação da comunidade residente. Se alguns dos residentes o praticarem, estarão os restantes livres das responsabilidades. É o exemplo da oração fúnebre. Se as obrigações não forem
observadas por alguns, então serão todos os membros da comunidade responsabilizados por isso.

Dentro dos Sunitas e nas 4 escolas (imamos), não existe nenhuma divergência no que se refere ao número de rakats para cada uma das orações fards (obrigatórias). No total, são 17 rakats distribuídos pelas 5 orações diárias. No que se refere às orações Sunnah, verificam-se algumas pequenas diferenças nos 4 imamos, mas que não trazem qualquer inconveniente.. Existem hadices autênticos que nos incentivam às
seguintes praticas de orações sunnah, antes ou depois das obrigatórias: 2 rakats antes da oração da manhã; 4 rakats antes e 2 rakats depois da oração fard de Dhuhr; 2 rakats depois de fardh Maghrib; 2 rakats depois da oração obrigatória de Isha’a; 4 rakats depois da oração em congregação de Juma.

As orações devem ser observadas dentro das horas prescritas. No caso de impossibilidade, deve-se efectuar a oração, imediatamente na primeira oportunidade. A oração assim efectuada, depois da hora prescrita, denomina-se de “Qadá”. Quando em viagem, para uma distancia superior a 77 Kms, as 4 rakats para cada uma das orações de Dhuhr, Assr e Isha’a, são reduzidas para 2 rakats. A oração de Witr depois de Isha’a, deve ser feita. É a oração de “Cassr”-Salat al-Mussafir. “E quando viajardes pela terra, não é pecado para vós abreviardes a oração.” 4:101. Referiu
o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): “A redução da oração na viagem é um Sadacah (uma dádiva) que Allah vos deu, portanto aceitai o Sadacah de Deus.”- Relato de Musslim).

Para além das 5 orações obrigatórias, existem outras orações que devem ser observadas, de acordo com as necessidades, ou obrigação como muçulmano, como por exemplo: -Tahiatul Uzhú, 2 rakats depois de se fazer as abluções – prática que garantiu o paraíso a Bilal (Radiyalahu an-hu), Muazin do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam); -Tahiatul Masjid, ao entrar, 2 rakats de saudação à Mesquita; -Salatul Janázah, oração fúnebre em congregação - o muçulmano falecido tem os seus direitos perante a comunidade: ser lavado, ser coberto com um pano branco (cafan) e ser realizada uma oração fúnebre; -Salat Iss’tikhárah, quando o muçulmano necessita de alguma orientação divina para os seus problemas ou quando necessita de escolher entre algumas alternativas permitidas, deve efectuar duas rakats, louvar a Deus, enviar Durud para o Profeta e fazer uma prece; -As orações de Idul Adhá e Idul Fitr, em congregação, nas duas festas religiosas; -Salat Tarawi, durante as noites do mês de Ramadan; -Salat Taubah, com vista a pedir perdão a Deus, por algum pecado cometido; -Salat Haja, quando alguém se debate com algum grave

problema relacionado com este mundo ou com o além (akhirat), deve efectuar 2 rakats, louvar a Deus, enviar Durud e fazer duá (prece): Implorem a ajuda de Deus com paciência e oração”. 2:45; -Salat Tahajud, é a oração facultativa que foi muito praticada pelo Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): devemos acordar à noite efectuar entre 2 ou mais rakats, na solidão e no silencio da noite, mas na presença de Deus,
nosso Criador e Sustentador, fazer duá (prece); -Salat Tasbih, recomendado pelo Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam); -Salat para pedir chuva, quando a comunidade sente os efeitos da seca.

O mundo é uma Mesquita!. O muçulmano pode efectuar as orações em qualquer lugar, desde que se encontre limpo. É uma benesse de Deus, porque qualquer lugar do mundo pode servir para lugar de adoração. Apesar de podermos fazer as orações individualmente, é recomendada a oração em congregação (Jama’ah), nas Mesquitas, na falta destes, nos locais definidos pela comunidade. A oração em congregação vale
25 ou 27 vezes mais, em relação a efectuada individualmente. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) elevou o valor de 3 Mesquitas, conforme foi referido por Anáss Ibn Málik, em IbnMája/Michkat: “A recompensa da oração obrigatória feita em casa é de uma vez; Na Mesquita é de 25 vezes; Na Mesquita durante a oração de sextafeira, é de 500 vezes; Na Mesquita Al-Aqsá (Jerusalém) é de 5.000 vezes; na Mesquita do Profeta em Madina (Massjid Nabawi) é de 50.000 vezes; e na Mesquita em Maka (Massgidul Háram) é de 100.000 vezes.”
Um bom dia de Juma, com muitas e muitas orações.
Cumprimentos,
Abdul Rehman Mangá

terça-feira, junho 05, 2018

INÍCIO DAS ÚLTIMAS 10 NOITES DO MÊS DE RAMADÃO

Prezados Irmãos, Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. A Al Furqán, órgão para estudo e divulgação do Islão em Portugal SAÚDA toda a comunidade em geral e a comunidade islâmica de Portugal, em particular, ao começar a passar nas últimas 10 noites do abençoado mês de Ramdão. 

O mês do Ramadão é uma grande oportunidade para o servo virtuoso de Deus (ár. Allah) que quer se beneficiar e tornar o seu tempo frutífero. Estamos no maior mês do ano, entre as melhores e maiores noites de todas as noites do período e, entre estas noites, há uma noite que é "melhor que mil meses" (A Noite do Decreto). Oramos a Allah (o Altíssimo) para aceitar o nosso jejum, as orações e todas as nossas boas obras. Allah diz: «Ó crentes! Está-vos prescrito o jejum, tal como foi prescrito aos vossos antepassados, para serdes piedosos. Jejuareis determinados dias; porém, quem de vós não cumprir o jejum, por achar-se enfermo ou em viagem, jejuará, depois, o mesmo número de dias. Mas quem, só à custa de muito sacrifício, consegue cumpri-lo, vier a quebrá-lo, redimir-se-á, alimentando um necessitado; porém, quem se empenhar em fazer além do que for obrigatório, será melhor. Mas, se jejuardes, será preferível para vós, se quereis sabê-lo. O mês de Ramadão foi o mês em que foi revelado o Alcorão, como orientação para a humanidade e como evidência de orientação e discernimento. Por conseguinte, quem de vós presenciar o novilúnio deste mês deverá jejuar; porém, quem se achar enfermo ou em viagem jejuará, depois, o mesmo número de dias. Allah vos deseja a comodidade e não a dificuldade, mas cumpri o número (de dias), e glorificai a Allah por ter-vos orientado, e para serdes agradecidos. E quando os Meus servos te perguntarem, por Mim, dize-lhes que estou próximo e ouvirei o rogo do suplicante, quando a Mim se dirigir. Que atendam o Meu apelo e que creiam em Mim, na esperança de serem encaminhados». (Alcorão, 2:183-186)

Sobre o Ramadão: Allah prescreveu o jejum para os muçulmanos num mês especial, o abençoado mês do Ramadão, e fez dele o quarto pilar do Islão. Allah disse O significado do jejum: O jejum no Islão é uma forma de adoração a Deus, abstendo-se de comida e bebida, bem como sexo e outras coisas que anulam o jejum, desde o início do amanhecer até o pôr do sol, quando é feita a chamada para a oração (salat) do Mágrib. 

Virtudes do mês do jejum O mês do Ramadão é o nono mês lunar do calendário islâmico, sendo o melhor dos meses do ano; e é por isso que Allah o tornou especial, concedendo-lhe muitas virtudes, ao contrário dos outros meses. Entre essas virtudes estão: 
1. Que Allah o escolheu para revelar o maior dos Seus Livros: o Alcorão. Allah diz: "No mês de Ramadão foi revelado o Alcorão como orientação para a humanidade e como evidência de orientação e discernimento." (Alcorão 2: 185). 
2. E o Mensageiro de Deus (que a paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele): "Quando começa o Ramadão, as portas do Paraíso são abertas e as portas do Inferno estão fechadas, e o satanás está acorrentado" (Al Bukhari, 3103; Muslim, 1079). Allah preparou este tempo para adorá-Lo, obedecê-Lo e abandonar os maus hábitos. 
3. Para aqueles que jejuam durante o dia e realizam atos de adoração durante a noite, Allah perdoará as suas faltas anteriores. Disse o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele): "Aquele que jejua durante o Ramadão com fé e devoção, Allah perdoará as suas faltas anteriores" (Al Bukhari, 1910, Muslim, 760). E ele (p.e.c.e.) também disse: "Todo aquele que se levantar em adoração durante o Ramadão com fé e devoção, Allah perdoará as suas falhas anteriores" (Al Bukhari, 1910, Muslim, 759). 
4. Neste mês se encontra a maior das noites do ano: a Noite da Predestinação (Láilatu Al Qadr). “A Noite da Predestinação é melhor do que mil meses" (Alcorão, 97: 3). A quem, nesta noite, realiza atos de adoração com fé e devoção, Allah perdoará as suas faltas passadas. Esta noite é uma das últimas dez noites ímpares do Ramadão, e ninguém sabe exatamente qual delas é, embora haja um consenso entre uma parte dos eruditos que seja a 27ª. noite. Ó Allah, ensina-nos o conhecimento que nos beneficie e nos permita alcançar a Noite do Decreto. Ó Allah, Tu és o Perdoador e amas perdoar. Então, perdoa-nos. 

Obrigado. Wassalam (Paz). M. Yiossuf Adamgy Diretor da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán

domingo, junho 03, 2018

O Último Mensageiro de Deus

A crença dos muçulmanos de que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), é o último Profeta de Deus, foi mal entendida por muitos povos, pelo que merece ser explicada.

Esta crença, em caso algum quer dizer que Deus fechou as portas da Sua Misericórdia ou se ausentou, não impõe restrição à ascensão das grandes personalidades religiosas, nem limita o aparecimento dos grandes líderes espirituais, ou que obstrua a evolução dos grandes homens piedosos.

Nem quer dizer que Deus preferiu os árabes, dos quais o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), foi o escolhido; Deus não é partidário de qualquer raça, povo ou geração e a porta de Sua Graça está sempre aberta e sempre acessível aos que a procuram.

Ele fala ao ser humano por qualquer destas formas:

1ª- Por inspiração que ocorre na forma de sugestões ou idéias colocadas por Deus nos corações e pensamentos dos seres humanos que são piedosos;

2ª- Por detrás de um véu que aparece na forma de visões quando aquele que está qualificado para as receber está acordado ou num estado de transe;

3ª- Através do Mensageiro celestial, Gabriel (que a Paz esteja com Ele), que foi mandado a terra com palavras Divinas concretas para transmitir ao escolhido mensageiro humano, está última forma é a mais elevada e aquela em que o Alcorão foi transmitido ao Profeta Muhammad, está confinada só aos Profetas, dos quais o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), foi o último e o selo.

Há outros pontos específicos os quais mostram porque o Profeta Muhammad, é o último profeta de Deus para toda a humanidade.

1º- O Alcorão declara em palavras inequívocas que o Profeta Muhammad, é enviado a todos os seres humanos como Apóstolo de Deus, a Quem pertence o domínio dos céus e da terra.

Deus, diz no Alcorão:

''Dize: Ó humanos, sou o Mensageiro de Deus, para todos vós; Seu é o reino dos céus e da terra. Não há mais divindade além d`Ele. Ele é Quem dá a vida e a morte! Crede, pois, em Deus e em Seu Mensageiro, o Profeta iletrado, que crê em Deus e nas Suas palavras; segui-o, para que vos encaminheis.'' (7ª Surata, versículo 158)

Também estabelece que o Profeta Muhammad, foi enviado só como uma graça de deus a todas as criaturas, humanas e não humanas, igualmente.

Diz Deus no Alcorão:

"E não te enviamos, senão como misericórdia para a humanidade.'' (21ª Surata, versículo 107)

E disse ainda:

"Em verdade, muhammad não é o pai de nenhum de vossos homens, mas sim o Mensageiro de Deus e o postermo dos Profetas; sabei que Deus é Onisciente.'' (33ª Surata, versículo 40)

O Alcorão é a palavra de Deus , e tudo o que diz é a verdade de Deus que todos os muçulmanos defendem e em que todos os seres humanos devem refletir.

A mensagem do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), não é simplesmente um renascimento nacional ou um monopólio racial ou uma entrega temporária à escravidão e opressão.

Nem foi uma mudança abrupta ou uma reversão de tendências da história, a mensagem do Profeta Muhammad (que a paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), foi e certamente que ainda é, um renascimento universal, uma benção comum, uma herança para toda a humanidade e uma entrega espiritual duradoura.

É uma continuação que evolui de mensagens prévias e uma bem balançada incorporação de todas as revelações anteriores.

Transcende todas as limitações de raça, cor, e caracteres regionais, é dirigida a humanidade de todos os tempos e é precisamente o que o ser humano precisa, assim, um muçulmano acredita que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), é o último Profeta porque o Alcorão nos dá o testemunho verdadeiro disso e porque a mensagem do Profeta tem as mais alta qualidade de uma fé verdadeiramente universal e concludente.

2º- O próprio Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), declarou que era o último Profeta de Deus, um muçulmano, ou qualquer outro, sobre este assunto não pode duvidar da verdade desta revelação, durante a sua vida, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), foi conhecido como o mais verdadeiro, honesto e modesto.

A sua integridade e a sua verdade estiveram fora de dúvida não só nas visões dos muçulmanos,mas também nas mentes dos seus oponentes mais aguerridos, o seu caráter, os seus conhecimentos espirituais, e as suas reformas na sociedade, não tiveram paralelo em toda a história da humanidade.

E resta saber se a história pode produzir alguma coisa igual ao Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), ele disse que era o último Profeta, porque está foi a verdade de Deus, e não porque ele quisesse qualquer glória pessoal ou visto nisso ganhos pessoais.

A vitória não alterou a sua conduta, o triunfo não enfraqueceu a suas excelentes virtudes, e a força não corrompeu o seu caráter, ele foi incorruptível,consistente e inacessível a qualquer noção de ganho pessoal ou glória, as suas palavras espalhavam deslumbrante luz de sabedoria e verdade.

3º- O Profeta Muhammad (que A paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), foi o único Profeta que cumpriu a sua missão e completou o seu trabalho em levar a palavra de Deus aos seres humano em vida, antes de morrer, o Alcorão expressou que a religião de Deus tinha sido aperfeiçoada, o favor de Deus aos crentes tinha sido completo e a verdade da revelação tinha sido guardada e será preservada com toda a segurança, quando o Profeta Muhammad (Que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) faleceu, a religião do Islam foi completada e a comunidade muçulmana crente, ficou bem estabelecida.

O Alcorão foi registrado durante a sua vida e preservado na sua total e original versão, todas estas idéias, de que a religião de Deus, tanto no conceito como na aplicação, e que o Reino de Deus tinham sido estabelecidos aqui na terra, foram completadas por Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele). A missão do Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele), o seu exemplo e os seus conhecimentos provaram o ponto de vista de que o reino de Deus não é um ideal que não se possa atingir ou alguma coisa só do outro mundo, mas é alguma coisa deste mundo também, alguma coisa que existiu e floresceu no tempo do Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele), e pode existir e florescer em qualquer época enquanto houver crentes sinceros e homens de fé.

4º- A ordem de Deus de que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), é o último Profeta é baseada na original e pura autenticidade do Alcorão, nos concludentes e únicos conhecimentos do Profeta Muhammad (que a Paz e a Benção de Deus estejam sobre ele), na universalidade do Islam, e na aplicabilidade dos ensinamentos do Alcorão Sagrado para todas as situações, todas as idades e todos os homens.

Esta é a religião que transcende todas as fronteiras e consegue penetrar, apesar de todas as barreiras de raça, cor idioma, idade e estatutos de opulência ou prestígio, é a religião que assegura a todos os seres humanos, igualdade, fraternidade, liberdade, dignidade, paz, honra, guia e salvação.

Esta é a essência pura da religião de Deus, Louvado Seja, e a forma de ajuda que Ele na Sua Misericórdia sempre estendeu ao ser humano desde o início da história.

Com o Profeta Muhammad e o Alcorão Sagrado, culminou a evolução religiosa, no entanto, não significa o fim da história, ou que terminou a necessidade humana do guia divino, isto é só o início de uma nova aproximação, a inauguração de uma nova era, na qual o homem foi suficientemente provido de encaminhamento Divino e de exemplos práticos de que necessitava.

Este divino guia esta contido no Alcorão Sagrado, como a mais autêntica e incorruptível revelação de Deus, e estes exemplos são encontrados na personalidade do Profeta Muhammad (que a paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).

5º-Deus ordenou que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), deverá ser o último Profeta , contudo, esta Divina ordem foi uma antecipação dos grandes acontecimentos históricos que se seguiram, proclamou boas notícias para os seres humanos que deveria entrar em um novo grau de maturidade intelectual e elevação espiritual e que deveria ter de fazer ele próprio, sem novos profetas ou novas revelações, ajudado pelos ricos legados dos Profetas e as revelações, tais como as encontradas no Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), e seus predecessores.

Foi em antecipação deste fato que as culturas, raças e regiões de todo o mundo se tornaram mais fechadas aos outros que o gênero humano poderia fazer bem com uma religião universal na qual Deus ocupa a Sua reta posição e o ser humano se sinta realizado. Foi um testemunho solene para o grande papel que os conhecimentos avançados e os sérios compromissos intelectuais influenciaram em termos de levar o ser humano até Deus, é a verdade que o ser humano pode combinar os seus conhecimentos avançados e o seu forte potencial intelectual com os ensinamentos morais e adaptar-se as Leis de Deus.

A história da ascensão dos Profetas acabou com o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), para dar ao ser humano a evidência de que ele pode amadurecer na sua iniciativa própria, para dar à ciência uma oportunidade para funcionar devidamente e explicar o vasto domínio de Deus, e dar a mente humana uma oportunidade para refletir e aprofundar.

A natureza do Islam é tal que tem uma grande flexibilidade e praticabilidade e pode resolver qualquer situação, a natureza do Alcorão é sem duvida universal, sempre reveladora e segura o seu encaminhamento, a natureza da mensagem do Profeta Muhammad (que a paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) é tal que é dirigida a todos os seres humanos e a todas as gerações.

O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), não foi meramente um líder racial ou um libertador nacional, ele foi, e ainda é, um homem da história e o modelo daquele que procura Deus, nele todos os exemplos podem encontrar alguma coisa para aprender, exemplos excelentes de bondade e piedade para serem seguidos. E nele cada geração pode encontrar a sua esperança perdida.

''E não te enviamos, senão como misericórdia para a humanidade'' (Alcorão Sagrado 21ª Surata, versículo 107)
Fonte: http://www.islamemlinha.com/index.php/artigos/o-profeta-muhammad/item/o-ultimo-mensageiro-de-deus

sábado, junho 02, 2018

Jesus Nas Tradições Muçulmanas

O Hadith é uma das fontes de conhecimento que os estudiosos do Cristianismo têm tentado esconder, pois contém um conjunto de narrativas de testemunhas oculares, sobre aquilo que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse e fez ao longo da sua vida.

A Igreja Romana e os missionários Cristãos criaram uma sofisticada pseudo-sabedoria para desacreditar o Hadith muçulmano, apesar de esta já ter sido submetida ao mais escrupuloso e rigoroso exame da história e da sabedoria.

Ao contrário dos Evangelhos do Novo Testamento, o Hadith só foi aceito, depois de se verificar que a pessoa que está na origem da cadeia de transmissão é de confiança, ou seja, foi companheiro do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), testemunhou diretamente o acontecimento ou ouviu realmente as palavras que o Hadith contém.

Portanto, as pessoas que mais amaram e temeram Deus são os que maior confiança merecem. As coleções mais importantes do Hadith, as do Imam al-Bukhari e de Sahih Muslim, foram reunidas cerca de cento e vinte anos depois da morte do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).

E cobrem todos os aspectos da sua vida e doutrina, constituindo uma parte essencial dos ensinamentos do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele). Aliás, foi a partir das narrativas de testemunhas oculares contemporâneas do Profeta, que se compilaram as coleções de Imam Al Bukhari e Sahih Muslim.

Além do Hadith, também há muitas tradições Muçulmanas que contam o que Jesus (que a Paz esteja sobre ele) disse e fez, a partir do testemunho original dos primeiros seguidores de Jesus (que a Paz esteja sobre ele), especialmente daqueles que se espalharam pela Arábia e pelo Norte de África.

Quando o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele), apareceu, muitos dos seguidores destes seguidores abraçaram o Islam, transmitindo tudo o que sabiam acerca de Jesus (que a Paz esteja sobre ele), inclusive que tinha anunciado a chegada do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).

Assim, as tradições foram transmitidas de geração em geração pêlos Muçulmanos, tendo muitas delas sido reunidas em Histórias dos Profetas (Stories of the Prophets), de Tha'labís e em Renovação das Ciências Religiosas (Revival of the Life-Transaction Sciences) de Al-Ghazzali.

É interessante notar como as tradições dão uma imagem clara e unânime do ascético Profeta que preparou o caminho para o Último Mensageiro.

Ka'b al-Akbar disse:

''Jesus, que a Paz esteja com ele, filho de Maria, era um homem ruivo, quase branco; não usava cabelo comprido, nunca curvava a cabeça e costumava caminhar descalço. Não tinha casa, adornos, bens, roupas, nem sequer provisões, para além dos alimentos desse dia. Onde quer que estivesse, quando o sol se punha, rezava, preparando-se para o nascer do novo dia. Curava os cegos de nascença, os leprosos, ressuscitava os mortos com a permissão de Deus e dizia às pessoas o que estavam a comer em suas casas e o que armazenavam para os dias seguintes, e caminhava à superfície da água do mar. Os seus cabelos estavam em desordem e a sua cara era pequena; era um ascético, que só desejava entrar no outro mundo e adorar Deus. Peregrino, andava de terra em terra, até os Judeus o perseguirem e quererem matar. Então, Deus levou-o para o céu. Deus sabe melhor.''

Malik disse:

Jesus, que a Paz esteja com ele, disse certa vez:

''A minha preparação é a fome, a minha vestimenta interior é o temor a Deus, a minha vestimenta exterior é a lã, o meu fogo no inverno são os raios do sol, a minha luz na escuridão é a Lua, a montaria que me que me conduz são os meu pés e os meus alimentos e frutos são os que a terra produz (sem cultivo). À noite não tenho nada e de manhã não tenho nada; no entanto, não há na terra homem mais rico do que eu.''

Jesus, que a Paz esteja com ele, disse certa vez:

''Aquele que anda à procura do mundo é como alguém que bebe a água do mar; quanto mais bebe; mais a sede lhe aumenta, até o matar.''

Jesus, que a Paz esteja com ele, disse certa vez:
''Conta-se que o Messias, que a Paz esteja com ele, em uma de suas caminhadas, passou pôr um homem a dormir, enrolado em seu casaco, então, Jesus acordando-o, disse-lhe: Ó homem que dormes, levanta-te e glorifica Deus! Louvado seja Ele! Ao que o homem respondeu: o que queres de mim? Na verdade deixei o mundo e as suas gentes. Jesus lhe disse: Dorme então meu amigo.''

Obaid filho de Umar nos relata o seguinte:

'' Jesus filho de Maria, que a Paz esteja com ele, disse certa vez, não costumava andar com nada mais de que um pente e um púcaro. Um dia, viu um homem a pentear a barba com os dedos, e vendo aquilo ele jogou o seu pente fora; e viu um outro homem bebendo água do rio com as palmas de suas mãos e logo abandonou o seu púcaro.''

Janir nos relata o seguinte:'' Jesus, que a Paz esteja com ele, passou pôr três pessoas que tinham um ar abatido e pálido e disse:Porque estais assim ?Eles responderam temos medo do fogo.Jesus disse: É dever de Deus proteger os que temem.Depois de deixar esta pessoas, passou pôr outras três, e viu.Estavam ainda mais magras e pálidas, e pôr isso disse:Porque estais assim?Elas responderam: Queremos o Paraíso.Jesus disse: É dever de Deus dar-vos aquilo pôr que asseiam.Depois de passar pôr estas pessoas, chegou a outras três, o olhou.Estavam ainda mais magras e pálidas, como se seus rostos estivessem estado escondidos atrás de espelhos de luz.Pôr isso disse: Porque estais assim?Eles responderam: Nós amamos Deus, Ele é Grande e Glorioso.Jesus então disse: Vós sois aqueles que estão mais próximos de Deus; vós sois aqueles que estão mais próximos de Deus; vós sois aqueles que estão mais próximos de Deus.''

E disse também:''Certa vez, Jesus, que a Paz esteja com ele, passando um dia pôr uma colina, viu uma gruta, ao passar perto dela, observou um homem devoto, com as costas dobradas e o corpo cansado de tanta adoração, parecendo que tinha atingido o limite de suas forças.Jesus comprimentou-o e pensou na prova de devoção que viu.Então disse-lhe: Há quanto tempo estas neste sítio?O homem respondeu: Durante setenta anos estive a pedir-Lhe uma coisa, mas Ele ainda não me concedeu, talvez tu ó Espírito de Deus, possa interceder pôr mim, e fazer com que me seja concedida a graça que procuro.Jesus disse: O que é que pretendes?E o homem respondeu: pedi-lhe que me deixasse provar um pouco de Seu amor puro, do tamanho de um átomo.Jesus disse-lhe: Rezarei pôr ti.E nessa noite, Jesus, que a Paz esteja com ele, rezou pôr ele, e Deus, Louvado seja Ele!Revelou-lhe o seguinte: Aceitei a tua oração e concedi o teu desejo.Passado alguns dias, Jesus, que a Paz esteja com ele, regressou para ver como estava o devoto e viu que a gruta tinha desmoronado e que no chão se abriu uma grande fenda.Jesus, que a Paz esteja com ele, desceu pôr essa fenda profunda e descobriu o devoto numa gruta subterrânea, com os olhos esbugalhados e a boca aberta.Então, Jesus, que a Paz esteja com ele, saudou-o, mas não recebeu resposta.Enquanto Jesus, que a Paz esteja com ele, pensava no que acontecerá, uma vós disse:Ó Jesus, ele pediu-nos um átomo de Nosso puro amor, e como Nós sabíamos que não estava preparado para isso, demo-lhes a centésima parte de um átomo e ele ficou desnorteado.Como teria sido se lhes tivéssemos dado mais do que isso?''

Abu Huraira contou que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse:

''Em nome daquele em cujas mãos está a minha alma, o filho de Maria, em breve descerá entre vós como um juiz justo. Quebrará cruzes, exterminará os porcos e abolirá a Jizya, e a riqueza derramará de tal forma que ninguém a aceitará, pois uma Sajda, será melhor do que todas as riquezas do mundo.''

Abd'Allah Bin Amr contou que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse:

''Jesus, filho de Maria, descerá à terra, casará, terá filhos e permanecerá na terra durante quarenta e cinco anos, findos os quais morrerá e será enterrado junto de mim, na minha sepultura. Então Jesus, filho de Maria, e eu, levantar-nos-emos de uma sepultura entre Abu Bakr e Umar.'' (Isto foi transmitido pôr Ibn al-Jauzi no Kitab al-Wafa')

Abu Huraira contou que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse:''Eu sou o parente mais próximo de Jesus, filho de Maria, neste mundo e no outro. Os Profetas são irmãos, filhos do mesmo pai. As suas mães são diferentes, mas a sua religião é só uma. Não houve mais nenhum Profeta entre nós''.(Transmitido pôr, Bukhari e Muslim)

Neste famoso testemunho, o último dos Profetas e Mensageiros, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), resumiu toda a questão da seguinte forma:

Os profetas são irmãos, portanto, são todos iguais; entre eles não há qualquer diferença. Filhos de um só pai, todos proclamam uma única doutrina a de que ''Não há outra divindade além de Deus''.

As suas mães são diferentes, pois cada Profeta foi enviado a um povo em particular, numa época específica, tendo-lhe sido revelado uma Sunnah, ou estilo de vida, uma prática, um modelo segundo o qual a sua comunidade deveria viver.

Quando um novo Profeta chegava a um povo, revelava uma nova Sunna, de acordo com a nova época. Esta é a Chari'ah ou Estrada dos Profetas.

Assim, com a chegada do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), a Transmissão Divina fica completa. A Mensagem é selada no último Livro revelado, o Alcorão Sagrado.

A Mensagem é selada com a Chari'ah e a Sunnah do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).

A passagem seguinte do Alcorão Sagrado dá conta deste importante fato:

''Aperfeiçoei hoje a vossa Religião para vós, completei o Meu favor para vós, e escolhi o Islam para vós como vossa Religião.'' (5ª Surata Al Máida, versículo 3)

Fonte: islam.org.br

quinta-feira, maio 31, 2018

Quando os muçulmanos roubam

Alguns muçulmanos hoje em dia, mostram um cuidado admirável na aplicação de algumas partes que até nem são obrigatórias, enquanto assumem uma atitude complacente, presunçosa em relação aos preceitos essenciais do Din. Sob certo aspecto, isto acarreta nos muçulmanos o roubo.

O Profeta (SAW) disse: "O pior ladrão entre os homens é aquele que rouba de sua oração." Quando seus companheiros lhe perguntaram "Ó Mensageiro de Deus, como é que ele rouba a oração" respondeu: "Ele não completa o ruku (inclinação) e os sujud (prostração)." Foi narrado que o Profeta, observando um homem que não tinha completado seu ruku adequadamente e nem seu sujud, avisou que, se o homem morresse naquele estado, ele morreria com uma outra crença que não o Islam.

Em todas as mesquitas, podemos observar muçulmanos se desequilibrando, balançando e rapidamente se levantando do ruku e sujud. Alguns de nós nos movemos de forma tão impaciente em nossas prostrações que pode-se imaginar como é humanamente possível para um indivíduo dizer "subhana rabbiyal a'laa" três vezes no mínimo. E se conseguir, qual a sua importância? Podemos realmente refletir sobre nossa relação com o Criador se fazemos nossas orações tão rapidamente? Será que compreendemos e meditamos sobre o que foi dito durante qualquer parte de nossa Salat?

Diz Allah subhanahu wa ta'aala no Alcorão: "É certo que prosperão os fiéis que são humildes em suas orações (khushu)" (23:1-2). O que conseguiremos se nos apressamos em nosso ruku e sujud e gastamos longas horas em conversas inúteis ou até em encontros relativos a alguma atividade que exercemos normalmente? O Profeta (SAW) disse: "A primeira coisa que o escravo terá que prestar contas no Dia do Juízo é a oração. Se ela for válida o resto de seus atos também o serão. E se imperfeita, então o resto de seus atos também serão imperfeitos." Se a nossa oração não passar de um exercício aeróbico de baixo impacto, suave, podemos duvidar que o resto de nossos atos, individuais ou coletivos, também serão ineficazes? Ruku e Sujud são sintomas dos problemas que temos com a nossa salat como um todo. A coisa importante a ter em mente é que cada um de nós, exegeta ou estudante, imam experiente ou recém-chegado ao Islam, homem ou mulher, podemos e devemos melhorar nossa oração a partir do momento em que a aprendemos até o dia em que morrermos. Assim, da próxima vez que nos prepararmos para a prostração, estejamos certos de que não seremos apanhados roubando.

AB Khan Al Jumuah Vol 9, Issues 4 & 5, 1418 H

Fonte: sbmrj.org.br

Um Diálogo Entre Cristãos e Muçulmanos

Com bilhões de seguidores, o Islam e o Cristianismo são as principais religiões que influenciam o pensamento e valores de mais de 40% da população mundial.

Embora existam diferenças teológicas, algumas das quais podem ser significativas, há, no entanto, outras áreas importantes da crença que são partilhadas por ambas as comunidades: crença em Deus; crença na revelação, nos profetas, nos Livros Sagrados de Deus; na vida após a morte e num código moral divinamente inspirado, que organiza e regula a vida humana durante nossa passagem pela terra em direção à eternidade.

Para o muçulmano, um diálogo construtivo não só é permitido como, também, é recomendável. No Alcorão lemos:

"Dize-lhes: Ó adeptos do Livro (um termo que particularmente se refere a judeus e cristãos), vinde, para chegarmos a um termo comum, entre nós e vós: Comprometamo-nos, formalmente, a não adorar senão a Deus, a não Lhe atribuir parceiros e a não nos tomarmos uns aos outros por senhores, em vez de Deus. Porém, caso se recusem, dize-lhes: Testemunhai que somos muçulmanos." (Alcorão Sagrado, surata Al Imran 3:64)

A metodologia desse diálogo também está explicada no Alcorão:

"Convoca (os humanos) à senda do teu Senhor com sabedoria e uma bela exortação; dialoga com eles de maneira benevolente." (Alcorão Sagrado, surata An Nahl 16:125).

Um requisito indispensável para um diálogo construtivo, é que ambas as comunidades não se conheçam através de fontes que sejam parciais, críticas ou até hostis; pelo contrário, elas devem formular uma idéia honesta de como a outra fé é vista em suas próprias escrituras, e como é praticada por aqueles que verdadeiramente estão comprometidos com ela.

Esta necessidade é até mais importante no caso do diálogo Muçulmano x Cristão, o cristão comum ouviu ou leu sobre o Islam, principalmente através de escritores que tinham motivos coloniais ou missionários que podem ter conferido uma certa parcialidade em sua interpretação do Islam na mente ocidental.

Conquanto eu admita que minha própria prática do Islam está longe de ser perfeita, pelo menos eu falo como alguém que quer pensar por si mesmo, com um muçulmano praticante e comprometido.

Agora, gostaria de partilhar com vocês cinco áreas básicas, que são fundamentais para qualquer entendimento entre cristãos e muçulmanos: o significado do termo "Islam", o significado do termo "Deus"; a natureza do ser humano; a relação entre o ser humano e Deus; a questão do acerto de contas, e, finalmente, algumas conclusões pertinentes à construção da ponte entre muçulmanos e cristãos.

O Significado Do Islam

É importante assinalar que o termo "Islam" não é derivado de qualquer nome de pessoa, raça ou localidade em particular. Um muçulmano considera o termo usado por alguns escritores, "maometismo" ,com sendo uma violação ofensiva do verdadeiro espírito dos ensinamentos islâmicos.

O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele), não é adorado, ou respeitado, por ser o fundador do Islam, ou o autor do Livro Sagrado, o Alcorão. O termo "Islam" aparece em mais de um lugar no próprio Alcorão. Ele é derivado da raiz árabe (salam), que tem a conotação de "paz" ou "submissão".

Na verdade, o próprio significado de "Islam" é a realização da paz, tanto a interna como a externa, pela submissão de alguém à vontade de Deus. E quando nos submetemos, estamos falando de consciência, amor e submissão verdadeira à vontade de Allah, de aceitação de Sua graça e de seguir Seu caminho.

Neste sentido, o muçulmano respeita o termo Islam, não como uma inovação que chegou no século VII da era cristã, com o advento do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele), mas como a missão básica de todos os profetas através da história. Aquela missão universal finalmente culminou e se aperfeiçoou no último desses Profetas, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele).

Monoteísmo Islâmico

O próximo conceito que necessita de ser esclarecido é o termo "Allah", qual o seu significado? Primeiramente, deve ser enfatizado que o termo "Allah" , em absoluto, significa um deus tribal, ou árabe, ou até mesmo um deus muçulmano.

O termo "Allah" em árabe quer dizer o Deus Universal Único e Verdadeiro de todos. Achar que Allah é diferente de Deus, com letra maiúscula, seria o mesmo que dizer, por exemplo, que a adoração a Deus dos cristãos franceses é diferente porque eles O chamam de "Dieu".

Quais são os atributos básicos de Deus? O Alcorão menciona os "mais belos nomes" (ou atributos) de Deus. Ao invés de enumerá-los todos, vamos examinar uns poucos. Alguns atributos salientam a transcendência de Deus. O Alcorão, repetidamente, torna claro que Deus está além de nossa percepção limitada.

"Nada se assemelha a Ele" (Alcorão Sagrado, surata Ach Chura 42:11)

"Os olhares não podem percebê-Lo, não obstante Ele Se aperceber de todos os olhares."

Um muçulmano jamais pensa em Deus como possuindo uma imagem em particular, seja física, humana, material ou qualquer outra. Tais atributos como, "O Perfeitamente Conhecedor", "O Eterno", "O Onipotente", "O Onipresente", "O Justo" e "O Soberano" também realçam essa transcendência.

Mas, isto não quer dizer que, para o muçulmano, Deus seja um simples conceito filosófico ou uma divindade afastada. Na verdade, juntamente com esta ênfase sobre a transcendência de Deus, o Alcorão também fala sobre Deus como sendo um Deus "pessoal", que está perto, facilmente acessível, Amoroso, Perdoador e Misericordioso. As muitas passagens no Alcorão, e repetidas inúmeras vezes são o "Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso ! " O Alcorão nos diz que quando Deus criou o primeiro ser humano:

"então, alentou-o com o Seu Espírito," (Alcorão Sagrado, surata As-Sajda 32:9)

E que:

"Deus está mais próximo do homem do que sua veia jugular."

Em outra bela e comovente passagem, Deus nos diz :

"Quando meus servos te perguntarem de Mim, dize-lhes que estou próximo e ouvirei suas preces quando a Mim se dirigirem. Que eles respondam ao Meu chamado e obedeçam às Minhas ordens e eles serão encaminhados acertadamente."

Para o muçulmano, o monoteísmo não significa somente a unidade de Deus, pelo simples fato de que pode haver muitas pessoas diferentes em uma unidade. O Monoteísmo no Islam é a Unidade e a Unicidade Absolutas de Deus, o que torna impossível a noção de outras pessoas partilhando a divindade.

O oposto ao monoteísmo no Islam é chamado em árabe de "shirk", que significa associação de Deus com outros. Esta noção inclui, não somente o politeísmo mas, também, o dualismo (crença na existência de um deus para o bem e a luz, e de outro para o mau ou a escuridão).

O conceito de "shirk" também inclui o panteísmo, a idéia de que Deus está em tudo. Todas as formas de filosofias sobre um deus encarnado estão excluídas do monoteísmo islâmico, tais como obediência cega a ditadores, a clérigos ou aos caprichos e desejos de quem quer que seja.

Todas são consideradas como formas de "associação" com Deus (shirk), seja pela crença de que tais criaturas de Deus possuem divindade, seja pela crença de que elas partilham os Atributos Divinos de Deus.

Deve-se acrescentar que, para o muçulmano, o monoteísmo não é simplesmente um dogma. O monoteísmo puro e estrito do Islam é muito mais do um pensamento ou uma crença; é alguma coisa que influencia profundamente toda a perspectiva de vida do muçulmano.

A Natureza do Ser Humano

Falamos sobre Deus. Que tal agora falarmos sobre nós? Quem é o ser humano? Quem é você? Quem sou eu? Por que estamos aqui na terra? O Alcorão ensina que nós, humanos, somos criados de três elementos.

Fomos criados do barro, representando o elemento material ou carnal. Fomos dotados de inteligência, que foi dada por Deus para ser usada e não para ser posta em uma estante. A razão pode ser insuficiente, mas, por outro lado, não é a antítese da fé. E, fomos dotados do espírito com que Deus nos alentou.

''Que aperfeiçoou tudo o que criou e iniciou a criação do primeiro homem, de barro. Então, formou-lhe uma prole da essência de sêmen sutil. Depois o modelou; então, alentou-o com Seu Espírito. Dotou a todos vós da audição, da visão e das vísceras. Quão pouco Lhe agradeceis!'' (Alcorão Sagrado, surata as-Sajdah 32:7-9)

''(Recorda-te ó Profeta) de quando teu Senhor disse aos anjos: Vou instituir um legatário na terra! Perguntaram-Lhe: Estabelecerás nela quem alí fará corrupção, derramando sangue, enquanto nós celebramos Teus louvores, glorificando-Te? Disse (o Senhor): Eu sei o que vós ignorais. Ele ensinou a Adão todos os nomes e depois apresentou-os aos anjos e lhes falou: Nomeai-os para Mim e estiverdes certos.'' (Alcorão Sagrado, surata al-Bacara 2:30-31)

''Recorda-te de quando o teu Senhor disse aos anjos: Criarei um ser humano de argila, de barro modelável. E ao tê-lo terminado e alentado com o Meu Espírito.'' (Alcorão Sagrado, surata al-Hijr 15:28-29).

O muçulmano não vê a existência humana sobre a terra como uma punição por ter comido do fruto da árvore proibida. Tal acontecimento é respeitado como uma lição para Adão e Eva, antes de eles virem para a terra.

O Alcorão ensina que, mesmo antes da criação do primeiro ser humano, já era plano de Deus estabelecer a vida humana e a civilização sobre a terra. Portanto, o muçulmano não vê o ser humano como totalmente mau ou totalmente bom, mas sim como responsável. O Alcorão afirma, em diversos lugares, que Deus criou o homem para ser Seu "khalifah", Seu administrador ou vice-gerente na terra.

A responsabilidade básica da espécie humana, nossa responsabilidade, é adorar a Deus. Adorar, para o muçulmano, não é apenas se comprometer com os rituais formais da religião, mas é, também, qualquer atividade que esteja de acordo com a vontade de Deus e que beneficie uma pessoa ou a humanidade inteira. Assim, o muçulmano vê a terra, seus recursos e ecologia, como um presente de Deus, para os humanos submeterem e usarem em cumprimento à responsabilidade pela qual nós responsabilizados.

Por isso, o Alcorão fala tanto sobre o conhecimento. A primeira palavra revelada do Alcorão foi "Recite", ou "leia". Já que eles eram sinceros em sua fé e nas injunções alcorânicas sobre o conhecimento, os muçulmanos estabeleceram uma civilização que via grandes avanços nas ciências e no humanismo.

Eles não só preservaram as primeiras heranças culturais como também contribuíram e prepararam o caminho para o renascimento europeu. Quando os muçulmanos se tornarem de novo sinceros em sua fé, tal história se repetirá por si mesma.

A Relação Entre Deus e a Humanidade

Falamos sobre Deus e sobre a humanidade. Agora devemos perguntar qual é sua relação básica? O Alcorão nos ensina que a raça humana recebeu uma natureza pura, inata, chamada de "fitrah".

O conhecimento de Deus e a espiritualidade inata são inerentes à existência humana, mas essa espiritualidade pode nos trair se não for encaminhada para o direção correta. É perigoso depender de um simples sentimento humano de que somos guiados pelo Espírito. Muitos grupos, até cultos, afirmam que são guiados pelo espírito, ou por Deus, ou pela revelação, embora estes grupos tenham crenças divergentes, e até mesmo contraditórias.

Encontramos pessoas se comportando de formas contraditórias , que afirmam, no entanto, que cada um está cumprindo a vontade de Deus. "Eu sinto", dizem eles, "que o espírito me guia e me direciona. "Torna-se imperativo uma fonte de revelação fidedigna. Através da história, Deus selecionou indivíduos especiais para transmitirem Sua mensagem, receberem Sua revelação e para servirem de exemplo para a humanidade.

Por isso, alguns desses profetas receberam de Deus livros santos ou escrituras, onde Suas ordens e orientação foram reveladas. Para muitos de vocês, os nomes desses profetas que são encontrados no Alcorão, soam familiar: Noé, Abraão, Ismael, Isaac, Jacó, José, Moisés, David, Salomão, João Batista, Jesus e, finalmente, o último profeta, Muhammad, que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre eles. Esses profetas levavam a mesma mensagem básica:

"Jamais enviamos mensageiro algum antes de ti, sem que lhe tivéssemos revelado que: Não há outra divindade além de Mim. Adora-Me e serve-Me!"(Alcorão Sagrado, surata Al Anbiyá 21:25).

Além disso, o Alcorão insiste em chamar todos esse profetas de muçulmanos, porque o muçulmano é aquele que se submete à vontade de Deus. Seus seguidores são chamados de muçulmanos também.

Assim, é um artigo de fé para um muçulmano acreditar em todos esses profetas. De fato, os muçulmanos sabem que, aquele que aceita alguns profetas e rejeita outros, na verdade está rejeitando todos. Para um muçulmano, acreditar em Moisés e rejeitar Jesus ou Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele) significa refutar os verdadeiros ensinamentos de Moisés (que a Paz esteja sobre ele).

E acreditar em Jesus, mas não aceitar Moisés ou Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre elee), é violar o que Moisés, Jesus e Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele) significaram. Para um muçulmano, acreditar em Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele) e rejeitar tanto Moisés como Jesus (que a Paz esteja sobre eles) é violar o seu próprio Livro Sagrado. "Aqueles que negam Deus e Seus apóstolos, e (aqueles que) querem separar Deus de Seus apóstolos, dizendo:

"Acreditamos em alguns mas rejeitamos outros' intentando com isso achar uma saída, são os verdadeiros incrédulos; porém, preparamos para eles um castigo ignominioso." (Alcorão Sagrado, surata An Nissá 4:150-151)

Portanto, o reconhecimento de todos os profetas é um artigo de fé e não uma simples cortesia social ou uma afirmação diplomática. Espero que, com mentes e corações abertos e, além disso, um estudo honesto e cuidadoso, seja possível um reconhecimento mútuo maior.

O Papel Especial do Profeta Muhammad

Mas, por que os muçulmanos em seu testemunho de fé dizem "Eu testemunho que não há outra divindade além de Deus e que Muhammad é Seu mensageiro"? Isto quer dizer que eles, na verdade, rejeitam os outros profetas? De fato, o papel especial desempenhado por Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele), como a confirmação e o último de todos os profetas, coloca os muçulmano na posição, através da qual, honrar Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele), implica honrar todos aqueles que vieram antes dele também.

Os muçulmanos sabem que não podem fazer distinções paroquiais ou fanáticas entre os profetas.

''O Mensageiro crê no que foi revelado por seu Senhor e todos os fiéis crêem em Deus, em Seus anjos, em Seus Livros e em Seus mensageiros. Nós não fazemos distinção entre os Seus mensageiros. Disseram: Escutamos e obedecemos. Só anelamos a Tua indulgência, ó Senhor nosso! A Ti será o retorno!'' (Alcorão Sagrado, surata al-Bacara 2:285).

Mas, o Alcorão também diz que Deus favoreceu mais alguns profetas, em talento e desempenho, do que outros. Todos são irmãos, embora o único profeta com a missão universal para toda a humanidade seja Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele), que a paz esteja sobre ele.

O muçulmano acredita que Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele) é um irmão para Jesus, Moisés, Abraão e outros profetas (que a Paz esteja sobre eles), mas o Alcorão afirma, com todas as letras, que o advento de Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele) foi predito pelos profetas anteriores a ele, inclusive Moisés e Jesus (que a paz esteja com eles). Mesmo a Bíblia, em sua forma atual, profetiza o advento do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele) .

Para o muçulmano, o Alcorão contém as palavras de Deus, reveladas direta e literalmente ao Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele). Muitas pessoas confundem o Alcorão com o "Hadith", ou ditos, do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele) o Hadith e Alcorão são bem distintos.

Este último foi ditado a Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele), palavra por palavra, pelo Anjo Gabriel e imediatamente memorizada e registrada por escrito. É importante assinalar que o Alcorão não foi escrito ou composto por Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele). Defender o contrário seria contradizer o que Alcorão fala sobre si mesmo e sobre Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele); que o profeta não fala por si e sim que transmite a revelação ditada a ele pelo Anjo Gabriel.

Sugerir que o Alcorão tomou emprestado ou copiou revelações anteriores, seja a Bíblia ou qualquer outra escritura, é, para o muçulmano, uma acusação de "plágio profético", uma contradição. O fato de existirem algumas semelhanças entre o Alcorão e as escrituras anteriores explica-se pelo fato de que Aquele que falou por intermédio daqueles primeiros profetas é Aquele que revelou o Alcorão a Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele), ou seja, Deus, o único e verdadeiro Deus.

Contudo, o Alcorão é o último Livro Sagrado revelado que suplanta as escrituras anteriores, e o único ainda disponível, cujas palavras e língua são as mesmas proferidas pelo Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele).

O Julgamento e a Salvação

Falamos sobre Deus, sobre os humanos e sobre as relações entre eles. O que dizer sobre o julgamento? Como podemos nós, humanos, de uma perspectiva islâmica, dominar o "pecado"? O Alcorão ensina que a vida é um teste, que a vida terrena é temporária.

"Que criou a vida e a morte, para testar quem de vós melhor se comporta, porque é Poderoso, o Indulgentíssimo.'' (Alcorão Sagrado, surata Al Mulk 67:2).

O muçulmano acredita que há uma recompensa e uma punição, que existe vida depois da morte e que a recompensa ou a punição não precisa, necessariamente, esperar pelo dia do Julgamento, mas começa imediatamente após o enterro. O muçulmano crê na ressurreição, na prestação de contas e no dia do Julgamento.

Para o muçulmano, exigir a perfeição, a fim de ganhar a salvação, não é prático. Não só é exigir o impossível como, também, é injusto.

O Islam ensina uma pessoa a ser humilde e a saber que nós não alcançamos a salvação por nossa própria conta. A reconciliação do ser humano "pecaminoso" com Deus é uma contingência de três elementos: o mais importante é a Graça, Misericórdia e Generosidade de Deus. Depois, são as boas ações e uma crença correta.

Crença correta e boas ações são requisitos indispensáveis para a Graça e Perdão de Deus e para nos elevarmos acima de nossos erros. Como podemos nos purificar do pecado? O Alcorão prescreve:

"E quem cometer uma má ação ou se condenar e, em seguida (arrependido), implorar o perdão de Deus, sem dúvida achá-Lo-á Indulgente, Misericordiosíssimo." (Alcorão Sagrado, surata An Nissá 4:110)

Em outra passagem comovente, lemos:

"Porque as boas ações anulam as más" (Alcorão Sagrado, surata Hud 11:114)

O Islam nos ensina o arrependimento, a interrompermos os caminhos do mal, a sermos solidários com o que alguém fez e a aconselharmos o caminho de Deus, tanto quanto seja humanamente possível.

O muçulmano não crê na necessidade do derramamento de sangue, muito menos do sangue do inocente, para purificar os pecados. Ele acredita que Deus não está interessado no sangue ou no sacrifício de ninguém, mas, sim, no arrependimento sincero. O Alcorão coloca isto muito claramente:

"Mas, Minha Misericórdia se extende a todas as coisas." (Alcorão Sagrado, surata Al A'raf 7:156).

Os Aspectos Aplicados

Que tal falarmos sobre a aplicação? Estamos apenas falando sobre teologia? Uma vez que o ser humano é o procurador de Deus na terra, seria inconsistente para um muçulmano separar os vários aspectos da vida, o espiritual e o material, estado e religião.

Sabemos bastante sobre os "cinco pilares do Islam", mas, muitas vezes, eles são apresentados de uma forma superficial, como sendo todo o conjunto do Islam. Eles não são o conjunto do Islam, da mesma forma que ninguém pode alegar que tem uma casa funcional composta exclusivamente de cinco pilares de concreto. Serão necessários, telhado, paredes, janelas, portas e outras coisas.

Conforme os construtores dizem, os pilares são condições necessárias, mas não o suficiente. Os cinco pilares do Islam (o testemunho, as cinco preces diárias, o jejum, a caridade, a peregrinação) são apresentados por muitos escritores como questão de ritual formal. Mesmo o pilar que é passível de parecer ritualístico, as preces diárias, nada mais é do que um ato espiritual que envolve muito mais do que simplesmente prostrar ou levantar.

Na verdade, são lições políticas e sociais que ensinam o muçulmano. O que pode parecer como compartimentos separados da vida não existem para o muçulmano. Um muçulmano não diz "Isto é um negócio e aquilo é moral". Moral, espiritual, econômico, social e governamental estão inter relacionados, por que tudo, inclusive César, pertence a Deus e a Deus tão-somente.

As Relações Entre os Muçulmanos e os Não-Muçulmanos

Concluindo, qual a atitude de um muçulmano em relação a um não muçulmano? Para começar, e precisamos ser francos sobre isto, o Alcorão nos incumbe de transmitir a mensagem de Deus, em sua forma final, o Alcorão, a toda a humanidade.

Não estamos falando aqui de conversão. Não gosto desta palavra. Na verdade, vir para o Islam, a religião de todos os profetas em sua forma final, não significa abandonar os profetas anteriores.

É muito mais um acréscimo do que uma conversão, porque não envolve mudanças de natureza espiritual. No Alcorão, a natureza humana genuína é uma "natureza muçulmana", que conhece seu Senhor e deseja se submeter a Ele. O Alcorão afirma que:

"Não há compulsão na religião" (Alcorão Sagrado, surata Al Bacara 2:256)

Costumo usar o termo "reversão" para substituir a palavra "conversão", no sentido de um retorno ao monoteísmo autêntico, dentro do qual todos fomos criados. Assim, o muçulmano aprende a ser tolerante em relação aos outros. De fato, o Alcorão não só proíbe a compulsão na religião, como, também, proíbe a agressão, embora a defesa seja permitida:

"Combatei, pela causa de Deus, aqueles que vos combatem, porém não pratiqueis a agressão, porque Deus não estima os agressores." (Alcorão Sagrado, surata Al Bacara 2:190).

Além disso, achamos que, dentro desta regra geral de lidar com não muçulmanos, o "povo do Livro" é um termo especial que o Alcorão concedeu a judeus e cristãos.

Por que "povo do Livro"? Porque o muçulmano faz uma nítida distinção entre o politeísta, ou ateu, e aqueles que seguem os profetas que originalmente receberam revelações de Deus. Ainda que um muçulmano possa assinalar pontos de diferenças teológicas, ainda assim acreditamos na origem divina daquelas revelações em suas formas "originais".

Como um muçulmano deve tratar o "povo do Livro"? Diz o Alcorão:

"Deus nada vos proíbe, quanto aqueles que não vos combateram pela causa da religião e não vos expulsaram dos vossos lares, nem que lideis com eles com gentileza e equidade, porque Deus aprecia os equitativos. Deus vos proíbe tão-somente de entrar em privacidade com aqueles que vos combateram na religião, vos expulsaram de vossos lares ou que cooperaram na vossa expulsão. Em verdade, aqueles que entrarem em privacidade com eles serão iníquos." (Alcorão Sagrado, surata Al Mumtahana 60:8-9)

No mundo de hoje, todos os crentes em Deus estão encarando perigos comuns: ateísmo, materialismo, secularismo e decadência moral. Devemos trabalhar juntos. Deus diz no Alcorão:

"... se Deus quisesse, teria feito de vós uma só nação; porém, fez-vos como sois, para testar-vos quanto àquilo que vos concedeu. Emulai-vos, pois, na benevolência, porque todos vós retornareis a Deus, o Qual vos inteirará das vossas divergências." (Alcorão Sagrado, surata Al Máida 5:48)

Fonte: islam.org.br

quinta-feira, abril 12, 2018

QUE NÃO HAJA IMPOSIÇÃO NA RELIGIÃO

Uma das verdades fundamentais estabelecidas pelos textos sagrados é que ninguém pode ser compelido a aceitar o Islã. É dever dos muçulmanos estabelecer a prova do Islã para as pessoas de modo que a verdade possa ficar clara em relação à falsidade. Depois disso, quem quer que deseje aceitar o Islã pode fazê-lo e quem quer que deseje continuar na descrença pode fazê-lo. Ninguém deve ser ameaçado ou prejudicado em qualquer aspecto se não desejar aceitar o Islã.

Entre as peças de evidência decisivas em relação a isso estão as que se seguem.

Deus diz:

“Que não haja imposição na religião, porque já se destacou a verdade do erro. Quem renegar o sedutor e crer em Deus, ter-se-á apegado a um firme e inquebrantável sustentáculo, porque Deus é Oniouvinte, Sapientíssimo.” (Alcorão 2:256)

Deus diz:

“Porém, se teu Senhor tivesse querido, aqueles que estão na terra teriam acreditado unanimemente. Poderias (ó Muhammad) compelir os humanos a que fossem crentes?” (Alcorão 10:99)

Deus diz:

“E se eles discutirem contigo (ó Muhammad), dize-lhes: ‘Submeto-me a Deus, assim como aqueles que me seguem!’ Pergunta aos adeptos do Livro e aos iletrados: ‘Tornar-vos-ei muçulmanos?’ Se se tornarem encaminhar-se-ão; se negarem, sabe que a ti só compete a proclamação da Mensagem. E Deus é observador dos Seus servos.” (Alcorão 3:20)

Deus diz:

“O dever do Mensageiro é somente proclamar a Mensagem.” (Alcorão 5:99)

É importante notar que esses dois últimos versículos foram revelados em Medina. Isso é significativo, já que mostra que a regra que determinam não era apenas para os muçulmanos que estavam em Meca em uma situação de fragilidade.

Algumas pessoas podem se perguntar que se o Islã de fato advoga essa abordagem, então o que é tudo que ouvimos sobre jihad? Como podemos explicar a batalha que o Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, e seus companheiros travaram contra os pagãos? A resposta é que aquele jihad na Lei Islâmica pode ser travado por uma variedade de razões, mas compelir pessoas a aceitar o Islã simplesmente não é uma delas. Quanto à conversão, isso é para ser feito pacificamente pela disseminação da Mensagem com a palavra escrita e falada. Não há lugar para o uso de armas para compelir as pessoas a aceitarem o Islã.

O Profeta disse em sua carta ao governador romano Heráclito:

“Eu o convido a aceitar o Islã. Se aceitar o Islã, encontrará segurança. Se aceitar o Islã, Deus o recompensará em dobro. Entretanto, se se recusar, recairá sobre você o pecado de seus súditos.” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)

Uma vez que as pessoas tenham ouvido a Mensagem sem obstrução ou impedimento e a prova tenha sido estabelecida para eles, o dever dos muçulmanos está feito. Aqueles que desejam acreditar estão livres para fazê-lo e os que preferem descrer igualmente são livres para fazê-lo.

Mesmo quando os muçulmanos são compelidos a lutar e então, como consequência, submetem a terra, seu dever depois disso é estabelecer a lei de Deus na terra e implementar a justiça para todas as pessoas, muçulmanas e não muçulmanas. Não é direito deles coagir seus súditos a aceitar o Islã contra sua vontade. Não muçulmanos sob governo islâmico devem ter permissão para permanecerem sem sua própria fé e devem ter permissão para praticar os direitos de sua fé, embora se espere que respeitem as leis da terra.

Se o propósito do jihad fosse forçar os descrentes a aceitar o Islã, o Profeta nunca teria ordenado aos muçulmanos que se abstivessem de hostilidades se o inimigo abrandasse. Ele não teria proibido a matança de mulheres e crianças. Entretanto, foi exatamente isso que ele fez.

Durante uma batalha o Profeta viu pessoas reunidas. Ele despachou um homem para descobrir por que tinham se reunido. O homem retornou e disse: “Estão reunidos ao redor de uma mulher assassinada.” Então, o Mensageiro de Deus disse:

“Ela não devia ter sido atacada!” Khalid b. al-Walid estava liderando as forças e assim o Profeta despachou um homem para ele dizendo: “Diga a Khalid para não matar mulheres ou trabalhadores”. (Sunan Abi Dawud)

Consequentemente, até no calor da batalha contra um inimigo hostil, as únicas pessoas que podiam ser atacadas eram aqueles que de fato participavam na luta.

Se o propósito do jihad fosse obrigar os descrentes a aceitar o Islã, os califas sabiamente guiados não teriam proibido a matança de sacerdotes e monges que se eximiram de lutar. Entretanto, foi exatamente isso que fizeram. Quando o primeiro califa, Abu Bakr, enviou um exército para a Síria para combater as agressivas legiões romanas, ele saiu para lhes dar palavras de encorajamento. Ele disse: “Vocês encontrarão um grupo de pessoas que têm se devotado à adoração a Deus (ou seja, monges), então deixe-os fazer o que estiverem fazendo.”

Fonte:https://www.islamreligion.com/pt/articles/661/que-nao-haja-imposicao-na-religiao/