sábado, junho 02, 2018

Jesus Nas Tradições Muçulmanas

O Hadith é uma das fontes de conhecimento que os estudiosos do Cristianismo têm tentado esconder, pois contém um conjunto de narrativas de testemunhas oculares, sobre aquilo que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse e fez ao longo da sua vida.

A Igreja Romana e os missionários Cristãos criaram uma sofisticada pseudo-sabedoria para desacreditar o Hadith muçulmano, apesar de esta já ter sido submetida ao mais escrupuloso e rigoroso exame da história e da sabedoria.

Ao contrário dos Evangelhos do Novo Testamento, o Hadith só foi aceito, depois de se verificar que a pessoa que está na origem da cadeia de transmissão é de confiança, ou seja, foi companheiro do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), testemunhou diretamente o acontecimento ou ouviu realmente as palavras que o Hadith contém.

Portanto, as pessoas que mais amaram e temeram Deus são os que maior confiança merecem. As coleções mais importantes do Hadith, as do Imam al-Bukhari e de Sahih Muslim, foram reunidas cerca de cento e vinte anos depois da morte do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).

E cobrem todos os aspectos da sua vida e doutrina, constituindo uma parte essencial dos ensinamentos do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele). Aliás, foi a partir das narrativas de testemunhas oculares contemporâneas do Profeta, que se compilaram as coleções de Imam Al Bukhari e Sahih Muslim.

Além do Hadith, também há muitas tradições Muçulmanas que contam o que Jesus (que a Paz esteja sobre ele) disse e fez, a partir do testemunho original dos primeiros seguidores de Jesus (que a Paz esteja sobre ele), especialmente daqueles que se espalharam pela Arábia e pelo Norte de África.

Quando o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele), apareceu, muitos dos seguidores destes seguidores abraçaram o Islam, transmitindo tudo o que sabiam acerca de Jesus (que a Paz esteja sobre ele), inclusive que tinha anunciado a chegada do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).

Assim, as tradições foram transmitidas de geração em geração pêlos Muçulmanos, tendo muitas delas sido reunidas em Histórias dos Profetas (Stories of the Prophets), de Tha'labís e em Renovação das Ciências Religiosas (Revival of the Life-Transaction Sciences) de Al-Ghazzali.

É interessante notar como as tradições dão uma imagem clara e unânime do ascético Profeta que preparou o caminho para o Último Mensageiro.

Ka'b al-Akbar disse:

''Jesus, que a Paz esteja com ele, filho de Maria, era um homem ruivo, quase branco; não usava cabelo comprido, nunca curvava a cabeça e costumava caminhar descalço. Não tinha casa, adornos, bens, roupas, nem sequer provisões, para além dos alimentos desse dia. Onde quer que estivesse, quando o sol se punha, rezava, preparando-se para o nascer do novo dia. Curava os cegos de nascença, os leprosos, ressuscitava os mortos com a permissão de Deus e dizia às pessoas o que estavam a comer em suas casas e o que armazenavam para os dias seguintes, e caminhava à superfície da água do mar. Os seus cabelos estavam em desordem e a sua cara era pequena; era um ascético, que só desejava entrar no outro mundo e adorar Deus. Peregrino, andava de terra em terra, até os Judeus o perseguirem e quererem matar. Então, Deus levou-o para o céu. Deus sabe melhor.''

Malik disse:

Jesus, que a Paz esteja com ele, disse certa vez:

''A minha preparação é a fome, a minha vestimenta interior é o temor a Deus, a minha vestimenta exterior é a lã, o meu fogo no inverno são os raios do sol, a minha luz na escuridão é a Lua, a montaria que me que me conduz são os meu pés e os meus alimentos e frutos são os que a terra produz (sem cultivo). À noite não tenho nada e de manhã não tenho nada; no entanto, não há na terra homem mais rico do que eu.''

Jesus, que a Paz esteja com ele, disse certa vez:

''Aquele que anda à procura do mundo é como alguém que bebe a água do mar; quanto mais bebe; mais a sede lhe aumenta, até o matar.''

Jesus, que a Paz esteja com ele, disse certa vez:
''Conta-se que o Messias, que a Paz esteja com ele, em uma de suas caminhadas, passou pôr um homem a dormir, enrolado em seu casaco, então, Jesus acordando-o, disse-lhe: Ó homem que dormes, levanta-te e glorifica Deus! Louvado seja Ele! Ao que o homem respondeu: o que queres de mim? Na verdade deixei o mundo e as suas gentes. Jesus lhe disse: Dorme então meu amigo.''

Obaid filho de Umar nos relata o seguinte:

'' Jesus filho de Maria, que a Paz esteja com ele, disse certa vez, não costumava andar com nada mais de que um pente e um púcaro. Um dia, viu um homem a pentear a barba com os dedos, e vendo aquilo ele jogou o seu pente fora; e viu um outro homem bebendo água do rio com as palmas de suas mãos e logo abandonou o seu púcaro.''

Janir nos relata o seguinte:'' Jesus, que a Paz esteja com ele, passou pôr três pessoas que tinham um ar abatido e pálido e disse:Porque estais assim ?Eles responderam temos medo do fogo.Jesus disse: É dever de Deus proteger os que temem.Depois de deixar esta pessoas, passou pôr outras três, e viu.Estavam ainda mais magras e pálidas, e pôr isso disse:Porque estais assim?Elas responderam: Queremos o Paraíso.Jesus disse: É dever de Deus dar-vos aquilo pôr que asseiam.Depois de passar pôr estas pessoas, chegou a outras três, o olhou.Estavam ainda mais magras e pálidas, como se seus rostos estivessem estado escondidos atrás de espelhos de luz.Pôr isso disse: Porque estais assim?Eles responderam: Nós amamos Deus, Ele é Grande e Glorioso.Jesus então disse: Vós sois aqueles que estão mais próximos de Deus; vós sois aqueles que estão mais próximos de Deus; vós sois aqueles que estão mais próximos de Deus.''

E disse também:''Certa vez, Jesus, que a Paz esteja com ele, passando um dia pôr uma colina, viu uma gruta, ao passar perto dela, observou um homem devoto, com as costas dobradas e o corpo cansado de tanta adoração, parecendo que tinha atingido o limite de suas forças.Jesus comprimentou-o e pensou na prova de devoção que viu.Então disse-lhe: Há quanto tempo estas neste sítio?O homem respondeu: Durante setenta anos estive a pedir-Lhe uma coisa, mas Ele ainda não me concedeu, talvez tu ó Espírito de Deus, possa interceder pôr mim, e fazer com que me seja concedida a graça que procuro.Jesus disse: O que é que pretendes?E o homem respondeu: pedi-lhe que me deixasse provar um pouco de Seu amor puro, do tamanho de um átomo.Jesus disse-lhe: Rezarei pôr ti.E nessa noite, Jesus, que a Paz esteja com ele, rezou pôr ele, e Deus, Louvado seja Ele!Revelou-lhe o seguinte: Aceitei a tua oração e concedi o teu desejo.Passado alguns dias, Jesus, que a Paz esteja com ele, regressou para ver como estava o devoto e viu que a gruta tinha desmoronado e que no chão se abriu uma grande fenda.Jesus, que a Paz esteja com ele, desceu pôr essa fenda profunda e descobriu o devoto numa gruta subterrânea, com os olhos esbugalhados e a boca aberta.Então, Jesus, que a Paz esteja com ele, saudou-o, mas não recebeu resposta.Enquanto Jesus, que a Paz esteja com ele, pensava no que acontecerá, uma vós disse:Ó Jesus, ele pediu-nos um átomo de Nosso puro amor, e como Nós sabíamos que não estava preparado para isso, demo-lhes a centésima parte de um átomo e ele ficou desnorteado.Como teria sido se lhes tivéssemos dado mais do que isso?''

Abu Huraira contou que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse:

''Em nome daquele em cujas mãos está a minha alma, o filho de Maria, em breve descerá entre vós como um juiz justo. Quebrará cruzes, exterminará os porcos e abolirá a Jizya, e a riqueza derramará de tal forma que ninguém a aceitará, pois uma Sajda, será melhor do que todas as riquezas do mundo.''

Abd'Allah Bin Amr contou que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse:

''Jesus, filho de Maria, descerá à terra, casará, terá filhos e permanecerá na terra durante quarenta e cinco anos, findos os quais morrerá e será enterrado junto de mim, na minha sepultura. Então Jesus, filho de Maria, e eu, levantar-nos-emos de uma sepultura entre Abu Bakr e Umar.'' (Isto foi transmitido pôr Ibn al-Jauzi no Kitab al-Wafa')

Abu Huraira contou que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse:''Eu sou o parente mais próximo de Jesus, filho de Maria, neste mundo e no outro. Os Profetas são irmãos, filhos do mesmo pai. As suas mães são diferentes, mas a sua religião é só uma. Não houve mais nenhum Profeta entre nós''.(Transmitido pôr, Bukhari e Muslim)

Neste famoso testemunho, o último dos Profetas e Mensageiros, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), resumiu toda a questão da seguinte forma:

Os profetas são irmãos, portanto, são todos iguais; entre eles não há qualquer diferença. Filhos de um só pai, todos proclamam uma única doutrina a de que ''Não há outra divindade além de Deus''.

As suas mães são diferentes, pois cada Profeta foi enviado a um povo em particular, numa época específica, tendo-lhe sido revelado uma Sunnah, ou estilo de vida, uma prática, um modelo segundo o qual a sua comunidade deveria viver.

Quando um novo Profeta chegava a um povo, revelava uma nova Sunna, de acordo com a nova época. Esta é a Chari'ah ou Estrada dos Profetas.

Assim, com a chegada do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), a Transmissão Divina fica completa. A Mensagem é selada no último Livro revelado, o Alcorão Sagrado.

A Mensagem é selada com a Chari'ah e a Sunnah do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).

A passagem seguinte do Alcorão Sagrado dá conta deste importante fato:

''Aperfeiçoei hoje a vossa Religião para vós, completei o Meu favor para vós, e escolhi o Islam para vós como vossa Religião.'' (5ª Surata Al Máida, versículo 3)

Fonte: islam.org.br

quinta-feira, maio 31, 2018

Quando os muçulmanos roubam

Alguns muçulmanos hoje em dia, mostram um cuidado admirável na aplicação de algumas partes que até nem são obrigatórias, enquanto assumem uma atitude complacente, presunçosa em relação aos preceitos essenciais do Din. Sob certo aspecto, isto acarreta nos muçulmanos o roubo.

O Profeta (SAW) disse: "O pior ladrão entre os homens é aquele que rouba de sua oração." Quando seus companheiros lhe perguntaram "Ó Mensageiro de Deus, como é que ele rouba a oração" respondeu: "Ele não completa o ruku (inclinação) e os sujud (prostração)." Foi narrado que o Profeta, observando um homem que não tinha completado seu ruku adequadamente e nem seu sujud, avisou que, se o homem morresse naquele estado, ele morreria com uma outra crença que não o Islam.

Em todas as mesquitas, podemos observar muçulmanos se desequilibrando, balançando e rapidamente se levantando do ruku e sujud. Alguns de nós nos movemos de forma tão impaciente em nossas prostrações que pode-se imaginar como é humanamente possível para um indivíduo dizer "subhana rabbiyal a'laa" três vezes no mínimo. E se conseguir, qual a sua importância? Podemos realmente refletir sobre nossa relação com o Criador se fazemos nossas orações tão rapidamente? Será que compreendemos e meditamos sobre o que foi dito durante qualquer parte de nossa Salat?

Diz Allah subhanahu wa ta'aala no Alcorão: "É certo que prosperão os fiéis que são humildes em suas orações (khushu)" (23:1-2). O que conseguiremos se nos apressamos em nosso ruku e sujud e gastamos longas horas em conversas inúteis ou até em encontros relativos a alguma atividade que exercemos normalmente? O Profeta (SAW) disse: "A primeira coisa que o escravo terá que prestar contas no Dia do Juízo é a oração. Se ela for válida o resto de seus atos também o serão. E se imperfeita, então o resto de seus atos também serão imperfeitos." Se a nossa oração não passar de um exercício aeróbico de baixo impacto, suave, podemos duvidar que o resto de nossos atos, individuais ou coletivos, também serão ineficazes? Ruku e Sujud são sintomas dos problemas que temos com a nossa salat como um todo. A coisa importante a ter em mente é que cada um de nós, exegeta ou estudante, imam experiente ou recém-chegado ao Islam, homem ou mulher, podemos e devemos melhorar nossa oração a partir do momento em que a aprendemos até o dia em que morrermos. Assim, da próxima vez que nos prepararmos para a prostração, estejamos certos de que não seremos apanhados roubando.

AB Khan Al Jumuah Vol 9, Issues 4 & 5, 1418 H

Fonte: sbmrj.org.br

Um Diálogo Entre Cristãos e Muçulmanos

Com bilhões de seguidores, o Islam e o Cristianismo são as principais religiões que influenciam o pensamento e valores de mais de 40% da população mundial.

Embora existam diferenças teológicas, algumas das quais podem ser significativas, há, no entanto, outras áreas importantes da crença que são partilhadas por ambas as comunidades: crença em Deus; crença na revelação, nos profetas, nos Livros Sagrados de Deus; na vida após a morte e num código moral divinamente inspirado, que organiza e regula a vida humana durante nossa passagem pela terra em direção à eternidade.

Para o muçulmano, um diálogo construtivo não só é permitido como, também, é recomendável. No Alcorão lemos:

"Dize-lhes: Ó adeptos do Livro (um termo que particularmente se refere a judeus e cristãos), vinde, para chegarmos a um termo comum, entre nós e vós: Comprometamo-nos, formalmente, a não adorar senão a Deus, a não Lhe atribuir parceiros e a não nos tomarmos uns aos outros por senhores, em vez de Deus. Porém, caso se recusem, dize-lhes: Testemunhai que somos muçulmanos." (Alcorão Sagrado, surata Al Imran 3:64)

A metodologia desse diálogo também está explicada no Alcorão:

"Convoca (os humanos) à senda do teu Senhor com sabedoria e uma bela exortação; dialoga com eles de maneira benevolente." (Alcorão Sagrado, surata An Nahl 16:125).

Um requisito indispensável para um diálogo construtivo, é que ambas as comunidades não se conheçam através de fontes que sejam parciais, críticas ou até hostis; pelo contrário, elas devem formular uma idéia honesta de como a outra fé é vista em suas próprias escrituras, e como é praticada por aqueles que verdadeiramente estão comprometidos com ela.

Esta necessidade é até mais importante no caso do diálogo Muçulmano x Cristão, o cristão comum ouviu ou leu sobre o Islam, principalmente através de escritores que tinham motivos coloniais ou missionários que podem ter conferido uma certa parcialidade em sua interpretação do Islam na mente ocidental.

Conquanto eu admita que minha própria prática do Islam está longe de ser perfeita, pelo menos eu falo como alguém que quer pensar por si mesmo, com um muçulmano praticante e comprometido.

Agora, gostaria de partilhar com vocês cinco áreas básicas, que são fundamentais para qualquer entendimento entre cristãos e muçulmanos: o significado do termo "Islam", o significado do termo "Deus"; a natureza do ser humano; a relação entre o ser humano e Deus; a questão do acerto de contas, e, finalmente, algumas conclusões pertinentes à construção da ponte entre muçulmanos e cristãos.

O Significado Do Islam

É importante assinalar que o termo "Islam" não é derivado de qualquer nome de pessoa, raça ou localidade em particular. Um muçulmano considera o termo usado por alguns escritores, "maometismo" ,com sendo uma violação ofensiva do verdadeiro espírito dos ensinamentos islâmicos.

O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele), não é adorado, ou respeitado, por ser o fundador do Islam, ou o autor do Livro Sagrado, o Alcorão. O termo "Islam" aparece em mais de um lugar no próprio Alcorão. Ele é derivado da raiz árabe (salam), que tem a conotação de "paz" ou "submissão".

Na verdade, o próprio significado de "Islam" é a realização da paz, tanto a interna como a externa, pela submissão de alguém à vontade de Deus. E quando nos submetemos, estamos falando de consciência, amor e submissão verdadeira à vontade de Allah, de aceitação de Sua graça e de seguir Seu caminho.

Neste sentido, o muçulmano respeita o termo Islam, não como uma inovação que chegou no século VII da era cristã, com o advento do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele), mas como a missão básica de todos os profetas através da história. Aquela missão universal finalmente culminou e se aperfeiçoou no último desses Profetas, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele).

Monoteísmo Islâmico

O próximo conceito que necessita de ser esclarecido é o termo "Allah", qual o seu significado? Primeiramente, deve ser enfatizado que o termo "Allah" , em absoluto, significa um deus tribal, ou árabe, ou até mesmo um deus muçulmano.

O termo "Allah" em árabe quer dizer o Deus Universal Único e Verdadeiro de todos. Achar que Allah é diferente de Deus, com letra maiúscula, seria o mesmo que dizer, por exemplo, que a adoração a Deus dos cristãos franceses é diferente porque eles O chamam de "Dieu".

Quais são os atributos básicos de Deus? O Alcorão menciona os "mais belos nomes" (ou atributos) de Deus. Ao invés de enumerá-los todos, vamos examinar uns poucos. Alguns atributos salientam a transcendência de Deus. O Alcorão, repetidamente, torna claro que Deus está além de nossa percepção limitada.

"Nada se assemelha a Ele" (Alcorão Sagrado, surata Ach Chura 42:11)

"Os olhares não podem percebê-Lo, não obstante Ele Se aperceber de todos os olhares."

Um muçulmano jamais pensa em Deus como possuindo uma imagem em particular, seja física, humana, material ou qualquer outra. Tais atributos como, "O Perfeitamente Conhecedor", "O Eterno", "O Onipotente", "O Onipresente", "O Justo" e "O Soberano" também realçam essa transcendência.

Mas, isto não quer dizer que, para o muçulmano, Deus seja um simples conceito filosófico ou uma divindade afastada. Na verdade, juntamente com esta ênfase sobre a transcendência de Deus, o Alcorão também fala sobre Deus como sendo um Deus "pessoal", que está perto, facilmente acessível, Amoroso, Perdoador e Misericordioso. As muitas passagens no Alcorão, e repetidas inúmeras vezes são o "Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso ! " O Alcorão nos diz que quando Deus criou o primeiro ser humano:

"então, alentou-o com o Seu Espírito," (Alcorão Sagrado, surata As-Sajda 32:9)

E que:

"Deus está mais próximo do homem do que sua veia jugular."

Em outra bela e comovente passagem, Deus nos diz :

"Quando meus servos te perguntarem de Mim, dize-lhes que estou próximo e ouvirei suas preces quando a Mim se dirigirem. Que eles respondam ao Meu chamado e obedeçam às Minhas ordens e eles serão encaminhados acertadamente."

Para o muçulmano, o monoteísmo não significa somente a unidade de Deus, pelo simples fato de que pode haver muitas pessoas diferentes em uma unidade. O Monoteísmo no Islam é a Unidade e a Unicidade Absolutas de Deus, o que torna impossível a noção de outras pessoas partilhando a divindade.

O oposto ao monoteísmo no Islam é chamado em árabe de "shirk", que significa associação de Deus com outros. Esta noção inclui, não somente o politeísmo mas, também, o dualismo (crença na existência de um deus para o bem e a luz, e de outro para o mau ou a escuridão).

O conceito de "shirk" também inclui o panteísmo, a idéia de que Deus está em tudo. Todas as formas de filosofias sobre um deus encarnado estão excluídas do monoteísmo islâmico, tais como obediência cega a ditadores, a clérigos ou aos caprichos e desejos de quem quer que seja.

Todas são consideradas como formas de "associação" com Deus (shirk), seja pela crença de que tais criaturas de Deus possuem divindade, seja pela crença de que elas partilham os Atributos Divinos de Deus.

Deve-se acrescentar que, para o muçulmano, o monoteísmo não é simplesmente um dogma. O monoteísmo puro e estrito do Islam é muito mais do um pensamento ou uma crença; é alguma coisa que influencia profundamente toda a perspectiva de vida do muçulmano.

A Natureza do Ser Humano

Falamos sobre Deus. Que tal agora falarmos sobre nós? Quem é o ser humano? Quem é você? Quem sou eu? Por que estamos aqui na terra? O Alcorão ensina que nós, humanos, somos criados de três elementos.

Fomos criados do barro, representando o elemento material ou carnal. Fomos dotados de inteligência, que foi dada por Deus para ser usada e não para ser posta em uma estante. A razão pode ser insuficiente, mas, por outro lado, não é a antítese da fé. E, fomos dotados do espírito com que Deus nos alentou.

''Que aperfeiçoou tudo o que criou e iniciou a criação do primeiro homem, de barro. Então, formou-lhe uma prole da essência de sêmen sutil. Depois o modelou; então, alentou-o com Seu Espírito. Dotou a todos vós da audição, da visão e das vísceras. Quão pouco Lhe agradeceis!'' (Alcorão Sagrado, surata as-Sajdah 32:7-9)

''(Recorda-te ó Profeta) de quando teu Senhor disse aos anjos: Vou instituir um legatário na terra! Perguntaram-Lhe: Estabelecerás nela quem alí fará corrupção, derramando sangue, enquanto nós celebramos Teus louvores, glorificando-Te? Disse (o Senhor): Eu sei o que vós ignorais. Ele ensinou a Adão todos os nomes e depois apresentou-os aos anjos e lhes falou: Nomeai-os para Mim e estiverdes certos.'' (Alcorão Sagrado, surata al-Bacara 2:30-31)

''Recorda-te de quando o teu Senhor disse aos anjos: Criarei um ser humano de argila, de barro modelável. E ao tê-lo terminado e alentado com o Meu Espírito.'' (Alcorão Sagrado, surata al-Hijr 15:28-29).

O muçulmano não vê a existência humana sobre a terra como uma punição por ter comido do fruto da árvore proibida. Tal acontecimento é respeitado como uma lição para Adão e Eva, antes de eles virem para a terra.

O Alcorão ensina que, mesmo antes da criação do primeiro ser humano, já era plano de Deus estabelecer a vida humana e a civilização sobre a terra. Portanto, o muçulmano não vê o ser humano como totalmente mau ou totalmente bom, mas sim como responsável. O Alcorão afirma, em diversos lugares, que Deus criou o homem para ser Seu "khalifah", Seu administrador ou vice-gerente na terra.

A responsabilidade básica da espécie humana, nossa responsabilidade, é adorar a Deus. Adorar, para o muçulmano, não é apenas se comprometer com os rituais formais da religião, mas é, também, qualquer atividade que esteja de acordo com a vontade de Deus e que beneficie uma pessoa ou a humanidade inteira. Assim, o muçulmano vê a terra, seus recursos e ecologia, como um presente de Deus, para os humanos submeterem e usarem em cumprimento à responsabilidade pela qual nós responsabilizados.

Por isso, o Alcorão fala tanto sobre o conhecimento. A primeira palavra revelada do Alcorão foi "Recite", ou "leia". Já que eles eram sinceros em sua fé e nas injunções alcorânicas sobre o conhecimento, os muçulmanos estabeleceram uma civilização que via grandes avanços nas ciências e no humanismo.

Eles não só preservaram as primeiras heranças culturais como também contribuíram e prepararam o caminho para o renascimento europeu. Quando os muçulmanos se tornarem de novo sinceros em sua fé, tal história se repetirá por si mesma.

A Relação Entre Deus e a Humanidade

Falamos sobre Deus e sobre a humanidade. Agora devemos perguntar qual é sua relação básica? O Alcorão nos ensina que a raça humana recebeu uma natureza pura, inata, chamada de "fitrah".

O conhecimento de Deus e a espiritualidade inata são inerentes à existência humana, mas essa espiritualidade pode nos trair se não for encaminhada para o direção correta. É perigoso depender de um simples sentimento humano de que somos guiados pelo Espírito. Muitos grupos, até cultos, afirmam que são guiados pelo espírito, ou por Deus, ou pela revelação, embora estes grupos tenham crenças divergentes, e até mesmo contraditórias.

Encontramos pessoas se comportando de formas contraditórias , que afirmam, no entanto, que cada um está cumprindo a vontade de Deus. "Eu sinto", dizem eles, "que o espírito me guia e me direciona. "Torna-se imperativo uma fonte de revelação fidedigna. Através da história, Deus selecionou indivíduos especiais para transmitirem Sua mensagem, receberem Sua revelação e para servirem de exemplo para a humanidade.

Por isso, alguns desses profetas receberam de Deus livros santos ou escrituras, onde Suas ordens e orientação foram reveladas. Para muitos de vocês, os nomes desses profetas que são encontrados no Alcorão, soam familiar: Noé, Abraão, Ismael, Isaac, Jacó, José, Moisés, David, Salomão, João Batista, Jesus e, finalmente, o último profeta, Muhammad, que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre eles. Esses profetas levavam a mesma mensagem básica:

"Jamais enviamos mensageiro algum antes de ti, sem que lhe tivéssemos revelado que: Não há outra divindade além de Mim. Adora-Me e serve-Me!"(Alcorão Sagrado, surata Al Anbiyá 21:25).

Além disso, o Alcorão insiste em chamar todos esse profetas de muçulmanos, porque o muçulmano é aquele que se submete à vontade de Deus. Seus seguidores são chamados de muçulmanos também.

Assim, é um artigo de fé para um muçulmano acreditar em todos esses profetas. De fato, os muçulmanos sabem que, aquele que aceita alguns profetas e rejeita outros, na verdade está rejeitando todos. Para um muçulmano, acreditar em Moisés e rejeitar Jesus ou Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele) significa refutar os verdadeiros ensinamentos de Moisés (que a Paz esteja sobre ele).

E acreditar em Jesus, mas não aceitar Moisés ou Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre elee), é violar o que Moisés, Jesus e Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele) significaram. Para um muçulmano, acreditar em Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele) e rejeitar tanto Moisés como Jesus (que a Paz esteja sobre eles) é violar o seu próprio Livro Sagrado. "Aqueles que negam Deus e Seus apóstolos, e (aqueles que) querem separar Deus de Seus apóstolos, dizendo:

"Acreditamos em alguns mas rejeitamos outros' intentando com isso achar uma saída, são os verdadeiros incrédulos; porém, preparamos para eles um castigo ignominioso." (Alcorão Sagrado, surata An Nissá 4:150-151)

Portanto, o reconhecimento de todos os profetas é um artigo de fé e não uma simples cortesia social ou uma afirmação diplomática. Espero que, com mentes e corações abertos e, além disso, um estudo honesto e cuidadoso, seja possível um reconhecimento mútuo maior.

O Papel Especial do Profeta Muhammad

Mas, por que os muçulmanos em seu testemunho de fé dizem "Eu testemunho que não há outra divindade além de Deus e que Muhammad é Seu mensageiro"? Isto quer dizer que eles, na verdade, rejeitam os outros profetas? De fato, o papel especial desempenhado por Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele), como a confirmação e o último de todos os profetas, coloca os muçulmano na posição, através da qual, honrar Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele), implica honrar todos aqueles que vieram antes dele também.

Os muçulmanos sabem que não podem fazer distinções paroquiais ou fanáticas entre os profetas.

''O Mensageiro crê no que foi revelado por seu Senhor e todos os fiéis crêem em Deus, em Seus anjos, em Seus Livros e em Seus mensageiros. Nós não fazemos distinção entre os Seus mensageiros. Disseram: Escutamos e obedecemos. Só anelamos a Tua indulgência, ó Senhor nosso! A Ti será o retorno!'' (Alcorão Sagrado, surata al-Bacara 2:285).

Mas, o Alcorão também diz que Deus favoreceu mais alguns profetas, em talento e desempenho, do que outros. Todos são irmãos, embora o único profeta com a missão universal para toda a humanidade seja Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele), que a paz esteja sobre ele.

O muçulmano acredita que Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele) é um irmão para Jesus, Moisés, Abraão e outros profetas (que a Paz esteja sobre eles), mas o Alcorão afirma, com todas as letras, que o advento de Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele) foi predito pelos profetas anteriores a ele, inclusive Moisés e Jesus (que a paz esteja com eles). Mesmo a Bíblia, em sua forma atual, profetiza o advento do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele) .

Para o muçulmano, o Alcorão contém as palavras de Deus, reveladas direta e literalmente ao Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele). Muitas pessoas confundem o Alcorão com o "Hadith", ou ditos, do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele) o Hadith e Alcorão são bem distintos.

Este último foi ditado a Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele), palavra por palavra, pelo Anjo Gabriel e imediatamente memorizada e registrada por escrito. É importante assinalar que o Alcorão não foi escrito ou composto por Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele). Defender o contrário seria contradizer o que Alcorão fala sobre si mesmo e sobre Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele); que o profeta não fala por si e sim que transmite a revelação ditada a ele pelo Anjo Gabriel.

Sugerir que o Alcorão tomou emprestado ou copiou revelações anteriores, seja a Bíblia ou qualquer outra escritura, é, para o muçulmano, uma acusação de "plágio profético", uma contradição. O fato de existirem algumas semelhanças entre o Alcorão e as escrituras anteriores explica-se pelo fato de que Aquele que falou por intermédio daqueles primeiros profetas é Aquele que revelou o Alcorão a Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele), ou seja, Deus, o único e verdadeiro Deus.

Contudo, o Alcorão é o último Livro Sagrado revelado que suplanta as escrituras anteriores, e o único ainda disponível, cujas palavras e língua são as mesmas proferidas pelo Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus esteja sobre ele).

O Julgamento e a Salvação

Falamos sobre Deus, sobre os humanos e sobre as relações entre eles. O que dizer sobre o julgamento? Como podemos nós, humanos, de uma perspectiva islâmica, dominar o "pecado"? O Alcorão ensina que a vida é um teste, que a vida terrena é temporária.

"Que criou a vida e a morte, para testar quem de vós melhor se comporta, porque é Poderoso, o Indulgentíssimo.'' (Alcorão Sagrado, surata Al Mulk 67:2).

O muçulmano acredita que há uma recompensa e uma punição, que existe vida depois da morte e que a recompensa ou a punição não precisa, necessariamente, esperar pelo dia do Julgamento, mas começa imediatamente após o enterro. O muçulmano crê na ressurreição, na prestação de contas e no dia do Julgamento.

Para o muçulmano, exigir a perfeição, a fim de ganhar a salvação, não é prático. Não só é exigir o impossível como, também, é injusto.

O Islam ensina uma pessoa a ser humilde e a saber que nós não alcançamos a salvação por nossa própria conta. A reconciliação do ser humano "pecaminoso" com Deus é uma contingência de três elementos: o mais importante é a Graça, Misericórdia e Generosidade de Deus. Depois, são as boas ações e uma crença correta.

Crença correta e boas ações são requisitos indispensáveis para a Graça e Perdão de Deus e para nos elevarmos acima de nossos erros. Como podemos nos purificar do pecado? O Alcorão prescreve:

"E quem cometer uma má ação ou se condenar e, em seguida (arrependido), implorar o perdão de Deus, sem dúvida achá-Lo-á Indulgente, Misericordiosíssimo." (Alcorão Sagrado, surata An Nissá 4:110)

Em outra passagem comovente, lemos:

"Porque as boas ações anulam as más" (Alcorão Sagrado, surata Hud 11:114)

O Islam nos ensina o arrependimento, a interrompermos os caminhos do mal, a sermos solidários com o que alguém fez e a aconselharmos o caminho de Deus, tanto quanto seja humanamente possível.

O muçulmano não crê na necessidade do derramamento de sangue, muito menos do sangue do inocente, para purificar os pecados. Ele acredita que Deus não está interessado no sangue ou no sacrifício de ninguém, mas, sim, no arrependimento sincero. O Alcorão coloca isto muito claramente:

"Mas, Minha Misericórdia se extende a todas as coisas." (Alcorão Sagrado, surata Al A'raf 7:156).

Os Aspectos Aplicados

Que tal falarmos sobre a aplicação? Estamos apenas falando sobre teologia? Uma vez que o ser humano é o procurador de Deus na terra, seria inconsistente para um muçulmano separar os vários aspectos da vida, o espiritual e o material, estado e religião.

Sabemos bastante sobre os "cinco pilares do Islam", mas, muitas vezes, eles são apresentados de uma forma superficial, como sendo todo o conjunto do Islam. Eles não são o conjunto do Islam, da mesma forma que ninguém pode alegar que tem uma casa funcional composta exclusivamente de cinco pilares de concreto. Serão necessários, telhado, paredes, janelas, portas e outras coisas.

Conforme os construtores dizem, os pilares são condições necessárias, mas não o suficiente. Os cinco pilares do Islam (o testemunho, as cinco preces diárias, o jejum, a caridade, a peregrinação) são apresentados por muitos escritores como questão de ritual formal. Mesmo o pilar que é passível de parecer ritualístico, as preces diárias, nada mais é do que um ato espiritual que envolve muito mais do que simplesmente prostrar ou levantar.

Na verdade, são lições políticas e sociais que ensinam o muçulmano. O que pode parecer como compartimentos separados da vida não existem para o muçulmano. Um muçulmano não diz "Isto é um negócio e aquilo é moral". Moral, espiritual, econômico, social e governamental estão inter relacionados, por que tudo, inclusive César, pertence a Deus e a Deus tão-somente.

As Relações Entre os Muçulmanos e os Não-Muçulmanos

Concluindo, qual a atitude de um muçulmano em relação a um não muçulmano? Para começar, e precisamos ser francos sobre isto, o Alcorão nos incumbe de transmitir a mensagem de Deus, em sua forma final, o Alcorão, a toda a humanidade.

Não estamos falando aqui de conversão. Não gosto desta palavra. Na verdade, vir para o Islam, a religião de todos os profetas em sua forma final, não significa abandonar os profetas anteriores.

É muito mais um acréscimo do que uma conversão, porque não envolve mudanças de natureza espiritual. No Alcorão, a natureza humana genuína é uma "natureza muçulmana", que conhece seu Senhor e deseja se submeter a Ele. O Alcorão afirma que:

"Não há compulsão na religião" (Alcorão Sagrado, surata Al Bacara 2:256)

Costumo usar o termo "reversão" para substituir a palavra "conversão", no sentido de um retorno ao monoteísmo autêntico, dentro do qual todos fomos criados. Assim, o muçulmano aprende a ser tolerante em relação aos outros. De fato, o Alcorão não só proíbe a compulsão na religião, como, também, proíbe a agressão, embora a defesa seja permitida:

"Combatei, pela causa de Deus, aqueles que vos combatem, porém não pratiqueis a agressão, porque Deus não estima os agressores." (Alcorão Sagrado, surata Al Bacara 2:190).

Além disso, achamos que, dentro desta regra geral de lidar com não muçulmanos, o "povo do Livro" é um termo especial que o Alcorão concedeu a judeus e cristãos.

Por que "povo do Livro"? Porque o muçulmano faz uma nítida distinção entre o politeísta, ou ateu, e aqueles que seguem os profetas que originalmente receberam revelações de Deus. Ainda que um muçulmano possa assinalar pontos de diferenças teológicas, ainda assim acreditamos na origem divina daquelas revelações em suas formas "originais".

Como um muçulmano deve tratar o "povo do Livro"? Diz o Alcorão:

"Deus nada vos proíbe, quanto aqueles que não vos combateram pela causa da religião e não vos expulsaram dos vossos lares, nem que lideis com eles com gentileza e equidade, porque Deus aprecia os equitativos. Deus vos proíbe tão-somente de entrar em privacidade com aqueles que vos combateram na religião, vos expulsaram de vossos lares ou que cooperaram na vossa expulsão. Em verdade, aqueles que entrarem em privacidade com eles serão iníquos." (Alcorão Sagrado, surata Al Mumtahana 60:8-9)

No mundo de hoje, todos os crentes em Deus estão encarando perigos comuns: ateísmo, materialismo, secularismo e decadência moral. Devemos trabalhar juntos. Deus diz no Alcorão:

"... se Deus quisesse, teria feito de vós uma só nação; porém, fez-vos como sois, para testar-vos quanto àquilo que vos concedeu. Emulai-vos, pois, na benevolência, porque todos vós retornareis a Deus, o Qual vos inteirará das vossas divergências." (Alcorão Sagrado, surata Al Máida 5:48)

Fonte: islam.org.br

quinta-feira, abril 12, 2018

QUE NÃO HAJA IMPOSIÇÃO NA RELIGIÃO

Uma das verdades fundamentais estabelecidas pelos textos sagrados é que ninguém pode ser compelido a aceitar o Islã. É dever dos muçulmanos estabelecer a prova do Islã para as pessoas de modo que a verdade possa ficar clara em relação à falsidade. Depois disso, quem quer que deseje aceitar o Islã pode fazê-lo e quem quer que deseje continuar na descrença pode fazê-lo. Ninguém deve ser ameaçado ou prejudicado em qualquer aspecto se não desejar aceitar o Islã.

Entre as peças de evidência decisivas em relação a isso estão as que se seguem.

Deus diz:

“Que não haja imposição na religião, porque já se destacou a verdade do erro. Quem renegar o sedutor e crer em Deus, ter-se-á apegado a um firme e inquebrantável sustentáculo, porque Deus é Oniouvinte, Sapientíssimo.” (Alcorão 2:256)

Deus diz:

“Porém, se teu Senhor tivesse querido, aqueles que estão na terra teriam acreditado unanimemente. Poderias (ó Muhammad) compelir os humanos a que fossem crentes?” (Alcorão 10:99)

Deus diz:

“E se eles discutirem contigo (ó Muhammad), dize-lhes: ‘Submeto-me a Deus, assim como aqueles que me seguem!’ Pergunta aos adeptos do Livro e aos iletrados: ‘Tornar-vos-ei muçulmanos?’ Se se tornarem encaminhar-se-ão; se negarem, sabe que a ti só compete a proclamação da Mensagem. E Deus é observador dos Seus servos.” (Alcorão 3:20)

Deus diz:

“O dever do Mensageiro é somente proclamar a Mensagem.” (Alcorão 5:99)

É importante notar que esses dois últimos versículos foram revelados em Medina. Isso é significativo, já que mostra que a regra que determinam não era apenas para os muçulmanos que estavam em Meca em uma situação de fragilidade.

Algumas pessoas podem se perguntar que se o Islã de fato advoga essa abordagem, então o que é tudo que ouvimos sobre jihad? Como podemos explicar a batalha que o Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, e seus companheiros travaram contra os pagãos? A resposta é que aquele jihad na Lei Islâmica pode ser travado por uma variedade de razões, mas compelir pessoas a aceitar o Islã simplesmente não é uma delas. Quanto à conversão, isso é para ser feito pacificamente pela disseminação da Mensagem com a palavra escrita e falada. Não há lugar para o uso de armas para compelir as pessoas a aceitarem o Islã.

O Profeta disse em sua carta ao governador romano Heráclito:

“Eu o convido a aceitar o Islã. Se aceitar o Islã, encontrará segurança. Se aceitar o Islã, Deus o recompensará em dobro. Entretanto, se se recusar, recairá sobre você o pecado de seus súditos.” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)

Uma vez que as pessoas tenham ouvido a Mensagem sem obstrução ou impedimento e a prova tenha sido estabelecida para eles, o dever dos muçulmanos está feito. Aqueles que desejam acreditar estão livres para fazê-lo e os que preferem descrer igualmente são livres para fazê-lo.

Mesmo quando os muçulmanos são compelidos a lutar e então, como consequência, submetem a terra, seu dever depois disso é estabelecer a lei de Deus na terra e implementar a justiça para todas as pessoas, muçulmanas e não muçulmanas. Não é direito deles coagir seus súditos a aceitar o Islã contra sua vontade. Não muçulmanos sob governo islâmico devem ter permissão para permanecerem sem sua própria fé e devem ter permissão para praticar os direitos de sua fé, embora se espere que respeitem as leis da terra.

Se o propósito do jihad fosse forçar os descrentes a aceitar o Islã, o Profeta nunca teria ordenado aos muçulmanos que se abstivessem de hostilidades se o inimigo abrandasse. Ele não teria proibido a matança de mulheres e crianças. Entretanto, foi exatamente isso que ele fez.

Durante uma batalha o Profeta viu pessoas reunidas. Ele despachou um homem para descobrir por que tinham se reunido. O homem retornou e disse: “Estão reunidos ao redor de uma mulher assassinada.” Então, o Mensageiro de Deus disse:

“Ela não devia ter sido atacada!” Khalid b. al-Walid estava liderando as forças e assim o Profeta despachou um homem para ele dizendo: “Diga a Khalid para não matar mulheres ou trabalhadores”. (Sunan Abi Dawud)

Consequentemente, até no calor da batalha contra um inimigo hostil, as únicas pessoas que podiam ser atacadas eram aqueles que de fato participavam na luta.

Se o propósito do jihad fosse obrigar os descrentes a aceitar o Islã, os califas sabiamente guiados não teriam proibido a matança de sacerdotes e monges que se eximiram de lutar. Entretanto, foi exatamente isso que fizeram. Quando o primeiro califa, Abu Bakr, enviou um exército para a Síria para combater as agressivas legiões romanas, ele saiu para lhes dar palavras de encorajamento. Ele disse: “Vocês encontrarão um grupo de pessoas que têm se devotado à adoração a Deus (ou seja, monges), então deixe-os fazer o que estiverem fazendo.”

Fonte:https://www.islamreligion.com/pt/articles/661/que-nao-haja-imposicao-na-religiao/

sexta-feira, março 30, 2018

O BEM VIVER

"De todas as ciências que o ser humano pode e deve saber, a principal é A CIÊNCIA DE BEM VIVER, de maneira a fazer o menor mal e o maior bem possível". 

Prezados Irmãos, Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. Louvado seja Deus (ár. Allah), Criador, O que inicia e cria as formas. As Bençãos e a Paz de Deus estejam sobre aquele que abre, sobre aquele que sela, sobre aquele que mantém o valor absoluto, e estejam sobre o seu povo, e sobre os seus companheiros de excelência até o Dia do Julgamento. A reflexão, hoje, é sobre o bem viver. É, nos dias de hoje, quando se está a produzir uma falta de coexistência e um esquecimento, coisas que são os objectivos da vida. O Islão convida-nos a bem viver, sob a sunnah do sorriso e a sunnah do bem fazer. Viver é um mandato Alcorânico, fazer bem é ganhar a excelência (ihsān). Este bem viver faz parte da submissão a Allah t'ala, reconhecendo o Seu Senhorio. Ele colocou o mundo para que se desfrute, mas também para que se reconheça a diversidade, a pluralidade e, acima de tudo, a respeitabilidade. O nosso mundo sofre, porque nos esquecemos de tudo isso. Esquecemos o decreto que Deus nos ditou e nos entregamos ao fácil. Nós nos entregamos sem saber que o nosso objectivo deve ser antes dos outros. E isso nos coloca numa posição muito comprometida, pois Deus nos diz no Alcorão: «Enobrecemos os filhos de Adão e os conduzimos pela terra e pelo mar; agraciamo-los com todo o bem, e preferimos enormemente sobre a maior parte de tudo quanto criamos». (Alcorão, 17:70). Temos de estar conscientes de que fomos (os seres humanos) muito favorecidos perante toda a Criação. Somos considerados como a criação favorita de Deus. A nossa razão e o nosso coração estão por trás de tudo isso. Somos, claramente, abençoados, mas ao mesmo tempo nos são dadas diretrizes para o nosso comportamento. Um comportamento que deve guiar-nos e levar-nos a ser melhores para com nós mesmos, mas também para com os demais. Assim nos adverte o Alcorão de seguir a conduta do caminho recto: «Quem se encaminha, o faz em seu benefício; quem se desvia, o faz em seu prejuízo, e nenhum pecador arcará com a culpa alheia. Jamais castigamos (um povo), sem antes termos enviado um mensageiro. E se pensamos em destruir uma cidade, primeiramente enviamos uma ordem aos seus habitantes abastados que estão nela a corromperem os Nossos mandamentos; esta (cidade), então, merecerá o castigo; aniquilá-la-emos completamente». (Alcorão, 17: 15-16) . Mas não nos enganemos, pois seguir o caminho reto não é sermos uns puritanos, oprimidos ou pessoas sem coração. A rigidez não é típica de um muçulmano. É mais fácil, pois o Islão é uma crença profundamente social que foge do que corrompe o indivíduo e a sociedade. Portanto, o Alcorão - na sua infinita sabedoria - adverte que aqueles que apenas buscam por si condenação do ataque terrorista na cidade de TRÉBES e NOTTINGHAM. A Al Furqán, a voz islâmica portuguesa, condena, veementemente, e expressa o mais completo repúdio ao ataque terrorista que ocorreu no dia 23.Março.2018, na cidade de Trébes (França). Da mesma forma, somos solidários com todo o povo da França em geral, e com as vítimas e suas famílias em particular. O radicalismo é articulado, geralmente, sobre delinquência e marginalização. Aproveitam-se da fraqueza das pessoas nessas circunstâncias, criando pessoas alienadas que não hesitam em transgredir as regras mais básicas de coexistência e civismo. Inclusive atingindo a violência mais extrema como foi o caso na cidade de Trébes. Em nenhum caso, essas ações devem ser interpretadas como islâmicas ou associadas à comunidade muçulmana, que luta ativamente contra essas atitudes e ações. Islão, como outras religiões, condena todos os tipos de crimes e ensina que quem mata outra pessoa é como se tivesse matado toda a humanidade. Tais atos são, pura e simplesmente, rejeitáveis, e não podem ser justificados com qualquer motivação política ou religiosa. Por conseguinte, à luz da numerosa doutrina, ética e jurisprudência islâmica, há apenas uma atitude de completa rejeição de actos em que uma minoria usa a violência para atingir os seus objetivos ideológicos, econômicos ou geopolíticos. OUTROSSIM, igualmente condenamos e expressamos repúdio ao ataque racista que ocorreu, nos finais de Fevereiro passado, em Nottingham (Reino Unido) com uma estudante egípcia, de 18 anos, MARIAM MOUSTAFA, ataque esse perpetuado por 10 islamofóbicos britânicos de descendência africana. Mariam, que esteve em coma no Nottingham City Hospital, faleceu uma semana depois e quase ninguém falou sobre isso. Deixai, também, o mundo saber. Veja-se como não há menção de vítima como muçulmano e nenhuma menção à religião dos atacantes. Que Allah conceda a paz e dê o Jardim àqueles que foram vítimas dessas ações tão brutais e implacáveis. E ouça as nossas preces (duás) para que o mundo seja um lugar de paz e mais próspero. mesmos receberão uma punição, um castigo que pode apagar as suas ações na terra. Palavras duras que mostram o que o ser humano pode alcançar com a sua inconsciência, negando ao outro, negando o bem viver. Além do chamado progresso, o verdadeiro progredir da vida é estar ciente de que Deus é o Supremo e nós devemos servi-Lo. Nós O servimos de muitas maneiras e uma delas é desfrutando a vida. No Islão não há espaço para mortificação ou sofrimento, porque de Deus provém a provisão (rizq) que Ele dá quando ele quer e como ele quer. E Ele é sempre generoso com quem o serve bem. Não progredimos por bens materiais ou riqueza, mas sim pela pureza de nossos corações. Como já foi dito em outras reflexões, a pureza é o requisito para entrar no Jardim. Imaginemos como a pureza é importante para viver! Essa pureza do nosso coração é o que nos permite o bem viver. Deus não deixa nada sem sentido, não obstante nos tenha criado fracos como nos diz no seguinte versículo: «E Deus deseja aliviar-vos o fardo, porque o ser humano foi criado débil». (Alcorão, 4:28). Deus alivia os nossos fardos, como diz nesse versículo Alcorânico. Portanto, devemos derrotar o ego (nafs) todos os dias, ir mais além em cada momento e sermos melhores. Devemos buscar paz e harmonia, lutar contra o que é aparentemente simples e viver a nossa simplicidade. Viver é ver como melhorar, como desfrutar, como ser nós mesmos em cada momento. O bem viver é um parecer para nós mesmos, para os demais e para toda a criação. Aprendamos com nosso amado Profeta Muhammad (p.e.c.e.), quem nos deu o seu exemplo na sunnah. Que modelo melhor que ele? Vamos viver intensamente como ele fez, vamos nos render a Allah e fazer um mundo melhor. Só então faremos um mundo melhor e no qual o sentido do Islão inunda tudo. Pedimos a Allah subhana wa t'ala que nos permita desfrutar do bem viver junto com as nossas famílias, a nossa comunidade, os nossos irmãos e com o resto da humanidade, aceitando as nossas responsabilidades e o mandato divino. Pedimos a Allah paz para todos os povos que estão em conflito. Pedimos a Allah que, através do respeito, aumente a nossa fé (Imán) e limpe os nossos corações. Pedimos a Allah para purificar a alma dos nossos antepassados, a nossa, a de nossos pais e a de todos os crentes. Pedimos a Allah para nos guiar puramente no caminho recto (śirāṭ al-mustaqīm) e aceitar a nossa adoração ('ibada). Tendo dito isso, peço perdão a Allah e a todos. Que as nossas palavras estejam sob a obediência do nosso Rabb, o Senhor dos Mundos.
Obrigado. Wassalam. 
M. Yiossuf Adamgy Director da Revista Al Furqán

terça-feira, março 27, 2018

ESCLARECIMENTO ÀS PERGUNTAS FORMULADAS AO HAJJ HAMAZAH E RESPONDIDAS POR MUHAMMAD YIOUSSUF

Prezados Irmãos, Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Uma senhorita interessada em estudos islâmicos e cultura árabe me enviou essas perguntas. Para lhe dar uma resposta mais acadêmica me recorri ao irmão Abdul Mangá Presidente da Sociedade Islâmica da Cidade do Porto (Portugal). Ele por sua vez as encaminhou ao Diretor da Revista Al Furkan Muhammad Yioussuf Admgy.  E ai estão suas repostas. Que Allah SW lhes deem a devida recompensa. Espero que a senhoria tenha ficado satisfeita com as resposta. A paz esteja convosco.

RESPOSTA ÀS PERGUNTAS:
PORQUE É QUE O ISLÃ E A POLÍTICA ANDAM JUNTOS?
RESPOSTA:
A função do estado islâmico é prover a segurança e a ordem para que os seus cidadãos possam levar adiante os seus deveres religiosos e mundanos.
É suficiente dizer que o Islão ensina que a vida é um teste elaborado por Deus, o Criador, Todo-Poderoso e Sábio, e que todos os seres humanos serão responsabilizados perante Deus pelo que fizeram com as suas vidas. Uma crença sincera na vida após a morte é a chave para levar uma vida moral e bem equilibrada. De outra forma, a vida é considerada com um fim em si mesma, o que faz com que as pessoas se tornem mais egoístas, materialistas e imorais, na busca cega de prazer, às custas da razão e da ética.
A fraternidade muçulmana de índole política e religiosa é um aspecto fundamental do Islão. Todos são iguais diante de Deus. No Alcorão e nas tradições encontramos muitos argumentos a favor desse ponto.
Resumindo, o Islão pretende estabelecer uma comunidade mundial, com igualdade completa entre os povos, sem distinção de raça, classe ou nação.
Procura converter por persuasão, não permitindo qualquer compulsão a credos religiosos, permanecendo cada indivíduo, pessoalmente, responsável perante Deus. Para o Islão, o governo significa a custódia, um serviço no qual os funcionários são servidores do povo. De acordo com o Islão, é dever de todos os indivíduos fazerem um constante esforço para disseminar o bem e prevenir o mal; e Deus nos julgará pelos nossos actos e pelas nossas intenções.
A lei islâmica também permite que as minorias não muçulmanas dos países islâmicos estabeleçam os seus próprios tribunais que aplicam as leis domésticas redigidas por essas minorias.
O pluralismo religioso no Islão baseia-se em vários versículos do Alcorão, entre outros, os seguintes:

E disse: A verdade [veio agora] do vosso Sustentador”: assim, quem quer, que creia, e, quem quer, que a rejeite” (Alcorão, 18:29).
“Temos prescrito a cada povo ritos a serem observados. Que não te refutem a este respeito! E invoca o teu Senhor, porque segues uma orientação correta”. (Alcorão, 22:67).
“Para vós, a vossa adoração, e para mim, a minha”. (Alcorão, 109:6).
“A cada um de vós atribuímos-lhe uma lei e um modo de vida [distintos]. E se Allah o quisesse, teria criado, certamente, apenas uma comunidade: mas [ordenou-o assim] para testá-los no que vos deu. Competi, pois, uns com os outros, para fazer boas ações. Havereis, todos vós, de voltar para Allah: e, então, Ele fará com que entendais aquilo sobre o que discordeis”. (Alcorão, 5:48).

NO ISLÃ EXISTE HIERARQUIA?
RESPOSTA:
O Islão é uma religião sem hierarquia, sem sacerdócio, sem sacramentos. O ser humano encontra-se diante de Deus, tendo o Alcorão como guia. A razão no domínio de Deus Uno e o Alcorão são as duas fontes de certeza absoluta. No resto tudo é relativo. Mas sempre se procura apelar para o Alcorão.
As preces públicas são de responsabilidade de um dirigente, denominado Imame, e os teólogos eruditos são chamados de Ulemás.
O contato direto com Deus, sem intermediáriosfaz do Islão uma religião extremamente acessível. Já que não existe hierarquia e a fé pode ser praticada em qualquer lugar.

OS MUÇULMANOS FAZEM BATISMO PARA INTEGRAR-SE À FÉ MUÇULMANA?
RESPOSTA:
Os muçulmanos não têm nenhum tipo de batismo para integrar-se à fé muçulmana. Apenas é necessário que a pessoa recite o credo muçulmano (Sh-hada) que é muito simples e muito fácil de se lembrar e que diz:
Não há outra divindade além de Deus (ár. Allah) e Muhammad é Mensageiro de Deus”. Isto é suficiente.
Quando uma pessoa recita esse credo perante duas testemunhas e expressa a sua vontade de ser muçulmano, já passa a tomar da parte da Comunidade Islâmica, com todos seus direitos e deveres.

____É O CASAMENTO UM SACRAMENTO NO ISLAM, ASSIM COMO NO CRISTIANISMO

RESPOSTA:
Não, porque no Islão, o casamento é uma Sunnah altamente recomendada do Profeta Muhammad (s.a.w.).
No Islão, o casamento é algo solene e sagrado. É um contrato do qual Deus é a principal testemunha, e é executado em Seu nome, em obediência a Ele, e de acordo com os Seus mandamentos.
No Islão, não há relações sexuais fora do casamento.
No Islão, o casamento é uma obrigação religiosa e o celibato é totalmente desaconselhável. Os valores fundamentais do casamento são a castidade, a integração social, a estabilidade humana, a elevação espiritual, o amor, a paz e a piedade. O Alcorão diz:
«E entre os Seus sinais está o de haver-vos criado companheiras da vossa mesma espécie, para que com elas convivais; e colocou amor e piedade entre vós; na verdade, nisto há sinais para os sensatos». (30:21).
O Profeta Muhammad (p.e.c.e.) disse: «Aquele que casa cumpre metade da sua religião e falta-lhe completar outra metade para uma vida cheia de virtude, em firme respeito a Deus».

UM GRANDE AMIGO MUÇULMANO ME FALOU... QUE OS MUÇULMANOS (HOMENS) PENSAM QUE NO PARAÍSO, NO ALÉM, CADA HOMEM DESFRUTARÁ ETERNAMENTE DE QUATRO BELAS MULHERES, QUE TEM O BRANCO DO OLHO E O  NEGRO DO OLHO MUITO ACENTUADOS (HURIS). É VERDADE ISSO? E NO CASO DAS MULHERES MUÇULMANAS, O QUE ESPERA POR ELAS NO PARAÍSO?

RESPOSTA:
Essa crença não tem base no texto do Alcorão. É apenas uma crença popular e está sendo usada por interesses criados. Portanto, é necessário consultar o que o Alcorão tem a dizer. É posta, amiúde, esta questão: de acordo com o Alcorão, quando um homem vai para o Paraíso terá direito a hur, i.e. “bonitas virgens”. A que terá direito a mulher quando for para o Paraíso?
1. A palavra hur é referida no Alcorão Segundo estudos feitos, a palavra hur surge no Alcorão nada mais, nada menos, do que quatro vezes:
(a) - «Para além do mais, dar-lhes-emos companhias de olhos belos, grandes e lustrosos». (44:-54).
(b) - «... E dar-lhes-emos companhias de olhos belos, grandes e lustrosos». (52:20).
(c) - «Companhias confinadas (no que respeita aos seus olhares) em edifícios magníficos». (55:72).
(d) - «E (haverá) companhias de olhos belos, grandes e lustrosos». (56:22).
2. A palavra hur traduzida como “belas virgens” Trata-se de uma figura de linguagem. Ou expressão metafórica.
Muitos tradutores do Alcorão traduziram a palavra hur como "belas virgens", especialmente nas traduções para língua Urdu. Se hur significa "belas virgens" ou raparigas, então a dádiva destina-se apenas aos homens.
Assim sendo, o que ganharão as mulheres, se seguirem para o Paraíso?
3. O verdadeiro significado de hur A palavra hur é, na verdade, o plural de ahwar (aplicável aos homens) e de haura (aplicável às mulheres), referindo-se a uma pessoa cujos olhos se caracterizam como sendo hauar, uma característica especial atribuída a uma alma bondosa, de homem ou mulherque esteja no Paraíso, denotando a intensa alvura ou a  parte branca do olho. O Alcorão descreve em vários outros versículos que no Paraíso teremos azwaj, o que significa um par, um cônjuge ou uma companhia, o que significa que teremos cônjuges ou companhias puras e sagradas (mutaharratun significa puro e sagrado).
«Anuncia (ó Muhammad) aos fiéis que praticam obem, que obterão jardins, sob os quais correm os rios. Toda a vez que forem agraciados com os seus frutos, dirão: Eis aqui o que nos fora concedido antes! Porém, só o será na aparência. Ali terão cônjuges imaculados (hur) e ali viverão eternamente». (2:25).
«Quanto aos fiéis, que praticam o bem, introduzi--lo-emos em jardins, sob os quais correm rios, onde morarão eternamente, onde terão cônjuges imaculados, e os faremos desfrutar de uma densa sombra». (4:57).
Assim sendo, a palavra hur não tem um gênero específico. Mohammad Asad traduziu a palavra hur como cônjuge, enquanto Abdullah Yusuf Ali a traduziu como companhia. Assim sendo, de acordo com alguns escolásticos, quer homens, quer mulheres, viverão beatificamente no Paraíso na companhia de almas puras a que não é possível associar, em rigor, um sexo específico.
4. As mulheres alcançarão algo de extraordinário no Paraíso. Alguns escolásticos afirmam que, no seu contexto, palavra hur usada no Alcorão pode-se entender que é direcionado a homens, o que não é verdade. Uma resposta aceitável para todos é aquela que é dada no hadith, quando se põe uma questão semelhante: "Se os homens irão ter uma hur, uma bela virgem, no Paraíso, o que irão receber as mulheres?" A resposta dada foi que as mulheres irão receber aquilo que os corações delas não pediram, que os ouvidos delas nunca ouviram e que os olhos delas jamais contemplaram: tal indicando que as mulheres também receberão algo de extraordinário no Paraíso.
Deus diz no Alcorão Sagrado, aos crentes, submissos à vontade d’Ele:
«Ó servos Meus, hoje não sereis presas do temor, nem vos atribulareis! São aqueles que creram em Nossos versículos e submeteram-se à Vontade de Deus. Entrai, jubilosos, no Paraíso, juntamente com as vossas mulheres! Serão servidos com bandejas e copos de ouro; aí, as almas lograrão tudo quanto lhes apetecer, bem como tudo que deleitar os olhos; aí morareis eternamente. Eis aí o Paraíso, que herdastes por vossas boas ações, onde tereis frutos em abundância, dos quais vos nutrireis!». (43:69 a 73).
Por sua vez, o Profeta Muhammad (s.a.w.) disse:
"Cada qual estará com quem ama". – Ibn Mas'ud, Bukhari e Muslim.

No Paraíso, não haverá que reproduzir-se, que é o fundamento dos sexos. A imagem que o honrado Alcorão dá é a da transmissão da sensação de paz e satisfação imensas e a excelente companhia que terá aquele homem ou aquela mulher que alcance esse estado. E isso será o que se tenha semeado aqui, no mundo. Aqueles que creem no MITO das 72 virgens vão ter que dedicar-se a semear virgindade como loucos
Obviamente, a figura de "hur" existe. Hurun - de "hur": companheiro-a (o gênero masculino é "ahwar" e o feminino "hawra". Mas "hur" se refere aos dois gêneros, sem distinção).

Obrigado. Wassalam.
M. Yiossuf Adamgy
Director da Revista Al Furqá


Três Religiões, um Só Deus… Um Só Coração


Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum",(que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.
Para os meus irmãos e irmãs, digo, a paz esteja convosco, desejando-vos tudo de bom. Respondi ao eco do chamamento de Jerusalémcomo muitas almas fizeram ao longo dos séculos, para orar aqui e retornar testemunhando que, além de ser a Cidade Sagrada, Jerusalém é um estado de ser.
Aqui pode-se sentir Deus nas entranhas ouvindo cada uma das orações. Pode-se chorar de amor no Muro, prostrado diante da Presença que encheu o espírito na Cúpula da Rocha, ou seguir os passos de Jesus ao longo da Via Dolorosa até chegar ao Santo Sepulcro. Um túmulo vazio porque ele ressuscitou.
Jerusalém é três vezes santa e outras tantas mais para cada um dos peregrinos que chegam aqui, bebem dela e voltam reconfortados. Jerusalém, sem dúvida, é a Casa do Senhor. Um Deus que, no entanto, é tão grande que não cabe em todas as suas igrejas, mesquitas e sinagogas. É por isso que tem que ser compartilhado entre nós.
Agora, que é o momento de partir, sinto-me triste, não porque não tenha sentido Deus derramando-se no meu coração, mas porque vi a ignorância em que meus irmãos e irmãs estão imersos. Bem disse Anthony de Mello que Jerusalém era a cidade onde todos dizem amar a Deus enquanto se odeiam mutuamente até a morte ... E, infelizmente, isso também é o que eu encontrei aqui.
Rezando no Túmulo do Jardim, mergulhando nos mistérios que a minha mente esconde e imaginando Jesus caminhando como um jardineiro, por este lugar há séculos atrás, ouvi um capelão dizendo à sua congregação: - Eu estou hospedado num hotel muçulmano. Certamente que isso é um pecado! - E fiquei muito triste, tanto por aquele homem quanto pelas pessoas que o seguiam, porque não tinham entendido a mensagem de amor de Galileu ou mesmo lido claramente no Evangelho a parábola do Bom Samaritano. Então, pensei, de que os servia vir à Terra Santa, orar nos lugares onde Jesus esteve, se não se esforçavam por fazer o que ele fez? Mas é que a cruz de Jesus pesa muito.
Tentando esquecer o sucedido, algumas horas depois, dirigi-me à Esplanada das Mesquitas e vi que inúmeros polícias palestinos negavam o acesso ao recinto aos não-muçulmanos, e igualmente pensei que esses homens não haviam lido o versículo do Alcorão Sagrado que diz: "É verdade que aqueles que creem, os judeus, sabeus e cristãos que creem em Allah e no Último Dia, e agem com retidão, não terão nada a temer nem se atribularão". - Surah 5: 69.
E fiquei triste novamente porque o que nos separava era menor do que a espessura de um fio de seda e, no entanto, alguns fazem desse fio um enorme muro que ninguém pode salvar.
Finalmente, caminhando pelo bairro judeu, um  garoto ortodoxo chamou a minha atenção para perguntar de onde vinha e se eu tinha antepassados  hebraicos. Eu respondi que sim e começamos uma conversa onde, no final, ele me assegurou que a melhor religião era a dele e que os não-judeus não deveriam aproximar-se do Muro. E a minha alma, mais uma vez, ficou triste porque aquele garoto não tinha entendido as palavras do Rabino Hillel, que dizia que a Torá podia ser resumida em duas coisas: amar a Deus acima sobre todas as coisas e ao seu próximo como a si mesmo, e que tudo o resto eram notas de rodapé.
Então, uma ideia veio à minha mente. Eu tinha que fazer algo para quebrar essa tendência fratricida ... e fiz! Na manhã seguinte, muito cedo, temperei o meu espírito com o sopro do Senhor para que me desse forças e decidi seguir a Via Dolorosa, como cristão, rezando um Pai Nosso em cada uma das suas estações para chegar ao Santo Sepulcro, e mesmo mais adiante, para a Tumba do Jardim. Depois, ao meio dia, fui até a Esplanada das Mesquitas e rezei na Cúpula da Rocha e na Mesquita Al Aqsa, como muçulmano. E, por último, ao entardecer, apresentei--me diante de Deus no Muro das Lamentaçõescomo um judeu, rezando o Shemá Israel. E, naquele momento, sob a lua cheia do mês de Agosto, uma força sobrenatural inundou o meu coração e senti no meu coração que Deus me sorriu e aceitou a minha oferenda.
Uma cruz para os judeus, um tapete para os cristãos e um talit para os muçulmanos é talvez a fórmula da paz em Israel que ninguém quer seguir.
E talvez o que eu fiz me custasse a vida se alguns dos fanáticos, que não hesitam em acabar com aquilo que não compreendem, me esperassem algum dia para executarem-me. Mas também pode ter aberto um caminho que ninguém, em todos os anos em que Jerusalém tem estado em pé, jamais fez. Abrir um caminho de amor, de paz e de tolerância. Três religiões, um só Deus, um só coração ... bem, talvez era isso o que o Senhor esperava de mim.
Agora que estou de volta em casa, sei que sempre permanecerei em Jerusalém, honrando o meu bom Deus para todo o sempre.
Por isso que volto a dizer-te, amigo e amiga, desconhecido, que lês estas palavras, As-Salam Alaikum, Shalom, que a paz esteja contigo. E pela Casa do Senhor, nosso Deus, eu desejo-te todo o bem. 
Obrigado. Wassalam.
M. Yiossuf Adamgy
Director da Revista Al Furqán

terça-feira, março 06, 2018

Os Profetas e Mensageiros de Deus (I)

Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.
Crer nos Profetas de Deus (paz esteja com eles) é um dos pilares da crença Islâmica e consiste em acreditar em todos os Profetas enviados por Deus, sem fazer qualquer discriminação entre eles, no que diz respeito à sua aceitação. Diz Deus no Alcorão Sagrado:«O Mensageiro crê no que foi revelado por seu Senhor e todos os crentes crêem em Deus, nos Seus anjos, nos Seus Livros e nos Seus Mensageiros. Nós não fazemos distinção alguma entre os Seus Mensageiros. Disseram: escutamos e obedecemos...».(Alcorão, 2:285).
«Aqueles que não crêem em Deus e nos Seus Mensageiros, pretendendo cortar vínculos entre Deus e Seus Mensageiros, e dizem: Cremos em alguns e negamos outros, intentando com isso achar uma saída, são os verdadeiros incrédulos; porém, preparamos para eles um castigo humilhante. Quanto àqueles que crêem em Deus e em Seus Mensageiros, e não fazem distinção entre nenhum deles, Deus lhes concederá as suas devidas recompensas, porque Deus é Indulgente, Misericordioso». (Alcorão,4:150-152.).
Por que Deus nos enviaria uma mensagem? Para que O possamos conhecer. Para que, no dia do Juízo Final, não haja desculpas, ou seja, que o ser humano venha a dizer que não sabia, que não conhecia.«Foram os Mensageiros que deram as boas notícias e e fizeram admoestações, para que os humanos não tivessem argumento algum ante Deus, depois do envio deles, pois Deus é Poderoso, Prudente». (Alcorão Sagrado 4:165).
Deus enviou, através da história, Mensageiros e Profetas para orientarem a humanidade quanto à adoração de um Deus único. «Na verdade, enviamos para cada povo um Mensageiro (com a ordem): Adorai a Deus e afastai-vos do sedutor...». (Alcorão Sagrado 16:36).
«Jamais enviamos Mensageiro algum antes de ti, sem que lhe tivéssemos revelado que não há outra
divindade além de Mim. Adora-Me e serve-Me!»(Alcorão Sagrado 21:25).
E estabeleceu a justiça e a misericórdia, quando nos disse que nenhuma nação seria responsabilizada, a não
ser depois do envio de Mensageiros, orientadores e admoestadores, como podemos ver através do seguinte
versículo do Alcorão Sagrado: «... Jamais castigamos (um povo), sem antes termos enviado um Mensageiro». (Alcorão Sagrado17:15).
E todos os Profetas e Mensageiros vieram pregando a mesma religião, a submissão a Deus (o Islame), conforme diz Deus no Alcorão Sagrado: «Prescreveu-vos a mesma religião que havia instituído para Noé, a qual te revelamos, a qual havíamos recomendado a Abraão, a Moisés e a Jesus, (dizendo-lhes): observai a religião e não discrepeis acerca disso...». (Alcorão Sagrado 42:13).
"Para Deus a religião é a submissão voluntária a Deus (o Islame)...". (Alcorão Sagrado 3:19). 

Qual a Diferença entre Profeta (Nabi) e Mensageiro (Rassul) ?
· ·Profeta (Nabi): É aquele que recebeu a orientação Divina para confirmar o que um outro Mensageiro transmitiu, sem trazer com ele uma mensagem nova. Mensageiro (Rassul): É aquele a quem é transmitida uma Mensagem ou Livro Sagrado, contendo uma nova recomendação. Todo o Mensageiro é um Profeta, mas nem todos os Profetas são Mensageiros. O Alcorão menciona os nomes de 25 Profetas que são:
-Adam (Adão);
-Idris (Enoc);
-Nuh (Noé);
-Hud (Heber);
-Saléh;
-Ibrahim (Abraão);
-Lut (Lot);
-Ismail (Ismael);
-Ishaq (Isaac);
-Yaqub (Jacó);
-Yussif (José);
-Xuaib (Jetro);
-Aiyub (Jó);
-Zul-kafil (Ezequiel);
-Mussa (Moisés);
-Harun (Araão);
-Daud (Davi);
-Sulaiman (Salomão);
-Ilias (Elias);
-Aliassa (Eliseu);
-Yunus (Jonas);
-Zacaria (Zacarias);
-Yáhia (João Batista);
-Issa (Jesus);
-Muhammad. (Que a paz esteja sobre eles) .
Citam-se alguns versículos em que eles são mencionados: «Tal foi o Nosso argumento, que proporcionamos
a Abraão (para usarmos) contra o seu povo, porque Nós elevamos a dignidade de quem Nos apraz. Teu Senhor (ó Muhammad) é Prudente, Sábio. Agraciamo-lo com Isaac e Jacó, que iluminamos, como havíamos iluminado anteriormente Noé e a sua descendência, Davi e Salomão, Jó e José, Moisés e Aarão. Assim, recompensamos os benfeitores. E Zacarias, Yáhia (João), Jesus e Elias, pois todos eles se contavam entre os virtuosos. E Ismael, Eliseu, Jonas e Lot, cada um dos quais preferimos sobre os seus contemporâneos». (Alcorão Sagrado 6:83-86).
«Sem dúvida que Deus preferiu Adão, Noé, a família de Abraão e a de Imran, aos seus contemporâneos». (Alcorão Sagrado 3:33).
«E enviamos ao povo de Ad o seu irmão Hud, o qual lhes disse: ó povo meu, adorai a Deus, porque não tereis outra divindade além d’Ele...». (Alcorão Sagrado, 11:50).
«E (recorda-te) de Ismael, de Idris (Enoc) e de Dulkifl...». (Alcorão Sagrado 21:85). «E ao povo de Samud enviamos o seu irmão Sáleh...». (Alcorão Sagrado, 11:61).
«E enviamos ao povo de Madian o seu irmão Xuaib (Jetro)...». (Alcorão Sagrado, 11:84). Destes, alguns Profetas como Idris e Ezequiel (que a paz esteja sobre eles), o Alcorão limita-se a mencionar os seus nomes; de outros, como Ismael, Isaac e Jonas (que a paz esteja sobre eles), relata-se um resumo de sua história. Entre eles, há também aqueles cuja história veio detalhada, como ocorre com Abraão, Moisés, José
e Jesus (que a paz esteja sobre eles). «Inspiramos-te (Muhammad), assim como inspiramos Noé e os Profetas que o sucederam ...». (Alcorão Sagrado, 4:163). «Na verdade, Muhammad não é o pai de nenhum de vossos homens, mas sim o Mensageiro de Deus e  derradeiro dos Profetas; sabei que Deus é Omnisciente». (Alcorão Sagrado, 33:40).
Aparece nos ditos do Profeta Muhammad (que a paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), que o número
total de Profetas enviados para os diferentes povos, em épocas diversas, é de 124.000 e o Alcorão nos relata que Deus nos informou os nomes de alguns deles apenas:
"E enviamos alguns Mensageiros, que te mencionamos, e outros, que não te mencionamos; e Deus falou a Moisés diretamente». (Alcorão Sagrado, 4:164).
Há no Alcorão 6 capítulos que levam o nome de Profetas, que são: Yunus (Jonas), Hud, Yussuf (José), Ibrahim (Abraão), Nuh (Noé) e Muhammad (p.e.c.e.).
No Alcorão, 5 profetas foram qualificados como fortes, pelo que suportaram da maldade de seus povos, e pelo que legaram de grandes feitos no campo da pregação. E eles estão citados neste versículo: «Recorda-te de quando instituímos o pacto com os Profetas: contigo, com Noé, com Abraão, com Moisés, com Jesus, filho de Maria, e obtivemos deles um solene compromisso». (Alcorão Sagrado, 33:7.)
Qual deve ser a postura do muçulmano, quanto àqueles Profetas cujos nomes não foram mencionados no Alcorão e que tenham vindo antes do Profeta Muhammad (p.e.c.e.)?
Caso ele tenha vindo antes do Profeta Muhammad (p.e.c.e,), nós nem afirmamos que tenha sido um Profeta, nem negamos. Porque, caso tenha sido realmente um Profeta, e nós negarmos, estaremos negando um pi-
lar da fé e, consequentemente, estaríamos saindo do Islame. Caso afirmássemos que ele tivesse sido um Profeta e ele não tivesse, estaríamos cometendo um pecado.
Por isso adotamos esta postura. E caso essa pessoa tenha vindo após o Profeta Muhammad (p.e.c.e.), afirmamos categoricamente que ele não é um Profeta, porque o último Profeta enviado para toda humanidade foi o Profeta Muhammad (p.e.c.e.).
Os Profetas são homens iluminados, escolhidos por Deus dentre o seu povo, para transmitirem a Sua Mensagem e servirem de exemplo e modelo de retidãoe para serem seguidos e imitados por nós.
Deus nos facilitou o caminho e evitou que o ser humano tivesse que adquirir este conhecimento através somente do seu esforço pessoal. «Realmente, tendes no Mensageiro de Deus um excelente exemplo para aqueles que esperam contemplar Deus, deparar-se com o Dia do Juízo Final, e invocam Deus frequentemente». (Alcorão Sagrado, 33:21). «Tivestes neles um excelente exemplo, de quem confia em Deus e no Dia do Juízo Final». (Alcorão Sagrado, 60:6).
Os Profetas não têm divindade alguma, pois esta pertence única e exclusivamente a Deus. «Os Seus Mensageiros retrucaram: Existe, acaso, alguma dúvida acerca de Deus, Criador dos céus e da terra? É Ele que vos convoca para perdoar-vos os pecados, e vos tolera até ao término prefixado! Responderam: Vós não sois senão uns mortais, como nós; quereis afastar-nos do que adoravam os nossos pais? Apresentai-nos, pois, uma autoridade evidente! Os Seus Mensageiros lhes asseveraram: Não somos mais do que mortais como vós; porém, Deus agracia quem Lhe apraz, dentre os Seus servos, e ser-nos-ia impossível apresentar-vos uma autoridade, a não ser com a anuência de Deus. Que os fiéis se encomendem a Deus!» (Alcorão Sagrado, 14:10-11).
M. Yiossuf Adamgy
Diretor da Revista Al Furqán.