terça-feira, novembro 17, 2015

Atentado em Paris — Guerras e jihadismo, Razões mundanas, Desculpas divinas !...

Prezados Irmãos, 

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço entes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. 

A paz mundial é a única solução para ter um mundo melhoremos expressar a nossa rejeição total e trabalhar 
juntos, juntos para a Paz, Democracia e Coexistência. São momentos de cidadãos da União contra a barbárie e selvageria desses grupos terroristas que usam a violência e o terror para atingir os seus objectivos.

Para além da análise, as reivindicações e a dor causadas a toda a sociedade, devemos expressar, conjuntamente, a nossa rejeição a tais actos desumanos que espalham o terror, a corrupção e a desconfiança entre os cidadãos.

Dizemos-lhes que queremos a paz e somos contra este tipo de acções violentas que ameaçam a vida humana, de forma indiscriminada.

Dizemos-lhes que não profanem uma religião praticada por 1.600 milhões de pessoas. E mesmo que eles façam e pervertam esta bela oração "Allah Hu Akbar" cada vez que querem, nas suas bocas não terá nenhum valor e nem representará a grandeza divina do Criador ou o valor positivo que representa o Islão para a humanidade. Eles são terroristas, sem justificação nem qualquer apoio.

Condenamos, veementemente, os ataques em Paris e, com a mesma veemência, condenamos todos os massacres e atrocidades cometidas em todos os cantos deste mundo, apelando à consciência humana para tratar todas as pessoas da mesma maneira, porque ouvimos pouco sobre o que está a acontecer na Birmânia e na Palestina ou nalguns países africanos, com a participação de grandes países, através de armamento, participação directa ou intervenções militares e participação indirecta através do silêncio e negligência. 

O ser humano merece viver em paz, independentemente de raça, credo ou cor. 

Não ao que aconteceu em Paris. 

Não ao que se passa na Palestina. 

Não ao que ocorre na Síria.

Não ao que acontece no Iraque.

Não ao que ocorre no Afeganistão

Não ao que se passa na Birmânia. 

Não e não aos massacres, não às atrocidades, não ao egoísmo e não à hipocrisia. 

Ninguém deve ser outro, mas sim o respeito mútuo. erecemos viver num mundo melhor.

A guerra não é a solução, mas a base de todos os problemas.

A guerra não é a solução, mas a base de todos os problemas. “O medo da guerra é ainda pior do que a própria guerra”. “No meio das armas, as leis são silenciosas”. 

É frequente ouvirmos as “razões mundanas” que justificam a guerra e as “desculpas divinas” que justificam o terrorismo. «A fé é uma restrição contra a violência, não permitas que crente algum pratique actos violentos». 

Profeta Muhammad (p.e.c.e.). (Abu Dawud). Mais uma vez dizemos que o Islão não justifica, não permite, não exalta, não promove a violência e o terrorismo, mas sim que os condena. O século XXI é, graças às redes sociais, o século da interacção aberta entre milhões de pessoas e o ruído é tal que ninguém verdadeiramente lê, escuta, rectifica ou reflecte. O Mundo inteiro “sabe”, sabemos, o que se passa, e por isso é fácil falar, explicar ou justificar o caos em que vivem muitos dos países de maioria Muçulmana. É ainda mais fácil, comodamente sentado no gabinete, decidir e planear intervenções militares para lutar contra o extremismo islâmico, a milhares de quilômetros de distância, em lugares exóticos denominados Síria, Iraque, Egipto, Líbia, Paquistão, Afeganistão, Iémen…; países esses identificados como tratando-se de uma sociedade (muulmana) homogénea, retrograda e incapaz de transformar-se, interagir e responder aos actos “ali” desenvolvidos pelos países ocidentais. 

E, caso respondam, deveriam fazê-lo mostrando gratidão. Recordemos como, graças ao Ocidente e à sua 
intervenção em 2003, o povo Iraquiano se libertou do ditador Saddam Hussein. Os milhões de mortos, os 3,5 milhões de refugiados, a divisão sectária do país entre Xiitas e Sunitas, a perseguição às minorias religiosas e o colapso econômico, político, cultural e institucional pareciam ser o preço justo que a sociedade 

Iraquiana pagava pela sua liberdade. Nada mais longe da realidade, como acabamos de ver em Paris. Após ver sufocada e extinta, por poderes econômico financeiros, a esperança de uma Primavera Árabe, o Iraque canalizou o imenso sofrimento e injustiça desta guerra com mais sorte, mais destruição, mais violência, ou seja, com o Estado (anti) Islâmico (ISIS). Uma obviedade que, por fim, Tony Blair reconheceu recentemente em entrevista à CNN (e divulgada em Portugal): “sem a guerra do Iraque, o ISIS não existiria”. Uma confissão que nos confirma o que já sabíamos: as armas de destruição em massa, argumento para justificar a guerra, não existiam…

Afeganistão, Paquistão, Síria, Líbia, Egipto, Tunísia, Nigéria,…repetem-se os erros. O drama continua e estende-se. Antes era ali, agora é aqui, contudo, a vítima é sempre a mesma: a pluralidade e a diversidade de uma sociedade civil aniquilada por sonantes discursos geopolíticos e interpretações religiosas hipócritas 
que partilham o mesmo objectivo: o poder, o dinheiro. 

Quão fácil se tornou desprestigiar o Islão e os Muçulmanos utilizando o adjectivo: “Islâmico”, quando o que se deveria ter feito era proceder a uma análise do alcance e das ambições do substantivo: “Estado” e analisar como se financia e a quem vende o petróleo, como difunde a sua ideologia nas redes sociais, como se organiza internamente e como tem acesso ao armamento. 

E, contudo, o grande drama nesta triste história não é apenas a dissolução progressiva da pluralidade mas, especialmente, a desumanização crescente que afecta algumas das sociedades contemporâneas, desprovidas de toda uma visão compassiva e solidária para com a dor alheia. Não somos pessoas, mas categorias: Muçulmano/Ocidental, Descrente/Jihadista, Sírio/Francês, Euopeu/Imigrante, Sunita/Xiita, habilmente manipuladas por meio de discursos de vitimização: “atacaram-nos/invadiram-nos” e de supremacia “somos melhores”. 

O objectivo último desta desumanização é a criação de uma identificação grupal e o despertar de um sentimento de vingança contra ataques reais ou imaginários, que facilite a nossa transformação em drones telecomandados face à guerra e à luta ou, pelo menos, em espectadores impassíveis perante assassinatos e injustiças impingidos a terceiros. 

“A morte de qualquer ser humano diminui-me, porque sou parte integrante da Humanidade; portanto, não perguntes nunca por quem dobram os sinos: dobram por ti”. – John Donne. 

Após analisar as reacções aos recentes atentados sofridos por Bagdade, Beirute, Paris, Iraque, Nigéria, Iémen ou o avião russo derrubado na Península do Sinai, algo nos faz desconfiar que temos interpretado John Donne em sentido restrito: os sinos apenas dobram por nós, pelos mortos que são “nossos”, porque não somos parte integrante da Humanidade pela paz, mas pela guerra. 

O pânico que a população civil sofre em muitos países Muçulmanos chega à Europa como um boomerang, tingindo de sangue o nosso quotidiano. A guerra já aqui está: “trata-se de um acto de guerra”, afirmou François Hollande após os atentados de Paris. 

Após 14 anos de intervenções e guerras em diversos países árabes, sabemos que os tanques, os drones ou os bombardeamentos aéreos não impulsionam a paz nem a estabilidade e nem estabelecem a democracia, mas que destroem países e sociedades, criam monstros como o ISIS e originam milhões de refugiados, transformando o Mediterrâneo numa imensa vala comum e as nossas casas em alvo directo dos terroristas.

Continuar a outorgar a primazia da resolução dos conflitos pela solução militar, seguir a doutrina Bush após o 11 de Setembro, apenas pode ser explicado pela poderosa influência da indústria do armamento: 3% do PIB mundial destina-se a despesas militares, enquanto quase metade da população mundial, 2.800 milhões de pessoas, vivem com menos de dois dólares por dia. 

A guerra não é a solução, mas a base de quase todos os problemas. Ouvimos demasiadas vezes as “razões mundanas” que justificam a guerra: paz, democracia, estabilidade, direitos humanos; e as “desculpas divinas” que justificam o terrorismo: “é uma ordem Alcorânica”, os inimigos são infiéis”, “os terroristas suicidas irão para o Paraíso”. A guerra defende-se, desajeitadamente, com valores seculares a Ocidente e um vazio radicalista religioso a Oriente. 

Tudo é mentira. Razões mundanas e desculpas divinas, máscaras cínicas que, ao longo da História, ensombraram o Mundo e semearam a Terra de violência e corrupção, ocultando os seus espúrios interesses materialistas. Nas guerras do século XXI apenas os métodos mudaram. As novas tecnologias e o uso de drones esbatem a realidade e convertem a guerra num videojogo, na crônica de uma morte anunciada e emitida pelo YouTube. A guerra é um jogo e o jogo é, cada vez mais, a guerra. 

“Esta vida terrena não é senão jogo e diversão; na verdade, a Derradeira Morada (a morada no outro mundo, essa sim, é a verdadeira vida. Se o soubessem!…” (Alcorão, 29:64). 

Maravilhoso seria este mundo se, como disse um Cheikh deveras sábio, a única guerra fosse contra o ego. Penso nisso quando, de repente, percebo uma ligeira brisa e olho para o Céu. Ali percebo o voo de um falcão branco que me sussurra um belo hadith: 
«O que tenho a ver com este mundo? Sou como um peregrino que se refugia sob a sombra de uma árvore e logo retoma o seu caminho». – Profeta Muhammad (paz esteja com ele) - Ahmad 1/391, At Tirmidhi (2377). 

Proclamação do Alcorão há 1400 anos . No Alcorão, o Livro revelado a Humanidade como um guia, que tem 1400 anos, Deus ordena aos muçulmanos para adquirir uma excelência no comportamento ético e moral, baseado em valores como a paz, a tolerância, a misericórdia ou a compaixão. Por isso, é de destacar algumas referências Alcorânicas autênticas, que revelam os valores promovidos pelo Islão contra os actos terroristas que têm sido levados a cabo por estes selvagens, que também são inimigos dos muçulmanos:

1- "E Caim disse: «Juro que te matarei» (05:27). Abel respondeu: «Ainda que levantasses a mão para assassinares-me, jamais levantaria a minha para matar-te, porque temo a Deus, Senhor do Universo». E Deus disse: "Nós decretamos para os Filhos de Israel que quem matar um ser humano, sem que este tenha cometido homicídio ou semeado a corrupção na terra, será considerado como se ele tivesse assassinado toda a humanidade; e quem salvar uma vida, será considerado como se tivesse salvado toda a humanidade” (5:32). "Sabei que Deus não guia àqueles que deliberadamente fazem o mal". (9:109).

2- "Aqueles que praticam o bem obterão o bem e ainda algo mais; nem a poeira, nem a ignomínia embaciarão o brilho dos seus rostos. Eles serão os diletos do Paraíso, onde morarão eternamente". (10:26).

3- "…E sê amável, como Deus tem sido para contigo, e não semeies a corrupção na terra. Na verdade Deus não ama os corruptores". (28:77).

4- "Jamais poderão equiparar-se a bondade e a maldade! Retribui (ó Muhammad) o mal da melhor forma possível, e eis que aquele que nutria inimizade por ti converter-se-á em íntimo amigo!" (41:34).

5- "E a recompensa de má acção é má acção igual a ela; mas, quanto àquele que indultar (possíveis ofensas dos inimigos) e se emendar, saiba que a sua recompensa pertencerá a Deus. Na verdade, Ele não ama os agressores." (42:40).

Proclamação do Profeta Muhammad (p.e.c.e.) no início do Islão A seguinte proclamação também tem mil e quatrocentos anos. É praticamente desconhecida no Ocidente e foi ditada pelo Profeta Muhammad (as bênçãos e a paz estejam sempre com ele) e nela encontram-se impressas as normas que deveriam regular a convivência pacífica entre Muçulmanos e não-Muçumanos; uma mentira clara para os que procuram identificar o terrorismo e o fanatismo ao Islão. Este é o comportamento do verdadeiro Muçulmano: 

Que protegerei todos os refugiados que cheguem aos meus portos, sejam de onde for, longe ou perto, tanto em tempo de paz, como de guerra”. 

“Que, para além de uma vida tranquila, asseguro-lhes a sua própria defesa, a dos seus templos e mosteiros, das suas capelas e abadias, residência colectiva ou particular dos seus monges e a segurança das estradas aquando das suas deslocações, não obstante o local onde queiram viver e em todo o lugar onde vivam”. 

“Que defenderei a sua religião e a sua propriedade, seja em que sítio for e a forma como se encontram, do mesmo modo que o faria comigo mesmo, pela minha religião, pelos que me são próximos e pelos seus pertences, e que mesmo assim lhes darei cobertura contra qualquer dano, desentendimento, imposição ilícita ou responsabilidade ilegítima, protegendo-os de qualquer potência estrangeira que os pretenda atacar com toda a minha força, com a minha própria pessoa e com a dos meus, sejam soldados ou civis, sem ter em conta o poder do inimigo”. 

“Que desde que os considere sob a minha protecção e abrigo, preconceito algum os atingirá, seja em que forma for, sem primeiro atingir dignatários, responsáveis pela defesa nacional”. 

“Que, a partir de agora, não se forçará sacerdote Cristão algum a renunciar às suas vestes, nem indivíduo algum a abandonar a sua fé; do mesmo modo, não se dificultará o trabalho dos monges no exercício da sua profissão, e nem serão obrigados a abandonar os seus mosteiros e a suspender as suas viagens missionárias”. 

“Que não será demolida, nem mesmo uma fracção mínima dos seus templos; pois, quem tal fazer, quebrará a promessa solene dada em nome de Deus, desobedecerá o Profeta e atraiçoará abertamente a felicidade da sua consciência”. 

“Que no que respeita aos impostos, decorrentes de negócios pertencentes aos Cristãos ou a outras crenças, e caso algum deles adquira bens móveis ou imóveis, com o compromisso deles beneficiar da sua exploração ou arredamento, não pagarão impostos maiores do que os já suportados pelos Muçulmanos”. 

“Que os Cristãos sejam considerados, no que respeita a debates de consciência, iguais aos nossos, sem que estejam obrigados a sair com os exércitos nacionais ao encontro do inimigo e nem lutar em situação de guerra”. 

“Que Cristão algum seja obrigado a converter-se à religião do Islão; e nem a sua fé seja discutida, a não ser pelo uso de termos afáveis, devendo ser tratados por todos os Muçulmanos com misericórdia e carinho, que os deverão proteger contra qualquer dano ou prejuízo, onde quer que estejam e seja qual for a situação em que se encontram”. 

“Que os Muçulmanos não contribuam para o fracasso dos Cristãos, seja que fracasso for, e que nem lhes seja negada a colaboração necessária e nem tão-pouco sejam molestados aquando do momento da sua oração”. 

“Que por intermédio desta promessa divina lhes sejam concedidas as mesmas regalias de que usufruem os muçulmanos, assumindo-se, por consequência, a obrigação de os proteger contra qualquer inconveniente e prover ao seu benefício, para que sejam verdadeiros cidadãos, solidários nos seus direitos e deveres comuns”. 

“Que, no que respeita ao matrimônio, uma adepta do Livro não será obrigada a desposar um Muçulmano e nem será contrariada caso resista à corte, visto ser indispensável o seu prévio consentimento; e, caso o enlace se realize, o marido deverá dar liberdade à esposa para que esta pratique a sua fé, sem em caso algum obrigá-la a abjurar à sua religião e nem opor-se, caso sejam estes os seus desejos, pois, todo o acto contrário a estes postulados, colocá-lo-iam entre os falaciosos, violadores da promessa de Deus e da palavra do Seu Profeta”. 

“Que caso os Povos do Livro necessitem construir ou reformar os seus templos, capelas ou lugares santos, ou qualquer outra acção de interesse para o culto por eles praticado, seja prestada, a pedido dos mesmos, a ajuda técnica ou econômica correspondente, sendo este acto considerado como um simples acto de beneficência, de acordo com a promessa dada pelo Profeta e ajustado às regras que Deus impôs a todos os Muçulmanos”. 

“Que em caso de guerra não sejam obrigados a servir de emissários, guias ou observadores quanto ao campo inimigo, e nem a nenhuma actividade de carácter bélico; e, caso alguém lhes o exige, individualmente ou em massa, fazer o contrário, pois tal exigência será considerada um desacato à palavra profética e desobediência ao seu testemunho”. 

“Quem quer que viole as condições predefinidas será considerado um renegado de Deus e da promessa solene feita pelo Profeta Muhammad aos sacerdotes e monges Cristãos, com o testemunho da nação”. 

“Este é um mandato inelidível contraído pelo Profeta em seu próprio nome e em nome de todos os Muçulmanos, e a cuja observação estão obrigados de modo estrito até ao Dia da Ressurreição e Fim do Mundo”. 

Este é um símbolo de tolerância teológica , filosófica VERDADEIRA. Esta é a nossa doutrina. Não a dos fanáticos terroristas, patrocinados eventualmente pelo Ocidente, que dizem representar-nos. O que implica que os meios de comunicação em massa tendenciosos os elevem à categoria de verdadeiros Muçulmanos, apenas para confundir. 

Que o Deus Uno e Único, Infinito e Eterno, nosso Criador, Omnipotente, Beneficente e Misericordioso nos 
proteja a todos. Amém.

Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 15/11/2015.

segunda-feira, outubro 05, 2015

O Tempo na Visão Divina e Humana

Kairos (καιρός) é uma antiga palavra grega que significa “o momento certo” ou “oportuno”. Os gregos antigos tinham duas palavras para o tempo: chronoschronos e kairos. Enquanto o primeiro refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial, esse último é um momento indeterminado no tempo em que algo especial acontece. É usada também em teologia para descrever a forma qualitativa do tempo, o “tempo de Deus”, enquanto chronos é de natureza quantitativa, o “tempo dos homens”.

Em síntese pode-se dizer que o tempo humano (medido) é descrito em horas e suas divisões e anos em suas divisões. Enquanto que o termo Kairós que descreve “o tempo de Deus” não pode ser medido e sim vivido… (Extraído da Wikipédia).

Todos nós ouvimos falar dos últimos tempos, de que Cristo está voltando. Talvez você esteja no auge dos seus 50 ou 80 anos e desde criança tem ouvido falar da volta do JESUS CRISTO.(AS).  Talvez você até zombes disto ou nem se importa.

“Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá a vida eterna” Gl 6:7-8

Tenha uma coisa em mente: o tempo de Deus não é o tempo do homem. Deus é eterno e o homem é efêmero. O homem morre Deus sempre existiu e nunca cessará. Os companheiros do Profeta Mhammade SAAS, entraram em comoção quando ele acabou de morrer. Então Abu Bakr (RAA) adentrando-se no local disse: "Adoradores de Muhammad, Muhammad está morto, Adoradores de Allah, Allah vive e jamais morrerá"!

Mas a misericórdia do SENHOR é de eternidade a eternidade” Sl 103:17
O texto acima retirado da Wikipédia é a mais pura e cristalina realidade. O tempo dos homens é medido em frações, segundos, minutos, dias, meses, anos, presente, passado e futuro, sequencialmente. É a cronologia humana.

Quando você lê as Escrituras Sagradas você entende que para Deus não existe passado, presente ou futuro. Ele não está preso ao tempo. Ele não precisa acessar um arquivo para lembrar-se de acontecimentos passados. Todos os acontecimentos estão diante dEle, ao mesmo tempo, tão potencialmente reais como se eles tivessem acontecido naquele instante.

O futuro para Ele não é uma incógnita. Não há sombra de dúvida, não há mistérios insondáveis para Ele. O presente não lhe traz nenhuma surpresa. Ele sabe de tudo antes mesmo que os acontecimentos venham à luz.
Se você acha que essa história de que Jesus Cristo está voltando é algo de gente antiga, algo esquecido no tempo veja o texto sagrado que fala um pouco sobre o tempo na ótica divina:

Havendo Deus, outrora falado muitas vezes e de muitas maneiras pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” Hb 1:1-2
Veja bem que Deus considera a época em que Ele mesmo esteve aqui na Terra como sendo o tempo dos “últimos dias”. E isto já faz 2015 anos! Para Deus, já faz 2015 anos que os últimos dias deram início!

Para o SENHOR um dia é como mil anos e mil anos como um dia. Não retarda o SENHOR a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, Ele é longânime para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” 2 Pe 3:8-9

Entende agora como Deus vê as coisas completamente diferentes do que nós?

É mais do que hora de abraçar a causa de Deus e deixar que Ele governe definitivamente às nossas vidas.

“Porque o dia do SENHOR dos Exércitos será contra todo soberbo e altivo e contra todo aquele que se exalta, para que seja abatido; contra todos os cedros do Líbano, altos, mui elevados; e contra todos os carvalhos de Basã; contra todos os montes altos e contra todos os outeiros elevados; contra toda torre alta e contra toda muralha firme; contra todos os navios de Társis e contra tudo o que é belo à vista. A arrogância do homem será abatida, e a sua altivez será humilhada; só o SENHOR será exaltado naquele dia” Is 2: 12-17.

O Alcorão e as tradições do profeta Muhammad (SAAS) deixam claro que o Islã considera o tempo um recurso muito valioso.  Os crentes são encorajados a conscientizarem-se do tempo, reconhecer sua importância e organizá-lo de forma sábia.  Se os seres humanos não desperdiçarem ou abusarem do tempo, mas pensarem nele como uma bênção de Deus terá toda a razão para esperarem sucesso nessa vida e na vida futura.
“Pela era,  Que o homem está na perdição,  Salvo os crentes, que praticam o bem, aconselham-se na verdade e recomendam-se, uns aos outros, a paciência e a perseverança!" (Alcorão 103)

O profeta Muhammad instruiu seus seguidores e, consequentemente, os crentes a conhecerem e valorizarem a importância do tempo nas seguintes tradições:
A humanidade permanecerá de pé no Dia do Juízo até que seja perguntada sobre quatro coisas: sua vida e como a viveu; sua juventude e como a usou; seus bens e como os adquiriu e gerenciou; seu conhecimento e como o utilizou.

Existem dois dos favores de Deus que são esquecidos por muitas pessoas: saúde e tempo livre.[3]
O Islã nos ensina que o tempo passa muito rápido e não pode retornar nunca. É irrecuperável.  É a dádiva mais preciosa que a humanidade possui e pode ser tirada de nós a qualquer momento.  Deus é o Doador, mas também é o Limitador.  O tempo passa rapidamente e Deus nos lembra no Alcorão que os meses e anos passam, mas quando estivermos diante Dele no Dia do Juízo nosso tempo na terra parecerá como se tivéssemos vivido, sonhado e adorado por menos de um dia.
“Um deles disse: Quanto tempo permanecestes aqui? Responderam: Estivemos um dia, ou parte dele! Outros disseram: Nosso Senhor sabe melhor do que ninguém o quanto permanecestes.”   (Alcorão 18:19)
"Responderão: Permanecemos um dia ou uma parte de um dia.   Interrogai, pois, os encarregados dos cômputos." (Alcorão 23:113)

Um crente não deve desperdiçar tempo precioso em coisas que não o aproximarão de seu Criador.  Ações que não o beneficiam ou à sua sociedade ou à humanidade em geral, são ações desperdiçado, tempo perdido.  O Islã categorizou as coisas de acordo com o seu nível de importância.  Os primeiros muçulmanos costumavam capturar e usar cada segundo de seu tempo.
Thabit Al-Bunany disse: "Quando meu pai estava em seu leito de morte, fui ajudá-lo a pronunciar o testemunho de que não há divindade merecedora de adoração, exceto Allah, mas ele disse: 'Filho! Deixe-me sozinho, porque recitei todas as minhas súplicas cinco vezes e estou no sexto ciclo agora."

O profeta Muhammad também disse a seus seguidores: "Não amaldiçoe o tempo (al-dahr) porque foi Deus Quem preparou o tempo." [4] Imam An Nawawi comentou sobre isso dizendo que o significado da frase "porque foi Deus Quem preparou o tempo" significa que é Ele Quem faz com que eventos e acidentes ocorram e é o Criador de tudo que acontece.

Aqueles que entendem o valor do tempo devem esforçar-se para organizar seu tempo e fazer planos realistas.  A vida inteira de um crente pode ser considerada adoração quando aquela pessoa está consciente de fazer apenas o que agrada a Deus.  As obrigações religiosas devem ser a prioridade. Entretanto, Deus é generoso e o tempo que parece voar quando estamos ocupados com nossos afazeres torna-se cheio de bênçãos quando o estamos usando para agradar nosso Criador.

As palavras de Deus no Alcorão e a mensagem do profeta Muhammad aos crentes são claras e é dito à humanidade que se conscientize do tempo.  Deus nos lembra de que a vida nesse mundo é temporária e não sabemos o momento designado de nossa morte.  Como crentes não devemos desperdiçar ou abusar do tempo, mas sim valorizá-lo como uma bênção de Deus.  Devemos compreender que desperdiçar um único momento é uma oportunidade perdida que nunca retornará.  Quando nosso tempo nesse mundo terminar não haverá volta e seremos responsabilizados por tudo que fizemos. O tempo é muito precioso! 
Bibliografia:
[1] Bíblia - Almeida Corrigida e Revisada Fiel
[2] Uma música motivacional - autor anônimo
[3] Saheeh Al-Bukhari
[4] Saheeh Muslim 

Fonte:  http://www.islamreligion.com/pt/articles/4155/o-valor-do-tempo/
 (Wikipédia)

sexta-feira, outubro 02, 2015

TEMA DA SEMANA: MEUS DESEJOS, MINHAS PAIXÕES... MINHA PERDIÇÃO. Segunda e última Parte.

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) -As facilidades, a prosperidade e o consumo exagerado de bens, fazem com que muitos percam a fé em Deus. As sociedades “modernas” facilitam a prática de atos imorais, como é o caso do adultério. Os que querem recatar as suas vistas, acabam por deparar com senhoras e homens com roupas tão apertadas, que denotam as suas formas corporais e no tempo mais quente andam seminus. "Diz aos crentes que recatem seus olhares e conservem os seus pudores..." Cur'ane 24:30. 

Alguns servos de Deus acabam por não resistir, olham, ficam imaginando e os pensamentos acabam por rodopiar nas suas mentes. Os seus desejos acabam por traí-los para a prática do adultério, mesmo que seja só da vista e do pensamento. 

Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Na verdade, Deus fixou para o filho de Adam, a sua parte inevitável do adultério e ele está ciente disso ou não. O adultério da vista é olhar (para algo que é pecado olhar) e o adultério da língua é proferir (o que é ilícito); o que anseia e deseja (adultério) as suas partes íntimas transformam isso em realidade ou se abstém de se submeter à tentação. Bhukari 77.609. 

Disse Issa (Aleihi Salam) - Jesus, que a Paz de Deus esteja com ele: “Tende cuidado com os olhares repetidos que lançais às mulheres, porque isso semeia luxúria no coração, desejos e tentação para aquele que o faz"- Abu Al-Hasan Al-Mawardi. Se vermos alguma senhora vestida de modo impróprio, mostrando o que os nossos olhos não devem ver, para afastarmos qualquer intenção, devemos dizer: “Eu procuro protecção em Allah, para tudo o que Ele me proibiu”. A religião é também o controlo dos desejos passionais. 

“A melhor pessoa é aquela que com a longa vida, praticou actos virtuosos. A pior pessoa, é aquela que com a longa vida, passou a praticar más acções.

Ahmad, Haakim, Darda e Tirmizi. O desejo duma vida longa é benéfico, porque permite a prática de mais acções para o alimento da nossa alma e para a satisfação de Deus. Mas outros desejam ter uma vida longa para continuarem a satisfazer os seus desejos da luxúria e de aumentarem ainda mais as suas riquezas, que não as levarão quando deixarem este mundo. 

Se o filho de Adão (o ser humano) possuísse um vale de ouro, não ficaria satisfeito e procuraria ter mais dois; no entanto, a única coisa que lhe encherá a barriga, é a areia da sepultura”. Malik (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: "O filho de Adão (o ser humano) envelhece e com ele dois desejos (envelhecem com ele), o amor pela riqueza e o desejo por uma vida longa". Bukhari 76:430. 

O Islão recomenda a pureza, a moral e a boa conduta porque purificam os nossos corpos e as nossas almas. Para aqueles que proferem palavras obscenas, que se metem na vida dos outros, que não controlam os seus desejos e para os que praticam o adultério, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) deixou-nos a seguinte advertência: “Uma pessoa que salvaguarda o que tem entre as suas mandíbulas (a língua) e o que tem entre as pernas, garante-lhe a entrada no paraíso”. Bukhari e Muslim. 

O islam recomenda o casamento (nikah), não só para a constituição das famílias, mas também como forma de “arrefecermos” os nossos desejos, tão naturais como a nossa própria existência. Marido e mulher são um para o outro, a proteção, o conforto e o apoio mútuo na jornada da vida. Refere Allah Subhanahu Wa Ta’ala no Surat al-Bácara, 2:187: Elas são as suas vestimentas e vós sois as vestimentas delas". Para os jovens e também para qualquer crente, O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) deixou a seguinte recomendação: “Ó grupo de jovens! Quem de entre vós puder casar que se case, pois isso ajudá-lo-á a baixar os seus olhares (das más coisas) e a guardar a sua vergonha”. (Relato de Al-Bhukari). E ele disse também que existe uma recompensa no relacionamento íntimo entre o marido e a esposa, porque se qualquer um deles satisfizesse os desejos fora do casamento, seria um grave pecado (muslim). 

Se compararmos com os tempos dos nossos antepassados, temos agora muito mais facilidades e o mundo pode estar nas nossas mãos. Mas todas estas facilidades são verdadeiros testes para a nossa conduta e para a nossa fé. Muitas vezes é difícil desviarmos os nossos olhares e resistirmos aos desejos e às tentações. Quanto maiores liberdades existirem ao nosso redor, maiores serão as dificuldades para mantermos as nossas almas puras. O corpo é estimulado pelo desejo e entra em confronto com a advertência da alma. Ah! Esta alma que sofrerá as consequências impostas pelo corpo! Quem sairá vencedor? Para aquele que tem dificuldades em controlar-se, mas no íntimo o pretende fazer, a melhor das soluções é fazer jejuns facultativos. Nesse caso, Allah Subhanahu Wa Ta’ala dirá aos anjos: “O meu servo deixou de comer, de beber e refugiou-se dos desejos, só para a Minha satisfação”. Enquanto estiver de jejum, estará mais próximo do Criador e do Protector e lembrar-se-á de que os olhos, a língua e os restantes órgãos do corpo também estão de jejum. SubhanaAllah! 

Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 36:17. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10. 
Cumprimentos 
Abdul Rehman Mangá 
01/10/2015

terça-feira, setembro 29, 2015

O que provocou o esmagamento em Meca durante a Peregrinação (Hajj)?

Divergem as explicações para explicar o esmagamento: erro cometido pelos peregrinos ao evitar seguir as indicações? ou bloqueio produzido pela escolta do príncipe Mohammad bin Salman Al Saud? - 09/2015 - 

Prezados Irmãos, 

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. 

De acordo com um comunicado da Arábia Direção de Defesa Civil, o esmagamento aconteceu às 09:00, hora de Meca (06:00 GMT) no cruzamento entre a rua 204 e 223 quando os peregrinos se dirigiam à ponte Jamarat. O Ministério do Interior saudita disse que o esmagamento se desencadeou quando dois grandes grupos de peregrinos cruzavam de diferentes direções na mesma rua. 

No entanto, várias testemunhas afirmam que o encerramento da rua 206 foi a razão principal por detrás do esmagamento.

O meio de comunicação com sede no Líbano, Ad-Diyar, afirmou num relatório que a coluna escoltando o príncipe Mohammad bin Salman Al-Saud, que consistia em 200 militares e 150 polícias, teve um papel central na situação. 

O relatório disse que a presença do príncipe no meio dos peregrinos provocou uma mudança na direção do movimento dos peregrinos e o esmagamento. O relatório afirma para além disso que o príncipe Mohammad e o seu enorme séquito abandonaram rapidamente a cena, um fato que as autoridades sauditas tratam de silenciar impondo um bloqueio informativo sobre a presença de Mohammad na zona.

Mohammed Jafari, assessor do operador turístico das Viagens Hajj e a Umrah no Reino Unido, afirmou: «A razão principal deste acidente foi que o filho do rei e a sua corte estavam recebendo dignatários incluindo o ministro da Defesa e os membros do Conselho de Cooperação do Golfo. Por esta razão, fecharam duas das entradas onde tem lugar o ritual denominado 'lapidação do diabo' e como consequência os peregrinos não foram capazes de continuar a sua trajetória, o que criou dois importantes engarrafamentos. É por isso culpa do governo saudita, porque cada vez que um príncipe chega, fecham os caminhos e não pensam que possa suceder uma catástrofe. Khalid A. Al-Falih culpa Deus. Em cada desastre, os sauditas dizem que é a vontade de Deus. Não é a vontade de Deus, é a incompetência do homem. Se há uma corrente de gente que entra e se se corta essa corrente, e a população se acumula, com o tempo vai acontecer um acidente».

Jafari também acusou o governo saudita de fazer declarações racistas já que sugere que o esmagamento foi causado pelos peregrinos africanos. Por outro lado, The Daily Telegraph [http://www.-legraph.co.uk/news/worldnews/middleeast/saudiarabia/11890212 /Mecca-stampede-Witnesses-blame-Saudi-officials-for-hajj-horror-and-describe-seeing-dead-bodies.html] culpou as autoridades sauditas pelo desastre.

Numa conferência de imprensa celebrada no dia do incidente, o porta-voz do Ministério do Interior Mansour al-Turki tratou de abordar a maioria dos temas relacionados com o incidente. Disse que uma investigação estava em curso, que as causas exatas de superlotação que levaram à debandada mortal na rua 204 estão ainda por determinar. Explicou que "a rua número 204 é um caminho que vai desde os campos de Mina à Jamarat Bridge. O que se passou foi que a um grupo de peregrinos nos autocarros foi permitido descer às vias que conduzem à ponte Jamarat num momento que não lhes foi atribuído", afirma o correspondente de Al Arabiya News Channel em Mina, disse Saad Al-Matrafi. "À medida que se aproximavam da zona, reuniram-se com um grupo já existente de pessoas que já se encontravam na zona, o que provocou que na zona houvesse mais pessoas que o permitido". O porta-voz também assinalou que a maioria das escoltas diplomáticas têm lugar no sul de Mina e nos túneis subterrâneos, enquanto o incidente teve lugar no norte. Acrescentou que as notícias sobre o incidente devem ser procuradas a partir de fontes oficiais, assinalando que mais polêmicas notícias sobre o desafortunado incidente provêm de fontes em conflito com o Governo saudita. O jornal internacional árabe com sede em Londres Asharq Al-Awsat, que se caracteriza pelo seu apoio ao governo da Arábia Saudita, informou que segundo um funcionário que pediu o anonimato o acidente produziu- se depois de um grupo de cerca de 300 peregrinos iranianos não ter seguido as ordens que lhes pediam para esperar antes de deixar Jamarat.

As baixas A Direção de Defesa Civil da Arábia Saudita declarou que as vítimas eram de várias nacionalidades. A agência de notícias estatal iraniana IRNA anunciou a morte de 131 peregrinos iranianos na debandada. Também se crê que um grande número de nigerianos, peregrinos de Chade e Senegal se encontram entre os mortos.

A Direção de Defesa Civil da Arábia Saudita anunciou a deslocação de 4.000 efetivos para o lugar da debandada junto às 220 unidades de resposta de emergência. Os peregrinos foram redirigidos imediatamente para longe do sítio de debandada. O Crescente Vermelho da Arábia Saudita também se mobilizou e os feridos estão a ser tratados em quatro hospitais.

Incidentes durante o Hajj Setembro de 2015: Pelo menos 717 mortos e centenas de feridos em esmagamento às portas de Meca. 

Janeiro de 2006: 364 peregrinos foram mortos numa debandada à entrada de uma ponte que levava ao sítio de Mina, às portas de Meca. Fevereiro de 2004: 251 peregrinos foram pisados até à morte durante um ritual. 

Fevereiro de 2003: 14 peregrinos muçulmanos morreram esmagados ao realizar o ritual de apedrejamento.

Março de 2001: 35 peregrinos mortos em tumulto.

Abril 1998: Cerca de 180 peregrinos foram pisados até a morte quando o pânico começou depois de vários terem caído de um viaduto em al-Jamarat.

Abril 1997: 343 peregrinos foram mortos e 1.500 feridos num incêndio numa barraca no acampamento superlotado de Mina. Em consequência, as tendas agora são à prova de fogo e cilindros de gás de cozinha são proibidos.

Maio de 1994: Cerca de 270 foram mortos num tumulto.

Junho 1990: 1.426 mortos num tumulto dentro de um túnel pedestre que se dirige para fora de Meca em direção à Mina e às planícies de Arafat.

Julho 1989: Duas bombas explodiram, matando um e ferindo mais de uma dúzia de outros. A Arábia Saudita posteriormente condenou 16 kuwaitianos muçulmanos xiitas de colocar as bombas, e decapitou-os em público.

Julho 1987: Mais de 400 mortos durante confrontos entre as forças de segurança sauditas e manifestantes iranianos em Meca.

Dezembro 1975: Um incêndio num acampamento de tendas em Mina matou cerca de 200 pessoas. O fogo teria sido iniciado pela explosão de um tanque de gás.

Assalamu aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu.

Fonte: Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/2015_Mina_stampede - Versão portuguesa: Yiossuf Adamgy 

sexta-feira, setembro 25, 2015

O que são a Caaba e a Pedra Negra?

Por: M. Yiossuf Adamgy

Prezados Irmãos, 

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. 

A primeira coisa a deixar claro é que nenhuma das duas coisas se adora no Islão. Os muçulmanos, única e exclusivamente, adoram Deus (ár. Allah). A Caaba é o lugar de adoração que foi construído, há quase 4000 anos, por Abraão e seu filho Ismael, a paz esteja com eles, por ordem de Deus. 

Esta construção foi feita de pedra, onde foi o lugar original de um santuário estabelecido por Adão, a paz esteja com ele. Deus ordenou a Abraão, a paz esteja com ele, que convocasse toda a humanidade para direção: a prostração tem valor em  direção a qualquer ponto do edifício. O peregrino põe a sua mão quando foram varridos todos os véus que entorpeciam a razão do ser humano, quando renunciou completamente a todo o desejo de poder, de impor as nossas fantasias a uma realidade que não depende de nós para se concretizar.

Os peregrinos humilham-se perante Deus, deixam de ser átomos separados e, por uns instantes, vivem a reconstrução cosmológica do Universo a partir de um acendido ponto de Luz. Peregrinar é, para um muçulmano, morrer para o espaço e para o tempo, pois uma vez que o viajante chega à orla do mundo e se funde na corrente vertical do seu eixo, o Criador recebe-o no Seu oceano de Paz..

Um bósnio caminha 6000 km até Meca O seu exemplo serve para voltar a recordar a importância de um hajj mais ecológico 07/11/2012 - Autor: Arwa AburawaFonte: GreenProphet No ano passado escrevi sobre a incrível história de dois muçulmanos sul-africanos que tinham viajado de bicicleta até Meca. Então pensei que pouco mais podia fazer-se para superar este facto, mas enganei-me. Um homem de origem Bósnia, de 47 anos, caminhou todo o trajeto desde o seu povo à cidade santa de Meca. Com apenas 200 euros no seu bolso, afirmou que com este escasso orçamento não podia fazer a peregrinação de outro modo. Senad Hadzic caminhou entre 20 e 30 quilômetros por dia e cruzou seis países e chegou à Arábia Saudita na semana passada, a tempo para o Hajj. Isto é o que chamo uma peregrinação verde!«Dormi em mesquitas, colégios e outros lugares, como os lares que me ofereceu a boa gente”, explica Hadzic no vídeo do YouTube. “Alguns perguntam-se se senti medo enquanto passava por sítios perigosos, mas porque deveria tê-lo… Deus está comigo». Hadzic levava uma cópia do Alcorão, 
Obrigado. Wassalam.
M. Yiossuf Adamgy - 24/09/2015.

TEMA DA SEMANA: MEUS DESEJOS, MINHAS PAIXÕES... MINHA PERDIÇÃO. Primeira Parte.

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) 

Louvado seja Allah, Sustentador, Criador e Senhor do Universo. Que a Paz e as Bênçãos de Allah estejam com Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), com sua família e com seus companheiros. Que a Paz e as Bênçãos de Allah estejam com todos os Profetas que vieram trazer a mesma mensagem: “Não há outra divindade senão Deus” – “Lá ILAHA ILA LLAHA”. 

O nosso corpo é uma máquina perfeita quando é bem tratada e alimentada. Tal como as plantas que não resistem e até morrem quando são regadas em demasia, também o corpo humano acaba por sofrer devido a excessos de comida e de bebidas. Quando ultrapassamos certos limites, o corpo ressente-se e adoece, trazendo complicações para a nossa vida terrena. Mais grave do que a doença do corpo, é a doença da alma, porque dependerá do estado dela para a determinação do nosso futuro, na vida eterna. Se não tivermos disciplina para refrearmos os desejos nocivos, estaremos na companhia dos desencaminhados. “Ao contrário, quem tiver temido o comparecimento ante o seu Senhor e se tiver refreado em relação à luxúria, terá o Paraíso como abrigo”. Cur’ane 79: 40 e 41. 

O Islam recomenda uma vida equilibrada de modo que o corpo e a alma possam ser adequadamente alimentados. O corpo deve manter-se forte (é melhor um corpo saudável do que um corpo debilitado) e a alma deve ser fortificada com fé e muitas boas acções. Allah Subhanahu Wa Ta’ala criou o ser humano e naturalmente lhe concedeu o desejo. Também Allah com a Sua infinita Sabedoria, concedeu-nos a faculdade para distinguirmos o bem e o mal. 

Não basta só o conhecimento para sabermos escolher o que é o bom ou o mal. Outros com sabedoria, mas conduzidos pela luxúria e pelas paixões dos desejos, seguem o caminho da perdição, porque não temem a Deus. Ao colocarem a luxúria e os seus desejos acima de tudo e de todos, passarão a ser escravos das suas próprias paixões. “Não tens reparado naquele que idolatrou os seus vãos desejos...”. Cur’ane 45.23. Com a fé em Deus, com os ensinamentos do Seu Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), com a paciência, com o temor a Deus e com a esperança na Misericórdia Divina, saberemos satisfazer os nossos desejos sem prejudicar a nossa alma. 

São legítimos os desejos para termos uma mulher / marido, uma família, um bom emprego, uma boa casa e uma alimentação adequada, desde que os direitos dos outros não sejam prejudicados. “O que Allah deixou para vós (depois de terem dado os direitos aos outros) é mais vantajoso para vós...”. Cur’ane 11:86. A satisfação do desejo entre o homem e a mulher é balizada através do casamento, um meio também para a constituição da família. Após as longas horas diárias à procura do sustento, o ser humano encontra a tranquilidade no seio da família. O relacionamento adúltero só origina conflitos, desgraças e até filhos que crescerão sem o adequado apoio parental. O Profeta José – Youssuf , que a Paz de Deus esteja com ele, quando escravo, foi tentado pela mulher do “seu dono” e ele disse: 

“Procuro protecção em Allah! ele (o seu marido) é meu amo e acolheu-me condignamente.” Cur’ane 12:23. 

O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) referiu que existe uma recompensa no relacionamento íntimo entre o marido e a esposa, porque se um deles satisfizesse os seus desejos fora do casamento seria um grave pecado. Muslim. Também disse Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) que o inferno está cercado por todos os tipos de prazeres, desejos e paixões (fáceis de se obter), enquanto o Paraíso está cercado por todos os tipos de acções que exigem esforço e trabalho árduo para se conseguir entrar. 

Dois exemplos de como a liberdade de escolha que Deus nos concedeu, nos podem aproximar ou afastar Dele. Com o excedente das nossas capacidades financeiras podemos ajudar a construção de fontenários, mesquitas, escolas e orfanatos. 

Enquanto essas obras perdurarem, estaremos a ser agraciados e recompensados por Deus, mesmo depois da nossa morte. Se utilizarmos esses excedentes para a satisfação dos desejos mundanos, como por exemplo a construção duma casa de diversão nocturna, seremos continuamente responsabilizados enquanto ela perdurar, mesmo após a nossa morte. 

Quando os desejos da imoralidade habitarem nos nossos corações, a fé enfraquece e tornamo-nos cegos. “Se não tiveres vergonha, farás o que te apetecer”. Deus deu liberdade ao ser humano para satisfazer os seus desejos de acordo com as suas intenções. No dia da Ressurreição, ninguém sairá defraudado, porque cada um colherá os desejos que plantou. 

In Sha Allah continua na próxima semana. 

ALLAHU NURO SAAMÁ WÁTI WAL ARDH. “ALLAH É A LUZ DOS CÉUS E DA TERRA”. “Wa ma alaina il lal balá gul mubin". "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 36:17. 

Cumprimentos 
Abdul Rehman Mangá 
24/09/2015

sexta-feira, setembro 18, 2015

A Vida do Profeta Abraão

Prezados Irmãos, 

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Abraão (Ibrahim), paz esteja com ele, não era Judeu nem tão pouco Cristão; mas era "hanif" (sincero e avesso a todos os credos falsos), e submetido à vontade de Deus (Muçulmano), e nunca foi politeísta. 

Na verdade, entre as pessoas, os mais achegados a Abraão, são aqueles que o seguiram, assim como (são) 
este Profeta (Muhammad) e os que (com ele) creem: E Deus é o Protector dos crentes. (Capítulo Al'Imran 
3:67-68).

O Profeta Abraão é um dos Profetas mais referidos no Alcorão e é distinguido por Deus (ár. Allah) para que dê um exemplo ao povo. Ele passou a mensagem de Deus ao seu povo que adorava ídolos e preveniu-os ara que temessem Deus. O seu povo não escutou os seus avisos, pelo contrário, ficaram contra ele. Quando a opressão das suas gentes aumentou de intensidade, o Profeta Abraão teve de partir, juntamente com a sua mulher, o Profeta Lut e alguns outros.

O Profeta Abraão descendia do Profeta Noé. O Alcorão diz também que ele seguia a Via de Noé: Que a paz esteja com Noé, entre todos os povos! 

Na verdade, assim Nós recompensamos os benfeitores. Pois ele era um dos Nossos servos crentes. Logo, afoga-mos os demais. Sabei que entre aqueles que seguiram a sua Via estava Abraão». (Capítulo As-Sáffat – 37:79-83).

No tempo do Profeta Abraão (paz esteja com ele) muitas das gentes que habitavam as planícies da Mesopotâmia adoravam os céus e os astros. O seu maior deus era "Sin", o deus-Lua. O deus-Lua era personificado num homem com longas barbas e trajando uma túnica enfeitada por uma lua em forma de crescente. Além disso, estas gentes elaboravam muitas esculturas e imagens destes deuses e adoravam-nas. 

Este era um culto deveras alargado que encontrara o seu local ideal no Médio Oriente, e portanto aí se mantivera por um vasto período de tempo. Os povos da região continuaram a adorar estes deuses até cerca de 00 A.C.. Como consequência deste culto, foram erigidas nas regiões que se estendiam da Mesopotâmia ao interior da Anatólia, construções conhecidas como "Zigurates", que eram utilizadas com locais de vigia e templos, e onde alguns deuses, como principalmente o deus-Lua "Sin", eram adorados.

Este credo, só revelado por escavações arqueológicas no presente, pode ser encontrado no Alcorão. Como mencionado no Alcorão, o Profeta Abraão (a.s.) recusou-se a adorar estas divindades e voltou-se unicamente para Deus, a única divindade verdadeira. No Alcorão, a conduta do Profeta Abraão a.s.) é relatada como se segue: «E recorda-te de quando Abraão disse a seu pai Azar: "Tomas tu os ídolos por deuses? Na verdade, eu vejo-te, a ti e ao teu povo em manifesto erro". E assim Nós mostramos a Abraão o reino dos céus e da terra, para que ele se contasse entre os persuadidos. 

Quando a noite se tornou negra, ele viu por cima e si uma estrela: ele disse: "Este é o meu Senhor". Mas quando esta desapareceu, disse: "Não amo as coisas que desaparecem". quando viu a lua levantar-se, disse: "Este é o meu Senhor". Mas quando esta desapareceu, disse: "A não ser que o meu Senhor me guie, estarei, certamente, entre as gentes perdidas".

Quando viu o sol levantar-se, disse: "Este é o meu Senhor: este é o maior". Mas quando este desapareceu, disse: "Ó meu povo! Estou, na verdade, libertado de tudo isso que associais ao Senhor. Eu volto a minha face para Aquele que criou os céus e a terra, como um hanif (monoteísta), e não me conto entre os idólatras"». (Capítulo Al-Anám – 6:74-79).

No Alcorão, o local de nascimento do Profeta Abraão e os locais onde viveu não são descritos detalhadamente. Mas é insinuado que, tanto o Profeta Abraão como o Profeta Lut, viveram em locais próximos na mesma altura. Pois os anjos enviados ao povo de Lut tinham anteriormente aparecido ao Profeta Abraão para lhe dar as boas novas da gravidez de sua mulher.

Uma questão importante relativa ao Profeta Abraão patente no Alcorão, que não é mencionada no Antigo Testamento, é a da construção da Caaba (ár. Ka'bah). No Alcorão, a Caaba é construída pelo Profeta Abraão e pelo seu filho Isma'il (paz esteja com eles). 

Na atualidade, o único facto que se conhece relativamente ao passado da Caaba é que esta é considerada um lugar sagrado desde tempos remotos. 

Portanto a colocação dos ídolos na Caaba durante a Idade da Ignorância (ou Obscurantismo), anterior ao Profeta Muhammad (Maomé), a paz esteja com ele, é consequência da degeneração e distorção da religião sagrada anunciada pelo Profeta Abraão.

O Profeta Abraão de acordo com o Antigo Testamento .O Antigo Testamento é provavelmente a fonte mais detalhada sobre o Profeta Abraão. De acordo com o relato, o Profeta Abraão nasceu por volta de 1900 A.C., na cidade de Ur, uma das mais importantes cidades daquele tempo, que ficava no sudeste das planícies da Mesopotâmia. Quando nasceu, o Profeta Abraão não foi chamado Abraão mas sim Abrão. O seu nome seria mudado por Deus (YHAWEH), mais tarde. 

Um dia, de acordo com o Antigo Testamento, Deus pediu a Abrão para se deslocar, deixando a sua terra e o povo, ir para um país indefinido e dar início a uma nova comunidade aí. Abrão, aos 75 anos, escutou isto 
e pôs-se a caminho com sua estéril esposa Sarai ─ que mais tarde é referida como "Sarah", que significa princesa ─ e seu sobrinho, Lut. Enquanto viajavam para a Terra Escolhida, ficaram em Harran por algum tempo, e depois continuaram a sua jornada. Quando chegaram ao reino de Canaan prometido por Deus, foi-lhes dito que este lugar havia sido escolhido especificamente para eles e dado a eles. Quando Abrão alcançou a idade de 99 anos, ele fez um acordo com Deus e o seu nome foi mudado para Abraão. 

Morreu aos 175 anos e está enterrado numa cave do Machpelah, perto da cidade de Hebron (el-Kaalil), situada na Margem Ocidental, que está sob ocupação de Israel, actualmente. Esta terra comprada pelo Profeta Abraão por uma certa quantidade de dinheiro, é a primeira propriedade sua e de sua família na Terra Prometida.

Local de Nascimento do Profeta Abraão, de Acordo com o Antigo Testamento foi sempre uma questão de debate. Enquanto os Cristãos e os Judeus dizem que o Profeta Abraão nasceu no Sul da Mesopotâmia, o pensamento prevalecente no mundo Islâmico é que o seu local de nascimento fica em redor de Urfa-Harran. Alguns novos achados mostram que as teses dos Judeus e Cristãos não refletem completamente a verdade.

Os Judeus e os Cristãos baseiam-se no Antigo Testamento para dizerem que o local de nascimento do Profeta Abraão fica no sul da Mesopotâmia. Após o nascimento do Profeta Abraão e criação na cidade, diz-se que ele foi para o Egipto e alcançou o Egipto ao fim de uma longa jornada na qual passou à volta de região de Harran, na Turquia.

Contudo, uma cópia do Antigo Testamento encontrada recentemente gerou sérias dúvidas acerca da precisão desta informação. Nesta cópia Grega do Séc. III A.C., que é considerada ser a mais antiga cópia do Antigo Testamento que foi encontrada, o nome da cidade de "Ur" nunca foi mencionado. Atualmente, muitos investigadores do Antigo Testamento dizem que a palavra "Ur" não é precisa no manuscrito ou no subsequente acrescentamento. Isto implica que o Profeta Abraão não nasceu na cidade de Ur, e talvez nunca tenha estado na região da Mesopotâmia durante a sua vida.

Além disso, devia saber-se que os nomes de algumas localidades, e as regiões que elas implicam, podiam ter mudado com o tempo. Assim há dois milênios atrás, a Mesopotâmia implicava uma região mais a norte, mesmo alcançando até Harran, e espalhando-se pelas terras Turcas. Contudo, mesmo se for aceite que a expressão planície da Mesopotâmia esteja implícita no Antigo Testamento esteja certa, seria incorreto pensar que a Mesopotâmia de dois milênios atrás e a Mesopotâmia de hoje sejam os mesmos locais.

Mesmo que haja sérias dúvidas e desacordos sobre a cidade de Ur, que é indicada como o local de nascimento do Profeta Abraão, há um consenso comum sobre o facto de que Harran e aquela região eram locais onde o Profeta Abraão viveu. Mais ainda, uma curta pesquisa feita sobre o Antigo Testamento indicaria alguma informação apoiando o facto de que o local de nascimento do Profeta Abraão foi Harran. Por exemplo, no Antigo Testamento, a região Harran é designada com a "Região de Aram" (Génesis, 11/31 e 28/10). Diz-se que aqueles que vieram da família do Profeta Abraão se apresentam como "filhos de um Arami" ─ (Deuteronómio, 26/5). A identificação do Profeta Abraão como um Arami mostra que ele viveu nesta região.

Nas fontes Islâmicas, há uma forte convicção de que o local de nascimento do Profeta Abraão é Harran e Urfa. Em Urfa, que é chamada a "cidade dos Profetas" há muitas histórias e lendas acerca do Profeta Abraão.

Porque foi o Antigo Testamento Alterado? O Antigo Testamento e o Alcorão descrevem dois diferentes Profetas chamados Abraão. No Alcorão, o Profeta Abraão é enviado para um povo idólatra como mensageiro. Seu povo adora os céus, as estrelas, a lua e vários ídolos. Ele luta contra o seu povo, tenta reverter as suas superstições e crenças, e inevitavelmente agita a inimizade de toda a sua comunidade, inclusive seu pai.

Atualmente, nada disso é mencionado no Antigo Testamento. O lançamento do Profeta Abraão ao fogo e a destruição dos ídolos da sua comunidade não têm lugar no Antigo Testamento. O Profeta Abraão é, em geral, representado como o antepassado dos Judeus no Antigo Testamento. É evidente que esta posição no Antigo Testamento é figurada pelos chefes da comunidade Judaica procurando trazer o conceito de "raça" à ribalta. Os Judeus que acreditam que são o povo escolhido eternamente e tornados superiores por Deus, deliberada e voluntariamente, alteraram o seu Livro Divino e fizeram aumentos e cortes de acordo com esta fé. Eis porque o Profeta Abraão é meramente figurado como antepassado dos Judeus no Antigo Testamento. 

Os Cristãos que acreditam no Antigo Testamento pensam que o Profeta Abraão é o antepassado dos Judeus, mas com uma só excepção; de acordo com os Cristãos, o Profeta Abraão não é Judeu mas sim Cristão. Esta posição dos Cristãos, que não ligavam ao conceito de raça tanto como os Judeus, causou o desacordo e lutas entre as duas religiões. Deus traz a seguinte explicação a estes argumentos no Alcorão: 
«Ó Povos do Livro! Porque disputais a respeito de Abraão, uma vez que a Tora e o Evangelho só foram revelados depois dele? Não compreendeis isto?Vós sóis os que disputais sobre aquilo de que apenas tendes algum conhecimento; então, porque disputais sobre aquilo de que não sabeis? E Deus sabe, e vós não sabeis.

Abraão não era Judeu nem tão pouco Cristão; mas era "hanif" (sincero e avesso a todos os credos 
falsos) e submetido à vontade de Deus (muçulmano), e nunca foi politeísta. 

Na verdade, entre as pessoas, as mais chegadas a Abraão são aquelas que o seguiram, assim como (o são) este Profeta (Muhammad) e os que (com ele) creem: e Deus é o Protetor dos crentes”». (CapítuloAl-Imran - 3:65-68).

No Alcorão, sendo muito diferente do que está escrito no Antigo Testamento, o Profeta Abraão é uma pessoa que avisou o seu povo para que temessem Deus e que lutou contra eles para esta finalidade. A partir da sua juventude, ele avisou o seu povo, que era adorador de ídolos, e aconselhou-os a desistirem dessa prática. O seu povo reagiu ao Profeta Abraão, tentando matá-lo. 

Tendo escapado desta malvadez do seu povo, o Profeta Abraão, finalmente, afastou-se destes eventos, emigrando.

Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 09/09/2015

quinta-feira, setembro 10, 2015

Os refugiados sírios às portas da Europa islamófoba

Os governos europeus demonstraram um profundo desprezo pelos seres humanos de qualquer parte do planeta Por: Ángel Álvarez Hernández - Fonte: Webislam - 28/08/2015 - Versão portuguesa: M. Yiossuf Adamgy.

Prezados Irmãos, 

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum ", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. 

Não é de estranhar que os refugiados sírios tenham batido contra uma cruel porta de mármore quando querem entrar na Europa. Os governos europeus demonstraram um profundo desprezo pelos seres huma-nos de qualquer parte do planeta. As suas palavras estiveram sempre cheias de hipocrisia e mentiras. Só os Estados Unidos se podem comparar em mesquinhez. 

Nem os meninos, nem as mulheres grávidas pesaram na consciência dos líderes ocidentais quando destruíram o Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria ou Líbano. 

Não doeu a consciência à França, quando fomentou a guerra civil na Líbia para negociar o controlo e os benefícios do gás, e não se comovem os líderes ocidentais com os massacres de muçulmanos em Myanmar, Cachemira ou República Centro Africana. 

O importante é colher o dinheiro e correr como lobos, repartir as fontes de riqueza e os recursos naturais sem importar o custo de vidas humanas. A imagem horrível da morte, a mutilação ou o trastorno mental das suas vítimas, não existe na retina dos líderes ocidentais. 

O desespero dos refugiados sírios não começou ontem, mas sim no dia em que um grupo de sinistros e elitistas executivos neoliberais desenharam um plano estratégico, para tirar do poder Bashar al-Asad e poder assim controlar a rota do petróleo e do gás, que iria desde o Golfo Pérsico até ao Estreito dos Dardanelos, para abastecer toda a Europa Central em prejuízo dos interesses das petroleiras russas. Naquele dia começou o pesadelo para milhões de sírios. 

Não quero dizer, com isto, que a oligarquia russa ou a burocracia do Partido Comunista chinês sejam melhores, mas pergunto-me quem alimentou, vestiu, treinou e pagou aos fanáticos e delinquentes que formam as diferentes bandas criminais que desgarraram a Líbia e depois a Síria, senão o ocidente e os seus aliados árabes. 

Pergunto-me quem fabricou falsas ONGs, para fazer credíveis mentiras e justificar bombardeios e invasões de países, senão o ocidente. 

Quem disse que havia armas nucleares no Iraque senão o ocidente. 

Quem tem invadido o maior país produtor de ópio do mundo senão o ocidente. 

O ocidente é o grande pesadelo dos esfomeados, órfãos e desterrados da terra. O ocidente ama o poder, o domínio e a riqueza. O ocidente é negligente e epicúrio, e para manter-se vivo necessita chupar o sangue das suas vítimas sem se importar se estas são gregas ou sírias. O ocidente não faz distinção entre idades, sexos ou cor da pele. O mesmo mata na Ucrânia e na Nigéria. O importante é controlar a produção de diamantes, petró-leo, gás ou cacau. E se para isso é necessário financiar revoluções laranja, golpes de estado ou assassinatos, faz-se e ponto, porque não é algo pessoal mas só um negócio, como diria a máfia. 

O fedor dos crimes do ocidente é tão intenso como o desespero dos deserdados que chamam à sua porta. A esta hora um alto executivo de Wall Street estará devorando o seu pequeno-almoço, repleto de vísceras e corpos verdes inchados nas águas do mediterrâneo, enquanto olha para a subida do Nível de Risco em algum triste país do sul da Europa. 

Deus diz no Alcorão: “Certamente, quem consome os bens dos órfãos injustamente, só está enchendo o seu ventre de fogo: pois na Outra Vida sofrerá um fogo abrasador” (4:10). 

Os bombardeios 'humanitários' sobre a Líbia não trouxeram a democracia e os direitos humanos mas milhares de mortos e a destruição de um país que não voltará, em gerações, a viver com a qualidade de vida que teve e que agora é um estado falido, (como a Somália ou o Afeganistão), onde imperam os tenebrosos senhores da guerra que traficam com o petróleo no mer-cado negro. Algo similar ao que fazem os terroristas do mal chamado Estado Islâmico. 

A grande mentira sobre a qual se justificaram todos estes crimes é o mal chamado jihadismo. Querem fazer-nos crer, os líderes ocidentais e europeus, que lutam contra algo que chamam terrorismo islâmico, mas na realidade só lutam pelo ouro negro, a riqueza e o poder, em bene-fício da oligarquia financeira internacional e complexo industrial militar. 

Disse o Profeta Muhammad (p.e.c.e.): "Se não tens vergonha, faz o que quiseres". 

E os líderes europeus e ocidentais há muito tempo que creem ter assassinado Deus, e portanto creem que podem fazer o que quiserem, porque ninguém lhes pedirá contas. O ocidente já não tem moral e a ética é só para os que a podem pagar. 

Um alto oligarca norte-americano disse uma vez: tenho a Deus na minha lista trabalhando para mim! E começou a financiar igrejas evangélicas fundamentalistas por toda a América latina. 

A fé dos crentes mais sensíveis foi adulterada e mani-pulada centenas de vezes ao longo da história. Em nome de Deus (ár. Allah) roubou-se, violou-se e assassinou-se. 

Dizem-nos que o culpado das guerras do Médio Oriente é o terrorismo islâmico, mas terrorismo e islâmico são termos incompatíveis. O culpado das guerras no Médio Oriente não é Deus, mas aqueles que manipulam a sua mensagem, para roubar, matar e violar. Roubar o petróleo, matar os homens e violar as mulheres, como se estivéssemos numa nova Idade Média ou como se nunca tivéssemos saído dela. 

O primeiro acto de islamofobia dos líderes ocidentais foi pretender reduzir o Islão a um conjunto de mitos e fábulas facilmente manipuláveis. 

O segundo delito foi que os líderes árabes acreditaram nos líderes ocidentais e venderam o seu Islão em troca de poder e fabricaram doutrinas assassinas para atacar e sa-quear países irmãos. 

O terceiro acto de islamofobia dos líderes ocidentais foi manipular a opinião pública dos seus países criando uma imagem distorcida dos muçulmanos e do Islão, para justificar guerras neocoloniais, recortar direitos sociais e gerar uma atmosfera anti Islão, onde tudo estava permitido. 

O quarto acto islamófobo dos líderes ocidentais e árabes foi lançar uns muçulmanos contra os outros, para que se matassem entre eles, e semear o ódio, a morte e a confusão com actos terroristas em mercados, mesquitas e bairros chiítas ou sunitas. 

O quinto acto islamófobo dos líderes ocidentais e ára-bes foi consentir o assassinato de pessoas no ocidente a mãos de terroristas que se diziam muçulmanos, para assim justificar a intervenção dos países europeus e ociden-tais no norte de África e Médio Oriente. 

O sexto acto islamófobo por parte das seitas criadas pelos líderes árabes foi justificar o genocídio, a limpeza étnica e o ódio contra todos aqueles que não eram muçul-manos, para controlar as rotas petroleiras. 

O sétimo acto de islamofobia por parte dos líderes árabes foi e é ter abandonado os seus irmãos da Ummah nas mãos de sionistas, em troca de mais riqueza e poder. 

O oitavo acto de islamofobia é a utilização do Islão para eliminar, encarcerar ou exiliar opositores. 

O nono acto de islamofobia é utilizar o Islão para domi-nar e controlar países. 

O décimo acto islamófobo dos líderes árabes é enfren-tarem-se entre eles para devorar as migalhas de poder que o ocidente lhes lança, como se fossem cães na mesa do seu amo. 

Vemos como os líderes árabes saqueiam países e jogam no mercado internacional da compra de dívida pública, sendo implacáveis. 

Deus disse no Alcorão: 

“Quando os hipócritas vêm a ti, eles dizem: 'Damos fé de que tu és, em verdade, o Enviado de Deus!' Porém, Deus bem sabe que tu és realmente o Seu Enviado; e Deus dá fé de que os hipócritas mentem na sua declaração de fé. Fazem dos seus juramentos uma coberta para a sua falsidade, e desencaminham-se da senda de Deus. Que péssimo é o que fazem!" (Alcorão, Sura Al-Munafiqun, 63: 1-2). 

Depois de tudo isto não é de estranhar que os refugiados sírios batam contra uma cruel porta de mármore, quando querem entrar na Europa. Para a extrema-direita é fácil ir buscar o voto anti Islão, só necessita agitar os vídeos dos grandes líderes árabes, vivendo de maneira epi-cúria e ostentosa, enquanto o povo sírio morre de fome e guerra. 

A extrema-direita tornou-se adita aos vídeos de delinquentes e fanáticos gritando que Allah é Grande e decapitando inocentes. A extrema-direita deveria dar gra-ças ao mal chamado Estado Islâmico, porque os seus crimes fomentam o voto ultra e a islamofobia. 

Só desta perspectiva se pode compreender que os neonazis possam recrutar cada vez mais jovens, para apedrejar centros de refugiados na Alemanha, ou que o governo eslovaco não queira dar asilo a refugiados muçulmanos.

A tempestade que semeamos 

06/09/2015, por João Mendes 

In: http://aventar.eu/2015/09/06/a-tempestade-que-semeamos/ 

Não vale a pena insistir no óbvio, muito se tem escrito sobre ele. Que é uma catástrofe humanitária, uma fuga desesperada de quem não tem mais para onde fugir e procura um mínimo de segurança para si e para os seus. Que a Europa, que se gaba por ser o bastião da paz, da solidariedade e da tolerância tem demonstrado enormes dificuldades em lidar com o problema, incapaz como de cos-tume de falar a uma só voz e poluída por sujeitos mesqui-nhos como Viktor Órban, o fascista a quem curiosamente a imprensa apelida de conservador – o facto de liderar um partido que pertence ao PPE será apenas uma coincidência – pois, como sabemos, radicais são os do Syriza. Que temos a sensibilidade de uma folha de Excel de um qualquer ministro das finanças pró-austeridade e que infelizmente ainda precisamos de ver a imagem de uma criança morta na praia para percebermos a dimensão apocalíptica da situa-ção. Sim, já todos sabemos isso. Não nos permitimos sequer não saber. 

Mas para além do óbvio comum, olhemos para o outro óbvio que muitos parecem ainda não ter entendido: depois de anos de exportação de violência para o Médio Oriente e Norte de África, o Ocidente estava à espera de quê? De se manter hermeticamente fechado para o problema en-quanto beneficiava do petróleo dos desgraçados, lhes vendia armas e para lá enviava as suas empresas de construção para reerguer aquilo que havia ajudado a pulverizar? Achava mesmo que podia continuar a treinar terroristas, a armar fanáticos e a patrocinar bombardea-mentos que pouco mais fazem do que beliscar os alvos reais, provocando ao invés a destruição de hospitais, escolas e das vidas daqueles cuja vida é já um pesadelo e que se transformam assim em presas fáceis para o recrutamento de soldados sem nada a perder, cegos e movidos pelo ódio, tudo isto sem consequências? 

Tal como o Iraque, também a Síria está pior, muito pior, do que quando a boa nova da democracia ocidental chegou. Como um cão obediente segue o seu dono, os es-tados europeus têm seguido os EUA nas suas invasões e outras violações de soberania, regra geral com o intuito de depor ditadores que já o eram no tempo em que eram recebidos com toda a pompa e circunstância em Washington, Londres, Paris ou Bruxelas. Apoiamos, directa ou indirectamente, intervenções no Afeganistão, Iraque, Líbia e Síria e o que lá ficou depois dos mísseis da democracia ocidental foram infernos na terra onde impera a lei do mais forte e a arbitrariedade de quem ficou com as armas no dia em que os soldados da paz foram embora. 

O autoproclamado Estado Islâmico (EI) é o resultado mais visível desta política externa norte-americana apoiada pelo Velho Continente. Não é um exclusivo, ainda que as raízes do colonialismo ou o patrocínio de diferentes golpes de Estado tenham desempenhado o seu papel no passado, mas a verdade é que muitos combatentes do EI são dissidentes dos movimentos rebeldes que se fartaram de combater Assad pela libertação da Síria e passaram a combate-lo pela supremacia do fundamentalismo. Os tais que ajudamos a armar. E entre os que agora fogem é mais que certo existirem infiltrados jihadistas que se aproveitarão do desespero da maioria para trazer a violência e o radicalis-mo para o continente europeu e que terão nos indigentes, nos que sofrem às mãos de fundamentalistas como aqueles que governam a Hungria, terreno fértil para o recrutamento futuro que lhes permitirá expandir células terroristas que, como ervas daninhas, se multiplicarão pelas democracias ocidentais. 

Com tantos burocratas pagos a peso de ouro em Bruxelas, será que ninguém antecipou esta possibilida-de? É possível que não. Os burocratas de Bruxelas não são, em grande parte, melhores que os boys que dão a países como Portugal admiráveis experiências de gestão danosa. Por outro lado, nada fazia antever este cenário: os conflitos nos países de origem da maioria dos refugiados não sofre-ram agravamentos recentes que expliquem este boom mi-gratório e, apesar de tudo, fazer a travessia tem um preço, preço esse que os recursos praticamente inexistentes de sírios, afegãos, somalis ou iraquianos não podem pagar. E se não podem, de onde veio o dinheiro para pagar aos mercenários que transportaram mais de 100 mil pessoas nas últimas semanas? Terá sido o preço que o EI se predispôs a pagar para infiltrar uns quantos dos seus ou estaremos perante algo ainda mais obscuro? Seja como for, se nós, europeus, não estivermos à altura da situação, então o projecto de paz e solidariedade a que nos propu-semos estará oficialmente morto. Já chegaram os ventos que por lá ajudamos a semear. A tempestade que agora colhemos não é mais do que o fruto das opções políticas das pessoas que colocamos no poder. As nossas opções.

Quem não pretender continuar a receber estas reflexões, por favor dê essa indicação e retirarei o respectivo endereço desta lista. 

Obrigado. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 09/09/2015 

quinta-feira, setembro 03, 2015

A cegueira da União Europeia face à estratégia militar dos Estados Unidos

Os responsáveis da União Europeia enganam-se completamente acerca dos atentados islamitas na Europa e as migrações para a União de gente fugindo das guerras. Thierry Meyssan mostra aqui que tudo isto não é a consequência acidental dos conflitos no Médio-Oriente alargado e em África, mas sim um objectivo estratégico dos Estados Unidos. or: Thierry Meyssan - ede Voltaire | Damasco (Síria) | 27 de Abril de 2015 - http://www.voltairenet.org/article187425.html.

Prezados Irmãos, 

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. Os dirigentes da União Europeia encontram-se subitamente confrontados com situações inesperadas. Por um lado, atentados ou tentativas de atentados perpetrados, ou reparados, por indivíduos que não pertencem a grupos políticos identificados; por outro lado um afluxo de migrantes, via mar Mediterrâneo, dos quais vários milhares morrem às suas portas.

Na ausência de análise estratégica, estes dois acontecimentos são considerados a priori como não tendo relação entre si e são tratados por administrações diferentes. Os primeiros recaem sobre os serviços de Inteligência e da polícia, os segundos sobre os serviços de alfândega e da Defesa. Ora, eles têm no entanto uma origem comum: a instabilidade política no Levante e em África.

Se os políticos da União Europeia tivessem viajado um pouquinho, não apenas no Iraque, na Síria, na Líbia, no Corno de África, na Nigéria e no Mali, mas também na Ucrânia, eles teriam visto com os seus próprios olhos a aplicação desta doutrina estratégica. Mas, eles contentaram-se em vir falar num prédio da Zona Verde em Bagda de, num palanque em Trípoli ou na praça Maidan de Kiev. Eles ignoram aquilo que as populações vivem e, a requisição do seu «Grande Irmão-big brother» fecharam muitas vezes as suas embaixadas de tal modo que se privaram de ter olhos e ouvidos no local. Melhor, eles subscreveram, sempre a requisição do seu «Grande Irmão», embargos, de modo que nenhum homem de negócios pudesse ir, nunca mais, até aos locais testemunhar o que acontecia por lá. 

Um número indeterminado de migrantes morreu no Mediterrâneo. Por vezes, as vagas depositam corpos nas praias italianas ou os controlos das alfândegas apreendem uma O caos não é um acaso, é o objectivo . Contrariamente ao que disse o presidente François Hollande, a migração de Líbios não é a consequência de uma «falta de acompanhamento» da operação «Protector unificado», mas o resultado pretendido por esta operação na qual o seu país desempenhou um papel de líder. O caos não se instalou porque os «revolucionários líbios» não se puseram de acordo entre si após a «queda» de Muammar el-Kadafi, ele era o objectivo estratégico dos Estados Unidos. E estes conseguiram atingi-lo. Não houve uma «revolução democrática» na Líbia, jamais, mas sim uma secessão da Cirenaica. Jamais houve uma aplicação do mandato da ONU visando «proteger a população», mas o massacre de 160.000 Líbios, três quartos dos quais civis, sob os bombardeamentos da Aliança (dados da Cruz-Vermelha Internacional).

Eu lembro-me, antes de me juntar ao governo da Jamahiriya Árabe Líbia, ter sido solicitado para servir de testemunha aquando de uma reunião em Trípoli, entre uma delegação dos EUA e representantes líbios. Durante esta longa reunião, o chefe da delegação dos EU explicou aos seus interlocutores que o Pentágono estava pronto a salvá- los de uma morte certa, mas exigia que o Guia lhe fosse entregue. Ele acrescentou que, quando el-Kaddafi estivesse morto, a sociedade tribal não conseguiria aceitar uma nova liderança antes de, pelo menos, uma geração,  o país seria então mergulhado num caos que jamais havia experimentado. Eu relatei esta conversação em numerosas ocasiões e não parei, desde o linchamento do Guia, em Outubro de 2011, de predizer aquilo que acontece hoje em dia.

A «teoria do caos»

Quando, em 2003, a imprensa norte-americana começou a referir a «teoria do caos», a Casa Branca ripostou evocando um «caos construtivo», insinuando que se iriam destruir estruturas de opressão para que a vida pudes-se fluir em liberdade. Mas jamais Leo Strauss, nem o Pentágono até então, haviam usado esta imagem. Pelo contrário, segundo les, o caos seria tal ordem que nada aí se pudesse estruturar, para além da vontade do Criador da Ordem nova, os Estados Unidos [3].

O princípio desta doutrina estratégica pode ser resumido assim: o modo mais simples para pilhar os recursos embarcação cheia de cadáveres. guerras do «Médio-Oriente Alargado», mas que são comandados por aqueles que, igualmente, comanditaram o caos nesta região. Nós preferimos continuar a pensar que os «islamitas» querem atacar os judeus e os cristãos, quando a imensa maioria das suas vítimas não são nem judias nem cristãs, mas muçulmanas. Com sobranceria, nós os acusamos de promover a «guerra de civilizações», quando o conceito foi forjado no seio do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos e é estranho à sua cultura [5].

- Nenhum dirigente europeu-ocidental, absolutamente nenhum, ousou publicamente considerar que a próxima etapa será a «islamização» das redes de distribuição de drogas como no modelo dos Contras da Nicarágua vendendo as drogas na comunidade negra da Califórnia com a ajuda e sob as ordens da CIA [6]. Nós decidimos ignorar que a família Karzai retirou a distribuição da heroína afegã à máfia Kosovar e a encaminhou para o Daesh (Exército Islâmico- ndT) [7].

Os Estados-Unidos jamais quiseram que a Ucrânia se junte à União As academias militares da União Europeia não estudaram a «teoria do caos», porque elas a isso foram interditas. Os poucos professores e pesquisadores que se aventuraram neste campo foram severamente sancionados, enquanto a imprensa qualificava de «conspiracionistas» os autores civis que a tal se interessavam.

Os políticos da União Europeia pensavam que os acontecimentos da praça Maidan eram espontâneos e que os manifestantes queriam deixar a órbita autoritária da Rússia e entrar no paraíso da União. Ficaram estupefatos aquando da publicação da conversa da subsecretária de Estado, 

Victoria Nuland, evocando o seu controlo secreto dos acontecimentos e afirmando que seu objectivo era o de «f...a União» (sic) [8]. A partir daquele momento, eles não compreenderam mais nada do que se estava a passar.

Se eles tivessem permitido a livre pesquisa em seus países, eles teriam percebido que, ao intervir na Ucrânia e aí ter organizado a «mudança de regime», os Estados Unidos asseguravam-se que a União Europeia permaneceria ao seu serviço. A grande angústia de Washington, após o discurso de Vladimir Putin na Conferência sobre a Segurança em Munique de 2007, é que a Alemanha perceba onde está o seu interesse: não com Washington, mas sim com Moscovo [9]. Ao destruir progressivamente o Estado Ucraniano, os Estados Unidos cortam a principal via de comunicação entre a União Europeia e a Rússia. Vós podeis virar e revirar, em todas as direções, a sucessão dos eventos, e não conseguireis achar-lhe um sentido diferente. Washington não deseja que a Ucrânia se junte à União, como o atestam as declarações da Srª. Nuland. O seu único objectivo é transformar este território numa zona de circulação perigosa.

A planificação militar do E.U.Eis-nos pois face a dois problemas que se desenvolvem muito rapidamente: os atentados «islamitas» apenas começaram. Os migrantes triplicaram no Mediterrâneo em apenas um único ano.

Se a minha análise for exata, nós vamos assistir ao longo da próxima década aos atentados «islamitas» ligados ao Médio-Oriente Alargado e à África, copiados como atentados «nazis» relacionadas com a Ucrânia. Descobriremos, então, 

[5] “O "choque de civilizações"”, Thierry Meyssan, Tradução Resistir.info, Rede Voltaire, 4 de Junho de 2004. [6] Dark Alliance, The CIA, the Contras and the crack cocaine explosion (Ing- «Aliança Maléfica, A Cia, os Contras e a explosão do tráfico de cocaina» - ndT), Gary Webb, foreword by Maxime Waters, Seven Stories Press, 1999. 7] «La famille Karzaï confie le trafic d’héroïne à l’Émirat islamique» (Fr- A Família Karzai e o tráfico de heroína para o Emirado islâmico» - ndT), Réseau Voltaire, 29 novembre 2014.[8] «Conversation entre l’assistante du secrétaire d’État et l’ambassadeur US en Ukraine» (Fr- «Conversa entre a assistente do secretário de Estado e o embaixador dos E.U. na Ucrânia» - ndT), par Andrey Fomin, Oriental Review (Russie), Réseau Voltaire, 7 février 2014.[9] “O carácter indivisível e universal da segurança global”, Vladimir Putin, Tradução Resistir.info, Rede Voltaire, 11 de Fevereiro de 2007.[10] O documento mantêm-se classificado, mas o seu conteúdo foi revelado em «US Strategy Plan Calls For Insuring No Rivals Develop» (Ing - «Plano Estratégico E.U. Exige a Certeza que Nenhum Rival se Desenvolva» - ndT), por Patrick E. Tyler, New York Times de 8 de março de 1992. O quotidiano publica igualmente extensos extractos na página 14: «Excerpts from Pentagon’s Plan: "Prevent the Re-Emergence of a New Rival"» (Ing - «Excertos do Plano do Pentágono: “Previna-se a Reemergência de um Novo Rival”» - ndT). Informações suplementares são publicadas em «Keeping the US First, Pentagon Would preclude a Rival Superpower» (Ing- «Mantendo os E.U. na Dianteira, o Pentágono Impediria um Rival como Superpoder» - ndT) por Barton Gellman, The Washington Post de 11 de março de 1992. [11] «Attaque contre l’euro et démantèlement de l’Union européenne» (Fr- «Ataque ao Euro e desmantelamento da União Europeia» - ndT), par Jean-Claude Paye, Réseau Voltaire, 6 juillet 2010.

Obrigado. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 03/09/2015

quarta-feira, agosto 19, 2015

Bonito texto de Cat Stevens sobre a impossibilidade do terrorismo no Islão

O Profeta (p.e.c.e.) disse: “Que pereçam aqueles que insistem em dificultar a fé” e “Um crente permanece dentro dos limites da sua religião sempre e quando não matar ilegalmente uma outra pessoa”. 

Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Desde os horríveis ataques terroristas levados a cabo na América, a especulação dos meios de comunicação em massa apontou o seu infame dedo acusador para os Muçulmanos e para o Mundo Árabe, o que significa ue o cidadão comum dos Estados Unidos e de outros aíses ocidentais tornou-se presa fácil dos fanáticos anti-religiosos. Que vergonha! 

Infelizmente, o último horror que feriu os Estados Unidos parece ter sido causado por pessoas do Médio Oriente, com nomes Muçulmanos. Uma vez mais, a vergonha. 

Isto alimenta o ódio por uma religião e por pessoas que nada têm a ver com tais eventos. Por este motivo, desejo explicar alguns dos elementos básicos sobre este nobre caminho a que chamamos Islão, antes que (Allah não o permita) um outro desastre aconteça e, da próxima vez, sejam provavelmente os Muçulmanos o alvo. 

Converti-me ao Islão há mais de 20 anos, durante um período de busca enquanto estrela pop errante. 


Encontrei uma religião que aliava a razão científica com a realidade espiritual, numa fé unificada, deveras afastada dos títulos de violência, destruição e terrorismo. 

Uma das primeiras coisas interessantes que aprendi no Alcorão foi que o nome desta religião (Içlam) provém da palavra Salam (paz). Longe de ser a mensagem etnocêntrica turco-árabe de que estava à 
espera, o Alcorão apresentava uma crença na existência universal de Allah, um Allah Único para todos. 

Não existe discriminação entre as pessoas: refere que podemos ser de diferentes cores e formar diferentes tribos, mas que todos somos humanos, e “as melhores pessoas são as que mais conscientes são de Allah”. 

Actualmente, enquanto Muçulmano, fui arrasado pelo horror dos recentes acontecimentos: o desdobramento da morte e a indiscriminada carnificina que temos testemunhado e que abalou a confiança da Humanidade em si mesma. O terror a esta escala afecta a todos neste pequeno planeta, e ninguém está livre das sequelas. Para além disso, devemos ter em mente que esta violência é quase quotidiana em terras muçulmanas: esta não deveria ser agravada por ataques vingativos sobre famílias e comunidades inocentes. 

Eu, tal como a maioria dos Muçulmanos, sinto que é dever esclarecer que estes actos, estas matanças 
incompreensíveis, nada têm a ver com as crenças Islâmicas. O Alcorão refere especificamente: “Quem mata uma pessoa sem que esta tenha cometido um crime ou semeado a corrupção sobre a Terra, é como se matasse toda a Humanidade. E quem salva uma vida é como se salvasse toda a Humanidade”. (Alcorão, 5:32). 

O Alcorão que os nossos jovens aprendem está repleto de lições sobre a história da Humanidade como um todo. O Injil (Evangelho), assim como a Tora, são também mencionados: ‘Issa (Jesus) e Ibrahim (Abraão), que a paz esteja com eles, são também mencionados. 

De facto, existem mais men-ções no Alcorão a Mussa (Moisés), que a paz esteja com ele, do que em qualquer outro Livro. O Alcorão reconhece a coexistência de outras religiões e, com isso, reconhece 
que outras religiões podem viver juntas e em paz. 

Allah diz: “Não é permitido obrigar alguém a acreditar” (Alcorão 2:256). Isto significa que as pessoas não devem ser obrigadas a mudar de fé. Do mesmo modo, diz também: “Vós tendes a vossa religião e eu a minha” (Alcorão 109:6). Apontar os valores religiosos e a justiça representam o centro do Alcorão. A história Alcorânica que ensinamos aos nossos jovens fornece vários exemplos de relações interreligiosos e internacionais de como viver em harmonia. 

Todavia, alguns extremistas pegam em fragmentos das escrituras fora do contexto. Agem de maneira individual e, quando não podem aparecer juntos como parte de uma estrutura política ou de um processo consultivo, estas fracções dissidentes criam as suas próprias regras, contrárias ao espírito do Alcorão, o qual exige que os que são reconhecidos como líderes dos Muçulmanos devem consultar-se mutuamente no que se refere aos assuntos da sociedade. No Alcorão, existe uma Sura inteira intitulada “A Consulta”. 

O bem-estar comum é essencial para a vida humana; por isso mesmo, existe um conceito que o Alcorão chama de Istihsan, e que significa “procurar o bem comum”. Mesmo quando o Alcorão pode determinar um parecer, supõe-se também que os estudiosos devem considerar as circunstâncias prevalecentes nesse momento. Por vezes, isso significa escolher o mal menor ou, inclusive, suspender a legislação, caso necessário: por exemplo, uma pessoa que rouba pão durante uma fome, não é tratada como um ladrão. 

Uma vez escrevi uma canção: “Onde brincam as crianças?”. A nossa simpatia e os nossos sentimentos transparecem para com as famílias de todos os que perderam a vida nesses trágicos actos de violência, assim como com todos aqueles feridos. Contundo, a vida deve continuar. As crianças necessitam ainda de brincar e as pessoas precisam viver e aprender mais sobre os seus vizinhos, para que a ignorância não origine mais fanatismo cego. A moderação é parte da fé; assim sendo, os que acusam as escolas Muçulmanas de fomentar o fanatismo, devem aprender um pouco mais sobre o Islão. 

O Profeta, sallallahu ‘alayhi wa sallam, disse: “Que pereçam os que insistem em dificultar a fé”; e “Um crente permanece dentro dos limites da sua religião sempre e quando não matar outra pessoa 
ilegalmente”. 

Tal conhecimento e palavras de orientação são urgentemente necessárias nos tempos presentes, para separar os factos da falsidade e para reconhecer a definição do que o último Profeta, sallallahu ‘alayhi wa sallam, fez sobre o que torna ou não uma pessoa representativa da fé que praticou e ensinou.

Quem não pretender continuar a receber estas reflexões, por favor dê essa indicação e retirarei o respectivo endereço desta lista.


Obrigado. Wassalam. 


M. Yiossuf Adamgy - 19/08/2015

03/07/2015 - Autor: Yusuf Islam (Cat Stevens) – Fonte: Blogue Océano Celeste — Versão portuguesa: M. Yiossuf Adamgy.