domingo, dezembro 11, 2016

Carne Proibida Quase todas as religiões tutelaram menus proibidos ao longo da sua história Halal – Por: María Dolores Tortosa - Fonte: Diario Sur Versão Portuguesa: M. Yiossuf Adamgy, in Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán, nº. 192, de Março/Abril.2013

Nesta Semana de Paixão, muitos católicos recordarão que a Igreja proíbe comer carne na Quarta e na Sexta-feira Santas, dias nos quais, além disso, aconselha o jejum. É do conhecimento comum que judeus e muçulmanos crentes não comem carne de por-co e que os segundos têm proibido qualquer bebi-da alcoólica. O facto é que, desde há tempos, a religião não só procurou alimentar a alma, mas também o corpo dos fiéis.

Quase todas as religiões tutelaram menus proibidos ao longo da sua história, como lembra o doutor Ángel Rodríguez Cabezas, que estudou o carácter simbólico-religioso dos alimentos. «Todas as religiões estabeleceram restrições, às vezes com normas muito estritas com a comunidade de fiéis», expl-ca. Assim, o que é lícito ou ilícito comer converteu-se em cada religião em regras inquebrantáveis para atingir a pureza espiritual. «Hoje fizeram-se lícitas para vós todas as coisas boas da vida. E é para vós lícita a comida dos que receberam a revelação na-tes», diz uma passagem do Alcorão.

São as três religiões monoteístas nascidas na bacia mediterrânica (judia, cristã e muçulmana) as que mais influíram na alimentação dos seus fiéis. Mas não as únicas. Ángel Rodríguez Cabezas recorda como os ascetas se abstinham de comer cebolas para não «serem assaltados por uma inoportuna alucinação luxuriosa».

Alimentação e luxúria: A sexualidade e a gastro-nomia são as actividades mais relacionadas com os cinco sentidos corporais e, como demarca Rodríguez Cabezas, as religiões sempre se ocuparam das ape-tências sexuais, «pelo que não é estranho que todas as religiões tenham pretendido regular o fenómeno da alimentação». «A carne é um alimento maldito e incita ao desenfreamento sexual» (Concílio de Selêucia-Te-lifonte nos primeiros tempos do cristianismo).

O pecado da carne e a carne como alimento sem-pre foram considerados pecado pelas três religiões. «Pouca carne e de maneira mesurada», dizia o Pro-feta Muhammad (s.a.w.). É um dos aspectos que apa-rentemente une as ditas confissões, não tanto na re-alidade histórica.

CATÓLICOS - Abstinência e jejum na Quaresma

Hábitos mudados: A proibição nas religiões semi-tas da carne de porco converteu-a no brasão alimen-tar dos cristãos após a Reconquista e a expulsão de mouriscos e judeus. «Exibir um pedaço de presunto ou de toucinho velho no surrão era o melhor salvo-conduto para viajar pelas Espanhas», escreveu Cervantes. Ou, como diz o ditado popular, também referido por Rodríguez Cabezas: «Dos judeus fizeram mais cristãos o toucinho e o presunto do que a Santa Inquisição». Muitos convertidos foram para a fogueira por rejeitar comer porco.

Quatro séculos depois, as três culturas voltam a conviver em solo espanhol com a afluência de imi-grantes muçulmanos e judeus, em conjunto com a forma alimentar de cada crença. Algo mudou: Espa-nha é um Estado laico e a Constituição Espanhola defende a liberdade religiosa. Mas hoje, como ontem, as três confissões continuam a tentar reger sobre o menu dos seus fiéis, se bem que a sua capacidade de influência seja diferente. Na religião católica, a abstinência de carne e o jejum passou dos mais de 180 dias no ano para as quartas e terças-feiras da Quaresma e da Semana Santa. «No resto das sex-tas estamos agora isentos de não comer carne desde que se reze o terço ou se assista a uma missa», explica o deão da catedral de Málaga, Fran-cisco García Mota.

Relaxamento: O cumprimento da abstinência, toda-via, é muito menos do que há meio século atrás. Além do relaxamento religioso, os hábitos alimentares dos católicos espanhóis também mudaram. O próprio García Mota lembra que a carne era antes um ali-mento de ricos e o bacalhau, o seu substituto, agora até mais caro é. O porco (salvo o presunto de porco preto) converteu-se num alimento suspeito por causa do colesterol, enquanto o azeite, desprezado nos tempos de Cervantes (cozinhavam com banha de porco), está em alta. Na verdade, a Igreja recomenda que nos dias penitenciais «não só não se coma carne, mas também que se coma mais frugalmente e se dê esmola aos pobres», indica García Mota. Uma filosofia que se relaciona com as tradições 'halal' e 'kosher' de muçulmanos e judeus.

O que é 'halal' e o que é 'kosher' hoje em dia? Temos de recordar que a lista de alimentos 'impuros' para judeus e muçulmanos inclui muitos mais do que a carne de porco e até a carne permitida deve reger-se por normas de manipulação especiais. Na religião muçulmana quer os alimentos 'puros', quer o método da manufactura, recebe o nome de 'halal', que em árabe significa 'o permitido’. Assim, na religião judaica conhecem-se pelo nome de 'kosher', com o mesmo significado em hebreu.

'Halal' e 'kosher' são hoje algo mais: uma marca que garante aos crentes de ambas as confissões que o que consumem é adequado na sua religião e é também um modo de vida que se relaciona com a dieta mediterrânica. Talvez por isso, a sua preva-lência é maior e gerou no mundo uma indústria e um comércio de produtos 'halal' e 'kosher' de grande magnitude. Espanha, alheia a isso durante anos, vê também como se diversificam a indústria e os co-mércios pela procura crescente da população imi-grante, sobretudo na última década. Em que medida? Vamos por religiões.

MUÇULMANOS – Muito mais do que não comer porco

A marca 'halal': Espanha conta já com um pouco mais de um milhão e meio de muçulmanos. «A maio-ria, em diferentes graus, prefere consumir produtos 'halal'», segundo refere Isabel Romero, directora ge-ral do Instituto Halal em Espanha, com sede em Córdoba. É conhecida a exigência de que os animais aptos (todos menos o porco, as aves com garras, os carnívoros ou necrófagos e os achados mortos) devem ser sacrificados em nome de Allah e em direcção a Meca, mas há mais aspectos que pro-vocam desconfiança no consumidor muçulmano. Ro-mero dá um exemplo simples: uma goma contém gelatina de porco.

Os produtos com aditivos, álcool ou conservantes contrários à norma muçulmana são difíceis de detec-tar. Por isso surge em 1998 a ideia de constituir um organismo que, de acordo com a legislação espanho-la sobre saúde e alimentação, certifique quando um produto é 'halal'. O Instituto Halal é o primeiro e o único autorizado pelas instituições (reguladoras da agricultura), por enquanto, com uma marca de garan-tia 'halal' em Espanha, se bem que também existam autoridades religiosas das mesquitas que costumam certificar a carne 'halal' de alguns matadouros.

Nasce na Andaluzia, mas a marca já se interna-cionalizou e assinou acordos com comunidades islâ-micas de outros países, segundo explica Romero. E acrescenta que desde 2003 já têm o selo 'halal' mais de 300 produtos, desde leite, queijo, conservas ou vinagres até embalagens, porque alguns podem estar contaminados com elementos 'haram' (proibi-dos, contrários à lei islâmica). Isto foi possível através de contratos com as diferentes indústrias alimen-tares. Já há cerca de 90 em Espanha que diver-sificam as suas linhas de elaboração para produtos 'halal'. Entre elas, a conhecida conserveira Isabel, ou indústrias leiteiras, como a Central Lechera Asturiana ou a Puleva.

Isabel Romero explica que a marca conta com um regulamento e com peritos que observam o processo de elaboração. «Podemos aparecer em qualquer momento, já que há estabelecido um calendário», diz Romero. A indústria da carne 'halal' é a que maior crescimento experimentou em Espanha: supõe já 4% do total da produção.

JUDEUS – Indústria vigiada pelo rabino

O estilo 'kosher': «Que alimentos devem ser considerados puros e impuros? Não misturem o leite com a carne», diz a Bíblia. A população judaica em Espanha apenas alcança as 20.000 pessoas, radi-cadas principalmente em Barcelona, Madrid e Mála-ga. Não há um organismo próprio que certifique a qualidade dos produtos 'kosher' em Espanha. A maioria é importada de Israel e o resto é garantido por um rabino, que deve contar com a autorização dos respectivos organismos reguladores da agricultu-ra, explica Samuel Anidjar, secretário da Cultura da Comunidade Israelita de Málaga.

Não se pode fumar: É o rabino que vigia o sacrifício dos animais e que nele se cumpra as normas 'kosher' (entre elas, um sangramento rápido e completo do animal para que sofra o menos possível). Iguais ao sacrifício ‘halal’, os rabinos obrigam o matadouro a parar a linha de produção habitual e limpar toda a maquinaria. Não se pode fumar nem comer enquanto dura o processo.

Anidjar explica que até há pouco tempo era difícil encontrar produtos 'kosher', mas que cada vez são mais frequentes nos supermercados. Quanto à prefe-rência da comunidade judaica, indica que, «se há possibilidade de comprar algo 'kosher', prefere-se», ainda apesar de advertir de que «o paladar dos ali-mentos não é diferente dos outros; existe apenas a garantia de que a elaboração se fez com a nossa lei e de que não leva nenhum antioxidante com ingre-dientes proibidos».

Da mesma maneira se pronuncia Leon Bitan, pro-prietário do único restaurante 'kosher' da Andaluzia, situado em Torremolinos, onde serve paelha (sem lulas nem gambas, proibidas pela lei judaica) e biqueirões fritos. Tanto Anidjar como Leon Bitam admitem que os produtos 'kosher' são um pouco mais caros. «Um frango de dois quilos pode custar doze euros», indica Bitan.

Não há números exactos do que a marca 'kosher' está a gerar na indústria alimentar em Espanha, mas sim exemplos significativos da importância que está a adquirir. «Já há muitas marcas em Espanha com o selo 'kosher'», explica Leon Bitan, indicando o exem-plo da empresa Bravo, de Alhaurín de la Torre, que elabora azeitonas 'kosher'.

Este aumento dos produtos 'kosher' não se deve tanto à procura da população judia em Espanha, mas à de Israel. Desde há alguns anos, delegações de rabinos israelitas vêm supervisionar produções de azeite e vinho espanhóis. No caso da Andaluzia, assinaram acordos com os vinhos da González Byass e com o azeite de Ventas de Huelma (Granada), cuja cooperativa exportará para o país hebreu 250.000 litros de azeite este ano.

Um negócio que cresce: Cada vez mais, o comer-cio e a indústria da alimentação em Espanha não querem perder a ocasião de diversificar o negócio gerado pelas crenças religiosas. Hoje quase todas as grandes cadeias de alimentação oferecem produtos para muçulmanos e kosher para judeus nas pratel-eiras.

A política de algumas companhias até incluiu sec-ções próprias. É o caso da Hipercor, em Marbella, há dez anos (desde a abertura) com estantes específicas de produtos 'kosher' e 'halal'. «10% das vendas deste hipermercado são de produtos kosher», explica o chefe de sala deste estabelecimento, Antonio Moril-las.

A venda de 'halal' é menor pela concorrência das lojinhas especializadas em produtos muçulmanos, cada vez mais numerosos nas cidades, sobretudo os talhos 'halal'.

HALAL

O que é 'halal'? Em árabe, 'halal' compreende um sentido amplo e refere-se a tudo o que é permitido E, portanto, é benéfico e saudável para o ser humano, propicia uma melhora da qualidade de vida e evita riscos para a saúde. (Junta Islâmica).

O que é 'haram'? A tradução pode ser: proibido, desautorizado, mau, não-ético ou abusivo. (Junta Islâ-mica de Espanha)..

Alimentos 'haram'

Carnes: A carne do animal achado morto. O sangue. A carne de porco e javali e os seus deriva-dos. Os animais carnívoros e necrófagos. As aves com garras. Aqueles animais sobre os quais não se invocou o nome de Allah no momento do sacrifício.

Álcool: O álcool, as bebidas alcoólicas, as subs-tâncias nocivas ou venenosas e as plantas ou bebi-das intoxicantes.

Derivados: Ingredientes, aditivos, aromas proce-dentes de animais. A gelatina de porco.

Modo de vida

Outros: A usura, as cláusulas e a especulação abusivas. As apostas no jogo e a pornografia.

KOSHER

O que é 'Kosher'? Significa ‘apto’ e representa quer a união das leis dietéticas que se encontram na Bíblia e no Talmude, quer a pretensão de uma atitude sensível perante essas leis.

O que é 'taref' ou 'trefa'? Os alimentos proibidos, não permitidos segundo a Bíblia e o Talmude.

Alimentos proibidos

Carnes: O animal que se ingere deve ter o casco fendido e o estômago ruminante e não se deve ali-mentar de outros animais. São proibidos os roedores, porcos, cavalos, primatas, bestas e aves necrófagas e répteis. Também a ingestão de carne de um animal que morreu de velhice ou doença ou vítima de bestas necrófagas. Proíbe-se a ingestão de carne arrancada de um ser vivo. Proíbe-se beber sangue. O judaísmo considera o sangue o símbolo da vida.

Peixes: Proibido o marisco. Os peixes que podem ser consumidos são somente aqueles que possuem escamas e barbatanas.

Mistura: Não se deve misturar carne com leite. Esta regra infere-se do versículo: «Não cozinharás o cabrito no leite da sua mãe». As verduras, hortaliças e frutas podem comer-se tanto com carne como com leite.

M. Yiossuf Adamgy

Rumo a uma sociedade e a uma educação multiculturais

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum:

Há 1438 anos, Deus disse no Alcorão:

«Ó seres humanos! Na verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Por certo, o mais honrado dentre vós, perante Deus, é o mais temente. Na verdade, Deus é Omnipresente e Omnisciente». (49:13).

— «… A cada um de vós, Nós temos prescrito uma Lei e um caminho aberto. E se Deus qui-sesse tinha feito de vós um só Povo; mas fez-vos como sois, para vos testar por aquilo que vos concedeu; portanto, competi uns com os outros nas boas ações. Todos voltareis para junto de Deus, Que então vos esclarecerá a respeito das vossas divergências». (49:13).

A importância da interação na educação

As sociedades democráticas fortalecem-se através de princípios fundamentais, tais como a liberdade, a igualdade e a justiça. Manter a identidade de pessoas que produzem conhecimento e investigação parece bastante paradoxal numa sociedade democrática. Quando as variáveis, como a cultura, a etnia e a diversidade, são utilizadas para dar privilégios às pessoas de certos grupos e rejeitar outras, então a capacidade de oferecer igualdade de oportunidades converte-se num desafio importante para a sociedade. Significativamente, todo o ser humano procura reagir contra qualquer forma de dominação e tem um desejo intrínseco de liberdade. Por esta razão, mais do que nunca, a educação na e para a sociedade deve proporcionar o ensinamento que cada estudante necessita, para que possa desenvolver os seus próprios interesses e aprender a viver, se não em cooperação com os outros, pelo menos pacificamente. Dewey, provavelmente o filósofo e pensador mais influ-ente da educação progressiva, opõe-se firmemente a classificar os estudantes em categorias fixas ou a tratá- -los como membros de uma classe ou grupo.1 Noutras palavras, a escola deve proporcionar um bom equi-líbrio entre o plano de estudos, os professores e administradores, bem como garantir as condições físicas e morais.

O que é educação multicultural?

Uma boa maneira de começar é com uma definição construtiva do que se entende por “multiculturalismo” e “educação multicultural”. A educação multicultural é uma análise progressiva para a transformação da educação, à qual critica de uma forma holística, abordando as suas deficiências atuais, os erros e as práticas discriminatórias na educação.

2 Baseia-se na justiça social, na equidade educativa e no respeito pelo pensamento. Mais concretamente, os componentes necessários para garantir uma educação multicultural são: a integração dos conteúdos, o processo de construção do conhecimento, a redução dos preconceitos, a pedagogia da equidade e uma cultura escolar e social emanciadora.

3 Parece evidente que cada elemento se relaciona, de alguma maneira, com os outros. Cada um deles requer uma atenção considerável, sobretudo quando se pensa nos esforços pela resolução de conflitos no mundo. Neste paradigma, ser tolerante nas interacções sociais, valorizar cada opinião e não criticar, nem opor- -se aos outros, parecem ser os traços distintivos de uma sociedade multicultural.

Quando as pessoas são demasiado rígidas, o resultado é a destruição, ao passo que, quando as pessoas procuram ser construtivas proporcionam riqueza e reflexão. A ideia de “se não gostas de algo, faz algo melhor”, encaixa muito bem na ideia da educação multicultural, na qual a tarefa principal consiste em reduzir os moldes, os estereótipos, os preconceitos e a descriminação fora e dentro dos diversos grupos.

Por que é que a educação multicultural é necessária?

Vivemos num mundo em que os conflitos inter-raciais e as tensões parecem ter-se convertido num fenómeno inevitável da vida quotidiana. De um ponto de vista positivo, contudo, o último milênio tornou-nos mais capaz de adquirir conhecimentos sobre a natureza do reconhecimento global, a situação da igualdade de estados e as expectativas compartilhadas. Na sociedade atual, à medida que entramos no século XXI, o profundo fundo étnico das nações, a diversidade dentro das sociedades e uma percentagem, cada vez maior, de pessoas que falam uma segunda língua, fizeram da educação multicultural algo crucial. A educação multicultural é vista como uma oportunidade para melhorar as relações raciais e para ajudar a todos os estudantes a adquirir os conhecimentos, atitudes e habilidades necessários para serem partícipes das interações interculturais. As crianças aprendem a diferenciar quando jogam umas com as outras.4 O mesmo acontece na educação, pois o ensinamento converteu-se numa experiência multicultural. Em vez de temer ou ignorar a diversidade na aula (e na sociedade), os professores podem utilizar tal diversidade para enriquecer o ensinamento. A educação multicultural ajuda os professores a utilizar a variedade como um recurso que pode proporcionar mais significado, tolerância e oportunidades à aula multicultural.

Tanto os professores como os estudantes pertencem a diversos grupos que se distinguem por variáveis, tais como a idade, a classe social, o gênero, a raça e a etnia.

A educação multicultural é um mundo em mudança

Nas escolas públicas e colégios norte-americanos, cerca de 46% da população estudantil é formada por estudantes de origem étnica diferente. Cerca de 14% dos jovens em idade escolar vivem em lares em que o Inglês não é a língua nativa.5 Actualmente, o mais pro-vável é que a maioria dos professores tenha nas suas turmas estudantes de diversas origens étnicas e cultu-rais. Isso implica o problema de que muitos estudantes são assimilados nos processos de socialização e enfren-tam a assimilação cultural.

Para superar estas dificuldades, os educadores continuam a procurar movimentos de reforma educativa que sejam mais criativos, reflexivos e significativos. Neste sentido, a educação multicultural é capaz de ajudar os estudantes a desenvolver simpatia e compreensão para com cada grupo e ponto de vista. Dewey insiste na importância da interação na educação. Esta interação é um processo contínuo entre o indivíduo, os temas e outras pessoas. Dewey fala sobre uma pessoa que procura construir um castelo no ar; mesmo quando está empenhada nisso, não deixa de interagir com os objetos que constrói, na sua imaginação. Como seres humanos, somos criaturas mais complexas do que os animais. Cada ser humano é uma criatura especial, composta por sentimentos e características diferentes. A interação contínua, proposta por Dewey, entre o indivíduo e outras pessoas é verdadeiramente importante quando se pensa na existência de culturas dotadas da sua singularidade e peculiaridade. Tendo isto em conta, a escola é um lugar de interação social entre professores e alunos.

O ensinamento e a aprendizagem num ambiente escolar ocorrem principalmente através de interações sociais entre grupos. Ajudar os estudantes a desenvolver um sentido de identificação reflexiva e positiva com os seus grupos culturais não implica fechar-se à possibilidade de estabelecer um intercâmbio intercultural entre outros grupos. Isto quer dizer que, através do desenvolvimento e a clarificação dos limites das identidades culturais, se espera que os estudantes adquiram uma atitude mais positiva nos seus bairros e comunidades.

O aumento da educação multicultural

As mudanças democráticas ajudam a estimular o crescimento da educação multicultural. Proporcionar às pessoas a liberdade de agir, mais além das suas fronteiras étnicas e culturais, faz com que as sociedades sejam mais democráticas e livres. A aplicação dos princípios da educação multicultural (por exemplo, reduzir os preconceitos) pode ajudar os estudantes a desenvolver valores e atitudes democráticas. Além disso, melhorar os esforços de diálogo e tolerância, através deste tipo de educação, pode ajudar os estudantes a compreender, investigar e determinar como a igualdade de oportunidades pode conseguir-se quando se dá voz a todos. Os educadores de hoje enfrentam desafios inusuais e querem soluções rápidas para os problemas educativos. Em particular, os problemas relacionados com o racismo, a etnicidade e os preconceitos fazem com que a situação seja intolerável devido às grandes expectativas públicas. Considerando isso, a educação multicultural pode ser um fator promissor de incremento de intercâmbios culturais, ajudando os estudantes a obter valores e atitudes democráticas. Uma das maneiras mais eficazes de ensinar o respeito pela diversidade é a eliminação da ignorância. Se queremos entender outras culturas, quer seja de forma superficial ou pro-funda, é melhor adquirir um sentido de percepção que nos permita distinguir as coisas com mais clareza e com menos preconceitos.6 Por esta razão, o estabelecimento de programas de intercâmbio cultural demonstrou ter êxito na melhoria do entendimento, da compreensão, da tolerância e, finalmente, na aula. Ministrar lições que, direta ou indiretamente, conduzem a temas relaciona-dos com as comunidades multiculturais na aula é outra táctica importante que os professores podem adotar quando se trata de ajudar as crianças e jovens a compreender a importância do respeito da diversidade. Os professores que levam os seus bons valores e virtudes para a aula podem influir fortemente nas atitudes dos seus alunos.

Conclusão

A educação multicultural é uma nova tendência, e será integrada na maioria dos planos curriculares das escolas, nos próximos anos. Várias universidades de prestígio de todo o mundo exigem, atualmente, a todos os estudantes que frequentem aulas de estudos sociais. Deste modo, mediante o uso da educação multicultural, os professores, em particular, podem ajudar as crianças a valorizar a importância de gostar de todas as pessoas e de não julgar nenhum grupo pelas ações de algumas pessoas. Mais importante ainda, os professores devem modelar as suas palavras e comportamentos de forma tolerante e compassiva. Deveriam também incentivar as crianças a explorar os seus sentimentos sobre os pre-conceitos e o ódio. Ao fazerem isto, a sociedade disporia das melhores ferramentas para deter qualquer nova destruição e seria capaz de oferecer oportunidades potencialmente importantes para que a próxima geração possa aprender e integrar o respeito e a dignidade para com todas as pessoas.

Atualmente, muitas pessoas, mesmo aquelas que vivem numa sociedade multicultural, têm problemas relacionados com os “outros” e atacam-se umas às outras por determinados problemas ou por seguir diferentes caminhos. Culpar os outros por não terem as nossas origens e cultura não é a solução. Pelo contrário, procurar compreender e analisar as pessoas pelos seus valores pessoais e pela diversidade cultural contribuirá a mobilizar e construir uma sociedade solidária. É um fato que a religião nos ensina a tolerar os outros e a aceitar as pessoas que vivem em diferentes grupos e sociedades. A beleza e a singularidade da diversidade expressase no Sagrado Alcorão e no Novo Testamento:

Ó seres humanos! Na verdade, criamos-vos a partir de um homem e de uma mulher, convertemos-vos em tribos e famílias, para que possais conhecer-vos mutuamente (e assim estabelecer relações mútuas e cooperativas, não para que vos orgulheis das vossas diferenças de raça ou categoria social e façais inimigos). Por certo, o mais honrado dentre vós, perante Deus, é, certamente, aquele que é melhor na piedade, na retidão e na reverência a Deus. Deus é certamente Omnipresente e Omnisciente”. (Alcorão, 49:13).

“Ouvistes o que foi dito: Amarás ao teu próximo e odiarás ao teu inimigo. Mas eu digo-vos: Amai a vossos inimigos, bendizei os que maldizem, fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos ultrajam ou perseguem”. (Mateus, 5:43-44). ▀

1 - Dewey, J., Democracy and Education, Southern Illinois University Press Carbondale and Edwardsville, 1916. Edi-ção em castelhano: Democracia y Educación. Ed. Morata, Madrid, 1995.

2 - Gorski, P, Multicultural education and the internet: Intersections and integrations, McGraw-Hill, Boston, MA: 2000.

3 - Banks, J., Educating Citizens in a Multicultural Society, Teáceas College Press, New York and London, 1997.

4 - Dewey, J., Experience and Education, the Kappa Delta Pi Lecture Series Simon Schuster, 1938. Edição em Castelhano: Experiencia y educación. Biblioteca Nueva, 2004.

5 - http://www.census.gov/apsd/www/statbrief/ (U.S. Bureau of the Census).

6 - http://www.ncela.gwu.edu/practice/toleran-ce/3_stere-otypes.htm

Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 30/10/2014

RAMADAN, UM MÊS DE SACRIFÍCIOS E DE MUITO MAIS…

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e  s Bênçãos de Deus)Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso)- JUMA MUBARAK .
 Ramadan é um mês de sacrifícios. Para além de não ingerirmos quaisquer alimentos durante o dia e de continuarmos firmes nos nossos postos de trabalho, proveitamos todos os momentos livres para aumentarmos a nossa adoração a Deus. Aproveitamos para fazer muitas preces, orações facultativas, recitação do sagrado Cur’ane e louvores a Allah Subhanahu wa Ta’ala. É natural que o nosso corpo  fique cansado, mas em contrapartida, sentiremos uma satisfação com a nossa alma alimentada.

O Ramadan é o mês do conhecimento. É uma oportunidade para aumentarmos os nossos conhecimentos religiosos e a nossa fé. Para os que não compreendem a língua árabe, é o momento ideal para lerem e perceberem os versículos do Cur’ane  os ditos do Profeta (Salalahu Aleihi wassalam).

É um mês de reflexão. Uma altura que nos facilita mudar o rumo da nossa vida.

Entre este Ramadan e o anterior, o que fiz para o bem da minha alma? Alimentei a alma, ou só me preocupei com o aspecto e a saúde do meu corpo? O que posso daqui para a frente? É também o mês da oração. Os crentes incrementam as orações facultativas em congregação (tarawi) ou na solidão da noite (Tahajjud). No mês de Ramadan uma obrigatória é recompensada 70 vezes mais. As facultativas são recompensadas como se tratassem de acções obrigatórias.

Aproveite o mês da reconciliação, para fortalecer os laços familiares. Aproveite também para fazer as pazes com aqueles que nos ofenderam. “Perdoa-os generosamente”. Cur’ane 15:85. Sabei que os crentes são irmãos; reconciliai, pois, entre vossos irmãos”. Cur’ane 49:10

Este é o mês das preces, para pedirmos a Deus para nós, para os nossos pais, filhos, maridos/mulheres, familiares, amigos e para os que atravessam dificuldades.

Peça por aqueles que deste mundo já partiram, e que não têm possibilidades de pedirem perdão. “…Ó Senhor nosso, perdoa-nos, assim como também aos nossos irmãos que nos precederam na fé”. Cur’ane 59.10. Faça caridade em memória deles. Recite Surat Yacin e faça duá (prece). Lembre-se frequentemente deles nas suas preces.

É o mês da ajuda. Auxilie os irmãos muçulmanos que estão nas trevas e que têm vergonha de solicitar ajuda. Ajude-os, mas seja discreto. “Convoca (os humanos) ao caminho do teu Senhor, com sabedoria e bela exortação”. Cur’ane 16:125.

Descubra você mesmo o que pode fazer pelos outros. “Não descures praticar qualquer ato de benevolência, nem que seja o de receberes um irmão com semblante alegre”. Dito do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam). Muslim.

É o mês do arrependimento e da purificação do corpo e da alma, que nos incentiva a acabar com os vícios que diminuem a nossa fé, que prejudicam a nossa saúde e corrompem os nossos bolsos.

É o mês do auto controle, para treinarmos os nossos membros do corpo para se controlarem na altura de agirem. “… que controlam a sua cólera e são indulgentes para as pessoas – e Deus ama os benfeitores”. Cur’ane 3:134.

Arrefeça a fúria, a cólera. Controle a vista e a língua. Limpe a alma, limpe os seus pensamentos, limpe os seus sentimentos, torne-os mais puros, mais humildes. “Do teu ouvido, da tua vista e do teu coração, de tudo isto serás responsável”.Cur’ane 17:36.

Este é o mês da fraternidade e da caridade. Ajude os mais necessitados com a mão direita generosa. É o mês em que todos os muçulmanos devem ter o suficiente para o iftar e para o suhur. Participe na angariação de fundos e de gêneros alimentícios para distribuição a quem mais precisa. “Aqueles que (em caridade) gastam das suas riquezas, de dia e de noite, em segredo e em público, terão a sua recompensa junto do seu Senhor; e não sofrerão de temor, nem de preocupações”. Cur’ane 2:274.

É o mês de todas as oportunidades em que não podemos desperdiçar. Será que para o ano estaremos vivos? Será que teremos uma outra oportunidade para corrigirmos ou incrementarmos a nossa fé?

Ó Allah, só Tu é que dás a vida e a morte, rogamos para que alcancemos e completemos o mês de Ramadan com saúde e com a fé reforçada, para que possamos aliviar a carga dos nossos pecados. Ameen.

“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41. “Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 36:17.

“Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. “E a conclusão das  suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.                  

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

11/06/2015

O Véu, Arma Contra a Islamofobia na Suécia 22/08/2013 - Autor: Amanda Figueras - Fonte: elmundo.es http://www.elmundo.es/elmundo/2013/08/20/internacional/1377009073.html (Tradução: M. Yiossuf Adamgy / Al Furqán)

Na Suécia, apresentadoras de televisão, cantoras, políticas e dezenas de mulheres e homens anônimos, não muçulmanos, decidiram pôr um véu como forma de protesto, depois de um suposto ataque racista (em apoio a muçulmana grávida agredida no país). A iniciativa provocou furor nas redes sociais. Usando o hijab, as mulheres publicaram as sus fotos 'veladas'. As fotos podem, igualmente, ser vistas no Instagram.

O acontecimento que despoletou a iniciativa ocorreu sexta-feira passada num parque de estacionamento em Estocolmo. Uma moça de 20 anos, grávida, foi agredida no subúrbio de Farsta. Um desconhecido bateu a cabeça dela contra um carro. Segundo o porta-voz da polícia, Ulf Hoffman, na imprensa local, diz não haver nenhuma dúvida de que isso é um crime racista.

Os organizadores dizem que não é um caso único, e que tais crimes estão crescendo na Suécia. "Queremos que as pessoas usem o lenço, na segunda-feira. Em primeiro lugar, porque queremos normalizá-los. As pessoas vêem os véus e os muçulmanos como algo estranho (impróprio). Esta poderia ser uma boa oportunidade para conhecer o que as mulheres muçulmanas estão passando", explicou Bilan Osman, um dos organizadores, ao Diário Göteborg.

Segundo um amigo da mulher atacada, que falou com a Radio Sveriges, resgaram o véu da vítima e depois bateu com a cabeça dela contra um automóvel até ela desmaiar, enquanto proferiram insultos racistas.

Num artigo de opinião publicado no jornal sueco 'Aftonbladet' no domingo, os organizadores do #hijabuppropet instaram a MinistrA da Justiça, Beatrice Ask, a tomar medidas para "garantir o direito à segurança pessoal e a liberdade religiosa muçulmana sueca, sem estar sujeita a ataques verbais e físicos", informou a  Al Jazeera.

A apresentadora da Televisão Gina Dirawi mudou a sua foto de Twitter e, juntou-se, também ao movimento da política Palma de Verônica.

«O princípio da liberdade religiosa é um princípio por todos partilhados. Contudo, será isto o que verdadeiramente se verifica?»«Governos e a Sociedade Civil devem reagir perante a ISLAMOFOBIA e diante de qualquer prática que fomente o ódio e a intolerância religiosa, incluídos os ataques aos lugares de culto;só o fomento da compreensão, da tolerância e do respeito em questões de liberdade cultural e religiosa poderão assegurar o futuro da convivência democrática».
Abu Hurairah narra que o profeta de Allah s.a.w. disse:

"As quatro melhores mulheres na terra são: Mariam Bint `Imran (A mãe de Jesus AS), 'Asiya Bint Muzahim – (esposa do Faraó Ramsés II), Khadija Bint Khuwailid (Primeira Esposa do Profeta SAAS e Fatima Bint Muhammad."(Filha do Profeta Muhammad e esposa do Khalifa Alī ibn Abī Ṭālib - o 4º Khalifa Probo). [Sunan Tirmidhi].

A grandeza de Asiya está no fato de que apesar de ser esposa de um dos governantes mais poderosos, arrogantes e tiranos do Egito, ela foi capaz de enxergar e aceitar a verdade na mensagem do profeta Moisés a.s. Para ela, beleza, riqueza ou status não eram os critérios principais para excelência humana; ela percebeu que sem fé em Allah, o ser humano não tinha nada. Allah a escolheu para abrigar o profeta Moisés a.s. quando ele era um bebê. Quando sua criada lhe trouxe a cestinha de Moisés a.s. do rio, ela insistiu junto ao Faraó de que ela queria adotar aquele bebê como filho.

E a mulher de Faraó disse: “Ele é para mim e para ti, alegre frescor dos olhos. Não o mateis. Quiçá nos beneficie, ou o tomemos por filho”. E não percebiam o que iria ocorrer. (28:9)

Asiya bint Muzahim declarou sua fé em Deus após testemunhar o milagre de Moisés a.s. na Corte do Faraó; e após testemunhar a morte de uma mulher crente sob tortura. Faraó tentou desviá-la do Deus de Moisés mas ela se recusou a rejeitar o Deus de Moisés a.s. Sob a ordem do Faraó, ela foi torturada até a morte.

E Allah propõe um exemplo para os que creem: a mulher de Faraó, quando disse: “Senhor meu! Edifica para mim, junto de Ti, uma casa no Paraíso, e salva-me de Faraó e de sua obra, e salva-me do povo injusto”. (66:11)

Nesta mulher, vemos um exemplo de sacrifício supremo: casando-se com Faraó, Asiya bint Muzahim se tornou Rainha do Egito, ganhou tudo que queria desta vida terrena do ponto de vista material: as melhores roupas, comida, palácios, jóias, servos e criadas etc. Mas ela sacrificou tudo isso para ficar mais perto de Allah. E é por isso que nós a vemos incluída pelo Profeta na lista das quarto mulheres que alcançaram o nível da perfeição. Ibn Kathir comentou sobre o versículo:

E Allah propõe um exemplo para os que creem: a mulher de Faraó, quando disse: “Senhor meu! Edifica para mim, junto de Ti, uma casa no Paraíso, e salva-me de Faraó e de sua obra, e salva-me do povo injusto”. (66:11)

Qatadah disse: "Faraó era a pessoa mais Tirana e incrédula na terra, e por Allah, sua incredulidade não afetou sua esposa quando ela decidiu obedecer ao Senhor.”

`Uthman an-Nahdi relatou que Sulayman disse: "A esposa de Faraó foi torturada sob o calor do sol. Quando seus torturadores paravam para descansar e se afastavam, os anjos a encobriam com suas asas e ela podia ver sua casa no Paraíso." al-Qasim bin Abi Bazzah disse: "A esposa de Faraó perguntou quem ganhou e foi-lhe dito: ‘Moisés e Aarão” Então ela disse: “Eu acredito no Senhor de Moisés e Aarão”. Faraó então disse aos que o rodeavam: “Procurem pela maior pedra que puderem encontrar. Se ela permanecer no que disse, joguem a pedra sobre ela. Se ela retirar o que disse, então permanecerá minha esposa. Quando eles vieram até ela, ela olhou para o céu e viu sua casa no Paraíso. Então, ela se ateve ao que disse e sua alma foi levada e a pedra caiu sobre seu corpo sem vida após sua alma ser levada”.

Os sábios dizem, sobre sua alegação:

“Senhor meu! Edifica para mim, junto de Ti, uma casa no Paraíso...” que ela escolheu seu vizinho (Allah s.w.t.) antes de mencionar que ela queria viver em uma casa no Paraíso. Abu al-'Aliyah disse: “A esposa de Faraó acreditou por causa da esposa do tesoureiro do Faraó. O que aconteceu foi que havia uma mulher escovando seu cabelo um dia e a escova caiu de sua mão. Então ela disse “Que qualquer um não creia em Allah seja destruído!” A filha do Faraó disse: “Você tem um senhor além de meu pai?” Ela respondeu: “O Senhor meu e seu e de tudo é Allah”. Então, a filha do faraó bateu nela e foi contar ao pai. Faraó a questionou: “Você adora outro deus além de mim?” Ela disse: “Sim, o Senhor de ti, de mim e de tudo é Allah, e eu O adoro”. Então Faraó a torturou colocando-a em uma estaca abrindo seus braços e pernas e espalhando cobras por cima de seu corpo. Um dia ela estava em tal estado que Faraó foi até ela e disse: “Vocês desiste?” Ela respondeu: “O Senhor de ti, de mim e de tudo é Allah”. Ele disse a ela: “Eu vou matar seu filho se você não retirar o que disse.” Ela disse: “Faça o que quiser” e então ele matou o filho dela e ela podia escutar a alma dele acalmando-a dizendo: “Fique feliz, minha mãe! Você tem tal e tal recompensa junto a Allah”.

Ela permaneceu paciente até que Faraó foi até ela outro dia e ela lhe disse o que havia dito antes. Então ele matou outro de seus filhos, e ela podia escutar a alma dele acalmando-a também. A esposa do Faraó escutou isso e isso a fez tornar-se uma crente. Allah levou a alma da esposa do tesoureiro do Faraó, e a esposa do Faraó logo percebeu a recompensa, o status e a honra que esta mulher tinha no Paraíso. Então, isso aumentou sua fé e certeza, até que Allah fez o Faraó descobrir sua fé, e ela disse a seus seguidores: “O que vocês sabem sobre Asiyah bint Muzahim?" Eles responderam elogiando-a e ele lhes disse: “Ela adora outro além de mim” e eles disseram: “Mate-a”. Então ele a colocou em um aparelho que esticava seus braços e pernas. Então Asiyah clamou por seu Senhor dizendo: “Senhor meu! Edifica para mim, junto a Ti, uma casa no Paraíso!”. Faraó estava entrando quando ela dizia isso e ela sorriu porque viu sua casa no paraíso, e Faraó disse aos que estavam observando: “Vocês não se impressionam com a insanidade dela? Ela sorri enquanto nós a estamos torturando?!” Então Allah levou sua alma para o Paraíso, que Allah esteja satisfeito com ela...”

[Tafseer al-Qur'an al-'Adheem: 4/504-505]

Rabana átina fidúnia hassanat ua fil arherat hassanat a qena a zarba nar... la haula wala kúata ila bilah Allah Azim! Jumua Mubaraka inshallah.

O SOFRIMENTO NO ISLÃO

Por que é que o sofrimento acontece, de acordo com o Alcorão Não se passa um dia sem que os noticiários não relatem histórias horríveis da humanidade em desespero e da miséria mundial. Num nível mais pessoal, muitos de nós temos sido atingidos pelo sofrimento e depressão nas nossas vidas quotidianas. Um ente querido falece. Um problema financeiro. Um cônjuge que trai. Por que então Deus permite que coisas ruins aconteçam a pessoas boas? Essa é uma pergunta com a qual as pessoas de muitas crenças religiosas têm tido dificuldade em ter resposta. É um dos grandes obstáculos à fé e tem levado um número incontável de pessoas a descrer em Deus. Vosso Deus e Um só. Não há outra divindade além d’Ele, o Clemente, o Misericordioso (Alcorão 2:163).

Portanto, o Alcorão afirma que Deus é ao mesmo tempo Todo-Poderoso e Misericordioso. Então, como essas duas qualidades podem ser conciliadas, dado que o mundo está repleto de mal? A perspectiva islâmica é que Deus faz com que coisas; aconteçam de modo a alcançar um bem maior. Deus aflige os Seus servos com sofrimento para moldá-los no tipo de pessoas que Ele quer que sejam. Por meio do sofrimento, os seres humanos podem desenvolver qualidades duradouras: perseverança e paciência diante de grande adversidade e também maior humildade e mansidão. O mais importante é que o sofrimento faz as pessoas se voltarem para Deus em busca de ajuda e estabelece e diferencia os verdadeiros crentes dos falsos.

O Sofrimento faz as pessoas se lembrarem de Deus. Os seres humanos tendem a esquecer de Deus quando prosperam e só se lembram d’Ele quando afligidos com sofrimento. O Alcorão dá o exemplo de um barco: quando o barco está navegando suavemente, os ocupantes não se lembram de Deus, mas quando o vento ameaça virar o barco, repentinamente os ocupantes lembram-se de orar sinceramente a Deus. O Alcorão diz: Vosso Senhor é Quem faz singrar o mar, os navios para que procureis algo da Sua graça, porque Ele é Misericordioso para convosco. E quando, no mar, vos açoita a adversidade, aqueles que invocais além d’Ele desvanecem-se; porém, quando vos salva, conduzindo-vos a terra, nega-lo-á, porque é próprio do homem ser ingrato; (Alcorão 17: 66-67). Esse exemplo pode ser aplicado às nossas vidas quotidianas. Uma pessoa pode esquecer-se de Deus quando a sua situação financeira está boa, mas se for má, de repente, estará invocando ajuda de Deus. O Profeta Muhammad (SAWS) era pobre quando declarou a mensagem de Deus e os escravos compunham a massa de seus seguidores. Os líderes ricos e prósperos de Meca, por outro lado, continuaram a viver uma vida sem Deus. É bem sabido que algumas pessoas ricas como, atores, cantores e outras celebridades levam vidas distantes de Deus. Enquanto isso, os mansos e necessitados se apóiam mais em Deus. Isso significa que o sofrimento não é necessariamente uma coisa ruim e que e prosperidade não é necessariamente uma coisa boa. Deus diz no Alcorão: É possível que repudieis algo que seja um bem para vós e, quiçá, gosteis de algo que vos seja prejudicial; todavia, Deus sabe todo o bem que fizerdes, Deus dele tomará consciência; (Alcorão 2: 216). 

Tudo isso é parte da psicologia humana: esquecemo-nos de Deus nos bons momentos e lembramo-nos d’Ele em tempos de dificuldades. Então Deus nos aflige com testes e tribulações para que nos voltemos para Ele e busquemos a Sua Graça. Quantas pessoas se voltaram para Deus e foram guiadas para o Islão depois de terem sido afligidas com sofrimento? Um exemplo que vem à mente é do político bem intencionado que pretende fazer o bem, mas que quando chega ao poder o sistema corrompe-o. Logo ele começa a dar e receber propinas e a viver a vida sem Deus de um político rico, com desperdício e extravagância. Então, de repente Deus faz com que seja preso; ele perde toda a sua riqueza, a sua esposa o deixa e ele apodrece na cadeia. Finalmente, depois de ponderar sobre as suas perdas e ganhos, ele se volta para Deus. Então, coisas ruins aconteceram a esse homem para que um bem maior pudesse ocorrer.

Quando era próspero estava a ir em direção ao inferno, mas quando Deus o afligiu com angústia, o homem mudou o seu percurso. O sofrimento temporário da cadeia com certeza é um preço pequeno a pagar pela bênção eterna no Paraíso. Concluindo, vemos que Deus faz coisas ruins acontecerem a pessoas boas para que um bem maior venha a elas em longo prazo.

O sofrimento é uma maneira de se purificar. Outro bem que vem do sofrimento é que a alma é purificada por meio dele. O Profeta Muhammad (SAWS) disse: Por Aquele em Cuja Mão está a minha alma (ou seja, Deus), nenhum crente é atingido pela fadiga, exaustão, preocupação ou sofrimento, nem que seja o espetar de um espinho, sem que Deus o perdoe por alguns de seus pecados. (Musnad Ahmad).

Algumas pessoas descrevem um sentimento de azia quando sofrem. Ao nível físico pode ser apenas um refluxo gástrico trazido pelo cansaço e ansiedade, mas a nível simbólico representa o coração espiritual queimando os pecados como uma fornalha poderosa. Quando um crente é afligido com sofrimento, Deus expia alguns de seus pecados como misericórdia. Como consequência, aquela pessoa não será punida por aqueles pecados na outra vida e, portanto, estará na direção do Paraíso.

Talvez um cético possa se perguntar por que Deus não perdoa simplesmente os Seus servos, sem afligi-los com sofrimento nessa terra ou na outra vida. A resposta a isso é que Deus, de fato, perdoa todo e qualquer pecado, desde que o Seu servo vá a Ele penitente e buscando a Sua graça e perdão. O homem que vai a Deus em busca de perdão, Deus perdoará sem qualquer punição ou retribuição. Deus eliminará os seus pecados como se nunca tivessem acontecido. De acordo com o Profeta Muhammad (SAWS), quem se volta para Deus em penitência será perdoado; mesmo que os seus pecados sejam tantos quanto às ondas do oceano, tão numerosos quanto os grãos de areia, tão pesados quanto às montanhas, tantos quanto às gotas de chuva e as folhas em todas as árvores. 

Deus perdoa quem busca o Seu perdão porque Ele ama os crentes que são humildes perante Ele, que se penitenciam diante d’Ele e cujos corações lamentam por desobedecê-Lo. O Alcorão diz: Deus ama os que se arrependem, (Alcorão 2: 222). 

Mas e aquele que peca e nunca pede o perdão de Deus? O que continua a pecar sem planos deparar? Deus não deixa que todos os pecados fiquem impunes porque isso faria as pessoas se tornarem negligentes e más. A aplicação da punição sobre esses pecadores é para o próprio benefício deles, assim como a aplicação da punição de um pai sobre o seu filho é para o próprio benefício da criança. Por exemplo, um menino de seis anos coloca o dedo numa tomada elétrica. O pai, temeroso que o menino se eletrocute, o pune por isso. Um pai ameaça punir o seu filho somente como benefício para a criança, mesmo que a criança recalcitrante possa ser muito imatura para perceber que a punição seja resultado do amor e preocupação de seu pai. Se a criança coloca o dedo na tomada, será ela - não o pai -, que será eletrocutada. Da mesma forma, se pecamos, fazemos isso em nosso próprio detrimento e a glória de Deus não é afetada. A punição mundana é, portanto, um meio, não um o fim. O objetivo da punição não é punir, mas servir como um forte impedimento.

Se um pai é muito leniente com o seu filho e não diz nada quando a criança coloca o dedo na tomada, então o menino não se dará conta da gravidade do que está a fazer. Continuará a repetir o ato até que um dia será eletrocutado e morrerá. Da mesma forma, se Deus não envia aflição aos Seus servos, eles podem não se dar conta do erro nos seus estilos de vida até que alcancem a morte espiritual. Por exemplo, o marido mulherengo pode nunca se dar conta de que as suas indiscrições um dia levarão ao rompimento de sua família, o jogador compulsivo pode não perceber que o seu vício levará a falência e o alcoólatra pode não enxergar que a sua bebedeira levará a uma vida de miséria e vazio. Então Deus envia punições a essas pessoas, não só para expiar os seus pecados, mas também para alertá-las e despertá-las.

Imagine a criança que sabe que seus pais não farão nada se for apanhada com drogas. Seria negligência parental e levaria a criança a se prejudicar sem medo de repercussões. Portanto, um pai responsável estabelecerá certas diretrizes para que a criança saiba que se for apanhada com drogas, será punida. Isso faz com que a criança se mantenha afastada das drogas por medo da punição. De forma semelhante, a criação do inferno - embora seja uma punição - também é uma misericórdia para a humanidade, através da qual Deus origina o bem. O inferno é uma punição com a qual Deus ameaça os Seus servos para que temam a Deus e O obedeçam. Essas pessoas então se tornarão espirituais, virtuosas e corretamente orientadas. Isso não beneficiará Deus, mas eles se beneficiarão. Deus não precisa deles, mas eles precisam de Deus nas suas vidas.

Mas Deus dá a Seus servos muitas oportunidades e avisos antes de condená-los ao inferno. Uma analogia é a do policial que apanha um motorista em alta velocidade. A primeira vez que o motorista é apanhado, o policial dá um aviso. Na segunda vez, o policial aplica uma multa de 150,00 euros. Na terceira, uma multa de 300,00 euros. Na quarta vez, tem que cumprir serviços comunitários e na próxima a carta de motorista será suspensa, etc. O policial não pune o motorista para benefício próprio, mas sim do próprio motorista, para que não se envolva num acidente de trânsito e se machuque. É como a metodologia de Deus: Ele aflige as pessoas com punições pequenas nessa vida terrena para que percebam o erro. Por outras palavras, Deus permite que coisas ruins aconteçam a pessoas boas para puni-las por seus pecados. Essa punição serve como um alerta para que se corrijam nessa vida e, assim, evitem punição na outra vida. Certamente um motorista preferirá ser multado em 150,00 euros a ser preso. Um crente também preferirá ser punido nessa vida a ser jogado no inferno no Além.

O que significa é que quando um crente é afligido com algum tipo de calamidade, deve se sentir confortado com o fato de que os seus pecados estão a ser perdoados por Deus. Deve saber que Deus o compensará por todos os seus infortúnios e queixas e que Deus é o Mais Justo! O Profeta Muhammad (SAWS) nos contou que Deus compensará os Seus servos até pelo ferimento pequeno causado por um espinho. Um crente passando por momentos difíceis não deve nunca ser ingrato com Deus, nem questionar a justiça de Deus, porque Deus compensará a todos na Vida Futura. Essa é a promessa de Deus para a humanidade. Um crente que é afligido por testes e tribulações deve se conscientizar que é um dos escolhidos de Deus, a quem Deus ama o suficiente não para punir no inferno, mas a quem Ele deseja purificar nesta vida.

Testando os crentes por meio da adversidade. Outra razão pela qual Deus envia tribulações e aflições para as pessoas é para que sejam testadas. O Alcorão declara: Porventura, pensam os humanos que serão deixados em paz, só porque dizem: Cremos! Sem serem postos à prova? (Alcorão 29:2).

Esse conceito pode ser entendido claramente se fizermos a analogia do casamento. Um homem pode amar e ser leal a sua esposa durante os bons momentos, mas quando as coisas ficam difíceis, pode abandoná-la. Por exemplo, se ela é jovem e bonita, ele a adorará, mas se tiver câncer e perder sua beleza física, o mesmo homem pode abandoná-la. Isso mostra que na realidade ele não a amava. Da mesma forma um homem deve amar a Deus e obedecê-Lo não só nos bons momentos, mas também em tempos de tribulação. Os hipócritas podem convidar para o caminho de Deus quando o tempo está bom, mas assim que a tempestade chega, abandonam a sua fé em Deus.

Portanto, Deus testa as pessoas para diferenciar os verdadeiros crentes dos hipócritas. Deus diz: Porventura, pensam os humanos que serão deixados em paz, só porque dizem: Cremos! Sem serem postos à prova? Havíamos provado os seus antecessores, a fim de que Deus distinguisse os leais dos impostores. (Alcorão 29:2-3).

Essa ideia é repetida em vários versículos no Alcorão, tal como: Não é do propósito de Deus abandonar os crentes no estado em que vos encontrais, até que Ele separe o corrupto do benigno, (Alcorão 3: 179).

Portanto, Deus testa as pessoas para diferenciar as verdadeiras das falsas. De fato, como se pode avaliar o valor de um objeto sem colocá-lo em teste? Um fabricante de automóveis testará os seus carros para ver a velocidade que podem alcançar e que tipo de batida podem resistir. Deus também testa as Suas criações para ver o quanto terão de fé e se permanecerão assim quando estiverem em dificuldades.

Cederão facilmente? Adversidade e aflições são de fato misericórdia celestial, porque dão aos crentes uma chance de conquistar boas ações sendo pacientes e leais a Deus. Ao passar no teste de Deus, esses crentes abrem caminho para entrar no paraíso. Deus diz: Pretendeis, acaso, entrar no Paraíso, sem antes terdes de passar pelo que passaram os vossos antecessores? (Alcorão 2: 214).

E assim as pessoas são testadas com várias tribulações e aflições: pobreza, fome, medo, etc., são todos testes de Deus. Até a perda de entes queridos é um teste. Quando o ingrato perde um ente querido se torna amargo em relação a Deus, desafiando Deus por ter feito seu ente querido morrer. Mas o crente grato permanecerá paciente e submeterá totalmente sua vontade a Deus e, dessa forma, Deus diferencia o verdadeiro do falso. Deus diz: Certamente que vos poremos à prova mediante o temor, a fome, a perda dos bens, das vidas e dos frutos. Mas tu (ó Mensageiro) anuncia (a bem-aventurança) aos perseverantes - Aqueles que, quando os aflige uma desgraça, dizem: Proviemos de Deus e a Ele retornaremos - Estes serão cobertos pelas bênçãos e pela misericórdia de seu Senhor, e estes são os bem encaminhados. (Alcorão 2: 155-157).

A calamidade não tem que ser a única forma de Deus nos testar. O teste de Deus também pode ser na forma de bênçãos, riqueza, saúde, filhos, família e coisas semelhantes. O que as pessoas fazem com essas bênçãos é um grande teste. Muitas celebridades e pessoas ricas recebem grande fortuna, fama e bens materiais, mas não são gratos a Deus e, ao invés disso, vivem as suas vidas em pecado. Deus diz: E sabei que tanto os vossos bens como os vossos filhos são para vos pôr à prova, e que Deus vos tem reservada uma magnífica recompensa. (Alcorão 8:28).

Portanto, vemos que Deus testa as pessoas por meio tanto das adversidades quanto das bênçãos, mas independente do tipo de teste, os crentes são os que se mantêm gratos a Deus. O Alcorão declara: Sem dúvida que sereis testados quanto aos vossos bens e pessoas, e também ouvireis muitas blasfêmias daqueles que recebem o Livro antes de vós, e dos idólatras; porém, se perseverardes pacientemente e temerdes a Deus, sabei que isso é um fator determinante, em todos os assuntos. (Alcorão 3:186).

Concluindo, quando a calamidade recai sobre um crente, ele deve saber que há nela um bem, mesmo que não seja aparente a princípio. Por meio da aflição os pecados são expiados e as almas purificadas; por meio das tribulações os perseverantes são testados por Deus e somente os resolutos serão bem sucedidos. É com base nisso que Deus concederá o bem no devido tempo, nessa vida ou na vida após a morte. Deus diz: Porém a ninguém se concederá isso, senão aos tolerantes, e a ninguém se concederá isso, senão aos bem-aventurados; (Alcorão 41:35).

O testado está na companhia dos virtuosos. Quando a calamidade nos atinge devemos ter orgulho do fato de sermos semelhantes aos servos virtuosos de Deus, que eram os Profetas. Todos eles foram submetidos a tribulações e testes. O Profeta Abraão e o filho dele, que a paz esteja sobre eles, foram ambos testados da forma mais severa. Deus ordenou ao Profeta Abraão que sacrificasse seu filho, Ismael. Essa ordem sem dúvida teria sido muito difícil para o Profeta Abraão e ele teria ficado muito entristecido pelo pensamento de perder seu ente querido. Mas o Profeta Abraão pacientemente perseverou e obedeceu a Deus. Não apenas isso, mas até Ismael permaneceu perseverante e obediente e se ofereceu para ser sacrificado.

Deus queria testar a determinação do Profeta Abraão. Se o Profeta Abraão ou seu filho tivessem uma fé fraca, ambos teriam falhado esse teste severo de Deus. Deus os recompensou com uma grande recompensa por sua grande fé e obediência a Ele, porque logo antes do Profeta Abraão atingir seu filho, uma ovelha apareceu e Deus disse a ele que a sacrificasse no lugar do filho. Como recompensa, Deus prometeu estabelecê-los como líderes na terra. Deus diz ao Profeta Abraão e seu filho: E quando ambos aceitaram o desígnio (de Deus) e (Abraão) preparava (seu filho) para o sacrifício. Então o chamamos: Ó Abraão, já realizaste a visão! Em verdade, assim recompensamos os benfeitores. Certamente que esta foi a verdadeira prova. (Alcorão 37:103-106) O Alcorão diz: E quando o seu Senhor pôs à prova Abraão, com certos mandamentos, que ele observou, disse-lhe: Designar-te- ei Imame dos homens (Alcorão 2:124).

Sem dúvida quando o Profeta Abraão foi instruído para sacrificar seu filho podia ter relutado, mas fez por obediência a Deus Todo-Poderoso. Isso significa que mesmo que alguém desgoste de algo, pode haver um bem nisso. Deus diz: É possível que repudieis algo que seja um bem para vós e, quiçá, gosteis de algo que vos seja prejudicial; todavia, Deus sabe todo o bem que fizerdes, Deus dele tomará consciência. (Alcorão 2:216).

Outro exemplo que vem à mente é o do Profeta José, que a paz esteja sobre ele. O Alcorão menciona muitos detalhes dos testes e tribulações que ele enfrentou em sua vida. Seu pai o amava muito, o que fez com que seus irmãos tivessem ciúmes dele. Conspiraram contra ele e finalmente o jogaram em um poço.

Viajantes passaram pelo poço e um deles jogou a caçamba no poço. Ele disse: Boas notícias! Aqui tem um menino. E o levaram como mercadoria. Com isso o Profeta José foi enviado para a terra distante do Egito como escravo. Um governador egípcio o comprou e o Profeta José trabalhou de maneira empenhada. Enquanto estava a serviço do governador o teste se intensificou e a esposa do governador, que era muito bonita tentou seduzir José. Esse foi o maior teste para o Profeta José e ele resistiu aos avanços dela com perseverança. Um dia a esposa do governador correu atrás do Profeta José para seduzi-lo à força rasgando a camisa dele, quando o marido entrou no quarto. Ela acusou o Profeta José de estupro, mas José negou. Quando o governador viu que a camisa estava rasgada nas costas, pediu a esposa que se arrependesse perante Deus. Ela conspirou e veio com uma trama para ter o Profeta José.

Deu a ele duas escolhas: se aproximar dela ou for jogado na prisão. Ele escolheu a segunda e foi colocado na prisão por um período de tempo. Quando somos atingidos por calamidades, devemos pensar em todas as tribulações passadas pelo Profeta José: anos de escravidão e prisão. Ainda assim o Profeta José permaneceu firme a Deus. Nunca se ressentiu das calamidades que o afetaram e, ao invés disso, usou o tempo para invocar o seu Senhor.

Foi quando - finalmente, depois de muitos anos - Deus recompensou o Profeta José por sua perseverança.

Foi naquela mesma cela da prisão que ele encontrou um homem que teve um sonho. Deus deu ao Profeta José o dom de interpretar sonhos. E assim o Profeta José interpretou o sonho de seu colega de cela, dizendo a ele que seria libertado e trabalharia para o rei. De fato a profecia se concretizou e o homem foi libertado para trabalhar para o rei.

Um dia o rei teve um sonho. A história é narrada no Alcorão: Disse o rei: Sonhei com sete vacas gordas sendo devoradas por sete magras, e com sete espigas verdes e outras sete secas. Ó chefes, interpretai o meu sonho, se sois interpretadores de sonhos. (Alcorão 12:43).

O antigo colega de cela do Profeta José, que estava agora a serviço do rei egípcio, imediatamente se lembrou de José. Informou ao rei sobre o Profeta José e assim foi pedido a José que também interpretasse o sonho, o que ele fez. O Profeta José disse ao rei que haveria sete anos de boas colheitas, seguidos de sete anos de seca e fome. Aconselhou o rei a armazenar alimentos durante os sete anos de prosperidade, que poderiam ser usados durante o período de seca e fome. 

O rei ficou tão satisfeito com o Profeta José que não só o libertou, mas também o nomeou para uma posição muito alta no governo. E assim Deus estabeleceu um grande bem por meio da adversidade. Se o Profeta José nunca tivesse sido abandonado no poço por seus irmãos, vendido como escravo, nem aprisionado injustamente, jamais teria sido achado pelo rei e nomeado para uma posição de tamanha autoridade. O Profeta José tinha que passar por todas essas tribulações para alcançar essa posição.

Portanto, quando passamos por dificuldades na vida, devemos ser positivos. Pode ser que Deus esteja nos impulsionando para um bem maior desconhecido para nós naquele momento.

De fato, todos os Profetas de Deus foram testados. Isso mostra que Deus concede tribulações a Seus servos virtuosos e devemos ficar orgulhosos de estar na companhia deles. Também devemos imitar o comportamento deles, sendo perseverantes em tempos de tribulação.

Então como devemos lidar com o sofrimento?

Tudo o que foi afirmado nesse artigo é extremamente interessante, mas tudo se resume a uma pergunta: como devemos lidar com o sofrimento quando a calamidade nos atinge? Toda a pessoa na terra enfrentará algum sofrimento na sua vida e algumas mais que outras. As pessoas lidam com o sofrimento de maneiras diferentes, mas como um crente deve lidar com ele?

A primeira coisa que um crente deve perceber é que a calamidade vem de Deus. O Alcorão declara:Tudo (bom ou mal) emana de Deus! (Alcorão 4:78),

Quando percebemos que vem de Deus, devemos perceber que Deus é o Amoroso (Al-Wadud) e o Bondoso (Al-Barr). Portanto, há algum bem no que Deus decretou para nós, mesmo que não o vejamos imediatamente. Deus, Todo-Poderoso, diz: É possível que repudieis algo que seja um bem para vós e, quiçá, gosteis de algo que vos seja prejudicial; todavia, Deus sabe todo o bem que fizerdes, Ele dele tomará consciência. (Alcorão 2:216).

O imame Al-Hasan al-Basri, um grande sábio do Islão, explicou: Não se ressinta das calamidades e dos desastres que ocorrem. Talvez em algo que desgoste esteja a sua salvação e em algo que prefira esteja a sua perdição.

Por exemplo, se um homem é demitido do seu trabalho, talvez signifique conseguir um emprego melhor pelo qual não teria optado se não tivesse sido demitido, em primeiro lugar. Um dos benefícios da calamidade é que sabemos com certeza que os pecados de uma pessoa são perdoados, pela vontade de Deus. Mussa b. Malik narrou que o seu pai disse: Ó mensageiro de Allah, quem são as pessoas mais testadas nesse mundo? Ele respondeu: Os Profetas e depois os semelhantes a eles (ou seja, os virtuosos e tementes de Deus). Um homem será testado de acordo com a sua piedade e fé. Se o indivíduo for forte na fé, será testado de uma maneira severa. Se a fé do homem é fraca, será testado de acordo. Uma pessoa será atingida por calamidades até que esteja livre de pecados. (Ibn Hibban 2901),



Fadl ibn Sahl disse: Há uma bênção na calamidade que o homem sábio não deve ignorar, porque a calamidade apaga pecados, dá oportunidade de obter recompensa pela paciência, dissipa a negligência, relembra das bênçãos em tempo de saúde, convida ao arrependimento e encoraja a caridade.

O crente deve se voltar para Deus quando afligido pelo sofrimento. Dessa forma, o sofrimento lembra ao crente de que o seu único propósito na vida - a razão de sua criação - é adorar somente a Deus. Esse é de fato o significado de nossa existência e o propósito de nossa vida. Deus diz no Alcorão: E Eu [Deus] não criei os jinns e a humanidade senão para Me adorarem. (Alcorão 51:56).

Geralmente quando a vida é boa e o homem vive em prosperidade, ele se esquece de adorar a seu Senhor. Somente quando afligido pela calamidade ele se lembra de invocar Deus. Dessa forma, a calamidade serve como um aviso para cumprir o propósito para o qual fomos criados. O sheikh Ibn Taymiyyah disse: Uma calamidade que faz com que se volte para Deus é melhor do que uma bênção que faz com que se esqueça de Deus. Portanto, sempre que a calamidade afligir, devemos mostrar nossa gratidão a Deus dizendo: Todos os louvores são para Deus (Al-Hamdu Lillah).

Devemos, pois, lembrar que Deus testa aqueles que mais ama. O Profeta (SAWS) disse: A maior recompensa vem com o maior teste. Quando Deus ama uma pessoa, Ele a testa. Quem aceita isso, obtém a Sua satisfação. (Al-Tirmidhi).

E o Profeta (SAWS) disse ainda: O caminho para o Paraíso é cercado de dificuldades.Calamidade e sofrimento é uma forma de ter os nossos pecados perdoados nessa vida, para que não tenhamos que enfrentar a punição para esses pecados na vida futura. 

O Profeta Muhammad (SAWS) disse: As tribulações continuarão a recair sobre o crente e a crente - em relação a si mesmos, seus filhos e sua riqueza - até que encontrem Deus sem qualquer pecado." (Al-Tirmidhi).

Deus não nos manda sofrimentos para nos destruir, abalar a nossa determinação ou acabar conosco, mas sim como um meio de nos avaliar e testar a nossa paciência e fé. Se não fosse pelos testes e tribulações, uma pessoa desenvolveria arrogância, negligência e dureza no coração, o que a levaria ao inferno. São de fato uma misericórdia de Deus enviada para nos curar dessas doenças do coração e eliminar todos os maus elementos na nossa personalidade que podem levar à nossa perdição. 

Fonte: Mahomed Yiossuf Mohamed - alfurqan2011@gmail.com



sexta-feira, setembro 30, 2016

Como o Islão difere de outras Crenças?

Prezados Irmãos, 

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Como Simplicidade, Racionalidade e Praticabilidade

O Islão é uma religião sem qualquer mitologia. Os seus ensinamentos são simples e inteligíveis. É livre de superstições e crenças irracionais. A unicidade de Deus, a missão profética de Muhammad (p.e.c.e.) e o conceito de vida após a morte são artigos básicos de sua fé. Artigos esses que são baseados na razão e lógica sólida. Todos os ensinamentos do Islão fluem dessas crenças básicas e são simples e diretos. Não existe hierarquia de sacerdotes, nem abstrações forçadas, nem ritos ou rituais complicados.

Todos podem abordar o Alcorão diretamente e aplicar os seus ensinamentos na prática. O Islão desperta no ser humano a faculdade da razão e o exorta a usar o seu intelecto. Encoraja-o a ver as coisas à luz da realidade. O Alcorão aconselha-o a buscar conhecimento e invocar a Deus para expandir a sua consciência: 

“Dize: ‘Ó Senhor meu! Aumenta-me em conheci-mento.’” (Alcorão, 20:114) 

Deus também diz:

“Poderão, acaso, equiparar-se os sábios com os insipientes? Mas apenas pessoas de entendimento prestarão atenção.” (Alcorão 39:9) 

É relatado que o Profeta Muhammad, que a paz e bênçãos de Deus estejam com ele, disse: 

“Aquela pessoa que deixa a sua casa em busca de conhecimento, anda no caminho de Deus.” (At-Tirmidhi) 

E que: 

“Buscar conhecimento é obrigatório para cada muçulmano e muçulmana.” (Ibn Majah e al-Bayhaqi) 

É assim que o Islão tira o ser humano do mundo de superstição e escuridão e o inicia no mundo do conhecimento e luz.

O Islão é uma religião prática e não permite indulgência em teorização vazia e fútil. Diz que a fé não é uma mera profissão de crenças, mas o motivo principal da vida. A conduta virtuosa deve vir acompanhada da crença em Deus. A religião é algo a ser praticado e não algo da boca para fora. O Alcorão diz: 

“Os crentes que praticam o bem terão a bem-aventurança e um feliz retorno.” (Alcorão 13:29) 

Também é relatado que o Profeta (p.e.c.e.) disse: 

“Deus não aceita crença se não é expressa em ações, e não aceita ações se não estão em conformidade com a crença.” (At-Tabarani).

Sendo assim, a simplicidade, racionalidade e praticabilidade são o que caracterizam o Islão como uma religião verdadeira e única.

Unidade de Matéria e Espírito

Uma característica única do Islão é que ele não divide a vida em compartimentos de matéria e espírito. Não se posiciona pela negação da vida, mas pelo seu pre-enchimento. O Islão não acredita no ascetismo. Não pede ao ser humano para evitar as coisas materiais. Mantém que a elevação espiritual deve ser alcançada por uma vida virtuosa nas dificuldades da vida, não pela renúncia ao mundo. O Alcorão nos aconselha a orar como se segue: 

“Ó Senhor nosso! Concede-nos a graça deste mundo e do Futuro, e preserva-nos do tormento infernal!” (Alcorão 2:201)

Mas ao fazer uso dos luxos da vida, o Islão aconselha ao ser humano a ser moderado e se afastar da extravagância. Deus diz:

“...comei e bebei; porém, não vos excedais, porque Ele não aprecia os perdulários.” (Alcorão 7:31) 

Sobre esse aspecto de moderação, o Profeta Muham-mad (p.e.c.e.) disse: 

Observe o jejum e o quebre (no momento certo) e ore e faça devoção (à noite) mas durma, porque o seu corpo tem direitos sobre si e os seus olhos têm direitos sobre si e a sua esposa tem direito sobre si, e a pessoa que a visita tem direito sobre si.”

Consequentemente, o Islão não admite qualquer se-paração entre “material” e “moral”, vida “mundana” e “espiritual”, e encoraja o ser humano a devotar todas as suas energias à reconstrução da vida com fundações morais saudáveis. Ensina-o que poderes materiais e morais devem estar juntos e que a salvação espiritual pode ser alcançada usando recursos materiais para o bem do ser humano, no serviço de fins justos, e não vivendo uma vida de ascetismo ou fugindo dos desafios da vida.

O mundo sofreu nas mãos dos unilaterais de muitas outras religiões e ideologias. Alguns enfatizaram o lado espiritual da vida mas ignoraram os seus aspectos materiais e mundanos. Olharam para o mundo como uma ilusão, uma fraude e uma armadilha. Por outro lado, ideologias materialistas ignoraram totalmente o lado espiritual e moral da vida e o descartaram como se fosse fictício e imaginário. Ambas as atitudes resultaram em desastre, porque destituíram a humanidade de paz, contentamento e tranquilidade.

Mesmo hoje o desequilíbrio se manifesta em uma direção ou outra. O cientista francês, Dr. De Brogbi, diz de forma correta: 

“O perigo inerente numa civilização material tão intensa é para a própria civilização; é o desequilíbrio que resultaria se um desenvolvimento paralelo da vida espiritual fracassasse em fornecer o equilíbrio necessário.”

O Cristianismo errou em um extremo, enquanto a civilização ocidental moderna, em suas variantes de democracia capitalista secular e socialismo marxista, errou em outro. De acordo com Lorde Snell: 

Construímos uma estrutura externa de proporções nobres, mas negligenciamos o requisito essencial de uma ordem interior; planejamos cuidadosamente, decoramos e limpamos o lado de fora da chávena, mas o interior está cheio de extorsão e excesso; usamos o nosso conhecimento e o poder aumentados para administrar os confortos do corpo, mas deixamos o espírito empobrecido.”

O Islão busca estabelecer o equilíbrio entre esses dois aspectos da vida – o material e o espiritual. Diz que tudo no mundo é para o ser humano, mas o ser humano foi criado para servir a um propósito maior: o estabeleci-mento de uma ordem moral e justa que atenderá a vontade de Deus. Os Seus ensinamentos atendem as necessidades espirituais e temporais do ser humano. O Islão encoraja o ser humano a purificar a sua alma e a reformar a sua vida diária – tanto individual quanto colectivamente – e a estabelecer a supremacia do certo sobre o poder e da virtude sobre o vício. 

Sendo assim, o Islão opta pelo caminho do meio e o objectivo de produzir um ser humano moral no serviço de uma sociedade justa.

Islão, um Estilo de Vida Completo

O Islão não é uma religião no sentido comum e distorcido, porque não restringe o seu propósito à vida privada. É um estilo de vida completo e está presente em todos os campos da existência humana. O Islão provê orientação para todos os aspectos da vida – individual e social, material e moral, econômico e político, legal e cultural, nacional e internacional. O Alcorão encoraja o ser humano a abraçar o Islão sem qualquer reserva e a seguir a orientação de Deus em todas as áreas da vida.

De facto, foi um dia infeliz quando o propósito da religião ficou confinado à vida privada do ser humano e o seu papel social e cultural foi reduzido a nada, como aconteceu neste século. Talvez nenhum outro fator tenha sido mais importante na causa do declínio da religião, nos tempos modernos, do que seu afastamento para o campo da vida privada. 

Nas palavras de um filósofo moderno: 

“A religião nos pede para separar as coisas de Deus das de César. Tal separação judicial significa a degra-dação tanto do secular quanto do sagrado... A religião não tem valor quando a consciência de seus seguidores não fica perturbada quando a guerra paira sobre todos nós e os conflitos industriais ameaçam a paz social. A religião enfraqueceu a consciência moral e a sensibilidade moral do ser humano ao separar as coisas de Deus das de César."

O Islão denuncia totalmente esse conceito de religião e afirma, de forma clara, que os seus objetivos são a purificação da alma e a reforma e reconstrução da sociedade, conforme se lê no Alcorão: 

“Enviamos os Nossos mensageiros com as evidências: e enviamos, com eles, o Livro e a balança, para que os humanos observem a justiça; e criamos o ferro, que encerra grande poder (para a guerra), além de outros benefícios para os humanos, para que Deus Se certifique de quem O secunda intimamente, a Ele e aos Seus mensageiros. Sabei que Deus é Poderoso, Forte.” (Alcorão 57: 25)

Deus também diz: 

O juízo somente pertence a Deus, que vos ordenou não adorásseis senão a Ele. Tal é a verdadeira religião; porém, a maioria dos humanos o ignora.” (Alcorão 12: 40)

Portanto, mesmo um estudo superficial dos ensinamentos do Islão mostra que é um estilo de vida abrangente, que não permite que nenhum ramo da existência humana se torne um campo para as forças do mal.
Quem não pretender continuar a receber estas reflexões, por favor dê essa indicação e retirarei o respectivo endereço desta lista.

Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy – 28/09/2016

sexta-feira, setembro 16, 2016

O ISLAM: a opinião publicada converte-se em opinião pública

Prezados Irmãos e Caríssimos Amigos e Leitores,

Saúdo-vos com a saudação do ISLAM, (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

O ISLAM é a religião que mais cresce no mundo, tanto nos principais locais de influência, Ásia e África, como na Europa e em várias partes do mundo. Quase um quarto da população do mundo é muçulmana, e não se vê que possa entrar em retrocesso em nenhuma parte.

Com a mesma rapidez, o processo de modernização através da ocidentalização também está a crescer, de forma clara. Primeiro foi à expansão colonial, mas hoje é essencialmente uma expansão cultural. É surpreendentemente rápida a assimilação e homogeneização das culturas de todo o planeta. Impõe o seu modelo econômico, as suas roupas, os seus desportos e as suas mentalidades.

Só o ISLAM parece invulnerável e resistente a este processo. Quando no Ocidente a realidade é essencialmente material, no ISLAM, em vez disso, tudo gira em torno da religião: individuo sociedade, estruturas econômicas ou culturais. Os muçulmanos percebem uma realidade sagrada, onde a religião abrange e unifica todas as facetas da vida, e também fornece orientação moral para cada ação que pratica a pessoa. Em outras palavras, o ISLAM é um modo de vida completo.

Os meios de comunicação ocidentais não só transmitem informação e idéias, mas geram opiniões e têm uma visão particular da realidade e apontam o ISLAM como uma ameaça à civilização ocidental.

Por exemplo, os meios de comunicação ocidentais não ajudam as pessoas a entender por que é que os muçulmanos europeus precisam ir à Mesquita e, então, interpretam que isso é um sinal de que não desejam integrar-se. E é exatamente o oposto, porque se fazem isso, é porque se sentem em casa.

Os muçulmanos são muitas vezes descritos como atrasados, irracionais, fundamentalistas, misóginos, uma ameaça. A palavra é quase automaticamente associada ao mundo muçulmano. O leitor médio identifica o fundamentalismo e o ISLAM como se fossem essencialmente o mesmo. Então, a opinião publicada torna-se pública.

A violência no ISLAM só é justificada no caso de legítima defesa Os principais jornais estão cheios, dia a dia, deste tipo de representação, apresentando o ISLAM e os muçulmanos como propensos ao extremismo, ao fundamentalismo e ao terrorismo.

Os meios de comunicação equivocam o uso do termo os muçulmanos matam irracionalmente infiéis, quando na realidade jihad pode significar uma multiplicidade de boas ações que um muçulmano pode fazer para chegar mais perto Deus. A forma como a imprensa retrata a jihad geralmente transmite uma visão negativa do ISLAM.

É evidente que numa religião com mais de 1 bilhão e 700 milhões de seguidores e sem uma metodologia de interpretação consensual, inevitavelmente haverá desacordos, desentendimentos e até mesmo posições extremas, portanto, não se pode negar que existem grupos violentos que têm construído a sua ideologia com base em determinada interpretação do Alcorão e da Sunna.

Quando consultamos o Alcorão e algumas das suas interpretações, torna-se claro que o ISLAM experimentou várias fases de combate e da violência, principalmente no seu início. O Alcorão ordena lutar com armas apenas em defesa própria. Os inimigos do ISLAM (idólatras) não só não acreditavam na mensagem, como tentaram matar muçulmanos e o Profeta SAWS.

A frase matai-os onde quer que os encontres (no Alcorão, 2:191) é, de longe, a frase mais frequente que é citada erroneamente por islamófobos fervorosos e extremistas radicais. Mas esta exortação de campo de batalha vem logo após o versículo 2:190, que diz: Combatei contra aqueles que vos combatem, porém, não pratiqueis agressão, porque Deus não estima os agressores e vem logo antes da parte que afirma, (versículo 2:193)mas se eles deixarem de lutar, então não haverá mais hostilidades, senão contra os opressores.

Qual é o contexto histórico dos versículos 2:190 a 193 e a que é que se refere? Ibn Abbas (r.a.), o famoso companheiro do Profeta e exegeta do Alcorão, diz que essa passagem foi revelada em referência aos Coraixitas. Estes haviam perseguido e torturado os muçulmanos durante treze anos em Meca. Haviam expulsado os muçulmanos para fora de seus lares, tomaram as suas propriedades e bens, e travaram batalhas contra eles, mesmo depois dos muçulmanos procurarem refúgio em Medina. Os muçulmanos estavam apreensivos sobre outro ataque que ocorreu durante a sua Peregrinação sagrada quando a guerra era proibida. É por isso que esses versículos foram revelados, para tranquilizá-los de que eles seriam capazes de se defender contra um ataque Coraichita, durante a Peregrinação.

Esses versículos devem ser lidos à luz do contexto de então e não de agora. Dada a hostilidade agressiva e constante dos idólatras e inimigos do ISLAM da época, o Profeta (s.a.w.) e os seus seguidores tiveram de lutar.

O reconhecimento da Mensagem Divina foi sempre acompanhado por dramas e tragédias, basta ler na história das religiões. Mas isso aconteceu há quase quinze séculos atrás, em circunstâncias e contexto ligados ao momento em que as tribos da Arábia lutaram entre si, muito antes da chegada do ISLAM.

A violência no ISLAM só se justifica no caso de autodefesa. Assim, não se pode deslocar os contextos e história à vontade, conforme necessário. Além disso, para se aproximar de uma correta interpretação do Alcorão é necessário: 

>Não estar motivado por interesses pessoais;

> Deve ser feito sob o compromisso de permanecer fiel ao texto e ao espírito do Alcorão;

> Deve possuir uma importante fonte de conhecimento da língua árabe e suas regras.

Para entender um pouco do ISLAM, e não apenas um rápido olhar para o Alcorão ou dar importância às vozes que atuam como um raio e, hipnoticamente, modulam opinião. 

O ISLAM, na sua expansão, foi capaz de assimilar muitas culturas, de pegar, reelaborar e desenvolver o conhecimento da antiguidade, clássica e oriental, aumentando-os com novas contribuições e mais tarde estendendo-as para a Europa, através da Península Ibérica. Na verdade, muitas comunidades cristãs e judaicas permaneceram dentro do mundo islâmico, e, assim, as suas tradições culturais foram misturadas, permitindo a criação e desenvolvimento de uma Civilização que floresceu em todas as áreas.

As únicas fontes do ISLAM são o Alcorão e a Sunna.

O Alcorão diz: Deus nada vos proíbe quanto àqueles que não vos combateram pela causa da religião e não vos expulsaram dos vossos lares, nem que lideis com eles com gentileza e equidade, porque Deus aprecia os equitativos. – (60:8). 

Não há imposição quanto à religião”. – (2:256). Convoca (os humanos) à senda do teu Senhor com sabedoria e uma bela exortação; dialoga com eles de maneira benevolente, pois teu Senhor é o mais conhecedor de quem se desvia da Sua senda, bem como é o mais conhecedor dos encaminhados. (16:-125).

Esta é a essência da mensagem do ISLAM, não está nem nos livros de história nem nos meios de comunicação nem na imaginação de ninguém. 

As únicas fontes do ISLAM são o Alcorão e a Sunnah e para interpretá-los é necessário o conhecimento Teológico e Histórico dos mesmos, ao contrário do fazem os islamófobos e fundamentalistas, interpretando-os a bel-prazer ou convenientemente às suas intenções malignas.

Fonte: www.alfurqan.pt / http://islao.pt .