quinta-feira, dezembro 20, 2018

MARIA NO ISLÃ (PARTES 1 ,2 e 3)


MARIA NO ISLÃ (PARTE 1 DE 3)

Descrição: A primeira parte de um artigo de três partes discutindo o conceito islâmico de Maria: Parte 1: Sua infância.
Por M. Abdulsalam (IslamReligion.com)

Maria, a Mãe de Jesus, detém uma posição muito especial no Islã, e Deus a proclama como a melhor mulher entre toda a humanidade, a quem Ele escolhe sobre todas as outras mulheres devido à sua religiosidade e devoção.
“E lembra-lhes, Muhammad, de quando os anjos disseram, ‘Ó Maria!  Por certo Deus te escolheu e te purificou, e te escolheu sobre todas as outras mulheres dos mundos.  Ó Maria!  Sê devota a teu Senhor e prostra-te e curva-te com os que se curvam (em oração).’” (Alcorão 3:42-43)
Ela também foi um exemplo de Deus, como Ele disse:
“E (Deus propõe o exemplo para aqueles que crêem) de Maria, a filha de Heli, que guardou sua castidade; então sopramos nela Nosso Espírito (ou seja, Gabriel), e ela acreditou nas palavras de seu Senhor e Seus Livros e foi devotadamente obediente.” (Alcorão 66:12)
De fato ela foi uma mulher adequada a trazer um milagre como o de Jesus, que nasceu sem pai.  Ela era conhecida por sua religiosidade e castidade, e se fosse diferente, ninguém teria acreditado em sua alegação de ter dado à luz enquanto mantinha seu estado de virgindade, uma crença e fato que o Islã considera verdadeiros.  Sua natureza especial foi um dos muitos milagres provados em sua tenra infância.  Deixe-nos contar o que Deus revelou em relação à bela estória de Maria.
A Infância de Maria
“Por certo Deus escolheu Adão, Noé e a família de Abraão e a família de Heli sobre todas as outras da criação.  São descendentes, uns dos outros, e Deus é Oniouvinte, Onisciente.  Lembra quando a esposa de Heli (Hannah; também Ana) disse: ‘Ó meu Senhor!  Eu consagro a Ti o que há em meu ventre para ser dedicado aos Teus serviços (servir Teu Lugar de adoração); então aceita-o de mim.   Verdadeiramente, Tu és O Ouniouvinte, O Onisciente.” (Alcorão 3:35)
Maria nasceu para Heli e sua esposa Hannah, que era de descendência davídica vindo, portanto, de uma família de profetas, de Abraão a Noé, a Adão, que a Paz e as Bênçãos de Deus estejam sobre todos eles.  Como mencionado no versículo, ela nasceu para a família escolhida de Heli, que nasceu na família escolhida de Abraão, que também nasceu em uma família escolhida.  Hannah era uma mulher estéril que desejava uma criança, e ela prometeu a Deus que, se Ele a concedesse um filho, ela o consagraria a Seu serviço no Templo.  Deus respondeu à sua invocação, e ela concebeu uma criança.  Quando ela deu à luz, ela se entristeceu, porque sua criança era uma menina e geralmente eram os meninos que prestavam serviço no Bait-ul-Maqdis.
“E quando deu à luz, ela disse, ‘Meu Senhor!  Eu tive uma menina...e o menino não é igual à menina.”
Quando ela expressou sua tristeza, Deus a repreendeu dizendo:
“Deus sabe melhor o que ela deu à luz...”  (Alcorão 3:36)
...porque Deus escolheu sua filha, Maria, para ser a mãe de um dos maiores milagres da criação:o nascimento virginal de Jesus, que Deus o exalte.  Hannah chamou a sua filha de Maria (Mariam em árabe) e invocou a Deus que a protegesse e à sua criança de Satanás:
“E eu a chamei de Maria (Mariam), e a entrego e à sua descendência à Tua proteção, contra o maldito Satanás.” (Alcorão 3:36)
Deus de fato aceitou essa súplica, e Ele deu a Maria e seu filho que estava por vir, Jesus, um tratamento especial – que não foi dado a ninguém antes e nem a ninguém depois; nenhum dos dois foi afligido pelo toque de Satanás ao nascer.  O Profeta Muhammad, que Deus o exalte, disse:
“Todos que nascem Satanás toca ao nascer, e a criança nasce chorando por causa de seu toque, exceto Maria e seu filho (Jesus).” (Ahmed)
Aqui, nós podemos ver imediatamente a similaridade entre essa narrativa e a teoria cristã da “Imaculada Conceição” de Maria e Jesus, embora aqui exista uma grande diferença entre as duas.  O Islã não propaga a teoria do ‘pecado original’ e, portanto, não aceita essa interpretação de como eles eram livres do toque de Satanás, mas ao contrário essa foi uma graça dada por Deus à Maria e seu filho Jesus.  Como outros profetas, Jesus foi protegido de cometer pecados graves.  Quanto à Maria, mesmo se adotarmos a posição de que ela não era uma profetisa, ela todavia recebeu a proteção e orientação de Deus que Ele concede aos crentes piedosos.
“Então seu Senhor acolheu-a com bela acolhida, e fê-la crescer em pureza e beleza, e a confiou aos cuidados de Zacarias.” (Alcorão 3:37)
No nascimento de Maria, sua mãe Hannah a levou a Bait-ul-Maqdis e a ofereceu àqueles no templo para crescer sob sua tutela.  Conhecendo a nobreza e religiosidade de sua família, eles discutiram sobre quem teria a honra de educá-la.  Eles concordaram em tirar a sorte, e não foi ninguém menos que o profeta Zacarias o escolhido.  Foi sob o seu cuidado e tutela que ela foi educada.
Milagres em sua Presença e Visitação dos Anjos
Enquanto Maria crescia, até mesmo o profeta Zacarias notou as suas características especiais, devido aos vários milagres que ocorreram na presença dela.  Maria, durante o seu crescimento, recebeu um quarto recluso dentro do templo onde ela devia se devotar à adoração de Deus.  Toda vez que Zacarias entrava na câmara para ver o que ela precisava, ele encontrava frutas abundantes, e fora da estação, na presença dela.
“Cada vez que Zacarias entrava na câmara, ele a encontrava provida com sustento.  Ele disse, ‘Ó Maria!  De onde te provém isso?’  Ela respondia, ‘De Deus.’  Certamente Deus concede sustento sem medida a quem Ele quer.” (Alcorão 3:37)
Ela foi visitada pelos anjos em mais de uma ocasião.  Deus nos diz que os anjos a visitaram e a informaram de sua condição louvável entre a humanidade:
“Quando os anjos disseram, ‘Ó Maria!  Deus te escolheu e te purificou (devido à tua adoração e devoção), e te escolheu (fazendo-te mãe do profeta Jesus) sobre todas as mulheres dos mundos.  Ó Maria!  Ore a teu Senhor devotadamente, e te prostra e te curva com aqueles que se curvam.’” (Alcorão 3:42-43)
Devido a essas visitações dos anjos e por ela ter sido escolhida sobre as outras mulheres, alguns consideram que Maria foi uma profetisa.  Mesmo se ela não foi, o que é matéria de debate, o Islã a considera detentora da posição mais alta entre todas as mulheres da criação devido à sua piedade e devoção, e devido ao fato dela ter sido escolhida para o nascimento milagroso de Jesus. 

MARIA NO ISLÃ (PARTE 2 DE 3)

Descrição: A segunda parte de um artigo de três partes discutindo o conceito islâmico de Maria: Parte 2: Sua anunciação.
Por M. Abdulsalam (IslamReligion.com)

Sua Anunciação
Deus nos informa de quando os anjos deram à Maria as boas novas de uma criança, a posição de seu filho na terra, e alguns dos milagres que ele realizaria:
“Quando os anjos disseram, ‘Ó Maria!  Certamente Deus te dá as boas novas de um Verbo (Sua palavra, ‘Sê’) Dele, cujo nome é o Messias, Jesus, filho de Maria, honorável nesse mundo e no Outro, e entre os próximos a Deus.  Ele falará aos homens ainda no berço, e na maturidade, e será dos virtuosos.’  Ela disse, ‘Meu Senhor, como poderei ter um filho se nenhum homem me tocou?’  Ele disse, ‘Assim é, Deus cria o que Ele quer.  Quando Ele decreta algo, apenas diz-lhe ‘Sê’, e é.  E Ele lhe ensinará o Livro e a Sabedoria, e o Torá e o Evangelho.” (Alcorão 3:45-48)
Isso se parece muito com as palavras mencionadas na Bíblia:
“Não tenhas medo, Maria, porque fostes favorecida por Deus. Muito em breve ficarás grávida e terás um menino, a quem chamarás Jesus.”
Atônita, ela respondeu:
“Mas como posso ter um filho, se sou virgem?” (Lucas 1:26-38)
Essa situação foi um grande teste para ela, porque sua grande piedade e devoção eram conhecidas por todos.  Ela previu que as pessoas a acusariam de não ser casta.
Em outros versículos do Alcorão, Deus relata mais detalhes da anunciação por Gabriel de que ela daria à luz a um Profeta.
“E menciona no Livro, Maria, quando ela se isolou de seu povo em um lugar na direção do oriente.  E colocou um véu entre ela e eles; então Nós enviamos Nosso Espírito (Gabriel), e ele apareceu como um homem em todos os aspectos.  Ela disse, ‘Verdadeiramente eu me refugio no Misericordioso (Deus) contra ti, temes a Deus.’  Ele disse, ‘Eu sou apenas um mensageiro de teu Senhor, (para te anunciar) a dádiva de um filho virtuoso.’ (Alcorão 19:17-19)
Uma vez, quando Maria foi ao templo para os seus afazeres, o anjo Gabriel apareceu para ela na forma de um homem.  Ela ficou assustada devido à proximidade do homem, e buscou refúgio em Deus. Gabriel então disse a ela que ele não era um homem comum, mas um anjo enviado por Deus para anunciar a ela que ela teria uma criança muito pura.  Atônita, ela exclamou
“Ela disse, ‘Como poderei ter um filho, se nenhum homem me tocou e eu nunca fui mundana?!’” (Alcorão 19:19-20)
O anjo explicou que era um Decreto Divino que já tinha sido decretado, e que de fato era algo fácil para Deus o Todo-Poderoso.  Deus disse que o nascimento de Jesus, que Deus o exalte, seria um sinal de Sua Onipotência, e que, assim como Ele criou Adão sem pai ou mãe, Ele criou Jesus sem pai.
“Ele disse, ‘Assim será,’ teu Senhor disse: ‘Isso é fácil para Mim, e farei dele um sinal para os homens, e Misericórdia de Nossa parte, e essa é uma questão que já foi decretada.’” (Alcorão 19:21)
Deus soprou em Maria o espírito de Jesus através do anjo Gabriel, e Jesus foi concebido em seu ventre, como Deus disse em um outro capítulo:
“E Maria a filha de Heli, que guardou sua castidade, Nós sopramos nela através de Nosso Espírito (Gabriel).” (Alcorão 66:12)
Quando os sinais de gravidez se tornaram aparentes, Maria ficou ainda mais preocupada com o que as pessoas falariam sobre ela.  As notícias sobre ela se espalharam, e como era inevitável, alguns começaram a acusá-la de não ser casta.  Ao contrário da crença cristã de que Maria era casada com José, o Islã mantém que ela não era noiva ou casada, e foi isso que causou a ela tal angústia.  Ela sabia que as pessoas chegariam à única conclusão lógica em relação à sua gravidez, de que tinha acontecido fora do casamento.  Maria se isolou das pessoas e partiu para uma outra terra.  Deus diz:
“E ela o concebeu, e se isolou com ele em um lugar remoto.  As dores do parto a levaram ao tronco de uma palmeira.” (Alcorão 19:22-23) 

MARIA NO ISLÃ (PARTE 3 DE 3)

Descrição: A parte final de um artigo de três partes discutindo o conceito islâmico de Maria: Parte 3: O nascimento de Jesus, e a importância e respeito que o Islã dá à Maria, a mãe de Jesus.
Por M. Abdulsalam (IslamReligion.com)

O Nascimento de Jesus
No início de seu parto, ela estava em profunda dor, tanto mental quanto física.  Como poderia uma mulher de tal piedade e nobreza ter um filho fora do casamento?  Nós devemos mencionar aqui que Maria teve uma gravidez normal que não foi diferente das outras mulheres, e teve o seu filho como as outras também.  Na crença cristã, Maria não sofreu as dores do parto, porque o Cristianismo e o Judaísmo consideram a menstruação e o parto como uma maldição sobre as mulheres pelo pecado de Eva[1].  O Islã não suporta essa crença, nem a teoria de ‘Pecado Original’, mas ao contrário enfatiza fortemente que ninguém deve carregar o pecado de outros:
“Nenhuma alma peca exceto contra si mesma, e nenhuma alma pecadora arca com o pecado de outra.” (Alcorão 6:164)
Não apenas isso, mas nem o Alcorão nem o Profeta Muhammad, que Deus o exalte, sequer mencionam que foi Eva quem comeu da árvore e instigou Adão.  Ao contrário, o Alcorão culpa ou apenas a Adão ou a ambos:
“E Satanás lhes sussurrou, e os desencaminhou com artifício.  Então quando ambos provaram da árvore, o que estava oculto de suas vergonhas (partes íntimas) se tornou manifesto para eles"  (Alcorão 7:20-22)
Maria, devido à sua angústia e dor desejou que nunca tivesse sido criada, e exclamou:
“Quem dera tivesse morrido antes disso, e tivesse sido esquecida.” (Alcorão 19:23)
Após o parto do bebê, e quando sua angústia não podia ser maior, o bebê recém-nascido, Jesus, que Deus o exalte, milagrosamente falou abaixo dela, lhe tranqüilizando e reassegurando de que Deus a protegeria:
“E abaixo dela uma voz chamou-a, ‘Não te entristeças, porque o teu Senhor fez correr abaixo de ti um regato.  E move em tua direção o tronco da tamareira; ela fará cair sobre ti tâmaras maduras, frescas.  Então come e bebe e fica feliz.  E se vês alguém, dize, ‘De fato fiz votos de silêncio ao Misericordioso e hoje não falarei com pessoa alguma.’” (Alcorão 19:24-26)
Maria se tranqüilizou.  Esse foi o primeiro milagre realizado nas mãos de Jesus.  Ele falou tranqüilizando sua mãe em seu nascimento, e uma vez mais quando as pessoas a viram carregando seu bebê recém-nascido.  Quando eles a viram eles a acusaram dizendo:
“Ó Maria, com efeito, fizeste uma coisa assombrosa!” (Alcorão 19:27)
Ela simplesmente apontou para Jesus e ele milagrosamente falou, como Deus tinha prometido a ela na anunciação.
“Ele falará aos homens ainda no berço, e na maturidade, e será dos virtuosos.’ (Alcorão 3:46)
Jesus disse às pessoas:
“Eu sou de fato um servo de Deus.  Ele me concedeu o Livro e fez de mim um Profeta, e Ele me fez abençoado onde quer que eu esteja.  Ele me recomendou as orações, a caridade, enquanto eu viver. Ele me fez carinhoso com a minha mãe, e Ele não me fez insolente, infeliz.  E que a Paz esteja sobre mim no dia em que nasci, e no dia em que morrer, e no dia em que eu for ressuscitado.” (Alcorão 19:30-33)
A partir daqui começa o episódio de Jesus, seu esforço de uma vida para chamar as pessoas para adorar a Deus, escapando das conspirações e planos daqueles judeus que se empenhariam em matá-lo.
Maria no Islã
Nós já discutimos a grande posição que o Islã concede à Maria.  O Islã dá a ela a posição de ser a mais perfeita das mulheres criadas.  No Alcorão, nenhuma mulher recebe mais atenção do que Maria embora todos os profetas, com exceção de Adão, tivessem mães.  Dos 114 capítulos do Alcorão, ela está entre as oito pessoas que têm um capítulo com o seu nome: o capítulo dezenove, “Mariam”, que é Maria em árabe.  O terceiro capítulo no Alcorão tem o nome do pai dela, Imran (Heli).  Os capítulos Mariam e Imran estão entre os capítulos mais bonitos no Alcorão.   Além disso, Maria é a única mulher especificamente mencionada pelo nome no Alcorão.  O Profeta Muhammad disse:
“As melhores mulheres do mundo são quatro: Maria a filha de Heli, Aasiyah a esposa do Faraó, Khadija bint Khuwaylid (a esposa do Profeta Muhammad), e Fátima, a filha de Muhammad, o Mensageiro de Deus.” (Al-Tirmidhi)
Apesar de todos esses méritos que mencionamos, Maria e seu filho Jesus foram somente humanos, e não tinham características que fossem além do campo da humanidade.  Ambos foram seres criados e ambos ‘nasceram’ nesse mundo.  Embora eles estivessem sob o cuidado especial de Deus que os prevenia de cometer pecados graves (proteção total – como outros profetas – no caso de Jesus, e proteção parcial como outras pessoas virtuosas no caso de Maria, se adotarmos a posição de que ela não foi uma profetisa), eles ainda estavam sujeitos a cometer erros.  Ao contrário do Cristianismo, que considera Maria como irrepreensível[2], ninguém recebeu essa qualidade de perfeição exceto Deus.
O Islã ordena a crença e implementação de monoteísmo estrito; de que ninguém tem quaisquer poderes sobrenaturais além de Deus, e que apenas Ele merece adoração e devoção.  Embora milagres tenham ocorrido nas mãos dos profetas e pessoas virtuosas durante suas vidas, eles não tinham poder para se ajudar, quanto mais a outros, após sua morte.  Todos os humanos são servos de Deus e precisam de Sua ajuda e misericórdia.
O mesmo é verdadeiro para Maria.  Embora muitos milagres tenham ocorrido na presença dela, tudo cessou após sua morte.  Quaisquer alegações que as pessoas fizeram de que viram aparições da Virgem, ou que pessoas foram salvas do perigo após invocá-la, como as mencionadas em literatura apócrifa como “Transitus Mariae”, são meras aparições feitas por Satanás para desencaminhar as pessoas da adoração e devoção ao Único Verdadeiro Deus.  Devoções como a “Ave Maria” recitada sobre o rosário e outros atos de engrandecimento, como a devoção de igrejas e festas específicas para Maria, levam as pessoas a engrandecer e glorificar outros além de Deus.  Devido a essas razões, o Islã proibiu estritamente inovações de qualquer tipo, assim como a construção de locais de adoração sobre túmulos, tudo para preservar a essência de todas as religiões enviadas por Deus, a mensagem pura para adorá-Lo somente e deixar a falsa adoração de todos os outros além Dele.
Maria foi uma serva de Deus, e ela foi a mais pura de todas as mulheres, especialmente escolhida para o nascimento milagroso de Jesus, um dos maiores de todos os profetas.  Ela foi conhecida por sua piedade e castidade, e continuará a ser mantida nessa alta consideração através dos tempos que estão por vir.   Sua estória tem sido relatada no Glorioso Alcorão desde o advento do Profeta Muhammad, e continuará assim, inalterada em sua forma pura, até o Dia do Juízo.
Fonte: https://www.islamreligion.com/pt/articles/25/viewall/maria-no-isla-parte-1-de-3/
FOOTNOTES:
[1]Veja Gênesis (3:16)
[2]Santo Agostinho: “De nat. et gratis”, 36.

quarta-feira, dezembro 12, 2018

A Humanidade sem nação, reflexão por ocasião do - Dia Internacional da Luta contra a Islamofobia


Prezados Irmãos,
Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que  representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. «Ó Humanidade! Na verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus é Sábio e está bem inteirado». (Alcorão, 49:13).
Os Dias Internacionais, como outras efemérides, não são iniciativas vãs para mobilizar as consciências. São instrumentos necessários para manter viva a memória. O esquecimento é a razão pela qual certos episódios se repetem ao longo da história, e não nos referimos a momentos excepcionais. Falamos sobre a violência. A partir da Plataforma Cívica contra a Islamofobia temos oferecido, repetidamente, uma explicação da equação da violência contra o que é ou parece muçulmana ou islâmica (o primeiro aplicado a pessoas, o resto a conceitos ou objetos). A violência não é espontânea ou materializada pela ciência infundida. É gerada por mecanismos conhecidos: o discurso, a hostilidade, a exclusão, a violência. Isto é, a negação da humanidade. O discurso do ódio consiste em diferenciar e criar o "outro", desumanizá-lo, culpá-lo, criminalizá-lo e criar uma mensagem permanente de necessidade de defesa e de um suposto ataque. Na Europa fala-se de "invasão", na Espanha foi recentemente reavivada a "reconquista". Ambos os mitos com os quais se incita a população (esgotada por excesso de mensagens e incapazes de discernir as notícias falsas das verdades, cansada de uma política medíocre que necessita se alimentar de inimigos para avolumar a militância) para a hostilidade e a violência. Essa população deve, portanto, tomar posições; e essas posições serão de total rejeição se estiverem a ser alimentadas pelo discurso de que há "outro" que vem tirar-te o trabalho, que vai viver de ajudas, que traz os seus costumes e vai tratar de impô-las, que não traz nada de positivo para nossa sociedade, que tem uma cultura violenta e ignorante, que em definitivo é o inimigo a combater. A posição que permanece dessa perspectiva é apenas uma: defender-se, e atacar. Os olhares hostis, os empurrões ou pisadelas no transporte público, as expulsões de alunas com hijab, a negação de menus escolares, a violação sistemática da lei 26/1992, a agressão contra as mulheres para despojá-las de parte de suas vestimentas em plena rua, as múltiplas expressões de hostilidade inundam o quotidiano.
A hostilidade e a exclusão exercidas na Espanha contra os muçulmanos são um grave indicador das deficiências que o processo de "transição" deixou. A Espanha não conseguiu eliminar o fascismo, e os rescaldos do mesmo foram ressuscitados no calor da onda nacionalista e xenófoba que assola a Europa e os Estados Unidos. A Espanha não tem conseguido aceitar a pluralidade de sua nação: que há espanhóis que professam diferentes religiões, que têm diferentes orientações sexuais, que optam por diferentes modelos de família e da vida, que elegem ser "umma" (humanidade) versus a opção de ser "nacionalista" A Espanha, em suma, não decidiu para onde vai, nem quem deve participar desse debate e dessa decisão. A Espanha está desmoronando em nossas mãos porque não há um projeto que impulsione o país a partir da pluralidade positiva, a partir da inteligência, a partir da generosidade, a partir do respeito. E porque não é bom esquecer, apelamos novamente à memória, para recordar que na Europa se cometeu o maior genocídio da história, não foi em outro lugar. Milhões morreram porque eram diferentes (eram judeus, ciganos, homossexuais, doentes). Milhões morreram porque a população criou o discurso, discurso que por certo estava legitimado pelo poder, não olvidemos que Hitler foi eleito nas urnas. Apelamos à memória para lembrar que duas guerras "mundiais" (deveríamos dizer européias) foram forjadas e estalaram impulsionadas por nacionalismos, ideologias necessariamente excludentes (não apenas do "outro", mas de toda a humanidade). Insistimos que esses episódios de violência e morte, que não beneficiam senão a uns poucos, se combatem através do respeito, da educação, da memória e da ação.
É por isso que nós celebramos este Dia Internacional de Luta contra a Islamofobia, pelo menos para fazer as perguntas que suscita o avanço do nacionalismo e o evidente esquecimento para onde nos levou a última vez que isso a ocorreu. Essas perguntas suscitam uma profunda preocupação pelo futuro de nossa nação. Por que não respeitamos a diversidade? É tão difícil apreciar as culturas dos outros? Será que realmente achamos que um passaporte nos torna "mais humanos" do que as  outras pessoas? Que tipo de mundo queremos e como vamos envolver os outros para saber o que eles querem?
A partir da Plataforma, pensamos que a ajuda mútua e o conhecimento são as ferramentas necessárias para começar a não repetir os erros da história.
A ajuda mútua, esse (parece que) esquecido conceito cunhado por Kropotkin, tem sido o fator mais decisivo na evolução tecnológica e social da humanidade. O conhecimento, ao que exorta o Alcorão em numerosas passagens, o dever de todo crente, é o motor da Humanidade na sua expressão máxima: preservar a vida, respeitar o planeta, desenvolver-se como pessoas, como sociedade, alcançar a felicidade e a paz.
A cooperação e o conhecimento são fundamentais para o desenvolvimento material e espiritual dos povos. Se entendermos os "povos" a partir do contexto Islâmico, não estamos referindo-se a nações cuja ideologia as leva a um confronto umas contra as outras, como já temos visto, em várias ocasiões na Europa. Referimo-nos a nações cujo objetivo é o conhecimento mútuo para buscar opções de colaboração e intercâmbio, para a melhoria das suas sociedades. Isso só pode ser alcançado através do respeito e da educação, e do ativismo, entendido este como uma rejeição de passividade, a indiferença e o desinteresse, como um esforço diário para entender a nossa sociedade, os mecanismos políticos que a administram, a história e as suas lições, e as oportunidades que o futuro nos oferece.
A idéia de "uma" proporciona-nos uma oportunidade de refletir sobre tudo o que não conseguimos como humanidade. Enquanto houver ideologias como as nacionalistas ou fascistas, que baseiam a sua sobrevivência na exclusão e na aniquilação do "outro", não teremos a oportunidade de defender a nossa humanidade. É necessária educação: não podemos esquecer que a Espanha sempre foi muito diversificada, de múltiplas culturas, línguas, religiões, que o Islão é o nosso patrimônio, que é tão valioso quanto qualquer outro elemento do nosso passado, que nós somos um país diverso e que todas as partes que compõem essa diversidade têm os mesmos direitos. O respeito é necessário, como um dos valores fundamentais que garantem a integridade própria e a dos outros; e esse respeito deve ser estendido a todos os membros da sociedade. A memória é necessária, porque as pessoas devem aprender a não repetir os erros, a usar a nossa inteligência para entender que há situações que não podem ser repetidas, porque custam vidas. E é necessária a ação, porque o descontentamento e o tédio nos roubam a vida e o futuro de nossos filhos e filhas.
É a hora de escolher se estamos realmente comprometidos, se fazemos esse esforço ou se deixamos que a história se repita. Se queremos"defender" uma nação contra o mundo ou se somos "umma", a nação humana, o futuro onde todos nos encaixamos .
Obrigado. Wassalam (Paz).
M. Yiossuf Adamgy - Diretor da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán

Por Barbara Ruíz-Bejarano* - 11 de dezembro de 2018 Versão portuguesa de: M. Yiossuf Adamgy *Bárbara Ruíz-Bejarano  é Diretora de Relações Internacionais do Instituto Halal e Diretora da Escola Halal em Espanha

domingo, novembro 18, 2018

As Américas antes de Colombo!

Hajj Hamzah Diretor ILAEI para Goiás
Engraçado, quando estamos no primário, hoje, estudos fundamentais, temos a certeza que quem descobriu a América e o Brasil, foram Cristovam Colombo e Pedro Alvare Cabral. Nos segundo grau aparecem as dúvidas e no passo seguinte vem a certeza de que apenas levaram essa glória!.

Segundo o Dr. Yussef Mroueh, numerosas são as evidências que sugerem que muçulmanos vindos da Espanha e África Ocidental tenham chegado às Américas há, pelo menos, 5 séculos antes de Colombo.

Há registros, por exemplo, de que em meados do século X, durante o reinado do califa omíada
Abdul-Rahman III (926-961), muçulmanos de origem africana, partindo do porto espanhol de Delba (Palos), navegaram o "Mar Tenebroso". Após uma longa ausência, eles retornaram com uma carga preciosa, conseguida em "uma terra estranha e curiosa". Sabe-se que muçulmanos acompanharam Colombo, e os exploradores que se seguiram, em viagens ao Novo Mundo.

A última fortaleza muçulmana na Espanha, Granada, caiu em mãos de cristãos em 1492 d.C., um pouco antes do início da Inquisição espanhola. Para escapar da perseguição religiosa, muitos não cristãos fugiram ou se converteram ao catolicismo. Em pelo menos dois documentos podemos inferir a presença de muçulmanos na América espanhola antes de 1550 d.C., não obstante o fato de um decreto baixado em 1539 d.C, por Carlos V, rei de Espanha, ter proibido que netos de muçulmanos, que tivessem sido queimados na fogueira, migrassem para as Índias Ocidentais. Este decreto foi ratificado em 1543 d.C., juntamente com a publicação de uma ordem de expulsão de todos os muçulmanos dos territórios ultramarinos espanhóis. São muitas as referências sobre a chegada de muçulmanos às Américas e elas podem ser resumidas nas notas que se seguem:

Documentos históricos

1.Abul-Hassan Ali Ibn Al-Hussain Al-Masudi (871-957 d.C), um historiador e geógrafo muçulmano, escreveu em seu livro "Muruj Adh-dhahab wa Maadim al-Jawahar" (Os Campos de Ouro e as Minas de Jóias), que durante o reinado do califa muçulmano da Espanha, Abdullah Ibn Muhammad (888-912 d.C), um navegador muçulmano Khashkhash Ibn Saeed Ibn Aswad, de Córdoba, na Espanha, navegou de Delba (Palos) em 889 d.C, cruzou o Atlântico e alcançou um território desconhecido (Ard Majhoola) e retornou com tesouros fabulosos. No mapa de Al-Masudi há uma grande área no "Mar Tenebroso" (oceano Atlântico) que se refere a esse território (as Américas). 
2.Abu Bakr Ibn Umar Al-Gutiyya, um historiador muçulmano, contou que, durante o reinado do califa muçulmano, Hisham II (976-1009 d.C), um outro navegador muçulmano, Ibn Farrukh de Granada, saindo de Cadiz (fevereiro de 999 d.C) aportou em Gando (ilhas Canárias), visitando o Rei Guanariga e continuou em direção oeste, onde avistou duas ilhas, dando-lhes os nomes de Capraria e Pluitana. Ele retornou à Espanha em maio de 999 d.C.
3.Colombo saiu de Palos (Delba), na Espanha, com destino a Gomera (Ilhas Canárias) – Gomera é uma palavra árabe que significa "pequeno incendiário". Lá, ele se apaixonou por Beatriz Bobadilha, filha do capitão-geral da ilha (o nome Bobadilha é derivado do arabo-islâmico (Abouabdilla). Ainda assim, o clã Bobadilha não foi condescendente. Um outro Bobadilha (Francisco), mais tarde comissionário real, colocou Colombo na cadeia e o transferiu de Santo Domingo de volta para a Espanha (novembro de 1500 d.C). A família Bobadilha era ligada à dinastia de Sevilha (1031-1091 d.C). Em 12 de outubro de 1492, Colombo aportou em uma pequena ilha das Bahamas, que era chamada de Guanahani pelos nativos e rebatizada de São Salvador por Colombo. Guanahani é derivado do mandinga e é uma corruptela das palavras árabes Guana (Ikhwana), que significa "irmãos" e Hani, nome próprio árabe. Portanto, o nome original da ilha era "Irmãos Hani". Ferdinando Colombo, filho de Cristóvão, escreveu sobre a presença de negros, visto por seu pai em Honduras: "As pessoas que vivem mais a leste de Pointe Cavinas, até Cabo Gracias a Diós, são quase negras na cor." Ao mesmo tempo, na mesma região, vivia uma tribo de nativos muçulmanos, conhecidos como Almamy. Nas línguas árabe e mandinga, Almamy era a designação para "Al-Imam" ou "Al-Imamu", a pessoa que conduz a prece ou, em alguns casos, o chefe da comunidade e/ou um membro da comunidade muçulmana. 
4.Leo Weiner, um historiador e linguista americano da Universidade de Harvard, em seu livro "A Descoberta da América" (1920), escreveu que Colombo sabia muito bem da presença mandinga no Novo Mundo e que muçulmanos da África Ocidental haviam se espalhado pelos territórios doCaribe e das Américas do Norte, Central e do Sul, inclusive do Canadá, onde eles acabaram por se casar com indígenas das tribos iroquês e algonquin.

Explorações geográficas

1.O renomado geógrafo e cartógrafo muçulmano Al-Sharif Al-Idrisi (1099-1166 d.C) escreveu em seu livro Nuzhat al-Mushtaq fi-Ikhtiraq al-Afaq, que um grupo de marinheiros (da África do Norte), saindo do porto de Lisboa (Portugal), navegou pelo mar Tenebroso (oceano Atlântico) a fim de descobrir como ele era e qual era a extensão de seus limites. Finalmente, eles alcançaram uma ilha onde havia um povo e plantação ... no quarto dia, um tradutor falou com eles em árabe. 
2.Livros muçulmanos mencionavam uma descrição bem documentada de uma viagem através do mar Tenebroso, feita pelo Shaikh Zayn-eddine Ali bem Fadhel Al-Mazandarani. Sua viagem começou em Tarfay (sul do Marrocos), durante o reinado do rei Abu-Yacoub Sidi Youssef (1286-1307 d.C), até a Ilha Verde, no mar do Caribe, em 1291 d.C. Os detalhes de sua viagem oceânica são referências islâmicas e muitos eruditos muçulmanos conhecem este fato histórico. 
3.O historiador muçulmano Chihab Addine Abul-Abbas Ahmad bem Fadhl Al-Umari (1300-1384 d.C), em seu livro "Masaalik al-absaar fi Mamaalik al-amsaar", descreveu, em detalhes, as explorações geográficas além do mar Tenebroso feitas por sultões do Mali. 
4.O sultão Mansa Kankan Musa (1312-1337 d.C) foi um conhecido monarca mandinga do império islâmico do Mali. Quando estava viajando para Macca, em seu famoso hajj, em 1324 d.C, ele disse a estudiosos da corte do sultão mameluco Bahri (an-Nasir-eddin Muhammad III, 1309-1340 d.C), no Cairo, que seu irmão, o sultão Abu Bakr I (1285-1312 d.C), havia empreendido duas expedições pelo oceano Atlântico. Como o sultão não retornasse a Timboctu dessa segunda viagem de 1311 d.C, Mansa Musa acabou por se tornar o sultão do império. 
5.Colombo e os primeiros exploradores espanhóis e portugueses, só foram capazes de cruzar o Atlântico (uma distância de 24.000 km) graças ao conhecimento muçulmano sobre geografia e navegação, principalmente os mapas feitos por comerciantes muçulmanos, inclusive Al-Masudi (871-957 d.C) em seu livro Akhbar Az-Zaman (História do Mundo), que é baseado em material reunido na África e na Ásia. Aliás, Colombo tinha dois capitães de origem muçulmana em sua primeira viagem transtlântica: Martin Alonso Pinzon, que era capitão da nau Pinta, e seu irmão Vicente Yanez Pinzon, que era capitão da nau Nina. Eles eram ricos e experientes em navios e ajudaram a organizar a expedição de Colombo e a consertar a nau capitânea Santa Maria. E fizeram isso às suas próprias custas por interesse tanto político quanto comercial. A família Pinzon era ligada ao sultão marroquino Abuzayan Muhammad III (1362-66 d.C).

Inscrições arábicas (islâmicas)

1. Antropólogos provaram que os mandingos, seguindo as intruções de Mansa Musa, exploraram muitas partes da América do Norte, subindo o rio Mississipi e outros sistemas fluviais. Em Four Corners, Arizona, documentos comprovam que até elefantes eles trouxeram da África para essa área.

2. Em seus diários, Colombo admitiu que no dia 21 de outubro de 1492, uma segunda-feira, quando ele estava navegando próximo a Gibara, na costa nordeste de Cuba, ele viu uma mesquita no alto de uma bela montanha. As ruínas de mesquitas e minaretes com inscrições de versículos alcorânicos foram escobertos em Cuba, México, Texas e Nevada.

3. Durante sua segunda viagem, os nativos de Hispaniola (Haiti) disseram a Colombo que negros tinham estado na ilha antes de sua chegada. Como prova, eles o presentearam com lanças daqueles muçulmanos africanos. Essas armas eram arrematadas na ponta com um metal amarelo que os nativos chamavam de guanine, uma palavra de origem africana que siginifica "mistura de ouro". Estranhamente, está relacionada como a palavra árabe ghinaa, que quer dizer "riqueza!. Colombro levou algumas guanines para a Espanha e lá elas foram testadas. Ele, entãoo, soube que o metal era composto de 18 partes de ouro (56,25 %), seis partes de prata (18,75 %) e oito partes de cobre (25 %), a mesma proporção do metal produzido na nos mercados africanos da Guiné.

4. Em 1498 d.C., em sua terceira viagem ao Novo Mundo, Colombo aportou em Trinidad. Mais tarde ele avistou o continente sul-americano, onde alguns de seus tripulantes desceram em terra e encontraram nativos usando lenços coloridos em algodão tecido simetricamente. Colombo percebeu que aqueles lenços lembravam os lenços de cabeça e as tangas da Guiné, com suas cores, estilo e função. Ele se referiu a eles como os Almayzars, que é uma palavra árabe para "capa", "cobertura", "avental" e/ou saia, e que era a roupa usada pelos mouros (muçulmanos espanhóis e africanos do norte), que chegaram ao Marrocos, Espanha e Portugal vindos da África Ocidental (Guimé). Durante esta viagem, Colombo se surpreendeu com as mulheres casadas que vestiam calças de algodão (bragas) e imaginou como aquelas nativas
podiam ter aprendido sobre a modéstia. Hernando Cortez, o conquistador espanhol, descreveu a roupa das nativas como longos véus e a dos nativos como uma espécie de "bombachas, pintadas no estilo das tapeçarias mouriscas". Ferdinando Colombo chamou essas roupas de algodão "bombachas do mesmo desenho e roupa com os xales usados pelas mouras de Granada". Até a semelhança das redes das crianças com as usadas na Africa do Norte era fantástica.

5. O Dr. Barry Fell, da Universidade de Harvard, apresentou em seu livro "A Saga da América" - 1980, sólidas evidências científicas que amparam a tese da chegada de muçulmanos da África do Norte e Ocidental, muitos séculos antes de Colombo. O Dr. Fell descobriu a existência de escolas muçulmanas em Nevada, Colorado, Novo México e Indiana, datando de 700-800d.C. Entalhado nas pedras do antigo oeste americano, ele encontrou textos, diagramas e cartas, representando os últimos fragmentos vivos do que uma vez foi um sistema de escolas, tanto primária quanto secundária. A língua usada era o árabe norte-africano, escrito no antigo kufi. As matérias de ensino incluiam escrita, leitura, aritmética, religião, história, geografia, astronomia e navegação marítima. Os descendentes dos visitantes muçulmanos da América do Norte eram membros das atuais tribos iroqueses, algonquins, anasazis, hohokam, olmec.

6. Existem 565 nomes de lugares (vilarejos, cidades, montanhas, lagos, rios, etc.), 484 nos Estados Unidos e 81 no Canadá, que são derivados de raízes árabes e islâmicas. Esses lugares foram originalmente batizados pelos nativos do período pre-colombiano. Alguns desses nomes tinham significado sagrado, tais como Meca (Indiana) - 720 habitantes, tribo indígena Makka (Washington), Medina (Idaho) - 2.100 habitantes, Medina (NY) - 8.500 habitantes, Medina e Hazen (Dacota do Norte) - 1.100 habitantes e 5.000 habitantes, respectivamente, Medina (Ohio) - 12.000 habitantes, Medina (Tenessee) - 1.100 habitantes, (Medina (Texas) - 26.000 habitantes, (Medina (Ontário) - 1.200 habitantes, Maomé (Illinois) - 3.200 habitantes, Mona (Utah) - 1.100 habitantes, Arva (Ontário) - 700 habitantes, e muitos outros. Um estudo cuidadoso dos nomes das tribos indígenas revelou que muitos deles derivaram de raízes árabes e islâmicas, como, por exemplo, Apache, Arauaque, Arikana, Cheroque, Hohokam, Makka, Nazca, Zulu, Zuni, etc.

domingo, setembro 30, 2018

A Mulher e suas Contribuições para o Islam e para a Ummah

Al hamdulillahi Rabi al’alamin, wa salatu wa salamu ála Rasulullah

Muitas são as controvérsias a respeito da conduta feminina, principalmente no que se refere ao seu papel nas atividades sociais. Mas tais controvérsias são resultado não apenas da falta de informação e desvios interpretativos, mas como também da intenção de proteção da mulher ante a corrupção e licenciosidade da humanidade sem uma sociedade islâmica. Os textos islâmicos, porém, são claros a respeito do assunto, determinando os direitos e deveres da mulher, assim como as diretrizes de seu comportamento a nível individual e social.

A mulher é a maior vítima dessa desinformação, uma vez que é lesada em seus direitos, porém, a sociedade também sofre, uma vez que ela deixa de realizar atividades úteis para Ummah.

Nos deparamos com dois tipos básicos de situação na atualidade: por um lado, vemos mulheres que, por não terem uma educação islâmica adequada, e nem acesso à informação, não compreendem a sabedoria das prescrições islâmicas: inconformadas com restrições não são capazes de compreender, acabam cedendo ao ilusório ideal de falsa liberdade, e se afastando dos ideais islâmicos, negligenciando as ordens de Allah, sacrificando suas identidades islâmicas e aderindo ao modo de vida materialista-capitalista, abandonando o código de conduta e a moral islâmica. Esta atitude causa um verdadeiro desastre social, não só porque a mulher é um dos pilares da família, mas como também porque ela é uma das maiores origens de fitna: quando ela se afasta dos ideais islâmicos, toda sociedade se desestrutura.

O Rasulullah disse :

“Não deixei atrás de mim nenhuma fitna maior para os homens do que as mulheres.”

Os cuidados com o comportamento feminino são muito importantes para saúde da família e da sociedade, por isso a shari’a al-islamiya tem uma preocupação especial em relação ao assunto.

Mas a ausência de uma sociedade saudável, uma sociedade islâmica, associada à falta de ensino adequado e, além do fato das mulheres serem mais vulneráveis à pressão da colonização cultural, levou os homens, com a intenção de protegeram as mulheres sob sua responsabilidade, à uma radicalização das prescrições islâmicas, limitando as atividades sociais da mulher além dos limites de Allah. Ainda que o objetivo de tais medidas seja a proteção da mulher e da sociedade, as conseqüências são prejudiciais, não apenas porque a mulher lesada em seus direitos sente-se reprimida e tende a se revoltar, ficando ainda mais vulnerável às promessas mentirosas dos materialistas inimigos do Islam, assim como impede que a mulher realize atividades que são vitais para esta Ummah, principalmente em momentos de crise, privando a sociedade de uma ajuda vital.

A instrução da mulher, que leva, através do conhecimento, ao amor pelo Islam e à consolidação de consciências, mentalidades e identidades islâmicas, é um assunto vital, que pode significar o sucesso ou o fracasso desta comunidade, uma vez que a mulher que não compreende os ideais islâmicos é mais vulnerável às armadilhas da colonização cultural da aliança cruzado-sionista , e acaba por se tornar uma aliada do inimigo no programa de distorção do Islam.

Hoje em dia, que encontramos basicamente dois tipos de mulheres: as que imitam os kafireen, negligenciando as prescrições islâmicas, e as que abandonam seus direitos, conformadas com a obediência ignorante a limites que elas não compreendem. Ainda que estas não tragam malefício para a Ummah, o fato delas deixarem de nos beneficiar com sua ajuda já é em si um prejuízo, e ainda que elas estejam agradando a Allah obedecendo aos seus guardiões, que tem as melhores intenções ao querer protegê-las, devemos levar em conta que também é pecado declarar ilícito o que Allah (swt) permitiu, pois apenas a Allah cabe definir os limites, e não está ao alcance do homem mudá-los, ainda que com boas intenções: num sistema perfeito, onde todas as peças se encaixam, o desvio de uma única peça causa uma disfunção em toda engrenagem. Ao homem cabe mudar a sociedade, para que ela seja governada pela Lei da Allah (swt), gerando um ambiente no qual todos possam desfrutar de seus direitos e cumprir seus deveres, sem a necessidade de concessões nem extremismos.

O exemplo legado pelas esposas do Profeta e dos Sahaba (ra) deixam claro que, apesar das restrições, a mulher possui um importante papel social e pode disponibilizar sua ajuda em diversas áreas de atuação, trabalhando em benefício do Islam e da Ummah. Privar a Ummah da colaboração da mulher é privá-la de uma ajuda vital, e pode significar a vitória ou a derrota.

Buscando Conhecimento

O primeiro e mais importante papel da mulher na sociedade é o de esposa e mãe. A instrução e o conhecimento são indispensáveis para qualificação no bom cumprimento deste papel: nossas mães são nossas primeiras professoras de Islam e de vida, uma mulher que conhece sua religião e é consciente de seus deveres islâmicos cria seus filhos numa atmosfera de amor e obediência a Allah, fazendo-os crescer amando o Islam e respeitando os limites de Allah por amor e não por imposição. Uma mulher ignorante, que não conhece, por isso não ama sua religião, fica mais vulnerável à contaminação cultural e tende a transmitir sua falta de firmeza na religião para seus filhos, prejudicando não apenas sua família, mas toda a comunidade.

Por isso, a mulher, mesmo que apenas para cumprir seu papel primordial, de esposa e mãe, tem o dever de se instruir, para que seja capaz de compreender seu marido, incentivá-lo à prática das boas ações e criar seus filhos, num ambiente islâmico, ensinando e incentivando a aderência aos valores islâmicos e a prática do Islam. O papel vital da mãe na formação de seus filhos lhe incumbe tal responsabilidade, para que possa dar uma educação islâmica sólida, que formará bons muçulmanos que darão sua contribuição para nossa comunidade.

A busca do conhecimento é uma obrigação para homens e mulheres, o Rasulullah disse:

“Buscar conhecimento é um dever de todo muçulmano.” (hadiss hasan narrado por in Maajah)

As mulheres da geração de ouro eram muito entusiasmadas na busca do conhecimento, e o fato de serem mulheres não as impedia de ter aulas direto com o Profeta, como evidencia o hadiss no qual as mulheres dos ansar pedem ao Rasulullah:

“Aponte um dia especial para que venhamos aprender com você, porque os homens tomam todo o seu tempo e não deixam nada para nós.” Ele respondeu: “O tempo de vocês será na casa de fulana (uma das mulheres).” Então ele ia a elas no lugar marcado e lhes ensinava.” (Fath al Baari)

As mulheres das primeiras gerações nunca deixavam que sua vergonha lhes impedisse de perguntar a respeito dos ensinamentos (ahkaan) do Islam, ainda que para homens, porque estavam perguntando pela verdade, e :

“Allah não se envergonha (de dizer) a verdade” (TSQ, 33:53)

O fato de o Profeta responder diretamente às perguntas das mulheres dos ansar a respeito da religião deixa claro que é permitido para mulher buscar conhecimento junto ao homem. Aisha (ra) narrou que Asmma’ bint Yazeed ibn as-Sakan al-Ansaariyah perguntou ao Profeta sobre como deveria realizar o ghusl (banho completo) ao término de seu período menstrual, ele respondeu:

“Quando o período de uma mulher terminar, ela deve pegar água e se purificar apropriadamente, lavando-se, deve pegar um pedaço de tecido que tenha sido perfumado com almíscar e limpar-se com ele.” Asma’ perguntou: “Como devemos nos limpar com ele?” O Profeta disse: “Subhana Allah, vocês devem se limpar com ele.”, notando a vergonha de ambos, Aisha(ra) chamou-a de lado e lhe disse em privacidade: “Retire com ele os traços de sangue.” (Fath al Baari)

Num outro hadiss, no qual Asma’ pergunta sobre o banho em estado de janaba, depois do Profeta explicar qual o procedimento adequado, Aisha (ra) comentou:

“Como são boas as mulheres dos ansar! A vergonha não as impede de procurar compreender o Deen de maneira apropriada!” (Fath al Baari)

As mulheres da primeira geração nunca hesitavam em se empenhar na compreensão dos ensinamentos do Islam, e perguntavam tudo o que não entendiam, até que o assunto ficasse esclarecido.

Dentre as mulheres que se destacaram por sua inteligência e conhecimento, o nome de Aisha bint Abu Bakr(ra) é sempre o primeiro a ser mencionado. Além de ser a narradora de inúmeros ahadiss, ela foi a primeira faqeeha(mulher jurisprudente) do Islam, contando apenas com dezenove anos de idade. Era comum os Sahaba(ra) submeterem os assuntos a sua apreciação, e aderirem a sua opinião como palavra final. Seu conhecimento e compreensão não estavam limitados aos assuntos referentes à religião, ela se distinguia nos campos da poesia, história, medicina , literatura, gramática, astronomia, entre outras áreas do conhecimento. Ibn Hishaan, conta de seu pai Urwah ibn az-Zubayr, que disse:

“Eu nunca conheci ninguém mais versado em fiqh ou medicina ou poesia do que Aisha’(ra).” (Taarikh at Tabari)

Aisha (ra) também era muito eloqüente em suas palestras, e não as resumia a platéias exclusivamente femininas, ensinado também homens, permitindo que eles se beneficiassem de seu vasto conhecimento, tendo levado al-Ahnaf ibn Qays a dizer: “Eu ouvi as palestras de Abu Bakr, Umar, Uthman e Ali (ra), e dos khulafaah que vieram depois deles, mas jamais ouvi uma palestra mais eloqüente que as de Aisha (ra)”.

Musa ibn Talha disse:

“Eu nunca vi ninguém mais eloqüente e puro na fala do que Aisha (ra).” (Tirmidhi)

Assim, fica claro que a mulher não apenas pode aprender com os homens mas também pode ensinar a eles.

Mesmo após a geração do Profeta, outras mulheres foram exemplo de interesse pela religião, empenho na aquisição de conhecimento e seu ensino. Dentre elas, destacamos a filha de Sayd al-Musayyb, um erudito de sua época, que viveu no tempo de Khalifa Abdul-Malik ibn Marwan. Ele recusou a casar sua filha com o Khaleefa, e a deu em casamento para um de seus melhores alunos, Abdullah ibn Wadaa’ah. Ela era uma das pessoas de sua época mais versada em Qur’an, Sunnah, e direitos e deveres do casamento. Depois de casados, uma manhã. Abdullah levantou-se e preparou-se para sair. Sua esposa lhe perguntou: “Onde você vai?”, ele disse : “A aula de seu pai, Sayd al-Musayyb, para aprender.”, ela disse: “Sente-se, eu vou lhe ensinar o que o Sayd sabe.”. Por um mês, Abdullah não compareceu aos círculos de Sayd al-Musayyb, porque os conhecimentos que sua esposa aprendera com seu pai e lhe passava eram suficientes. Que os homens tomem o exemplo de Abdullah ibn Marwan, e dêem as suas esposas seu mérito, e aprendam com elas o que possam ensinar! É comum vermos os homens resistentes a aprenderem com suas esposas: o fato deles serem seus guardiões e responsáveis por elas, não implica em que elas não possam ter um conhecimento superior ao deles em certos assuntos, e seja quem for que tenha o conhecimento maior, o marido ou a esposa, sua obrigação é dividi-lo, ensinando ao outro. Muitas vezes, o orgulho impede que os maridos dêem o devido mérito a suas esposas, e desfrutem de tudo que elas podem lhes oferecer, inclusive o conhecimento.

Muitas mulheres se destacaram campo do conhecimento, não só como alunas mas também como professoras. Haafiz ibn Asaakir (morto em 571H, por volta de 1193 ad), um dos mais confiáveis narradores de ahadith, conhecido como “haafiz al-ummah”, conta oitenta mulheres entre seus professores e shaikhs. Como narradoras de ahadiss, contam-se centenas de mulheres, que se destacam por sua sinceridade e lealdade à verdade, isto foi comentado pelo Iman al-Haafiz adh-Dhahabi, em seu Mizaan al-I’tidaal, no qual ele declara que encontrou centenas de homens cujos relatos são duvidosos, e comentou:

“Eu não soube de nenhuma mulher que foi acusada de faltar com a verdade numa narrativa, ou cujo hadiss foi rejeitado.”

Hoje em dia, poucas são as mulheres que se preocupam em buscar pelo conhecimento, e ainda mais raras são as que se empenham em aplicá-lo, agindo de acordo com ele, ou ensinando-o. As mulheres muçulmanas da atualidade devem seguir o exemplo de suas predecessoras, e se empenharem em adquirir conhecimento, qualificando-se como muçulmanas, cidadãs, esposas e mães, aprendendo e ensinando, atendendo a todas as demandas que esta Ummah requer delas, contribuindo com sua comunidade, uma contribuição fundamental, que vem faltando a Ummah há muito tempo.

Os homens, por sua vez, também devem seguir os exemplo de seus predecessores, e reconhecer o valor das mulheres de conhecimento, sejam suas filhas, esposas, irmãs ou mães, aprendendo com elas e lhes designando o status que lhes é devido. E também vencendo a barreira do preconceito, que não encontramos nas gerações passadas, e aprendendo com as mulheres de conhecimento, que por certos não são fonte de fitna, uma vez que, enquanto possuidoras de intelecto e conhecimento, sabem se comportar adequadamente, respeitando os limites de Allah(swt) sem, no entanto, privarem-se de aprender ou privarem a sociedade de se beneficiar de seu conhecimento. Um bom entendimento da religião leva homens e mulheres a buscar o conhecimento. Um profundo conhecimento da religião os leva a agir conforme o que sabem. Um deve aprender com o outro, dentro dos limites estabelecidos por Allah(swt), a Ummah conta com a colaboração de ambos: apenas quanto cada membro desta sociedade realizar da da melhor maneira possível seus deveres individuais, como faziam nossos predecessores, esta Ummah voltará a ser o que deve ser, a melhor nação que já surgiu na humanidade.

Ajudando na Causa de Allah

O empenho pelo estabelecimento da Lei de Allah na terra é um dever religioso, e um ato de adoração, tanto para homens, como para mulheres, porque garante a todos o direito de viver inteiramente segundo o que Allah prescreveu, e, uma vez que é algo que beneficiará a todos, cabe a todos ajudar em seu estabelecimento, de acordo com suas habilidades naturais e dentro dos seus limites.

As primeiras muçulmanas compreendiam seu dever de ajudar na luta pela causa de Allah, e jamais pouparam esforços nesse sentido, e seu entusiasmo para sacrificar seus bens e suas pessoas pela causa de Allah não era menor do que o dos homens, tendo algumas até os excedido em sua coragem e determinação.

Dentre os mais importantes exemplos de perseverança e amor pela fé , está Sumaya, a mãe de Amr ibn Yassir: sua história é uma das mais famosas do Islam, e é o exemplo do crente que dá pouco valor à vida terrena e se entrega ao sacrifício pela causa de Allah com a certeza que pertence exclusivamente àqueles cuja fé está bem consolidada em seu coração e conhecem Allah: quem é mais digno de confiança do que Allah(swt)?

Nos primeiros tempos do Islam em Makka, Sumaya, seu marido Yassir e seu filho Amr, foram submetidos às mais terríveis torturas por parte dos Quraishitas. Eles eram expostos ao ar livre no deserto árabe no calor do meio-dia, e areia quente era jogada sobre eles, e eram apedrejados. Seu filho Amr, tentando evitar a morte, acabou cedendo, e dizendo as palavras que os mushrikeen desejavam, com o coração cheio de remorso. Concernente a tal episódio, como um consolo para Amr, Allah (swt) colocou uma ressalva no versículo referente à apostasia:

“Aqueles dentre vocês que descrerem após terem aceitado a fé, exceto aqueles que o fizeram sob compulsão, permanecendo seus corações firmes na fé...” (TSQ 16:106)

Mas Sumaya permaneceu firme, paciente, confiante na recompensa de Allah(swt), recusando-se a ceder às pressões dos mushrikeen, até que Abu Jahl a trespassou com sua lança, matando-a, dando-lhe a insuperável honra de se tornar, a primeira mártir do Islam: ela e seu marido Yassir foram os primeiros muçulmanos que morreram pela causa de Allah. Sumaya é um exemplo eterno de determinação e fé para homens e mulheres, escreveu com seu sangue seu lugar na história, e conquistou a posição de honra que todos nós almejamos. Allah(swt) honrou todas as mulheres através de Sumaya, quando a escolheu como mártir, e deu um recado a todas as mulheres desta Ummah: firmeza e determinação são prescritas para todos, homens e mulheres igualmente, assim como a ambos são dadas oportunidades para que atinjam a glória suprema, as melhores recompensas estão reservadas para os mais meritórios, sejam homens ou mulheres.

Dentre as mulheres cujo papel foi essencial na história do Islam destaca-se Asma’ bint Abu Bakr(ra), que ficou responsável por levar água e comida para o Profeta e seu pai(ra) durante os dias em que eles ficaram escondidos no monte Thawr, durante a Hijra. O local era isolado e à grande distância de Makka, mas nem as dificuldades, nem os perigos da missão - uma vez que os quraishitas os perseguiam e havia espiões espalhados - a impediram de realizar seu papel competentemente. Ela sofreu intensa pressão dos mushrikeen, que a cercavam e interrogavam a respeito de seu pai, sempre se manteve firme, até quando levou um soco de Abu Jahl. Nada diminuiu sua determinação, e ela realizou sua missão de forma eficiente, abastecendo seu pai(ra) e o Profeta de suprimentos, sem deixar que ninguém descobrisse o esconderijo deles, até que deixassem a caverna e seguissem para Madeena. Allah honrou todas as mulheres ao escolher Asma’(ra) para realizar esta missão, para que ela sirva como exemplo, e todos saibamos a que ponto pode chegar a relevância do papel que a mulher pode realizar na causa de Allah(swt).

Duas mulheres estavam presentes no Tratado de 'Aqabah, que posteriormente tiveram oportunidade de provar sua coragem e fé participando de batalhas junto com o Profeta, Naseebah bint Ka’b al-Maaziniyah e Umm Manee, Asma’ bint Amr al-Sulamiyah, mãe de Muadh ibn Jabal(ra), tendo sido este um encontro político, o caminho para participação das mulheres na política estava aberto.

Umm Kalthoom bint Uqbah ibn Abi Um’ayt foi um exemplo de força e coragem quando migrou sozinha de Makka para Madeena, no tempo do Tratado de Hudaybiyah. Quando ela chegou a Madeena, disse ao Profeta: “Eu fugi para você com minha religião, então, proteja-me e não me mande de volta para eles, porque eles vão me punir e me torturar e eu não terei força e nem serei paciente o suficiente para resistir. Sou apenas uma mulher, e você conhece a fraqueza das mulheres, eu sei que você já mandou dois homens de volta.” O Profeta disse:

“Allah cancelou este tratado em relação às mulheres.”(ibn al-jawzi)

Allah revelou no Qur’an referente às mulheres que fugiam de Makka para salvaguardar sua fé, abolindo o tratado em relação a elas, permitindo que elas não fossem mandadas de volta para os mushrikeen, desde que o Profeta as testasse e se assegurasse de que elas haviam migrado pela causa de Allah, e não com algum propósito terreno, abrindo um precedente para que as mulheres que se sentem oprimidas e impossibilitadas de praticar sua religião, migrem pela causa de Allah, ainda que fugidas.

“Oh crentes! Quando as mulheres crentes se apresentarem a vocês, refugiadas, examinam-nas e testem-nas: Allah conhece melhor a fé delas, se você estiver seguro de que elas são crentes, não as mande de volta para os descrentes. Elas não são esposas lícitas para os descrentes, e eles não são maridos lícitos para elas.” (TSQ, 60:10)

Muitas mulheres também participaram de batalhas junto com o Profeta, mostrando que o papel da mulher, ainda que seja menor que o do homem, pode ser relevante e glorioso, e que as oportunidades que o homem tem de lutar pela causa de Allah também estão ao alcance das mulheres.

Profeta sempre permitia que suas esposas, e outras mulheres dos ansar, fossem ao campo de batalha para atender os feridos, preparar a comida, busca e distribuir água. Umm Atyah al-Ansariya narrou:

“Eu fui a sete campanhas militares como Profeta, eu ficava atrás do campo de batalha, preparando a comida e atendendo os doentes e os feridos.” (Muslim)

Bukhari e Muslim transmitiram de Anas(ra);

“No dia de Uhud, algumas pessoas se dispersaram do Profeta, Abu Talha permaneceu com ele , defendendo-o como um escudo. Abu Talha era um ótimo arqueiro, e naquele dia ele quebrou três arcos. A todos que passavam com flechas, o Profeta dizia: ‘deêm-nas a Abul Talha!’. Quando ele levantava sua cabeça para ver o que estava acontecendo, Abu Talha(ra) dizia: ‘O Rasulullah, meu pai e minha mãe sejam sacrificados por você! Não levante a cabeça, ou uma flecha poderá atingi-lo. Que firam o meu peito, e não o seu!’ Eu vi Aisha bint Abu Bakr e Umm Sulaym, carregando água nas costas e dando de beber aos combatentes, cada vez que a água acabava, elas iam buscar mais e davam de beber aos combatentes. Naquele dia, a espada de Abu Talha(ra) caiu de sua mão duas ou três vezes por causa do cansaço.” (Fath al Baari)

Que grande serviço dar água aos combatentes no calor do Hidjaz numa batalha exaustiva! Que importante papel elas desempenhavam.

Fátima az-Zahra (ra) também estava presente em Uhud, ela cuidou dos ferimentos de seu pai: ela queimou um pedaço de esteira de palha e colocou as cinzas em sua ferida, estancando o sangramento.

Mas as mulheres também contribuíram no combate. Uma das mulheres que mais se destacaram como combatente é Naseebah bint Ka’b al-Maaziniyah, Umm Umara(ra). No começo da batalha de Uhud, ela, como as outras mulheres, atendia os feridos e trazia água, mas quando os arqueiros desobedeceram o comando do Profeta e a batalha reverteu em prejuízo dos muçulmanos, Naseebah empunhou sua espada e se juntou ao pequeno grupo que permanecera com o Profeta, atuando como escudo humano para protegê-lo das flechas dos mushrikeen. Toda vez que o perigo se aproximava do Profeta, ela se apressava em protegê-lo. O Rasulullah percebeu e depois comentou: “ Toda vez que eu me virava para esquerda ou para direita, eu a via lutando por mim.” Neste dia, Nassebah(ra) sofreu vários ferimentos. O Profeta chamou seu filho e comentou:

“Sua mãe, sua mãe! Veja seus ferimentos! Que Allah abençoe você e sua família! Sua mãe lutou melhor do fulano e fulano!” Quando a mãe dele ouviu o que o Profeta dizia, ela disse: “Reze para Allah para que eu possa acompanhá-lo no Paraíso!” Ele disse: “Oh Allah faça deles meus companheiros no Paraíso” , e ela disse: “ Eu não me importo com o que acontecerá comigo neste mundo.” (sirat ibn Hisham)

A jihad de Umm Umara(ra) não se limitou a participação em Uhud, ela também esteve presente no Tratado de Aqaba, em al-Hudaybiyah, Khaibar e Hunayn, onde também teve uma conduta heróica. Durante o governo de Abu Bakr(ra), ela participou da batalha de Yamamah, onde lutou brilhantemente, recebeu onze ferimentos e perdeu uma das mãos. O Profeta lhe deu a boa nova de que ela entraria no Paraíso.

Outra mulher combatente foi Umm Sulaym bint Milhan, que assim como as outras mulheres, costumava ir ao campo de batalha para atender os feridos e dar água aos combatentes, mas ela se destaca pelo seu comportamento na Batalha de Hunayin. Mesmo estando nos últimos meses de gravidez, Umm Sulaym fez questão de acompanhar seu marido Abu Talha(ra) e o Profeta na conquista de Makka, e teve a honra de participar de um dos momentos mais emocionantes da história do Islam. Poucos dias depois, aconteceu a batalha de Hunaiyn, que foi uma severa provação para os muçulmanos. Muitos fugiram do campo de batalha, ficando ao lado do Profeta apenas um pequeno grupo de muhajreen e ansar, Umm Sulaym e Abu Talha(ra) faziam parte deste grupo.

“No dia de Hunayin, Umm Sulaym empunhou uma adaga. Abu Tallha a viu e disse: “ Oh Rasulullah, Umm Sulayim tem uma adaga!” Ele perguntou para ela: “O que é esta adaga?”, ela disse: “Eu peguei isso para que se algum mushrikeen se aproximar de mim, eu possa rasgar seu estômago com isto.”. O Rasulullah começou a rir. Ela disse: “O Rasulullah, mate todos os ‘tulaqa’(aqueles que entraram no Islam no dia da conquista de Makka) que o abandonaram no campo de batalha.” Ele disse: “Allah é suficiente para nós e Ele tomou conta de nós.” ( Sahih Muslim)

Umm Sulayim ficou firme ao lado do Profeta nesta batalha em que mesmo os mais corajosos homens foram postos a prova. O Profeta lhe deu a boa nova de que ela iria para o Paraíso. Narrado por Jabir ibn Abdullah(ra) e outros, que o Profeta disse:

“Eu estava no Paraíso, e então vi al-Rumaysa (apelido de Umm Sulaym), esposa de Abu Talha!” (Bukhari e Muslim)

Ele costumava visitar Umm Sulaym e sua irmã Umm Haram, e logo que deu a boa nova para Umm Sulaym, contou a Umm Haram que ela singraria os mares junto com aqueles que sairiam para combater pela causa de Allah.

Bukhari transmitiu de Anas(ra):

“O Rasulullah(saws) visitou a filha de Milhan, e adormeceu um pouco. Então ele acordou e sorriu, e ela perguntou: “Porque você está sorrindo, oh Rasulullah?” Ele disse: “Algumas pessoas de minha Ummah cruzarão o verde oceano pela causa de Allah e eles se parecerão com reis em seus tronos.” Ela disse: “O Rasulullah, reze a Allah(swt) para que eu seja um deles!”, ele disse: “Oh Allah, faça delas uma entre eles!”. E então, ele adormeceu de novo. Acordou sorrindo, e ela perguntou de novo porque ele estava sorrindo, ele deu uma resposta similar e ela disse de novo: “ Reze para Allah para que eu seja um deles. “ Ele disse: “ Você estará entre os primeiros deles não entre os últimos deles!”

Anas continua: “Ela se casou com Ubaada ibn as-Samit, e saiu para al-jihad com ele, e vijou pelo oceano junto com a filha de Qaraza(esposa de Mwuayia). Quando ela voltou, seu cavalo a derrubou, ela caiu e morreu.“

O túmulo de Umm Haram, no Chipre, permanece como o memorial da muçulmana que combateu pela causa de Allah(swt).

Asma’ bint Yazid ibn as-Sakan al-Ansaariya também escreveu seu nome entre as mulheres combatentes. Ela participou da batalha de al-Khandaq com o Profeta, estava presente em al-Hudaybyia, e na batalha de Khaibar. Depois da morte do Profeta, ela continuou seu esforço na jihad pela causa de Allah, no ano 13 H foi para as-Sham com as tropas muçulmanas, participando da batalha de Yarmuk, uma das mais famosas batalhas nas quais as mulheres lutaram lado a lado com os homens. Foi uma dura batalha, e muitos homens tentavam fugir do campo. Mas as mulheres ficaram na retaguarda, e os forçavam a voltar para a batalha com paus e pedras quando tentavam fugir.Ibn Kathir narrou:

“As mulheres muçulmanas lutaram neste dia, e mataram um grande número de romanos. Elas acertavam todos os muçulmanos que tentavam fugir dizendo: ‘Onde vocês estão indo? Vão dos deixar a mercê dos infiéis?’, quando elas lhes falavam deste jeito, eles não tinham escolha senão voltar.”

Neste dia, Asma’ bint Yazid lutou extremamente bem, demonstrando uma coragem que falta a muitos homens. Ela avançou com as linhas de ataque e acertou um grande numero de mushrikeen. Ibn Hajar narrou:

“Umm Salamah al-Ansariya(Asma’bint Yazid) estava presente em Yarmuk. Naquele dia ela matou nove romanos.”

Muitas são as histórias das mulheres que colaboraram, se empenharam e combateram pela causa de Allah, escolhemos algumas apenas para ilustrar como é amplo o campo de atuação das mulheres muçulmanas, e como elas podem dar importantes contribuições para esta Ummah. Como esposa, mãe, aluna , professora ou até mesmo combatente, a contribuição da mulher é imprescindível para esta comunidade, e já é hora de homens e mulheres se conscientizarem disso.

As mulheres devem resguardar-se da fitna, mas devem tirar os véus de suas mentes, percebendo o quanto podem colaborar com esta nação, disponibilizando suas habilidades a serviço da causa de Allah(swt), compreendendo que atuar na causa de Allah (swt) não implica em ultrapassar Seus limites.

Para revitalizar esta comunidade, devemos seguir o exemplo de nossos predecessores, as melhores gerações de muçulmanos, homens e mulheres, e aprender com eles que recato não quer dizer inércia, que pureza não quer dizer inatividade, e que o sucesso da Ummah depende de todos nós, depende da realização de nossos deveres individuais, sendo o empenho pela causa de Allah um deles.

A informação e educação são os primeiros passos no caminho para uma melhor compreensão, por parte de homens e mulheres, de seus direitos, deveres e limites, assim como para que a mulher possa cumprir seu importante papel na sociedade islâmica, colaborando tanto para restabelecimento do Estado Islâmico, como para seu fortalecimento, estabilidade e manutenção. Assim, as mulheres devem procurar o conhecimento islâmico, e os homens devem incentivá-las e lhes ensinar os limites de Allah, e também prepará-las e incentivá-las para atuar em prol da Ummah. Devem vencer o preconceito, e aceitar ajuda das mulheres crentes, no campo do conhecimento ou da ação, porque esta Ummah precisa do trabalho de todos que estejam dispostos a oferecer seus préstimos, para retomar o caminho da liberdade e da prosperidade. Dotada da compreensão necessária, a mulher saberá conjugar o recato com a atividade, perceberá e respeitará a tênue fronteira entre a ação e a respeitabilidade, não deixando de cumprir seu papel, realizando as atividades importantes para esta Ummah, mas também respeitando rigorosamente os limites de Allah. Assim se consolida a verdadeira crente, que se empenha pela causa de Allah(swt), e contribui para que esta Ummah se liberte da opressão e volte a ter um papel de destaque no cenário internacional.

Ihya' Ulum ad-Din, Brasil - Shawwal,1427/ outubro, 2006 - aisha_aini@hotmail.com

Fonte:http://www.religiaodedeus.net/mulher_contribui%C3%A7ao.htm