domingo, setembro 30, 2018

A Mulher e suas Contribuições para o Islam e para a Ummah

Al hamdulillahi Rabi al’alamin, wa salatu wa salamu ála Rasulullah

Muitas são as controvérsias a respeito da conduta feminina, principalmente no que se refere ao seu papel nas atividades sociais. Mas tais controvérsias são resultado não apenas da falta de informação e desvios interpretativos, mas como também da intenção de proteção da mulher ante a corrupção e licenciosidade da humanidade sem uma sociedade islâmica. Os textos islâmicos, porém, são claros a respeito do assunto, determinando os direitos e deveres da mulher, assim como as diretrizes de seu comportamento a nível individual e social.

A mulher é a maior vítima dessa desinformação, uma vez que é lesada em seus direitos, porém, a sociedade também sofre, uma vez que ela deixa de realizar atividades úteis para Ummah.

Nos deparamos com dois tipos básicos de situação na atualidade: por um lado, vemos mulheres que, por não terem uma educação islâmica adequada, e nem acesso à informação, não compreendem a sabedoria das prescrições islâmicas: inconformadas com restrições não são capazes de compreender, acabam cedendo ao ilusório ideal de falsa liberdade, e se afastando dos ideais islâmicos, negligenciando as ordens de Allah, sacrificando suas identidades islâmicas e aderindo ao modo de vida materialista-capitalista, abandonando o código de conduta e a moral islâmica. Esta atitude causa um verdadeiro desastre social, não só porque a mulher é um dos pilares da família, mas como também porque ela é uma das maiores origens de fitna: quando ela se afasta dos ideais islâmicos, toda sociedade se desestrutura.

O Rasulullah disse :

“Não deixei atrás de mim nenhuma fitna maior para os homens do que as mulheres.”

Os cuidados com o comportamento feminino são muito importantes para saúde da família e da sociedade, por isso a shari’a al-islamiya tem uma preocupação especial em relação ao assunto.

Mas a ausência de uma sociedade saudável, uma sociedade islâmica, associada à falta de ensino adequado e, além do fato das mulheres serem mais vulneráveis à pressão da colonização cultural, levou os homens, com a intenção de protegeram as mulheres sob sua responsabilidade, à uma radicalização das prescrições islâmicas, limitando as atividades sociais da mulher além dos limites de Allah. Ainda que o objetivo de tais medidas seja a proteção da mulher e da sociedade, as conseqüências são prejudiciais, não apenas porque a mulher lesada em seus direitos sente-se reprimida e tende a se revoltar, ficando ainda mais vulnerável às promessas mentirosas dos materialistas inimigos do Islam, assim como impede que a mulher realize atividades que são vitais para esta Ummah, principalmente em momentos de crise, privando a sociedade de uma ajuda vital.

A instrução da mulher, que leva, através do conhecimento, ao amor pelo Islam e à consolidação de consciências, mentalidades e identidades islâmicas, é um assunto vital, que pode significar o sucesso ou o fracasso desta comunidade, uma vez que a mulher que não compreende os ideais islâmicos é mais vulnerável às armadilhas da colonização cultural da aliança cruzado-sionista , e acaba por se tornar uma aliada do inimigo no programa de distorção do Islam.

Hoje em dia, que encontramos basicamente dois tipos de mulheres: as que imitam os kafireen, negligenciando as prescrições islâmicas, e as que abandonam seus direitos, conformadas com a obediência ignorante a limites que elas não compreendem. Ainda que estas não tragam malefício para a Ummah, o fato delas deixarem de nos beneficiar com sua ajuda já é em si um prejuízo, e ainda que elas estejam agradando a Allah obedecendo aos seus guardiões, que tem as melhores intenções ao querer protegê-las, devemos levar em conta que também é pecado declarar ilícito o que Allah (swt) permitiu, pois apenas a Allah cabe definir os limites, e não está ao alcance do homem mudá-los, ainda que com boas intenções: num sistema perfeito, onde todas as peças se encaixam, o desvio de uma única peça causa uma disfunção em toda engrenagem. Ao homem cabe mudar a sociedade, para que ela seja governada pela Lei da Allah (swt), gerando um ambiente no qual todos possam desfrutar de seus direitos e cumprir seus deveres, sem a necessidade de concessões nem extremismos.

O exemplo legado pelas esposas do Profeta e dos Sahaba (ra) deixam claro que, apesar das restrições, a mulher possui um importante papel social e pode disponibilizar sua ajuda em diversas áreas de atuação, trabalhando em benefício do Islam e da Ummah. Privar a Ummah da colaboração da mulher é privá-la de uma ajuda vital, e pode significar a vitória ou a derrota.

Buscando Conhecimento

O primeiro e mais importante papel da mulher na sociedade é o de esposa e mãe. A instrução e o conhecimento são indispensáveis para qualificação no bom cumprimento deste papel: nossas mães são nossas primeiras professoras de Islam e de vida, uma mulher que conhece sua religião e é consciente de seus deveres islâmicos cria seus filhos numa atmosfera de amor e obediência a Allah, fazendo-os crescer amando o Islam e respeitando os limites de Allah por amor e não por imposição. Uma mulher ignorante, que não conhece, por isso não ama sua religião, fica mais vulnerável à contaminação cultural e tende a transmitir sua falta de firmeza na religião para seus filhos, prejudicando não apenas sua família, mas toda a comunidade.

Por isso, a mulher, mesmo que apenas para cumprir seu papel primordial, de esposa e mãe, tem o dever de se instruir, para que seja capaz de compreender seu marido, incentivá-lo à prática das boas ações e criar seus filhos, num ambiente islâmico, ensinando e incentivando a aderência aos valores islâmicos e a prática do Islam. O papel vital da mãe na formação de seus filhos lhe incumbe tal responsabilidade, para que possa dar uma educação islâmica sólida, que formará bons muçulmanos que darão sua contribuição para nossa comunidade.

A busca do conhecimento é uma obrigação para homens e mulheres, o Rasulullah disse:

“Buscar conhecimento é um dever de todo muçulmano.” (hadiss hasan narrado por in Maajah)

As mulheres da geração de ouro eram muito entusiasmadas na busca do conhecimento, e o fato de serem mulheres não as impedia de ter aulas direto com o Profeta, como evidencia o hadiss no qual as mulheres dos ansar pedem ao Rasulullah:

“Aponte um dia especial para que venhamos aprender com você, porque os homens tomam todo o seu tempo e não deixam nada para nós.” Ele respondeu: “O tempo de vocês será na casa de fulana (uma das mulheres).” Então ele ia a elas no lugar marcado e lhes ensinava.” (Fath al Baari)

As mulheres das primeiras gerações nunca deixavam que sua vergonha lhes impedisse de perguntar a respeito dos ensinamentos (ahkaan) do Islam, ainda que para homens, porque estavam perguntando pela verdade, e :

“Allah não se envergonha (de dizer) a verdade” (TSQ, 33:53)

O fato de o Profeta responder diretamente às perguntas das mulheres dos ansar a respeito da religião deixa claro que é permitido para mulher buscar conhecimento junto ao homem. Aisha (ra) narrou que Asmma’ bint Yazeed ibn as-Sakan al-Ansaariyah perguntou ao Profeta sobre como deveria realizar o ghusl (banho completo) ao término de seu período menstrual, ele respondeu:

“Quando o período de uma mulher terminar, ela deve pegar água e se purificar apropriadamente, lavando-se, deve pegar um pedaço de tecido que tenha sido perfumado com almíscar e limpar-se com ele.” Asma’ perguntou: “Como devemos nos limpar com ele?” O Profeta disse: “Subhana Allah, vocês devem se limpar com ele.”, notando a vergonha de ambos, Aisha(ra) chamou-a de lado e lhe disse em privacidade: “Retire com ele os traços de sangue.” (Fath al Baari)

Num outro hadiss, no qual Asma’ pergunta sobre o banho em estado de janaba, depois do Profeta explicar qual o procedimento adequado, Aisha (ra) comentou:

“Como são boas as mulheres dos ansar! A vergonha não as impede de procurar compreender o Deen de maneira apropriada!” (Fath al Baari)

As mulheres da primeira geração nunca hesitavam em se empenhar na compreensão dos ensinamentos do Islam, e perguntavam tudo o que não entendiam, até que o assunto ficasse esclarecido.

Dentre as mulheres que se destacaram por sua inteligência e conhecimento, o nome de Aisha bint Abu Bakr(ra) é sempre o primeiro a ser mencionado. Além de ser a narradora de inúmeros ahadiss, ela foi a primeira faqeeha(mulher jurisprudente) do Islam, contando apenas com dezenove anos de idade. Era comum os Sahaba(ra) submeterem os assuntos a sua apreciação, e aderirem a sua opinião como palavra final. Seu conhecimento e compreensão não estavam limitados aos assuntos referentes à religião, ela se distinguia nos campos da poesia, história, medicina , literatura, gramática, astronomia, entre outras áreas do conhecimento. Ibn Hishaan, conta de seu pai Urwah ibn az-Zubayr, que disse:

“Eu nunca conheci ninguém mais versado em fiqh ou medicina ou poesia do que Aisha’(ra).” (Taarikh at Tabari)

Aisha (ra) também era muito eloqüente em suas palestras, e não as resumia a platéias exclusivamente femininas, ensinado também homens, permitindo que eles se beneficiassem de seu vasto conhecimento, tendo levado al-Ahnaf ibn Qays a dizer: “Eu ouvi as palestras de Abu Bakr, Umar, Uthman e Ali (ra), e dos khulafaah que vieram depois deles, mas jamais ouvi uma palestra mais eloqüente que as de Aisha (ra)”.

Musa ibn Talha disse:

“Eu nunca vi ninguém mais eloqüente e puro na fala do que Aisha (ra).” (Tirmidhi)

Assim, fica claro que a mulher não apenas pode aprender com os homens mas também pode ensinar a eles.

Mesmo após a geração do Profeta, outras mulheres foram exemplo de interesse pela religião, empenho na aquisição de conhecimento e seu ensino. Dentre elas, destacamos a filha de Sayd al-Musayyb, um erudito de sua época, que viveu no tempo de Khalifa Abdul-Malik ibn Marwan. Ele recusou a casar sua filha com o Khaleefa, e a deu em casamento para um de seus melhores alunos, Abdullah ibn Wadaa’ah. Ela era uma das pessoas de sua época mais versada em Qur’an, Sunnah, e direitos e deveres do casamento. Depois de casados, uma manhã. Abdullah levantou-se e preparou-se para sair. Sua esposa lhe perguntou: “Onde você vai?”, ele disse : “A aula de seu pai, Sayd al-Musayyb, para aprender.”, ela disse: “Sente-se, eu vou lhe ensinar o que o Sayd sabe.”. Por um mês, Abdullah não compareceu aos círculos de Sayd al-Musayyb, porque os conhecimentos que sua esposa aprendera com seu pai e lhe passava eram suficientes. Que os homens tomem o exemplo de Abdullah ibn Marwan, e dêem as suas esposas seu mérito, e aprendam com elas o que possam ensinar! É comum vermos os homens resistentes a aprenderem com suas esposas: o fato deles serem seus guardiões e responsáveis por elas, não implica em que elas não possam ter um conhecimento superior ao deles em certos assuntos, e seja quem for que tenha o conhecimento maior, o marido ou a esposa, sua obrigação é dividi-lo, ensinando ao outro. Muitas vezes, o orgulho impede que os maridos dêem o devido mérito a suas esposas, e desfrutem de tudo que elas podem lhes oferecer, inclusive o conhecimento.

Muitas mulheres se destacaram campo do conhecimento, não só como alunas mas também como professoras. Haafiz ibn Asaakir (morto em 571H, por volta de 1193 ad), um dos mais confiáveis narradores de ahadith, conhecido como “haafiz al-ummah”, conta oitenta mulheres entre seus professores e shaikhs. Como narradoras de ahadiss, contam-se centenas de mulheres, que se destacam por sua sinceridade e lealdade à verdade, isto foi comentado pelo Iman al-Haafiz adh-Dhahabi, em seu Mizaan al-I’tidaal, no qual ele declara que encontrou centenas de homens cujos relatos são duvidosos, e comentou:

“Eu não soube de nenhuma mulher que foi acusada de faltar com a verdade numa narrativa, ou cujo hadiss foi rejeitado.”

Hoje em dia, poucas são as mulheres que se preocupam em buscar pelo conhecimento, e ainda mais raras são as que se empenham em aplicá-lo, agindo de acordo com ele, ou ensinando-o. As mulheres muçulmanas da atualidade devem seguir o exemplo de suas predecessoras, e se empenharem em adquirir conhecimento, qualificando-se como muçulmanas, cidadãs, esposas e mães, aprendendo e ensinando, atendendo a todas as demandas que esta Ummah requer delas, contribuindo com sua comunidade, uma contribuição fundamental, que vem faltando a Ummah há muito tempo.

Os homens, por sua vez, também devem seguir os exemplo de seus predecessores, e reconhecer o valor das mulheres de conhecimento, sejam suas filhas, esposas, irmãs ou mães, aprendendo com elas e lhes designando o status que lhes é devido. E também vencendo a barreira do preconceito, que não encontramos nas gerações passadas, e aprendendo com as mulheres de conhecimento, que por certos não são fonte de fitna, uma vez que, enquanto possuidoras de intelecto e conhecimento, sabem se comportar adequadamente, respeitando os limites de Allah(swt) sem, no entanto, privarem-se de aprender ou privarem a sociedade de se beneficiar de seu conhecimento. Um bom entendimento da religião leva homens e mulheres a buscar o conhecimento. Um profundo conhecimento da religião os leva a agir conforme o que sabem. Um deve aprender com o outro, dentro dos limites estabelecidos por Allah(swt), a Ummah conta com a colaboração de ambos: apenas quanto cada membro desta sociedade realizar da da melhor maneira possível seus deveres individuais, como faziam nossos predecessores, esta Ummah voltará a ser o que deve ser, a melhor nação que já surgiu na humanidade.

Ajudando na Causa de Allah

O empenho pelo estabelecimento da Lei de Allah na terra é um dever religioso, e um ato de adoração, tanto para homens, como para mulheres, porque garante a todos o direito de viver inteiramente segundo o que Allah prescreveu, e, uma vez que é algo que beneficiará a todos, cabe a todos ajudar em seu estabelecimento, de acordo com suas habilidades naturais e dentro dos seus limites.

As primeiras muçulmanas compreendiam seu dever de ajudar na luta pela causa de Allah, e jamais pouparam esforços nesse sentido, e seu entusiasmo para sacrificar seus bens e suas pessoas pela causa de Allah não era menor do que o dos homens, tendo algumas até os excedido em sua coragem e determinação.

Dentre os mais importantes exemplos de perseverança e amor pela fé , está Sumaya, a mãe de Amr ibn Yassir: sua história é uma das mais famosas do Islam, e é o exemplo do crente que dá pouco valor à vida terrena e se entrega ao sacrifício pela causa de Allah com a certeza que pertence exclusivamente àqueles cuja fé está bem consolidada em seu coração e conhecem Allah: quem é mais digno de confiança do que Allah(swt)?

Nos primeiros tempos do Islam em Makka, Sumaya, seu marido Yassir e seu filho Amr, foram submetidos às mais terríveis torturas por parte dos Quraishitas. Eles eram expostos ao ar livre no deserto árabe no calor do meio-dia, e areia quente era jogada sobre eles, e eram apedrejados. Seu filho Amr, tentando evitar a morte, acabou cedendo, e dizendo as palavras que os mushrikeen desejavam, com o coração cheio de remorso. Concernente a tal episódio, como um consolo para Amr, Allah (swt) colocou uma ressalva no versículo referente à apostasia:

“Aqueles dentre vocês que descrerem após terem aceitado a fé, exceto aqueles que o fizeram sob compulsão, permanecendo seus corações firmes na fé...” (TSQ 16:106)

Mas Sumaya permaneceu firme, paciente, confiante na recompensa de Allah(swt), recusando-se a ceder às pressões dos mushrikeen, até que Abu Jahl a trespassou com sua lança, matando-a, dando-lhe a insuperável honra de se tornar, a primeira mártir do Islam: ela e seu marido Yassir foram os primeiros muçulmanos que morreram pela causa de Allah. Sumaya é um exemplo eterno de determinação e fé para homens e mulheres, escreveu com seu sangue seu lugar na história, e conquistou a posição de honra que todos nós almejamos. Allah(swt) honrou todas as mulheres através de Sumaya, quando a escolheu como mártir, e deu um recado a todas as mulheres desta Ummah: firmeza e determinação são prescritas para todos, homens e mulheres igualmente, assim como a ambos são dadas oportunidades para que atinjam a glória suprema, as melhores recompensas estão reservadas para os mais meritórios, sejam homens ou mulheres.

Dentre as mulheres cujo papel foi essencial na história do Islam destaca-se Asma’ bint Abu Bakr(ra), que ficou responsável por levar água e comida para o Profeta e seu pai(ra) durante os dias em que eles ficaram escondidos no monte Thawr, durante a Hijra. O local era isolado e à grande distância de Makka, mas nem as dificuldades, nem os perigos da missão - uma vez que os quraishitas os perseguiam e havia espiões espalhados - a impediram de realizar seu papel competentemente. Ela sofreu intensa pressão dos mushrikeen, que a cercavam e interrogavam a respeito de seu pai, sempre se manteve firme, até quando levou um soco de Abu Jahl. Nada diminuiu sua determinação, e ela realizou sua missão de forma eficiente, abastecendo seu pai(ra) e o Profeta de suprimentos, sem deixar que ninguém descobrisse o esconderijo deles, até que deixassem a caverna e seguissem para Madeena. Allah honrou todas as mulheres ao escolher Asma’(ra) para realizar esta missão, para que ela sirva como exemplo, e todos saibamos a que ponto pode chegar a relevância do papel que a mulher pode realizar na causa de Allah(swt).

Duas mulheres estavam presentes no Tratado de 'Aqabah, que posteriormente tiveram oportunidade de provar sua coragem e fé participando de batalhas junto com o Profeta, Naseebah bint Ka’b al-Maaziniyah e Umm Manee, Asma’ bint Amr al-Sulamiyah, mãe de Muadh ibn Jabal(ra), tendo sido este um encontro político, o caminho para participação das mulheres na política estava aberto.

Umm Kalthoom bint Uqbah ibn Abi Um’ayt foi um exemplo de força e coragem quando migrou sozinha de Makka para Madeena, no tempo do Tratado de Hudaybiyah. Quando ela chegou a Madeena, disse ao Profeta: “Eu fugi para você com minha religião, então, proteja-me e não me mande de volta para eles, porque eles vão me punir e me torturar e eu não terei força e nem serei paciente o suficiente para resistir. Sou apenas uma mulher, e você conhece a fraqueza das mulheres, eu sei que você já mandou dois homens de volta.” O Profeta disse:

“Allah cancelou este tratado em relação às mulheres.”(ibn al-jawzi)

Allah revelou no Qur’an referente às mulheres que fugiam de Makka para salvaguardar sua fé, abolindo o tratado em relação a elas, permitindo que elas não fossem mandadas de volta para os mushrikeen, desde que o Profeta as testasse e se assegurasse de que elas haviam migrado pela causa de Allah, e não com algum propósito terreno, abrindo um precedente para que as mulheres que se sentem oprimidas e impossibilitadas de praticar sua religião, migrem pela causa de Allah, ainda que fugidas.

“Oh crentes! Quando as mulheres crentes se apresentarem a vocês, refugiadas, examinam-nas e testem-nas: Allah conhece melhor a fé delas, se você estiver seguro de que elas são crentes, não as mande de volta para os descrentes. Elas não são esposas lícitas para os descrentes, e eles não são maridos lícitos para elas.” (TSQ, 60:10)

Muitas mulheres também participaram de batalhas junto com o Profeta, mostrando que o papel da mulher, ainda que seja menor que o do homem, pode ser relevante e glorioso, e que as oportunidades que o homem tem de lutar pela causa de Allah também estão ao alcance das mulheres.

Profeta sempre permitia que suas esposas, e outras mulheres dos ansar, fossem ao campo de batalha para atender os feridos, preparar a comida, busca e distribuir água. Umm Atyah al-Ansariya narrou:

“Eu fui a sete campanhas militares como Profeta, eu ficava atrás do campo de batalha, preparando a comida e atendendo os doentes e os feridos.” (Muslim)

Bukhari e Muslim transmitiram de Anas(ra);

“No dia de Uhud, algumas pessoas se dispersaram do Profeta, Abu Talha permaneceu com ele , defendendo-o como um escudo. Abu Talha era um ótimo arqueiro, e naquele dia ele quebrou três arcos. A todos que passavam com flechas, o Profeta dizia: ‘deêm-nas a Abul Talha!’. Quando ele levantava sua cabeça para ver o que estava acontecendo, Abu Talha(ra) dizia: ‘O Rasulullah, meu pai e minha mãe sejam sacrificados por você! Não levante a cabeça, ou uma flecha poderá atingi-lo. Que firam o meu peito, e não o seu!’ Eu vi Aisha bint Abu Bakr e Umm Sulaym, carregando água nas costas e dando de beber aos combatentes, cada vez que a água acabava, elas iam buscar mais e davam de beber aos combatentes. Naquele dia, a espada de Abu Talha(ra) caiu de sua mão duas ou três vezes por causa do cansaço.” (Fath al Baari)

Que grande serviço dar água aos combatentes no calor do Hidjaz numa batalha exaustiva! Que importante papel elas desempenhavam.

Fátima az-Zahra (ra) também estava presente em Uhud, ela cuidou dos ferimentos de seu pai: ela queimou um pedaço de esteira de palha e colocou as cinzas em sua ferida, estancando o sangramento.

Mas as mulheres também contribuíram no combate. Uma das mulheres que mais se destacaram como combatente é Naseebah bint Ka’b al-Maaziniyah, Umm Umara(ra). No começo da batalha de Uhud, ela, como as outras mulheres, atendia os feridos e trazia água, mas quando os arqueiros desobedeceram o comando do Profeta e a batalha reverteu em prejuízo dos muçulmanos, Naseebah empunhou sua espada e se juntou ao pequeno grupo que permanecera com o Profeta, atuando como escudo humano para protegê-lo das flechas dos mushrikeen. Toda vez que o perigo se aproximava do Profeta, ela se apressava em protegê-lo. O Rasulullah percebeu e depois comentou: “ Toda vez que eu me virava para esquerda ou para direita, eu a via lutando por mim.” Neste dia, Nassebah(ra) sofreu vários ferimentos. O Profeta chamou seu filho e comentou:

“Sua mãe, sua mãe! Veja seus ferimentos! Que Allah abençoe você e sua família! Sua mãe lutou melhor do fulano e fulano!” Quando a mãe dele ouviu o que o Profeta dizia, ela disse: “Reze para Allah para que eu possa acompanhá-lo no Paraíso!” Ele disse: “Oh Allah faça deles meus companheiros no Paraíso” , e ela disse: “ Eu não me importo com o que acontecerá comigo neste mundo.” (sirat ibn Hisham)

A jihad de Umm Umara(ra) não se limitou a participação em Uhud, ela também esteve presente no Tratado de Aqaba, em al-Hudaybiyah, Khaibar e Hunayn, onde também teve uma conduta heróica. Durante o governo de Abu Bakr(ra), ela participou da batalha de Yamamah, onde lutou brilhantemente, recebeu onze ferimentos e perdeu uma das mãos. O Profeta lhe deu a boa nova de que ela entraria no Paraíso.

Outra mulher combatente foi Umm Sulaym bint Milhan, que assim como as outras mulheres, costumava ir ao campo de batalha para atender os feridos e dar água aos combatentes, mas ela se destaca pelo seu comportamento na Batalha de Hunayin. Mesmo estando nos últimos meses de gravidez, Umm Sulaym fez questão de acompanhar seu marido Abu Talha(ra) e o Profeta na conquista de Makka, e teve a honra de participar de um dos momentos mais emocionantes da história do Islam. Poucos dias depois, aconteceu a batalha de Hunaiyn, que foi uma severa provação para os muçulmanos. Muitos fugiram do campo de batalha, ficando ao lado do Profeta apenas um pequeno grupo de muhajreen e ansar, Umm Sulaym e Abu Talha(ra) faziam parte deste grupo.

“No dia de Hunayin, Umm Sulaym empunhou uma adaga. Abu Tallha a viu e disse: “ Oh Rasulullah, Umm Sulayim tem uma adaga!” Ele perguntou para ela: “O que é esta adaga?”, ela disse: “Eu peguei isso para que se algum mushrikeen se aproximar de mim, eu possa rasgar seu estômago com isto.”. O Rasulullah começou a rir. Ela disse: “O Rasulullah, mate todos os ‘tulaqa’(aqueles que entraram no Islam no dia da conquista de Makka) que o abandonaram no campo de batalha.” Ele disse: “Allah é suficiente para nós e Ele tomou conta de nós.” ( Sahih Muslim)

Umm Sulayim ficou firme ao lado do Profeta nesta batalha em que mesmo os mais corajosos homens foram postos a prova. O Profeta lhe deu a boa nova de que ela iria para o Paraíso. Narrado por Jabir ibn Abdullah(ra) e outros, que o Profeta disse:

“Eu estava no Paraíso, e então vi al-Rumaysa (apelido de Umm Sulaym), esposa de Abu Talha!” (Bukhari e Muslim)

Ele costumava visitar Umm Sulaym e sua irmã Umm Haram, e logo que deu a boa nova para Umm Sulaym, contou a Umm Haram que ela singraria os mares junto com aqueles que sairiam para combater pela causa de Allah.

Bukhari transmitiu de Anas(ra):

“O Rasulullah(saws) visitou a filha de Milhan, e adormeceu um pouco. Então ele acordou e sorriu, e ela perguntou: “Porque você está sorrindo, oh Rasulullah?” Ele disse: “Algumas pessoas de minha Ummah cruzarão o verde oceano pela causa de Allah e eles se parecerão com reis em seus tronos.” Ela disse: “O Rasulullah, reze a Allah(swt) para que eu seja um deles!”, ele disse: “Oh Allah, faça delas uma entre eles!”. E então, ele adormeceu de novo. Acordou sorrindo, e ela perguntou de novo porque ele estava sorrindo, ele deu uma resposta similar e ela disse de novo: “ Reze para Allah para que eu seja um deles. “ Ele disse: “ Você estará entre os primeiros deles não entre os últimos deles!”

Anas continua: “Ela se casou com Ubaada ibn as-Samit, e saiu para al-jihad com ele, e vijou pelo oceano junto com a filha de Qaraza(esposa de Mwuayia). Quando ela voltou, seu cavalo a derrubou, ela caiu e morreu.“

O túmulo de Umm Haram, no Chipre, permanece como o memorial da muçulmana que combateu pela causa de Allah(swt).

Asma’ bint Yazid ibn as-Sakan al-Ansaariya também escreveu seu nome entre as mulheres combatentes. Ela participou da batalha de al-Khandaq com o Profeta, estava presente em al-Hudaybyia, e na batalha de Khaibar. Depois da morte do Profeta, ela continuou seu esforço na jihad pela causa de Allah, no ano 13 H foi para as-Sham com as tropas muçulmanas, participando da batalha de Yarmuk, uma das mais famosas batalhas nas quais as mulheres lutaram lado a lado com os homens. Foi uma dura batalha, e muitos homens tentavam fugir do campo. Mas as mulheres ficaram na retaguarda, e os forçavam a voltar para a batalha com paus e pedras quando tentavam fugir.Ibn Kathir narrou:

“As mulheres muçulmanas lutaram neste dia, e mataram um grande número de romanos. Elas acertavam todos os muçulmanos que tentavam fugir dizendo: ‘Onde vocês estão indo? Vão dos deixar a mercê dos infiéis?’, quando elas lhes falavam deste jeito, eles não tinham escolha senão voltar.”

Neste dia, Asma’ bint Yazid lutou extremamente bem, demonstrando uma coragem que falta a muitos homens. Ela avançou com as linhas de ataque e acertou um grande numero de mushrikeen. Ibn Hajar narrou:

“Umm Salamah al-Ansariya(Asma’bint Yazid) estava presente em Yarmuk. Naquele dia ela matou nove romanos.”

Muitas são as histórias das mulheres que colaboraram, se empenharam e combateram pela causa de Allah, escolhemos algumas apenas para ilustrar como é amplo o campo de atuação das mulheres muçulmanas, e como elas podem dar importantes contribuições para esta Ummah. Como esposa, mãe, aluna , professora ou até mesmo combatente, a contribuição da mulher é imprescindível para esta comunidade, e já é hora de homens e mulheres se conscientizarem disso.

As mulheres devem resguardar-se da fitna, mas devem tirar os véus de suas mentes, percebendo o quanto podem colaborar com esta nação, disponibilizando suas habilidades a serviço da causa de Allah(swt), compreendendo que atuar na causa de Allah (swt) não implica em ultrapassar Seus limites.

Para revitalizar esta comunidade, devemos seguir o exemplo de nossos predecessores, as melhores gerações de muçulmanos, homens e mulheres, e aprender com eles que recato não quer dizer inércia, que pureza não quer dizer inatividade, e que o sucesso da Ummah depende de todos nós, depende da realização de nossos deveres individuais, sendo o empenho pela causa de Allah um deles.

A informação e educação são os primeiros passos no caminho para uma melhor compreensão, por parte de homens e mulheres, de seus direitos, deveres e limites, assim como para que a mulher possa cumprir seu importante papel na sociedade islâmica, colaborando tanto para restabelecimento do Estado Islâmico, como para seu fortalecimento, estabilidade e manutenção. Assim, as mulheres devem procurar o conhecimento islâmico, e os homens devem incentivá-las e lhes ensinar os limites de Allah, e também prepará-las e incentivá-las para atuar em prol da Ummah. Devem vencer o preconceito, e aceitar ajuda das mulheres crentes, no campo do conhecimento ou da ação, porque esta Ummah precisa do trabalho de todos que estejam dispostos a oferecer seus préstimos, para retomar o caminho da liberdade e da prosperidade. Dotada da compreensão necessária, a mulher saberá conjugar o recato com a atividade, perceberá e respeitará a tênue fronteira entre a ação e a respeitabilidade, não deixando de cumprir seu papel, realizando as atividades importantes para esta Ummah, mas também respeitando rigorosamente os limites de Allah. Assim se consolida a verdadeira crente, que se empenha pela causa de Allah(swt), e contribui para que esta Ummah se liberte da opressão e volte a ter um papel de destaque no cenário internacional.

Ihya' Ulum ad-Din, Brasil - Shawwal,1427/ outubro, 2006 - aisha_aini@hotmail.com

Fonte:http://www.religiaodedeus.net/mulher_contribui%C3%A7ao.htm

segunda-feira, setembro 24, 2018

Higiene Pessoal e Saúde Pública no Islão (II)

Esclarecimento à 2ª. QUESTÃO colocada por Dr. Ismael Selemane, por e-mail de 13 de setembro de 2018: A ÁGUA NO ISLÃO: wudu’, banho, mayet antes do enterro e cuidados de higiene ao manusear o cadáver (fonte de transmissão de doenças como o Ébola e não só!).

Prezados Irmãos, Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

2 - A — A ÁGUA NO ISLÃO Considerem a água da qual bebeis Sendo uma religião universal, originalmente nascida nos desertos áridos da Arábia para completar a mensagem dos Profetas anteriores, fazendo descer a revelação na sua última mensagem (o Alcorão), o Islão dota, com as qualidades mais sagradas, a água como dadora da vida e fonte de sustento e purificação. É a origem de toda a vida na terra, a substância da qual Deus (ár. Allah) criou o ser humano (Surat AlFurqan, 25:54). O Alcorão enfatiza a sua importância capital: "E criamos todos os seres vivos da água" (Surat Al-Anbiyaa, 21:30). A água é o elemento principal que existia mesmo antes dos céus e da terra: "E Ele (Deus) foi Quem criou os céus e a terra em seis dias — quando, antes, abaixo de Seu Trono só havia água — para provar quem de vós melhor comporta”. (Surat Hud, 11: 7) . A água de chuva, rios e nascentes que fluem através das páginas do Alcorão para simbolizar a benevolência de Deus: "Ele (Deus) Quem envia os ventos alvissareiros, mercê da Sua misericórdia; e enviamos do céu água pura… " (Surat Al-Furqán, 25:48). Ao mesmo tempo, os crentes são constantemente lembrados de que é Deus que fornece a água doce às pessoas, e que Ele também pode facilmente parar de o fazer: "Haveis reparado, acaso, na água que bebeis? Sois vós, ou somente somos Nós Quem faz descer das nuvens? Se quiséssemos, fá-la-íamos salobra. Por que é, pois, não agradeceis?". (Surat Al-Waqi`ah, 56: 68-70). Neste versículo, os crentes são avisados de que são apenas os guardiões da criação de Allah na terra;  não devem distorcer a Sua Lei, nas vossas próprias mãos. Economizem a água: "A limpeza é metade da fé", disse o Mensageiro (s.a.w.) para os seus companheiros num dos seus Ahadith. Essas palavras bem conhecidas e muitas vezes repetidas revelam não apenas a importância central da pureza e limpeza, mas também o papel essencial que a água desempenha no Islão. A purificação através da ablução (wudu') é um componente obrigatório do ritual da oração islâmica (salat); as orações realizadas num estado impuro não são válidas. Isso significa que os muçulmanos são obrigados a realizar a ablução ritual antes de cada uma das cinco orações diárias. Por outro lado, um ritual mais exaustivo é necessário em ocasiões específicas (gusl). 

O Mensageiro (s.a.w.) insistiu na moderação e economia no uso da água durante a ablução. Advertiu que cada passo de wudu' (ablução) não deveria ser feito mais de três vezes, antes de cada oração; Muhammad (s.a.w.) lavou cada parte apenas duas ou três vezes, nunca fazendo mais do que três vezes, mesmo que houvesse abundância de água. Os comentaristas acrescentaram: "Os homens da ciência desaprovam o exagero e também excedem o número de abluções do Profeta (s.a.w).". 

O Islão também oferece uma solução para os tempos de escassez, usando as acções do Profeta (saw) como guia. Um dia, quando o Profeta Muhammad (saw) estava a viajar pelo deserto com os seus companheiros, a sua esposa A'ishah (r.a.) perdeu o seu colar. Eles passaram muito tempo procurando, e quando chegou a hora da oração, o grupo não estava perto de uma fonte de água. Foi então que Allah revelou o ritual de tayammum (ablução seca) ao Profeta: "Ó vós que credes ... se estiverem doentes ou viajando ... e não conseguirem encontrar água, recorrei à terra limpa e passai (as mãos com a terra) levemente nos vossos rostos e mãos." (Surat An-Nisaa, 4:43). A terra limpa pode, assim, ser usada como substituto da água em circunstâncias excepcionais. De fato, o Profeta (s.a.w.) reconheceu a natureza pura da terra quando disse: "A terra foi criada para mim como uma mesquita e como um meio de purificação". 

A água e a Lei Islâmica O clima árido do deserto da Arábia, do Médio Oriente e do Saara do Norte da África torna a água um recurso valioso e precioso. A Lei Islâmica, a Shari'ah, entra em detalhes sobre o tema da água, para garantir a distribuição justa e equitativa da água na comunidade. A própria palavra Shari'ah está intimamente relacionada com a água. Está incluída nos antigos dicionários árabes e, originalmente, significava "o lugar de onde se desce à água". 

Antes do advento do Islão na Arábia, a Shari`ah foi, na verdade, um conjunto de regras sobre o uso da água: shir`at al-maa' eram as autorizações que davam direito à água potável. O termo foi posteriormente desenvolvido tecnicamente para incluir o corpo de leis e regulamentos prescritos por Allah. A água é uma dádiva de Allah. É uma das três coisas que foram autorizadas para todos os seres humanos: erva (pasto para gado), água e fogo. A água deve ser livremente acessível a todos, e todo o muçulmano que mantém a água que não precisa está em pecado contra Deus. "Ninguém pode recusar o excesso de água sem pecar contra Deus e contra o ser humano". 

Os Ahadith dizem que entre os três tipos de pessoas que Deus irá ignorar no Yaum al Qiam, está "a pessoa que, tendo abundância de água superior às suas necessidades, a nega a um viajante". Há dois preceitos fundamentais que orientam os direitos da água na Shari`ah: Shafa, o direito do sedento estabelece o direito universal dos seres humanos para saciar a sua sede e a dos seus animais; Shirb, o direito à irrigação, dá a todos o direito de regar as suas plantações

Água nas imagens do Paraíso Islâmico (Jannah): As metáforas do Alcorão em que a água é usada para simbolizar Jannah, justiça e misericórdia de Deus, são muito comuns. Desde as inúmeras referências no Alcorão para os rios refrescantes, chuva fresca, e fontes de água de deliciosos sabores no Jannah, pode-se deduzir que a água é a essência dos jardins da Jannah. 

A água flui sob e através deles, trazendo frescura e vegetação e saciando a sede. Os crentes serão recompensados pela sua piedade "sempre correndo rios de água impolúvel, rios de leite imutável no sabor, rios de vinho deleitante para os que o bebem, e rios de mel purificado…" (Surat Muhammad, 47:15). A água do Jannah nunca fica estagnada; flui, corre, ao contrário das águas corrosivas do Jahannam. O Alcorão também compara as águas do Paraíso (Jannah) com retidão moral: "Estarão no Jardim suspenso, onde não ouvirão futilidade alguma; nele haverá um manancial fluente" (Surat Al-Ghashiya, 88: 11-12). 

A COMUNIDADE MUÇULMANA COMEMORA O DIA DE ASHURA O Mundo Islâmico comemora o décimo dia (Ashura) de Muharram do Calendário Islâmico (19-20 setembro 2018), um dia que tem uma tradição triunfante dos Profetas Monoteístas. Neste dia, o Profeta Noé (Noé), a paz esteja com ele, "o salvado de Deus" (Naji Allah), desceu da Arca (al-Fulk) que o preservou do Dilúvio, por graça do Altíssimo; o Profeta Abraão (Ibrahim), a paz esteja com ele, "amigo íntimo de Deus" (Khalil Allah), foi salvo do fogo por intercessão divina quando foi arrojado por Namrod (tirano da Mesopotâmia); o Profeta José (Yusuf) , a paz esteja com ele, "o formoso de Deus" (Jamil Allah), se reuniu no Egipto com o seu pai Jacob (Yaqub), a paz esteja com ele, "o triste de Allah" (Hazin Allah); o Profeta Jonas (Yunus), a paz esteja com ele "o nadador de Deus" (Sabih Allah), foi resgatado pelo Misericordioso do ventre de um peixe gigante, para que ele pudesse ir pregar o monoteísmo para a cidade de Nínive (Iraque); e o Profeta Moisés (Mussa), a paz esteja com ele, "o interlocutor de Deus" (Kalim Allah) , que foi protegido pelo Todo Poderoso, com todos os seus seguidores, do ataque do Faraó, que morreu afogado com as suas hostes. Por esta razão, o Profeta Muhammad (s.a.w.), "o amado de Deus" (Habibullah), " o confiável" (al-Amin), jejuava sempre no dia de Ashura. Abu Hurairah (r.a.) narrou que o Mensageiro de Deus (s.a.w.) disse: "O melhor jejum, depois dos do mês de Ramadão, é no mês de Muharram." Nós lemos no Alcorão Sagrado: "Cremos em Deus, no que nos foi revelado, e no que foi revelado a Abraão, Ismael, Isaac, Jacob e às tribos, no que Moisés, Jesus e os Profetas receberam do seu Senhor. Não fazemos distinção entre nenhum deles e nos submetemos a Ele." (Al-Baqara,"”La Vaca”, 2: 136)

O grande número de referências específicas sobre a topografia de Jannah no Alcorão, levou a muitas tentativas de mapear o Paraíso. Ao longo da história, os governantes muçulmanos desde a Espanha Islâmica até à Pérsia tentaram reproduzir a imagem do Paraíso na concepção dos seus jardins palacianos, criando composições elaboradas com base em água, piscinas e fontes. Os jardins da Alhambra de Granada, o Bagh-eTarikhi em Kashan (Irão), e os jardins do Palácio Imperial em Marraquexe (Marrocos) testemunham esse desejo de imitar o paraíso descrito no Alcorão aqui, na terra. 

Todos são projetados em torno da água, e das fontes que têm sido sutilmente entretecidas na concepção dos belos parques, combinando a água com a bela paisagem natural, para preencher a alma humana com a fé, alegria e felicidade.

Fonte:  M. Yiossuf Adamgy Director da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán

quinta-feira, agosto 30, 2018

Os males que atingem o raciocínio e como tratá-los segundo o ISLAM!

Em nome de Deus, O Clemente! O Misericordioso! 


O Louvor é para Deus, O Louvamos, Imploramos Sua ajuda e Suplicamos o Seu Perdão. E nos refugiamos em Deus contra o mal das nossas almas e das nossas más ações. Aquele a quem Deus guiar ninguém poderá desencaminhar e aquele a quem Deus desencaminhar ninguém poderá encaminhar. Testemunhamos que não há divindade digna de adoração exceto Deus e Testemunhamos que Muhamad é Seu servo e mensageiro. E que a paz e as bênçãos de Deus esteja com o Profeta Muhamad e com seus familiares, seus companheiros, e todos aqueles que seguirem seu exemplo até o Dia do Juízo, Deusuma Amin.

Irmãos e irmãs muçulmanos, amigos e caros leitores! É uma prática no ISLAM, na Oração de Sexta-Feira chamada de Salat Jumua (Salat=Oração e Jumua= sexta-feira),os dirigentes abordarem termos que educam ou amplia a educação e os conhecimentos do muçulmanos. Para isso são utilizados versículos do Alcorão Sagrado e Sunnas (Costume, modo de agir)do Profeta Muhammad (SAWS). 

Para os sábios muçulmanos existem 05 (cinco) atitudes humanas que podem trazer entendimentos destorcidos ou até completamente prejudiciais ao crescimento espiritual do crente. São elas:

0 1) A falta de conhecimento (Curta Visão);

0 2) Percepção desvirtuada;

0 3) Imitação dos pais; 

0 4) Falsa crença; e

0 5) Desconfiança na verdade.

Deus, Louvado Seja diz no Alcorão Sagrado: “Surata Al Insrá (Viagem Noturna 82):“ E revelamos, no Alcorão, aquilo que é bálsamo e misericórdia para os fiéis; porém, isso não fará mais do que aumentar a perdição dos iníquos”.

01) A falta de conhecimento (Curta Visão)

Falaremos particularmente de como tratar a curta visão e a falta de conhecimento. Para erradicar de uma vez por toda esse mal, basta seguir o que foi proposto pelo Profeta Muhammad (SAWS): “É dever de todo crente e toda crente buscarem o conhecimento, enquanto viverem”. Quando isso não acontece a pessoa se torna o que chamamos de “Maria vai com as outras”, ou seja, torna-se instrumento de pessoas inescrupulosas, que por ignorância ou mesmo por maldade vivem repassando falsas verdades. Para se chegar a uma conclusão, principalmente de coisas do Sagrado, é necessário buscar fontes seguras, analisar texto, contexto, até que todos os fatos e dados possam dar consistência à pesquisa. Feito isso, torna-se mister uma mudança de atitudes, substituir os atos ruins pelos bons o que lhe garantirá conhecimento e paz nessa e na derradeira vida. A respeito disso diz Deus, Louvado Seja no Alcorão Sagrado: 47ª SURATA - "MOHAMMAD 10” Porventura, não percorreram a terra, para ver qual foi à sorte dos seus antecessores? Deus os exterminou! Semelhante sorte haverá para os incrédulos”. Ainda a esse respeito dia Deus, Louvado Seja na 26ª SURATA "ACH CHU’ARÁ" (OS POETAS) 6 a 10: “Desmentem-na; porém, bem logo lhes chegarão notícias do que escarnecem! Porventura, não têm reparado na terra, em tudo quanto nela fazemos brotar de toda a nobre espécie de casais? Sabei que nisto há um sinal; porém, a maioria deles não crê. E em verdade, o teu Senhor é o Poderoso, o Misericordiosíssimo. 0h! Recorda-te de quando teu Senhor chamou Moisés e lhe disse: Vai ao povo dos iníquos”.

O muçulmano tem a obrigação de buscar esses conhecimentos e aplicar os conceitos alcorânicos e da sunnah do Profeta SAWS, em sua vida diária, uma vez que uma visão estagnada na vem a somar nessa e na outra vida.

02) Percepção desvirtuada

Nessa segunda parte que se trata da inércia e a falta de percepção é bastante comprometedor ao crente, uma vez que está em jogo o temor a Deus, Louvado Seja, ou seja, colocar em cheque, os pactos firmados com Ele, desde Adão até Muhammad (SAWS). Isso implicará diretamente na preparação para o dia do Juízo Final, no qual deliberará toda sua justiça. Assim como está escrito no Alcorão Sagrado: 59ª SURATA - "AL HAXR” (O DESTERRO) 18:19: “ Ó fiéis, temei a Deus! E que cada alma considere o que tiver oferecido, para o dia de amanhã; temei, pois, a Deus, porque Deus está bem inteirado de tudo quanto fazeis. E não sejais como aqueles que se esqueceram de Deus e, por isso mesmo, Ele os fez esquecerem-se de si próprios. Estes são os depravados”!

Na verdade a percepção desvirtuada ou defeituosa liga o homem ao caminho da perdição e ao esquecimento de Deus, Louvado Seja, bem como de Suas determinações. Somente a recordação incessante de Deus, Louvado Seja, poderá fazer com que a nossa religião prevaleça.

03) Imitação dos pais; 

A terceira parte se trata da imitação cega aos nossos pais. Sem analisar à luz do ISLAM, se as suas atitudes tinha fundamentos ou não. Ou seja, só colocando em consideração o fanatismo, muitas vezes tribal, a ganância e o egoísmo, sem se que se importar com os nossos semelhantes. Para tratar esse grande mal, necessitamos seguir os procedimentos do Profeta Muhammad (SAWS), assim como está escrito no Alcorão Sagrado: 3ª SURATA – “AL-IMRAM” (A FAMÍLIA DE IMRAM)31: “Dize: Se verdadeiramente amais a Deus, segui-me; Deus vos amará e perdoará as vossas faltas, porque Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo. 2ª SURATA – “AL-BACARA170. ”Quando lhes é dito: Segui o que Deus revelou! Dizem: Qual! Só seguimos as pegadas dos nossos pais! Segui-las-iam ainda que seus pais fossem destituídos de compreensão e orientação”?

04) Falsa crença

Para tratar da quarta parte, que é a falsa crença ou errada deve substituí-la pela crença verdadeira, pois, Deus é justo e verdadeiro, como também é a Sua palavra e a Sua Religião! Podemos ver isso em alguns versículos do Alcorão Sagrado: 17ª SURATA - AL ISRÁ - A VIAGEM NOTURNA 81: “Dize também: Chegou a Verdade, e a falsidade desvaneceu-se, porque a falsidade é pouco durável”. 18ª SURATA - AL CAHF - A CAVERNA 39: “Por que quando entrastes em teu parreiral não dissestes: Seja o que Deus quiser; não existe poder senão de Deus! Mesmo que eu seja inferior a ti em bens e filhos”. 21ª SURATA "AL ANBIYÁ" (OS PROFETAS) 18: “Qual! Arremessamos a verdade sobre a falsidade, o que a anula. Ei-la desvanecida. Ai de vós, pela falsidade que (Nos) descreveis!”. 10 Yunus (Jonas) 35: “Pergunta-lhes: Existe algum ídolo, dentre os vossos, que possa guiar-vos à verdade? Dize: Só Deus guia à verdade. Acaso, Quem guia à verdade, não é mais digno e ser seguido do que quem não o faz, sendo ao contrário guiado? Que vos sucede pois? Como julgais assim?” 4ª SURATA - "AN-NISSÁN" - AS MULHERES 170: “Ó humanos, por certo que vos chegou o Mensageiro com a Verdade de vosso Senhor. Crede, pois, nele, que será melhor para vós. Porém, se descrerdes, saiba que a Deus pertence tudo quanto existe nos céus e na terra e que Ele é Sapiente, Prudentíssimo”. 

05)Desconfiança na verdade.

Para tratar a quinta atitude, que é a desconfiança na verdade precisa mudar esse quadro. Precisa reconhecer e abraçar a verdadeira crença, mais do que isso colocá-la em prática. Essa prática diária com certeza fará que a desconfiança desapareça e a verdade permaneça. Com isso cessará a confusão, uma vez a verdade estabelecida nossa felicidade nas duas moradas estarão garantidas. A esse respeito diz Deus, Louvado Seja, na Surata 14 - "IBRAHIM" ABRAÃO 10: “ Seus mensageiros retrucaram: Existe, acaso, alguma dúvida acerca de Deus, Criador dos céus e da terra? É Ele que vos convoca para perdoar-vos os pecados, e vos tolera até ao término prefixado! Responderam: Vós não sois senão uns mortais, como nós; quereis afastar-nos do que adoravam os nossos pais? Apresentai-nos, pois, uma autoridade evidente! E diz ainda na 06 SURATA - "AL-AN´AM" - O GADO 71: 72: “Pergunta-lhes: Devemos, acaso, invocar em vez de Deus, a quem não pode beneficiar-nos nem prejudicar-nos? Devemos, depois de Deus nos haver iluminado, voltar-nos sobre os nossos calcanhares, como (o fez) aquele a quem os demônios fascinaram e deixaram aturdido na terra, apesar de Ter amigos que lhe indicavam a verdadeira senda, dizendo-lhes: Vinde a nós! Dize: A orientação de Deus é a verdadeira Orientação, e foi-nos ordenado submeter-nos ao Senhor do Universo. 72.Praticai a oração e temei-O, pois sereis congregados ante Ele. Deus, Louvado Seja é Sapientíssimo!


Ó fiéis, atendei a Deus e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Deus intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24.


A paz esteja convosco!

Por: Hajj Hamzah Abdullah Islam

quinta-feira, agosto 23, 2018

Vivendo Junto com Não-Muçulmanos no Ocidente

Em nome de Deus o Clemente e Misericordioso!

Com 56 milhões de Muçulmanos na Europa e mais de 10 milhões nas Américas, existe um nível sem precedentes de interação entre pessoas de todas as fés. Então como um Muçulmano conduz a si mesmo?
Gentileza ao lidar com as pessoas e cumprimentar os não-muçulmanos
O Profeta () e seus Companheiros depois dele mostravam gentileza e generosidade para os não-muçulmanos dentre os judeus, os cristãos e pagãos como um meio de amaciar seus corações em relação ao Islām. Isso não era do aspecto de se acomodar com seu politeísmo, incredulidade, pecado e oposição deles contra o Islām – melhor dizendo, era com o propósito de convidar para o Islām, sua beleza e justiça. Isso é dentre as maneiras de chamar as pessoas para aceitar a beleza do Islām. Quantos não-muçulmanos aceitaram o Islām meramente com base na boa conduta que eles viram em um Muçulmano! Então essa questão não pode ser subestimada de forma alguma. ‘Abullāh bin ‘Amr (que Allāh esteja satisfeito com ele) mencionou que ele abateu um bode ou um carneiro e então disse ao seu servente:
Você mandou um pouco para o nosso vizinho judeu? Em verdade, eu ouvi o Profeta () dizer: “Jibrīl não cessou de me exortar em relação ao vizinho, tanto que eu achei que ele fosse herdar de mim!” [Al-Albānī, Al-Irwā, 891]
Abū Mūsā (que Allāh esteja satisfeito com ele) escreveu para um não-muçulmano e o cumprimentou com as saudações de Salām na sua carta. Então foi dito a Abū Mūsā:
“Você o cumprimentou enquanto ele é um não-muçulmano?” Ele respondeu: “Ele escreveu para mim e me cumprimentou então eu o cumprimentei de volta.” [Al-Bukhārī em Adab Al-Mufrad, nº 1101 e essa narração é Ṣaḥīḥ (autêntica)]
Shaykh Al-Albānī (que Allāh tenha misericórdia dele) disse que é permissível iniciar um cumprimento com outro além do Salām, tal como dizer: “Como você está essa manhã?”, ou “Como você está essa noite?”, ou “Tudo bem?”, entre outros. Começar dessa maneira é permissível. ‘Alqamah (que Allāh tenha misericórdia dele) disse: ‘Abdullāh bin Mas’ūd cumprimentava os não-muçulmanos agitando a mão. [Al-Bukhārī em Adab Al-Mufrad, nº 1104 e essa narração é Ṣaḥīḥ (autêntica)]
Se um não-muçulmano diz a um muçulmano “as-salāmu ‘alaykum (que a paz esteja sobre vocês)”, então uma pessoa responde com o que é equivalente a isso, que é “wa’alaykum us-salām (e sobre vocês esteja a paz)”. E essa posição é apoiada pelo dito de Ibn ‘Abbās (que Allāh esteja satisfeito com ele e seu pai) que disse: Responda o cumprimento de Salām sobre o judeu, o cristão ou o magus (zoroastra). Isso é porque Allāh disse:
 “Quando fordes cumprimentados com um cumprimento, cumprimentai de volta com um que é melhor ou (pelo menos) da mesma maneira.” [Sūrah An-Nisā (4):86] . [Coletado por Al-Bukhārī em Adab Al-Mufrad, nº 107. Ibn Jarīr Aṭ-Ṭabarī em At-Tafsīr, 10039 e essa narração é Ṣaḥīḥ (autêntica)]
E o que apoia isso de forma mais além é o que foi narrado de Sa’īd bin Jubayr (que Allāh tenha misericórdia dele) de Ibn ‘Abbās (que Allāh esteja satisfeito com ele) que disse:
Se o próprio Faraó me dissesse: “Que Allāh te abençoe.” Eu responderia: “E a você também.” Coletado por Al-Bukhārī em Adab Al-Mufrad, nº 1113, Aṣ-Ṣaḥīḥah 2/329 – autêntico sob as condições do Imām Muslim]
Além disso, Allāh () disse:
Allāh não vos proíbe de lidar justamente e gentilmente com aqueles que não lutam contra vós por conta da religião e não vos expulsam das vossas moradias. Em verdade, Allāh ama aqueles que lidam com equidade.” [Sūrah Al-Mumtaḥanah (60):8]
Então esse versículo é claro no comando do bom tratamento aos incrédulos dentre os compatriotas – aqueles que estão em paz com os crentes, não os prejudicam e lidam com eles justamente. E não há dúvida que se um deles cumprimenta com palavras claras dizendo “assalāmu ‘alaykum (que a paz esteja sobre vocês)”, então a pessoa deve responder com o mesmo.
Shaykh ‘Abdul-‘Azīz bin Bāz (que Allāh tenha misericórdia dele) disse, em relação ao tratamento de vizinhos não-muçulmanos:
Uma pessoa deve ser boa ao seu vizinho: não prejudicá-lo, dar caridade a ele se ele for pobre, der-lo-lo presentes e aconselhá-lo naquilo que é de benefício para ele porque tudo isso vai dar para ele um desejo pelo Islām e será uma causa da sua entrada nele. E isso é devido ao fato de que o vizinho tem direitos no Islām. O Profeta () disse: “Jibrīl não cessou de me exortar em relação ao vizinho, tanto que eu achei que ele fosse herdar de mim!” Existe consenso sobre a autenticidade dessa narração. Então, se um vizinho é um incrédulo, ele ainda tem direitos de um vizinho – e se ele é um incrédulo, um vizinho e um parente, então ele tem dois direitos: os direitos de um vizinho e os direitos de um parente. E é legislado dar caridade a um vizinho que é incrédulo ou até mesmo se ele não for um vizinho. A cunhada do Profeta Muḥammad () Asmā bint Abī Bakr foi visitada pela mãe dela em Madīnah durante o Tratado de Ḥudaybīyah. Ela era uma pagã convicta e queria ajuda. Então Asmā (que Allāh esteja satisfeito com ela) buscou permissão do Profeta () quanto a se ela deveria manter laços com a sua mãe, então ele respondeu: “Sim, mantenha laços com ela.” 
Quanto ao Zakāh, uma pessoa é permitida dar o Zakāh a um não-muçulmano para aproximar seus corações ao Islām. Quanto a participar [ou parabenizar] pelas suas festas e celebrações, então um muçulmano não é permitido a fazer isso.
[Vide: Majmū’ Al-Fatāwā  Ibn Bāz e http://www.binbaz.org.sa/mat/290 (levemente resumido)]
Em julho de 2000, o Shaykh Muḥammad bin Ṣāliḥ Al-‘Uthaymīn (que Allāh tenha misericórdia dele) deu um extraordinário conselho direcionado aos muçulmanos vivendo no Reino Unido:
Eu convido vocês a terem respeito por aquelas pessoas que têm o direito de serem respeitados, daqueles dentre vocês e com quem existe um acordo. A terra na qual vocês estão vivendo é tal que existe um acordo entre vocês e eles (ou seja, vocês estão em paz com eles e não em guerra). Se esse não fosse o caso, eles teriam matado ou expulsado vocês. Então preservem este acordo e não se provem traiçoeiros a ele, já que a traição é um sinal dos hipócritas e não é da maneira dos Crentes. E saibam que é autenticamente relatado do Profeta () que ele disse: “Quem quer que mate uma pessoa que está sob um acordo de proteção não sentirá a fragrância do Paraíso.” Não sejam enganados pelos tolos que dizem: “Aquelas pessoas são não-muçulmanas, então a riqueza deles é lícita para desapropriarmos.” Por Allāh, isso é uma mentira! Uma mentira sobre a Religião de Allāh e uma mentira sobre as sociedades islâmicas. Então nós não podemos dizer que é lícito ser traiçoeiro com as pessoas com quem nós temos um acordo. Ó, meus irmãos! Ó, juventude! Ó, Muçulmanos! Sejam verídicos na sua compra e venda, e no seu aluguel e locação e em todas as transações mútuas. Veracidade é dentre as características dos Crentes. Allāh () comandou:
يَا أَيُّهَا الَّذِينَ آمَنُوا اتَّقُوا اللَّهَ وَكُونُوا مَعَ الصَّادِقِينَ
“Ó, vós que credes, temei e mantende vosso dever a Allāh e estai com os Verídicos.” [Sūrah At-Tawbah (9):119]
E o Profeta () encorajou com a veracidade e disse: “Adiram à veracidade, porque a veracidade leva à piedade e a piedade leva ao Paraíso. E uma pessoa continuará a ser verídica e se esforçará em ser verídica, até que ele seja escrito com Allāh como uma pessoa verídica.” E ele alertou contra a falsidade e disse: “Cuidado com a falsidade, porque a falsidade leva à perversidade e a perversidade leva ao Fogo. E uma pessoa continuará a mentir e se esforçará em mentir, até que ela seja escrita com Allāh como um grande mentiroso.” Ó, meus irmãos Muçulmanos! Ó, juventude! Sejam verdadeiros nos seus ditos com seus irmãos e com aqueles não-muçulmanos com quem vocês vivem juntos, para que vocês os convidem para o Islām com as suas ações. Quantas pessoas existem que entraram no Islām por causa do comportamento e das maneiras dos Muçulmanos, sua veracidade e em serem verdadeiros nas suas relações?”
Essa fina etiqueta e justiça foram da conduta do Profeta () com os incrédulos. Ele os chamava com sabedoria e gentileza que foi reconhecida e testemunhada pelos não-muçulmanos. Quando Heráclio, o Imperador cristão dos romanos, perguntou a Abū Sufyān, um então veemente oponente do Profeta ():
“Com o quê Muḥammad os comanda?” Abū Sufyān respondeu: “Adorar Allāh e não adorar coisa alguma junto a Ele e abandonar o que nossos pais diziam [em adoração a outros além de Allāh]. E ele ordena com a oração, caridade, castidade e juntar os laços de família.” Ao ouvir as honestas palavras de Abū Sufyān, Heráclio disse o seguinte: “Se o que você disse é verdade, ele irá em breve ocupar esse lugar debaixo dos meus pés e eu sabia que um Profeta iria aparecer, mas eu não sabia que ele seria dentre vocês. Se eu o alcançar, eu imediatamente iria me encontrar com ele – e se eu estivesse com ele, certamente eu iria lavar seus pés.”[Coletado por Al-Bukhārī]
Reconhecer os Cumprimentos dos Incrédulos, mesmo que Eles Sejam Tiranos .
Abū Sinān (que morreu em 132 H que Allāh tenha misericórdia dele) disse:
Eu disse a Sa’īd bin Jubayr (m. 95 H): “Um magus adorador do fogo se inclinou a mim e me deu as saudações de salām, eu deveria responder a ele?” Então ele respondeu: Eu perguntei a Ibn ‘Abbās (que Allāh esteja satisfeito com ele) sobre algo similar, então ele me respondeu dizendo: “Mesmo se o próprio Faraó dissesse algo para mim de bem, eu o responderia da mesma forma.”[Vide: Mudārāt An-Nās, de Ibn Abī Dunyā, nº 108. Al-Hadā’iq de Ibn Al-Jawzī, 3/102]
Imām Al-Qurtubī (que Allāh tenha misericordia dele) disse: “É obrigatório sobre uma pessoa que sua fala para as [outras] pessoas seja gentil. Allāh disse para Mūsā e Hãrūn:
E falai com ele com fala macia, para que talvez ele possa ser lembrado ou tema [a Allāh]. [Sūrah Ṭā-Hā (20):44]
Então [hoje] aquele que fala às pessoas não é melhor do que Hārūn e Mūsā – e aquele a quem está se falando não é pior do que o Faraó. E ainda assim, Allāh comandou os dois a serem gentis com ele. [Al-Jāmi’ li Aḥkām Al-Qur.ān (2/16)]
Então, quando uma pessoa da Sunnah fala e responde de forma gentil a algum cumprimento de um não-muçulmano, isso de maneira nenhuma necessita que ele tenha dado aliança à Religião dos cristãos, judeus ou pagãos ou que ele esteja glorificando aquele a quem ele está se dirigindo, ou que ele aprovou a tirania que pode ter sido cometida por eles.
A Conduta do Profeta () e dos Companheiros com os Judeus e Outros Incrédulos
Ibn Abī Laylā (que Allāh tenha misericórdia dele) disse:
Qays bin Sa’d e Sahl bin Ḥunayf (que Allāh tenha misericórdia deles) estavam ambos em Qādisīyah quando um cortejo fúnebre passou por eles e ambos se levantaram. Então foi dito a eles: “Em verdade, ela [a pessoa morta] é uma pessoa dessa terra, uma mulher judia.” Então eles disseram: “Um funeral passou pelo Mensageiro de Allāh () e então ele se levantou. Foi dito a ele: ‘É um funeral de uma mulher judia.’ Então ele respondeu: ‘Ela não é uma alma?’” [Muslim, nº2224. Então o próximo capítulo [da sua coleção] tem o título “Capítulo: Ab-rogação de se Levantar para Funerais.” Seja para muçulmanos ou não-muçulmanos.]
Anas bin Mālik (que Allāh esteja satisfeito com ele) disse:
Havia um jovem judeu que servia o Mensageiro de Allāh (). Um dia ele ficou doente e então o Mensageiro () foi visita-lo. Ele sentou próximo à sua cabeça e disse a ele: “Abrace o Islām.” Então o garoto começou a olhar para o pai dele que estava presente. Seu pai disse: “Obedeça a Abūl-Qāsim (ou seja, o Mensageiro)!” E então o garoto se tornou Muçulmano. O Mensageiro () disse: “Todos os louvores são para Allāh que o salvou do Fogo.” 
[Coletado por Al-Bukhārī]
 E Allāh sabe melhor. Que a paz e a boa menção de Allāh estejam sobre o Profeta Muḥammad, sobre sua família, seus Companheiros e aqueles que os seguem até o Dia do Juízo. Traduzido originalmente por: Abu Khadeejah ‘Abdul-Wahid https://ahlussunnahfortaleza.wordpress.com/2017/08/24/vivendo-junto-com-nao-muculmanos-no-ocidente-abu-khadeejah/

sexta-feira, julho 27, 2018

Islam e as Escolas de Jurisprudência.

Em nome de Deus, O Clemente, O Misericordioso

Nos dias do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) os primeiros muçulmanos costumavam recorrer diretamente a ele para o esclarecimento das questões e dúvidas sobre os mais diversos assuntos. Após o falecimento do Profeta (S.A.A.S.) certas questões e circunstâncias novas surgiram entre os muçulmanos, o que é absolutamente normal nas sociedades; nessa época as pessoas recorriam a alguns dos companheiros do Profeta (S.A.A.S.) tais como Ali Ibn Talib, Abu Bakr, Omar (RAA), Abdullah Ibn Abbas, Abdullah Ibn Masud e outros. Assim, eles encontravam eventualmente pareceres levemente divergentes sobre algumas questões, as vezes, tão logo que uma opinião correta ou mais apropriada tornava-se conhecida as pessoas a adotavam. 

A geração que se seguiu recorreu aos Tabi`in (discípulos dos companheiros), viu-se então mais pessoas exercendo o Ijtihad com diferenças de opinião, muito embora ainda não existisse escolas de jurisprudência como existem hoje. Após o assassinato do terceiro Califa, Uçman Ibn Affan, a maioria dos muçulmanos juraram fidelidade ao Califa Ali Ibn Abu Talib (RAA) porém, Muawiah ibn abu Sufian recusou-se a isso. Ele estabeleceu um estado independente na Síria e escolheu seus próprios sábios jurisconsultos. Isto provocou a cisão entre os muçulmanos, num tempo em que a maioria dos muçulmanos e dos companheiros do Profeta (S.A.A.S.) consideravam Ali (RAA.) o legítimo Califa e o mais sábio de todos eles. 

Quando Muawiah levantou-se contra Imam Ali (RAA.) perpetrando a guerra e a rebelião contra um governante legítimo e justo, havia uma forte tendência a aceitação do Imamato de Ali (RAA.) e de seus dois filhos, Hassan e Hussein (RAA), a quem o Alcorão honrou e ordenou o amor e a salvaguarda. Um desse movimento que fizeram oposição a Muawiah (e dos hipócritas que há muito ansiavam dividir os muçulmanos) é o que se chama hoje de Xiismo.

Após o martírio do Califa Ali (RAA.), seu filho Hassan (RAA.) foi estabelecido como Califa, entretanto, Muawiah fortaleceu sua oposição diante do fraco empenho dos muçulmanos em apoiar o legítimo Imam. Imam Hassan (RAA.) viu-se forçado a abdicar e ceder o Califado sob um acordo com Muawiah, afim de interromper a crescente onda de divisão entre os muçulmanos. Todavia a situação agravou-se quando Yazid Ibn Muawiah, que sucedeu seu pai no califado de modo odioso e covarde, investiu contra a Família do Profeta (S.A.A.S.), martirizando seu neto Hussein (RAA.), seus companheiros e parentes em Karbala (Iraque), no ano de 61 da hijra. 

Até este tempo não existiam escolas distintas de jurisprudência como hoje existem. Muito embora existissem duas facções políticas em oposição: Os que apoiavam a Família do profeta (S.A.A.S.) e os que apoiavam o clã omíada (o clã de Muawiah). 

Após a metade desse primeiro século os ensinamentos islâmicos espalharam-se e matérias como a interpretação do Alcorão, as Tradições e o Fiqh tornaram-se bem conhecidas. No segundo século esse processo desenvolveu-se mais ainda, surgiram muitos juristas e Sábios que praticavam o Ijtihad e conseqüentemente, diferentes opiniões e deduções. É por isso que encontramos hoje algumas diferentes opiniões e pareceres jurídicos entre os muçulmanos. Foi somente neste segundo século, sob influência do governo Omíada que estas diferentes opiniões tornaram-se distintas escolas de jurisprudência, sendo que quatro destas escolas foram reconhecidas pelos Omíadas. 

Uma Explanação sobre as Principais Escolas: 

A Escola Hanafi 
É a que segue as opiniões do sábio Abu Hanifa, nascido em 80 (hijra) na Pérsia. Ele foi educado em Kufah, onde estudou com um Tabiin de nome Hammad ibn Abi Salamah por 18 anos. Logo, tornou-se um sábio destacado de seu tempo desenvolvendo seus próprios pareceres e exercendo o Ijtihad. Baseava-se em “opinião e analogia”, metodologia que foi refutada por Imames de outras escolas (Malik, Hambal, Jáfar entre outros). Sua escola de pensamento espalhou-se por diversas partes do mundo islâmico e hoje é majoritária entre os muçulmanos. 

Abu Hanifa viveu por 52 anos sob o governo Omíada; não concordando com este governo e acreditando que o direito ao califado pertencia aos filhos de Ali (RAA), Abu Hanifa emitiu um fatwa (parecer) em apoio à revolução dos Alawi liderada por Zaid ibn Ali Ibn Hussein, chegando mesmo a asseverar sobre o pagamento de Zakat àqueles revolucionários. Os Omíadas, tentando cooptar seu apoio ofereceram a posição de juiz a Abu Hanifa que recusou. Em virtude disso foi preso e chicoteado por alguns dias quase até a morte, porém o carcereiro ajudou-o a fugir. Ele refugiou-se em Makka e Medina por 2 anos, permanecendo em Medina até a queda dos Omíadas e a ascensão dos Abássidas. Abu Hanifa recusou-se a cooperar com os abássidas e conseqüentemente foi aprisionado por Mansur, que ordenou que o torturassem, assim, ele foi assassinado a chicotadas (110 chicotadas). 

Abu Hanifa disse: "Esta é minha opinião e isto é o melhor do que eu posso pensar disso. Se alguém trouxer outra opinião nós podemos aceitá-lo. É haram para qualquer pessoa emitir Fatwa baseado em minhas palavras sem conhecer minha prova.” 

Depois de sua morte seus discípulos, como Abu Yusuf, entraram em bons termos com os Abássidas, fazendo uso de seus postos no governo para propagar suas opiniões. 

A Escola Maliki 
É a que adota o Fiqh de Malik Ibn Anãs nascido em Medina em 93 (hijra). Malik estudou com alguns juristas de seu tempo como Nafi, o escravo liberto de Abdullah Ibn Umar e também com o Imam Jafar Assadeq (RAA.). 

Durante o período Omíada ele alcançou fama como sábio, depois da queda dessa dinastia e a ascensão dos abássidas, ele também emitiu Fatwa conclamando apoio popular à revolução de Mohammad Ibn Abdillah Ibn al-Hassan. O governo abássida aprisionou-o e flagelou-o com 50 chicotadas até que seu ombro direito fosse deslocado devido a violência dos golpes. Posteriormente, o Califa Mansur mudou seu pensamento e melhorou suas relações com Malik, e solicitou que ele escrevesse um livro jurídico para que fosse adotado pelo povo. Malik escreveu al-Mawwata, e deste modo seu Fiqh propagou-se especialmente pelo norte da África e em Andaluzia. Malik morreu em 179 (hijra). 

Sobre sua opinião jurídica ele costumava dizer: “Eu sou humano e posso estar certo ou errado; assim, comparem o que eu digo ao Alcorão e a Sunna”. 

A Escola Xafyy 
Segue os ensinamentos de Mohammad ibn Idris Xafi, que nasceu em 150 (hijra). Ele instruiu-se com vários ulama (sábios) de seu tempo, tais como Muslim Ibn Khalid al Makhzumi e Malik Ibn Anas. Após a morte de Málik , Xafi exerceu algumas funções oficiais no Iêmen. Durante o governo de Ar-Rashíd em 178 (hijra) ele foi acusado de apoio aos Alawitas sendo levado a julgamento em Bagdá com outros prisioneiros. Alguns foram mortos, Xafi porém, escapou da morte e viajou para o Egito e ali se estabelecendo desenvolveu seu Fiqh, o qual se propagou por vários países islâmicos. 

A Escola Hambali 
Segue os ensinamentos de Ahmad Ibn Hambal nascido em 164 (hijra) em Bagdá. Ele foi discípulo de Xafi e de Abu Yusuf, e também aprendeu com outros Sábios de sua época. Sua escola não se expandiu tanto como as anteriores, ficando circunscrita especialmente no Hijáz (região da Península Arábica). Hambal faleceu em Bagdá em 241(hijra). 

A Escola Jafari (Xiita) 
Essa escola xiita ou Fiqh Jafari, em virtude de seu caráter único e historicamente reivindicador do direito dos Ahlul Bait (Descendentes Diretos do Profeta (S.A.A.S.) permaneceu como uma oposição ao governo Omíada, não sendo portanto reconhecida pelos mesmos. 

Imam Jafar Assadeq (RAA) nasceu em 82 (hijra), durante a dinastia omíada. Ele foi educado e instruído sob a supervisão de seu pai, Imam Mohammad al-Baquer (RAA) de quem recebeu os ensinamentos legados de geração em geração provindos diretamente do Profeta (S.A.A.S.), com base nesse legado Imam Jafar (RAA.) emitiu milhares de pareceres concernentes às mais diferentes e variadas questões, sistematizando o Fiqh xiita e proporcionando um vasto conhecimento a inúmeros sábios. O número de estudantes e confiáveis narradores e teólogos que receberam seu conhecimento foi estimado em 4000, e certos historiadores calculam que este número tenha sido muito maior. 

Os sábios e historiadores contemporâneos reconheceram seus méritos, seu ascetismo e sua erudição. Malik Ibn Anas (imam dos malikitas), que estudou com ele, declarou: “eu costumava visitá-lo em tempo integral e eu nunca o vi em outro desses 3 estados: ou estava em prece, ou em jejum ou estava recitando o Alcorão”. 

Imam Jáfar (RAA) narrou milhares de tradições citando como fontes seus antecessores, debateu com grandes sábios e filósofos, refutou os ateístas e apóstatas provando falsos seus desvios e opiniões equivocadas. Sobre a autoridade de seus ensinamentos disse: “Minhas tradições são as de meu pai e as tradições dele são as de meu avô, e as de meu avô são as de Ali Ibn Abu Taleb, e as de Ali Ibn Abu Taleb são as do Mensageiro de Deus, e as tradições do Mensageiro de Deus são as palavras de Deus, O Poderoso, O Altíssimo.” 

Imam Jafar (RAA.) morreu aos 68 anos em 148 (hijra), seu corpo purificado repousa no cemitério de Baqi em Medina. 

Conclusões Importantes 

Nós sabemos que o Islam trazido pelo Profeta (S.A.A.S.) não tinha seitas ou diferentes preceitos, as atuais diferenças foram geradas por circunstâncias políticas e históricas que produziram diferenças do Ijtihad dos sábios. Todos os Muçulmanos são uma única nação (Ummah). Individualmente devemos buscar o entendimento e não alimentar o que divide os muçulmanos, devemos também buscar o preceito correto (pelo estudo e pelo raciocínio) agindo em acordo com o preceito que esteja baseado em correta prova, com ampla compreensão e um fiel testemunho. 

O conhecimento da história verídica dos primeiros tempos do Islam é de suma importância nessa busca, para desfazer as más interpretações e as idéias preconcebidas que os hipócritas e os ignorantes por séculos têm insuflado com o objetivo de confundir e alimentar rivalidades em meio aos muçulmanos. 

Os erros e os desmandos cometidos por tiranos travestidos de líderes da Ummah produziram distorções e desvios que enfraqueceram a nação muçulmana em todos os campos; possibilitaram inclusive que seitas heréticas surgissem alimentando ainda mais o extravio nas camadas populares. Movimentos heréticos e flagrantemente contrários ao verdadeiro Islam como Wahabi na Arábia Saudita, Baha”i no Irã, Ahmadiyah no Paquistão e a Seita Ismaelita são sintomas dessa situação lamentável em que a nação islâmica se encontra. 

Mais do que nunca os verdadeiros muçulmanos devem unir-se e buscar o conhecimento correto que desfaça os desentendimentos que os separam. "Caberá a todo crente e a toda crente buscarem o conhecimento durante toda sua vida" Profeta Muhammad SAAS . "Conhecereis a Verdade e a Verdade Vos Libertará" Iça Aleihi Salam - Ingil JO 8-32.

domingo, junho 10, 2018

O SALAH - A ORAÇÃO NO ISLÃO – 2ª. Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso).

JUMA MUBARAK

“E ordena à tua família o culto (a oração) e sê constante na sua prática...” 20:132 O Salah (oração), consiste em sequências de actos físicos e de orações/preces, que são repetidos em cada oração. Cada sequência chama-se “Rakah”. O número de rakahs é diferente para cada uma das 5 orações obrigatórias prescritas para o dia e também para a oração congregacional de Juma (sexta-feira), dia sagrado para os muçulmanos.

São 5 orações diárias, prescritas para cada hora do dia: Fajr, antes do nascimento do sol; Dhuhr, a meio do dia; Assr, a meio da tarde; Maghrib, imediatamente após o pôr do sol; e à noite, Isha’a, com início, cerca de uma hora e meia após o pôr do sol. Nas sextas-feiras é efectuado o salat de Juma, em congregação, que substitui o salat Dhuhr.

Em cada uma das 5 orações, temos as rakats obrigatórias (Fard), as feitas insistentemente ou não pelo Profeta (Sunnah), as facultativas (Nafl) e as de número impar, efectuadas depois da ultima oração da noite (Witr). Nos Sunnah, existem duas categorias; as feitas com insistência pelo Profeta (Sunnat-Mu’akkadah) e as feitas ocasionalmente (Sunnat-Ghair-Mu’akkadah).

Existem dois tipos de Fard (obrigações): O Fard al-Ayan (obrigação individual) e o Fard al-Kifayah (obrigação da comunidade). O Fard al-ayan, é uma obrigação individual, a qual cada um responderá perante Deus. É o exemplo das 5 orações e do jejum no mês de Ramadan. “A pessoa que perdeu uma oração, é igual aquela que perdeu toda a sua família e bens”. O Fard al-Kifayah é a obrigação da comunidade residente. Se alguns dos residentes o praticarem, estarão os restantes livres das responsabilidades. É o exemplo da oração fúnebre. Se as obrigações não forem
observadas por alguns, então serão todos os membros da comunidade responsabilizados por isso.

Dentro dos Sunitas e nas 4 escolas (imamos), não existe nenhuma divergência no que se refere ao número de rakats para cada uma das orações fards (obrigatórias). No total, são 17 rakats distribuídos pelas 5 orações diárias. No que se refere às orações Sunnah, verificam-se algumas pequenas diferenças nos 4 imamos, mas que não trazem qualquer inconveniente.. Existem hadices autênticos que nos incentivam às
seguintes praticas de orações sunnah, antes ou depois das obrigatórias: 2 rakats antes da oração da manhã; 4 rakats antes e 2 rakats depois da oração fard de Dhuhr; 2 rakats depois de fardh Maghrib; 2 rakats depois da oração obrigatória de Isha’a; 4 rakats depois da oração em congregação de Juma.

As orações devem ser observadas dentro das horas prescritas. No caso de impossibilidade, deve-se efectuar a oração, imediatamente na primeira oportunidade. A oração assim efectuada, depois da hora prescrita, denomina-se de “Qadá”. Quando em viagem, para uma distancia superior a 77 Kms, as 4 rakats para cada uma das orações de Dhuhr, Assr e Isha’a, são reduzidas para 2 rakats. A oração de Witr depois de Isha’a, deve ser feita. É a oração de “Cassr”-Salat al-Mussafir. “E quando viajardes pela terra, não é pecado para vós abreviardes a oração.” 4:101. Referiu
o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): “A redução da oração na viagem é um Sadacah (uma dádiva) que Allah vos deu, portanto aceitai o Sadacah de Deus.”- Relato de Musslim).

Para além das 5 orações obrigatórias, existem outras orações que devem ser observadas, de acordo com as necessidades, ou obrigação como muçulmano, como por exemplo: -Tahiatul Uzhú, 2 rakats depois de se fazer as abluções – prática que garantiu o paraíso a Bilal (Radiyalahu an-hu), Muazin do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam); -Tahiatul Masjid, ao entrar, 2 rakats de saudação à Mesquita; -Salatul Janázah, oração fúnebre em congregação - o muçulmano falecido tem os seus direitos perante a comunidade: ser lavado, ser coberto com um pano branco (cafan) e ser realizada uma oração fúnebre; -Salat Iss’tikhárah, quando o muçulmano necessita de alguma orientação divina para os seus problemas ou quando necessita de escolher entre algumas alternativas permitidas, deve efectuar duas rakats, louvar a Deus, enviar Durud para o Profeta e fazer uma prece; -As orações de Idul Adhá e Idul Fitr, em congregação, nas duas festas religiosas; -Salat Tarawi, durante as noites do mês de Ramadan; -Salat Taubah, com vista a pedir perdão a Deus, por algum pecado cometido; -Salat Haja, quando alguém se debate com algum grave

problema relacionado com este mundo ou com o além (akhirat), deve efectuar 2 rakats, louvar a Deus, enviar Durud e fazer duá (prece): Implorem a ajuda de Deus com paciência e oração”. 2:45; -Salat Tahajud, é a oração facultativa que foi muito praticada pelo Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): devemos acordar à noite efectuar entre 2 ou mais rakats, na solidão e no silencio da noite, mas na presença de Deus,
nosso Criador e Sustentador, fazer duá (prece); -Salat Tasbih, recomendado pelo Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam); -Salat para pedir chuva, quando a comunidade sente os efeitos da seca.

O mundo é uma Mesquita!. O muçulmano pode efectuar as orações em qualquer lugar, desde que se encontre limpo. É uma benesse de Deus, porque qualquer lugar do mundo pode servir para lugar de adoração. Apesar de podermos fazer as orações individualmente, é recomendada a oração em congregação (Jama’ah), nas Mesquitas, na falta destes, nos locais definidos pela comunidade. A oração em congregação vale
25 ou 27 vezes mais, em relação a efectuada individualmente. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) elevou o valor de 3 Mesquitas, conforme foi referido por Anáss Ibn Málik, em IbnMája/Michkat: “A recompensa da oração obrigatória feita em casa é de uma vez; Na Mesquita é de 25 vezes; Na Mesquita durante a oração de sextafeira, é de 500 vezes; Na Mesquita Al-Aqsá (Jerusalém) é de 5.000 vezes; na Mesquita do Profeta em Madina (Massjid Nabawi) é de 50.000 vezes; e na Mesquita em Maka (Massgidul Háram) é de 100.000 vezes.”
Um bom dia de Juma, com muitas e muitas orações.
Cumprimentos,
Abdul Rehman Mangá

terça-feira, junho 05, 2018

INÍCIO DAS ÚLTIMAS 10 NOITES DO MÊS DE RAMADÃO

Prezados Irmãos, Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. A Al Furqán, órgão para estudo e divulgação do Islão em Portugal SAÚDA toda a comunidade em geral e a comunidade islâmica de Portugal, em particular, ao começar a passar nas últimas 10 noites do abençoado mês de Ramdão. 

O mês do Ramadão é uma grande oportunidade para o servo virtuoso de Deus (ár. Allah) que quer se beneficiar e tornar o seu tempo frutífero. Estamos no maior mês do ano, entre as melhores e maiores noites de todas as noites do período e, entre estas noites, há uma noite que é "melhor que mil meses" (A Noite do Decreto). Oramos a Allah (o Altíssimo) para aceitar o nosso jejum, as orações e todas as nossas boas obras. Allah diz: «Ó crentes! Está-vos prescrito o jejum, tal como foi prescrito aos vossos antepassados, para serdes piedosos. Jejuareis determinados dias; porém, quem de vós não cumprir o jejum, por achar-se enfermo ou em viagem, jejuará, depois, o mesmo número de dias. Mas quem, só à custa de muito sacrifício, consegue cumpri-lo, vier a quebrá-lo, redimir-se-á, alimentando um necessitado; porém, quem se empenhar em fazer além do que for obrigatório, será melhor. Mas, se jejuardes, será preferível para vós, se quereis sabê-lo. O mês de Ramadão foi o mês em que foi revelado o Alcorão, como orientação para a humanidade e como evidência de orientação e discernimento. Por conseguinte, quem de vós presenciar o novilúnio deste mês deverá jejuar; porém, quem se achar enfermo ou em viagem jejuará, depois, o mesmo número de dias. Allah vos deseja a comodidade e não a dificuldade, mas cumpri o número (de dias), e glorificai a Allah por ter-vos orientado, e para serdes agradecidos. E quando os Meus servos te perguntarem, por Mim, dize-lhes que estou próximo e ouvirei o rogo do suplicante, quando a Mim se dirigir. Que atendam o Meu apelo e que creiam em Mim, na esperança de serem encaminhados». (Alcorão, 2:183-186)

Sobre o Ramadão: Allah prescreveu o jejum para os muçulmanos num mês especial, o abençoado mês do Ramadão, e fez dele o quarto pilar do Islão. Allah disse O significado do jejum: O jejum no Islão é uma forma de adoração a Deus, abstendo-se de comida e bebida, bem como sexo e outras coisas que anulam o jejum, desde o início do amanhecer até o pôr do sol, quando é feita a chamada para a oração (salat) do Mágrib. 

Virtudes do mês do jejum O mês do Ramadão é o nono mês lunar do calendário islâmico, sendo o melhor dos meses do ano; e é por isso que Allah o tornou especial, concedendo-lhe muitas virtudes, ao contrário dos outros meses. Entre essas virtudes estão: 
1. Que Allah o escolheu para revelar o maior dos Seus Livros: o Alcorão. Allah diz: "No mês de Ramadão foi revelado o Alcorão como orientação para a humanidade e como evidência de orientação e discernimento." (Alcorão 2: 185). 
2. E o Mensageiro de Deus (que a paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele): "Quando começa o Ramadão, as portas do Paraíso são abertas e as portas do Inferno estão fechadas, e o satanás está acorrentado" (Al Bukhari, 3103; Muslim, 1079). Allah preparou este tempo para adorá-Lo, obedecê-Lo e abandonar os maus hábitos. 
3. Para aqueles que jejuam durante o dia e realizam atos de adoração durante a noite, Allah perdoará as suas faltas anteriores. Disse o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele): "Aquele que jejua durante o Ramadão com fé e devoção, Allah perdoará as suas faltas anteriores" (Al Bukhari, 1910, Muslim, 760). E ele (p.e.c.e.) também disse: "Todo aquele que se levantar em adoração durante o Ramadão com fé e devoção, Allah perdoará as suas falhas anteriores" (Al Bukhari, 1910, Muslim, 759). 
4. Neste mês se encontra a maior das noites do ano: a Noite da Predestinação (Láilatu Al Qadr). “A Noite da Predestinação é melhor do que mil meses" (Alcorão, 97: 3). A quem, nesta noite, realiza atos de adoração com fé e devoção, Allah perdoará as suas faltas passadas. Esta noite é uma das últimas dez noites ímpares do Ramadão, e ninguém sabe exatamente qual delas é, embora haja um consenso entre uma parte dos eruditos que seja a 27ª. noite. Ó Allah, ensina-nos o conhecimento que nos beneficie e nos permita alcançar a Noite do Decreto. Ó Allah, Tu és o Perdoador e amas perdoar. Então, perdoa-nos. 

Obrigado. Wassalam (Paz). M. Yiossuf Adamgy Diretor da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán