sábado, março 02, 2019

Regras do Funeral Islâmico




I - O Moribundo Muçulmano

Pergunta: O que devemos fazer pela pessoa na hora da sua morte?

Resposta:

1)- Voltá-la de maneira que o rosto fique na direção da Caaba em Mecca. Isto pode ser feito de um dos dois modos: ou é colocado sobre o seu lado direito com o rosto virado para a Caaba, que é o melhor; ou a pessoa está na cama, de costas, com os pés na direção da Caaba, e à sua cabeça levantada, ligeiramente, de modo que o rosto esteja na direção da Caaba.

2)- Ela estará pronta para dizer a profissão da Fé, conforme alguém a ditar em voz alta, de modo que ele possa ouvir: "Não há outra divindade senão Deus, e Muhammad é Profeta de Deus". Isto será dito gentilmente em tom calmante de tal maneira que, "Não há outra divindade senão Deus", podem ser as últimas palavras, mas não serão repetidas no caso de a pessoa moribunda estar perturbada.

3)- Que um membro familiar do moribundo, de quem ele mais goste, que possa ser o mais carinhoso para com ele, e seja o mais temeroso de Deus, esteja ao seu lado para ajudá-lo a voltar os seus pensamentos para Deus, o Exaltado, e para lembrar-lhe que se arrependa dos seus pecados e faça as suas últimas disposição testamentárias.

4)- A mulher menstruada, a mulher no período de quarenta dias após o parto, pessoas no estado da maior Impureza ritual, e todas as coisas repugnantes aos anjos, tais como instrumentos musicais e outros meios de divertimento, serão afastadas da pessoa moribunda, e nenhuma substância de cheiro extravagante pode ser colocada perto dela.

5)- Muitas orações, não só a favor da pessoa moribunda mas, também das presentes, serão oferecidas, o al-Qur´an, em especial o capitulo Yássin , será recitado embora o recitador deva declamar de modo quase inaudível de maneira a não perturbar o moribundo. Contudo, logo que ele morra, toda a recitação cessará na sua presença, desde que não haja confirmação de alguma prática semelhante na "Sunnah"(os relatos e os ditos do Profeta SAWS), nem os primitivos Muçulmanos tenham feito isto.

6)- Recomenda-se que todo aquele que esteja com a pessoa moribunda deverá ajudá-la a voltar os seus pensamentos para Deus, o Exaltado, e para as boas ações que ele tenha efetuado durante a sua vida de maneira que ele possa antecipar o favor do seu Senhor SAWS, grande seja a Sua majestade; pois que Deus, o Abençoado e Exaltado, tem dito, de acordo com a sagrada tradição: "Eu sou como o meu servidor espera encontrar-Me".

Pergunta: O que será feito ao falecido depois da sua morte haver sido confirmada, e antes de ser lavado?

Resposta:

Os seus olhos são fechados.

A queixada interior deve ser ligada à cabeça de tal modo que não esteja descaída.

Alguma coisa adequada coloca-se sobre o abdômen de tal maneira que ele não se torne inchado.

Imediatamente após a morte, as articulações do finado serão aliviadas, se isso for possível, de outro modo não é necessário. Isto é feito de seguinte maneira: os antebraços são dobrados para trás, para a parte superior dos braços, a parte superior dos braços posta ao lado do corpo, e, semelhantemente, dobrar as pernas para as coxas, e as coxas para o abdômen. Isto é para assegurar que o corpo não fique endurecido, facilitando assim a lavagem e a colocação da mortalha.

O morto é erguido ligeiramente do chão, e o rosto voltado para a Caaba.

É despido e coberto com um lençol que ocultará o seu corpo por completo.

É preciso apressar-se a fazer o pagamento das suas dividas.

É recomendável avisar as pessoas da sua morte de maneira a que elas possam acompanhar o funeral. Isto deve ser feito sem altear a voz em lamentação, por exemplo, como aquela que era empregada para anunciar a morte do paganismo, antes da vinda do Islamismo.

É proibido altear a voz de lamentação, chorar, bater na cara, arrancar o vestuário ( infelizmente, hoje em dia, tem uns que praticam isto numa certa data em nome do Islam! ), e assim por diante, embora não haja objeção no pranto tranqüilo pelo morto, desde que não seja acompanhado por nenhuma das ações indicadas. A pessoas que recebe os pêsames tem que comportar-se pacientemente, e esperar a sua recompensa no Além; até tal tempo que Deus o console e o recompense da calamidade.

Por respeito para com o defunto, é recomendável apressar os preparativos para o funeral, e amortalhá-lo.

II - A Lavagem do Morto

Pergunta: Qual é a disposição regulamentar sobre a lavagem do finado?

Resposta:

A Lavagem do defunto Muçulmano é uma obrigação religiosa, por consenso da opinião Islâmica, e a exceção desta obrigação é um compromisso coletivo, isto é, desde que alguém a executa, os outros estão isentos.

Pergunta: Quais são os requisitos que a pessoa escolhida deve preencher para poder lavar o morto Muçulmano?

Resposta:

Essa pessoa deve ser Muçulmana, adulta e em plena prossecução das suas faculdades.

Essa pessoa deve conhecer a decisão de levar a cabo a lavagem do morto.

Essa pessoa deve ser honesta, fidedigna, e conhecedora dos preceitos da lavagem do morto, de maneira que possa levar a cabo a lavagem de acordo com a "Sunnah". Não deverá tornar qualquer das imperfeição do defunto, mas ocultar qualquer defeito que observe.

Pergunta: A quem deve ser confiada a lavagem?

Resposta:

A pessoa mais apta para lavar e amortalhar o morto é quem quer que o próprio finado tenha escolhido, depois, em ordem de preferência, o pai do morto, o seu avó, o seu mais chegado parente, homem, entre os seus agnados, e, em seguida, o homem parente mais chegado da parte da sua mãe. É também permitido que sua mulher o lave.

A pessoa mais apta para lavar uma mulher, por ordem de preferência, é primeiro sua mãe, depois sua avó, e de seguida a sua mais próxima parente-mulher. É também permitido que seu marido lave a sua mulher defunta.

Se o finado é um menino, uma mulher pode lavá-lo; se é uma menina, um homem pode lavá-la.

Se uma mulher morre, somente, estão homens presentes, nenhum dos quais é seu marido, então um destes homens estranhos deve limpá-la com areia, cobrindo a sua mão de modo que não toque o seu corpo despido. Similarmente, se um homem morre no meio de mulheres, nenhuma das quais é sua mulher, então uma mulher estranha deve limpá-lo com areia, usando uma cobertura(luva) na sua mão.

Pergunta: Que morto deve ser lavado?

Resposta:

O defunto deve ser Muçulmano, pois um incrédulo não é lavado.

O morto não deve ser um feto abortado, pois um nado-morto não é lavado.

O suficiente do corpo deve estar presente.

O defunto não deverá ter sido morto na batalha, assassinado enquanto ergue a Palavra de Deus, pois se ele é um Mártir em tal batalha, não é lavado.

Deve haver água limpa e se esta não puder ser obtida, o finado não deve ser lavado, em vez disso deve ser limpo com areia.

Pergunta: Qual é a disposição regulamentar sobre a lavagem de um peregrino a Mecca, que está num estado de ritual consagração?

Resposta:

Um peregrino morto é lavado com água, mas nenhum odorífero será trazido para próximo dele, nem a sua cabeça será coberta, porque no Dia da Ressurreição ele será ressuscitado como um peregrino.

Pergunta: Qual é a disposição regulamentar sobre a lavagem de que é martirizado na batalha do Islam?

Resposta:

Um mártir da guerra não é lavado, as suas armas, o seu cinturão, e tudo, exceto as suas roupas, é removido, e ele é então enterrado com o seu vestuário dentro do qual ele foi morto. Não é injúria amortalhá-lo sem as suas vestes, mas é melhor não as remover. Também nenhuma oração fúnebre é efetuada sobre o corpo do morto na guerra; é enterrado sem oração, tal como foi ordenado pelo Profeta SAWS -- segundo a tradição de Jabir, na qual está relatado que o Profeta mandou que fossem enterrados os mártires da batalha de Uhud , todos manchados de sangue como estavam, e ele não os tinha lavado, nem rezado sobre eles. (Relatado por al-Bukhari e Muslim)

Pergunta: Como é lavado o defunto?

Resposta:

Quando a lavagem começa, o morto deve ser coberto desde o seu umbigo até os joelhos.

O morto deve ser lavado em lugar isolado, privado.

O lavador enrola um pano à volta da sua mão, e com isto ele retira quaisquer impureza do corpo do defunto.

Depois, ele toma um pano limpo e lava o resto do corpo, e pressiona o abdômen levemente, salvo se o morto for uma mulher grávida. Recomenda-se que tenha incenso ou outra substância perfumada à mão, de maneira a que nenhum desagradável cheiro seja perceptível.

A cabeça do finado será levantada ligeiramente de maneira a que a água da lavagem com qualquer exsudação do corpo caia em baixo e não corra para trás em direção à cabeça.

O lavador insere dois dedos molhados em água entre os lábios de defunto e limpa os seu dentes, depois insere-os nas fossas nasais e limpa-as. Em seguida ele efetua as abluções rituais ao defunto, justamente como se para rezar, exceto que a água não deve entrar na boca ou no nariz do defunto.

A água é derramada sobre o corpo, e primeiro o lado direito é lavado atrás e à frente, até os pés, depois o lado esquerdo é lavado do mesmo modo. O lavador deve começar a lavagem pelo cabelo e a barba do morto.

O finado é lavado com água e polvilhado de folhas lódão, ou com água pura, ou com alguma substância que limpe o corpo, tal como sabão. Alguma substância cheirosa, tal como cânfora, pode ser posta na água da lavagem final.

Em atenção para com o morto, o lavador será sempre gentil nas voltas do corpo, e na ficção dos membros, pressão do abdômen, no relaxamento das articulações, e tudo o mais que ele deva fazer.

A lavagem do morto uma vez em toda a volta é uma obrigação religiosa. Todavia, a Sunnah do Profeta SAWS prescreve a repetição da lavagem em número de vezes impares.

Se alguma impureza é descarregada do corpo do defunto depois de ter sido lavado, e adere ao corpo, deve ser removida e o corpo deve ser relevado um número de vezes impar, até 5 ou 7 vezes. Contudo, se a impureza é descarregada depois do corpo ter sido na mortalha, a lavagem não é repetida, mas a impureza é removida.

O corpo do finado é enxuto com um pano depois da lavagem, de maneira a evitar a molhada da mortalha.

Depois a lavagem estar acabada, o cabelo e a barba do defunto são perfumadas com alguma substância cheirosa, exceto açafrão, e aquelas partes do corpo sobre as quais se repouso durante a prostração da oração, são, também, perfumadas, que são: a testa, o nariz, as mãos, os joelhos e os pés. Do mesmo modo é posto perfume nas orelhas e nos sovacos. É preferível que o perfume seja a cânfora.

III - O Amortalhar do Morto

Pergunta: O que é a regra sobre o amortalhamento do morto?

Resposta:

O amortalhar do morto Muçulmano, outro que não seja um mártir caído numa batalha, é um dever religioso pelo consenso de opinião Islâmica, e a execução deste dever é uma obrigação coletiva: desde que alguém a executa, os restantes estão isentos. As despesas do amortalhamento do falecido, de preparação para o enterramento e o enterro devem ser pagas dos bens privados sobre os quais ninguém tenha alguma reivindicação. Se o falecido não tem bens com que possa pagar estas despesas, a sua mortalha pode ser custeada por quem o tinha sustentado enquanto ele foi vivo. Se que o sustentou não pode prover a esta despesa, a mortalha é paga da Tesouraria Pública Muçulmana, e falhando isto a responsabilidade transfere-se para aqueles Muçulmanos que coletivamente possam prover o amortalhamento, a preparação para o enterramento, e as despesas do enterro do finado.

Pergunta: Como é a mortalha do homem?

Resposta:

Um homem é amortalhado em três lençóis brancos lisos; nenhum dessas três peças poderá ser uma camisa ou um turbante. O amortalhamento também pode ser feito com dois lençóis somente, e o mínimo número de lençóis que bastará para o amortalhamento é de um, sob condição de que ele cubra o corpo por completo.

Pergunta: Como é o mortalha de uma criança?

Resposta:

Uma criança é amortalhada em um lençol; todavia, não há objeção em que se faça o amortalhamento dela com três.

Pergunta: Como é o homem amortalhado?

Resposta:

As mortalhas são estendidas uma sobre outra, depois de terem sido perfumadas com incenso, e a mortalha final será a mais comprida e a mais larga.

O defunto, coberto com um lençol é levantado, disposto sobre as mortalhas, e perfumado com incenso.

A extremidade do lençol de topo é enrolada sobre o lado direito do defunto, em seguida o outro extremo sobre o seu lado esquerdo; o segundo e o terceiro lençóis são tratados do mesmo modo, estes lençóis são amarrados no lugar à volta do defunto, e desamarrados somente quando ele estiver colocado na sepultura.

Se não houver um lençol bastante grande para cobrir por inteiro o corpo do falecido, então a cabeça será coberta, e erva, ou papel, ou coisa parecida será colocada sobre as pernas. Se não houver mais senão o que é suficiente para cobrir as partes privadas do falecido, então, é válido que somente estas sejam cobertas.

Se os mortos são muitos, e não há bastante mortalhas, então dois ou três homens podem ser amortalhados numa única mortalha e enterrados numa só sepultura, como foi feito com os mártires mortos na batalha de Uhud -- possa Deus estar satisfeito com eles.

Pergunta: Como é o mortalha de uma mulher?

Resposta:

Uma mulher é amortalhada com cinco peças brancas de roupa, que são: "Orni, Camíse, Sinaband, Izar e Lifafah". Se isto não for acessível, ela pode ser amortalhada com tudo o que basta para cobrir o seu corpo, conforme foi descrito para o amortalhamento do homem.

Pergunta: Como é uma mulher amortalhada?

Resposta:

Estende-se o lençol chamado "LIFAFAH". Por cima daquele põe-se outro lençol chamado "IZAR". Em cima deste coloca-se lençol denominado "CAMÍSE". Entre IZAR e CAMÍSE ou por cima do LIFAFAH é colocado o lençol chamado "SINÁBAND".

Coloca-se o corpo da defunta na mortalha, tapando-o com uma porção do CAMÍSE que se encontrava enrolado.

Remove-se o SINÁBAND ou seja o pano que tapava o corpo depois do banho.

Não se põe "ATAR" nem "SURMAH" ou outra espécie de maquiagem, (não é permitido para mulheres).

Aplica-se a mistura de cânfora nos lugares que tocam o chão quando se faz a "SAJDAH"(prostração, tais como a testa, o nariz, os dois palmos, joelhos e por baixo dos pés).

Os cabelos devem ser divididos em duas partes, pondo-os no peito, respectivamente do lado direito e esquerdo, em cima do "CAMÍSE".

Tapam-se a cabeça e os cabelos com o "ORNI", sem o dobrar nem amarrar, deixando-o solto.

Dobra-se o "IZAR", em primeiro lugar da aba esquerda e depois a direita, por cima do "CAMÍSE" e do "ORNI"

Fecha-se o "LIFAFAH", começando pela aba do lado esquerdo e terminando pela aba do lado direito, de modo que a aba do lado direito fique sempre por cima.

No fim ammaram-se os cantos do "LIFAFAH" do lado da cabeça, dos pés e no meio, por umas tiras de pano, pondo a mortalha em ordem.

IV - A Oração do Funeral

Pergunta: Qual é a disposição regulamentar sobre a oração do funeral?

Resposta:

O desempenho da oração do funeral é um dever religioso, pelo consenso de opinião Islâmica. É uma obrigação coletiva, enquanto for executada por um Muçulmano, os restantes estão isentos.

Pergunta: Quem é o mais apto para levar a cabo a oração do funeral sobre o defunto?

Resposta:

A pessoa mais apta para orar sobre o defunto é quem quer que o próprio falecido escolhera, desde que ele não seja imoral ou um herético. Depois disso, por ordem ou preferência: o dirigente ou seu delegado, a seguir o pai do defunto, o seu avó, ou o seu bisavó, depois o filho do falecido, seu neto ou bisneto, depois destes o mais íntimo parente entre os seus agnados.

Pergunta: Descreve a oração do funeral.

Resposta:

Torna-se a resolução de executar a oração do funeral sobre o homem falecido, ou mulher, ou criança, e esta resolução deverá ser expressa do fundo do coração.(a oração feita em pé).

A fórmula "Deus é o Maior - Allah Akbar" é usada quatro vezes na oração: a primeira vez começo da oração, e depois recita-se Surata al-Fatiha ( a abertura do al-Qur´an), apenas. Então ergue as suas mãos enquanto diz o segundo "Allah Akbar", e depois disto recita a oração de Abraão, como se segue: "Ó Deus, abençoa Muhammad e a sua família, como tens abençoado Abraão e a sua família; Tu és o Bondoso, o Exaltado. Concede a Tua Benção a Muhammad e a sua família, conforme a concedeste a Abraão e a sua família; Tu és o Bondoso, o Exaltado". Em seguida ergue as mão e diz pela terceira vez "Allah Akbar", depois do que ora pelo defunto, empregando a oração tradicional, como se segue: "Ó Deus, concede a absolvição para os nossos vivos e os nossos ausentes, aos nossos jovens e nossos velhos, aos nossos homens e nossas mulheres. Ó Deus, para quem quer que seja de nós, Tu dás vida, deixa-o ser como um Muçulmano, e seja quem for de nós, Tu o tomas para Ti, deixa-o ser como um dos fieis (crentes). Ó Deus, não nos prives de recompensa da nossa partida única, e não nos submetas a julgamento com resultado da morte." É também permitido usar outras orações além daquelas que aqui são indicadas. Depois, erguem-se as mãos enquanto se diz o quarto "Allah Akbar", e aí, em seguida, mantém-se em curto silêncio, ou senão, pode-se repetir: "Ó Deus, não nos prives da recompensa de nossa partida única, e não nos submetas a julgamento como resultado da sua morte." Então diz-se a fórmula de encerramento da oração uma vez (Assalamu Alaikum Warahmatullah), e com isto a oração do funeral está acabada.

A pratica deixada pela Sunnah do Profeta é que a oração do funeral seja executada em grupo se uma quantidade de Muçulmanos estiver presente; isto é feito da seguinte maneira: o Imam ou o dirigente da oração está de pé à frente, e os presentes rezam em três fileiras atrás dele; este é o modo de proceder recomendado.

Pergunta: Se alguém, desejando juntar-se à oração, está atrasado, e falhou um ou mais "Allah Akbar", que fará ele?

Resposta:

Junta-se ao grupo que reza seguindo o Imam, e quando este termina com as palavras "Assalamu Alaikum", ele completa a sua oração recitando as secções que falhou, de acordo com a descrição acima.

Pergunta: Que oração será empregada se o finado é uma criança?

Resposta:

A oração de uma criança é a mesma que para um homem, excetuando que, depois do terceiro "Allah Akbar", em vez de rogar o perdão de Deus para o defunto, é dita a seguinte oração: "Ó Deus, fá-lo um precursor para ir à frente dos seus pais, e torna-o numa recompensa e num tesouro acumulados para eles".

O Transporte do Caixão Fúnebre

Pergunta: De que maneira deverá ser realizado o cortejo fúnebre?

Resposta:

O cortejo fúnebre deve prosseguir rapidamente, visto que o Profeta, as graças de Divinas e a paz estejam com ele, disse: "Levai o falecido imediatamente, porque se ele foi um bom homem, então vós estais a tomar-lhe as boas coisas, e se ele não foi, então vós diminuireis o infortúnio de vossos ombros tão logo que for possível". ( Al-Bukhari e Muslim)

Pergunta: Qual é o preceito regulamentar sobre o modo como deve ser seguido o caixão fúnebre?

Respostas:

O seguimento do caixão fúnebre é uma prática certificada na Sunnah do Profeta SAWS, e pode ser feita de uma das três maneiras:

1ª.) Reza-se perante o caixão com o defunto(oração fúnebre), e depois aquele que queira pode retirar-se.

2ª.) O caixão fúnebre é seguido para a cova, e os que estão presentes aguardam até que o defunto tenha sido enterrado, e então partem.

3ª.) Aqueles que estão presentes esperam depois do enterro, e rezam pelas graças de Deus para o finado, e rogam-Lhe que o Fortaleça na sua fé, e oram por clemência para a sua alma. Esta é a maneira que será a mais recompensada por Deus SAWS.

Pergunta: De que maneira deve conduzir-se o acompanhante do caixão fúnebre?

Resposta:

Ele deverá ser humilde e prestar atenção ao seu próprio fim e aos seus deveres; ele deverá tomar advertência por causa da morte, e do destino do morto. Deverá continuar a repetir o nome de Deus e rezar pelo finado sem elevação da sua voz; não deverá falar de coisas mundanas ou permitir-se que seja distraído pelo riso, ou outra coisa semelhante.

É recomendado que ele não deve assentar-se até que o defunto seja baixado na terra. Mas não há objeção para alguém que precede o morto sentar-se antes da chegada do caixão fúnebre.

É repreensível para qualquer dos acompanhantes do caixão fúnebre ir a cavalo ou de carro; se, todavia, alguém não puder andar a pé e, por necessidade, é obrigado a ser levado a cavalo ou de carro, então a Sunnah é que ele seja levado atrás do cortejo.

VI - O Enterro

Pergunta: Qual é a sepultura adequada?

Resposta:

A sepultura deverá alcançar a profundidade do peito de homem, e deverá, preferivelmente, ser bem feita e espaçosa.

Segundo a Sunnah, deve ser feito um nicho na parede lateral da sepultura como foi feito na sepultura do Profeta SAWS. Este nicho é uma concavidade, qual é um abrigo escavado no fundo da cova, no lado da parede que está voltada para a Caaba, aonde o defunto será colocado.

Se o nicho não puder ser feito, então uma trincheira e escavada no fundo da cova pôr o cadáver. Esta trincheira é escavada no chão da sepultura, e depois de o morto ter sido colocado nela, é coberto com uma tampa de modo que nenhuma terra caia sobre o corpo.

O morto deve ser enterrado em cemitério Islâmico, a não ser que isto seja impossível. Todavia é recomendável que um mártir morto na batalha seja enterrado onde quer que ele tenha morrido se isso for possível, como foi feito com aqueles martirizados da batalha de Uhud, que Deus esteja satisfeito com eles.

Pergunta: Como é o defunto enterrado na cova?

Resposta:

É recomendável que o defunto seja posto dentro da sua cova da direção em que estejam os seus pés, se isto for possível.

É recomendável que se cubra a sepultura de uma mulher com um lençol.

A mulher é colocada na sua sepultura pelo homem parente dentro dos limites proibidos dos graus de casamento, ou se isto não for possível, por algum homem idoso presente que seja capaz de a levar para a cova. Os parentes do sexo masculino, dentro dos limites proibidos dos graus de casamento, são aqueles que eram tolerados em ver a mulher enquanto foi viva, e que eram autorizados a acompanhá-la nas viagens.

O defunto é colocado no nicho sobre o seu lado direito com a sua face na direção da Caaba. Ele será colocado perto da parede de maneira que ela (a parede) não se abata sobre a sua face, e seja suportada por um montão de terra atrás dele de modo que ele não role a suas costas.

Todos os que o colocam na cova dizem: Em nome de Deus, e na fé do Profeta de Deus.

As ligações da mortalha na cabeça e nos pés são desfeitas.

Logo que o cadáver foi colocado na cova, uma parede de tijolos de barro é erguida próximo dele, cujos interstícios são tapados com barro (ou outra coisa) para impedir a caída de qualquer terra sobre ele. Em vez de tijolos de barros, canas ou coisas parecidas (por exemplo madeiras) podem ser usadas.

É recomendável espalhar a poeira sobre a cova por três vezes, depois do que a terra será deitada para ela.

Pergunta: O que é feito na sepultura depois do enterro?

Resposta:

A parte superior da sepultura deverá ser elevada uma mão acima do solo, de modo a que seja reconhecida como uma sepultura e, ass, os transeuntes tomarão cuidado para não passar por cima dela, e rogarão a misericórdia de Deus para quem está na sepultura.

Não há mal em marcar a sepultura com uma pedra ou coisa semelhante para mostrar que se trata de uma sepultura.

É melhor fazer convexa a superfície da sepultura do que fazê-la plana.

É proibido construir qualquer estatura sobre a sepultura, ou emplastrá-la, uma vez que isto era uma prática pré-Islâmica.

É repreensível sentar sobre ou encostar à sepultura, e é proibido procurar obter abrigo entre os túmulos.

Não é permitido erguer mesquitas sobre as sepultura nem acender lamparinas sobre elas, porque o Profeta SAWS, disse: "Meu Deus, amaldiçoa as mulheres que visitem as sepulturas e aqueles que ergam mesquitas e acendem lamparinas sobre elas" ( Abu Daud); e também, "Meu Deus, amaldiçoa aqueles que utilizam as sepulturas dos seus profetas como lugares de adoração".

Pergunta: Qual é a disposição sobre a visita às sepulturas?

Resposta:

A visita das sepulturas é louvável para os homens, visto que há tradição do Profeta que ordena a visita das sepulturas porque isso faz a pessoa pensar do Futuro (da outra vida). Mas é repreensível para as mulheres que visitem as sepulturas por causa de tradição acima mencionada.

É louvável que o visitante de sepultura diga: " A paz esteja convosco, ó crentes e Muçulmanos que morais aqui; nós estaremos, se Deus quiser, reunidos convosco. Rogamos a Deus a nós e a vós conceda bem-estar". É também recomendado orar pelo perdão e clemência para os mortos.

Contudo é absolutamente proibido desejar que o morto responda às orações de alguém, ou invocar o seu auxílio, ou solicitar a intercessão, acariciar o túmulo com as suas mãos, andando à volta dele, e similares práticas supersticiosas também são proibidas; todas estas ações são abomináveis e heréticas, as quais conduzem à idolatria e à negação da absoluta unidade de Deus, qual é a crença que Deus enviou aos Seus Profetas e Apóstolos para anunciarem, sobre eles estejam bênçãos e paz.

Pergunta: qual é a disposição regulamentar sobre o oferecimento de condolências ao desolado Muçulmano?

Resposta:

De acordo com a Sunnah, as condolências são dadas aos familiares enlutados dentro de três dias e três noites depois do falecimento. A fórmula usada é "Possa Deus dar-vos recompensa abundante e grande consolo, e concessão de perdão para o defunto", para a qual a resposta é " Que Deus ouça a vossa oração, e tenha piedade de nós e de vós".

Pergunta: Qual é a regra sobre as práticas comuns do arranjo da celebração fúnebre e os atos especiais da reunião para o luto?

Resposta:

Os costumes comuns da realização da reunião, durante a qual o al-Qur´an é recitado nas três noites a seguir à morte, e do arranjo da celebração do luto e reuniões especiais no dia da morte, ou no terceiro dia depois dela, ou no no aniversário da morte, são todos abominável e práticas heréticas que o povo tem introduzido, e não têm qualquer base no al-Qur´an, na Sunnah, ou nas práticas dos primitivos Muçulmanos, possa Deus, o Louvado, ter clemência sobre eles. (Evidentemente que não é proibido rezar, todos os dias, pela alma dos seus parentes falecidos, de modo simples, sem reuniões ou celebrações aparatosas...)

A terminar, nós rogamos a Deus, o Beneficente e o Sublime, que nos fortaleça na vida deste mundo e na do Outro, guiados pela Sua Imutável Palavra, e que nos traga para vida, e nos leve novamente para Ele, com a fé do Islam e da Sunnah, alistando-nos entre os números dos Seus piedosos adoradores. Ele é o Ouvinte e Respondedor de todas as orações.

Tradução e acomodação de: M. Yussuf M. Adamgy e Muhammad 'Aly

domingo, fevereiro 10, 2019

Afinal quem é Allah?

O que eu já ouvi da palavra Allah, são coisas de entristecer qualquer pessoa que tem acima 10% de QI! No entanto é algo tão simples é apenas a forma linguística de se referir ao Deus Todo poderoso Criador e Senhor de todas as coisas, no idioma árabe.
MAS AFINAL QUEM É ALLAH? Os muçulmanos adoram o mesmo Deus que os judeus e cristãos? O que significa a palavra Allah? Allah é o deus-lua? Alguns dos maiores equívocos que muitos não-muçulmanos cometem sobre o Islã têm a ver com a palavra “Allah.” Por várias razões, muitas pessoas passaram a acreditar que os muçulmanos adoram um Deus diferente dos cristãos e judeus. Isso é totalmente falso, uma vez que “Allah” é simplesmente a palavra árabe para “Deus” – e só existe Um Deus. Para que não haja dúvidas, os muçulmanos adoram o Deus de Noé, Abraão, Moisés, Davi e Jesus – que a paz esteja sobre todos eles.
Entretanto, é certamente verdade que os judeus, cristãos e muçulmanos têm conceitos diferentes de Deus Todo-Poderoso. Por exemplo, os muçulmanos – como os judeus - rejeitam as crenças cristãs da Trindade e da Encarnação Divina. Isso, entretanto, não significa que cada uma dessas três religiões adore um Deus diferente - porque, como já dissemos, existe apenas Um Verdadeiro Deus. O Judaísmo, o Cristianismo e o Islã reivindicam ser “Fés Abraâmicas”, e todas elas são classificadas como “monoteístas.” Entretanto, o Islã ensina que outras religiões têm, de um jeito ou de outro, distorcido e anulado uma crença pura e correta em Deus Todo-Poderoso ao negligenciar Seus ensinamentos verdadeiros e misturá-los com idéias feitas pelo homem.
Primeiro, é importante notar que “Allah” é a mesma palavra que os cristãos e judeus que falam árabe usam para Deus. Se você pegar uma Bíblia árabe, você verá a palavra “Allah” sendo usada onde “Deus” é usado em português. Isso é porque “Allah” é a palavra em língua árabe equivalente a palavra em português “Deus” com “D” maiúsculo. Adicionalmente, a palavra “Allah” não pode ter plural, um fato que anda de mãos dadas com o conceito islâmico de Deus.
É interessante notar que a palavra aramaica “El”, que é a palavra para Deus na língua que Jesus falava, é certamente mais semelhante em som à palavra “Allah” do que a palavra em português “Deus.” Isso também é verdadeiro para as várias palavras hebraicas para Deus, que são “El” e “Elah”, e a forma plural ou glorificada “Elohim.”
A razão para essas similaridades é que o aramaico, o hebraico e o árabe são todas línguas semitas com origens comuns. Também deve ser notado que ao traduzir a Bíblia para outros idiomas, o palavra hebraica “El” é traduzida de várias formas como “Deus”, “deus” e “anjo”! Essa linguagem imprecisa permite que tradutores diferentes, baseados em suas noções pré-concebidas, traduzam a palavra para adequá-la às suas próprias opiniões. A palavra árabe “Allah” não apresenta essa dificuldade ou ambigüidade, uma vez que é usada somente para Deus Todo-Poderoso. Adicionalmente, em português, a única diferença entre “deus”, significando um deus falso, e “Deus”, significando o Único Verdadeiro Deus, é o “D” maiúsculo. Devido aos fatos mencionados acima, uma tradução mais precisa da palavra “Allah” em português seria “O Único Deus” ou “O Único Verdadeiro Deus.”
O que é mais importante, deve também ser notado que a palavra árabe “Allah” contém uma mensagem religiosa profunda devido à raiz de seu significado e origem. É porque ela deriva do verbo árabe ta’allaha (ou alaha), que significa “ser adorado.” Portanto, em árabe, a palavra “Allah” significa “O Único merecedor de toda adoração.” Isso, em poucas palavras, é a mensagem de Monoteísmo Puro do Islã.
É suficiente dizer que apenas porque alguém clama ser um judeu, cristão ou muçulmano “monoteísta” não o impede de incorrer em crenças corruptas ou práticas idólatras. Muitas pessoas, incluindo alguns muçulmanos, reivindicam crença em “Um Deus” mesmo incorrendo em atos de idolatria.
Certamente, muitos protestantes acusam os católicos romanos de práticas idólatras em relação aos santos e à Virgem Maria. Da mesma forma, a Igreja Ortodoxa Grega é considerada “idólatra” por muitos outros cristãos porque em muitas das suas adorações eles usam ícones. Entretanto, se você perguntar a um católico romano ou a um grego ortodoxo se Deus é “Um”, eles invariavelmente responderão: “Sim!.”
Essa afirmação, entretanto, não os impede de serem idólatras “adoradores de criaturas”. O mesmo serve para os hindus, que apenas consideram seus deuses como “manifestações” ou “encarnações” do Único Deus Supremo.
Antes de concluir...existem algumas pessoas, que obviamente não estão do lado da verdade, que querem que as pessoas acreditem que “Allah” é algum “deus”[1] árabe, e que o Islã é completamente “outro” – significando que não tem raízes comuns com outras religiões abrâmicas (ou seja, [2] Cristianismo e Judaísmo). Dizer que os muçulmanos adoram um “Deus” diferente porque eles dizem “Allah” é tão ilógico quanto dizer que os franceses adoram outro Deus porque eles usam a palavra “Dieu”, que os que falam espanhol adoram um Deus diferente porque dizem “Dios” ou que os hebreus adoravam um Deus diferente porque às vezes O chamavam “Javé.” Certamente, esse tipo de raciocínio é muito ridículo! Também deve ser mencionado que reivindicar que qualquer idioma usa a única palavra correta para Deus é equivalente a negar a universalidade da mensagem de Deus para a humanidade, que foi para todas as nações, tribos e povos através de vários profetas que falavam línguas diferentes.
Nós gostaríamos de perguntar aos nossos leitores sobre os motivos dessas pessoas. A razão é que a Verdade Suprema do Islã se baseia em solo firme e sua crença inabalável na Unicidade de Deus está acima de repreensão. Por essa razão os cristãos não podem criticar suas doutrinas diretamente, e ao invés disso fabricam coisas sobre o Islã que não são verdadeiras para que as pessoas percam o desejo de aprender mais.
Se o Islã fosse apresentado da maneira correta para o mundo, certamente poderia fazer muitas pessoas reconsiderarem e reavaliarem suas próprias crenças. É muito provável que quando descobrirem que existe uma religião universal no mundo que ensina às pessoas a adorarem e amarem Deus, enquanto praticam o Monoteísmo Puro, sintam que devam ao menos reexaminar as bases de suas próprias crenças e doutrinas.
A paz esteja convosco.

terça-feira, fevereiro 05, 2019

O Alcorão é uma Mensagem que explica os tesouros espirituais de Deus

Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum",(que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

O Alcorão é uma Mensagem que explica os tesouros espirituais de Deus, que são observados na terra e no céu. Fornece-nos informações sobre o desconhecido. É o sol, a fundação e o plano definitivo do Islão, bem como a tradução eterna do Universo. É um livro generoso e celestial, que Deus nos enviou para satisfazer todas as nossas necessidades, quer físicas ou espirituais. Os mais belos nomes de Deus e o Seu trono são a fonte do Alcorão. Quando falamos de «a Palavra de Deus», referimos-nos ao  Alcorão. Através dele, o Criador do Céu e da Terra nos fala; é um édito do Criador do Universo, a Palavra de Deus, o Senhor de todos os seres criados.

O Alcorão é um livro de leis divinas, um livro de mensagens maravilhosas, comparáveis com o apreço dos seres humanos. O Alcorão veio d’Ele e foi criado dentro dos limites do mundo dos seres humanos. É um livro milagroso que contém a essência de todo o conhecimento. É um livro cujas maravilhas nunca acabam. Inclui discernimentos religiosos e conhecimento inestimável e ensina-nos como devemos recitar, quando evemos rezar e como devemos rezar. Ela é a mãe de todos os livros. O Profeta, a paz esteja com ele, disse sobre o Alcorão: «É um tesouro que faz com que alguém só necessite dele». (Mayma al - Zawaid, 7,158). Neste Hadith, o Profeta (صلى الله عليه وسلم = S.A.W. = que a paz e bênção de Deus estejam com ele) afirma que o Alcorão inclui todos os tipos de conhecimento, aborda todos os tipos de pessoas e oferece soluções para todos os tipos de problemas.

O Alcorão é a fonte da vida das almas, a base da moralidade e da essência das orações. O Profeta صلى الله عليه وسلم expressou: «Podeis ter certeza de que o Alcorão é a festa oferecida por Deus» (Daarimi, Fadail Al Quran. Este festival oferece todos os tipos de refeições, doces e outros sabores. Embora cada refeição possa ter um sabor e composição diferentes, todos podem encontrar algo que gostem nesta festa. Ao dizer que quem assistir este festival não vai ter medo ou passar fome', Abdullah ibn Masud (r.a.) assinala o facto de que o Alcorão, com o seu grande e abundante conteúdo, oferece soluções para os problemas do mundo. Uma vez que é a fonte de todo conhecimento e informação – de que os muçulmanos são orgulhosos – diz-se que «o Islão é a civilização Alcorânica». O Profeta صلى الله عليه وسلم nos apresentou e ensinou esta Primavera sagrada. As suas palavras são as manifestações que explicam melhor o conteúdo do Alcorão. Num Hadith, o Profeta صلى الله عليه وسلم disse: O Alcorão é um livro que inclui crônicas do passado (das nações anteriores), a fitna (os atos de sedição e os conflitos internos, a anarquia e a subversão), que os perseguirão até o Dia do Juízo e os julgamentos sobre situações que ocorrem entre vós. É a única medida que separa o que é verdade e o que é falso. Todo o seu conteúdo é sensato. A quem o abandonar por medo de um tirano e deixar de praticar (o que diz o Alcorão),Deus o fará cair em devastação. Quem procurar uma orientação em qualquer outra parte será perdido por Deus. Certamente é a corda mais forte de Deus (a que podemos agarrar). É uma recordação cheia de sabedoria e um caminho que nos leva à Verdade. Salvo àqueles que o seguem de desvio (ao evitar que fiquem apanhados por várias tentações). Os estudiosos nunca podem saciar a sede do mesmo. As suas frequentes repetições não cansam a quem o lê, nem o prazer diminui. Os seus aspectos fascinantes não têm fim. É um livro tal que quando os gênios o ouvem, não podem evitar dizer: «Na verdade, ouvimos um discurso admirável, que leva à retidão; e que acreditamos nele!». (Alcorão, 72:1-2). Quem falam assim, diz a verdade. Quem o siga, certamente será recompensado. Quem julgue na base deste livro sagrado, julga de forma justa. Quem chama para este livro, chama para a senda reta. (Tirmidhi, Fadail al-Quran, 14). Este hadith menciona muitas das características do Sagrado Alcorão. Ressalta que distingue o verdadeiro do falso, que é a mais forte orientação de Deus, que é a recordação mais sábia e que é o caminho para Deus. 

Uma das características fundamentais do Alcorão é o ato de distinguir o verdadeiro do falso. A este respeito, o Alcorão é também chamado de Furqán: «Bendito Aquele que o enviou, gradualmente, ao seu servo o critério (Furqán) para puder discernir o verdadeiro do falso» (25: 1). 

Declarando que o Alcorão é universal, este versículo enfatiza que Furqán distingue o verdadeiro do falso, organiza as vidas dos que assimilam o Islão e mostra o que é bom e o que é mau. Como se afirma no hadith acima mencionado, o Alcorão é uma orientação firme, enviada por Deus para conduzir àqueles que se aderem a ele, para o verdadeiro caminho. Ele é composto de palavras de sabedoria e é uma sábia recordação

O Alcorão, na sua infinita sabedoria, menciona tudo o que é suficiente para satisfazer as necessidades dos seres humanos. Proporciona aos crentes uma apropriada recordação e conselho para seguir o caminho que deve ser tomado e viver vidas que devem viver. É o caminho mais genuíno. É uma orientação que impede as pessoas dos extremos, não só nas questões relacionadas com a fé e crenças, mas também nos assuntos sociais, econômicos e administrativos.

Obrigado. Wassalam (Paz).
M. Yiossuf Adamgy

Diretor da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán.

sexta-feira, dezembro 28, 2018

O Islão e o Cristianismo: duas religiões e um só Deus (Parte II - CONCLUSÃO)

Coord. por: M. Yiossuf M. Adamgy

Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Se a humanidade não for capaz de se livrar de seus preconceitos, através das pessoas íntegras e crentes que trabalham para a realização de tolerância religiosa, a situação será terrível e Deus vai repreender-nos na Outra Vida, por cada um de nossos erros, pelo nosso fanatismo e discórdia, porque são estes os que aumentam a devastação, a agonia e o derram-amento de sangue.

Nós, os crentes, estamos na necessidade de uma or-ganização espiritual celestial, que nos permita trabalhar juntos para trazer a paz a este mundo tão necessitado de cooperação e fraternidade. O terreno da ciência ne-cessita de nossos esforços, porque ainda encontramos fracos e poderosos, oprimidos e opressores, usurpados e usurpadores. Todas as conquistas da ciência moderna no campo da geologia, astronomia, conhecimento das expedições de profundidades marinas, as expedições para os pólos, a indústria dos metais, etc., não conse-guiram curar a humanidade de malícia e o desejo de prejudicar os outros. Os remédios estão disponíveis para esta doença perniciosa que requer uma operação de coração e de alma, por médicos que prescrevam, correctamente, à humanidade, o remédio para sair da aflição e da ruína. Nós não somos inimigos dos ateus, somos os seus pares, o que pedimos é para apresenta-rem os seus argumentos e buscar a verdade; nós convidamo-los para o caminho da fraternidade e da se-gurança, nós queremos ser conselheiros sinceros e isto pode ser conseguido através da cooperação entre pensadores crentes das religiões reveladas e das outras escolas de pensamento.

As tentativas dos políticos modernos de alcançar a paz não deram frutos, por isso queremos que nos deixem tentar com uma fé racional. Deixemos que os pensadores das três religiões colaborem, pois o último Profeta Muhammad (s.a.w.) disse: "O ser humano é o irmão do ser humano, quer ele goste ou não"; Jesus (a.s.) disse: “Ama o teu próximo como a ti mesmo", e Moisés (a.s.) pregou o mesmo.

Apesar dos erros e mal-entendidos, estou optimista e tenho esperanças que um dia os cristãos abraçarão aos muçulmanos e, em seguida, o Evangelho se entender-se-á a partir do Alcorão. No Oriente, eles têm estado um ao lado do outro e se encontrarão, novamente, com a permissão de Deus, no mundo de hoje. Assim, um novo espírito prevalecerá, preenchido com a fragrância de amor, de fraternidade e de paz, obteremos a recompensa e a aprovação de Deus na vida após a morte.

Este meu optimismo não é nem sentimental nem emocional, é o produto do que muitos pensadores cristãos e não cristãos têm dito em muitas conferências religiosas, em diferentes partes do mundo. Antes de relatar quais sãos as suas recomendações, eu vou transcrever-vos o que o sábio Bernard Shaw escreveu: "Eu sempre tive grande estima pela religião de Muhammad, pela sua grande ivacidade. Mas por causa da ignorância e ódio fanático, foi-nos apresentada como o adversário do cristianismo e de Jesus. Depois de ter estudado a vida de Muhammad como a de um grande homem, descobri que estava muito longe de ser um adversário de Jesus. É, de fato, um salvador da humanidade, como o foi Jesus ".

Lamartine, o grande poeta francês escreveu: "Muhammad era um profeta, um líder, um conquistador de mentes e o propagador de uma doutrina que concorda com a liberdade de consciência".

Tolstoy, o famoso escritor russo, disse: "Muhammad não clamou ser o único profeta, mas sim, afirmou que Moisés e Jesus também o eram; ensinou que os cristãos e os judeus não devem ser forçados a abandonar a sua fé. Uma das vantagens do Islão, é a sua boa disposição para com os verdadeiros cris-tãos, judeus e seus homens de religião".

Mahatma Gandhi, o líder indiano, disse: "Eu derramei um rio de lágrimas quando li a vida do Profeta Muhammad. Como pode alguém que procura a verdade, como eu, não incline a sua cabeça perante um carácter assim, que trabalhou apenas para o bem da humanidade?"

O que acima ficou citado não é nada comparado ao que centenas de escritores e pensadores têm dito sobre Muhammad (s.a.w.), sua personalidade e seus ensina-mentos, e sobre o Alcorão Sagrado.

Volto, agora, para as resoluções que foram tomadas nessas conferências; o Vaticano declarou, em termos claros, que o Islão é uma religião revelada, isso é um passo à frente; na conferência de Córdoba, em 1977, foi declarado que Muhammad era um Profeta e enviado por Deus. Tudo isso, e muito mais, me dá esperança que o futuro seja cheio de bondade, cooperação e amor entre as religiões reveladas, porque elas são ramos da árvore Abraâmica. Quando essa meta for alcançada, a humanidade poderá levar uma vida pacífica e amigável, que impedirá a ruína e a devastação.

Quero enfatizar que o Islão apoia a ideia de que os seguidores de outras religiões mantenham as suas crenças, porque as bases de todas as religiões são as mesmas. Perdoai-me se eu disser que os muçulmanos estão acima de vós, em amor face ao vosso Profeta e em devoção ao cristianismo, pois o Alcorão apoia e complementa o Antigo e o Novo Testamento (originais) sendo que um dos seus versículos diz, textualmente: «Dize: "Cremos em Deus, no que nos tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacó e às tribos; no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos Profetas por seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles, e nos submetemos a Ele"». (Alcorão, 2: 136).

Depois de tudo isso, abraçarão e quererão os segui-dores da Torá e do Evangelho aos seguidores do Alcorão? Muhammad (s.a.w.) disse aos muçulmanos: "Eu sou o seguidor mais próximo de Moisés e Jesus, aqui e no Além". Então, deixemos que os cristãos também digam: "Nós os apoiamos, ó Irmãos Muçulmanos, porque o nosso Deus é Um e a origem de nossas religiões é a mesma".

Nós viemos a conhecer o cristianismo através do nosso Alcorão e dos ensinamentos do nosso Profeta; então, conheçam-nos. Nós vos oferecemos a mão, vos abraçamos, vos estudamos e veneramos a Jesus e ao seu Evangelho (verdadeiro) e à sua mãe a Virgem Maria. Então, estendei a vossa mão, abraçai-nos, estudai connosco e comportai da mesma maneira ou até melhor.

As nossas diferenças podem ser comparadas àquelas dos dois irmãos que se separaram por muitos anos e, enquanto estavam procurando um pelo outro no deserto, um deles viu uma mancha negra ao longe e acreditou que era uma fera selvagem; preparou a sua arma e pôs-se em guarda. Quando se aproximou, descobriu que ele estava na frente de seu irmão perdido, então eles se abraçaram e derramaram lágrimas de felicidade, e felicidade após a longa ausência.

Precisamos de nos aproximar, cada vez mais, até que possamos nos encontrar e reunirmos pleno entendimento. E isso só pode ser produto dos esforços cooperativos de todos os crentes sinceros, de cada religião. E restará apenas um obstáculo que, esperamos, os crentes poderão superar e é o grande desgosto de Satanás diante de nossa aliança, que contará com a alegria de Deus Todo-Misericordioso e dos Seus Profetas e crentes de todos os lugares. É conveniente agora concluir com o que o Alcorão diz sobre os cristãos:

"... Constatarás que aqueles que estão mais próximos do afeto dos fiéis são os que dizem: «Somos cristãos», porque possuem sacerdotes e não ensoberbecem de coisa alguma". (Alcorão, 5:82).

Assim, pois, para esta discussão e acordo, para este diálogo e cooperação, deixemos que os amantes da paz, do Oriente e do Ocidente, os teólogos e os estudiosos, os jornalistas e os políticos, cada amante da humanidade e cada crente em Deus, se unam. Esses encontros fazem, aos que escutam, responsáveis de obedecer a Lei de Deus, caso contrário, Deus e as suas consciências os reprovarão.

Para que as nossas esperanças se concretizem, comecemos a trabalhar, pensar, discutir e a reunirmos, pois Deus diz no Alcorão Sagrado: "Dize-lhes: Agi, pois Deus terá ciência da vossa ação; o mesmo farão o Seu Mensageiro e os fiéis. Logo retornareis ao Conhecedor do cognoscível e do incognoscível, que vos inteirará de tudo quanto fizestes.." ( Alcorão 9: 105).

Deus nos ajudará enquanto apoiarmos a Sua causa.  Deus dará vitória àqueles que fazem a sua causa vitoriosa. Que a paz, a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sempre convosco! 

Obrigado. Wassalam (Paz).

M. Yiossuf Adamgy

Diretor da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán

O Islão e o Cristianismo: duas religiões e um só Deus (Parte I)

Por: M. Yiossuf Adamgy

Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Precisamos de aproximarmo-nos, cada vez mais, até que possamos nos encontrar e nos conhecer, plenamente A missão de todos os Mensageiros e Profetas de Deus (que a paz esteja com eles) é baseada numa pedra angular e num pilar bem fundamentado, que está a guiar a humanidade em direcção ao Criador do Universo; por isso, a humanidade deve acreditar e adorar a Deus para ser feliz nesta vida e levar uma vida virtuosa.

Além disso, os apóstolos de Deus enfatizaram a fraternidade de toda a humanidade, a criação de Deus, sendo Adão e Eva os pais ... e o critério da excelência é a justiça, a piedade e as boas acções. O Alcorão diz: " Ó humanos! Na verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, perante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus é Sábio e está bem -inteirado." - (Alcorão, 49:13).

Como resultado da crença em Deus e na fraternidade dos seres humanos, a humanidade deve, necessariamente, viver uma vida de amor, concórdia, cooperação e paz. Todas as leis de Deus foram reveladas com o objectivo de enfatizar este tema. Os Profetas de Deus, em épocas diferentes, mostraram à humanidade que a religião de Deus é sempre a mesma, que os homens são irmãos íntimos, sem inimizade ou conflito entre eles, que o espírito de sua mensagem é sempre o mesmo, que Quem os criou foi Ele, o Uno, e que o fundamento de sua religião é só um, sem possibilidade de contradição ou diferença entre eles.

Para fixar essa ideia nas mentes e corações das futuras gerações, é preciso um tremendo esforço e muita cooperação dos intelectuais de todas as religiões reveladas. Esta é a doutrina que tenho propagado e pregado nos últimos 38 anos, porque esta é a chave para alcançar o estado de bem-estar para os seres humanos e para poder viver uma vida pacífica, sem malícia nem ódio.

Além disso, o Alcorão e a Bíblia testificam que as religiões reveladas não diferem nem na sua origem  doutrinária, nem nos seus objetivos para os seres humanos. O Alcorão diz: "Prescreveu-vos a mesma religião que havia instituído para Noé, a qual te revelamos, a qual havíamos recomendado a Abraão, a Moisés e a Jesus, (dizendolhes): Observai a religião e não discrepeis acerca disso; (Alcorão, 42:13) . Este texto, sem dúvida, é um testemunho de que a religião de Deus é a mesma, em todos os tempos e para todos os Profetas, e que Deus ordena aos Seus Profetas e à sua gente a unirem-se e a estarem de acordo e a não diferirem e separarem-se. No Alcorão existem muitos exemplos a este respeito, tais como: "Inspiramos-te, assim como inspiramos Noé e os Profetas que o sucederam; assim, também, inspiramos Abraão, Ismael, Isaac, Jacó e as tribos, Jesus, Jó, Jonas, Aarão, Salomão, e concedemos os Salmos a David." (Alcorão, 4: 163).

Assim, Deus revelou o mesmo em qualidade e conteúdo e é, por isso, que podemos dizer que todos os Profetas provêm da mesma fonte, ainda mais, é evidente que no Alcorão os muçulmanos são ordenados a acreditar em todos os Profetas de Deus e obedecer as suas ordens: “Dize: Cremos em Deus, no que nos tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacó e às Tribos; no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado a todos os profetas por seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles, e nos submetemos a Ele". (Alcorão, 2: 136).

Qualquer um que leia o Alcorão pode ver que os capítulos mais longos do Alcorão enobrecem e dignificam Jesus e a Virgem Maria (paz esteja com eles). O Alcorão também menciona e esclarece alguns dos milagres de Jesus e narra milagres encontrados no próprio Evangelho, tais como pássaros feitos de argila que ele deu a vida através de uma respiração, com a permissão e ajuda de Deus, e Ele também menciona o facto de que Jesus falou com as pessoas do berço. Dois outros capítulos longos no Alcorão referem-se a Jesus: o primeiro é o da "Maria" e o segundo é "A família de Imran", que era a família de Maria. Nestes capítulos nos é dito como Maria deu à luz a Jesus (a.s.) e como foi uma concepção imaculada: "E quando os anjos disseram: Ó Maria, por certo que Deus te anuncia o Seu Verbo, cujo nome será o Messias, Jesus, filho de Maria, nobre neste mundo e no outro, e que se contará entre os diletos de Deus. Falará aos homens, ainda no berço, bem como na maturidade, e se contará entre os virtuosos". (Alcorão, 3: 45-46).

O Alcorão dirige-se aos Muçulmanos para mostrar, claramente, o alto posto que Jesus (a.s.) ocupa diante de Deus: “Ó adeptos do Livro, não exagereis na vossa religião e não digais de Deus senão a verdade. O Messias, Jesus, filho de Maria, foi tão-somente um mensageiro de Deus e Seu Verbo, com o qual Ele agraciou Maria por intermédio do Seu Espírito…”. (Alcorão 4: 171).

Estas ideias, ou mais especificamente, estas crenças de que os muçulmanos são ordenados a acreditar em Jesus (a.s.), abrem o coração para os seus verdadeiros ensinamentos e facilitam a convergência e a cooperação entre muçulmanos e cristãos. O Alcorão mostra, claramente, que os cristãos são os mais próximos aos muçulmanos por causa da moralidade e virtudes que compartilham com eles: “… Constatarás que aqueles que estão mais próximos do afeto dos fiéis são os que dizem: Somos cristãos!, porque possuem sacerdotes e não ensoberbecem de coisa alguma. E, ao escutarem  o que foi revelado ao Mensageiro, tu vês lágrimas a lhes brotarem nos olhos; reconhecem naquilo a verdade, dizendo: Ó Senhor nosso, cremos! Inscreve-nos entre os testemunhadores!

E por que não haveríamos de crer em Deus e em tudo quanto nos chegou, da verdade, e como não haveríamos de aspirar a que o nosso Senhor nos contasse entre os virtuosos? Pelo que disseram, Deus os recompensará com jardins, abaixo dos quais correm os rios, onde morarão eternamente.

Isso será a recompensa dos benfeitores”. (Alcorão, 5: 82-85). Como resultado dessa atitude positiva do Islão em relação ao Cristianismo e ao Evangelho, muitos dos antigos cristãos foram motivados a expressar a sua crença e reconhecimento do Profeta (s.a.w.) Muhammad e da sua Mensagem. Alguns deles, inclusive, garantiram aos muçulmanos, apoio moral e financeiro para solidificar e espalhar o Islão como, por exemplo, o imperador da Etiópia (Abissínia) no sexto século depois de Jesus (a.s.), que pediu aos emigrantes muçulmanos que tinham chegado ao seu país, que lhe recitassem alguns versículos do Alcorão que falaram sobre Jesus e a sua fé. Tanto ele como os seus monges choraram e declararam que reconheciam que Muhammad era um Profeta e o imperador disse: "os ensinamentos de Muhammad e Jesus surgem de uma mesma fonte" e ao dizer isto não deixou o Cristianismo, pois o Islão não ordena aos cristãos ignorar os mandamentos e ensinamentos de Jesus (a.s.). O Alcorão, referindo-se aos cristãos, diz: “E depois deles (Profetas), enviamos Jesus, filho de Maria, corroborando a Tora que o precedeu; e lhe concedemos o Evangelho, que encerra orientação e luz, corroborante do que foi revelado na Tora e exortação para os tementes. Que os adeptos o Evangelho julguem segundo o que Deus nele revelou, porque aqueles que não julgarem conforme o que Deus revelou serão depravados”. (Alcorão, 5: 46-47).

O Profeta Muhammad (s.a.w.) disse: "Eu sou o mais próximo de todas as pessoas a Jesus, filho de Maria" e "Os Profetas são irmãos do mesmo pai, de mães diferentes, mas com uma só religião". E disse: "Muçulmanos! Conquistareis o Egipto; quando o fizerdes, sejais amáveis com os cristãos".

O quarto califa, Ali (r.a.), costumava dizer aos cristãos contemporâneos: "Nós não queremos evitar que acrediteis no cristianismo, mas sim, nós ordenamos obedecê-Lo", e há inúmeros exemplos como estes. Acaso não se demonstrou o mais alto grau de fraternidade, amor, afeição e colaboração quando o próprio Profeta Muhammad (s.a.w.) fez da sua Mesquita em Medina um lugar de adoração para os seus convidados cristãos? Não vos surpreendais quando inteirardes que os muçulmanos fizeram da Grande Mesquita Omíada, em Damasco, um templo comum para muçulmanos e cristãos, que entravam pela mesma porta, mas tinham a Mesquita dividida em dois e usavam para fazer as orações juntos; isso, quando Damasco era a capital do grande Estado Islâmico.

Esse foi o resultado inevitável da compreensão, proximidade e respeito que existia entre estas duas religiões reveladas naqueles tempos. Eles coincidiam em propósitos e objectivos, e não havia oposição na sua essência e origem. É bem conhecido, a este respeito, que Omar, o segundo califa, quando entrou em Jerusalém, recusou a oferta para fazer a oração no Santo Sepulcro, para evitar que os muçulmanos, no futuro, convertessem a igreja, ou qualquer parte dela, numa Mesquita; assim, conservou a sua santidade.

Muhammad (s.a.w.) ordenou que os muçulmanos fossem gentis com os judeus e cristãos, pois eles eram seguidores das duas religiões anteriormente reveladas. E disse: "Quem causar danos a um cristão ou a um judeu será meu inimigo no Dia do Juízo e vai pagar por isso". E ainda disse: "Sejais amáveis com os coptas". Quando o filho do governador do Egipto correu uma corrida de cavalos com um cristão copta e o cristão ganhou, o filho do governador, enfadado, golpeou-o com o seu chicote. Então o cristão copta levou o seu caso à Omar, na época de Hajj (peregrinação anual dos muçulmanos) e, na frente de todos os muçulmanos, Omar ibn al-Khattab (r.a.) deu o chicote para ao copta, dizendo-lhe: "golpeia o homem que te golpeou". Depois, Omar dirigiu-se a Amr, o conquistador do Egipto, dizendo-lhe: "Como se pode fazer escravo a alguém que nasceu livre?"

O Islão não parou por aqui no seu respeito pelas religiões reveladas; foi mais longe ao implantar amor e carinho nos corações dos muçulmanos, como por exemplo, o que aconteceu quando os idólatras persas derrotaram os cristãos bizantinos, derrota essa que os muçulmanos choraram; mas então o anjo Gabriel desceu, consolou os muçulmanos e trouxe as boas novas de que os cristãos venceriam em menos de nove anos. Isto é narrado num capítulo do Alcorão, intitulado "Os Romanos": "Alif, Lam, Mim. Os bizantinos foram derrotados, em terra muito próxima; porém, depois de sua derrota, vencerão, dentro de alguns anos; porque é de Deus a decisão do passado e do futuro. E, nesse dia, os crentes se regozijarão, com o auxílio de Deus. Ele auxilia a quem Lhe apraz e Ele é o Conhecedor, o Compassivo. "(Alcorão, 30: 1-5).

A profecia foi cumprida e os muçulmanos se alegraram com ela. O Islão, através de seus ensinamentos e princípios, tem conseguido converter milhões de descrentes em crentes de Deus, de Jesus e de todos os Profetas e testamentos revelados. O Alcorão conseguiu que muçulmanos e cristãos se abraçassem como irmãos que viviam em felicidade, cooperando uns com os outros.

Por que não podemos voltar a ver algo assim novamente, especialmente hoje em dia, quando o ateísmo envolveu a maior parte do mundo com suas trevas e injustiças e está se preparando para devorar o resto? É o momento oportuno de chamar, com viva voz, para um encontro entre os líderes religiosos e intelectuais, muçulmanos e cristãos, para conseguir que exista afinidade entre as almas de todos os seguidores das religiões reveladas e familiaridade espiritual e proximidade entre toda a humanidade sob o slogan: "Cooperação nos pontos de entendimento e tolerância nas diferenças".

Neste mundo de problemas e discórdia, não há necessidade de mais separação e discórdia. Por que não nos encontramos e alcançamos um ponto de compreensão mútua, clamando por caridade, piedade e virtude? Os cristãos dizem: "Ama a Deus, teu Senhor, com toda a tua alma e mente e ama o teu próximo como te amas a ti mesmo!". Muhammad (s.a.w.) disse: "Nenhum de vós será um verdadeiro crente até que não queira para o vosso irmão o que quer para si mesmo".

Jesus (a.s.) disse: "O misericordioso estará no Paraíso em virtude de sua misericórdia".  Muhammad (s.a.w.) disse: "Deus, o Misericordioso, será compassivo com todos aqueles que são misericordiosos; sejais misericordiosos na terra para receberdes a Sua misericórdia no céu."

Inclusive na doutrina sobre Deus, o Criador, Aquele que não tem igual, o Que não tem associados, é claramente ilustrado na Bíblia e no Alcorão. No Evangelho segundo São João, diz Jesus : "E esta será uma vida Eterna, em que só deverão conhecer-te a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus, a quem Tu enviastes."

E em São Mateus, lemos: "... diante do Senhor, do Teu Senhor te ajoelhaste e só a Ele adoras". Deus se dirige a Muhammad, no Alcorão, dizendo: "Dize: Ele é Deus, o Uno". (Alcorão, 112: 1) e "Saiba que não há outra divindade além de Deus" (Alcorão, 47:19).

Quando perguntaram a Jesus (a.s.) sobre o Dia do Juízo Final, ele disse: "Ninguém sabe em que dia ou a que horas chegará". O mesmo foi dito a Muhammad (s.a.w.) no Alcorão Sagrado: "Perguntar-te-ão acerca da Hora (do Desfecho): Quando acontecerá? Responde- lhes: O seu conhecimento está só em poder do meu Senhor e ninguém, a não ser Ele, pode revelá-lo; (isso) a seu devido tempo.... (Alcorão 7:187).

Existem numerosos exemplos na Bíblia e no Alcorão que mostram que as duas religiões concordam com a adoração do Único Criador Todo-Poderoso. É normal que existam diferenças de interpretação insignificantes, uma vez que existem até entre seguidores de uma mesma religião; tais diferenças não têm que impedir o compromisso, o acordo e a afinidade espiritual, em prol da paz, da fé e da humanidade em geral; isto é como um ramo de flores variadas que deslumbra e fascina quando é arranjado nas proporções adequadas.

A proximidade, nas origens e nos objetivos, de nossas duas religiões, têm encorajado a muitos estudiosos e teólogos, tanto muçulmanos como cristãos, a pregar a cooperação, o estudo e o diálogo entre o Islão e o Cristianismo, em prol da fé, da humanidade e da paz. Esta pedra angular levou o grande poeta cristão Halim Damous a dizer: "Por Deus, todas as religiões são simplesmente janelas através das quais aqueles que adoram, vêm a Deus .... A humanidade não discriminaria entre Muhammad e Jesus se ela entendesse a essência da sua religião.

Eu sinto a presença de Jesus no Alcorão e na Bíblia, e sinto o espírito de Muhammad". O poeta árabe Ahmad Shawqi disse: "A diversidade de religiões não deve levar à separação e hostilidade entre os seres humanos, nem entre os Livros revelados, nem entre os Profetas. Todas as crenças guardam em si a mesma sabedoria: a sua essência é o amor e temor a Deus, assim como tolerância".

Acaso não nos incumbe a nós, crentes das religiões reveladas, encontrar e cooperar, tal e como os nossos Profetas se encontram nos seus ensinamentos e ordens?

Acaso não é o momento de que todos os líderes religiosos se levantem numa revolução espiritual para rejeitar o fanatismo e a estagnação e para pregar o afeto, a fraternidade e uma convivência pacífica?

Acaso não deveríamos nos esforçar para construir um novo mundo espiritual para a humanidade, baseado na integridade, na nobreza e num verdadeiro bem-estar?

Os políticos e diplomatas que criaram as Nações Unidas e o Conselho de Segurança, levam a cabo um número infinito de conferências e aconselhamentos sobre o desarmamento, o perigo das armas nucleares e estratégicas, que se usassem uma só vez não deixaria uma única criatura viva sobre a terra; mas a humanidade alcançou a paz desejada? As fomes, a miséria e as guerras acabaram? O homem parou de  inventar armas de destruição em massa? Será que não podem os teólogos e líderes religiosos contribuir, de forma significativa, para a compreensão de que Deus e os Seus Profetas não ordenam nada, exceto a fraternidade, a paz e a afeição entre toda a humanidade e que a maldade e a hostilidade são detestadas pelos Profetas ? (Continua, na próxima reflexão, in cha Allah (se Deus quiser).

Obrigado. Wassalam (Paz).

M. Yiossuf Adamgy

Diretor da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán

quinta-feira, dezembro 20, 2018

MARIA NO ISLÃ (PARTES 1 ,2 e 3)


MARIA NO ISLÃ (PARTE 1 DE 3)

Descrição: A primeira parte de um artigo de três partes discutindo o conceito islâmico de Maria: Parte 1: Sua infância.
Por M. Abdulsalam (IslamReligion.com)

Maria, a Mãe de Jesus, detém uma posição muito especial no Islã, e Deus a proclama como a melhor mulher entre toda a humanidade, a quem Ele escolhe sobre todas as outras mulheres devido à sua religiosidade e devoção.
“E lembra-lhes, Muhammad, de quando os anjos disseram, ‘Ó Maria!  Por certo Deus te escolheu e te purificou, e te escolheu sobre todas as outras mulheres dos mundos.  Ó Maria!  Sê devota a teu Senhor e prostra-te e curva-te com os que se curvam (em oração).’” (Alcorão 3:42-43)
Ela também foi um exemplo de Deus, como Ele disse:
“E (Deus propõe o exemplo para aqueles que crêem) de Maria, a filha de Heli, que guardou sua castidade; então sopramos nela Nosso Espírito (ou seja, Gabriel), e ela acreditou nas palavras de seu Senhor e Seus Livros e foi devotadamente obediente.” (Alcorão 66:12)
De fato ela foi uma mulher adequada a trazer um milagre como o de Jesus, que nasceu sem pai.  Ela era conhecida por sua religiosidade e castidade, e se fosse diferente, ninguém teria acreditado em sua alegação de ter dado à luz enquanto mantinha seu estado de virgindade, uma crença e fato que o Islã considera verdadeiros.  Sua natureza especial foi um dos muitos milagres provados em sua tenra infância.  Deixe-nos contar o que Deus revelou em relação à bela estória de Maria.
A Infância de Maria
“Por certo Deus escolheu Adão, Noé e a família de Abraão e a família de Heli sobre todas as outras da criação.  São descendentes, uns dos outros, e Deus é Oniouvinte, Onisciente.  Lembra quando a esposa de Heli (Hannah; também Ana) disse: ‘Ó meu Senhor!  Eu consagro a Ti o que há em meu ventre para ser dedicado aos Teus serviços (servir Teu Lugar de adoração); então aceita-o de mim.   Verdadeiramente, Tu és O Ouniouvinte, O Onisciente.” (Alcorão 3:35)
Maria nasceu para Heli e sua esposa Hannah, que era de descendência davídica vindo, portanto, de uma família de profetas, de Abraão a Noé, a Adão, que a Paz e as Bênçãos de Deus estejam sobre todos eles.  Como mencionado no versículo, ela nasceu para a família escolhida de Heli, que nasceu na família escolhida de Abraão, que também nasceu em uma família escolhida.  Hannah era uma mulher estéril que desejava uma criança, e ela prometeu a Deus que, se Ele a concedesse um filho, ela o consagraria a Seu serviço no Templo.  Deus respondeu à sua invocação, e ela concebeu uma criança.  Quando ela deu à luz, ela se entristeceu, porque sua criança era uma menina e geralmente eram os meninos que prestavam serviço no Bait-ul-Maqdis.
“E quando deu à luz, ela disse, ‘Meu Senhor!  Eu tive uma menina...e o menino não é igual à menina.”
Quando ela expressou sua tristeza, Deus a repreendeu dizendo:
“Deus sabe melhor o que ela deu à luz...”  (Alcorão 3:36)
...porque Deus escolheu sua filha, Maria, para ser a mãe de um dos maiores milagres da criação:o nascimento virginal de Jesus, que Deus o exalte.  Hannah chamou a sua filha de Maria (Mariam em árabe) e invocou a Deus que a protegesse e à sua criança de Satanás:
“E eu a chamei de Maria (Mariam), e a entrego e à sua descendência à Tua proteção, contra o maldito Satanás.” (Alcorão 3:36)
Deus de fato aceitou essa súplica, e Ele deu a Maria e seu filho que estava por vir, Jesus, um tratamento especial – que não foi dado a ninguém antes e nem a ninguém depois; nenhum dos dois foi afligido pelo toque de Satanás ao nascer.  O Profeta Muhammad, que Deus o exalte, disse:
“Todos que nascem Satanás toca ao nascer, e a criança nasce chorando por causa de seu toque, exceto Maria e seu filho (Jesus).” (Ahmed)
Aqui, nós podemos ver imediatamente a similaridade entre essa narrativa e a teoria cristã da “Imaculada Conceição” de Maria e Jesus, embora aqui exista uma grande diferença entre as duas.  O Islã não propaga a teoria do ‘pecado original’ e, portanto, não aceita essa interpretação de como eles eram livres do toque de Satanás, mas ao contrário essa foi uma graça dada por Deus à Maria e seu filho Jesus.  Como outros profetas, Jesus foi protegido de cometer pecados graves.  Quanto à Maria, mesmo se adotarmos a posição de que ela não era uma profetisa, ela todavia recebeu a proteção e orientação de Deus que Ele concede aos crentes piedosos.
“Então seu Senhor acolheu-a com bela acolhida, e fê-la crescer em pureza e beleza, e a confiou aos cuidados de Zacarias.” (Alcorão 3:37)
No nascimento de Maria, sua mãe Hannah a levou a Bait-ul-Maqdis e a ofereceu àqueles no templo para crescer sob sua tutela.  Conhecendo a nobreza e religiosidade de sua família, eles discutiram sobre quem teria a honra de educá-la.  Eles concordaram em tirar a sorte, e não foi ninguém menos que o profeta Zacarias o escolhido.  Foi sob o seu cuidado e tutela que ela foi educada.
Milagres em sua Presença e Visitação dos Anjos
Enquanto Maria crescia, até mesmo o profeta Zacarias notou as suas características especiais, devido aos vários milagres que ocorreram na presença dela.  Maria, durante o seu crescimento, recebeu um quarto recluso dentro do templo onde ela devia se devotar à adoração de Deus.  Toda vez que Zacarias entrava na câmara para ver o que ela precisava, ele encontrava frutas abundantes, e fora da estação, na presença dela.
“Cada vez que Zacarias entrava na câmara, ele a encontrava provida com sustento.  Ele disse, ‘Ó Maria!  De onde te provém isso?’  Ela respondia, ‘De Deus.’  Certamente Deus concede sustento sem medida a quem Ele quer.” (Alcorão 3:37)
Ela foi visitada pelos anjos em mais de uma ocasião.  Deus nos diz que os anjos a visitaram e a informaram de sua condição louvável entre a humanidade:
“Quando os anjos disseram, ‘Ó Maria!  Deus te escolheu e te purificou (devido à tua adoração e devoção), e te escolheu (fazendo-te mãe do profeta Jesus) sobre todas as mulheres dos mundos.  Ó Maria!  Ore a teu Senhor devotadamente, e te prostra e te curva com aqueles que se curvam.’” (Alcorão 3:42-43)
Devido a essas visitações dos anjos e por ela ter sido escolhida sobre as outras mulheres, alguns consideram que Maria foi uma profetisa.  Mesmo se ela não foi, o que é matéria de debate, o Islã a considera detentora da posição mais alta entre todas as mulheres da criação devido à sua piedade e devoção, e devido ao fato dela ter sido escolhida para o nascimento milagroso de Jesus. 

MARIA NO ISLÃ (PARTE 2 DE 3)

Descrição: A segunda parte de um artigo de três partes discutindo o conceito islâmico de Maria: Parte 2: Sua anunciação.
Por M. Abdulsalam (IslamReligion.com)

Sua Anunciação
Deus nos informa de quando os anjos deram à Maria as boas novas de uma criança, a posição de seu filho na terra, e alguns dos milagres que ele realizaria:
“Quando os anjos disseram, ‘Ó Maria!  Certamente Deus te dá as boas novas de um Verbo (Sua palavra, ‘Sê’) Dele, cujo nome é o Messias, Jesus, filho de Maria, honorável nesse mundo e no Outro, e entre os próximos a Deus.  Ele falará aos homens ainda no berço, e na maturidade, e será dos virtuosos.’  Ela disse, ‘Meu Senhor, como poderei ter um filho se nenhum homem me tocou?’  Ele disse, ‘Assim é, Deus cria o que Ele quer.  Quando Ele decreta algo, apenas diz-lhe ‘Sê’, e é.  E Ele lhe ensinará o Livro e a Sabedoria, e o Torá e o Evangelho.” (Alcorão 3:45-48)
Isso se parece muito com as palavras mencionadas na Bíblia:
“Não tenhas medo, Maria, porque fostes favorecida por Deus. Muito em breve ficarás grávida e terás um menino, a quem chamarás Jesus.”
Atônita, ela respondeu:
“Mas como posso ter um filho, se sou virgem?” (Lucas 1:26-38)
Essa situação foi um grande teste para ela, porque sua grande piedade e devoção eram conhecidas por todos.  Ela previu que as pessoas a acusariam de não ser casta.
Em outros versículos do Alcorão, Deus relata mais detalhes da anunciação por Gabriel de que ela daria à luz a um Profeta.
“E menciona no Livro, Maria, quando ela se isolou de seu povo em um lugar na direção do oriente.  E colocou um véu entre ela e eles; então Nós enviamos Nosso Espírito (Gabriel), e ele apareceu como um homem em todos os aspectos.  Ela disse, ‘Verdadeiramente eu me refugio no Misericordioso (Deus) contra ti, temes a Deus.’  Ele disse, ‘Eu sou apenas um mensageiro de teu Senhor, (para te anunciar) a dádiva de um filho virtuoso.’ (Alcorão 19:17-19)
Uma vez, quando Maria foi ao templo para os seus afazeres, o anjo Gabriel apareceu para ela na forma de um homem.  Ela ficou assustada devido à proximidade do homem, e buscou refúgio em Deus. Gabriel então disse a ela que ele não era um homem comum, mas um anjo enviado por Deus para anunciar a ela que ela teria uma criança muito pura.  Atônita, ela exclamou
“Ela disse, ‘Como poderei ter um filho, se nenhum homem me tocou e eu nunca fui mundana?!’” (Alcorão 19:19-20)
O anjo explicou que era um Decreto Divino que já tinha sido decretado, e que de fato era algo fácil para Deus o Todo-Poderoso.  Deus disse que o nascimento de Jesus, que Deus o exalte, seria um sinal de Sua Onipotência, e que, assim como Ele criou Adão sem pai ou mãe, Ele criou Jesus sem pai.
“Ele disse, ‘Assim será,’ teu Senhor disse: ‘Isso é fácil para Mim, e farei dele um sinal para os homens, e Misericórdia de Nossa parte, e essa é uma questão que já foi decretada.’” (Alcorão 19:21)
Deus soprou em Maria o espírito de Jesus através do anjo Gabriel, e Jesus foi concebido em seu ventre, como Deus disse em um outro capítulo:
“E Maria a filha de Heli, que guardou sua castidade, Nós sopramos nela através de Nosso Espírito (Gabriel).” (Alcorão 66:12)
Quando os sinais de gravidez se tornaram aparentes, Maria ficou ainda mais preocupada com o que as pessoas falariam sobre ela.  As notícias sobre ela se espalharam, e como era inevitável, alguns começaram a acusá-la de não ser casta.  Ao contrário da crença cristã de que Maria era casada com José, o Islã mantém que ela não era noiva ou casada, e foi isso que causou a ela tal angústia.  Ela sabia que as pessoas chegariam à única conclusão lógica em relação à sua gravidez, de que tinha acontecido fora do casamento.  Maria se isolou das pessoas e partiu para uma outra terra.  Deus diz:
“E ela o concebeu, e se isolou com ele em um lugar remoto.  As dores do parto a levaram ao tronco de uma palmeira.” (Alcorão 19:22-23) 

MARIA NO ISLÃ (PARTE 3 DE 3)

Descrição: A parte final de um artigo de três partes discutindo o conceito islâmico de Maria: Parte 3: O nascimento de Jesus, e a importância e respeito que o Islã dá à Maria, a mãe de Jesus.
Por M. Abdulsalam (IslamReligion.com)

O Nascimento de Jesus
No início de seu parto, ela estava em profunda dor, tanto mental quanto física.  Como poderia uma mulher de tal piedade e nobreza ter um filho fora do casamento?  Nós devemos mencionar aqui que Maria teve uma gravidez normal que não foi diferente das outras mulheres, e teve o seu filho como as outras também.  Na crença cristã, Maria não sofreu as dores do parto, porque o Cristianismo e o Judaísmo consideram a menstruação e o parto como uma maldição sobre as mulheres pelo pecado de Eva[1].  O Islã não suporta essa crença, nem a teoria de ‘Pecado Original’, mas ao contrário enfatiza fortemente que ninguém deve carregar o pecado de outros:
“Nenhuma alma peca exceto contra si mesma, e nenhuma alma pecadora arca com o pecado de outra.” (Alcorão 6:164)
Não apenas isso, mas nem o Alcorão nem o Profeta Muhammad, que Deus o exalte, sequer mencionam que foi Eva quem comeu da árvore e instigou Adão.  Ao contrário, o Alcorão culpa ou apenas a Adão ou a ambos:
“E Satanás lhes sussurrou, e os desencaminhou com artifício.  Então quando ambos provaram da árvore, o que estava oculto de suas vergonhas (partes íntimas) se tornou manifesto para eles"  (Alcorão 7:20-22)
Maria, devido à sua angústia e dor desejou que nunca tivesse sido criada, e exclamou:
“Quem dera tivesse morrido antes disso, e tivesse sido esquecida.” (Alcorão 19:23)
Após o parto do bebê, e quando sua angústia não podia ser maior, o bebê recém-nascido, Jesus, que Deus o exalte, milagrosamente falou abaixo dela, lhe tranqüilizando e reassegurando de que Deus a protegeria:
“E abaixo dela uma voz chamou-a, ‘Não te entristeças, porque o teu Senhor fez correr abaixo de ti um regato.  E move em tua direção o tronco da tamareira; ela fará cair sobre ti tâmaras maduras, frescas.  Então come e bebe e fica feliz.  E se vês alguém, dize, ‘De fato fiz votos de silêncio ao Misericordioso e hoje não falarei com pessoa alguma.’” (Alcorão 19:24-26)
Maria se tranqüilizou.  Esse foi o primeiro milagre realizado nas mãos de Jesus.  Ele falou tranqüilizando sua mãe em seu nascimento, e uma vez mais quando as pessoas a viram carregando seu bebê recém-nascido.  Quando eles a viram eles a acusaram dizendo:
“Ó Maria, com efeito, fizeste uma coisa assombrosa!” (Alcorão 19:27)
Ela simplesmente apontou para Jesus e ele milagrosamente falou, como Deus tinha prometido a ela na anunciação.
“Ele falará aos homens ainda no berço, e na maturidade, e será dos virtuosos.’ (Alcorão 3:46)
Jesus disse às pessoas:
“Eu sou de fato um servo de Deus.  Ele me concedeu o Livro e fez de mim um Profeta, e Ele me fez abençoado onde quer que eu esteja.  Ele me recomendou as orações, a caridade, enquanto eu viver. Ele me fez carinhoso com a minha mãe, e Ele não me fez insolente, infeliz.  E que a Paz esteja sobre mim no dia em que nasci, e no dia em que morrer, e no dia em que eu for ressuscitado.” (Alcorão 19:30-33)
A partir daqui começa o episódio de Jesus, seu esforço de uma vida para chamar as pessoas para adorar a Deus, escapando das conspirações e planos daqueles judeus que se empenhariam em matá-lo.
Maria no Islã
Nós já discutimos a grande posição que o Islã concede à Maria.  O Islã dá a ela a posição de ser a mais perfeita das mulheres criadas.  No Alcorão, nenhuma mulher recebe mais atenção do que Maria embora todos os profetas, com exceção de Adão, tivessem mães.  Dos 114 capítulos do Alcorão, ela está entre as oito pessoas que têm um capítulo com o seu nome: o capítulo dezenove, “Mariam”, que é Maria em árabe.  O terceiro capítulo no Alcorão tem o nome do pai dela, Imran (Heli).  Os capítulos Mariam e Imran estão entre os capítulos mais bonitos no Alcorão.   Além disso, Maria é a única mulher especificamente mencionada pelo nome no Alcorão.  O Profeta Muhammad disse:
“As melhores mulheres do mundo são quatro: Maria a filha de Heli, Aasiyah a esposa do Faraó, Khadija bint Khuwaylid (a esposa do Profeta Muhammad), e Fátima, a filha de Muhammad, o Mensageiro de Deus.” (Al-Tirmidhi)
Apesar de todos esses méritos que mencionamos, Maria e seu filho Jesus foram somente humanos, e não tinham características que fossem além do campo da humanidade.  Ambos foram seres criados e ambos ‘nasceram’ nesse mundo.  Embora eles estivessem sob o cuidado especial de Deus que os prevenia de cometer pecados graves (proteção total – como outros profetas – no caso de Jesus, e proteção parcial como outras pessoas virtuosas no caso de Maria, se adotarmos a posição de que ela não foi uma profetisa), eles ainda estavam sujeitos a cometer erros.  Ao contrário do Cristianismo, que considera Maria como irrepreensível[2], ninguém recebeu essa qualidade de perfeição exceto Deus.
O Islã ordena a crença e implementação de monoteísmo estrito; de que ninguém tem quaisquer poderes sobrenaturais além de Deus, e que apenas Ele merece adoração e devoção.  Embora milagres tenham ocorrido nas mãos dos profetas e pessoas virtuosas durante suas vidas, eles não tinham poder para se ajudar, quanto mais a outros, após sua morte.  Todos os humanos são servos de Deus e precisam de Sua ajuda e misericórdia.
O mesmo é verdadeiro para Maria.  Embora muitos milagres tenham ocorrido na presença dela, tudo cessou após sua morte.  Quaisquer alegações que as pessoas fizeram de que viram aparições da Virgem, ou que pessoas foram salvas do perigo após invocá-la, como as mencionadas em literatura apócrifa como “Transitus Mariae”, são meras aparições feitas por Satanás para desencaminhar as pessoas da adoração e devoção ao Único Verdadeiro Deus.  Devoções como a “Ave Maria” recitada sobre o rosário e outros atos de engrandecimento, como a devoção de igrejas e festas específicas para Maria, levam as pessoas a engrandecer e glorificar outros além de Deus.  Devido a essas razões, o Islã proibiu estritamente inovações de qualquer tipo, assim como a construção de locais de adoração sobre túmulos, tudo para preservar a essência de todas as religiões enviadas por Deus, a mensagem pura para adorá-Lo somente e deixar a falsa adoração de todos os outros além Dele.
Maria foi uma serva de Deus, e ela foi a mais pura de todas as mulheres, especialmente escolhida para o nascimento milagroso de Jesus, um dos maiores de todos os profetas.  Ela foi conhecida por sua piedade e castidade, e continuará a ser mantida nessa alta consideração através dos tempos que estão por vir.   Sua estória tem sido relatada no Glorioso Alcorão desde o advento do Profeta Muhammad, e continuará assim, inalterada em sua forma pura, até o Dia do Juízo.
Fonte: https://www.islamreligion.com/pt/articles/25/viewall/maria-no-isla-parte-1-de-3/
FOOTNOTES:
[1]Veja Gênesis (3:16)
[2]Santo Agostinho: “De nat. et gratis”, 36.