quinta-feira, agosto 13, 2015

O Sistema Judiciário Do Islam - Contribuições Especiais dos Muçulmanos

A lei existe na sociedade humana desde tempos imemoriais. Toda raça religião, e todo grupo de homens trouxe alguma contribuição a essa esfera. A contribuição feita pelos muçulmanos é tão rica quanto meritória e valiosa.

Ciência da Lei 

Todos os antigos tiveram as suas leis peculiares e próprias. Entretanto, parece que jamais havia se pensado antes do Ach-Chafi'i (150-204 da Hégira/767- 820 d.C.), numa ciência da lei, abstrata na existência e distinta das leis e dos códigos. A obra desse jurista, Risála, designa essa ciência pelo expressivo título de "Raízes da Lei", advindo daí os diversos ramos da regulamentação da conduta humana.

Esta ciência, chamada daí para frente de Usul-al-Fiquih, pelos muçulmanos, trata simultaneamente da filosofia da lei, da fonte das regras, e dos princípios da legislação, interpretação e aplicação dos textos legais. Essas leis, regulamentos são chamados de "ramos" (furú) dessa árvore. 
A Intenção do Ato 

Entre as novidades no domínio dos conceito fundamentais da lei, podemos apontar a importância dada ao conceito de motivo e intenção (niya) dos atos. Esta noção se baseia no célebre parecer do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele);

"Os atos devem ser julgados de acordo com as intenções." 

Desde então, a infração ou crime intencional e o ato involuntário, não tem sido tratados de maneira igual pelos tribunais. 
Constituição Escrita do Estado 

É interessante como também inspirador, observar que já na primeira revelação recebida pelo Profeta do Islam, que era uma pessoa iletrada, constava o engrandecimento do cálamo como meio de conhecimento das coisas ignoradas, e como sendo uma graça de Deus.

Não nos surpreende que quando o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele); dotou seu povo de um organismo estatal criado do nada, ele tenha promulgado uma constituição escrita para esse Estado, que era inicialmente uma cidade-estado, mas meros dez anos mais tarde, quando seu fundador morria, já se estendia por toda a Península Arábica e as partes do sul do Iraque e da Palestina.

Após outros quinze anos, durante o califado de Uthman ocorreu uma penetração fantástica dos exércitos muçulmanos na Andaluzia (Espanha) por um lado e no Turquestão chinês pelo outro, através dos países intermediários. Essa constituição escrita, preparada pelo Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele); contendo 52 cláusulas, sobreviveu até os nossos dias inteira.

Ela trata de uma variedade de questões, tais como os direitos e deveres que dizem respeito ao governante e aos governados, legislação, administração da justiça, organização da defesa, tratamento de súditos não-muçulmanos, seguro social baseado na mutualidade, e outros requisitos daquela época. O Ato (Constitucional) data de 622 da era cristã, do primeiro ano da Hégira.

A Lei Internacional Universal 

A guerra, que infelizmente sempre tem sido freqüente entre os membros da família humana, é a ocasião quando se está menos disposto a conduzir-se racionalmente e praticar justiça principalmente sobre os próprios súditos em favor do nosso adversário.

Como isto na verdade é uma questão de vida ou morte, uma batalha pela própria sobrevivência, na qual o menor deslize ou erro pode levar a conseqüências perigosas, os soberanos e chefes de Estado sempre reivindicaram o privilégio de decidir, a seu próprio critério, as medidas a serem aplicadas ao inimigo.

A ciência relacionada com esse comportamento dos soberanos independentes existe desde os tempos mais remotos; mas fazia parte da política e mera prudência, quando muito guiada pela experiência. Os muçulmanos parecem ter sido os primeiros a separar esta ciência da lei internacional pública das vontades e desejos mutáveis dos governantes dos Estados, e de dispô-la numa base puramente legal.

Além do mais, foram eles que deixaram para a posteridade, os tratados mais antigos existentes sobre a lei internacional desenvolvidos como unia ciência independente. Eles a chama de siyar, ou seja, conduta do soberano. E mais, nos códigos convencionais de leis, fala-se desse assunto como integrante da lei da terra.

Aliás, fala-se dele imediatamente em seguida à questão do banditismo, como se a guerra pudesse ser justificada com as mesmas razões que a ação policial contra os assaltantes de estrada. O resultado disso é que os beligerantes têm, não apenas direitos, como também, obrigações, reconhecidas pelos tribunais muçulmanos.

Características Gerais da Lei Muçulmana 

A primeira coisa que espanta o leitor de um manual sobre a lei islâmica é de que ela procura regular todo o leque de atividades da vida humana, tanto no seu aspecto material como espiritual. Tais manuais começam geralmente com os ritos e práticas do culto, e discutem nesse mesmo capítulo também as questões constitucionais da soberania, uma vez que o Imam, ou seja, o chefe do estado é o líder ex-ofício das orações na mesquita,

Não devemos portanto nos espantar de essa parte também tratar dos impostos devidos ao erário; uma vez que o Alcorão freqüentemente fala sobre o culto e o imposto do zakat no mesmo versículo, tratando esse imposto como uma das formas de se louvar a Deus por intermédio do dinheiro.

Depois disso, discutem-se as relações contratuais de todos os tipos; em seguida os crimes e suas penalidades, que incluem as leis da guerra e da paz com países estrangeiros, a lei internacional e também a diplomacia; e finalmente os regulamentos que regem a herança e os testamentos.

O homem consiste de corpo e alma; e se o governo com seus enormes recursos, cuidar tão somente dos assuntos materiais, o espírito ficará esfomeado, e sendo deixado à sua própria mercê, seus recursos serão Paupérrimos em comparação com os que são disponíveis para os assuntos seculares.

O desenvolvimento desigual do corpo e da alma levarão à falta de equilíbrio do homem, cujas conseqüências serão, a longo prazo, desastrosas para a civilização. Este tratamento do todo, tanto do corpo como da alma, não implica que os não iniciados devem se aventurar nos domínios da religião, tanto quanto não se deve permitir ao poeta aventurar-se a realizar cirurgias; todo campo de ação humana deve ter seus próprios especialistas e pessoas qualificadas. 

Outra característica da lei islâmica parece ser a ênfase posta na correlação do direito e da obrigação. Não somente as relações mútuas dos homens entre si, mas também a relação dos homens com seu Criador, são baseadas no mesmo princípio; e o culto não é mais que o cumprimento do dever do homem correspondente aos direitos que a providência lhe concede. Para falar somente dos "direitos do homem", sem ao mesmo tempo dar relevo aos seus deveres, seria o mesmo que transformá-lo em um animal voraz como o lobo, ou no próprio diabo. 

A Filosofia da Lei 

Os juristas clássicos entre os muçulmanos, põem as leis sobre a base dupla do lícito e ilícito. Deve-se praticar o que é lícito e abster-se do que é ilícito. O lícito e o ilícito são às vezes absolutos e evidentes por si, e outras vezes, apenas relativos e parciais.

Isto nos leva à divisão em cinco categorias de todas as regras jurídicas, tanto as ordens como as injunções. Desse modo, tudo que é absolutamente lícito será um dever absoluto, e devemos praticá-lo. Tudo que tem um caráter lícito preponderante é recomendável e considerado meritório.

As coisas que têm ambos esses aspectos, do lícito e ilícito, em proporções iguais, ou que não possuem nenhum dos dois, seriam deixadas ao critério do indivíduo optar se as praticasse ou se delas se abstivesse, e até de mudar tal prática de tempos em tempos.

As coisas absolutamente ilícitas seriam objeto de proibição total, e seriam repreensíveis e desencorajadas. A divisão básica dos atos ou regras em cinco categorias pode ter outras subdivisões para inserir nuances menores, tal como os indicadores do dial de um bússola que acrescentam direções compostas além dos quatro pontos cardeais principais.

Resta definir e distinguir entre o lícito e o ilícito, O Alcorão, sendo a Palavra de Deus e um livro sagrado para os muçulmanos, fala dessas coisas em multas ocasiões, dizendo-nos sempre que devemos praticar o ma'ruf e nos abster domunkar. Ora, ma'ruf quer dizer um ato lícito que é reconhecido como tal por todos, até pela própria razão, e, portanto, é lícito. Enquanto munkar significa aquilo que é rejeitado por todos por não ser de modo algum bom, um mal que é reconhecido como tal por todos; e aquilo que até a própria razão reconhece como mal, deve ser proibido.

Uma grande parte da moralidade do Islam está contida neste domínio; e são raros os casos em que o Alcorão proíbe algo a respeito de que exista qualquer divergência de opinião humana, tal como a proibição de bebidas alcoólicas, ou de jogos de azar; mas para dizer a verdade, a razão de ser da lei, mesmo em tais casos, jamais é negada às mentes lúcidas e férteis. Na prática, isto é uma questão de confiança na sabedoria e inteligência do Legislador, cujas diretrizes em todos os demais casos não tem causado senão a aprovação universal.

As Sanções 

Encontram-se entre os membros da raça humana os mais variados temperamentos, e estes podem ser agrupados em três grandes categorias: a daqueles que são bons e resistem a quaisquer tentações do mal, sem precisar de serem compelidos a tanto; a daqueles que são maus, e procuram, por todos os, meios, fugir de toda e qualquer vigilância; e finalmente, a daqueles que se comportam de maneira adequada só enquanto temem as conseqüências, mas que se permitem praticar o ilícito também quando são tentados, quando há uma maior ou menor probabilidade de escaparem ilesos de qualquer represália.

Infelizmente, o número dos indivíduos da primeira categoria é muito limitado; estes não precisam nem de guias nem de sanções contra a violação de leis. As outras duas categorias necessitam de sanções em benefício da sociedade. A disposição do espírito de causar danos a outrem pode ser uma doença, um resquício de animalidade criminosa, resultado de uma má educação, ou ser devida a outras causas.

Um esforço terá de ser feito para controlar e neutralizar o dano que possa ser causado por homens da segunda categoria, cujo número felizmente também não é muito grande. Resta a terceira categoria, intermediária, e que é constituída pela grande maioria dos homens. Estes necessitam de sanções, mas de que espécie?

Vale dizer que se o próprio chefe tivera uma consciência pesada, por ter cometido alguma coisa proibida, ele teria pouca disposição para repreender outros a respeito da mesma coisa. Portanto, o Islam atinge a raiz e a fonte desse tipo de mal, e declara que ninguém está isento das obrigações, nem mesmo o soberano, nem o próprio profeta.
Os ensinamentos, como a própria prática do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele); seguidos pelos seus sucessores, exigem que o chefe do Estado deve ser plenamente capaz de ser intimado a comparecer perante os tribunais do país, sem qualquer restrição. A Tradição Islâmica tem sido a de os juízes jamais hesitarem na prática de decidirem contra os seus soberanos em casos de prevaricação. 

É desnecessário mencionar-se pormenorizadamente as sanções materiais que existem no Islam, como também em todas as outras civilizações. Por isso existem funções públicas que são encarregadas de manter a lei e a ordem, de vigiar e de custodiar, de cuidar da paz e da tranqüilidade das relações de convívio dos habitantes do país e assegurar de que qualquer pessoa que seja vitimada por violência, possa reclamar diante dos tribunais e que a polícia traga os acusados a comparecerem para responder perante os juízes, bem como de que seja finalmente executada a decisão destes. 
Mas a concepção de sociedade que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele); tinha, acrescentou ainda uma outra sanção, talvez mais eficaz que a sanção material, e que é a sanção espiritual, Mantendo toda a parafernália administrativa da justiça, o Islam impressionou nas mentes dos seus seguidores a idéia da ressurreição após a morte, o juízo Final e a salvação ou condenação por esse juízo Final.

E é assim que o crente cumpre suas obrigações mesmo quando ele tem a oportunidade de as violar impunemente, e se abstém de causar danos aos outros apesar de todas as tentações e de contar seguramente estar livre de qualquer risco de represália. 

Essa tríplice sanção por qual os governantes são sujeitos em condições de igualdade à lei geral, às sanções materiais e também às sanções espirituais, cada elemento servindo para fortalecer a eficácia do anterior, tenta assegurar no Islam a observância máxima das leis e a realização plena dos direitos e deveres de todos.

A Legislação 

Para melhor compreender as implicações da afirmação de que Deus é o supremo Legislador, precisamos meditar sobre os diversos aspectos da questão. 

O Islam acredita no Deus Único, o Qual não só é o Criador de todas as coisas, mas também o Provedor, o sine qua non da existência de todo o universo. Ele não é "posto no rol de aposentados" após ter criado tudo que Ele criou. O Islam acredita mais, que Deus transcende muito além da percepção física do homem, e de que Ele é Onipresente, Onipotente, Justo e Misericordioso.

Além de, por Sua clemência ilimitada, ter Ele dado ao homem não somente a razão como também de ter mandado mensageiros escolhidas entre os próprios homens, instruindo quais as direções que são mais sábias e mais úteis à sociedade humana. Deus é Transcendente, Ele envia as Suas mensagens aos Seus escolhidos por meio de portadores de mensagens celestiais intermediários. 

Deus é Perfeito e Eterno. Entre os homens, pelo contrário, há unia constante evolução. Deus não muda as Suas opiniões, mas exige dos homens somente aquilo de que são capazes dentro das suas capacidades individuais. É por isso que há divergências, pelo menos em certos detalhes, entre as legislações, que reivindicam para si próprias o de serem baseadas nas revelações Divinas. Em assuntos legislativos, a última lei revoga e substitui as que a antecederam; o mesmo é verdadeiro com respeito às revelações Divinas. 

Entre os muçulmanos, o Alcorão, que é um livro escrito na língua árabe, é a Palavra de Deus, uma revelação Divina recebida pelo Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele); e destinada aos seus seguidores. Além disso, em sua qualidade de Mensageiro de Deus, Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele); explicou o texto sagrado, e acrescentou outras diretrizes que estão registradas nas Tradições ou coleção dos seus relatos, ditos e atos.

Seria desnecessário dizer que as leis promulgadas por determinada autoridade só podem ser revogadas por ela mesma ou por uma autoridade superior, mas nunca por uma menor. Assim, a revelação Divina só pode ser revogada por uma outra posterior revelação Divina. Do mesmo modo, as diretrizes do Profeta só podem ser modificadas por ele próprio ou por Deus, mas não por qualquer dos seus discípulos ou outros. Mas este aspecto teórico de rigidez se transforma numa prática bastante elástica no Islam, para que os homens possam adaptar-se às exigências e às circunstâncias:

1) As leis, mesmo aquelas de origem Divina ou emanadas do Profeta, não têm, todas elas, o mesmo âmbito. Já vimos que somente algumas delas são obrigatórias; outras são apenas recomendadas, enquanto no restante dos casos, a lei permite' ampla extensão aos indivíduos. Um estudo das fontes mostrará que as regras da primeira categoria a das obrigatórias, são muito poucas; as recomendações são em número um pouco maior; e os casos em que o texto é silente são inúmeros; 

2) Uma autoridade inferior não modifica a lei, mas pode interpretá-la. O poder da interpretação não é monopólio de qualquer pessoa no Islam; qualquer um que tenha feito um estudo especial da matéria tem o direito de fazê-lo. Uma pessoa doente jamais irá consultar um poeta, nem mesmo um que tenha sido laureado com o prêmio Nobel; para se construir uma casa, não consultamos um cirurgião, e sim, a um engenheiro; do mesmo modo, para as questões legais, precisamos estudar as leis e aperfeiçoar nosso conhecimento do assunto; a opinião das pessoas não qualificadas será apenas aventureira. As interpretações dos especialistas mostram as possibilidades de adaptar até a lei Divina às circunstâncias; por Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele); ter sido o derradeiro dos profetas e ter deixado este mundo como qualquer mortal, não há mais nenhuma possibilidade de receber uma nova revelação de Deus para decidir problemas surgidos pela divergência das interpretações. Devem evidentemente existir tais divergências, pois nem todos os homens pensam do mesmo modo. Pode-se ressaltar que os juízes, jurisconsultos e outros juristas também são seres humanos; e se eles divergem entre si, não será o público em geral o que terá maior autoridade de decisão. Num litígio judicial, deve ser obedecido o juiz-, em outros casos, as escolas que se dedicam ao estudo e interpretação das leis recebem a preferência aos olhos dos que seguem a respectiva escola e assim por diante;
3) Foi o próprio Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele); quem enunciou a regra de que; "Meu povo jamais será unânime em relação a um erro". Tal consenso tem grandes possibilidades de desenvolver a lei islâmica, e adaptá-la de acordo com a mudança das circunstâncias; 
4) Um famoso incidente da vida do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele); merece ser relatado aqui, Moaz Ibn Jabal, um juiz designado do Iêmen, visitou o Profeta para se despedir dele antes de seguir para o seu posto. A seguinte conversação teve lugar entre os dois: "Com que fundamentação irás decidir os litígios? De acordo com as previsões contidas no Livro de Deus (o Alcorão)! E se não encontrares nenhuma provisão nele? - Então de acordo com a conduta do Mensageiro de Deus (Muhammad)! - E se nem aí encontrares exemplo apto? - Bem, então usarei a minha própria diligências. O Profeta ficou tão feliz com estas respostas que, longe de repreendê-lo, exclamou: "Deus seja louvado, Que guiou o mensageiro do Seu Mensageiro ao que mais agrada o Mensageiro de Deus!" 

Esta diligência pessoal de opinião e bom-senso por parte de um homem honesto e consciencioso não só é uma maneira de desenvolver a lei, mas também um recipiente da bênção do Profeta; 

5) Podemos recordar que, na legislação de um problema novo, na interpretação de um texto sagrado, ou em qualquer outro caso de desenvolvimento da lei islâmica, mesmo quando isto tenha sido feito com base numa consulta de consenso, sempre há a possibilidade de que uma regra adotada num processo venha a ser substituída por outra regra, por outros juristas que se utilizem dos mesmos métodos.

A história tem demonstrado que o poder de "legislação" deve, no Islam, ser confiado a sábios particulares, para que estes estejam isentos da interferência oficial. Tal legislação não deverá sofrer a influência da política quotidiana, nem atender a interesses de quaisquer pessoas em particular, mesmo que essa seja um chefe do Estado.

Os juristas, sendo todos iguais, cada um deles pode livremente criticar a opinião do outro, tornando possível, desse modo, o exame de todos os aspectos de relevo de um problema, quer de pronto, quer no curso de gerações seguintes, até que se alcance a melhor solução.

Vimos assim que a origem divina da legislação islâmica não a torna despropositadamente inflexível. O que é mais importante ainda é que esta qualidade de origem divina da lei inspira aos fiéis um respeito maior pela lei, tornando possível ser ela observada mais consciente e escrupulosamente. Podemos acrescentar que os juristas dos tempos clássicos haviam declarado unanimemente que: "Tudo que os muçulmanos consideram bom, o é também aos olhos de Deus."

Mesmo que isso não se refira a qualquer dito do próprio Profeta. O consenso, à luz de tal interpretação, implica que mesmo as conclusões dos sábios leigos, envolve aprovação Divina, um fato que só acrescenta ao respeito pela lei aos olhos dos homens.
A Administração da Justiça

Uma característica da legislação alcorânica neste sentido é a autonomia judiciária das diferentes comunidades componentes. Longe de impor a lei alcorânica a todos, o Islam admite e até encoraja que cada grupo, cristão, judeu, masdeísta, ou de outros, mantenha seus próprios tribunais, presididos por seus próprios juízes, de sorte a que se apliquem as suas próprias leis em todos os ramos do direito, civil como criminal.

Se as partes em disputa pertencerem a comunidades diferentes, uma espécie de lei internacional privada decide o conflito entre as leis. Ao invés de buscar a absorção e assimilação de todos dentro da comunidade "governante", o Islam protege os interesses de todos os seus súditos.

Quanto à administração da justiça entre os muçulmanos, a parte de sua simplicidade e rapidez, a instituição da purificação das testemunhas merece ser mencionada.

Note-se que, na realidade, os tribunais de todas as localidades, organizam arquivos que registram a conduta e hábitos de todos os habitantes, para saber sempre que necessário, se uma testemunha é confiável.

Não se deixa por conta da outra parte apenas derrogar o valor de um testemunho. O Alcorão diz que, se alguém ataca a castidade de uma mulher e não prova sua acusação pelos meios exigidos pelo tribunal, essa pessoa não somente é punida, mas passa a constar, para sempre, como indigna de testemunhar nos tribunais.

Origem e Desenvolvimento da Lei 
O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele); ensinou dogmas teológicos aos seus seguidores; ele também lhes deu leis referentes a todas as atividades da vida, individuais ou coletivas, seculares assim como espirituais; além disso, ele criou um Estado a partir do nada, ao qual ele administrou, organizou exércitos aos quais comandou, estabeleceu um sistema diplomático e de relações exteriores ao qual controlou; e, se surgiam litígios, era ele quem os decidia para os seus "súditos".

Portanto, é à figura dele mais do que qualquer outra, que devemos nos voltar para estudar a origem da lei islâmica. Ele nasceu de uma família de mercadores e caravaneiros domiciliados em Makkah. Em sua juventude, ele havia visitado as feiras e mercados do Iêmen e da Arábia Oriental assim como da Palestina.

Seus contemporâneos costumavam também viajar para o Iraque, Egito e Abissínia para comerciar. Quando ele iniciou sua vida missionária, a violenta reação dos seus compatriotas obrigou-o a se exilar e domiciliar-se em outra cidade, Madina, onde o principal meio de subsistência dos habitantes era a agricultura.

Ali ele organizou a vida estatal; estabeleceu primeiro uma cidade-estado, que foi gradativamente transformada em um Estado que se estendia, à época de sua morte, por toda a Península Arábica além de algumas partes do Sul do Iraque e da Palestina.

A Arábia era atravessada por caravanas internacionais. É bem conhecido que os Sassânidas e os Bizantinos haviam ocupado algumas regiões da Arábia, e estabelecido colônias ou protetorados. As feiras, principalmente as da Arábia Oriental, atraíram mercadores da índia, China, e "do Leste e do Oeste", como descreveram Ibn Al-Kalbi e Al-Mas'udi.

Na Arábia não havia somente nômades, mas também povos sedentários como os Iamanitas e os Lihianitas, que haviam desenvolvido civilizações que datavam desde muito antes da fundação das cidades de Atenas e de Roma.

As leis que prevaleciam no país foram transformadas com a chegada do Islam em atos estatais de legislação; e o Profeta detinha, de parte de seus seguidores e súditos, a prerrogativa não só de modificar os velhos costumes, mas também de promulgar leis completamente novas.

Sua condição de Mensageiro de Deus era a razão principal do imenso prestígio de que desfrutava. Tanto era assim, que, não apenas o que ele dizia, como todos os seus atos, tornavam-se lei para os muçulmanos em todas as sendas da vida; até o silêncio dele implicava que ele não se opunha a algum costume que fosse praticado à sua volta por seus seguidores.

Essa fonte tríplice de legislação sejam, sua palavras, que se baseavam sempre nas revelações Divinas, seus atos e sua aprovação tácita das práticas e costumes de seus seguidores, tem sido preservada para nós no Alcorão e nas tradições. Ainda em vida dele, começou a germinar uma outra fonte ainda, constituída das deduções e elaborações das regras, nos casos em que a legislação silenciosa, o que era feito pelos juristas que não fossem chefes de Estado.

Havia juízes e jurisconsultos ao tempo do Profeta, até na metrópole, para não se falar dos centros administrativos das províncias. já mencionamos as instruções levadas por Moaz quando este foi enviado ao Iêmen como juiz. Havia casos em que os funcionários das províncias requeriam instruções do governo central, o qual também tomava a iniciativa e intervinha nos casos de decisões incorretas de seus subordinados, sempre que estas chegavam ao conhecimento da autoridade mais alta.

A ordem para alterar ou modificar os costumes e práticas antigas, ou para a islamização da lei de todo o país, só poderia se consolidar gradativamente, por que os juízes não intervinham senão nos casos que lhes eram submetidos; devem ter sido numerosos os casos que não lhes foram submetidos, sendo resolvidos pelos litigantes de acordo com a conveniência destes, à parte da lei. 

A morte do Profeta marca o cessar das revelações Divinas que possuíam a força de ordenar toda a lei, revogando ou modificando todos os costumes ou práticas antigas. Daí em diante, a comunidade muçulmana se viu obrigada a se contentar com a legislação já passada pelo Profeta, e com os meios autorizados para o desenvolvimento da lei autorizada pela própria legislação. 

Dessas (leis reveladas), as mais importantes talvez tenham sido as seguintes. Por diversas vezes, o Alcorão, depois de instituir determinadas proibições, acrescenta explicitamente que tudo o mais é lícito (no domínio envolvido). De maneira que, tudo aquilo que não contraria a legislação emanada do Profeta, é permissível, constituindo-se em lei positiva.

As leis e até os costumes de países estrangeiros sempre serviram de matéria prima aos juristas muçulmanos, de onde eles extraíam aqueles que eram incompatíveis com o Islam, considerando lícitos os demais. Essa fonte é permanente. 

Outra fonte, talvez surpreendente, é a diretriz fornecida pelo Alcorão, de que as revelações Divinas recebidas por profetas anteriores e cita diversos, como por exemplo, Enoch, Noé, Abraão, Moisés, Davi, Salomão, Jesus Cristo, João Batista (que a Paz esteja sobre eles); são também válidas para os muçulmanos.

Porém que essa diretriz se restringia às revelações comprovadas sem margem de dúvida, isto é, aquelas explicitamente reconhecidas pelo Alcorão ou pelas tradições. A lei do talião do Pentateuco é um caso mencionado no Alcorão. 

Passados apenas quinze anos da morte do Profeta, vemos os muçulmanos governando em três continentes, em vastos territórios da Ásia e da África, e na Andaluzia na Europa. O Califa Umar achou que o sistema fiscal dos sassânidas era bom e o manteve nas províncias do Iraque e do Irã; já o sistema fiscal dos bizantinos ele achava opressivo, por isso modificou-o na Síria e no Egito; e assim por diante.

Todo o primeiro século da Hégira foi um período de adaptação, consolidação e transformação. Os documentos escritos em pergaminhos encontrados no Egito nos informam de muitos aspectos da administração egípcia. já a partir do segundo século da Hégira, passamos a ter códigos de leis, compilados por juristas privados, tendo um dos primeiros sido o de Zaid Ibn ‘Áli, que morreu no ano 120 da Hégira.

Os antigos chamavam o Iêmen de "Arábia Felix", e não sem uma razão. Suas condições gerais e físicas, deram-lhe na antigüidade pré-cristã, uma superioridade incomparável sobre as outras regiões da Arábia, no que diz respeito à cultura e civilização; sua riqueza, testada pela Bíblia, era legendária, e seus reinos, poderosos.

No início da era cristã, uma onda de emigração levou certas tribos Iamanitas para o Iraque, onde elas fundaram o Reino de Hira, que ficou célebre por estimular as letras, e que continuou a existir até a aurora do Islam. Nesse meio tempo, o Iêmen conheceu o domínio dos judeus (sob domínio de Dhul-Nawas); a dominação cristã (pelos abissínios), seguida da ocupação do Irã pelos masdeístas ou parsis, que, por sua vez deram lugar ao Islam.

Os Iamanitas, influenciados por todas essas sucessivas interações e tensões, foram persuadidos pelo Califa Umar a emigrarem novamente para o Iraque para colonizá-lo, especialmente a região de Kufa, que era uma cidade nova construída sobre as ruínas da antiga Hira. Umar enviou Ibn Mas'ud, um dos mais eminentes juristas de entre os companheiros do Profeta, para organizar lá uma escola.

Seus sucessores nessa escola, Ibrahim An- Nakhai, Hammád, e Abu Hanifa foram todos, graças ao acaso da providência, especialistas em leis. Entrementes, ‘Ali, outro grande jurista dentre os companheiros do Profeta, transferiu a sede do califado de Madina para Kufa. Não é de surpreender, portanto, que esta cidade tornou-se o berço de tradições ininterruptas, adquirindo uma reputação crescente em matéria de leis. 

A ausência de qualquer interferência de autoridade central na liberdade de opinião dos juízes e juristas, provou favorecer enormemente o rápido progresso dessa ciência; mas também tinha suas inconveniências. Na realidade, um administrador experimentado e altamente conceituado como Ibn Al-Mukaffa’ reclamava, no início do segundo século da Hégira, da existência de uma quantidade enorme de divergências nas leis muçulmanas casuísticas, penais, leis da condição pessoal e outros ramos da legislação, especialmente em Hira e Kufa; e sugeriu ao Califa a criação de uma instituição superior para a revisão das decisões do judiciário, visando a imposição de uma lei única e uniforme em todas as partes do reino.

A sugestão foi abortiva. Seu contemporâneo, Abu Hanifa, cioso da liberdade da ciência, e zeloso de mantê-la a distância dos tumultos da política continuamente mutante, criou, ao invés, uma academia do direito. Composta de quarenta membros, sendo cada um especialista em alguma ciência relacionada com o direito, tal como a exegese do Alcorão, das tradições, a lógica, a lexicologia, etc.

A academia dispôs-se a uma profunda avaliação da legislação casuística da época, e empreendeu a codificação das leis, ela tentou também preencher as lacunas das leis muçulmanas a respeito de pontos sobre os quais não existiam nem precedentes no direito casuístico, nem textos que emitissem um parecer aplicável. Um dos seus biógrafos afirma que Abu Hanifa (falecido em 150 da Hégira) havia promulgado meio milhão de regras (ver Almuwaffak, 11, 137). 

Málik em Madina, e Al-Auza'i na Síria, empreenderam ao mesmo tempo um trabalho semelhante, porém eles dependiam somente de seu próprio conhecimento exclusivo e recursos pessoais. Se Abu Hanifa enfatizava a racionalização independente de recurso ao Alcorão e às tradições como bases da lei Málik preferia espelhar-se na população de Madina cidade impregnada pelas tradições do Profeta para emitir suas interpretações dedutivas ou lógicas. 

O Alcorão foi "publicado" apenas alguns meses após a morte do Profeta. A tarefa de coligir os ditados e atos do Profeta bem como os exemplos de sua aprovação tácita da conduta de seus companheiros, material esse que é chamado por tradições, foi empreendida por algumas pessoas ainda estando vivo o Profeta, e posteriormente, após sua morte, por muitas outras pessoas.

Mais de cem mil dos companheiros do Profeta deixaram valiosas tradições para a posteridade, baseadas em tudo que pudessem lembrar sobre o assunto. Alguns transcreviam essas recordações e outros as transmitiam oralmente. O material de grande valor legislativo estava naturalmente disperso pelos três continentes onde os companheiros do Profeta haviam-se domiciliado no tempo dos califas Umar e Uthman.

Nas gerações que se seguiram, os pesquisadores compilaram tratados, inclusive mais abrangentes, baseados na amálgama das coleções de memórias pessoais dos Companheiros do Profeta.

A avaliação da lei casuística e a codificação das tradições foram completadas como obras paralelas na mesma época, porém uma ignorava e colocava em suspeição a outra. Ach-Cháfi'i nasceu no ano em que Abu Hanifa morreu.

As diferenças mútuas ou polêmicas levaram os juristas a buscar um conhecimento mais profundo das tradições, e os especialistas em tradições a catalogar os dados sobre os ditados e atos do Profeta, a avaliar os méritos individuais de suas origens de transmissão, e a determinar o contexto e a época dos ditos do Profeta para deduzir o conteúdo legislativo deles.

Ach-Cháfi'i especializou-se simultaneamente em direito e nas tradições, e graças às suas elevadas qualidades intelectuais e sua diligência, foi possível descobrir uma síntese entre as duas disciplinas. Ach-Cháfi'i foi o primeiro, na história mundial, a criar uma ciência abstrata do direito, distinguíndo-a das leis no sentido estrito de regras aplicadas em um país.

Outra grande escola (ou tradição) de direito foi fundada por Jaafar As-Sádik, descendente de ‘Ali e contemporâneo de Abu Hanifa. A evolução do direito de herança nessa escola, de um modo especial, deveu-se mais a razões de caráter político. Abu Hanifa, Málik, Ach-Cháfi'i, Jaafar As-Sádik e diversos outros juristas, deixaram, cada um, sua própria escola de direito.

Os seguidores dessas escolas formam sub-comunidades do Islam nos tempos atuais, porém, as diferenças que existem entre estas, tem menos influência ainda que a das escolas filosóficas. Com a passagem dos séculos, tornou-se uma experiência comum constatar que alguns Chafi'itas divergem de Cháfi'i em certos pontos da lei, concordando sobre estes com Málik ou com Abu Hanifa, e vice-versa.

Como acabamos de ver, o Império Muçulmano se estendeu desde logo através de imensos territórios, que eram anteriormente governados por diferentes sistemas legais, como por exemplo, os iranianos, os chineses, os hindus, os bizantinos, godos e outros, e a estes foram acrescentadas as contribuições locais dos primeiros muçulmanos da Arábia.

A possibilidade de qualquer sistema legal estrangeiro em especial, ter o monopólio de influenciar o direito muçulmano está, portanto excluída. Entre os fundadores das escolas também constatamos que Abu Hanifa era de origem persa e Málik, Ach-Cháfi'i e Jaafar As-Sádik eram árabes. O biógrafo Ad-Dhahabi relata que Al-Auza'i vinha originalmente do Sind; e nas gerações subseqüentes, surgiram juristas muçulmanos em todas as raças.

O desenvolvimento do direito muçulmano foi portanto um empreendimento ‘’internacional’’, no qual participaram juristas muçulmanos de variadas origens étnicas, falando idiomas diferentes, e seguindo costumes diferentes.

É um fenômeno constatado em todos os países que certos chauvinistas, e aqueles que carecem de um pensamento independente, desejam sacrificar o espírito, se apegando à letra dos mestres antigos, enquanto outros se aventuram no inconformismo.

São os meio-termos que, entretanto devem prevalecer! Um espírito sem complexo de inferioridade, mas munido das informações necessárias, e dotado ao mesmo tempo da devoção de um crente praticante, nunca terá dificuldade em reconhecer que a interpretação não só é prática, como razoável, a ponto de ser capaz até de modificar as opiniões defendidas pelos antigos. Repare a convicção e segurança com que o grande jurista Pazdawi nos diz que não só as opiniões pessoais, como até o consenso dos tempos antigos, podem ser modificados por um consenso moderno.

Conclusão

O direito muçulmano começou como a lei do estado e da comunidade governante, e serviu aos propósitos dessa comunidade enquanto o domínio muçulmano cresceu em dimensões e se estendeu desde o Atlântico ao Pacífico. Ele tinha urna capacidade inerente para se desenvolver e se adaptar às contingências do tempo e do clima. Ele não perdeu o seu dinamismo nem mesmo nos dias atuais; na realidade, está recebendo um reconhecimento cada vez maior como força ativa para o bem, dos países muçulmanos que estiveram antes sob o domínio estrangeiro político e conseqüentemente, jurídico e que atualmente estão tentando reintroduzir a Chari'ah em todas as atividades da vida.

Fonte: islam.org.br

quinta-feira, julho 30, 2015

Descoberto um dos fragmentos do Alcorão “mais antigos”, pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. na Universidade de Birmingham, Reino Unido. 23/07/2015 - Autor: Redacción – Fonte: Canal de Noticia – Traduzido por: M. Yiossuf Adamgy Fonte: http://www.birmingham.ac.uk/news/latest/2015/07/quran-manuscript-22-07-15.aspx

O documento veio a lume quando um investigador de doutoramento quis examinar mais de perto as páginas e decidiu submetê-las a uma análise de radiocarbono.

Isso permitiu descobrir um dos mais antigos fragmentos do Alcorão, o Livro Sagrado do Islão, na Universidade de Birmingham, Reino Unido.

Segundo a análise de radiocarbono, o manuscrito tem, pelo menos, 1370 anos de antiguidade, o que o torna um dos primeiros textos do Alcorão existentes.

De acordo com peritos, o autor pode ter conhecido e ouvido o Profeta Muhammad (p.e.c.e.). As páginas dos escritos sagrados muçulmanos estiveram quase um século na biblioteca da Universidade sem serem reconhecidos. 

O doutor Muhammad Isa Waley, perito neste tipo de manuscritos da Biblioteca Britânica, disse tratar-se de uma “descoberta emocionante” que encherá de “alegria” os Muçulmanos.  

Testemunho em primeira mão 

O manuscrito encontrava-se dentro de uma coleção de livros e documentos do Médio Oriente, sem ter sido identificado como um dos mais antigos fragmentos do Alcorão do mundo.

Veio a lume quando um investigador de doutoramento quis examinar mais de perto as páginas e decidiu submetê-las a uma análise de radiocarbono, com resultados “surpreendentes”.

A diretora de coleções especiais da Universidade, Susan Worrall, declarou que “nem em sonhos” se imaginava que fosse tão antigo.

“Descobrir que possuíamos um dos fragmentos mais antigos do mundo do Alcorão foi incrivelmente emocionante”.

A análise, realizada com a Unidade de Acelerador de Radiocarbono da Universidade de Oxford, revelou que os fragmentos, escritos em pergaminhos de cabra ou cordeiro, estavam entre os textos mais antigos existentes do Alcorão. 

Os resultados indicaram, com uma probabilidade superior a 95%, datas que oscilam entre os anos 568 e 645.
“Poderiam remontar-nos a poucos anos da atual fundação do Islão”, disse David Thomas, professor de Cristianismo e do Islão da Universidade.

“De acordo com a tradição Muçulmana, o Profeta Muhammad recebeu as revelações que formam o Alcorão, as sagradas escrituras do Islão, entre 610 e 632, ano da sua morte”.

O professor Thomas referiu a data dos fólios de Birmingham pode significar que a pessoa que os escreveu viveu ao mesmo tempo que o Profeta Muhammad.

“A pessoa que os escreveu pode muito bem ter conhecido o Profeta Muhammad. Viu-o, talvez o tenha ouvido pregar. Pode tê-lo conhecido pessoalmente, o que é uma ideia realmente evocatória”, disse.

Outros textos antigos

Thomas explicou que algumas passagens do Alcorão foram escritas em pergaminhos, pedras, folhas de palmeira e omoplatas de camelo. A versão final, compilada em forma de livro, foi concluída por volta de 650.

Acrescenta que “as partes do Alcorão escritas nestes pergaminhos podem, muito certamente, datarem de menos de duas décadas após a morte de Muhammad”.

“As partes deveriam aproximar-se imenso à forma em que o Alcorão é lido atualmente, apoiando a tese que o texto sofreu poucas ou nenhumas alterações e que pode ser datado a um ponto muito próximo do momento em que se acredita ter sido revelado”.

O manuscrito está escrito em hijazí, uma forma primitiva do Árabe escrito, o que o cataloga como um dos mais antigos fragmentos do Alcorão.

Dado o fato da datação por radiocarbono originar uma série de possíveis datas, existem alguns outros manuscritos em coleções públicas e privadas que se encaixam dentro desta seriação. 

Por este mesmo motivo, é impossível declarar que este manuscrito é, definitivamente, o mais antigo.

Todavia, a data mais antiga possível do descoberto em Birmingham, colocá-lo-ia entre os mais antigos.  

“Sobrevivente precioso”

O doutor Waley, restaurador deste tipo de manuscritos na Biblioteca Britânica, realça que “estes dois fólios, escritos numa bonita caligrafia hijazí, surpreendentemente legível, datam muito seguramente da época dos três primeiros Califas”.

Os três primeiros Califas foram líderes da Comunidade Muçulmana mais ou menos entre 632 e 656.
 
O doutor Waley disse que, aquando do terceiro Califa, Uthman ibn Affan, foram distribuídas cópias da “edição definitiva”.

“Durante décadas, a Comunidade Muçulmana não era suficientemente rica para acumular peles de animais e produzir uma cópia completa (do Alcorão), ou Mushaf, que exigia imensos pergaminhos”.

Waley indica que o manuscrito encontrado em Birmingham é um “sobrevivente precioso” de uma cópia dessa época que poderá até ser mais antiga.

“Em todo o caso, este, com a beleza absoluta do seu conteúdo e a surpreendente clareza da escrita hijazí, representa notícias que encherão de alegria os corações dos Muçulmanos”. 

O manuscrito é parte da Colecção Mingana, que contém mais de 3000 documentos do Médio Oriente compilados nos anos 20 por Alphonse Mingana, um sacerdote caldeu nascido perto de Mogul, no atual Iraque.

As viagens ao Médio Oriente para a recolha da coleção Mingana foram patrocinadas por Edward Cadbury, da dinastia da empresa de chocolates do Reino Unido.

A comunidade muçulmana em Birmingham expressou já o seu entusiasmo perante a descoberta e a Universidade anunciou que exporá publicamente o manuscrito. 

“Quando vi estas páginas fiquei muito comovido. Os meus olhos encheram-se de lágrimas de felicidade e emoção. E tenho a certeza que pessoas de toda a Grã-Bretanha virão a Birmingham para as ver”, disse Muhammad Afzal, presidente da Mesquita Central de Birmingham. 

O professor Thomas revelou que isto mostrará aos cidadãos de Birmingham que possuem um “tesouro incomparável”.

M. Yiossuf Adamgy - 30/07/2015

quarta-feira, julho 22, 2015

Tafsir Surat Al-Falaq

Surat 113
Surata da Alvorada – Surat Al Falaq

بِسۡمِ ٱللهِ ٱلرَّحۡمَـٰنِ ٱلرَّحِيمِ
قُلۡ أَعُوذُ بِرَبِّ ٱلۡفَلَقِ (١) مِن شَرِّ مَا خَلَقَ (٢) وَمِن شَرِّ غَاسِقٍ إِذَا وَقَبَ (٣) وَمِن شَرِّ ٱلنَّفَّـٰثَـٰتِ فِى ٱلۡعُقَدِ (٤) وَمِن شَرِّ حَاسِدٍ إِذَا حَسَدَ (٥)

Em nome de Allah, O Misericordioso, O Misericordiador
(1)   Dize: “Refugio-me nO Senhor da Alvorada,
(2)   “Contra o mal daquilo que Ele criou,
(3)   “E contra o mal da noite quando entenebrece,
(4)   “E contra o mal das sopradoras dos nós,
(5)   “E contra o mal do invejoso, quando inveja”.

Esta surah, junto com a seguinte, “Surata dos Homens”, contem uma diretiva de Allah, primeiramente para Seu profeta e depois para os crentes em geral, para que busquem refúgio nEle e busquem Sua proteção diante de qualquer fonte de medo, oculta ou visível, conhecida ou desconhecida. É como se Allah, O Exaltado, estivesse desenrolando Seu mundo de zelo e abraçando os crentes em Sua proteção, e estivesse gentil e afeiçoadamente solicitando que recorram à Seus cuidados, onde eles se sentirão seguros e em paz: “Eu sei que vocês estão desamparados e rodeados de inimigos e medos... Venha aqui onde há segurança, contentamento e paz...” Sendo assim as duas surahs começam com “Dize: Refugio-me nO Senhor da Alvorada,” e “Dize: Refugio-me nO Senhor dos Homens”.
Foram transmitidos muitos relatos sobre a revelação e popularidade desta surah e todos eles se encaixam perfeitamente na interpretação acima, ou seja, de Allah Misericordioso desenrolar Seu zelo e oferecer refúgio a Seus servos fiéis. O próprio Mensageiro de Allah amava esta surah profundamente, como está claro em suas tradições.
De acordo com ‘Uqba ibn ‘Amir, companheiro do Profeta, o Mensageiro de Allah uma vez disse: “Você não ouviram os versículos únicos que foram revelados na noite passada, ‘Dize: Refugio-me nO Senhor da Alvorada,’ e ‘Dize: Refugio-me nO Senhor dos Homens’”. (Transmitido por Malik, Muslim, At-Tirmidhi, Abu Dawood e An-Nissai).
Jabir, companheiro do Profeta, disse: “O Mensageiro de Allah me disse uma vez: ‘Jabir, recite!’ e eu perguntei ‘O que devo recitar?’ Ele respondeu: ‘Dize: Refugio-me nO Senhor da Alvorada,’ e ‘Dize: Refugio-me nO Senhor dos Homens’. Então eu recitei e ele comentou, ‘Recite-as (tanto quanto puder) pois você jamais recitará algo equivalente a elas.’” (Transmitido por An-Nissai).
Tharr ibn Hubaish disse que perguntou a Ubay ibn Ka’ab, companheiro do Profeta, sobre Al-Um’awwathatain (como as duas surahs são chamadas) dizendo, “Abu al-Munthir, seu irmão, Ibn Masoud diz tal e tal coisa (Por algum tempo Ibn Masoud tinha a falsa impressão de que essas duas surahs não eram parte do Quran, mas depois ele admitiu seu erro). O que você acha disso?” Ele respondeu “Eu perguntei ao Mensageiro de Allah sobre isso e ele me disse que foi instruído a dizer o contexto das surahs e ele seguiu essa instrução. Nós com certeza dizemos o mesmo que o Mensageiro de Allah disse.” (Transmitido por Al-Bukhari). Todos esses relatos despejam muita luz sobre o fator oculto da bondade e amor de Allah para o qual esta surah chama atenção.
 ...Allah, O Exaltado, refere-se a Si mesmo nesta surah com Seu Atributo, “O Senhor da Alvorada”. O termo árabe “falaq” significa simplesmente “alvorada” e ainda assim pode ter o significado de “o fenômeno inteiro da criação” em referência a todas as coisas às quais foi dada a vida. Esta interpretação é apoiada pelo que Allah diz na surah 6, “O Gado”: “Por certo, Allah é Quem faz fender (faliq) os grãos e os caroços (para brotarem). Faz sair o vivo do morto e faz sair o morto do vivo. (...) Ele é Quem rompe a manhã. E faz da noite repouso, e do sol e da lua cômputo do tempo.” (6:95-96) Se o significado “alvorada” é atribuído, então se busca refúgio, contra o que não é visto e contra o que é misterioso, no Senhor da Alvorada, Quem concede segurança conforme acende a luz do dia. Se, entretanto, “faliq” recebe o significado de “criação”, então se busca refúgio, contra o mal de alguma criatura, no Senhor da criação. Em ambos os casos, a harmonia com o tema da surah é mantida.
“Contra o mal daquilo que Ele criou.” A frase não contem exceções ou especificações. O contato mútuo de várias criaturas entre si, além de ser, sem dúvida, vantajoso, traz algum mal. O refúgio em Allah está sendo buscado pelo crente para encorajar a bondade que tal contato produza. Pois Ele que criou tais criaturas é certamente capaz de prover a circunstâncias que as levam em um caminho no qual prevalece apenas o lado bom de seus contatos.
“Contra o mal da noite (ghasiq), quando entenebrece (waqab)”. Do ponto de vista linguístico, “ghasiq” significa “derramar substancialmente” e “waqab” é o nome dado a um pequeno buraco na montanha através do qual a água emana; “waqab” é o verbo denotando tal ação. O que provavelmente significa aqui é a noite, com tudo que a acompanha quando ela rapidamente encobre o mundo. Isso é horripilante por si só; adicionalmente, a noite enche os corações com a possibilidade de um desconforto desconhecido e inesperado causado por um animal feroz, por um vilão inescrupuloso, um inimigo eminente ou o som de uma criatura venenosa, assim como ansiedades e preocupações (que envolvem depressão e inquietação) e pensamentos ruins e paixões que podem ressurgir na escuridão durante o estado de solidão na noite. É contra esse mal que o crente precisa da proteção de Allah.
“E contra o mal das sopradoras dos nós”, refere-se a vários tipos de magia, seja enganando os sentidos físicos do homem ou influenciando o poder de escolha das pessoas e projetando ideias em suas emoções e mentes. (Este versículo se refere principalmente a uma forma de bruxaria feita por mulheres na Arábia na época, que amarravam nós em cordas e sopravam neles com uma imprecação).
A magia é a produção de ilusões, sujeita à vontade do mágico, e não se trata de novos tipos de fatos nem alteram a natureza das coisas. É assim que o Quran descreve a magia quando relata a história de Moisés na surah 20, “Ta Ha”: “Disseram (os mágicos do Faraó): ‘Ó Moisés! Lançarás tua vara, ou seremos os primeiros que lançaremos as nossas?’. Disse: ‘Mas, lançai vós’. Então, eis suas cordas e suas varas que, por magia, lhe pareciam colear. E em seu âmago, Moisés teve medo. Dissemos: ‘Não temas! Por certo, tu, tu és o superior; E lança o que há em tua destra; ela engolirá o que engenharam. O que engenharam é apenas insídia de mágico. E o mágico não é bem aventurado aonde quer que chegue.’” (20:65-69). Desta forma, suas cordas e cajados não se transformaram realmente em serpentes, mas assim parecia aos espectadores, incluindo Moisés, ao ponto de ele se sentir inquieto. Ele foi refreado (quando ao medo) pela transformação de seu cajado em uma cobra de verdade, pelo próprio feito de Allah, para destruir as falsas serpentes.
Esta é a natureza da magia conforme nós devemos concebê-la; que através dela a pessoa é capaz de influencia a mente de outras pessoas, fazendo-as pensar e agir de acordo com sua sugestão. Nós nos impedimos de ir adiante com isso. De fato este é um ato mau contra o qual precisa-se buscar a proteção de Allah.
Alguns relatos não confirmados, alguns dos quais foram citados por fontes autênticas, alegam que Labid ibn ‘Assam, um judeu, hipnotizou o Profeta durante muitos dias ou meses em Medina, de forma que, conforme alguns relata, ele sentia que estava tendo relações conjugais com suas esposas quando ele não estava; ou, de acordo com outros, pensava que havia feito algo quando ele não havia feito realmente. Esta surah e a próxima, “Os Homens”, de acordo com esses relatos, foram reveladas para libertá-lo desse estado ao recitá-las.
Mas com certeza essas histórias contradizem a idéia de infalibilidade do Profeta em palavras e em ação e não concordam com a crença de que todas as suas ações representam a visão Islâmica do modo de vida para todos os Muçulmanos. Acima de tudo, elas estão em conflito com a negação enfática do Quran de que ele (o Profeta) era influenciado por qualquer tipo magia, conforme afirmado por alguns inimigos do Islam. Por isso, nós dispensamos tais histórias, com base em que o Quran é o árbitro final, e que relatos narrados por uma só pessoa são permitidos apenas em assuntos relativos à fé. Essas histórias não têm o pano de fundo apropriado e tal pano de fundo é qualificação essencial para que um relato seja classificado como autêntico. O que mais enfraquece essas histórias, entretanto, é que as duas surahs foram reveladas em Makka, enquanto que essas histórias relatam que o incidente ocorreu em Medina!
“E contra o mal do invejoso quando inveja”. A inveja é uma má ação rancorosa que uma pessoa sente por outra que recebeu alguns favores de Allah. Ela também é acompanhada de um desejo muito forte de anulação desses favores. Pode haver algum dano à pessoa invejada vindo desse rancor infundado. Agora, esse dano pode ou ser resultado de alguma ação física por parte do invejoso ou pode resultar apenas de sentimentos suprimidos.
Nós devemos tentar não nos sentirmos inquietos de entender que existe um número incontável de mistérios inexplicáveis na vida. Há muitos fenômenos para os quais não há explicação. A telepatia e a hipnose são exemplos de tais fenômenos.
Muito pouco se sabe sobre os mistérios da inveja e o pouco que se sabe geralmente tem sido descoberto ao acaso ou por coincidência. Em todo caso, há na inveja um mal contra o qual a proteção de Allah deve ser buscada. Pois Ele, O Mais Generoso, Mais Misericordioso e O Único que sabe tudo direcionou Seu Mensageiros e seus seguidores a buscar refúgio nEle contra este mal. É unânime entre as escolas de jurisprudência Islâmica que Allah sempre protegerá Seus servos de tais males se eles buscarem Sua proteção conforme Ele orientou.
Al-Bukhari relatou que Aisha disse que o Profeta soprava nas duas mãos quando ia se deitar para dormir e recitava “Dize: Refugio-me nO Senhor da Alvorada,” e “Dize: Refugio-me nO Senhor dos Homens”, e começando pela cabeça, rosto e parte da frente do corpo, ele passava as mãos no restante do corpo. Ele fazia isso três vezes (Também foi transmitido por outros grandes tradicionalistas).

Por: Sayyid Qutb / Translation: M. A. Salahi e A. A. Shamis / Tradução: Ninevah Barreiros

Fonte:http://www.academiaislamica.org.br/artigo/57/Tafsir+Surat+Al-Falaq

Tafsir Surat Al-Ikhlass

Surat 112
Surat Al-Ikhlass – Surata do Monoteísmo Puro
بِسْمِ ٱللَّهِ ٱلرَّحْمَـٰنِ ٱلرَّحِيمِ
قُلْ هُوَ ٱللَّهُ أَحَدٌ ﴿١﴾ ٱللَّهُ ٱلصَّمَدُ ﴿٢﴾ لَمْ يَلِدْ وَلَمْ يُولَدْ ﴿٣﴾ وَلَمْ يَكُن لَّهُۥ كُفُوًاأَحَدٌۢ ﴿٤﴾

Em nome de Allah, O Misericordioso, O Misericordiador
(1)   Dize: “Ele é Allah, Único.
(2)   “Allah é O Solicitado”
(3)   “Não gerou e não foi gerado”
(4)   “E não há ninguém igual a Ele”

Esta pequena surah é “equivalente a um terço do Qur’an”. Al-Bukhari, grande tradicionalista, foi informado de alguém que tinha escutado um homem recitar, “Dize: Ele é Allah, Único...” repetidamente, e foi até o Profeta na manhã seguinte e lhe contou com desaprovação sobre o que tinha escutado. O Profeta s.a.w. comentou, “Eu juro por Aquele em cujas mãos está minha alma que ela (a surah) é equivalente a um terço do Qur’an”.
E, com certeza, não há nenhuma surpresa nisso. Pois a unicidades de Allah a qual o Mensageiro foi ordenado a declarar para todo o mundo é um crença que deve estar enraizada em nós, uma explicação da existência humana e uma forma de vida por si só. A partir desta posição, pode-se dizer que esta surah abarca nos termos mais claros as principais e mais fundamentais ideias da grande verdade do Islam.
O termo árabe “Ahad” usado aqui como referência à unicidade de Allah é muito mais preciso do que o termo mais frequentemente utilizado “Wahid” que significa “um”. “Ahad” tem as conotações adicionais de unicidade absoluta e contínua e de ausência de iguais.
A unicidade de Allah é tal que não há realidade nem existência verdadeira ou permanente exceto a dEle. Além do mais, qualquer outro ser adquire qualquer poder que venha a ter do poder efetivo de Allah que rege o mundo. Absolutamente nada mais planeja qualquer coisa para o mundo nem decide nada nele.
Essa é a crença que deve estar consolida em nós. Ela é a explicação completa da existência humana. Uma vez que essa crença se torna clara e essa explicação se estabelece na mente humana, o coração se purifica de todas as falsidades e impurezas e fica livre de todas as amarras, exceto daquelas do único Ser que sozinho possui a realidade da existência e que é o púnico poder efetivo nesse mundo. O coração humano então se liberta do vínculo com qualquer coisa nesse mundo sem atribuir existência a nada mais. De fato, por que o coração do homem deveria aspirar a algo que não possui realidade permanente nem tem qualquer poder independente para fazer funcionar esse mundo, quando o ser real é aquele do Ser Divino e o poder verdadeiramente efetivo é a Vontade Divina?
Quando o coração humano se liberta de acreditar em qualquer coisa além da Verdade, a Verdade de Allah, defende essa verdade perpétua, ele se liberta de todas as correntes, das falsas ideias, dos maus desejos, dos medos dos poderes terrenos e das confusões que lhe desviaram nessa vida. Pois quando o coração humano encontra Allah,, ele se beneficia e não perde nada. Então por que ele deveria desejar qualquer coisa que não a satisfação de Allah? E por que ele deveria temer qualquer coisa, se não há nenhum poder absolutamente efetivo senão o de Allah?
Quando uma concepção que não vê nada nesse mundo além da realidade de Allah se estabelece na mente e no coração humano, ela é acompanhada pela visão dessa realidade genuína e permanente em cada ser que se originou dela. Este é o estágio no qual o coração sente que a mão de Allah está em todas as coisas e além do qual ele não sente nada que não seja Allah no universo inteiro. Não haveria nenhuma outra realidade para ser sentida.
Ela também é acompanhada pela atribuição de todo evento e todo movimento nesta vida e neste universo à primeira e única causa, que é Allah, que causa outras causas e influencia sua efetividade. O Qur’an toma muito cuidade para estabelecer essa verdade no conceito de fé do Muçulmano. Ele sempre afasta causas aparentes e associa os eventos diretamente a Allah. Ele diz: “E tu não atiraste areia, quando a atiraste, mas foi Allah Quem a atirou.” (Cap 8 vs 17). “E o socorro não é senão da parte de Allah” (cap 8 vs 10 e cap 3 vs 126). “E não o quereis, a não ser que Allah o queira” (cap 76 vs 30).
Desconsiderando todas as causas aparentes e conectando os assuntos diretamente com a vontade de Allah, um sentimento de alívio gentilmente penetra o coração humano para que ele conheça seu único Salvador, à quem ele pode pedir o que quiser e por quem ele é salvo de tudo que teme. Ele não mais se impressiona pelas influências, razões a causas aparentes que não carregam nenhuma realidade nem existência verdadeira em si.
Estes são os passos que alguns místicos tentaram seguir, mas desviaram-se para muito longe deles. Pois o Islam quer que as pessoas sigam esta rota se esforçando com as realidades da vida com todas as suas condições e qualidades variadas, e que levem uma vida humana na qual exercitem seu papel de vice gerencia de Allah nessa terra com todos os recursos e obrigações que possuem.
A partir desse conceito de unicidade de Allah origina-se o caminho perfeito da vida baseada na explicação da existência humana e quaisquer perspectivas, sentimentos e características que ela estimule. Tal caminho é baseado na adoração de Allah somente, que é o único ser real e permanente, e cuja vontade é o único poder efetivo no mundo. É o caminho que faz seus seguidores voltarem-se apenas para Allah e que busquem refúgio nEle em tempos de necessidade e medo, felicidade e desconforto, luxo e dificuldade. Pois de que serve voltar-se para um ser que não existe e que não tem poder? Esse caminho tem somente Allah como provedor. DEle recebemos nossas crenças, perspectivas, valores, critérios, legislações, instituições, sistemas, ética e tradições. Tais qualidades devem ser obtidas Ser Único e Permanente, e Única Verdade.
É um caminho para se realizar atividades, trabalhar e se sacrificar absolutamente apenas por Allah, e para se desejar estar mais próximo da verdade. Esse caminho também fortalece as ligações de amor, irmandade, compaixão mútua e receptividade entre todos os seres e corações. Pois quando falamos de libertação da completa submissão a esses sentimentos, de forma alguma queremos sugerir que as pessoas devam se desprezar ou se odiar ou de escapar de praticá-los. Eles todos surgem da mão criadora de Allah e eles todos devem sua existência a Ele. Eles são dádivas do Amado para nós, e por isso, merecem nosso amor.
É um caminho sublime e elevado, para cujos padrões a terra é muito pequena, a vida muito curta e os prazeres e luxos sem valor; libertar-se dos obstáculos e falsidades é um desejo supremo e grande objetivo para a humanidade. Mas no Islam, entretanto, essa liberação não significa seclusão nem negligência, nem significa contentar-se ou escapar da vida, mas simplesmente significa um empenho contínuo e sincero e um esforço perpétuo para levar a humanidade a submeter tudo na vida humana somente à Allah. Consequentemente, como dissemos antes, é o cumprimento do papel do homem como vice-gerente de Allah na terra com todas as suas obrigações.
A libertação da alma humana através do sacerdócio e espiritualismo extremo é fácil de alcançar, mas o Islam não aprova isso, porque, de acordo com o Islam, a vice gerência do homem na terra e a liderança da humanidade são parte de seu caminho Divino para a libertação. Esta é uma forma mais difícil que garante e assegura a humanidade ao homem e alcança a vitória da vontade Divina dentro de seu ser. Esta é a libertação real, o voo da alma humana para sua fonte Divina e a conquista de sua verdade sublime dentro do escopo que seu sábio Criador escolheu para ele.

Por tudo isso, a primeira convocação do Islam foi para estabelecer a unicidade de Allah nos corações e nas mentes dos homens. Pois dessa forma ela é uma crença da alma, do coração e da mente humana, uma explicação completa da existência humana, uma forma de vida e não uma palavra meramente dita nem uma crença inerte. É a vida por inteiro e religião em sua totalidade e quaisquer resultados dela não são mais do que frutos naturais de seu estabelecimento nos corações e mentes das pessoas.
Todos os desvios que afligiram os seguidores das religiões Divinas anteriores, e que corromperam suas crenças, ideias e vidas, surgiram, em primeiro lugar, da deterioração do conceito de unicidade absoluta de Deus em suas mentes. Mas o que distingue este conceito na fé Islâmica é seu profundo enraizamento na vida humana inteira e a construção desta em suas bases e o considerá-lo a fundação para o sistema real e prático da vida humana com seus efeitos aparecendo claramente na legislação e na crença.

Ele é Allah, o único Deus”, significa que Ele é o Eterno e o Absoluto” e que “Ele não gerou nem foi gerado” e que “ninguém é comparável a Ele”. Mas o Qur’an afirma tudo isso em detalhe para mais ênfase e esclarecimento.
O Eterno, o Absoluto” significa o Senhor a quem se suplica e sem a permissão do qual nada é decidido. Allah é o único Senhor. Ele é Único em Sua Divindade e todos os outros seres não são senão Seus servos. Para Ele e somente para Ele são dirigidas todas as súplicas. Ele e somente Ele decide todas as coisas independentemente. Ninguém decide com Ele. E como Ele é o único Deus, esta qualidade já é dEle.
Não gerou nem foi gerado” significa que a realidade de Allah é profundamente enraizada, permanente e perpétua. Nenhuma circunstância mutável jamais a afeta. Sua qualidade é perfeição absoluta em todos os tempos. Nascer é descender e multiplicar, e implica em um ser desenvolvido após ser incompleto ou nada. Requer matrimônio que é baseado em semelhança do ser e da estrutura. Tudo isso é completamente impossível no caso de Allah. Então a qualidade de “Um” inclui renúncia de pai e de filho.
Ninguém é comparável a Ele” significa que ninguém se parece com Ele em nada nem é equivalente a Ele em nenhum aspecto, seja na realidade do ser ou no fato de que Ele é o único poder efetivo, ou em qualquer de Suas qualidades e atributos. Isso está subentendido na afirmação de Ele ser “Um”, feita no primeiro versículo, mas é repetida então para confirmar e explicar o fato. É uma renúncia da crença em dois deuses que implica que Allah é o Deus do Bem enquanto o mal tem um deus que – conforme a crença – em oposição a Allah, destrói suas boas obras e propaga o mal na terra. A crença em dois deuses mais conhecida é a dos Persas, que acreditavam eram um deus da luz e em um deus das trevas. Esta crença era conhecida pelas pessoas no sul da Península Arábica, onde os Persas uma vez tiveram seu estado e exerceram soberania.

Esta surah é um estabelecimento e confirmação firmes da crença Islâmica na Unicidade de Allah assim como a sura 109, “Os Incrédulos”, uma denúncia de qualquer semelhança ou ponto de encontro entre a unicidade de Allah e a crença antropomórfica. Cada surah lida com a unicidade de Allah a partir de um ângulo diferente. O Profeta s.a.w. constumava iniciar seu dia recitando essas duas surahs na oração da manhã (fajr). Isso, com certeza, era significativo.

Por: Sayyid Qutb / Translation: M. A. Salahi e A. A. Shamis / Tradução: Ninevah Barreiros

Fonte: http://www.academiaislamica.org.br/artigo/56/Tafsir+Surat+Al-Ikhlass

quarta-feira, julho 15, 2015

Assalamu alaikum - A saudação islâmica

O Islã cobre todos os aspectos da vida; não é uma religião que só é praticada uma vez por semana ou durante celebrações específicas.  O Islã, através das palavras de Deus no Alcorão e das tradições do profeta Muhammad, que Deus o exalte, oferece conselho e orientação da alvorada até o anoitecer, do nascimento até a morte.  O Islã até ensina aos crentes a melhor maneira de saudar uns aos outros; é um modo completo de vida.
O que significa exatamente a palavra Islã?  É uma palavra árabe que vem da raiz sa-la-ma, que significa submissão à vontade de Deus. Também compartilha a mesma raiz para a palavra árabe que significa paz.  Entretanto, é uma palavra descritiva que implica em mais do que tranquilidade e calmaria, mas também abrange o conceito de segurança e submissão.  De fato, o Islã no sentido legal significa submissão ao Deus Único que nos concede segurança, paz e harmonia.  A palavra muçulmano (ou seja, aquele que se submete à vontade de Deus) também deriva da mesma raiz, como a saudação islâmica - Assalam.
Nos artigos anteriores discutimos o fato de que todos os crentes estão vinculados por vários meios.  O mais importante é a crença de que não há nenhuma outra divindade merecedora de adoração que Allah e que Muhammad é Seu mensageiro.  É isso que distingue os crentes dos não crentes.  Entretanto, os crentes também são lembrados dos vínculos entre eles toda vez que saúdam uns aos outros.  A saudação islâmica - "Assalam" é de fato uma invocação onde se pede a Deus para conceder proteção e segurança a seu irmão muçulmano. Essa saudação encoraja os crentes a ser uma comunidade mundial livre de lealdades tribais ou nacionalistas e vinculados pela paz e unidade.
O profeta Muhammad nos ordenou a saudarmos nossos companheiros muçulmanos que conhecemos e também os que não conhecemos.[1]  Assim, os crentes tentam estabelecer a paz e relações amigáveis saudando e encontrando uns aos outros.  Quando muçulmanos de qualquer nacionalidade, etnia ou cor se encontram, saudarão uns aos outros como uma família.  Os crentes também têm direitos uns sobre os outros.
O muçulmano tem cinco direitos sobre seu companheiro muçulmano: deve saudá-lo com "salaam", visitá-lo quando estiver doente, ir a seu funeral, aceitar seu convite e pedir a Deus que tenha misericórdia quando ele espirrar.[2]
A saudação islâmica é Assalamu alaikum (que Deus lhe conceda proteção e segurança).  A resposta a isso é wa Alaikum Assalam. Essas breves palavras árabes permitem que os muçulmanos saibam que estão entre amigos, não estranhos.  Umas poucas palavras de saudação revelam muito.
"Quando fordes saudados cortesmente, respondei com cortesia maior ou, pelo menos, igual, porque Deus leva em conta todas as circunstâncias." (Alcorão 4:86)
As melhores saudações islâmicas incluem Assalam Alaikum wa Rahmatullah, que significa "que Deus lhe conceda proteção, segurança e misericórdia" e Assalam Alaikum wa Rahmatullah wa Barakatuh, que significa "que Deus lhe conceda proteção, segurança, misericórdia e que Ele lhe abençoe".  A saudação em retorno com algo melhor seria, por exemplo, depois de ouvir as palavras Assalam alaikum responder com wa Alaikum Assalam wa Rahmatullah.
Fazer esse pequeno esforço para saudar outros dessa forma a cada oportunidade aumenta as recompensas.  Cada vez que um crente diz as palavras Assalam alaikum ou responde a essa saudação, seu banco de boas ações é aumentado.
Um dia um homem passou pelo profeta Muhammad enquanto ele estava sentado com outros homens e disse "Assalamu alaikum".  O profeta disse: "Ele terá 10 recompensas". Outro homem passou e disse "Assalamu alaikum wa rahmatullah".  O profeta disse: "Ele terá 20 recompensas".  Outro homem passou e disse "Assalamu alaikum wa rahmatullah wa barakaatuh"  O profeta disse: "Ele terá 30 recompensas".[3]
Além disso, em todo o Alcorão Deus repetidamente destaca que esse é a saudação islâmica. Deus nos assegura que o empenho para agradá-Lo resultará em paz e segurança no paraíso, e quando o crente entrar no paraíso será saudado pelas palavras Assalam Alaikum.
"Os crentes que tiverem praticado o bem serão introduzidos em jardins, abaixo dos quais correm os rios,  onde morarão eternamente, com o beneplácito do seu Senhor.   Ali, a sua saudação será: Salam (paz)!" (Alcorão 14:23)
"Assalamu alaikum (Que a paz esteja convosco) por vossa perseverança! Que magnífica é a última morada!" (Alcorão 13:24)
"Quando te forem apresentados aqueles que creem nos Nossos versículos, dize-lhes: Assalamu Alaikum (Que a paz esteja convosco)! Vosso Senhor impôs a Si mesmo a clemência, a fim de que aqueles dentre vós que, por ignorância, cometerem uma falta e logo se arrependerem e se encaminharem, venham a saber que Ele é Indulgente, Misericordiosíssimo." (Alcorão 6:54)
"De cujas almas os anjos se apossam em estado de pureza, dizendo-lhes: Assalam Alaikum (Que a paz esteja convosco)! Entrai no Paraíso, pelo que haveis feito!" (Alcorão 16:32)
"Quando entrardes em uma casa, saudai-vos mutualmente com a saudação bendita e afável, com referência a Deus, Assalamu alaikum." (Alcorão 24:61)
"Em troca, os tementes serão conduzidos, em grupos, até ao Paraíso e, lá chegando, abrir-se-ão as suas portas e os seus guardiães lhes dirão: Assalamu alaikum (Que a paz esteja convosco)! Quão excelente é o que fizestes! Adentrai, pois! Aqui permanecereis eternamente." (Alcorão 39:73)
O profeta Muhammad reiterou a mensagem de Deus quando disse: " Não entrarás no paraíso até que creia e não crerá até que se amem uns aos outros.  Devo dizer-lhes sobre algo que, se fizerem, farão com que amem uns aos outros?  Saúdem uns aos outros com Salam".[4]


Footnotes:
[1] Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim.
[2] Saheeh Al-Bukhari
[3] Saheeh Al-Bukhari
[4] Saheeh Muslim
Fonte:http://www.islamreligion.com/pt/articles/4255/assalamu-alaikum-saudacao-islamica/

segunda-feira, junho 15, 2015

10 Maneiras para Preparar o Ramadão

Os Sahaba (Companheiros) preparavam-se para o Ramadão com seis meses de antecedência  - Por: M. Yiossuf Adamgy

Prezados Irmãos,
Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

  O bendito e mais belo mês está próximo! Que melhor momento para se preparar para ele que agora! Alguns de nós enganamo-nos pensando que, quando chegar o Ra-madão, vamos mudar de repente e adorar a Deus (ár. Allah) noite e dia, mas só nos enganamos a nós mesmos ao pensar assim.

 Os Sahaba (companheiros do Profeta Muhammad (s.a.w.) preparavam-se para o Ramadão com seis meses de antecedência. Assim, se realmente queremos aproveitar ao máximo este Ramadão, temos que prepararmo-nos desde agora.

 Este pode ser o nosso último Ramadão, pois a vida é tão incerta. Na verdade, não há dúvida de que temos que fazer tudo o possível para atingir a recompensa de todo o bom acto, que no mês de Ramadão se multiplica muitas vezes.

 O Profeta (sallallahu alayhi wa salam) disse: "O que se aproxima de Deus nele (no mês de Ramadão) com uma só oração (voluntária), é como o que leva a cabo um acto obrigatório noutros tempos. E quem realiza um acto obrigatório durante o mesmo, é como o que rea-lizou setenta actos obrigatórios noutros tempos". - (Sa-hih Ibn Khuzaymah, nº. 1887).

Se houvesse saldos de 75% nas lojas, seguramente as pessoas ficariam loucas e até fariam fila toda a noite com o fim de ser o primeiro na loja e aproveitar esta oferta es-pecial. Da mesma maneira, porque não aproveitar as imensas recompensas que estão disponíveis no Rama-dão?

A melhor maneira para tirar o máximo benefício deste Ramadão e apoderar-se das imensas recompensas que estão disponíveis é preparar-se desde agora.

Apresenta-se, seguidamente, 10 maneiras mediante as quais podemos prepararmo-nos para este formoso e abençoado mês, a partir de AGORA:

1. Os jejuns voluntários

Que melhor maneira de nos prepararmos para jejuar durante 30 dias consecutivos no Ramadão que jejuar os jejuns voluntários?

O jejum a segunda e sexta-feira:

Abu Hurairah (r.a.) informou que a maioria das vezes o Profeta (s.a.w.) jejuava segunda e sexta-feira. Foi-lhe perguntado sobre isso e ele disse: "As acções das pes-soas apresentam-se perante Deus todas as segundas e sextas-feiras. Deus perdoa a todo o muçulmano, excep-to aqueles que se atraiçoam entre si." E ele acrescentou: "Deixa-os para mais adiante". - (Ahmad; Hasan).

Outra maneira é a de jejuar nos dias brancos (13, 14 e 15 de cada mês islâmico):

 Abu Al-Tharr Ghefari (r.a.) disse: "O Mensageiro de Allah (s.a.w.) disse: "Ó Abu Tharr, se jejuares três dias de cada mês, então jejua a 13, 14 e 15, pois estes são chamados de al-ayaam al-bidh, os dias brancos". - (Ah-mad, an-Nisaa'i e at-Tirmidhi; Sahih).

Portanto devemos jejuar estes dias com o fim de nos prepararmos para o jejum de Ramadão e inclusivamente depois do Ramadão devemos continuar a fazê-lo, já que o jejum intercederá por nós, no Dia do Juízo:

 O Mensageiro de Deus (s.a.w.) disse: "O jejum e o Alcorão intercederão pelo servo no Dia da Ressur-reição. O jejum dirá: ‘Ó Meu Rabb (Senhor)! Eu evitei alimentos e desejos; por isso aceita a minha interces-são por ele!’ E o Alcorão dirá: ‘Eu impedi-o de dormir durante a noite; por isso aceita a minha intercessão por ele’. E o Mensageiro (s.a.w.) disse: 'E será permitida a intercessão deles'." - (Ahmad, al-Tabarani, Al-Hakim, Sa-hih).

2. Recitar o Alcorão
Deus, o Exaltado, disse:

 «O mês de Ramadan foi o mês em que foi revelado o Alcorão, orientação para a humanidade e vidência de Orientação e Discernimento. Por conseguinte, quem de vós presenciar o novilúnio deste mês deverá jejuar; porém, quem se achar enfermo ou em viagem jejuará, depois, o mesmo número de dias. Deus vos deseja a comodidade e não a dificuldade, mas cumpri o número (de dias), e glorificai a Deus por ter-vos orientado, a fim de que (Lhe) agradeçais». - (Sura al-Baqarah, 2: 185).

 Ramadão é o mês em que o Alcorão começou a ser revelado pela primeira vez, por isso é o mês do Alcorão. Devemos dedicar grande parte deste bendito mês a recitar o Alcorão.

 Az-Zuhri disse sobre a chegada do Ramadão: "Trata-se de recitar o Alcorão e alimentar os pobres".

 Abdur-Razaq disse: "Quando chegava o Ramadão, Sufyan Ath-Zawri renunciava a todos os actos de adoração voluntários e dedicava-se à recitação do Alcorão".

 Mas para muitos de nós o Alcorão poderá ter reunido uma grande quantidade de pó, desde a última vez que o tivemos nas mãos.

Como o Ramadão se aproxima rapidamente, devemos soprar o pó e começar a construir uma relação estreita com o Alcorão para que interceda por nós no Dia do Juízo:

 "Recitar o Alcorão tanto quanto o possamos, porque será intercessor para o seu recitador no Dia do Juízo". - (Muslim).

 Aquele que recitar o Alcorão, estará na companhia dos anjos:

 'A'ishah (r.a.) relatou que o Profeta (s.a.w.) disse: "De facto, aquele que recita o Alcorão muito bem, sem problemas, e, correctamente, estará na companhia de anjos nobres e obedientes. Enquanto a pessoa que recita com dificuldade, tartamudeando ou tropeçando nos seus versículos, esse terá o dobro da recompen-sa". - (Al-Bukhari e Muslim).

 Há dez recompensas por cada letra recitada do Alcorão em tempos normais, mas no Ramadão estas recompensas multiplicam-se:

 "O que lê uma letra do Livro de Allah, terá uma recompensa, e esta recompensa será multiplicada por dez. Não estou a dizer que 'Alif, Laam, Mim' (uma combinação de letras mencionados com frequência no Sagrado Alcorão) é uma letra; estou a dizer que 'Alif' é uma letra, 'Laam' é uma letra e 'Mim' é outra letra". - (At-Tirmidhi).
Assim, que melhor momento, para nós, para conse-guirmos o hábito de recitar o Alcorão que começar a fazê-lo agora mesmo? Devemos recitar o Alcorão com os seus significados e tratar de entender e pô-lo em prática na nos-sa vida diária.

Devemos fixar metas realistas sobre quanto devemos começar a recitar cada dia. Por exemplo: vamos recitar 1 ou 2 páginas por dia, a metade de um juz (parte), ou 1 juz etc. Devemos recitar tudo o que possamos e logo ir aumen-tando a recitação, gradualmente.

 3. Rezar orações voluntárias (nafil) 
No Ramadão cada oração voluntária leva a recompensa de uma oração fard (obrigatória) em tempos normais e não há nada com mais recompensa que uma oração fard, pelo que pode imaginar-se as imensas recompensas que estão disponíveis no Ramadão, por cada oração voluntária que rezamos.

 O Profeta (sallallahu alayhi wa salam) disse: "O que se aproxima de Deus nele (no Ramadão) com uma só oração (voluntária), é como o que leva a cabo um acto obrigatório, noutros tempos. E quem realiza um acto obrigatório durante o mesmo, é como o que realizou setenta actos obrigatórios noutros tempos". - (Sahih Ibn Khuzaymah, nº. 1887).

 Com o fim de aproveitar estas imensas recompensas devemos começar agora a rezar todas as orações diárias Sunnah e Nafil. Assim, quando o Ramadão chegar já teremos o hábito de rezar a Sunnah e Nafil e poderemos aumentar as nossas orações voluntárias, mais ainda, durante o Ramadão. Isto seria mais difícil, se não tivés-semos o hábito de fazer orações Sunnah e Nafil, em tem-pos normais.

 Ao aumentar a nossa adoração voluntária podemos ganhar mais proximidade a Deus, assim como a companhia do Mensageiro de Allah (s.a.w) no Paraíso.

 4. Fazer Du'a (Súplica)
 Muitos de nós não dedicamos todo o tempo que deve-ríamos a fazer Du'a. Inclusivamente se o fazemos, é depressa e sem que os nossos corações e mentes estejam presentes, enquanto estamos suplicando a Deus.

Muitos de nós apressamos a nossa “Du'a” e os nossos corações, muitas vezes, não estão presentes enquanto estamos suplicando a Deus. Com isso, perdemos em grande parte os benefícios e bênçãos de cada “Du'a”. Há que prestar mais atenção à nossa Súplica (Du'a), tratando concentrar-se mais e ser mais sincero em imaginar Deus na nossa Súplica, vendo-nos como Lhe suplicamos. Devemos humilhar-nos, sentir-nos baixos e não dignos, diante de Deus. Devemos tentar chorar se podermos e ter esperança COMPLETA de que Deus aceitará a nossa Súplica (Du'a), se não neste mundo, então no Além.

 Deus diz no Alcorão: "Quando os meus servos te perguntam sobre Mim, (diz-lhes) estou de facto próximo (deles). Escuto a oração de todos os suplicantes quan-do Me pedem".

 O lugar de “Du'a” é tão honorável a Allah que o Profeta (s.a.w.) disse: "Nada é mais honroso para Allah, o Altíssimo que a Súplica (Du'a)". - (Sahih al-Jami` nº. 5268).

 É o mais excelente da oração:
 Também disse: "A adoração mais excelente é a Du'a". - (Sahih Al-Jami` nº. 1133)

Assim, entremos no hábito de fazer a súplica (du'a) sincera, do profundo do nosso coração, e não sejamos negligentes quando suplicamos a Deus. Que melhor momento que agora para conseguir o hábito de fazer mais intensa e sincera a nossa suplicação (du'a)? Assim, quando chegar o Ramadão teremos o costume de fazer uma longa, sincera e intensa súplica (du'a), que seja facilmente aceite durante este bendito mês, especialmente enquanto estamos de jejum e na última parte das noites, durante Tahajjud.

Pode ser útil fazer uma lista do que deveríamos pedir a Allah durante a súplica, ajudando-nos a fazê-la, cobrindo tudo o que queremos pedir a Allah.

5. Arrependimento sincero
 Ramadão é o mês em que podemos obter misericórdia e perdão de Deus, por todos os nossos pecados passados e presentes.

 Devemos saber que Deus é o mais Misericordioso e Compassivo, e gosta de perdoar:

 Deus disse: "Ó filho de Adão! Se os teus pecados chegassem até às nuvens do céu e buscasses o Meu perdão, Eu perdoar-te-ia".

 Quando uma pessoa peca e logo se volta, sinceramente, para Deus em busca do perdão, encontrará Deus aberto a aceitar o seu arrependimento e perdoá-lo-á, como indica este versículo: «E quem cometer uma má acção ou se condenar e, em seguida (arrependido), implorar o per-dão de Deus, sem dúvida achá-Lo-á Indulgente, Miseri-cordioso». - (Alcorão, Al Nisaa, 4: 110).

Portanto, devemos adquirir, agora, o hábito de arrepen-der-se perante Deus para que no Ramadão realizemos o melhor arrependimento e continuemos fazendo-o durante todos os dias das nossas vidas.

 Que desgraçada é a pessoa que, ao finalizar o Ramadão, não ganha nenhum perdão de Deus para os seus pecados e termina acumulando mais pecados na sua conta.

 6. A generosidade e caridade
 O Profeta Muhammad (s.a.w.) fazia-se ainda mais gene-roso no Ramadão do que já era.

 Ramadão é um tempo para a generosidade e entrega. É um momento em que pensamos sobre os que têm menos que nós, e damos graças a Deus por tudo o que nos deu. Ramadão é um mês honorável e bendito, e as recompen-sas pela generosidade multiplicam-se nele.

 O Profeta (sallallahu alayhi wa sallam) disse: "A melhor caridade é a que se realiza no Ramadão". - (At-Tirmidhi).

Também disse: "O que dá de comer a uma pessoa que jejua ganhará a mesma recompensa que o jejuante, sem diminuir a recompensa da pessoa que jejua". - (Ahmad).

 Portanto devemos praticar a caridade desde agora; assim, quando chegar o Ramadão aumentaremos a nossa generosidade, dando aos menos afortunados que nós. Certamente, na outra vida lamentaremos o que não gastá-mos no caminho de Allah.

7. Controlar a línguaRamadão é um tempo onde devemos controlar os nossos desejos (nafs) assim como a nossa língua:

O Profeta Muhammad (sallallahu alayhi wa salam) disse: "O jejum não é abster-se de comer e beber, mas também do discurso vão e da linguagem calão. Se um de vós estiver sendo maltratado ou molestado, deve dizer: 'Estou de jejum, estou de jejum’". - (Ibn Khu-zaimah, Ibn Hibban).
Portanto, devemos proteger a nossa língua do discurso vão e da linguagem calão. A protecção da língua faz-se evitando a mentira, a difamação, a calúnia, os boatos, as palavras falsas e outras coisas que foram proibidas no Alcorão e na Sunna.

 Aqueles que controlam as suas línguas são dos melhores dos muçulmanos:

Ao Profeta (sallallahu alayhi wa salam) foi perguntado: "Qual é o melhor muçulmano?" Ele respondeu: "Aquele de quem os outros muçulmanos estão a salvo da sua língua e da sua mão". - (Tirmidhi, # 2504).

Não devemos enganar-nos a nós mesmos, pensando que no momento em que chegue o Ramadão se produzirá uma rutura repentina dos nossos hábitos de vida e vamos con-trolar as nossas línguas. De novo, isto é outro grande engano. Temos que começar a controlar as nossas línguas antes do Ramadão, para que possamos mudar os maus hábitos, já que não é um processo de um dia para outro.

Então, como poderemos começar a controlar as nossas línguas? Isso pode-se conseguir, "pensando antes de dizer alguma coisa". Não falar sem antes pensar no que vamos dizer.

Há que pensar antes de falar e, antes de dizer alguma coisa, devemos pensar se o que vamos dizer vai agradar ou desagradar a Deus.

 Se duvidamos de que o que estamos a ponto de dizer pode desgostar a Allah, então devemos abster-nos de o dizer. Se não temos nada bom que dizer, então segura-mente é melhor não dizer nada em absoluto. Relembremos que seremos responsáveis de tudo o que dissermos nas nossas vidas, pelo que devemos começar a tomar respon-sabilidade quanto ao que sai das nossas bocas, de contrário vamos lamentar depois, quando já for demasiado tarde. Portanto, temos que entrar no hábito de "pensar antes de falar".

 Assim vamos começar a controlar as nossas línguas agora para que no momento em que chegue o Ramadão tenhamos adoptado bons hábitos e tenhamos conseguido o controlo das nossas línguas, abstendo-nos de dizer alguma coisa que possa desgostar a Deus.

 RECORDEMOS: Se não protegemos as nossas lín-guas, então os nossos jejuns serão em vão:

O Profeta Muhammad (s.a.w.) disse: "Deus não neces-sita do jejum de quem não abandona a sua hipocrisia ao falar ou actue de acordo com o seu falso discurso". - (Sahih Bukhari).
8. Melhoria de carácter e costumes

O Profeta (s.a.w.) veio a aperfeiçoar o carácter do ser humano e o melhor desta Ummah é o que tem melhor carácter:

 O Profeta (s.a.w.) disse: "Os melhores entre vós são os que têm os melhores modos e carácter". - (al-Bukhari).

O Mensageiro de Deus (sallallahu alayhi wa salam) disse: "Não há nada mais pesado na balança da outra vida que um bom carácter”. - (Tirmidhi e Abu Dawud).

 O Mensageiro de Deus (sallallahu alayhi wa salam) tam-bém disse: "Os mais amados por mim e os mais pró-ximos de mim nos assentos no Dia da Ressurreição serão os que têm os melhores modos e conduta entre vós, que estão próximos em boas relações com os demais e são humildes; e os mais odiados por mim e que estarão nos assentos mais afastados de mim são os que são faladores e arrogantes". - (Tirmidhi).

 Seguramente, se o bom carácter e os modos são os elementos com mais peso na balança, então podemos imaginar que serão ainda muito mais pesados se nos comportamos com bom carácter e bons modos durante o Ramadão.

 Assim, pois, esforcemo-nos em aperfeiçoar os nossos costumes, carácter e conduta e recordemos que estas boas acções serão as que terão mais peso na balança e nos permitirão chegar aos mais altos níveis no Paraíso e à maior proximidade com Deus.

 9. A moderação no comer
 Sob a autoridade de Al-Miqdaam Ibn Maadiy-Karib que disse: Escutei o Mensageiro de Allah dizer: "É suficiente comer uns bocados de comida para manter as costas rectas. Se tem que comer mais, assegure-se de que só um terço do seu estômago deverá estar cheio de comida, um terço deverá deixar para a água e o terço restante para o ar". - (Ahmad, At-Tirmidhi, An-Nisaa'i, Ibn Majah).

 Ibrahim al-Naja'i, um dos mestres de Imame Abu Hanifa, que Allah tenha piedade deles, mencionou: "Os povos que se arruinaram antes de vós tinham estas três características: falar demasiado, comer demasiado, e dormir demasiado".

Não há dúvida de que comer em excesso não só é causa de muitas enfermidades, mas também é um factor impor-tante que nos impede de maximizar a nossa adoração a Deus.

 Ash-Shafi disse: "não me enchi em dezasseis anos, porque o estar cheio faz com que o corpo esteja pesado, elimina compreensão clara, induz o sonho e faz com que se seja débil para o culto".

Muitos de nós jejuamos durante o Ramadão durante o dia e depois de Iftar (quebra de Jejum) compensamos toda a comida que perdemos com grandes refeições.

 Sem dúvida, isto vai contra o propósito do Ramadão, que é ser moderado no comer e recordar os que têm menos que nós. Como vamos recordar os menos favorecidos se comemos em excesso antes e depois dos nossos jejuns?

Mediante o controlo que fizermos do que comemos, desde agora, não só beneficiaremos a nossa saúde a curto e longo prazo, como também uma alimentação moderada far-nos-á menos pesados e permitir-nos-á maximizar a quantidade de orações que fazemos todos os dias, durante o Ramadão e no resto das nossas vidas.

"A prova de Adão (a.s.) foi a comida e será a tua prova até ao Qiyamah (Juízo Final)." - Al-Hassan Al-Basri. 

"O que toma o controlo do seu estômago consegue o controlo de todas as boas obras". - Sabedoria tradicional.

 E também: "A sabedoria não reside num estômago cheio".

 Um dia, Al-Hassan ofereceu algo de comida ao seu companheiro que disse: "Comi até já não ser capaz de comer". Ao que Al-Hassan disse: "Subhaana Allah! Um muçulmano come até que já não é capaz de comer?"

10. Implementação da Sunnah na vida diária
Seguir a Sunnah é uma ordem de Allah:

 «Dize (ó Profeta): ‘Se verdadeiramente amais a Deus, segui-me; Deus vos amará e perdoará as vossas faltas, E Deus é Indulgente, Misericordioso’». - (Alcorão, 3:31).

 Se seguimos o Profeta (sallallahu alayhi wa salam) em todos os aspectos das nossas vidas, então tudo o que fazemos converter-se-á num culto a Deus, inclusivamente ir ao banheiro, tomar um banho, vestir-se e despir-se, etc.

 Revivendo a Sunnah na nossa vida quotidiana:
 O Profeta (sallallahu alayhi wa salam) disse: "O que revive um aspecto da minha Sunnah que se tenha olvidado depois da minha morte, terá uma recompensa equivalente à das pessoas que o seguem, sem desme-recer no mais mínimo da recompensa dos que lhe seguiram”. - (Tirmidhi).

O melhor hábito nas nossas vidas é pôr em prática a Sunnah, em cada aspecto das nossas vidas, para que toda a nossa vida e tudo o que fazemos, durante a mesma, possa converter-se num culto a Deus.

Podemos fazer isto aprendendo, pouco a pouco, toda a Sunnah, as súplicas (du’as) correspondentes a todos os aspectos do nosso dia: despertar, entrar e sair da Mesquita e de casa, vestir-se e despir-se, etc. Assim poderemos conseguir o hábito de aplicar a Sunnah em cada momento da nossa vida quotidiana, de maneira que, quando o Ramadão começar, podermos seguir aplicando a Sunnah e ganhar ainda mais recompensas.

 Que Deus nos ajude a tirar o melhor deste Ramadão e que seja uma salvação para nós na outra vida. Ámen.


Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 14/06/2015

sexta-feira, junho 12, 2015

Súplicas e Duah para o Ramadan que se Aproxima

Prezados Irmãos,
Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as Súplica (Duá) para o Ramadão que se aproxima pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

POSSA a lua do mês sagrado que se aproxima Surgir com uma graça e glória sem precedentes;  Para se tornar na mensageira da passagem  Que fará a transformação dos valores E postura da humanidade.

POSSA a força da penitência, fome e sede, Vencer os vícios da vingança, rancor e ganância; precediam o Ramadão, tais como jejuar mais, rezar mais e doar mais para a caridade.

Devemos ter em mente que o maratonista não começa a corrida só no momento em que se posiciona na linha de partida e ouve: "Às vossas posições, preparados, sigam!". Pelo contrário, a corrida começa muitos dias, semanas e mesmo meses antes do momento em que verdadeiramente é dada a partida. A preparação exige esforço, mas permite que o atleta adquira a resistência necessária para que se possa concentrar na corrida e não se distrair pelo cansaço das pernas ou pela sensação de boca seca.

POSSAM os aguaceiros da bênção divina   Conceder, em abundância, conforto ao mundo E torná-lo num local pacífico e calmo; E cobrir o mundo da ira com um ambiente celestial, Que alcance o mais íntimo de todos os homens, mulheres e crianças. – (Amin).

Fazer mais preces voluntariamente O Profeta Muhammad (sall Allaahu alayhi wa sallam = paz e bênçãos de Deus estejam com ele) empreendia mais acções voluntariamente durante as semanas que Da mesma forma, se começarmos o Ramadão apenas na sua primeira noite, no momento das Orações de Tarawih, estaremos a agir tal como o maratonista que não se prepara convenientemente. É por isso que é tão importante que comecemos a empreender desde já preces individuais e voluntárias.

Aprender a ler passagens extensas no Ramadão nos momentos da oração é algo que nos ajudará a desenvolver a nossa resistência, bem como nos ajudará a concentrarmo-nos naquilo que estamos a ler.

Com efeito, Abu Hurayrah (r.a.) conta-nos que: "O Mensageiro de Allah, (s.a.w.), costumava incitar- -nos a rezar nas noites do Ramadão, mas não fazendo dessas orações algo de obrigatório". E Reflexões Islâmicas - depois disse: "Todos aqueles que rezarem nas noites do Ramadão, movidos pela fé e pela esperança numa recompensa, verão todos os pecados cometidos no passado, perdoados".

E quem entre nós não precisa de ver os seus pecados perdoados?


Ao rezarmos diariamente durante o período do Ramadão, acabamos por desenvolver a resistência que, in cha´ Allah, nos permitirá chegar ao próximo Ramadão.

Uma das melhores formas de praticarmos a nossa recitação é empreendermos orações voluntárias e recitarmos o Alcorão. Obviamente, é sempre recomendável que alguém verifique a nossa recitação, mas se já tivermos conhecimentos suficientes de leitura em árabe, a leitura de passagens durante a oração ajudarnos-á a melhorar a nossa recitação. Embora a leitura individual seja permitida, é recomendável que o indivíduo se associe a uma congregação e seja orientado na sua oração por um Imame.

Sabemos que a altura para a prática da oração da noite é entre as orações de Ichá e Fajr, preferencialmente no último terço da noite, que termina com a oração de Witr. O Mensageiro de Deus (p.e.c.e.) ensinou-nos que: Deus criou para nós uma última oração, a oração de Witr, que deve ser praticada entre as orações de Ichá e Fajr."

As pessoas perguntam-se muitas vezes quando é que devem rezar a oração de Witr, especialmente porque temem não conseguir acordar no final da noite.

O Profeta (p.e.c.e.) afirmou: "Aquele que receia não conseguir levantar-se no final da noite, deve rezar a oração de Witr logo ao anoitecer (a seguir ao Ichá), mas todos aqueles que souberem ser capazes de acordar ao final da noite devem praticar a oração de  Witr preferencialmente nessa altura".

A solução é esforçarmo-nos ao máximo para acordarmos e rezarmos a Witr ao final da noite. No entanto, existe flexibilidade relativamente àqueles que temem não conseguir acordar. Com efeito, apesar da nossa boa vontade, alguns de nós cometem erros e não são capazes de acordar a tempo de empreender as orações da noite. Na verdade, e infelizmente, falharemos até, por vezes, a oração de Fajr.

Allah Subhaanahu wa Taaala sabe das nossas boas intenções, é um facto, no entanto não nos devemos relaxar ao ponto de deixarmos de tentar acordar sem sentirmos remorsos. Se tivermos em mente que o nosso grande objectivo é agradar a Deus, para vermos os nossos pecados do passado perdoados, in ch’Allah, todos nós teremos forças para fazermos mais preces voluntárias.

Conclusões finais:

Se ainda não perguntou a si próprio se está ou não preparado, uma vez que o Ramadão está prestes a começar, então comece hoje mesmo a pensar nisso e prepare-se para o receber.

É essencial que se esforce ao máximo para preparar o acto do jejum, da oração, dos duás, da leitura do Alcorão e da doação para a caridade.

Dessa forma, in cha’ Allah, será capaz de se concentrar nas bênçãos desse mês e não se deixar distrair pela sua própria incapacidade de autodomínio ou de permanecer, por exemplo, de pé durante longos períodos na Oração (Salât), etc.

Treine o equilíbrio e lembre-se que está a tentar agradar a Deus que é misericordioso. Pratique a adoração com fé e esforce-se, incessantemente, esperando a recompensa de Allah Subhaanahu wa Ta ala. Torne este Ramadão melhor que o anterior, in ch’Allah!
Ramadan Mubarak! ■

M. Yiossuf Adamgy - 10/06/2015

RAMADAN, UM MÊS DE SACRIFÍCIOS E DE MUITO MAIS…

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) - Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

O Ramadan é um mês de sacrifícios. Para além de não ingerirmos quaisquer alimentos durante o dia e de continuarmos firmes nos nossos postos de trabalho, aproveitamos todos os momentos livres para aumentarmos a nossa adoração a Deus. Aproveitamos para fazer muitas preces, orações facultativas, recitação do sagrado Cur’ane e louvores a Allah Subhanahu wa Ta’ala. É natural que o nosso corpo fique cansado, mas em contrapartida, sentiremos uma satisfação com a nossa alma alimentada.

O Ramadan é o mês do conhecimento. É uma oportunidade para aumentarmos os nossos conhecimentos religiosos e a nossa fé. Para os que não compreendem a língua árabe, é o momento ideal para lerem e perceberem os versículos do Cur’ane e os ditos do Profeta (Salalahu Aleihi wassalam).

É um mês de reflexão. Uma altura que nos facilita mudar o rumo da nossa vida.

Entre este Ramadan e o anterior, o que fiz para o bem da minha alma? Alimentei a alma, ou só me preocupei com o aspecto e a saúde do meu corpo? O que posso corrigir daqui para a frente?

É também o mês da oração. Os crentes incrementam as orações facultativas em congregação (tarawi) ou na solidão da noite (Tahajjud). No mês de Ramadan uma ação obrigatória é recompensada 70 vezes mais. As facultativas são recompensadas como se tratassem de acções obrigatórias.

Aproveite o mês da reconciliação, para fortalecer os laços familiares. Aproveite também para fazer as pazes com aqueles que nos ofenderam. “Perdoa-os generosamente”. Cur’ane 15:85. Sabei que os crentes são irmãos; reconciliai, pois, entre vossos irmãos”. Cur’ane 49:10

Este é o mês das preces, para pedirmos a Deus para nós, para os nossos pais, filhos, maridos/mulheres, familiares, amigos e para os que atravessam dificuldades.

Peça por aqueles que deste mundo já partiram, e que não têm possibilidades de pedirem perdão. “…Ó Senhor nosso, perdoa-nos, assim como também aos nossos irmãos que nos precederam na fé”. Cur’ane 59.10. Faça caridade em memória deles. Recite Surat Yacin e faça duá (prece). Lembre-se frequentemente deles nas suas preces.

É o mês da ajuda. Auxilie os irmãos muçulmanos que estão nas trevas e que têm vergonha de solicitar ajuda. Ajude-os, mas seja discreto. “Convoca (os humanos) ao caminho do teu Senhor, com sabedoria e bela exortação”. Cur’ane 16:125.

Descubra você mesmo o que pode fazer pelos outros. “Não descures praticar qualquer ato de benevolência, nem que seja o de receberes um irmão com semblante alegre”. Dito do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam). Muslim.

É o mês do arrependimento e da purificação do corpo e da alma, que nos incentiva a acabar com os vícios que diminuem a nossa fé, que prejudicam a nossa saúde e corrompem os nossos bolsos.

É o mês do auto controle, para treinarmos os nossos membros do corpo para se controlarem na altura de agirem. “… que controlam a sua cólera e são indulgentes para as pessoas – e Deus ama os benfeitores”. Cur’ane 3:134.

Arrefeça a fúria, a cólera. Controle a vista e a língua. Limpe a alma, limpe os seus pensamentos, limpe os seus sentimentos, torne-os mais puros, mais humildes. “Do teu ouvido, da tua vista e do teu coração, de tudo isto serás responsável”. Cur’ane 17:36.

Este é o mês da fraternidade e da caridade. Ajude os mais necessitados com a mão direita generosa. É o mês em que todos os muçulmanos devem ter o suficiente para o iftar e para o suhur. Participe na angariação de fundos e de gêneros alimentícios para distribuição a quem mais precisa. “Aqueles que (em caridade) gastam das suas riquezas, de dia e de noite, em segredo e em público, terão a sua recompensa junto do seu Senhor; e não sofrerão de temor, nem de preocupações”. Cur’ane 2:274.

É o mês de todas as oportunidades em que não podemos desperdiçar. Será que para o ano estaremos vivos? Será que teremos uma outra oportunidade para corrigirmos ou incrementarmos a nossa fé?

Ó Allah, só Tu é que dás a vida e a morte, rogamos para que alcancemos e completemos o mês de Ramadan com saúde e com a fé reforçada, para que possamos aliviar a carga dos nossos pecados. Ameen.

“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41. “Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 36:17.

“Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. “E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10. 
 
Cumprimentos
Abdul Rehman Mangá
11/06/2015

sexta-feira, junho 05, 2015

Salât (Oração) — a Coluna do Islão A última exortação que o Profeta (p.e.c.e.) fez quando se encontrava em estado de agonia foi: “Cumpri com o Salât! Cumpri com o Salât!”

Prezados Irmãos,


Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

O Islão outorgou à Oração um grau de importância muito elevado, pois é o pilar mais importante do Islão,

depois dos dois testemunhos de fé (Ash-Sha-hâdatân). Abdullah Ibn Umar (r.a.) relatou que o Mensageiro de Deus (p.e.c.e,) disse: “O Islão ergue-se sobre cinco pilares: o testemunho de que não há outra divindade senão Deus, Muhammad é Seu Mensageiro, a prática do Salât, o pagamento do Zakât, o jejum do Ramadão e a Peregrinação a Meca”.


A Oração é o primeiro pelo que se perguntará ao ser humano no Dia do Juízo. Abû Hurairah (r.a.) relatou que o Profeta (p.e.c.e.) disse: “O primeiro que se pedirá contas ao ser humano no Dia da Ressurreição será pela sua Oração. Se cumpriu com ela todas as suas demais obras serão aceites, mas se descuidou, as suas boas acções foram em vão”. A Oração é o que diferencia o muçulmano do incrédulo. Deus diz: “Mas se se arrependerem (da sua idolatria e aceitarem a fé), observarem a oração prescrita e pagarem o Zakât, então serão vossos irmãos na religião. Assim, elucidamos os versículos, para os sensatos”. (Alcorão, 9:11).


E Jâbir (r.a.) disse: Ouvi o Profeta (s.a.w.) dizer: “Certamente entre o ser humano e o Shirk (politeís-mo) e o Kufr (descrença) está o abandono da Oração (Salât).” Oração prevê de incorrer no extravio. Deus diz: Recita o que te foi revelado do Livro e observa a Oração, que certamente ela preserva (o ser humano) de cometer actos imorais e reprováveis...” (Alcorão, 29:45).

A última exortação que o Profeta (p.e.c.e.) fez quando se encontrava em estado de agonia foi: “Cumpram com o Salât! Cumpram com o Salât!”Salât (Oração) é um meio de expiação. Deus diz:“E observa (ó Muhammad) as orações prescritas em ambas as extremidades do dia (Salât Al Fajr, Salât Adh Dhuhr e Salât Al Asr) e em certas horas da noite (Salât Al Magrib e Salât Al Ichâ'), pois as boas obras apagam as más. Certamente, isto é uma exortação para quem reflecte”. (Alcorão, 11:114).

E Abû Hurairah (r.a.) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (s.a.w.) dizer: “O que pensaríeis se houvesse um riacho diante da porta de alguém, e essa pessoa se banhasse 5 vezes por dia nele? Restar-lhe-ia alguma sujidade no corpo? E eles responderam: certamente que não! Ele, então, disse: é o caso das 5 orações, por meio das quais, Deus vos remove todos os pecados”

A Oração é luz para o servo crente e piedoso. Abû Mâlik Al Ashari (r.a.) narrou que o Mensageiro de Deus (s.a.w.) disse: “A purificação é metade da fé. Dizer Al hamdulillah (Louvado seja Deus!) colmata a balança divina (que Deus colocará no Dia do Juízo para pesar as obras). Dizer Subhânallah e Al hamdulillah (Glorificado e louvado seja Deus) enche o espaço que há entre o Céu e a Terra. A oração é luz, a caridade é uma prova, a paciência é luminosidade e o Alcorão é uma evidência a favor ou contra vós. Todas as pessoas amanhecem vendendo a sua alma, libertando-se ou condenando-se”.

É uma obrigação cumprir com cada uma das cinco Orações diárias no seu horário estabelecido. Deus diz: 

“A oração foi prescrita aos crentes para realizarem em horários determinados.” (Alcorão, 4:- 103). 

Realizar a Oração no seu horário é a acção que mais agrada a Deus. Abdullah Ibn Masûd (r.a.) relatou: Perguntei ao Mensageiro de Deus (p.e.c.e.): Qual é a acção mais querida por Deus? Respondeu: “A Oração no seu tempo”. Perguntei: Logo depois é qual? E respondeu: “O bom trato com os pais”. Finalmente perguntei: Depois qual? E respondeu: “Esforçar-se em prol da causa de Deus”.

A Oração é preferível ser realizada nas Mesquitas. Deus diz: “Deus permitiu que fossem erigidas e honradas as Mesquitas para que se invoque o Seu nome, e nelas O glorifiquem pela manhã e pela tarde, homens a quem nem os negócios nem as vendas os distraem da recordação de Deus, da prática da Oração prescrita e do pagamento de Zakât, pois temem o dia em que os corações e os olhares se estremeçam no Dia do Juízo”. (Alcorão, 24:36-37). “Só devem frequentar as Mesquitas de Deus aqueles que creem n’Ele, no Dia do Juízo, praticam a Oração prescrita, pagam o Zakât e não temem senão a Deus. Certamente, estes são quem verdadeiramente se contam entre os encaminha dos”. (Alcorão, 9:18).

No Hadith conhecido sobre os sete a que Deus protegerá com a Sua sombra o Dia que não exista mais sombra que a Sua, menciona-se ao jovem cujo coração está ligado às Mesquitas. As mesquitas são as casas de Deus e todo aquele que ingresse nelas é um hóspede para o seu Senhor. Não há maior felicidade para um servo piedoso que ser hóspede de Deus e permanecer sob a Sua proteção. Abû Hurairah (r.a.) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (p.e.c.e.) dizer: “A Mesquita é a casa de todo piedoso, e Deus bendiz a quem faz da Mesquita a sua casa com a Sua misericórdia e recompensa-o, guiando-o pelo caminho que o conduzirá a alcançar a complacência divina com a qual ingressará no Paraíso”.

Irmãos! As graças que Deus concede aos Seus hóspedes são nesta vida o sossego, a tranquilidade e a felicidade, e na outra a morada eterna no Paraíso. Que Deus nos abençoe com o Grandioso Alcorão e nos guie para que O temamos como O merece. E peço a Deus que nos proporcione mais um próspero Ramadão que se aproxima e perdoe as nossas faltas, pois Ele é Absolvedor, Misericordioso.
 
Obrigado. Wassalam. 
M. Yiossuf Adamgy - 04/06/2015

JEJUM, UM ALIMENTO PARA A ALMA

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus)
Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) -JUMA MUBARAK

Todos os louvores são para Allah, o Único, o Criador de tudo o que existe. Que a Paz de Deus esteja com todos os Profetas, que se sacrificaram para nos deixarem a mensagem de Deus, o Misericordioso e Perdoador. As Bênçãos e a Paz de Deus estejam com o Profeta Muhammad, sua família e seus companheiros. A Paz e Misericórdia de Deus estejam com todos os crentes. Alhamdullilah! Faltam poucos dias para o Ramadan.

“Ó vós que credes! É-vos prescrito o jejum, como foi prescrito aos vossos antepassados, para que possais temer a Deus”. Cur’ane 2:183.

Tal como o corpo, a alma também necessita de “alimentos”. Durante o ano inteiro, o crente preocupou-se mais com a vida familiar, com o sustento e com o lazer. Muitas vezes esqueceu-se de que Deus é o melhor Sustentador. Não cuidou convenientemente da alma. Deus, com a sua infinita Misericórdia, deu ao muçulmano o mês de Ramadan, para alimentar mais a sua alma. É uma oportunidade anual que o servo de Deus não deve deixar de aproveitar, porque não tem a certeza de que no próximo Ramadan, terá saúde suficiente ou se estará vivo.

Num Hadice Kudssi, Deus refere: “Todos os actos do filho de Adamo (Aleihi Salam), são para eles, excepto o jejum que é exclusivamente para Mim e Eu é que o recompensarei”.

O Ramadan é o nono mês do calendário (lunar) Islâmico. É um mês de reflexão, de sacrifício, de auto controle, de incremento na adoração a Deus e de redução das actividades mundanas. Ao jejuarmos, lembramos os milhões de seres humanos que vivem abaixo do limiar da pobreza, sem as condições básicas de subsistência, impensável nesta época em que as altas tecnologias proliferam por todo o lado. 

Deus multiplica em muito as acções praticadas neste mês. Uma acção facultativa, procurando a satisfação de Deus, é recompensada como uma acção obrigatória. A acção obrigatória é recompensada por 70 vezes mais, em relação aos restantes meses. Durante este mês, diariamente, Deus liberta do inferno, um grande número de almas. É o mês em que devemos incrementar as nossas preces. 

Foi no mês de Ramadan que o Cur’ane foi revelado ao Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) através de Jibrail (Aleihi Salam) - Anjo Gabriel, que a Paz de Deus esteja com ele. “O Ramadan é o mês em que foi enviada a revelação do Cur’ane, como Guia para a humanidade, com provas claras de orientação e de critério (entre o bem e o mal…..)”. Cur’ane 2:185. É a altura do ano em que o Livro Sagrado é mais recitado pelos crentes espalhados pelo mundo.

Quatro acções são recomendadas para este mês: 1- Recitar o kalimah tayyibah (declaração da fé) “LA ILAHA ILLA ALLAH, MUHAMMAD RASSULULAH- "NÃO HÁ OUTRA DIVINDADE, SENÃO DEUS, A (ÚNICA) DIVINDADE, E QUE MUHAMMAD É O SEU (ÚLTIMO) MENSAGEIRO; 2- pedir perdão pelas falhas e pelos pecados cometidos, recitando por exemplo: “ASSTAGHFIRULLAH” (Ó Allah, perdoa-me), 3 – pedir o paraíso e; 4- pedir a Deus que nos salve do fogo do inferno, ex: “ALLAHUMA AJIRNA MINA NNARI” (Ó Allah, salve-nos do fogo (do inferno). Outra prece que deverá ser recitada com muita frequência: “RABBANÁ ÁTINA FI DDUNIA HASSANATAM WUAFIL ÁHIRATI HASSANATAM WUAQUINA ÃZÁBAL NNARI”2:201 (Nosso Senhor, conceda-nos o bem neste mundo e na vida futura e salve-nos dos castigos do fogo do inferno).  pequena refeição da madrugada, o Sheri / Suhur, que é tomada antes de
iniciar o jejum, é cheia de bênçãos por parte do nosso Criador. Anas Bin Malik (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Lançai mão da consoada (do suhur), porque há bênçãos nesse acto”. Bukhari e Muslim. Assim, permite-nos passar o dia de jejum mais confortáveis, com mais forças para suportarmos o trabalho diário. Um corpo forte é melhor do que um corpo fraco. 

Quando chegar a hora do iftar (final do jejum diário), sem demoras, devemos preocupar-nos em quebrar o jejum. “Assim disse Deus, Todo-Poderoso, Senhor da Glória: “Dentre os meus servos, prefiro aquele que se apressa em quebrar o jejum”. Dito do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam). Bukhari e Muslim. 

Nos minutos que antecedem à hora do iftar, devemos fazer duá (prece), pedindo a Deus tudo o que é bom para nós, para os nossos familiares e para a Umah em geral (não se esqueçam dos falecidos). É um dos momentos da aceitação das preces. 

O duá para quebrar o jejum, pode ser feito na nossa própria língua, ou por exemplo: “ALAHUMMA LACA SAMTÚ WABICA ÁMANTÚ WA ÃLÁ RIZQUIKA AFTARTÚ” (Ó Allah, eu jejuei para Ti, em Ti eu acreditei (e acredito), em Ti eu depositei a minha confiança e com a Tua provisão, eu quebro o meu jeum). 

Aproveitemos este mês sagrado para aumentar a “Sadaka” (a caridade facultativa), oferecendo géneros alimentícios aos necessitados. Compartilhemos também o iftar com amigos, familiares e outros crentes e ganhemos a satisfação de Deus. “Anas (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) visitou Saad Ibn Ubada (Radiyalahu an-hu). Este lhe ofereceu pão e azeite de oliva. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) comeu e disse: “aqueles que jejuam, quebraram o jejum contigo, os virtuosos comeram do teu alimento e os anjos suplicaram por ti”. Abu Daoud). 

Ó Allah, só Tu é que dás a vida e a morte, rogamos para que alcancemos e completemos o mês de Ramadan com saúde e com a fé reforçada, para que possamos aliviar a carga dos nossos pecados. Ameen. 

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá