quarta-feira, dezembro 12, 2018

A Humanidade sem nação, reflexão por ocasião do - Dia Internacional da Luta contra a Islamofobia


Prezados Irmãos,
Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que  representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. «Ó Humanidade! Na verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus é Sábio e está bem inteirado». (Alcorão, 49:13).
Os Dias Internacionais, como outras efemérides, não são iniciativas vãs para mobilizar as consciências. São instrumentos necessários para manter viva a memória. O esquecimento é a razão pela qual certos episódios se repetem ao longo da história, e não nos referimos a momentos excepcionais. Falamos sobre a violência. A partir da Plataforma Cívica contra a Islamofobia temos oferecido, repetidamente, uma explicação da equação da violência contra o que é ou parece muçulmana ou islâmica (o primeiro aplicado a pessoas, o resto a conceitos ou objetos). A violência não é espontânea ou materializada pela ciência infundida. É gerada por mecanismos conhecidos: o discurso, a hostilidade, a exclusão, a violência. Isto é, a negação da humanidade. O discurso do ódio consiste em diferenciar e criar o "outro", desumanizá-lo, culpá-lo, criminalizá-lo e criar uma mensagem permanente de necessidade de defesa e de um suposto ataque. Na Europa fala-se de "invasão", na Espanha foi recentemente reavivada a "reconquista". Ambos os mitos com os quais se incita a população (esgotada por excesso de mensagens e incapazes de discernir as notícias falsas das verdades, cansada de uma política medíocre que necessita se alimentar de inimigos para avolumar a militância) para a hostilidade e a violência. Essa população deve, portanto, tomar posições; e essas posições serão de total rejeição se estiverem a ser alimentadas pelo discurso de que há "outro" que vem tirar-te o trabalho, que vai viver de ajudas, que traz os seus costumes e vai tratar de impô-las, que não traz nada de positivo para nossa sociedade, que tem uma cultura violenta e ignorante, que em definitivo é o inimigo a combater. A posição que permanece dessa perspectiva é apenas uma: defender-se, e atacar. Os olhares hostis, os empurrões ou pisadelas no transporte público, as expulsões de alunas com hijab, a negação de menus escolares, a violação sistemática da lei 26/1992, a agressão contra as mulheres para despojá-las de parte de suas vestimentas em plena rua, as múltiplas expressões de hostilidade inundam o quotidiano.
A hostilidade e a exclusão exercidas na Espanha contra os muçulmanos são um grave indicador das deficiências que o processo de "transição" deixou. A Espanha não conseguiu eliminar o fascismo, e os rescaldos do mesmo foram ressuscitados no calor da onda nacionalista e xenófoba que assola a Europa e os Estados Unidos. A Espanha não tem conseguido aceitar a pluralidade de sua nação: que há espanhóis que professam diferentes religiões, que têm diferentes orientações sexuais, que optam por diferentes modelos de família e da vida, que elegem ser "umma" (humanidade) versus a opção de ser "nacionalista" A Espanha, em suma, não decidiu para onde vai, nem quem deve participar desse debate e dessa decisão. A Espanha está desmoronando em nossas mãos porque não há um projeto que impulsione o país a partir da pluralidade positiva, a partir da inteligência, a partir da generosidade, a partir do respeito. E porque não é bom esquecer, apelamos novamente à memória, para recordar que na Europa se cometeu o maior genocídio da história, não foi em outro lugar. Milhões morreram porque eram diferentes (eram judeus, ciganos, homossexuais, doentes). Milhões morreram porque a população criou o discurso, discurso que por certo estava legitimado pelo poder, não olvidemos que Hitler foi eleito nas urnas. Apelamos à memória para lembrar que duas guerras "mundiais" (deveríamos dizer européias) foram forjadas e estalaram impulsionadas por nacionalismos, ideologias necessariamente excludentes (não apenas do "outro", mas de toda a humanidade). Insistimos que esses episódios de violência e morte, que não beneficiam senão a uns poucos, se combatem através do respeito, da educação, da memória e da ação.
É por isso que nós celebramos este Dia Internacional de Luta contra a Islamofobia, pelo menos para fazer as perguntas que suscita o avanço do nacionalismo e o evidente esquecimento para onde nos levou a última vez que isso a ocorreu. Essas perguntas suscitam uma profunda preocupação pelo futuro de nossa nação. Por que não respeitamos a diversidade? É tão difícil apreciar as culturas dos outros? Será que realmente achamos que um passaporte nos torna "mais humanos" do que as  outras pessoas? Que tipo de mundo queremos e como vamos envolver os outros para saber o que eles querem?
A partir da Plataforma, pensamos que a ajuda mútua e o conhecimento são as ferramentas necessárias para começar a não repetir os erros da história.
A ajuda mútua, esse (parece que) esquecido conceito cunhado por Kropotkin, tem sido o fator mais decisivo na evolução tecnológica e social da humanidade. O conhecimento, ao que exorta o Alcorão em numerosas passagens, o dever de todo crente, é o motor da Humanidade na sua expressão máxima: preservar a vida, respeitar o planeta, desenvolver-se como pessoas, como sociedade, alcançar a felicidade e a paz.
A cooperação e o conhecimento são fundamentais para o desenvolvimento material e espiritual dos povos. Se entendermos os "povos" a partir do contexto Islâmico, não estamos referindo-se a nações cuja ideologia as leva a um confronto umas contra as outras, como já temos visto, em várias ocasiões na Europa. Referimo-nos a nações cujo objetivo é o conhecimento mútuo para buscar opções de colaboração e intercâmbio, para a melhoria das suas sociedades. Isso só pode ser alcançado através do respeito e da educação, e do ativismo, entendido este como uma rejeição de passividade, a indiferença e o desinteresse, como um esforço diário para entender a nossa sociedade, os mecanismos políticos que a administram, a história e as suas lições, e as oportunidades que o futuro nos oferece.
A idéia de "uma" proporciona-nos uma oportunidade de refletir sobre tudo o que não conseguimos como humanidade. Enquanto houver ideologias como as nacionalistas ou fascistas, que baseiam a sua sobrevivência na exclusão e na aniquilação do "outro", não teremos a oportunidade de defender a nossa humanidade. É necessária educação: não podemos esquecer que a Espanha sempre foi muito diversificada, de múltiplas culturas, línguas, religiões, que o Islão é o nosso patrimônio, que é tão valioso quanto qualquer outro elemento do nosso passado, que nós somos um país diverso e que todas as partes que compõem essa diversidade têm os mesmos direitos. O respeito é necessário, como um dos valores fundamentais que garantem a integridade própria e a dos outros; e esse respeito deve ser estendido a todos os membros da sociedade. A memória é necessária, porque as pessoas devem aprender a não repetir os erros, a usar a nossa inteligência para entender que há situações que não podem ser repetidas, porque custam vidas. E é necessária a ação, porque o descontentamento e o tédio nos roubam a vida e o futuro de nossos filhos e filhas.
É a hora de escolher se estamos realmente comprometidos, se fazemos esse esforço ou se deixamos que a história se repita. Se queremos"defender" uma nação contra o mundo ou se somos "umma", a nação humana, o futuro onde todos nos encaixamos .
Obrigado. Wassalam (Paz).
M. Yiossuf Adamgy - Diretor da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán

Por Barbara Ruíz-Bejarano* - 11 de dezembro de 2018 Versão portuguesa de: M. Yiossuf Adamgy *Bárbara Ruíz-Bejarano  é Diretora de Relações Internacionais do Instituto Halal e Diretora da Escola Halal em Espanha

domingo, novembro 18, 2018

As Américas antes de Colombo!

Hajj Hamzah Diretor ILAEI para Goiás
Engraçado, quando estamos no primário, hoje, estudos fundamentais, temos a certeza que quem descobriu a América e o Brasil, foram Cristovam Colombo e Pedro Alvare Cabral. Nos segundo grau aparecem as dúvidas e no passo seguinte vem a certeza de que apenas levaram essa glória!.

Segundo o Dr. Yussef Mroueh, numerosas são as evidências que sugerem que muçulmanos vindos da Espanha e África Ocidental tenham chegado às Américas há, pelo menos, 5 séculos antes de Colombo.

Há registros, por exemplo, de que em meados do século X, durante o reinado do califa omíada
Abdul-Rahman III (926-961), muçulmanos de origem africana, partindo do porto espanhol de Delba (Palos), navegaram o "Mar Tenebroso". Após uma longa ausência, eles retornaram com uma carga preciosa, conseguida em "uma terra estranha e curiosa". Sabe-se que muçulmanos acompanharam Colombo, e os exploradores que se seguiram, em viagens ao Novo Mundo.

A última fortaleza muçulmana na Espanha, Granada, caiu em mãos de cristãos em 1492 d.C., um pouco antes do início da Inquisição espanhola. Para escapar da perseguição religiosa, muitos não cristãos fugiram ou se converteram ao catolicismo. Em pelo menos dois documentos podemos inferir a presença de muçulmanos na América espanhola antes de 1550 d.C., não obstante o fato de um decreto baixado em 1539 d.C, por Carlos V, rei de Espanha, ter proibido que netos de muçulmanos, que tivessem sido queimados na fogueira, migrassem para as Índias Ocidentais. Este decreto foi ratificado em 1543 d.C., juntamente com a publicação de uma ordem de expulsão de todos os muçulmanos dos territórios ultramarinos espanhóis. São muitas as referências sobre a chegada de muçulmanos às Américas e elas podem ser resumidas nas notas que se seguem:

Documentos históricos

1.Abul-Hassan Ali Ibn Al-Hussain Al-Masudi (871-957 d.C), um historiador e geógrafo muçulmano, escreveu em seu livro "Muruj Adh-dhahab wa Maadim al-Jawahar" (Os Campos de Ouro e as Minas de Jóias), que durante o reinado do califa muçulmano da Espanha, Abdullah Ibn Muhammad (888-912 d.C), um navegador muçulmano Khashkhash Ibn Saeed Ibn Aswad, de Córdoba, na Espanha, navegou de Delba (Palos) em 889 d.C, cruzou o Atlântico e alcançou um território desconhecido (Ard Majhoola) e retornou com tesouros fabulosos. No mapa de Al-Masudi há uma grande área no "Mar Tenebroso" (oceano Atlântico) que se refere a esse território (as Américas). 
2.Abu Bakr Ibn Umar Al-Gutiyya, um historiador muçulmano, contou que, durante o reinado do califa muçulmano, Hisham II (976-1009 d.C), um outro navegador muçulmano, Ibn Farrukh de Granada, saindo de Cadiz (fevereiro de 999 d.C) aportou em Gando (ilhas Canárias), visitando o Rei Guanariga e continuou em direção oeste, onde avistou duas ilhas, dando-lhes os nomes de Capraria e Pluitana. Ele retornou à Espanha em maio de 999 d.C.
3.Colombo saiu de Palos (Delba), na Espanha, com destino a Gomera (Ilhas Canárias) – Gomera é uma palavra árabe que significa "pequeno incendiário". Lá, ele se apaixonou por Beatriz Bobadilha, filha do capitão-geral da ilha (o nome Bobadilha é derivado do arabo-islâmico (Abouabdilla). Ainda assim, o clã Bobadilha não foi condescendente. Um outro Bobadilha (Francisco), mais tarde comissionário real, colocou Colombo na cadeia e o transferiu de Santo Domingo de volta para a Espanha (novembro de 1500 d.C). A família Bobadilha era ligada à dinastia de Sevilha (1031-1091 d.C). Em 12 de outubro de 1492, Colombo aportou em uma pequena ilha das Bahamas, que era chamada de Guanahani pelos nativos e rebatizada de São Salvador por Colombo. Guanahani é derivado do mandinga e é uma corruptela das palavras árabes Guana (Ikhwana), que significa "irmãos" e Hani, nome próprio árabe. Portanto, o nome original da ilha era "Irmãos Hani". Ferdinando Colombo, filho de Cristóvão, escreveu sobre a presença de negros, visto por seu pai em Honduras: "As pessoas que vivem mais a leste de Pointe Cavinas, até Cabo Gracias a Diós, são quase negras na cor." Ao mesmo tempo, na mesma região, vivia uma tribo de nativos muçulmanos, conhecidos como Almamy. Nas línguas árabe e mandinga, Almamy era a designação para "Al-Imam" ou "Al-Imamu", a pessoa que conduz a prece ou, em alguns casos, o chefe da comunidade e/ou um membro da comunidade muçulmana. 
4.Leo Weiner, um historiador e linguista americano da Universidade de Harvard, em seu livro "A Descoberta da América" (1920), escreveu que Colombo sabia muito bem da presença mandinga no Novo Mundo e que muçulmanos da África Ocidental haviam se espalhado pelos territórios doCaribe e das Américas do Norte, Central e do Sul, inclusive do Canadá, onde eles acabaram por se casar com indígenas das tribos iroquês e algonquin.

Explorações geográficas

1.O renomado geógrafo e cartógrafo muçulmano Al-Sharif Al-Idrisi (1099-1166 d.C) escreveu em seu livro Nuzhat al-Mushtaq fi-Ikhtiraq al-Afaq, que um grupo de marinheiros (da África do Norte), saindo do porto de Lisboa (Portugal), navegou pelo mar Tenebroso (oceano Atlântico) a fim de descobrir como ele era e qual era a extensão de seus limites. Finalmente, eles alcançaram uma ilha onde havia um povo e plantação ... no quarto dia, um tradutor falou com eles em árabe. 
2.Livros muçulmanos mencionavam uma descrição bem documentada de uma viagem através do mar Tenebroso, feita pelo Shaikh Zayn-eddine Ali bem Fadhel Al-Mazandarani. Sua viagem começou em Tarfay (sul do Marrocos), durante o reinado do rei Abu-Yacoub Sidi Youssef (1286-1307 d.C), até a Ilha Verde, no mar do Caribe, em 1291 d.C. Os detalhes de sua viagem oceânica são referências islâmicas e muitos eruditos muçulmanos conhecem este fato histórico. 
3.O historiador muçulmano Chihab Addine Abul-Abbas Ahmad bem Fadhl Al-Umari (1300-1384 d.C), em seu livro "Masaalik al-absaar fi Mamaalik al-amsaar", descreveu, em detalhes, as explorações geográficas além do mar Tenebroso feitas por sultões do Mali. 
4.O sultão Mansa Kankan Musa (1312-1337 d.C) foi um conhecido monarca mandinga do império islâmico do Mali. Quando estava viajando para Macca, em seu famoso hajj, em 1324 d.C, ele disse a estudiosos da corte do sultão mameluco Bahri (an-Nasir-eddin Muhammad III, 1309-1340 d.C), no Cairo, que seu irmão, o sultão Abu Bakr I (1285-1312 d.C), havia empreendido duas expedições pelo oceano Atlântico. Como o sultão não retornasse a Timboctu dessa segunda viagem de 1311 d.C, Mansa Musa acabou por se tornar o sultão do império. 
5.Colombo e os primeiros exploradores espanhóis e portugueses, só foram capazes de cruzar o Atlântico (uma distância de 24.000 km) graças ao conhecimento muçulmano sobre geografia e navegação, principalmente os mapas feitos por comerciantes muçulmanos, inclusive Al-Masudi (871-957 d.C) em seu livro Akhbar Az-Zaman (História do Mundo), que é baseado em material reunido na África e na Ásia. Aliás, Colombo tinha dois capitães de origem muçulmana em sua primeira viagem transtlântica: Martin Alonso Pinzon, que era capitão da nau Pinta, e seu irmão Vicente Yanez Pinzon, que era capitão da nau Nina. Eles eram ricos e experientes em navios e ajudaram a organizar a expedição de Colombo e a consertar a nau capitânea Santa Maria. E fizeram isso às suas próprias custas por interesse tanto político quanto comercial. A família Pinzon era ligada ao sultão marroquino Abuzayan Muhammad III (1362-66 d.C).

Inscrições arábicas (islâmicas)

1. Antropólogos provaram que os mandingos, seguindo as intruções de Mansa Musa, exploraram muitas partes da América do Norte, subindo o rio Mississipi e outros sistemas fluviais. Em Four Corners, Arizona, documentos comprovam que até elefantes eles trouxeram da África para essa área.

2. Em seus diários, Colombo admitiu que no dia 21 de outubro de 1492, uma segunda-feira, quando ele estava navegando próximo a Gibara, na costa nordeste de Cuba, ele viu uma mesquita no alto de uma bela montanha. As ruínas de mesquitas e minaretes com inscrições de versículos alcorânicos foram escobertos em Cuba, México, Texas e Nevada.

3. Durante sua segunda viagem, os nativos de Hispaniola (Haiti) disseram a Colombo que negros tinham estado na ilha antes de sua chegada. Como prova, eles o presentearam com lanças daqueles muçulmanos africanos. Essas armas eram arrematadas na ponta com um metal amarelo que os nativos chamavam de guanine, uma palavra de origem africana que siginifica "mistura de ouro". Estranhamente, está relacionada como a palavra árabe ghinaa, que quer dizer "riqueza!. Colombro levou algumas guanines para a Espanha e lá elas foram testadas. Ele, entãoo, soube que o metal era composto de 18 partes de ouro (56,25 %), seis partes de prata (18,75 %) e oito partes de cobre (25 %), a mesma proporção do metal produzido na nos mercados africanos da Guiné.

4. Em 1498 d.C., em sua terceira viagem ao Novo Mundo, Colombo aportou em Trinidad. Mais tarde ele avistou o continente sul-americano, onde alguns de seus tripulantes desceram em terra e encontraram nativos usando lenços coloridos em algodão tecido simetricamente. Colombo percebeu que aqueles lenços lembravam os lenços de cabeça e as tangas da Guiné, com suas cores, estilo e função. Ele se referiu a eles como os Almayzars, que é uma palavra árabe para "capa", "cobertura", "avental" e/ou saia, e que era a roupa usada pelos mouros (muçulmanos espanhóis e africanos do norte), que chegaram ao Marrocos, Espanha e Portugal vindos da África Ocidental (Guimé). Durante esta viagem, Colombo se surpreendeu com as mulheres casadas que vestiam calças de algodão (bragas) e imaginou como aquelas nativas
podiam ter aprendido sobre a modéstia. Hernando Cortez, o conquistador espanhol, descreveu a roupa das nativas como longos véus e a dos nativos como uma espécie de "bombachas, pintadas no estilo das tapeçarias mouriscas". Ferdinando Colombo chamou essas roupas de algodão "bombachas do mesmo desenho e roupa com os xales usados pelas mouras de Granada". Até a semelhança das redes das crianças com as usadas na Africa do Norte era fantástica.

5. O Dr. Barry Fell, da Universidade de Harvard, apresentou em seu livro "A Saga da América" - 1980, sólidas evidências científicas que amparam a tese da chegada de muçulmanos da África do Norte e Ocidental, muitos séculos antes de Colombo. O Dr. Fell descobriu a existência de escolas muçulmanas em Nevada, Colorado, Novo México e Indiana, datando de 700-800d.C. Entalhado nas pedras do antigo oeste americano, ele encontrou textos, diagramas e cartas, representando os últimos fragmentos vivos do que uma vez foi um sistema de escolas, tanto primária quanto secundária. A língua usada era o árabe norte-africano, escrito no antigo kufi. As matérias de ensino incluiam escrita, leitura, aritmética, religião, história, geografia, astronomia e navegação marítima. Os descendentes dos visitantes muçulmanos da América do Norte eram membros das atuais tribos iroqueses, algonquins, anasazis, hohokam, olmec.

6. Existem 565 nomes de lugares (vilarejos, cidades, montanhas, lagos, rios, etc.), 484 nos Estados Unidos e 81 no Canadá, que são derivados de raízes árabes e islâmicas. Esses lugares foram originalmente batizados pelos nativos do período pre-colombiano. Alguns desses nomes tinham significado sagrado, tais como Meca (Indiana) - 720 habitantes, tribo indígena Makka (Washington), Medina (Idaho) - 2.100 habitantes, Medina (NY) - 8.500 habitantes, Medina e Hazen (Dacota do Norte) - 1.100 habitantes e 5.000 habitantes, respectivamente, Medina (Ohio) - 12.000 habitantes, Medina (Tenessee) - 1.100 habitantes, (Medina (Texas) - 26.000 habitantes, (Medina (Ontário) - 1.200 habitantes, Maomé (Illinois) - 3.200 habitantes, Mona (Utah) - 1.100 habitantes, Arva (Ontário) - 700 habitantes, e muitos outros. Um estudo cuidadoso dos nomes das tribos indígenas revelou que muitos deles derivaram de raízes árabes e islâmicas, como, por exemplo, Apache, Arauaque, Arikana, Cheroque, Hohokam, Makka, Nazca, Zulu, Zuni, etc.

domingo, setembro 30, 2018

A Mulher e suas Contribuições para o Islam e para a Ummah

Al hamdulillahi Rabi al’alamin, wa salatu wa salamu ála Rasulullah

Muitas são as controvérsias a respeito da conduta feminina, principalmente no que se refere ao seu papel nas atividades sociais. Mas tais controvérsias são resultado não apenas da falta de informação e desvios interpretativos, mas como também da intenção de proteção da mulher ante a corrupção e licenciosidade da humanidade sem uma sociedade islâmica. Os textos islâmicos, porém, são claros a respeito do assunto, determinando os direitos e deveres da mulher, assim como as diretrizes de seu comportamento a nível individual e social.

A mulher é a maior vítima dessa desinformação, uma vez que é lesada em seus direitos, porém, a sociedade também sofre, uma vez que ela deixa de realizar atividades úteis para Ummah.

Nos deparamos com dois tipos básicos de situação na atualidade: por um lado, vemos mulheres que, por não terem uma educação islâmica adequada, e nem acesso à informação, não compreendem a sabedoria das prescrições islâmicas: inconformadas com restrições não são capazes de compreender, acabam cedendo ao ilusório ideal de falsa liberdade, e se afastando dos ideais islâmicos, negligenciando as ordens de Allah, sacrificando suas identidades islâmicas e aderindo ao modo de vida materialista-capitalista, abandonando o código de conduta e a moral islâmica. Esta atitude causa um verdadeiro desastre social, não só porque a mulher é um dos pilares da família, mas como também porque ela é uma das maiores origens de fitna: quando ela se afasta dos ideais islâmicos, toda sociedade se desestrutura.

O Rasulullah disse :

“Não deixei atrás de mim nenhuma fitna maior para os homens do que as mulheres.”

Os cuidados com o comportamento feminino são muito importantes para saúde da família e da sociedade, por isso a shari’a al-islamiya tem uma preocupação especial em relação ao assunto.

Mas a ausência de uma sociedade saudável, uma sociedade islâmica, associada à falta de ensino adequado e, além do fato das mulheres serem mais vulneráveis à pressão da colonização cultural, levou os homens, com a intenção de protegeram as mulheres sob sua responsabilidade, à uma radicalização das prescrições islâmicas, limitando as atividades sociais da mulher além dos limites de Allah. Ainda que o objetivo de tais medidas seja a proteção da mulher e da sociedade, as conseqüências são prejudiciais, não apenas porque a mulher lesada em seus direitos sente-se reprimida e tende a se revoltar, ficando ainda mais vulnerável às promessas mentirosas dos materialistas inimigos do Islam, assim como impede que a mulher realize atividades que são vitais para esta Ummah, principalmente em momentos de crise, privando a sociedade de uma ajuda vital.

A instrução da mulher, que leva, através do conhecimento, ao amor pelo Islam e à consolidação de consciências, mentalidades e identidades islâmicas, é um assunto vital, que pode significar o sucesso ou o fracasso desta comunidade, uma vez que a mulher que não compreende os ideais islâmicos é mais vulnerável às armadilhas da colonização cultural da aliança cruzado-sionista , e acaba por se tornar uma aliada do inimigo no programa de distorção do Islam.

Hoje em dia, que encontramos basicamente dois tipos de mulheres: as que imitam os kafireen, negligenciando as prescrições islâmicas, e as que abandonam seus direitos, conformadas com a obediência ignorante a limites que elas não compreendem. Ainda que estas não tragam malefício para a Ummah, o fato delas deixarem de nos beneficiar com sua ajuda já é em si um prejuízo, e ainda que elas estejam agradando a Allah obedecendo aos seus guardiões, que tem as melhores intenções ao querer protegê-las, devemos levar em conta que também é pecado declarar ilícito o que Allah (swt) permitiu, pois apenas a Allah cabe definir os limites, e não está ao alcance do homem mudá-los, ainda que com boas intenções: num sistema perfeito, onde todas as peças se encaixam, o desvio de uma única peça causa uma disfunção em toda engrenagem. Ao homem cabe mudar a sociedade, para que ela seja governada pela Lei da Allah (swt), gerando um ambiente no qual todos possam desfrutar de seus direitos e cumprir seus deveres, sem a necessidade de concessões nem extremismos.

O exemplo legado pelas esposas do Profeta e dos Sahaba (ra) deixam claro que, apesar das restrições, a mulher possui um importante papel social e pode disponibilizar sua ajuda em diversas áreas de atuação, trabalhando em benefício do Islam e da Ummah. Privar a Ummah da colaboração da mulher é privá-la de uma ajuda vital, e pode significar a vitória ou a derrota.

Buscando Conhecimento

O primeiro e mais importante papel da mulher na sociedade é o de esposa e mãe. A instrução e o conhecimento são indispensáveis para qualificação no bom cumprimento deste papel: nossas mães são nossas primeiras professoras de Islam e de vida, uma mulher que conhece sua religião e é consciente de seus deveres islâmicos cria seus filhos numa atmosfera de amor e obediência a Allah, fazendo-os crescer amando o Islam e respeitando os limites de Allah por amor e não por imposição. Uma mulher ignorante, que não conhece, por isso não ama sua religião, fica mais vulnerável à contaminação cultural e tende a transmitir sua falta de firmeza na religião para seus filhos, prejudicando não apenas sua família, mas toda a comunidade.

Por isso, a mulher, mesmo que apenas para cumprir seu papel primordial, de esposa e mãe, tem o dever de se instruir, para que seja capaz de compreender seu marido, incentivá-lo à prática das boas ações e criar seus filhos, num ambiente islâmico, ensinando e incentivando a aderência aos valores islâmicos e a prática do Islam. O papel vital da mãe na formação de seus filhos lhe incumbe tal responsabilidade, para que possa dar uma educação islâmica sólida, que formará bons muçulmanos que darão sua contribuição para nossa comunidade.

A busca do conhecimento é uma obrigação para homens e mulheres, o Rasulullah disse:

“Buscar conhecimento é um dever de todo muçulmano.” (hadiss hasan narrado por in Maajah)

As mulheres da geração de ouro eram muito entusiasmadas na busca do conhecimento, e o fato de serem mulheres não as impedia de ter aulas direto com o Profeta, como evidencia o hadiss no qual as mulheres dos ansar pedem ao Rasulullah:

“Aponte um dia especial para que venhamos aprender com você, porque os homens tomam todo o seu tempo e não deixam nada para nós.” Ele respondeu: “O tempo de vocês será na casa de fulana (uma das mulheres).” Então ele ia a elas no lugar marcado e lhes ensinava.” (Fath al Baari)

As mulheres das primeiras gerações nunca deixavam que sua vergonha lhes impedisse de perguntar a respeito dos ensinamentos (ahkaan) do Islam, ainda que para homens, porque estavam perguntando pela verdade, e :

“Allah não se envergonha (de dizer) a verdade” (TSQ, 33:53)

O fato de o Profeta responder diretamente às perguntas das mulheres dos ansar a respeito da religião deixa claro que é permitido para mulher buscar conhecimento junto ao homem. Aisha (ra) narrou que Asmma’ bint Yazeed ibn as-Sakan al-Ansaariyah perguntou ao Profeta sobre como deveria realizar o ghusl (banho completo) ao término de seu período menstrual, ele respondeu:

“Quando o período de uma mulher terminar, ela deve pegar água e se purificar apropriadamente, lavando-se, deve pegar um pedaço de tecido que tenha sido perfumado com almíscar e limpar-se com ele.” Asma’ perguntou: “Como devemos nos limpar com ele?” O Profeta disse: “Subhana Allah, vocês devem se limpar com ele.”, notando a vergonha de ambos, Aisha(ra) chamou-a de lado e lhe disse em privacidade: “Retire com ele os traços de sangue.” (Fath al Baari)

Num outro hadiss, no qual Asma’ pergunta sobre o banho em estado de janaba, depois do Profeta explicar qual o procedimento adequado, Aisha (ra) comentou:

“Como são boas as mulheres dos ansar! A vergonha não as impede de procurar compreender o Deen de maneira apropriada!” (Fath al Baari)

As mulheres da primeira geração nunca hesitavam em se empenhar na compreensão dos ensinamentos do Islam, e perguntavam tudo o que não entendiam, até que o assunto ficasse esclarecido.

Dentre as mulheres que se destacaram por sua inteligência e conhecimento, o nome de Aisha bint Abu Bakr(ra) é sempre o primeiro a ser mencionado. Além de ser a narradora de inúmeros ahadiss, ela foi a primeira faqeeha(mulher jurisprudente) do Islam, contando apenas com dezenove anos de idade. Era comum os Sahaba(ra) submeterem os assuntos a sua apreciação, e aderirem a sua opinião como palavra final. Seu conhecimento e compreensão não estavam limitados aos assuntos referentes à religião, ela se distinguia nos campos da poesia, história, medicina , literatura, gramática, astronomia, entre outras áreas do conhecimento. Ibn Hishaan, conta de seu pai Urwah ibn az-Zubayr, que disse:

“Eu nunca conheci ninguém mais versado em fiqh ou medicina ou poesia do que Aisha’(ra).” (Taarikh at Tabari)

Aisha (ra) também era muito eloqüente em suas palestras, e não as resumia a platéias exclusivamente femininas, ensinado também homens, permitindo que eles se beneficiassem de seu vasto conhecimento, tendo levado al-Ahnaf ibn Qays a dizer: “Eu ouvi as palestras de Abu Bakr, Umar, Uthman e Ali (ra), e dos khulafaah que vieram depois deles, mas jamais ouvi uma palestra mais eloqüente que as de Aisha (ra)”.

Musa ibn Talha disse:

“Eu nunca vi ninguém mais eloqüente e puro na fala do que Aisha (ra).” (Tirmidhi)

Assim, fica claro que a mulher não apenas pode aprender com os homens mas também pode ensinar a eles.

Mesmo após a geração do Profeta, outras mulheres foram exemplo de interesse pela religião, empenho na aquisição de conhecimento e seu ensino. Dentre elas, destacamos a filha de Sayd al-Musayyb, um erudito de sua época, que viveu no tempo de Khalifa Abdul-Malik ibn Marwan. Ele recusou a casar sua filha com o Khaleefa, e a deu em casamento para um de seus melhores alunos, Abdullah ibn Wadaa’ah. Ela era uma das pessoas de sua época mais versada em Qur’an, Sunnah, e direitos e deveres do casamento. Depois de casados, uma manhã. Abdullah levantou-se e preparou-se para sair. Sua esposa lhe perguntou: “Onde você vai?”, ele disse : “A aula de seu pai, Sayd al-Musayyb, para aprender.”, ela disse: “Sente-se, eu vou lhe ensinar o que o Sayd sabe.”. Por um mês, Abdullah não compareceu aos círculos de Sayd al-Musayyb, porque os conhecimentos que sua esposa aprendera com seu pai e lhe passava eram suficientes. Que os homens tomem o exemplo de Abdullah ibn Marwan, e dêem as suas esposas seu mérito, e aprendam com elas o que possam ensinar! É comum vermos os homens resistentes a aprenderem com suas esposas: o fato deles serem seus guardiões e responsáveis por elas, não implica em que elas não possam ter um conhecimento superior ao deles em certos assuntos, e seja quem for que tenha o conhecimento maior, o marido ou a esposa, sua obrigação é dividi-lo, ensinando ao outro. Muitas vezes, o orgulho impede que os maridos dêem o devido mérito a suas esposas, e desfrutem de tudo que elas podem lhes oferecer, inclusive o conhecimento.

Muitas mulheres se destacaram campo do conhecimento, não só como alunas mas também como professoras. Haafiz ibn Asaakir (morto em 571H, por volta de 1193 ad), um dos mais confiáveis narradores de ahadith, conhecido como “haafiz al-ummah”, conta oitenta mulheres entre seus professores e shaikhs. Como narradoras de ahadiss, contam-se centenas de mulheres, que se destacam por sua sinceridade e lealdade à verdade, isto foi comentado pelo Iman al-Haafiz adh-Dhahabi, em seu Mizaan al-I’tidaal, no qual ele declara que encontrou centenas de homens cujos relatos são duvidosos, e comentou:

“Eu não soube de nenhuma mulher que foi acusada de faltar com a verdade numa narrativa, ou cujo hadiss foi rejeitado.”

Hoje em dia, poucas são as mulheres que se preocupam em buscar pelo conhecimento, e ainda mais raras são as que se empenham em aplicá-lo, agindo de acordo com ele, ou ensinando-o. As mulheres muçulmanas da atualidade devem seguir o exemplo de suas predecessoras, e se empenharem em adquirir conhecimento, qualificando-se como muçulmanas, cidadãs, esposas e mães, aprendendo e ensinando, atendendo a todas as demandas que esta Ummah requer delas, contribuindo com sua comunidade, uma contribuição fundamental, que vem faltando a Ummah há muito tempo.

Os homens, por sua vez, também devem seguir os exemplo de seus predecessores, e reconhecer o valor das mulheres de conhecimento, sejam suas filhas, esposas, irmãs ou mães, aprendendo com elas e lhes designando o status que lhes é devido. E também vencendo a barreira do preconceito, que não encontramos nas gerações passadas, e aprendendo com as mulheres de conhecimento, que por certos não são fonte de fitna, uma vez que, enquanto possuidoras de intelecto e conhecimento, sabem se comportar adequadamente, respeitando os limites de Allah(swt) sem, no entanto, privarem-se de aprender ou privarem a sociedade de se beneficiar de seu conhecimento. Um bom entendimento da religião leva homens e mulheres a buscar o conhecimento. Um profundo conhecimento da religião os leva a agir conforme o que sabem. Um deve aprender com o outro, dentro dos limites estabelecidos por Allah(swt), a Ummah conta com a colaboração de ambos: apenas quanto cada membro desta sociedade realizar da da melhor maneira possível seus deveres individuais, como faziam nossos predecessores, esta Ummah voltará a ser o que deve ser, a melhor nação que já surgiu na humanidade.

Ajudando na Causa de Allah

O empenho pelo estabelecimento da Lei de Allah na terra é um dever religioso, e um ato de adoração, tanto para homens, como para mulheres, porque garante a todos o direito de viver inteiramente segundo o que Allah prescreveu, e, uma vez que é algo que beneficiará a todos, cabe a todos ajudar em seu estabelecimento, de acordo com suas habilidades naturais e dentro dos seus limites.

As primeiras muçulmanas compreendiam seu dever de ajudar na luta pela causa de Allah, e jamais pouparam esforços nesse sentido, e seu entusiasmo para sacrificar seus bens e suas pessoas pela causa de Allah não era menor do que o dos homens, tendo algumas até os excedido em sua coragem e determinação.

Dentre os mais importantes exemplos de perseverança e amor pela fé , está Sumaya, a mãe de Amr ibn Yassir: sua história é uma das mais famosas do Islam, e é o exemplo do crente que dá pouco valor à vida terrena e se entrega ao sacrifício pela causa de Allah com a certeza que pertence exclusivamente àqueles cuja fé está bem consolidada em seu coração e conhecem Allah: quem é mais digno de confiança do que Allah(swt)?

Nos primeiros tempos do Islam em Makka, Sumaya, seu marido Yassir e seu filho Amr, foram submetidos às mais terríveis torturas por parte dos Quraishitas. Eles eram expostos ao ar livre no deserto árabe no calor do meio-dia, e areia quente era jogada sobre eles, e eram apedrejados. Seu filho Amr, tentando evitar a morte, acabou cedendo, e dizendo as palavras que os mushrikeen desejavam, com o coração cheio de remorso. Concernente a tal episódio, como um consolo para Amr, Allah (swt) colocou uma ressalva no versículo referente à apostasia:

“Aqueles dentre vocês que descrerem após terem aceitado a fé, exceto aqueles que o fizeram sob compulsão, permanecendo seus corações firmes na fé...” (TSQ 16:106)

Mas Sumaya permaneceu firme, paciente, confiante na recompensa de Allah(swt), recusando-se a ceder às pressões dos mushrikeen, até que Abu Jahl a trespassou com sua lança, matando-a, dando-lhe a insuperável honra de se tornar, a primeira mártir do Islam: ela e seu marido Yassir foram os primeiros muçulmanos que morreram pela causa de Allah. Sumaya é um exemplo eterno de determinação e fé para homens e mulheres, escreveu com seu sangue seu lugar na história, e conquistou a posição de honra que todos nós almejamos. Allah(swt) honrou todas as mulheres através de Sumaya, quando a escolheu como mártir, e deu um recado a todas as mulheres desta Ummah: firmeza e determinação são prescritas para todos, homens e mulheres igualmente, assim como a ambos são dadas oportunidades para que atinjam a glória suprema, as melhores recompensas estão reservadas para os mais meritórios, sejam homens ou mulheres.

Dentre as mulheres cujo papel foi essencial na história do Islam destaca-se Asma’ bint Abu Bakr(ra), que ficou responsável por levar água e comida para o Profeta e seu pai(ra) durante os dias em que eles ficaram escondidos no monte Thawr, durante a Hijra. O local era isolado e à grande distância de Makka, mas nem as dificuldades, nem os perigos da missão - uma vez que os quraishitas os perseguiam e havia espiões espalhados - a impediram de realizar seu papel competentemente. Ela sofreu intensa pressão dos mushrikeen, que a cercavam e interrogavam a respeito de seu pai, sempre se manteve firme, até quando levou um soco de Abu Jahl. Nada diminuiu sua determinação, e ela realizou sua missão de forma eficiente, abastecendo seu pai(ra) e o Profeta de suprimentos, sem deixar que ninguém descobrisse o esconderijo deles, até que deixassem a caverna e seguissem para Madeena. Allah honrou todas as mulheres ao escolher Asma’(ra) para realizar esta missão, para que ela sirva como exemplo, e todos saibamos a que ponto pode chegar a relevância do papel que a mulher pode realizar na causa de Allah(swt).

Duas mulheres estavam presentes no Tratado de 'Aqabah, que posteriormente tiveram oportunidade de provar sua coragem e fé participando de batalhas junto com o Profeta, Naseebah bint Ka’b al-Maaziniyah e Umm Manee, Asma’ bint Amr al-Sulamiyah, mãe de Muadh ibn Jabal(ra), tendo sido este um encontro político, o caminho para participação das mulheres na política estava aberto.

Umm Kalthoom bint Uqbah ibn Abi Um’ayt foi um exemplo de força e coragem quando migrou sozinha de Makka para Madeena, no tempo do Tratado de Hudaybiyah. Quando ela chegou a Madeena, disse ao Profeta: “Eu fugi para você com minha religião, então, proteja-me e não me mande de volta para eles, porque eles vão me punir e me torturar e eu não terei força e nem serei paciente o suficiente para resistir. Sou apenas uma mulher, e você conhece a fraqueza das mulheres, eu sei que você já mandou dois homens de volta.” O Profeta disse:

“Allah cancelou este tratado em relação às mulheres.”(ibn al-jawzi)

Allah revelou no Qur’an referente às mulheres que fugiam de Makka para salvaguardar sua fé, abolindo o tratado em relação a elas, permitindo que elas não fossem mandadas de volta para os mushrikeen, desde que o Profeta as testasse e se assegurasse de que elas haviam migrado pela causa de Allah, e não com algum propósito terreno, abrindo um precedente para que as mulheres que se sentem oprimidas e impossibilitadas de praticar sua religião, migrem pela causa de Allah, ainda que fugidas.

“Oh crentes! Quando as mulheres crentes se apresentarem a vocês, refugiadas, examinam-nas e testem-nas: Allah conhece melhor a fé delas, se você estiver seguro de que elas são crentes, não as mande de volta para os descrentes. Elas não são esposas lícitas para os descrentes, e eles não são maridos lícitos para elas.” (TSQ, 60:10)

Muitas mulheres também participaram de batalhas junto com o Profeta, mostrando que o papel da mulher, ainda que seja menor que o do homem, pode ser relevante e glorioso, e que as oportunidades que o homem tem de lutar pela causa de Allah também estão ao alcance das mulheres.

Profeta sempre permitia que suas esposas, e outras mulheres dos ansar, fossem ao campo de batalha para atender os feridos, preparar a comida, busca e distribuir água. Umm Atyah al-Ansariya narrou:

“Eu fui a sete campanhas militares como Profeta, eu ficava atrás do campo de batalha, preparando a comida e atendendo os doentes e os feridos.” (Muslim)

Bukhari e Muslim transmitiram de Anas(ra);

“No dia de Uhud, algumas pessoas se dispersaram do Profeta, Abu Talha permaneceu com ele , defendendo-o como um escudo. Abu Talha era um ótimo arqueiro, e naquele dia ele quebrou três arcos. A todos que passavam com flechas, o Profeta dizia: ‘deêm-nas a Abul Talha!’. Quando ele levantava sua cabeça para ver o que estava acontecendo, Abu Talha(ra) dizia: ‘O Rasulullah, meu pai e minha mãe sejam sacrificados por você! Não levante a cabeça, ou uma flecha poderá atingi-lo. Que firam o meu peito, e não o seu!’ Eu vi Aisha bint Abu Bakr e Umm Sulaym, carregando água nas costas e dando de beber aos combatentes, cada vez que a água acabava, elas iam buscar mais e davam de beber aos combatentes. Naquele dia, a espada de Abu Talha(ra) caiu de sua mão duas ou três vezes por causa do cansaço.” (Fath al Baari)

Que grande serviço dar água aos combatentes no calor do Hidjaz numa batalha exaustiva! Que importante papel elas desempenhavam.

Fátima az-Zahra (ra) também estava presente em Uhud, ela cuidou dos ferimentos de seu pai: ela queimou um pedaço de esteira de palha e colocou as cinzas em sua ferida, estancando o sangramento.

Mas as mulheres também contribuíram no combate. Uma das mulheres que mais se destacaram como combatente é Naseebah bint Ka’b al-Maaziniyah, Umm Umara(ra). No começo da batalha de Uhud, ela, como as outras mulheres, atendia os feridos e trazia água, mas quando os arqueiros desobedeceram o comando do Profeta e a batalha reverteu em prejuízo dos muçulmanos, Naseebah empunhou sua espada e se juntou ao pequeno grupo que permanecera com o Profeta, atuando como escudo humano para protegê-lo das flechas dos mushrikeen. Toda vez que o perigo se aproximava do Profeta, ela se apressava em protegê-lo. O Rasulullah percebeu e depois comentou: “ Toda vez que eu me virava para esquerda ou para direita, eu a via lutando por mim.” Neste dia, Nassebah(ra) sofreu vários ferimentos. O Profeta chamou seu filho e comentou:

“Sua mãe, sua mãe! Veja seus ferimentos! Que Allah abençoe você e sua família! Sua mãe lutou melhor do fulano e fulano!” Quando a mãe dele ouviu o que o Profeta dizia, ela disse: “Reze para Allah para que eu possa acompanhá-lo no Paraíso!” Ele disse: “Oh Allah faça deles meus companheiros no Paraíso” , e ela disse: “ Eu não me importo com o que acontecerá comigo neste mundo.” (sirat ibn Hisham)

A jihad de Umm Umara(ra) não se limitou a participação em Uhud, ela também esteve presente no Tratado de Aqaba, em al-Hudaybiyah, Khaibar e Hunayn, onde também teve uma conduta heróica. Durante o governo de Abu Bakr(ra), ela participou da batalha de Yamamah, onde lutou brilhantemente, recebeu onze ferimentos e perdeu uma das mãos. O Profeta lhe deu a boa nova de que ela entraria no Paraíso.

Outra mulher combatente foi Umm Sulaym bint Milhan, que assim como as outras mulheres, costumava ir ao campo de batalha para atender os feridos e dar água aos combatentes, mas ela se destaca pelo seu comportamento na Batalha de Hunayin. Mesmo estando nos últimos meses de gravidez, Umm Sulaym fez questão de acompanhar seu marido Abu Talha(ra) e o Profeta na conquista de Makka, e teve a honra de participar de um dos momentos mais emocionantes da história do Islam. Poucos dias depois, aconteceu a batalha de Hunaiyn, que foi uma severa provação para os muçulmanos. Muitos fugiram do campo de batalha, ficando ao lado do Profeta apenas um pequeno grupo de muhajreen e ansar, Umm Sulaym e Abu Talha(ra) faziam parte deste grupo.

“No dia de Hunayin, Umm Sulaym empunhou uma adaga. Abu Tallha a viu e disse: “ Oh Rasulullah, Umm Sulayim tem uma adaga!” Ele perguntou para ela: “O que é esta adaga?”, ela disse: “Eu peguei isso para que se algum mushrikeen se aproximar de mim, eu possa rasgar seu estômago com isto.”. O Rasulullah começou a rir. Ela disse: “O Rasulullah, mate todos os ‘tulaqa’(aqueles que entraram no Islam no dia da conquista de Makka) que o abandonaram no campo de batalha.” Ele disse: “Allah é suficiente para nós e Ele tomou conta de nós.” ( Sahih Muslim)

Umm Sulayim ficou firme ao lado do Profeta nesta batalha em que mesmo os mais corajosos homens foram postos a prova. O Profeta lhe deu a boa nova de que ela iria para o Paraíso. Narrado por Jabir ibn Abdullah(ra) e outros, que o Profeta disse:

“Eu estava no Paraíso, e então vi al-Rumaysa (apelido de Umm Sulaym), esposa de Abu Talha!” (Bukhari e Muslim)

Ele costumava visitar Umm Sulaym e sua irmã Umm Haram, e logo que deu a boa nova para Umm Sulaym, contou a Umm Haram que ela singraria os mares junto com aqueles que sairiam para combater pela causa de Allah.

Bukhari transmitiu de Anas(ra):

“O Rasulullah(saws) visitou a filha de Milhan, e adormeceu um pouco. Então ele acordou e sorriu, e ela perguntou: “Porque você está sorrindo, oh Rasulullah?” Ele disse: “Algumas pessoas de minha Ummah cruzarão o verde oceano pela causa de Allah e eles se parecerão com reis em seus tronos.” Ela disse: “O Rasulullah, reze a Allah(swt) para que eu seja um deles!”, ele disse: “Oh Allah, faça delas uma entre eles!”. E então, ele adormeceu de novo. Acordou sorrindo, e ela perguntou de novo porque ele estava sorrindo, ele deu uma resposta similar e ela disse de novo: “ Reze para Allah para que eu seja um deles. “ Ele disse: “ Você estará entre os primeiros deles não entre os últimos deles!”

Anas continua: “Ela se casou com Ubaada ibn as-Samit, e saiu para al-jihad com ele, e vijou pelo oceano junto com a filha de Qaraza(esposa de Mwuayia). Quando ela voltou, seu cavalo a derrubou, ela caiu e morreu.“

O túmulo de Umm Haram, no Chipre, permanece como o memorial da muçulmana que combateu pela causa de Allah(swt).

Asma’ bint Yazid ibn as-Sakan al-Ansaariya também escreveu seu nome entre as mulheres combatentes. Ela participou da batalha de al-Khandaq com o Profeta, estava presente em al-Hudaybyia, e na batalha de Khaibar. Depois da morte do Profeta, ela continuou seu esforço na jihad pela causa de Allah, no ano 13 H foi para as-Sham com as tropas muçulmanas, participando da batalha de Yarmuk, uma das mais famosas batalhas nas quais as mulheres lutaram lado a lado com os homens. Foi uma dura batalha, e muitos homens tentavam fugir do campo. Mas as mulheres ficaram na retaguarda, e os forçavam a voltar para a batalha com paus e pedras quando tentavam fugir.Ibn Kathir narrou:

“As mulheres muçulmanas lutaram neste dia, e mataram um grande número de romanos. Elas acertavam todos os muçulmanos que tentavam fugir dizendo: ‘Onde vocês estão indo? Vão dos deixar a mercê dos infiéis?’, quando elas lhes falavam deste jeito, eles não tinham escolha senão voltar.”

Neste dia, Asma’ bint Yazid lutou extremamente bem, demonstrando uma coragem que falta a muitos homens. Ela avançou com as linhas de ataque e acertou um grande numero de mushrikeen. Ibn Hajar narrou:

“Umm Salamah al-Ansariya(Asma’bint Yazid) estava presente em Yarmuk. Naquele dia ela matou nove romanos.”

Muitas são as histórias das mulheres que colaboraram, se empenharam e combateram pela causa de Allah, escolhemos algumas apenas para ilustrar como é amplo o campo de atuação das mulheres muçulmanas, e como elas podem dar importantes contribuições para esta Ummah. Como esposa, mãe, aluna , professora ou até mesmo combatente, a contribuição da mulher é imprescindível para esta comunidade, e já é hora de homens e mulheres se conscientizarem disso.

As mulheres devem resguardar-se da fitna, mas devem tirar os véus de suas mentes, percebendo o quanto podem colaborar com esta nação, disponibilizando suas habilidades a serviço da causa de Allah(swt), compreendendo que atuar na causa de Allah (swt) não implica em ultrapassar Seus limites.

Para revitalizar esta comunidade, devemos seguir o exemplo de nossos predecessores, as melhores gerações de muçulmanos, homens e mulheres, e aprender com eles que recato não quer dizer inércia, que pureza não quer dizer inatividade, e que o sucesso da Ummah depende de todos nós, depende da realização de nossos deveres individuais, sendo o empenho pela causa de Allah um deles.

A informação e educação são os primeiros passos no caminho para uma melhor compreensão, por parte de homens e mulheres, de seus direitos, deveres e limites, assim como para que a mulher possa cumprir seu importante papel na sociedade islâmica, colaborando tanto para restabelecimento do Estado Islâmico, como para seu fortalecimento, estabilidade e manutenção. Assim, as mulheres devem procurar o conhecimento islâmico, e os homens devem incentivá-las e lhes ensinar os limites de Allah, e também prepará-las e incentivá-las para atuar em prol da Ummah. Devem vencer o preconceito, e aceitar ajuda das mulheres crentes, no campo do conhecimento ou da ação, porque esta Ummah precisa do trabalho de todos que estejam dispostos a oferecer seus préstimos, para retomar o caminho da liberdade e da prosperidade. Dotada da compreensão necessária, a mulher saberá conjugar o recato com a atividade, perceberá e respeitará a tênue fronteira entre a ação e a respeitabilidade, não deixando de cumprir seu papel, realizando as atividades importantes para esta Ummah, mas também respeitando rigorosamente os limites de Allah. Assim se consolida a verdadeira crente, que se empenha pela causa de Allah(swt), e contribui para que esta Ummah se liberte da opressão e volte a ter um papel de destaque no cenário internacional.

Ihya' Ulum ad-Din, Brasil - Shawwal,1427/ outubro, 2006 - aisha_aini@hotmail.com

Fonte:http://www.religiaodedeus.net/mulher_contribui%C3%A7ao.htm

segunda-feira, setembro 24, 2018

Higiene Pessoal e Saúde Pública no Islão (II)

Esclarecimento à 2ª. QUESTÃO colocada por Dr. Ismael Selemane, por e-mail de 13 de setembro de 2018: A ÁGUA NO ISLÃO: wudu’, banho, mayet antes do enterro e cuidados de higiene ao manusear o cadáver (fonte de transmissão de doenças como o Ébola e não só!).

Prezados Irmãos, Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

2 - A — A ÁGUA NO ISLÃO Considerem a água da qual bebeis Sendo uma religião universal, originalmente nascida nos desertos áridos da Arábia para completar a mensagem dos Profetas anteriores, fazendo descer a revelação na sua última mensagem (o Alcorão), o Islão dota, com as qualidades mais sagradas, a água como dadora da vida e fonte de sustento e purificação. É a origem de toda a vida na terra, a substância da qual Deus (ár. Allah) criou o ser humano (Surat AlFurqan, 25:54). O Alcorão enfatiza a sua importância capital: "E criamos todos os seres vivos da água" (Surat Al-Anbiyaa, 21:30). A água é o elemento principal que existia mesmo antes dos céus e da terra: "E Ele (Deus) foi Quem criou os céus e a terra em seis dias — quando, antes, abaixo de Seu Trono só havia água — para provar quem de vós melhor comporta”. (Surat Hud, 11: 7) . A água de chuva, rios e nascentes que fluem através das páginas do Alcorão para simbolizar a benevolência de Deus: "Ele (Deus) Quem envia os ventos alvissareiros, mercê da Sua misericórdia; e enviamos do céu água pura… " (Surat Al-Furqán, 25:48). Ao mesmo tempo, os crentes são constantemente lembrados de que é Deus que fornece a água doce às pessoas, e que Ele também pode facilmente parar de o fazer: "Haveis reparado, acaso, na água que bebeis? Sois vós, ou somente somos Nós Quem faz descer das nuvens? Se quiséssemos, fá-la-íamos salobra. Por que é, pois, não agradeceis?". (Surat Al-Waqi`ah, 56: 68-70). Neste versículo, os crentes são avisados de que são apenas os guardiões da criação de Allah na terra;  não devem distorcer a Sua Lei, nas vossas próprias mãos. Economizem a água: "A limpeza é metade da fé", disse o Mensageiro (s.a.w.) para os seus companheiros num dos seus Ahadith. Essas palavras bem conhecidas e muitas vezes repetidas revelam não apenas a importância central da pureza e limpeza, mas também o papel essencial que a água desempenha no Islão. A purificação através da ablução (wudu') é um componente obrigatório do ritual da oração islâmica (salat); as orações realizadas num estado impuro não são válidas. Isso significa que os muçulmanos são obrigados a realizar a ablução ritual antes de cada uma das cinco orações diárias. Por outro lado, um ritual mais exaustivo é necessário em ocasiões específicas (gusl). 

O Mensageiro (s.a.w.) insistiu na moderação e economia no uso da água durante a ablução. Advertiu que cada passo de wudu' (ablução) não deveria ser feito mais de três vezes, antes de cada oração; Muhammad (s.a.w.) lavou cada parte apenas duas ou três vezes, nunca fazendo mais do que três vezes, mesmo que houvesse abundância de água. Os comentaristas acrescentaram: "Os homens da ciência desaprovam o exagero e também excedem o número de abluções do Profeta (s.a.w).". 

O Islão também oferece uma solução para os tempos de escassez, usando as acções do Profeta (saw) como guia. Um dia, quando o Profeta Muhammad (saw) estava a viajar pelo deserto com os seus companheiros, a sua esposa A'ishah (r.a.) perdeu o seu colar. Eles passaram muito tempo procurando, e quando chegou a hora da oração, o grupo não estava perto de uma fonte de água. Foi então que Allah revelou o ritual de tayammum (ablução seca) ao Profeta: "Ó vós que credes ... se estiverem doentes ou viajando ... e não conseguirem encontrar água, recorrei à terra limpa e passai (as mãos com a terra) levemente nos vossos rostos e mãos." (Surat An-Nisaa, 4:43). A terra limpa pode, assim, ser usada como substituto da água em circunstâncias excepcionais. De fato, o Profeta (s.a.w.) reconheceu a natureza pura da terra quando disse: "A terra foi criada para mim como uma mesquita e como um meio de purificação". 

A água e a Lei Islâmica O clima árido do deserto da Arábia, do Médio Oriente e do Saara do Norte da África torna a água um recurso valioso e precioso. A Lei Islâmica, a Shari'ah, entra em detalhes sobre o tema da água, para garantir a distribuição justa e equitativa da água na comunidade. A própria palavra Shari'ah está intimamente relacionada com a água. Está incluída nos antigos dicionários árabes e, originalmente, significava "o lugar de onde se desce à água". 

Antes do advento do Islão na Arábia, a Shari`ah foi, na verdade, um conjunto de regras sobre o uso da água: shir`at al-maa' eram as autorizações que davam direito à água potável. O termo foi posteriormente desenvolvido tecnicamente para incluir o corpo de leis e regulamentos prescritos por Allah. A água é uma dádiva de Allah. É uma das três coisas que foram autorizadas para todos os seres humanos: erva (pasto para gado), água e fogo. A água deve ser livremente acessível a todos, e todo o muçulmano que mantém a água que não precisa está em pecado contra Deus. "Ninguém pode recusar o excesso de água sem pecar contra Deus e contra o ser humano". 

Os Ahadith dizem que entre os três tipos de pessoas que Deus irá ignorar no Yaum al Qiam, está "a pessoa que, tendo abundância de água superior às suas necessidades, a nega a um viajante". Há dois preceitos fundamentais que orientam os direitos da água na Shari`ah: Shafa, o direito do sedento estabelece o direito universal dos seres humanos para saciar a sua sede e a dos seus animais; Shirb, o direito à irrigação, dá a todos o direito de regar as suas plantações

Água nas imagens do Paraíso Islâmico (Jannah): As metáforas do Alcorão em que a água é usada para simbolizar Jannah, justiça e misericórdia de Deus, são muito comuns. Desde as inúmeras referências no Alcorão para os rios refrescantes, chuva fresca, e fontes de água de deliciosos sabores no Jannah, pode-se deduzir que a água é a essência dos jardins da Jannah. 

A água flui sob e através deles, trazendo frescura e vegetação e saciando a sede. Os crentes serão recompensados pela sua piedade "sempre correndo rios de água impolúvel, rios de leite imutável no sabor, rios de vinho deleitante para os que o bebem, e rios de mel purificado…" (Surat Muhammad, 47:15). A água do Jannah nunca fica estagnada; flui, corre, ao contrário das águas corrosivas do Jahannam. O Alcorão também compara as águas do Paraíso (Jannah) com retidão moral: "Estarão no Jardim suspenso, onde não ouvirão futilidade alguma; nele haverá um manancial fluente" (Surat Al-Ghashiya, 88: 11-12). 

A COMUNIDADE MUÇULMANA COMEMORA O DIA DE ASHURA O Mundo Islâmico comemora o décimo dia (Ashura) de Muharram do Calendário Islâmico (19-20 setembro 2018), um dia que tem uma tradição triunfante dos Profetas Monoteístas. Neste dia, o Profeta Noé (Noé), a paz esteja com ele, "o salvado de Deus" (Naji Allah), desceu da Arca (al-Fulk) que o preservou do Dilúvio, por graça do Altíssimo; o Profeta Abraão (Ibrahim), a paz esteja com ele, "amigo íntimo de Deus" (Khalil Allah), foi salvo do fogo por intercessão divina quando foi arrojado por Namrod (tirano da Mesopotâmia); o Profeta José (Yusuf) , a paz esteja com ele, "o formoso de Deus" (Jamil Allah), se reuniu no Egipto com o seu pai Jacob (Yaqub), a paz esteja com ele, "o triste de Allah" (Hazin Allah); o Profeta Jonas (Yunus), a paz esteja com ele "o nadador de Deus" (Sabih Allah), foi resgatado pelo Misericordioso do ventre de um peixe gigante, para que ele pudesse ir pregar o monoteísmo para a cidade de Nínive (Iraque); e o Profeta Moisés (Mussa), a paz esteja com ele, "o interlocutor de Deus" (Kalim Allah) , que foi protegido pelo Todo Poderoso, com todos os seus seguidores, do ataque do Faraó, que morreu afogado com as suas hostes. Por esta razão, o Profeta Muhammad (s.a.w.), "o amado de Deus" (Habibullah), " o confiável" (al-Amin), jejuava sempre no dia de Ashura. Abu Hurairah (r.a.) narrou que o Mensageiro de Deus (s.a.w.) disse: "O melhor jejum, depois dos do mês de Ramadão, é no mês de Muharram." Nós lemos no Alcorão Sagrado: "Cremos em Deus, no que nos foi revelado, e no que foi revelado a Abraão, Ismael, Isaac, Jacob e às tribos, no que Moisés, Jesus e os Profetas receberam do seu Senhor. Não fazemos distinção entre nenhum deles e nos submetemos a Ele." (Al-Baqara,"”La Vaca”, 2: 136)

O grande número de referências específicas sobre a topografia de Jannah no Alcorão, levou a muitas tentativas de mapear o Paraíso. Ao longo da história, os governantes muçulmanos desde a Espanha Islâmica até à Pérsia tentaram reproduzir a imagem do Paraíso na concepção dos seus jardins palacianos, criando composições elaboradas com base em água, piscinas e fontes. Os jardins da Alhambra de Granada, o Bagh-eTarikhi em Kashan (Irão), e os jardins do Palácio Imperial em Marraquexe (Marrocos) testemunham esse desejo de imitar o paraíso descrito no Alcorão aqui, na terra. 

Todos são projetados em torno da água, e das fontes que têm sido sutilmente entretecidas na concepção dos belos parques, combinando a água com a bela paisagem natural, para preencher a alma humana com a fé, alegria e felicidade.

Fonte:  M. Yiossuf Adamgy Director da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán

quinta-feira, agosto 30, 2018

Os males que atingem o raciocínio e como tratá-los segundo o ISLAM!

Em nome de Deus, O Clemente! O Misericordioso! 


O Louvor é para Deus, O Louvamos, Imploramos Sua ajuda e Suplicamos o Seu Perdão. E nos refugiamos em Deus contra o mal das nossas almas e das nossas más ações. Aquele a quem Deus guiar ninguém poderá desencaminhar e aquele a quem Deus desencaminhar ninguém poderá encaminhar. Testemunhamos que não há divindade digna de adoração exceto Deus e Testemunhamos que Muhamad é Seu servo e mensageiro. E que a paz e as bênçãos de Deus esteja com o Profeta Muhamad e com seus familiares, seus companheiros, e todos aqueles que seguirem seu exemplo até o Dia do Juízo, Deusuma Amin.

Irmãos e irmãs muçulmanos, amigos e caros leitores! É uma prática no ISLAM, na Oração de Sexta-Feira chamada de Salat Jumua (Salat=Oração e Jumua= sexta-feira),os dirigentes abordarem termos que educam ou amplia a educação e os conhecimentos do muçulmanos. Para isso são utilizados versículos do Alcorão Sagrado e Sunnas (Costume, modo de agir)do Profeta Muhammad (SAWS). 

Para os sábios muçulmanos existem 05 (cinco) atitudes humanas que podem trazer entendimentos destorcidos ou até completamente prejudiciais ao crescimento espiritual do crente. São elas:

0 1) A falta de conhecimento (Curta Visão);

0 2) Percepção desvirtuada;

0 3) Imitação dos pais; 

0 4) Falsa crença; e

0 5) Desconfiança na verdade.

Deus, Louvado Seja diz no Alcorão Sagrado: “Surata Al Insrá (Viagem Noturna 82):“ E revelamos, no Alcorão, aquilo que é bálsamo e misericórdia para os fiéis; porém, isso não fará mais do que aumentar a perdição dos iníquos”.

01) A falta de conhecimento (Curta Visão)

Falaremos particularmente de como tratar a curta visão e a falta de conhecimento. Para erradicar de uma vez por toda esse mal, basta seguir o que foi proposto pelo Profeta Muhammad (SAWS): “É dever de todo crente e toda crente buscarem o conhecimento, enquanto viverem”. Quando isso não acontece a pessoa se torna o que chamamos de “Maria vai com as outras”, ou seja, torna-se instrumento de pessoas inescrupulosas, que por ignorância ou mesmo por maldade vivem repassando falsas verdades. Para se chegar a uma conclusão, principalmente de coisas do Sagrado, é necessário buscar fontes seguras, analisar texto, contexto, até que todos os fatos e dados possam dar consistência à pesquisa. Feito isso, torna-se mister uma mudança de atitudes, substituir os atos ruins pelos bons o que lhe garantirá conhecimento e paz nessa e na derradeira vida. A respeito disso diz Deus, Louvado Seja no Alcorão Sagrado: 47ª SURATA - "MOHAMMAD 10” Porventura, não percorreram a terra, para ver qual foi à sorte dos seus antecessores? Deus os exterminou! Semelhante sorte haverá para os incrédulos”. Ainda a esse respeito dia Deus, Louvado Seja na 26ª SURATA "ACH CHU’ARÁ" (OS POETAS) 6 a 10: “Desmentem-na; porém, bem logo lhes chegarão notícias do que escarnecem! Porventura, não têm reparado na terra, em tudo quanto nela fazemos brotar de toda a nobre espécie de casais? Sabei que nisto há um sinal; porém, a maioria deles não crê. E em verdade, o teu Senhor é o Poderoso, o Misericordiosíssimo. 0h! Recorda-te de quando teu Senhor chamou Moisés e lhe disse: Vai ao povo dos iníquos”.

O muçulmano tem a obrigação de buscar esses conhecimentos e aplicar os conceitos alcorânicos e da sunnah do Profeta SAWS, em sua vida diária, uma vez que uma visão estagnada na vem a somar nessa e na outra vida.

02) Percepção desvirtuada

Nessa segunda parte que se trata da inércia e a falta de percepção é bastante comprometedor ao crente, uma vez que está em jogo o temor a Deus, Louvado Seja, ou seja, colocar em cheque, os pactos firmados com Ele, desde Adão até Muhammad (SAWS). Isso implicará diretamente na preparação para o dia do Juízo Final, no qual deliberará toda sua justiça. Assim como está escrito no Alcorão Sagrado: 59ª SURATA - "AL HAXR” (O DESTERRO) 18:19: “ Ó fiéis, temei a Deus! E que cada alma considere o que tiver oferecido, para o dia de amanhã; temei, pois, a Deus, porque Deus está bem inteirado de tudo quanto fazeis. E não sejais como aqueles que se esqueceram de Deus e, por isso mesmo, Ele os fez esquecerem-se de si próprios. Estes são os depravados”!

Na verdade a percepção desvirtuada ou defeituosa liga o homem ao caminho da perdição e ao esquecimento de Deus, Louvado Seja, bem como de Suas determinações. Somente a recordação incessante de Deus, Louvado Seja, poderá fazer com que a nossa religião prevaleça.

03) Imitação dos pais; 

A terceira parte se trata da imitação cega aos nossos pais. Sem analisar à luz do ISLAM, se as suas atitudes tinha fundamentos ou não. Ou seja, só colocando em consideração o fanatismo, muitas vezes tribal, a ganância e o egoísmo, sem se que se importar com os nossos semelhantes. Para tratar esse grande mal, necessitamos seguir os procedimentos do Profeta Muhammad (SAWS), assim como está escrito no Alcorão Sagrado: 3ª SURATA – “AL-IMRAM” (A FAMÍLIA DE IMRAM)31: “Dize: Se verdadeiramente amais a Deus, segui-me; Deus vos amará e perdoará as vossas faltas, porque Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo. 2ª SURATA – “AL-BACARA170. ”Quando lhes é dito: Segui o que Deus revelou! Dizem: Qual! Só seguimos as pegadas dos nossos pais! Segui-las-iam ainda que seus pais fossem destituídos de compreensão e orientação”?

04) Falsa crença

Para tratar da quarta parte, que é a falsa crença ou errada deve substituí-la pela crença verdadeira, pois, Deus é justo e verdadeiro, como também é a Sua palavra e a Sua Religião! Podemos ver isso em alguns versículos do Alcorão Sagrado: 17ª SURATA - AL ISRÁ - A VIAGEM NOTURNA 81: “Dize também: Chegou a Verdade, e a falsidade desvaneceu-se, porque a falsidade é pouco durável”. 18ª SURATA - AL CAHF - A CAVERNA 39: “Por que quando entrastes em teu parreiral não dissestes: Seja o que Deus quiser; não existe poder senão de Deus! Mesmo que eu seja inferior a ti em bens e filhos”. 21ª SURATA "AL ANBIYÁ" (OS PROFETAS) 18: “Qual! Arremessamos a verdade sobre a falsidade, o que a anula. Ei-la desvanecida. Ai de vós, pela falsidade que (Nos) descreveis!”. 10 Yunus (Jonas) 35: “Pergunta-lhes: Existe algum ídolo, dentre os vossos, que possa guiar-vos à verdade? Dize: Só Deus guia à verdade. Acaso, Quem guia à verdade, não é mais digno e ser seguido do que quem não o faz, sendo ao contrário guiado? Que vos sucede pois? Como julgais assim?” 4ª SURATA - "AN-NISSÁN" - AS MULHERES 170: “Ó humanos, por certo que vos chegou o Mensageiro com a Verdade de vosso Senhor. Crede, pois, nele, que será melhor para vós. Porém, se descrerdes, saiba que a Deus pertence tudo quanto existe nos céus e na terra e que Ele é Sapiente, Prudentíssimo”. 

05)Desconfiança na verdade.

Para tratar a quinta atitude, que é a desconfiança na verdade precisa mudar esse quadro. Precisa reconhecer e abraçar a verdadeira crença, mais do que isso colocá-la em prática. Essa prática diária com certeza fará que a desconfiança desapareça e a verdade permaneça. Com isso cessará a confusão, uma vez a verdade estabelecida nossa felicidade nas duas moradas estarão garantidas. A esse respeito diz Deus, Louvado Seja, na Surata 14 - "IBRAHIM" ABRAÃO 10: “ Seus mensageiros retrucaram: Existe, acaso, alguma dúvida acerca de Deus, Criador dos céus e da terra? É Ele que vos convoca para perdoar-vos os pecados, e vos tolera até ao término prefixado! Responderam: Vós não sois senão uns mortais, como nós; quereis afastar-nos do que adoravam os nossos pais? Apresentai-nos, pois, uma autoridade evidente! E diz ainda na 06 SURATA - "AL-AN´AM" - O GADO 71: 72: “Pergunta-lhes: Devemos, acaso, invocar em vez de Deus, a quem não pode beneficiar-nos nem prejudicar-nos? Devemos, depois de Deus nos haver iluminado, voltar-nos sobre os nossos calcanhares, como (o fez) aquele a quem os demônios fascinaram e deixaram aturdido na terra, apesar de Ter amigos que lhe indicavam a verdadeira senda, dizendo-lhes: Vinde a nós! Dize: A orientação de Deus é a verdadeira Orientação, e foi-nos ordenado submeter-nos ao Senhor do Universo. 72.Praticai a oração e temei-O, pois sereis congregados ante Ele. Deus, Louvado Seja é Sapientíssimo!


Ó fiéis, atendei a Deus e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Deus intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24.


A paz esteja convosco!

Por: Hajj Hamzah Abdullah Islam

quinta-feira, agosto 23, 2018

Vivendo Junto com Não-Muçulmanos no Ocidente

Em nome de Deus o Clemente e Misericordioso!

Com 56 milhões de Muçulmanos na Europa e mais de 10 milhões nas Américas, existe um nível sem precedentes de interação entre pessoas de todas as fés. Então como um Muçulmano conduz a si mesmo?
Gentileza ao lidar com as pessoas e cumprimentar os não-muçulmanos
O Profeta () e seus Companheiros depois dele mostravam gentileza e generosidade para os não-muçulmanos dentre os judeus, os cristãos e pagãos como um meio de amaciar seus corações em relação ao Islām. Isso não era do aspecto de se acomodar com seu politeísmo, incredulidade, pecado e oposição deles contra o Islām – melhor dizendo, era com o propósito de convidar para o Islām, sua beleza e justiça. Isso é dentre as maneiras de chamar as pessoas para aceitar a beleza do Islām. Quantos não-muçulmanos aceitaram o Islām meramente com base na boa conduta que eles viram em um Muçulmano! Então essa questão não pode ser subestimada de forma alguma. ‘Abullāh bin ‘Amr (que Allāh esteja satisfeito com ele) mencionou que ele abateu um bode ou um carneiro e então disse ao seu servente:
Você mandou um pouco para o nosso vizinho judeu? Em verdade, eu ouvi o Profeta () dizer: “Jibrīl não cessou de me exortar em relação ao vizinho, tanto que eu achei que ele fosse herdar de mim!” [Al-Albānī, Al-Irwā, 891]
Abū Mūsā (que Allāh esteja satisfeito com ele) escreveu para um não-muçulmano e o cumprimentou com as saudações de Salām na sua carta. Então foi dito a Abū Mūsā:
“Você o cumprimentou enquanto ele é um não-muçulmano?” Ele respondeu: “Ele escreveu para mim e me cumprimentou então eu o cumprimentei de volta.” [Al-Bukhārī em Adab Al-Mufrad, nº 1101 e essa narração é Ṣaḥīḥ (autêntica)]
Shaykh Al-Albānī (que Allāh tenha misericórdia dele) disse que é permissível iniciar um cumprimento com outro além do Salām, tal como dizer: “Como você está essa manhã?”, ou “Como você está essa noite?”, ou “Tudo bem?”, entre outros. Começar dessa maneira é permissível. ‘Alqamah (que Allāh tenha misericórdia dele) disse: ‘Abdullāh bin Mas’ūd cumprimentava os não-muçulmanos agitando a mão. [Al-Bukhārī em Adab Al-Mufrad, nº 1104 e essa narração é Ṣaḥīḥ (autêntica)]
Se um não-muçulmano diz a um muçulmano “as-salāmu ‘alaykum (que a paz esteja sobre vocês)”, então uma pessoa responde com o que é equivalente a isso, que é “wa’alaykum us-salām (e sobre vocês esteja a paz)”. E essa posição é apoiada pelo dito de Ibn ‘Abbās (que Allāh esteja satisfeito com ele e seu pai) que disse: Responda o cumprimento de Salām sobre o judeu, o cristão ou o magus (zoroastra). Isso é porque Allāh disse:
 “Quando fordes cumprimentados com um cumprimento, cumprimentai de volta com um que é melhor ou (pelo menos) da mesma maneira.” [Sūrah An-Nisā (4):86] . [Coletado por Al-Bukhārī em Adab Al-Mufrad, nº 107. Ibn Jarīr Aṭ-Ṭabarī em At-Tafsīr, 10039 e essa narração é Ṣaḥīḥ (autêntica)]
E o que apoia isso de forma mais além é o que foi narrado de Sa’īd bin Jubayr (que Allāh tenha misericórdia dele) de Ibn ‘Abbās (que Allāh esteja satisfeito com ele) que disse:
Se o próprio Faraó me dissesse: “Que Allāh te abençoe.” Eu responderia: “E a você também.” Coletado por Al-Bukhārī em Adab Al-Mufrad, nº 1113, Aṣ-Ṣaḥīḥah 2/329 – autêntico sob as condições do Imām Muslim]
Além disso, Allāh () disse:
Allāh não vos proíbe de lidar justamente e gentilmente com aqueles que não lutam contra vós por conta da religião e não vos expulsam das vossas moradias. Em verdade, Allāh ama aqueles que lidam com equidade.” [Sūrah Al-Mumtaḥanah (60):8]
Então esse versículo é claro no comando do bom tratamento aos incrédulos dentre os compatriotas – aqueles que estão em paz com os crentes, não os prejudicam e lidam com eles justamente. E não há dúvida que se um deles cumprimenta com palavras claras dizendo “assalāmu ‘alaykum (que a paz esteja sobre vocês)”, então a pessoa deve responder com o mesmo.
Shaykh ‘Abdul-‘Azīz bin Bāz (que Allāh tenha misericórdia dele) disse, em relação ao tratamento de vizinhos não-muçulmanos:
Uma pessoa deve ser boa ao seu vizinho: não prejudicá-lo, dar caridade a ele se ele for pobre, der-lo-lo presentes e aconselhá-lo naquilo que é de benefício para ele porque tudo isso vai dar para ele um desejo pelo Islām e será uma causa da sua entrada nele. E isso é devido ao fato de que o vizinho tem direitos no Islām. O Profeta () disse: “Jibrīl não cessou de me exortar em relação ao vizinho, tanto que eu achei que ele fosse herdar de mim!” Existe consenso sobre a autenticidade dessa narração. Então, se um vizinho é um incrédulo, ele ainda tem direitos de um vizinho – e se ele é um incrédulo, um vizinho e um parente, então ele tem dois direitos: os direitos de um vizinho e os direitos de um parente. E é legislado dar caridade a um vizinho que é incrédulo ou até mesmo se ele não for um vizinho. A cunhada do Profeta Muḥammad () Asmā bint Abī Bakr foi visitada pela mãe dela em Madīnah durante o Tratado de Ḥudaybīyah. Ela era uma pagã convicta e queria ajuda. Então Asmā (que Allāh esteja satisfeito com ela) buscou permissão do Profeta () quanto a se ela deveria manter laços com a sua mãe, então ele respondeu: “Sim, mantenha laços com ela.” 
Quanto ao Zakāh, uma pessoa é permitida dar o Zakāh a um não-muçulmano para aproximar seus corações ao Islām. Quanto a participar [ou parabenizar] pelas suas festas e celebrações, então um muçulmano não é permitido a fazer isso.
[Vide: Majmū’ Al-Fatāwā  Ibn Bāz e http://www.binbaz.org.sa/mat/290 (levemente resumido)]
Em julho de 2000, o Shaykh Muḥammad bin Ṣāliḥ Al-‘Uthaymīn (que Allāh tenha misericórdia dele) deu um extraordinário conselho direcionado aos muçulmanos vivendo no Reino Unido:
Eu convido vocês a terem respeito por aquelas pessoas que têm o direito de serem respeitados, daqueles dentre vocês e com quem existe um acordo. A terra na qual vocês estão vivendo é tal que existe um acordo entre vocês e eles (ou seja, vocês estão em paz com eles e não em guerra). Se esse não fosse o caso, eles teriam matado ou expulsado vocês. Então preservem este acordo e não se provem traiçoeiros a ele, já que a traição é um sinal dos hipócritas e não é da maneira dos Crentes. E saibam que é autenticamente relatado do Profeta () que ele disse: “Quem quer que mate uma pessoa que está sob um acordo de proteção não sentirá a fragrância do Paraíso.” Não sejam enganados pelos tolos que dizem: “Aquelas pessoas são não-muçulmanas, então a riqueza deles é lícita para desapropriarmos.” Por Allāh, isso é uma mentira! Uma mentira sobre a Religião de Allāh e uma mentira sobre as sociedades islâmicas. Então nós não podemos dizer que é lícito ser traiçoeiro com as pessoas com quem nós temos um acordo. Ó, meus irmãos! Ó, juventude! Ó, Muçulmanos! Sejam verídicos na sua compra e venda, e no seu aluguel e locação e em todas as transações mútuas. Veracidade é dentre as características dos Crentes. Allāh () comandou:
يَا أَيُّهَا الَّذِينَ آمَنُوا اتَّقُوا اللَّهَ وَكُونُوا مَعَ الصَّادِقِينَ
“Ó, vós que credes, temei e mantende vosso dever a Allāh e estai com os Verídicos.” [Sūrah At-Tawbah (9):119]
E o Profeta () encorajou com a veracidade e disse: “Adiram à veracidade, porque a veracidade leva à piedade e a piedade leva ao Paraíso. E uma pessoa continuará a ser verídica e se esforçará em ser verídica, até que ele seja escrito com Allāh como uma pessoa verídica.” E ele alertou contra a falsidade e disse: “Cuidado com a falsidade, porque a falsidade leva à perversidade e a perversidade leva ao Fogo. E uma pessoa continuará a mentir e se esforçará em mentir, até que ela seja escrita com Allāh como um grande mentiroso.” Ó, meus irmãos Muçulmanos! Ó, juventude! Sejam verdadeiros nos seus ditos com seus irmãos e com aqueles não-muçulmanos com quem vocês vivem juntos, para que vocês os convidem para o Islām com as suas ações. Quantas pessoas existem que entraram no Islām por causa do comportamento e das maneiras dos Muçulmanos, sua veracidade e em serem verdadeiros nas suas relações?”
Essa fina etiqueta e justiça foram da conduta do Profeta () com os incrédulos. Ele os chamava com sabedoria e gentileza que foi reconhecida e testemunhada pelos não-muçulmanos. Quando Heráclio, o Imperador cristão dos romanos, perguntou a Abū Sufyān, um então veemente oponente do Profeta ():
“Com o quê Muḥammad os comanda?” Abū Sufyān respondeu: “Adorar Allāh e não adorar coisa alguma junto a Ele e abandonar o que nossos pais diziam [em adoração a outros além de Allāh]. E ele ordena com a oração, caridade, castidade e juntar os laços de família.” Ao ouvir as honestas palavras de Abū Sufyān, Heráclio disse o seguinte: “Se o que você disse é verdade, ele irá em breve ocupar esse lugar debaixo dos meus pés e eu sabia que um Profeta iria aparecer, mas eu não sabia que ele seria dentre vocês. Se eu o alcançar, eu imediatamente iria me encontrar com ele – e se eu estivesse com ele, certamente eu iria lavar seus pés.”[Coletado por Al-Bukhārī]
Reconhecer os Cumprimentos dos Incrédulos, mesmo que Eles Sejam Tiranos .
Abū Sinān (que morreu em 132 H que Allāh tenha misericórdia dele) disse:
Eu disse a Sa’īd bin Jubayr (m. 95 H): “Um magus adorador do fogo se inclinou a mim e me deu as saudações de salām, eu deveria responder a ele?” Então ele respondeu: Eu perguntei a Ibn ‘Abbās (que Allāh esteja satisfeito com ele) sobre algo similar, então ele me respondeu dizendo: “Mesmo se o próprio Faraó dissesse algo para mim de bem, eu o responderia da mesma forma.”[Vide: Mudārāt An-Nās, de Ibn Abī Dunyā, nº 108. Al-Hadā’iq de Ibn Al-Jawzī, 3/102]
Imām Al-Qurtubī (que Allāh tenha misericordia dele) disse: “É obrigatório sobre uma pessoa que sua fala para as [outras] pessoas seja gentil. Allāh disse para Mūsā e Hãrūn:
E falai com ele com fala macia, para que talvez ele possa ser lembrado ou tema [a Allāh]. [Sūrah Ṭā-Hā (20):44]
Então [hoje] aquele que fala às pessoas não é melhor do que Hārūn e Mūsā – e aquele a quem está se falando não é pior do que o Faraó. E ainda assim, Allāh comandou os dois a serem gentis com ele. [Al-Jāmi’ li Aḥkām Al-Qur.ān (2/16)]
Então, quando uma pessoa da Sunnah fala e responde de forma gentil a algum cumprimento de um não-muçulmano, isso de maneira nenhuma necessita que ele tenha dado aliança à Religião dos cristãos, judeus ou pagãos ou que ele esteja glorificando aquele a quem ele está se dirigindo, ou que ele aprovou a tirania que pode ter sido cometida por eles.
A Conduta do Profeta () e dos Companheiros com os Judeus e Outros Incrédulos
Ibn Abī Laylā (que Allāh tenha misericórdia dele) disse:
Qays bin Sa’d e Sahl bin Ḥunayf (que Allāh tenha misericórdia deles) estavam ambos em Qādisīyah quando um cortejo fúnebre passou por eles e ambos se levantaram. Então foi dito a eles: “Em verdade, ela [a pessoa morta] é uma pessoa dessa terra, uma mulher judia.” Então eles disseram: “Um funeral passou pelo Mensageiro de Allāh () e então ele se levantou. Foi dito a ele: ‘É um funeral de uma mulher judia.’ Então ele respondeu: ‘Ela não é uma alma?’” [Muslim, nº2224. Então o próximo capítulo [da sua coleção] tem o título “Capítulo: Ab-rogação de se Levantar para Funerais.” Seja para muçulmanos ou não-muçulmanos.]
Anas bin Mālik (que Allāh esteja satisfeito com ele) disse:
Havia um jovem judeu que servia o Mensageiro de Allāh (). Um dia ele ficou doente e então o Mensageiro () foi visita-lo. Ele sentou próximo à sua cabeça e disse a ele: “Abrace o Islām.” Então o garoto começou a olhar para o pai dele que estava presente. Seu pai disse: “Obedeça a Abūl-Qāsim (ou seja, o Mensageiro)!” E então o garoto se tornou Muçulmano. O Mensageiro () disse: “Todos os louvores são para Allāh que o salvou do Fogo.” 
[Coletado por Al-Bukhārī]
 E Allāh sabe melhor. Que a paz e a boa menção de Allāh estejam sobre o Profeta Muḥammad, sobre sua família, seus Companheiros e aqueles que os seguem até o Dia do Juízo. Traduzido originalmente por: Abu Khadeejah ‘Abdul-Wahid https://ahlussunnahfortaleza.wordpress.com/2017/08/24/vivendo-junto-com-nao-muculmanos-no-ocidente-abu-khadeejah/